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A criança e a Interação com o Meio

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A Criança e a Interação 
com o Meio
A Criança e o Meio
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Vanessa de Mattos
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• A Teoria Interacionista;
• A Teoria Interacionista em Piaget.
Fonte: Getty Im
ages
Objetivos
• Analisar as teorias interacionistas, em especial a de Piaget, e sua proposição para a rela-
ção entre o desenvolvimento da criança e o meio; 
• Compreender a importância da relação da criança com o meio físico;
• Análise de práticas pedagógicas que contemplem a relação da criança com o meio.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
A Criança e o Meio
UNIDADE 
A Criança e o Meio
Contextualização
Cada dia mais, a educação infantil tem sido foco de estudo dos profissionais da edu-
cação tendo em vista a importância desse momento para o desenvolvimento integral 
e pleno do indivíduo. E dentro desta discussão, torna-se recorrente entender como a 
criança se desenvolve, em especial, através da interação que ela estabelece com o meio. 
A teoria interacionista piagetiana tem muito a nos ensinar acerca das relações estabele-
cidas pela criança, suas fases de desenvolvimento e como ela interpreta o mundo. 
Para iniciarmos esta unidade, convido-lhe a refletir sobre a percepção da criança 
sobre o espaço através do vídeo “Pensamento infantil: noção de espaço”. Veja o vídeo 
e reflita a partir das seguintes perguntas: como a criança compreende o espaço próxi-
mo a ela? E o espaço distante dela? Como ela representa o espaço em seu desenvol-
vimento cognitivo?
Pensamento infantil – noção de espaço: https://youtu.be/yq8c_-eTNTU
Curioso(a) para saber a resposta destas perguntas? Então, embarque conosco nessa 
viagem pelo entendimento sobre o desenvolvimento da inteligência da criança.
6
7
Introdução
A criança é movimento e interação. Ela brinca, corre, se joga, pula, levanta e cai, 
imagina, interpreta e reinterpreta o mundo a sua volta. E é nesse turbilhão de práticas e 
atividades que seu desenvolvimento ocorre. Assim, cabe a nós educadores entendermos, 
no campo teórico e metodológico, como esse processo ocorre e qual a relação entre ele 
e a interação com o meio.
Um ponto de partida é conhecer as linhas teóricas que nos darão alicerce para en-
tender essa discussão. Desta forma, passemos a explorar a teoria interacionista e a 
perspectiva de Jean Piaget.
A Teoria Interacionista
A teoria interacionista pressupõe que a criança se desenvolve através da interação 
com o meio em seu aspecto físico, social e cultural. É através dessas relações que a crian-
ça desenvolve a noção de mundo, inventa-o e reinventa-o cotidianamente, bem como 
constrói a percepção de espaço e tempo.
Desta forma, tanto o ser humano quanto o meio estabelecem relação recíproca que 
acarretam mudanças no indivíduo. Em suma, é na interação da criança com o meio físi-
co e social que seu desenvolvimento acontece. De acordo com Davis e Oliveira:
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se, portanto, 
na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de 
conhecimento como um processo construído pelo individuo durante 
toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido 
passivamente graças às pressões do meio. Experiências anteriores 
servem de base para novas construções que depender, todavia, tam-
bém da relação que o indivíduo estabelece com o ambiente em uma 
situação determinada. (DAVIS; OLIVEIRA, 2010, p.43)
A interação ocorre de inúmeras formas: entre a criança e seus pares, seus familiares, 
junto ao educador ou com o meio físico. Todas elas possibilitam a formação e desenvol-
vimento da criança e devem ser consideradas na prática docente.
Os ambientes em que a criança está inserida – e a escola é um deles – possibilitam 
que a criança possa se desenvolver de modo amplo. Assim, entende-se que o espaço 
a estimula na criação de condutas - social e culturalmente - aceitas por cada povo, 
bem como possibilita que ela interaja com o mundo, crie representações sobre ele e 
se desenvolva.
Para Zabalza, o ambiente de aprendizagem influência a conduta da criança tendo 
em vista que “(...) o espaço na educação é constituído como estrutura de oportuni-
dade. O espaço para as crianças deve ser bem equipado, deve ser um espaço que 
fala” (ZABALZA, 1998).
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UNIDADE 
A Criança e o Meio
Para saber mais sobre a teoria interacionista e a relação entre a criança e o meio, veja o 
vídeo abaixo.
