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GESTÃO DE ESTOQUES, ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO Professor Me. Fábio Oliveira Vaz GRADUAÇÃO Unicesumar Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; VAZ, Fabio Oliveira Gestão de Estoques, Armazenagem e Movimentação. Fabio Oliveira Vaz. (Reimpressão revista e atualizada) Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. Reimpresso em 2020. 153 p. “Graduação - EaD”. 1. Gestão. 2. Logística. 3. Armazenagem. 4. Movimentação. 5. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-720-8 CDD - 22 ed. 658.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Aliciane Kolm Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Fernando Henrique Mendes Rossana Costa Giani Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi Keren Pardini Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração com a linha de pesquisa Gestão de Pessoas e Organizações pela Universidade Metodista (SP). Pós-Graduado MBA em Marketing pela Faculdades Maringá (PR). Possui graduação em Administração pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (2007) e graduação no Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet pela Faculdade Fatecie de Paranavaí (2011). Tem experiência na área de Administração, Finanças, Logística e Marketing. A U TO R SEJA BEM-VINDO(A)! É com grande prazer, caro(a) aluno(a), que apresento este livro com foco na Gestão de Estoques, Armazenagem e Movimentação. Sou o professor Fábio Vaz e espero que este material venha somar crescimento aos seus conhecimentos e auxiliá-lo(a) em sua car- reira profissional. Sabemos que o principal objetivo das empresas é a lucratividade com investimentos adequados em equipamentos, estoques etc. Neste livro, mostramos que o objetivo da gestão dos estoques é maximizar o investimento em estoques, aumentando a eficiência da gestão da empresa e reduzindo perdas desnecessárias no caminho. A gestão de estoques é um assunto extremamente importante e merece foco de estu- dos, pois utiliza uma parte considerável do orçamento operacional de uma empresa. Esta importância está ligada ao valor agregado que esta gestão reflete nos produtos e à eficiência que pode ser gerada com um bom planejamento. Uma administração eficiente pode ser a diferença que a empresa busca em relação aos concorrentes, desenvolvendo assim uma vantagem competitiva em um mercado alta- mente disputado. É possível perceber que falar de logística e gestão de estoques é falar de uma gestão eficiente, com planejamento, organização e controles eficazes nas atividades de mo- vimentação e armazenagem, desta forma, melhorando o desempenho organizacional. Vivemos em um ambiente em constante mudança e extremamente competitivo, com tecnologias das mais avançadas surgindo, uma economia inconstante e diversos outros fatores que podem dificultar a vida da organização. O grande segredo está em conse- guir equilibrar os investimentos, maximizar os lucros e inovar constantemente para per- manecer neste mercado mutante. Para tanto, é preciso uma gestão de estoques eficien- te com foco em melhorias contínuas nos processos internose externos da organização, chegando até o consumidor em tempo hábil, com qualidade e com diferencial compe- titivo em relação aos concorrentes. Começamos nossos estudos focados no papel dos estoques na organização e sua im- portância. Espero que este material sirva de base para uma reflexão sobre mudar e se adaptar para atingir o sucesso. Ótima aprendizagem e um grande abraço! Prof. Fábio O. Vaz APRESENTAÇÃO GESTÃO DE ESTOQUES, ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO 8 - 9 SUMÁRIO 8 - 9 UNIDADE I O PAPEL DOS ESTOQUES 15 Introdução 17 Uma Análise Histórica da Gestão de Estoques 21 Conceitos Essenciais 25 Função e Classificação dos Estoques 28 Razões para o Surgimento e Manutenção de Estoques 30 Os Estoques e sua Influência Financeira nas Organizações 37 Considerações Finais UNIDADE II CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES 43 Introdução 44 Curva de Estoque e Estoque Médio (Xyz e Abc) 51 Tempo de Reposição (Lead Time) 53 Estoque de Segurança e Cobertura 57 Dimensionamento de Lotes e Lote Econômico 61 Sistemas de Informação na Gestão do Estoque 69 Considerações