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análise do filme a onda
Autores:
Adriana Correa Mota 202002147156 
Flavio dos Santos Ferreira 201607087618
Leticia Oliveira da Silva 201907301836
Marcelle Freitas Nunes 201907301763
Monique Eucario de Mattos 201603503421
 
 
Professora: Erica dos Santos Vieira
Universidade Estácio de Sá – ESTÁCIO – Processos Grupais
	Rio de Janeiro, 2020.1
1. RESUMO
O presente trabalho versa sobre os fenômenos que acontecem no campo grupal e nos indivíduos a luz da produção cinematográfica “A onda”, um filme alemão que retrata o uso de meios coercitivos de manipulação de pessoas, suas reações e necessidades sob a ótica da psicologia das massas e da gênese dos grupos.  Ao longo da trama, o professor Rainer Wenger que conduz as aulas, mostra para os jovens como ainda é possível viverem numa ditatura atualmente. Isto, através de um movimento intitulado “A Onda”, que faz com que os alunos cheguem a um estado de alienação, resultando em uma grande tragédia.
2. INTRODUÇÃO
A psicologia vem estudando há algum tempo os fenômenos que acontecem com os indivíduos quando estes estão em grupos. Muito do que se percebe em diferentes tipos de grupos nos mostra que estratégias de força e de coerção pela dominação de ideias, seja em empresas ou nações ditatoriais, ou mesmo em grupos de trabalho denominados democráticos, acontecem por meio do esforço à sugestão de fantasias que transpassam os desejos compartilhados do grupo. Segundo Myers “os grupos têm poder para moldar opiniões e comportamentos de seus membros”. O autor acrescenta que a partir do mundo que os indivíduos se inserem num grupo é ele quem oferece identidade e define a realidade dos participantes. Assim, os alunos que ainda eram jovens, logo instáveis, perceberam no grupo uma oportunidade de afirmarem suas identidades, através dos reforços obtidos por meio de seus comportamentos, resultando em uma alienação total.
O comportamento da massa se caracteriza pela dissolução da identidade individual por meio da identificação entre os participantes de forma horizontalizada e a identificação com o líder de forma verticalizada como sugere Freud em Psicologia das massas. O comportamento costumeiro do indivíduo é alterado momentaneamente por conta dessa perda transitória da sua própria identidade quando sujeito pertencente a uma massa. Isso afeta diretamente os parâmetros internos do indivíduo os quais estabelecem a maneira como ele próprio se vê, como vê aos outros e como percebe o entorno que poderíamos chamar de realidade externa, em outras palavras a massa afeta o poder de julgamento do indivíduo. Assim o indivíduo se isenta de suas responsabilidades pessoais, imputando as decisões ao grupo e/ou ao seu líder a quem segue com poucas ou nenhuma restrição pois este líder representa o pai primevo, figura de autoridade segundo nos mostra Freud. Nesta situação muito dos impulsos de agressão, por exemplo, podem ser liberados o que jamais ocorreria em situações em que o indivíduo estivesse sozinho. Em outras palavras os comportamentos do indivíduo sucumbem aos do grupo e este mesmo passa a ter uma espécie de neurose. Essas massas criam uma espécie de disciplina e de devoção ao seu representante pois atribuem a ele o papel de superego e depositam nele o desejo de serem “amados” e passam para o comportamento de obediência, passam a se identificar uns com os outros imaginando-se amados por ele (o líder) igualmente pois, a grosso modo, são filhos do mesmo Pai Primevo. Nessa situação, instrumentos coercitivos podem ser usados como possibilidade de manobra das massas pois os indivíduos ao abrirem mão de sua capacidade de pensar com seus valores e princípios em nome de um grupo, passam a compartilhar de crenças semelhantes e do doutrinamento sugerido pelo líder que opta em geral por uma polarização entre aqueles que são seus adeptos – “os bons” - e o restante, “os maus”. Essa própria segregação por si só constitui um instrumento coercitivo que afeta o comportamento individual. 