Visão interacionista da aprendizagem, disponível em: https://youtu.be/6l8O2cRG178
No entanto, essa relação – criança e meio - não é passiva, uma vez que o espaço é 
dinâmico e o indivíduo se relaciona com ele. De acordo com Piaget (apud COLL, 1992, 
p.170), “o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o 
nascimento (inatismo), nem como resultado do simples registro de percepções e infor-
mações (empirismo)”.
Assim, o conhecimento desenvolvido pela criança é resultante das ações e interações 
que ela estabelece com o meio em que está inserida. Assim, a organização do espaço 
escolar deve privilegiar o estímulo à criança. É um processo constante de busca por 
conhecer o desconhecido.
Como ponto de partida, devemos entender que o ambiente infantil deve ser rico e 
diversificado, estimulante e desafiador, despertando o interesse da criança em querer 
saber, aprender e ter a vontade de explorá-lo e vivê-lo.
Esta linha, notoriamente reconhecida através de seus expoentes Piaget e Vygotsky, 
chegou ao Brasil, em meados de 1920 e começo de 1930, através do movimento da 
Escola Nova, consolidou-se em 1970 e finalmente, passou a se tornar presente em me-
ados de 1980 através da expansão do movimento construtivista. Passemos a entender 
melhor esse movimento.
Para maiores informações e aprofundamento, veja o livro: VASCONCELOS, Mario Sergio. 
A difusão das ideias de Piaget no Brasil. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996 (Coleção 
 Psicologia e educação).
A Teoria Interacionista em Piaget
A visão interacionista de desenvolvimento humano é comumente associada ao teó-
rico Jean Piaget (1896-1980). Sua investigação científica passou por sua formação em 
biologia e filosofia e esteve pautada na busca pela construção do conhecimento a partir 
da análise de como as crianças desenvolvem suas funções cognitivas.
Para saber mais sobre a influência da formação acadêmica de Piaget e sua busca por enten-
der a lógica de funcionamento do pensamento da criança e da Inteligência humana, assista 
ao vídeo abaixo.
Jean Piaget: Tendência cognitiva. Disponível em: https://youtu.be/_CGu08gXTC4
Piaget, em seus estudos, deu margem para a criação da teoria construtivista. Nela, o 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo se estabelece a partir do processo de interação 
de modo a alcançar a equilibração.
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É importante ressaltar que essa linha teórica pressupõe que a produção do co-
nhecimento e sua apropriação pelo indivíduo são constantes. Ela não selimita ao objeto 
e nem ao sujeito, entendendo que a construção do saber é feita de modo interativo e 
recíproco, via sujeito histórico e objeto cultural (COLL, 1992, p.169-170).
Para Piaget, o processo de construção do conhecimento se dá através da assimilação, 
acomodação e equilibração. Para iniciarmos nossa análise, assista ao vídeo a seguir.
Piaget (3): Construtivismo na escola – Disponível em: https://youtu.be/z-FfrQLVyN8
Construtivismo: teoria pedagógica inspirada na obra de Piaget e que preconiza que o a 
formação da inteligência humana se dá a partir da interação da criança com o meio durante 
o seu processo de desenvolvimento. 
De acordo com Davis e Oliveira, a assimilação consiste na ação da criança em atri-
buir significação aos elementos aos quais ela interage; a acomodação é o mecanismo 
pelo qual o indivíduo busca restabelecer o equilíbrio com o meio e com os elementos 
dispostos, ajustando-se às novas demandas impostas (DAVIS; OLIVEIRA , 2010, p.45). 
Vejamos como podem ser exemplificados na imagem a seguir:
Desequilíbrio � ��EquilíbrioAssimilação ��Acomodação
Adaptação
(novo esquema)(esquema antigo)
Figura 1
Esse processo ocorre em todo o processo de desenvolvimento da criança e em cada 
uma das etapas do desenvolvimento cognitivo dela. Essas etapas podem ser definidas 
em quatro: a sensório-motora, a pré-operatória, a operatória-concreta e a operatório-
-formal. Observe o vídeo a seguir para iniciarmos nossa discussão. Nele podemos visu-
alizar de modo amplo cada uma das fases apontadas. Vamos lá!