Finais SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE III LOGÍSTICA DE ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO 75 Introdução 75 Importância e Objetivo da Armazenagem 79 Equipamentos de Movimentação e Armazenagem 84 Leis da Movimentação de Materiais 85 Layout e Métodos de Organização Logística 88 O Controle da Movimentação Interna 89 Endereçamento Interno 93 Considerações Finais UNIDADE IV LOGÍSTICA E CONTROLE INTERNO 99 Introdução 100 Princípios Básicos da Movimentação de Materiais 104 Recebimento de Materiais 107 Embalagem, Acondicionamento e Unitização 110 Estocagem e Armazenagem 113 Dimensionamento de Espaços 116 Estruturas de Armazenagem 126 Considerações Finais SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE V DEMANDAS E GESTÃO ESTRATÉGICA EM LOGÍSTICA 133 Introdução 133 Demandas Dependentes e Independentes 134 Controle de Estoques 137 Sistemas de Estocagem 139 O Processo de Planejamento Gerencial 140 Gestão Estratégica e Vantagem Competitiva 145 Considerações Finais 149 CONCLUSÃO 151 REFERÊNCIAS U N ID A D E I Professor Me. Fábio Oliveira Vaz O PAPEL DOS ESTOQUES Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer a evolução da logística. ■ Compreender os conceitos de logística. ■ Demonstrar a realidade contemporânea da logística e as razões para a manutenção de estoques. ■ Conhecer a influência dos estoques nas finanças de uma organização. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Uma análise histórica da gestão de estoques ■ Conceitos Essenciais ■ Função e Classificação dos estoques ■ Razões para o surgimento e manutenção de estoques ■ Os estoques e sua influência financeira nas organizações 14 - 15 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), precisamos entender que a gestão dos estoques com qualidade é de extrema importância para o bom andamento dos processos organizacionais bem como para o aumento da lucratividade da empresa. Sabe-se que a concorrência está cada vez mais acirrada e qualquer redução, mesmo que mínima, em custos e tempo pode ser a grande diferença no sucesso ou insucesso da organização. Diante desse fato, a gestão dos estoques e a logís- tica têm se tornado importantes e fontes de diversos estudos, exatamente para encaixar as organizações neste ambiente tão competitivo. É claro que dentre os processos logísticos destacam-se a manutenção e a aqui- sição de informações para conseguir traçar estratégias dentro da organização, a fim de atingir o mercado ou os consumidores. A logística preocupa-se em dis- ponibilizar os produtos para os consumidores no lugar certo, no momento exato e na condição desejada. Ballou (1993) afirma que a logística utiliza o planeja- mento, organização e controle das atividades de movimentação e armazenagem com o objetivo de melhorar a entrega de valor ao consumidor. Para reforçar este contexto, Gomes e Ribeiro (2004) explanam que a logística é quem organiza a aquisição, movimentação e armazenagem dos materiais, buscando o aumento da lucratividade da organização. Entregar o produto certo, no tempo correto para o consumidor, sem que haja a manutenção dos estoques, é demasiado perigoso, para não dizer insensato. Gerir os estoques, manter o nível mínimo do mesmo é de grande importância para a organização. Esta gestão incide diretamente nos custos de armazenagem, custos financeiros e no capital para investimentos futuros da empresa, segundo Ballou (1993). O autor ainda aponta algumas vantagens com relação ao uso da correta gestão dos estoques, como: ■ Melhora dos serviços de atendimento ao consumidor; ■ Prossibilidade de proporcionar economia de escala nas compras; ■ Proteção contra aumento de preços e contingências. 