No filme “A Onda”, já desde o início é questionado se o comportamento das pessoas tidas como “normais” na sociedade poderia incorporar a indiferença e a crueldade com seus semelhantes. No desenrolar do filme, a resposta evidencia-se afirmativamente. O filme relata a experiência de um professor alemão que foi solicitado a ministrar aula sobre autocracia para alunos do ensino médio em projeto que duraria uma semana. Para obter a atenção e o interesse dos alunos o professor propõe um experimento que explique na prática os mecanismos de uma ditadura aos moldes do nazismo alemão. Esse experimento, porém, vai além dos limites da sala de aula e acaba desencadeando consequências inesperadas. “A Onda” busca tratar criticamente os efeitos sociais causados por práticas governamentais autoritárias que seu país já vivenciou. O diferencial do filme é que este acontece no âmbito educacional, levantando possibilidades de como se trabalhar temas políticos em sala de aula de uma forma mais prática, mais vivida. A problemática se dá quando a atividade de aula começa a fazer parte da vida dos alunos de forma concreta, já que alguns não conseguem dissociar o aprendizado de seus próprios desejos pessoais. Sendo assim, a trama evidencia uma das características mais polêmicas do meio social e cultural que é o poder da manipulação. A descrição e a reação dos personagens revelam modelos comportamentais e motivações, e cada um destes personagens demonstra uma tendência, uma maneira de ser e de estar em nossa sociedade, ou seja, o retrato de um grupo.
3. DESENVOLVIMENTO
Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um professor de ensino médio – Rainer Wenger – que, em uma disciplina de curta duração recebeu a difícil tarefa de trabalhar o tema Autocracia. O assunto em questão era de pouca atratividade aos alunos e, como estratégia, o professor buscou aliar sua simpatia e carisma para com os educandos a uma aula mais prática do que teórica. A ideia era mostrar aos alunos que, para um sistema governamental ser capaz de se gerir através de um único detentor do poder, seria preciso seguir algumas regras para conseguir, com êxito, penetrar no jogo político e nas mentes e corações da população. Para isto, Wenger utiliza dos signos dos principais governos autoritários da história: o nazi-fascismo. A primeira dessas regras seria, respectivamente, a ordem e a obediência em torno da figura do líder. Wegner se mostra como especialista uma vez que é professor, por isso tem certa credibilidade para falar sobre o tema. Bem como, é confiante ao falar. Ao longo do filme é firme em suas falas, tornando-as mais convincentes. Tudo isso, segundo Myers (2014) faz com que o indivíduo pareça mais crível e a persuasão seja mais eficaz. O título de professor refere-se a sua identidade social. Esta classificação é uma das subdivisões dos sistemas identificatórios e segundo Jacques (1998, p. 161) está relacionado a “atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias”. Neste caso, está relacionado à sua profissão. O discurso do professor a respeito da união e de quão importante é estarem juntos para atingir seus objetivos, também é uma das características para uma persuasão eficaz. Segundo Myers (2014) é relevante que o comunicador inicie utilizando argumentos que a maioria concorda. A partir das cenas anteriores, é possível perceber como os alunos valorizavam essa interação, alguns até relatavam, ainda que de forma sútil, como era importante acabar com os preconceitos e estigmas existentes.
Como fruto dessa aula prática, o “poder pela disciplina” deveria ser imposto conforme o sistema hierárquico da própria sala de aula, ou seja, o líder seria encarnado na figura do professor Wenger. Aclamado líder, o professor segue fomentando as indicações dos próprios alunos, que sugerem, a fim de se obter identidade e unicidade para o grupo, várias outras regras, tais como: um nome (A Onda), um símbolo (a própria ondadesenhada por um dos alunos e desenhada com a cor vermelha), uma saudação (o sinal da onda feito com as mãos) e um uniforme (camisa ou camiseta de cor branca). Em sala de aula, o professor vê o resultado concreto de cada pequena imposição sugerida nos ânimos acalorados dos alunos. Porém, tal prática expressa também várias consequências, já que o grupo rapidamente se dissipa na escola e os jovens começam a discriminar os demais que não fazem parte ou que não compartilham da mesma ideologia. A ideologia aqui pode ser considerada com um instrumento de dominação, que age por meio do convencimento, persuasão, e não da força física, alienando a consciência humana. 