Piaget (4) Estágios de desenvolvimento. Disponível em: https://youtu.be/CRokAZi_RWM
Como pudemos notar, cada fase do processo de desenvolvimento cognitivo da crian-
ça, apontado por Piaget, tem sua particularidade e são vividos continuamente pela 
criança. Não há possiblidade de que etapas sejam puladas ou retrocedidas. Passemos a 
analisar cada uma delas.
Primeira Fase: Sensório-Motora
A fase sensório-motora ocorre do nascimento até os dois anos da criança ou o 
aparecimento da linguagem. Caracteriza-se pelo uso de percepções sensoriais e mo-
toras, feitas pela criança, na resolução de tarefas diárias. Nesse momento, a criança 
9
UNIDADE 
A Criança e o Meio
conhece e interage com o mundo através dos elementos que estão dispostos em seu 
meio. É aqui que ela bate, pega ou joga objetos como bolas, brinquedos, caixas, que 
a ela são disponíveis.
Figura 2
Fonte: Getty Images
É natural que a criança queira explorar o espaço em que ela está inserida e por isso 
é de suma importância que disponibilizemos inúmeros e diversos objetos de modo que a 
criança seja estimulada. Observe o vídeo a seguir e veja como as professoras, através da 
disposição de objetos no espaço da sala de aula, estimularam as crianças a interagirem 
com o meio e, consecutivamente, a se desenvolverem.
Projeto Canto e Encanto por Todos os Cantos do CEI: https://youtu.be/AXUB5j2j44Q
Nesta fase, o desenvolvimento da inteligência sensório-motor é feita através da ação 
prática da criança sobre a sua própria realidade, não sendo possíveis práticas distantes 
entre a realidade e ação. 
Figura 3
Fonte: Getty Images
10
11
É nessa etapa que a criança, através da interação com o meio, a partir da construção de 
esquemas sensório-motores, elabora a noção do “eu”, diferenciando-se do mundo externo.
É importante também ressaltar que é nesta etapa que a criança começa a desenvolver 
a noção de espaço e tempo, bem como causalidade, possibilitando que novas formas de 
interagir com o meio sejam desenvolvidas e esquemas mais complexos possa ser viven-
ciado, dando espaço para a etapa seguinte. 
Para entender a construção do pensamento de Piaget, assista ao vídeo.
Disponível em: https://youtu.be/LxELyNK4HVE 
Segunda Fase: Pré-Operatória
Esta fase ocorre entre os dois e sete anos da criança. É o momento em que a criança 
cria esquemas simbólicos que representam elementos que estão no meio, como, por 
exemplo, abrir os braços para demonstrar o movimento de um avião ou mesmo utilizar 
objetos com a mesma finalidade.
Esquemas simbólicos: “esquemas que envolvem uma ideia preexistem a respeito de algo” 
(DAVIS; OLIVEIRA, 2010, p.48).
Figura 4
Fonte: Getty Images
De acordo com Piaget, é nesta fase que ocorre o pensamento egocêntrico, que 
consiste em a criança ter como ponto de referência ela mesma. Momento tido como 
rígido, não flexível, tendo em vista que tem como ponto de referência a própria criança. 
Olhar sobre si e sobre o outro: http://bit.ly/2Ilb3ki
11
UNIDADE 
A Criança e o Meio
Outra característica desta fase é o pen-
samento antropomorfista. Nele, a criança 
tende a atribuir caráter humano a animais e 
objetos como, por exemplo, ao brincar de 
médico, buscar ouvir o coração de um bone-
co com o estetoscópio.
A fase pré-operatória também é marcada 
pela percepção imediatista e intuitiva da crian-
ça sobre a realidade e a capacidade de se ater 
a apenas uma relação por vez. A noção de es-
paço, por exemplo, requer um ponto fixo para 
observação da criança e para o qual ela esta-
beleça sua representação de espaço. 
É importante ressaltar que nesta fase, a criança começa a desenvolver o princípio da 
quantificação, bem como o raciocínio espaço-temporal. No entanto, de modo gradativo 
e respeitando seu nível cognitivo, a intervenção do professor nesse processo, disponibi-
lizando objetos e realizando práticas que estimulem a vivência dessas experiências, é o 
meio para o desenvolvimento da criança. 
Terceira Fase: Operatório-Concreta
Esta fase ocorre dos sete aos onze anos e é marcada pela organização do pensamen-
to de modo concreto, lógico, objetivo e reversível. Por ainda estar ligada a um elemento 
concreto, disposto em seu meio para poder entendê-lo, esta etapa é chamada ainda de 
“concreta”, pois a criança consegue desenvolver o pensamento a partir de elementos 
concretos dispostos a ela. Desta forma, ela só conseguirá abstrair algo desde que o 
ponto de partida seja algo observável. É nesta fase também que ela consegue superar o 
pensamento imediatista. 