14 - 15 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 16 - 17 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Veja que a gestão dos estoques e a sua manutenção estão diretamente ligadas às decisões de compras da empresa. E reforçando que a informação correta e pontual ajudará no correto planejamento de compras, avaliando as demandas, capacidade produtiva da empresa, dentre outros fatores. A maior preocupação da logística está nas decisões associadas à estocagem, níveis de estoque, sistemas de informação, transporte e armazenagem. Nos últimos anos, a logística está presente nas empresas de forma integrada, pois os processos decisórios caminham juntos com as informações que são com- partilhadas em tempo real com auxílio das Tecnologias da Informação (TIs) disponíveis no mercado. A abrangência da logística inclui toda movimentação, interna e externa, de materiais de uma empresa, onde ela desempenha essas ati- vidades em conjunto, principalmente nas áreas de produção e distribuição, o que eleva o conceito conhecido como Logística Integrada ou Supply Chain, ou ainda SCM – Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Abastecimento). Podemos definir Supply Chain como a gestão da cadeia de abastecimento. Na visão de diversos autores, a competição no mercado ocorre entre as cadeias de abastecimento, onde uma boa gestão permite avaliar pontos fracos e fortes, auxi- liando a tomada de decisão e maximizando os resultados da empresa. Os resultados que se esperam do SCM são: ■ Reduzir custos. ■ Aumentar a eficiência. ■ Ampliar os lucros. ■ Melhorar os tempos de ciclos da cadeia de fornecimento. ■ Melhorar o desempenho nos relacionamentos com clientes e fornecedores. ■ Desenvolver serviços de valor acrescentado que dão a uma empresa uma vantagem competitiva. ■ Obter o produto certo, no lugar certo, na quantidade certa e com o menor custo. ■ Manter o menor estoque possível. 16 - 17 Uma Análise Histórica da Gestão de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Com base nessas informações, é necessário que a empresa identifique cada uma das atividades que envolvem o processo logístico, visto que irá beneficiar a orga- nização na tomada de decisão, como o que produzir, como produzir, quanto produzir, os cuidados que se devem ter com relação aos estoques e sua distribuição. Dentre os assuntos pertinentes, destacam-se principalmente o papel dos estoques, uma vez que o grau de importância está relacionado a questões de movimentação do estoque, que envolve métodos de trans- porte, sejam rodoviários, ferroviário, aéreo etc. Além disso, um fator crucial diz respeito às quantidades de estoque para aquisição, neste caso envolve as decisões inerentes à gestão de estoque, a saber: quando e quanto comprar e como monitorar o sistema (CHING, 1999, p. 17). A importância da gestão dos estoques é clara, porém veremos, posteriormente,outros fatores essenciais para o bom andamento da empresa no contexto de com- petitividade e decisões estratégicas, com base no bom uso da logística. UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA GESTÃO DE ESTOQUES Falar da história da Gestão de Estoques é falar diretamente do contexto histó- rico da logística. Nesse ponto, vamos fazer uma síntese da história da logística. A palavra logística é derivada do grego logos, que significa razão. Pensando na palavra “razão”, podemos entender que a logística significa “a arte de calcular” ou “a manipulação de uma operação”. No começo, a logística foi desenvolvida para uso militar para designar atividades de suprimentos, estocagem, movimen- tação e transporte de bens, tais como: remédios, equipamentos, armamentos, uniformes e tropas. Se pensarmos neste contexto da logística, para estocar, movimentar e transpor- tar, estamos falando diretamente da gestão dos estoques. Esta gestão proporcionou às tropas uma melhor ação estratégica, pois minimizava os erros, reduzia o tempo de execução de processos e entregava os suprimentos no momento necessário. Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que a logística encontrou novas aplicações, chegando ao uso dentro das indústrias, comércio e nos serviços, 18 - 19 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I exatamente porque se iniciou o contexto competitivo das empresas, necessi- tando, assim, achar formas de melhorar seu rendimento em produção, em tempo e até mesmo financeiro. Porém, a logística utilizada dentro do meio militar era considerada como um serviço de apoio, sendo vista como uma atividade inferior a qualquer outra dentro das tropas. A mesma coisa acontecia dentro das organizações, no entanto, devido às constantes evoluções que têm ocorrido nas últimas décadas, a logística tem se tornado um importante setor, encontrando novas aplicações para dimi- nuir os custos da empresa. Até o