O grupo acaba se tornando um movimento coletivo, marcado pela irracionalidade dos membros em benefício a uma suposta ordem, união e identidade. Por fim, o filme encontra seu clímax, evidenciado pela tragédia quando o professor tenta acabar com o movimento pelas proporções que tomou, mas é questionado por um de seus mais fervorosos seguidores, que acaba tirando sua própria vida. Alguns dos comportamentos observados nos alunos a partir das provocações do professor alimentavam muitas das necessidades pessoais. Um dos alunos que vem a cometer uma tragédia no final do filme, buscou no grupo – na “a Onda” - o preenchimento de suas necessidades de pertencimento e encontrou eco nos seus pares assim como no seu líder. Na cena final, Wegner reúne os jovens no auditório para conversarem sobre o movimento “A onda”, ele inicia lendo os relatos dos alunos sobre a semana em que estiveram engajados no projeto. Nesse momento, notou-se como os alunos diziam estar felizes, por finalmente participarem de um movimento coletivo. A cena é marcada por frases como: “A onda nos tornou iguais”. “Sempre tive tudo que quis, roupas, dinheiro, tudo o que eu mais tinha era tédio, mas os últimos dias foram muito divertidos, não importa agora quem é o mais bonito, mais popular ou faz mais sucesso”. “Raça, religião e classe social não importam mais, pertencemos a um movimento, a onda deu significado a nossa vida, ideais pelos quais lutar… é muito melhor ser parte de uma causa”. A partir dos relatos verifica-se que essa união da “Onda” e o sentimento de pertença constituíam para cada indivíduo sua identidade social, originada pelo grupo. Assim, ser membro do movimento se tornava um atributo para os jovens (JACQUES, 1998). Esse cenário serve de modelo ao que Jacques (1998) explica sobre identidade pessoal e identidade social como algo indissociável em plena construção do eu-social.
O desfecho do filme nos mostrou como o poder pode ser sedutor, e que até sociedades democratizadas podem ser corrompidas, o professor em seu discurso final diz sobre como o fascismo é um sistema totalitário, agressivo, e contra os princípios de dignidade humanos. A subjetividade do indivíduo já não é mais dele, e sim do grupo, suas individualidades eram anuladas, mas a vontade de pertencer a um grupo o qual eles se identifiquem eram de fato preponderantes. O filme aborda, em aspectos mais didáticos, uma crítica social muito pertinente à sociedade da época, mas também da contemporânea. Essas características se expressam através da proposta de pensamento acerca da homogeneização da população contemporânea e sua consequente massificação pela mídia e também por si própria (livre arbítrio). Por fim, é apresentado a necessidade latente dos jovens da sociedade contemporânea em se identificar, por vezes mostrando-se altamente influenciáveis, principalmente quando se contagiam com máximas de grupos que visam práticas violentas e discriminatórias.
4. REFLEXÕES
As massas identificam seus líderes apenas por meio da influência de indivíduos tido como exemplares, para que, a partir daí, as massas possam se deslocar em direção ao trabalho. Os líderes precisam ser pessoas com uma compreensão superior às necessidades da vida e que consigam dominar seus próprios desejos impulsionais. No filme, praticamente todos os alunos em sala de aula são influenciados pelo professor. O grupo idolatra a figura do Führer (na figura do professor) por acreditar que este seja uma pessoa que detém os conhecimentos sobre os assuntos atuando praticamente como um referencial de coesão e de moral. A confiança depositada nessa figura faz com que os alunos que aderem à Onda sigam-no quase que cegamente abrindo mão inclusive de suas próprias reflexões éticas e morais sob pena de perder o senso de pertencimento no grupo. Para que as pessoas formem um grupo, é preciso que esses indivíduos tenham algo em comum uns com os outros, uma certa inclinação emocional parecida. De acordo com Freud, quanto mais alto o grau dessa “homogeneidade mental”, mais prontamente os indivíduos constituem um grupo psicológico e mais notáveis são as manifestações da mente grupal. Esse fato poderia explicar não só a propensão desses jovens a se reunirem em um grupo como também a rapidez com que isso ocorreu.