Figura 6
Fonte: Getty Images
Figura 5
Fonte: Getty Images
12
13
Ao contrário da fase anterior, marcada pelo pensamento egocêntrico, aqui a criança 
passa a ampliar sua visão de mundo, a relacionar o pensamento com as práticas e com 
os demais indivíduos com quem ela convive. 
Figura 7
Fonte: Getty Images
Quarta Fase: Operatório-Formal
Esta fase ocorre dos doze anos em diante e se caracteriza pela possibilidade de abs-
tração sem a necessidade de recorrer a elementos concretos. Aqui, a criança consegue 
pensar a realidade através do levantamento de hipóteses que podem ou não se confir-
mar, dando margem para uma gama maior de possibilidades de entendimento.
Figura 8
Fonte: Getty Images
Algumas considerações são necessárias quando analisada a proposta de Piaget. 
Primeiro, que as etapas de desenvolvimento da criança são ao mesmo tampo contínuas, 
pois incorpora a fase anterior, e descontínuas, pois a supera. Dessa maneira, todas as 
etapas de desenvolvimento do pensamento da criança acontecem de modo relacional e 
dentro de um mesmo processo.
13
UNIDADE 
A Criança e o Meio
Outro ponto importante a apontar é que as faixas etárias propostas por Piaget não 
são estáticas ou imóveis, havendo a possibilidade de oscilação entre o início e término de 
cada uma delas. Assim, mesmo que haja consenso quanto aos períodos, à criança pode 
superar tais divisões etárias. Todavia, não há a possibilidade de que a criança caminhe 
para uma etapa sem ter vivenciado a anterior, ao passo que, ao alcançar uma etapa 
superior, não é também possível retroceder a fases anteriores. 
E por fim, Piaget entende que há fatores básicos que marcam a passagem de uma 
etapa de desenvolvimento para outra. São eles: a maturidade do sistema nervoso, a inte-
ração social via linguagem e educação, a experiência física de objetos e principalmente 
a equilibração. 
A interação da criança com o meio na perspectiva de Piaget
Como pudemos notar até o momento,Piaget entende que a criança se desenvolve de 
modo processual, construindo e desenvolvendo suas estruturas mentais ao longo da sua 
vida desde a etapa sensório-motora até a fase operatório-formal. Desta forma, podemos 
afirmar que a noção de espaço, sua percepção e interpretação não são elementos fecha-
dos e prontos, mas, sim, em constante processo de formulação, captação e elaboração.
Piaget (1993) define o espaço enquanto elemento físico e matemático, que depende 
tanto do objeto quanto do sujeito, em interação para ter sentido. Assim sendo, a criança 
vivência o espaço, cria e recria-o através do contato com este. Ela o percebe e cria suas 
representações sobre ele ao longo do tempo, assimilando os elementos que se põem en-
quanto novos e acomodando o conhecimento de modo a voltar ao estágio de equilíbrio. 
A noção de espaço é construída pela criança desde o nascimento e em conjunto as 
demais capacidades mentais e é apreendida pela criança através de jogos, brincadeiras, 
imitação, produção de desenhos, dentre em uma relação que se pauta na esfera da per-
cepção e a da representação espacial. 
Percepção e Representação espacial em práticas pedagógicas
A criança percebe e representa tanto o espaço em que ela está inserida quanto os ob-
jetos a que ela tem acesso e contato. É através desse processo que a criança cria, recria 
e externaliza sua visão de mundo. 
A esfera da percepção está ligada ao campo sensorial e ocorre através da relação entre 
a criança, o objeto e o meio em que ela está inserida. De acordo com Oliveira (2005):
(...) a noção [de espaço] não é abstraída da percepção; a noção é 
engendrada a partir de um conjunto de ações e operações. Ao lado 
da percepção pura e essencialmente receptiva resultante de uma 
determinada descentralização. (...) esta atividade perceptiva consiste 
em explorações, transposições, antecipações, comparações e ou-
tras. A atividade perceptiva nada mais é senão o prolongamento da 
inteligência sensório-motora, que aparece antes da representação. 