século XV, a produção de bens era feita por artesãos que eram respon- sáveis por todo o ciclo produtivo, desde a encomenda até a entrega ao cliente. Nessa época, a logística era relativamente simples e ficava sob responsabilidade do próprio artesão e não tinha grandes complicações, pois os pedidos eram fei- tos pelos clientes diretamente ao artesão, que conhecia todas as informações que precisava para executar seu trabalho. O artesão conseguia saber o tempo necessário para a execução de tarefas e produção dos materiais, com isso sabia qual seria sua fila de espera. Tinha em suas mãos o controle do estoque, sabendo da disponibilidade de matérias-pri- mas, preço pago pelos insumos e qual a quantidade necessária de material para fazer cada bem. Também tinha o controle sobre quando receberia pelos produ- tos entregues e qual foi o gasto/custos para fabricá-los. Em outro período, o artesão, até mesmo por necessidade, começou a traba- lhar para oficinas, em que o dono era quem tomava as decisões, fazia os pedidos de venda, atendia o cliente e entregava o bem pronto. Nesse período, os donos de oficinas eram os responsáveis pela logística, eles recebiam as matérias-pri- mas dos clientes, as direcionavam para artesãos que trabalhavam na oficina, definindo o prazo de entrega pela quantidade de serviço que cada artesão pos- suía. O crescimento do consumo aliado à criação da máquina a vapor nos levou à Revolução Industrial, revolução não de revolta, mas sim pelo grande impacto que teve sobre a sociedade e a tecnologia de produção. ©shutterstock 18 - 19 Uma Análise Histórica da Gestão de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Na Revolução Industrial, que ocorreu na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, as ferramentas foram substituídas pelas máquinas que utilizavam a energia do vapor em lugar da energia humana, o que proporcionou um grande aumento de produção. Com o aumento da produção, houve a necessidade de novos mer- cados, além de melhorar o transporte dos produtos, se fazia necessário o uso de uma logística mais eficiente, o que foi possível com o surgimento da locomotiva e a utilização do vapor em navios que ajudaram e melhoraram em muito o pro- cesso de transporte e logística (PIRES, 2004). A logística não teve muitas alterações até a metade do século XX, as organi- zações sabiam que ela era importante, mas na aplicação, acabava ficando dividida em diversos departamentos e cada um aplicava o que achava mais interessante ou mais apropriado. Só em 1960 que se têm registros da formação de cargos direcionados para o setor logístico, onde quem ocupava algum destes cargos ficava responsável pelo fluxo de materiais, transportes e estocagem. Já na década de 1990, a gestão dos estoques ganha grande destaque devido ao contexto de globalização, ao advento da internet, ao comércio eletrônico, entre outros. O consumidor passa nesta fase a exigir muito mais das empresas, tornando a logística e sua gestão algo funda- mental para a entrega de valor ao cliente. Pensando em Brasil, a gestão de estoques e a logística são atividades muito recentes. Até os anos 70, havia um total desconhecimento do termo e de sua abrangência. Os conhecimentos de informática e sistemas de informação tam- bém eram restritos para um pequeno grupo de pessoas. 20 - 21 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Neste mesmo período, alguns setores, como a indústria automobilística e o de distribuição de energia elétrica, já aplicavam a logística e suas ferramentas, mas ainda de forma empírica, ou seja, sem o conhecimento científico e estraté- gico das ferramentas da gestão. Atualmente a Logística está bem servida de tecnologias no Brasil. O ponto ainda vulnerável na Logística é o capital humano, que apesar do conceito, relativamente novo no Brasil, em função do pouco tempo, foi menos desenvolvido, que as tecnologias. As organizações chegam a ponto de ruptura do desenvolvimento por falta destes profissionais (CAVANHA FILHO, 2001, p.86). Para que tenhamos uma noção de como as atividades logísticas eram disper- sas, no ano de 1977, foram criadas simultaneamente a Associação Brasileira de Administração de Materiais e a Associação Brasileira de Movimentação de Materiais, com objetivos