Quanto maior a educação nas primeiras vivências infantis, menos há riscos de impulsos. A cena em que Tim começa a pichar o símbolo da Onda, inclusive colocando em risco a sua própria vida, mostra claramente uma ação por impulso o que demonstra uma relação interpessoal de total obediência ao líder. Grande parte dos homens só obedece a proibições culturais quando pressionado externamente. No filme, há grande pressão do professor para que os alunos obedeçam às normas impostas pelo mesmo. Os alunos, por sua vez, estão satisfeitos com os ideais oferecidos pelo professor, o que, segundo o texto de Freud, é de natureza narcísica. Essa satisfação se mostra bem sucedida durante a maior parte do filme. No filme, o aluno Tim, antes solitário e excluído, começa a ganhar desenvoltura a partir do momento em que ele faz parte de um grupo social, a Onda acaba dando um sentido, um propósito a sua vida. Em indivíduos isolados, o interesse pessoal é predominante, o que faz com que os indivíduos não se comportem de forma uniforme, ao passo que, como veremos, em um grupo, o chamado narcisismo torna-se limitado e a tolerância desaparece dentro dele. Dessa forma seus membros passam a se comportar de forma unificada.
Esse amor, ou desejo de estar próximo, aos membros do grupo é que transforma o narcisismo e o egoísmo em altruísmo. No filme, Marco acusa sua namorada Karo de ser egoísta por não querer vestir o uniforme branco. Ele é altruísta em abandonar os seus desejos de vestir a roupa que ele gostaria para vestir uma roupa na qual ele se identifique com o seu grupo. Karo não faz o mesmo. Do mesmo modo, indivíduos pertencentes a grupos abandonam seus próprios desejos em função dos desejos do grupo. Muitos grupos podem se organizar ao redor de uma ideia ou um ideal. Mas em outros casos, os grupos de organizam ao redor de um líder, que é o que ocorreu no filme A Onda, em que o professor não estava sujeito a críticas ou julgamentos de seus subordinados. Ele concentra em suas mãos todos os poderes de decisão. O sentimento altruísta presente nos membros do grupo faz com que se crie um sentimento de camaradagem e de irmandade. No filme isso é demonstrado na cena em que o personagem Tim é defendido por dois representantes da Onda quando o mesmo era atacado por dois outros colegas, já mencionado no presente artigo. O líder de um grupo, como o pai primevo, ou no caso, o professor Wenger, não compartilha desse laço de irmandade com seus subalternos. Ele é isento de qualquer altruísmo, mas força em seu grupo este sentimento. Segundo Freud, há admiração dos subalternos por seu líder. Todos se sentem amados de modo igual e justo por seu líder.
A respeito da influência do outro no comportamento humano de acordo com os eventos que acontecem no filme visualiza-se como as relações sociais influenciam as atitudes individuais e de grupo. A Onda tem a virtude trazer reflexão sobre os fenômenos de massificação, fanatismo e intolerância ao ser humano. Também, é um sério alerta para o risco de o “sujeito” perder a liberdade e autonomia, submetendo-se incondicionalmente ao poder do grupo, sua causa absoluta.O filme apresenta razões que podem levar à alienação política e ao cultivo de lideranças autoritárias, também o vazio de identidade com o qual a juventude sofre, o consumismo desenfreado presente na sociedade capitalista, a ausência de projetos coletivos e o desinteresse das pessoas pela área política. Há uma questão também tratada que é a da “psicologia das massas”, em que para se sentirem pertencentes a um grupo, as pessoas podem ser facilmente influenciadas, chegando a ficar alienadas, principalmente tratando-se de jovens em formação intelectual. Finalmente o filme nos mostra como o ser humano pode ser influenciado e incorporar-se à massa, agindo não mais com a razão e abdicando de sua capacidade de pensar por si mesmo, e por vezes fazendo algo em grupo que jamais teriam coragem de fazer individualmente. Desta forma a principal reflexão é a de seguirmos nossas próprias opiniões, e não permitir que a vontade de um grupo usurpe os direitos individuais.
5. REFERÊNCIAS
FREUD, S. (1921). Psicologia das massas e análise do ego. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 18. Rio de Janeiro: Imago, 1990. 
FREUD, S. (1927). O Futuro de uma Ilusão. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 21. Rio de Janeiro: Imago, 1990. 
FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 352 p.
JACQUES, M. G. C. Identidade. Psicologia Social Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 1998.
MAILHIOT, GERALD BERNARD. Dinâmica e gênese dos grupos, Ed. Livraria duas Cidades, 1970.
MYERS, D. G. Persuasão. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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