(OLIVEIRA, 2005, p.110)
14
15
O desenho é uma forma utilizada pela criança para representar os elementos que 
foram assimilados e acomodados por ela. É um meio de expor o seu entendimento sobre 
a realidade espacial percebida pela criança. 
Para saber mais sobre o desenho e processo de desenvolvimento da criança, acesse o arti-
go: “O desenho e o desenvolvimento das crianças” de Thais Gurgel.
Disponível em: http://bit.ly/2MbKD5P
Observe a imagem a seguir e sua legenda:
Figura 9
Fonte: Divulgação/ Creche Central da Universidade de São Paulo
“Sabia que eu sei desenhar um cavalo? Ele está fazendo cocô.” 
“Vou desenhar aqui, que tem espaço vazio.”
“O cavalo fi cou escondido debaixo disso tudo!” Joana, 3 anos
Nesta imagem, é possível analisar a percepção criada pela criança sobre o espaço 
e os elementos a que ela assimilou e acomodou em seu desenvolvimento cognitivo. 
Ao desenhar a sua percepção sobre o espaço e os elementos que o compõem, a criança 
a fez de acordo com o seu desenvolvimento sensório-motor e seu grau de desenvolvi-
mento cognitivo. Nesse emaranhado de riscos e cores, a criança aponta que determina-
dos elementos, conhecidos por ela, estão dispostos no desenho.
De acordo com Piaget (1982), a imagem criada pela criança – via desenho, por 
exemplo – é fruto da intensa relação e interatividade entre a criança e o objeto e atra-
vés de requisitos sensório-motores. Retomando o desenho apresentado anteriormente, 
a criança desenhou os objetos que ela manipulou ou que teve acesso ao longo do seu 
desenvolvimento. Assim, podemos afirmar que ela os assimilou e acomodou em seu 
cognitivo. Veja o esquema a seguir que exemplifica como a percepção é desenvolvida 
na criança:
15
UNIDADE 
A Criança e o Meio
PERCEPÇÃO
ATIVIDADE PERCEPTIVA
ações do sujeito:
ASSIMILAÇÃO
dos objetos às coordenações
das ações que o sujeito
exerce sobre eles
ACOMODAÇÃO
das ações do
sujeito aos
objetos
Figura 10
A realização da atividade perceptiva ocorre através da confecção de uma ideia ou 
imagem simbólica que representa determinado elemento para a criança. Assim, a crian-
ça, ao desenhar, representa a imagem que ela criou em seu pensamento sobre o objeto 
percebido como pode ser visto na imagem a seguir. 
Figura 11
Fonte: BARCELLOS, 2003
De acordo com Piaget, a criança transforma a percepção em representação, ou seja, 
ela cria uma imagem mental e a representa através de desenhos, mesmo que este não seja 
muito “inteligível” aos olhos do adulto. Assim, podemos definir a representação espacial 
como um sistema simbólico feito pela criança que visa explicar o mundo a sua volta. 
Observe a Figura 12, nela é possível visualizar um grupo de criança representando o 
planeta terra através de um desenho feito no chão, demonstrando a representação sobre 
o espaço a partir da percepção da criança via interação com objetos que estão em seu 
meio, como, por exemplo, o mapa mundi.
De acordo com Oliveira, esse processo se operacionaliza seguindo a lógica do desen-
volvimento constante da criança em interação com o meio. Assim:
As ações espaciais interiorizadas no nível sensório-motor engendram 
o espaço intuitivo correspondente ao nível pré-operatório. Por sua 
vez, as representações espaciais no nível pré-operatório engendram o 
espaço operatório correspondente ao nível concreto; e as operações 
concretas engendram o espaço formal correspondente ao nível lógico-
-matemático. O processo de construção do espaço, como se deduz do 
exposto, é um longo caminho que procede da ação para a operação. 
(OLIVEIRA, 2005, p. 116)
16
17
Figura 12
Fonte: Getty Images
Em outros termos, a representação sobre o espaço é realizada ao longo das fases de 
desenvolvimento da criança e conforme sua relação com o meio e os elementos que es-
tão dispostos nele. Esse processo é gradativo, inicia-se no nível sensório-motor e alcança 
seu auge na fase operatório formal. 
A noção de espaço, para Piaget e Inhelder (1993, p.15-22), delineia-se na criança em 
três esferas consecutivas: vizinhança, separação e sucessão. Vejamos cada uma delas. 