idênticos, porém sem nenhum tipo de relação. Somente em 1979, o IMAM (Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais) foi criado e pode ser considerado como sendo o primeiro evento concreto de utilização consciente de atividades logísticas. Ainda falando de Brasil, a partir de 1980 em diante, vários acontecimentos importantes concretizaram de vez a entrada da logística no Brasil. Podemos des- tacar a criação da Associação Brasileira de Logística e a instalação do Brasildock’s, o primeiro operador logístico do Brasil. O Brasil começa a trazer conhecimentos de logística de outros lugares do mundo, e em 1982, chega a nosso país, diretamente do Japão, o Kanban e o Just in Time, criados pela Toyota e vistos como os dois principais modelos para o sis- tema de logística integrada. Vamos compreender o que é Kanban e o que é Just in Time: ■ Just in time tem por objetivo aumentar a competitividade das organiza- ções através da modificação de processos para que possam ser capazes de entregar exatamente o que o consumidor necessita, na quantidade certa, onde e como ele necessita. Além de conseguir fazer isso com menos esto- ques e com menos custos para a empresa. Em resumo, podemos dizer que é aumentar a satisfação do cliente através da entrega superior e com menores custos. 20 - 21 Conceitos Essenciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ Já Kanban vem do Japonês e significa registrar ou cartão visual. Os con- troles visuais são utilizados no chão de fábrica paraa gestão e controle da produção e dos materiais que serão necessários. Ou seja, podemos afir- mar que este método é uma gestão visual da produção, deixando tudo organizado e bem visualizado para o processo produtivo. Com a estabilidade da moeda brasileira, os empresários começaram a focar para a gestão de custos. Para tanto, o uso da tecnologia para facilitar a gestão de estoques passou a ser a grande ferramenta de melhora contínua nos processos logísticos. Um exemplo clássico é o uso do código de barras que, aliado à informática, tem agilizado de forma positiva as operações de gestão de estoques e distribuição. Somente a partir da década de 1990 que o Brasil passou a buscar mais fortemente o uso de ferramentas de gestão logística para o desenvolvimento organizacional e melhora de entrega de valor ao consumidor. CONCEITOS ESSENCIAIS A Gestão de Estoques é definida como sendo um conjunto de atividades dentro de uma organização, a fim de suprir as diversas unidades com materiais neces- sários para a execução dos processos produtivos. Desta forma, essas atividades abrangem desde as compras, recebimento, armazenagem dos materiais até as operações gerais de controle de estoques. Podemos entender então que a gestão de estoques busca garantir a contínua existência de um estoque organizado para que não faltem os insumos necessá- rios para o processo produtivo e nem exista quantidade excessiva de materiais, melhorando assim a gestão dos custos de uma organização. Conforme Ballou (2006), se a demanda for de fácil previsão, não é necessá- rio manter estoques, isto é, quanto mais precisa for a previsão de demanda, mais simples de controlar os estoques. Mas é claro que não é possível manter uma exatidão no processo de demanda, logo, como estratégia, é importante manter estoques para minimizar os efeitos causados pela variação de oferta e procura. ©shutterstock 22 - 23 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A gestão de estoques é responsável pelo pla- nejamento e controle do fluxo de materiais, desde o fornecedor até chegar ao consumi- dor. Envolvendo processos como compra, recebimento do bem, transporte interno e acondicionamento até a distribuição ao con- sumidor final. Ballou (2006) enfatiza que planejamento, coordenação, direção e controle de todas as atividades ligadas à aquisição de materiais e formação de estoques formam o processo da gestão de estoques. Alguns termos são essenciais no dia a dia da gestão de estoques, um deles, o termo “RECURSO”, é tudo aquilo que pode gerar riqueza com foco econômico. A gestão de estoques é considerada um Sistema Integrado, onde há diversos subsistemas que interagem para o alcance do objetivo final do processo, esta gestão tem por objetivo central prover a administração