Primeiro a percepção do mais imediato e próximo – vizinhança. Esta consiste em 
perceber os elementos que estão em seu espaço. Aqui, é comum a criança desenhar 
elementos diversos, sem formas ou formatos legíveis, e afirmarem que são determinados 
objetos, normalmente, aqueles a que ela tem perto de si.
Figura 13
Fonte: Getty Images
17
UNIDADE 
A Criança e o Meio
O segundo elemento destacado pelos autores consiste na noção de separação e 
remete a capacidade de dissociar e diferenciar os elementos que estão postos em um 
mesmo espaço. Observe a imagem a seguir. Nela a criança consegue distinguir os 
elementos presentes em um mesmo espaço, diferenciando os elementos que estão 
dispostos nela. 
Figura 14
Fonte: Divulgação/Creche Central da Universidade de São Paulo
“Vou desenhar a minha casa. Aqui é o portão e tem uma janela aqui.” Anita, 5 anos
“Dá para ver a sua mãe dentro de casa?” Repórter
“Não, porque a porta parece um espelho. Só daria se a janela estivesse aberta.” Anita
Por fim, a criança desenvolve a ideia de sucessão, que permite que ela represente 
os elementos como estão dispostos, sequencialmente, em um espaço de modo definido, 
delineado e inteligível. Observe a imagem a seguir e como os elementos foram dispostos 
representados pela criança.
Figura 15
Fonte: Getty Images
Como pudemos notar ao longo desta unidade, o desenvolvimento da criança se dá 
pela interação dela com o meio e desde o seu nascimento. Vimos a teoria interacionista 
pela ótica do pensador Piaget e como ele define e analisa as fases pelas quais a criança 
18
19
passa. Averiguamos a relação existente entre a assimilação, acomodação e equilibração 
e a relação da criança com o espaço através da percepção e representação simbólica 
desenvolvida por ela.
Outro autor da via interacionista, Vygotsky, também analisou a interação da criança 
com o meio e sua importância para o desenvolvimento da criança.No entanto, ao con-
trário de Piaget, esse autor destacou a preponderância da interação social somado ao 
meio em que a criança está inserida. Esse é o tema de nossa próxima unidade.
19
UNIDADE 
A Criança e o Meio
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A difusão das ideias de Piaget no Brasil
VASCONCELOS, M. S. A difusão das ideias de Piaget no Brasil. São Paulo: Casa do 
Psicólogo (Coleção Psicologia e educação), 1996.
Noção corporal de crianças pré-escolares: uma proposta psicomotora
PFEIFER, L. L. e ANHAO, P. P. G. Noção corporal de crianças pré-escolares: uma 
proposta psicomotora. Rev. NUFEN. [online]. 2009, vol.1, n.1 [citado 2019-07-31], pp. 
155-170.
 Vídeos
Nova Escola | Pensadores: Jean Piaget – a Educação
https://youtu.be/LxELyNK4HVE
Jean Piaget – Fases do desenvolvimento
Para aprofundamento sobre as fases do desenvolvimento da criança na perspectiva de 
Piaget, assista o vídeo.
https://youtu.be/EnRlAQDN2go
 Leitura
O que é construtivismo?
Para aprofundamento sobre a Teoria Construtivista: BECKER, F. O que é Construtivis-
mo? Série Ideias, n. 20. São Paulo: FDE, 1994.
http://bit.ly/2ALBGuo
Interação e construção: o sujeito e o conhecimento no construtivismo de Piaget
Para aprofundamentos sobre a noção de interação de Piaget: SANCHIS, I. de P. e 
MAHFOUD, M. Interação e construção: o sujeito e o conhecimento no construtivismo 
de Piaget. Revista Ciência e Cognição, volume 12, 2007.
http://bit.ly/2LMqDb1
O desenho e o desenvolvimento das crianças
Para aprofundamento sobre a relação entre desenho e desenvolvimento da criança, veja 
a matéria.
http://bit.ly/2MbKD5P
20
21
Referências
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 2010. 
OLIVEIRA, L. A construção do espaço, segundo Jean Piaget. Uberlândia: Revista 
Sociedade & Natureza, 2005. 
PIAGET, J. INHELDER, B. A Representação do Espaço na Criança. Porto Alegre: 
Artmed, 1993.
PIAGET, J. O nascimento da inteligência da criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
ZABALZA, M. Qualidade na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998.
21

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