dos suprimentos necessários para o bom funcionamento da organização, claro que isso no momento certo, na quantidade certa e pelo menor custo. Outro termo importante é “OPORTUNIDADE”, a oportunidade ou supri- mento de materiais no momento correto influenciará no tamanho dos estoques. Se um estoque é suprido antes do momento oportuno, acabará gerando estoques maiores ou mais altos, mas o contrário, suprir após o momento oportuno, pode acarretar falta de material em estoque. Uma boa explicação para isso seria um processo produtivo que precisa entregar um lote em um curto período de tempo, para tanto, não pode haver falhas, o abastecimento oportuno ocorre quando é feito no momento exato da necessidade produtiva sem sobras nem faltas. Da mesma forma que o volume de compras pode gerar os mesmos proble- mas relatados em relação à oportunidade, comprar em demasia pode causar estoques ociosos e até gerar perdas, e comprar menos pode gerar falência na produção por falta de materiais. 22 - 23 Conceitos Essenciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O tempo certo e a quantidade necessária são eventos que, se mal planeja- dos, geram custos indesejáveis e diminuição de lucratividade. Além de avaliar estes fatores, é preciso adquirir materiais com o grau de qualidade necessário para o processo produtivo, pois o contrário também gera aumentos dos custos e prejuízos pela falta de qualidade das matérias-primas, e ainda pode acarretar paradas de máquinas, defeitos na fabricação, recompra etc. Para reduzir alguns destes problemas, contamos com os subsistemas da Gestão de Estoques, que, se forem integrados, fornecem condições de solucio- nar e prevenir os problemas logísticos internos da organização. Segundo Dias (1995), a função da administração de estoques é maximizar o processo de vendas e melhorar o ajuste do planejamento da produção. Em contrapartida, a gestão de estoques deve minimizar o capital total investido em estoques, pois ele é caro e aumenta continuamente, uma vez que o custo finan- ceiro aumenta. Vejamos alguns destes subsistemas, segundo Moura (1997): a) Controle de Estoque - o foco é gerir os estoques de forma econômica, através do planejamento e programação de materiais. Para que haja o processo produção/venda em uma empresa, o estoque é essencial, tendo níveis mínimos exigidos para cada processo. O estoque pode ser de maté- ria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados. Controlar o estoque engloba acompanhar o nível de estoque e o investimento finan- ceiro envolvido. b) Classificação de Material - responsável pela identificação, classificação, codificação, cadastramento do material em estoque. c) Aquisição de Material - responsável pela gestão, negociação e contra- tação de compras de material através de orçamentos e/ou licitação. Este setor tem como foco o estoque de matéria-prima, assegurando que estas cheguem de maneira correta e dentro das exigências do setor de Produ- ção. Mas não é só comprar, se faz necessário buscar o melhor preço, as melhores condições, ajudando assim na redução de custos ao produto final. d) Armazenagem - responsável pela gestão física dos estoques, exercendo as funções de guarda, preservação, embalagem, recepção e expedição de mate- rial, seguindo todas as normas e cuidados exigidos no armazenamento. O 24 - 25 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I local onde ficam armazenados os estoques chama-se Almoxarifado, res- ponsável pela guarda física dos materiais em estoque, com exceção dos produtos em processo de produção. e) Inspeção de Recebimento - responsável pela verificação física e docu- mental do recebimento de material. f) Cadastro - encarregado do cadastramento de fornecedores, pesquisa de mercado e compras. g) Padronização e Normalização - tem a função de reduzir o excesso de variedades de determinado material, unificando e especificando os mes- mos, desta forma reduzindo estoques. h) Transporte de Material - responsável pela execução e planejamento do transporte, movimentação e distribuição de material. É nesse setor que se executa a administração da frota de veículos da empresa ou se contrata empresas terceirizadas, como transportadoras, para este fim. Quanto maior o investimento nos vários tipos de estoque, tanto maior a capacidade e a responsabilidade de cada departamento na empresa. Para gerência financeira, a minimização dos estoques é umas das metas prioritárias. O objetivo é otimizar o investimento em estoques, aumen- tando o uso eficiente dos meio internos da empresa, minimizando as necessidades de capital investido” (DIAS, 1995, p. 98). Para uma boa gestão dos estoques, os detalhes fazem toda a diferença, todos os sistemas, processos e setores da organização devem estar em sintonia e a comu- nicação interna deve funcionar como um relógio. Só haverá compras e vendas corretas se os estoques estiverem sendo administrados com qualidade e eficiência. Temos que reforçar que esses subsistemas não aparecemconfigurados na Gestão de Estoques de todas as organizações, pois dependem do tamanho, do tipo, da complexidade da organização, entre outros fatores, para que se possa planejar as ações e funções necessárias na gestão dos estoques. 24 - 25 Função e Classificação dos Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . FUNÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES FUNÇÃO DOS ESTOQUES Para uma boa gestão dos estoques, é preciso ter objetivos claros e bem definidos. As funções principais dos estoques são a de planejar e controlar com quali- dade todo o processo produtivo. Deve haver uma preocupação com as questões financeiras e de custos dos materiais, independente de serem matérias-primas, materiais em processo de transformação ou produtos acabados. Os estoques de produto acabado, matérias-primas e material em pro- cesso não podem ser visto como independentes. Quaisquer que forem as decisões tomadas sobre um dos tipos de estoques, elas terão influên- cia sobre os outros tipos de estoque, esta regra às vezes é esquecida nas estruturas de organização mais tradicionais e conservadoras (DIAS, 1995, p. 85). O controle de estoque visa maximizar o capital investido, pois sabemos que estocar é caro e aumenta a cada dia, mas não existe a possibilidade de uma orga- nização trabalhar sem estoques, por isso a gestão dos estoques em cada processo, da entrada de matéria-prima até a entrega do produto acabado ao consumidor, pode fazer toda a diferença nos custos e lucratividade da empresa. É claro que algumas matérias-primas são vantajosas para se manter em estoque, principalmente se variarem seus preços em determinados períodos e se as mesmas não forem perecíveis. Um exemplo disso seria o papel utilizado em gráficas off-set, existem períodos em que o papel tem uma alta e se a gráfica tiver o papel em estoque pode manter sua lucratividade no produto final ou até mesmo aumentá-la. Veja que controlar o estoque só causa vantagens para a empresa, pois é pos- sível reduzir o desperdício, desvios e até mesmo avaliar se o investimento em estoque foi grande, o que pode prejudicar a lucratividade da organização. Lembre-se: quanto maior o investimento, maior a responsabilidade de cada setor da empresa. ©shutterstock 26 - 27 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I As modernas organizações focalizam a responsabilidade dos estoques em uma única pessoa, deixando os departamentos livres desta responsabilidade e, desta forma, podendo se dedicar às suas funções primárias. Estoques são acúmulos de recursos materiais entre fases específicas de processo de transformação. Esses acúmulos de materiais têm uma pro- priedade fundamental, pois os estoques proporcionam independência às fases dos processos de transformação entre os quais se encontram. Quanto maiores os estoques entre as fases, maiores cuidados são ne- cessários no sentido de não haver interrupções no processo (GIANESI; CORRÊA, 1996, p. 42). Segundo Martins (2006), as principais funções de estoque são: a) Garantir o abastecimento de materiais à empresa, neutralizando os efei- tos de demora ou atraso no fornecimento de materiais, sazonalidades no suprimento, riscos de dificuldade no fornecimento. b) Proporcionar economias de escalas através da compra ou produção em lotes econômicos, pela flexibilidade do processo produtivo, pela rapidez e eficiência no atendimento às necessidades. 26 - 27 Função e Classificação dos Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES Quando falamos em produção ou processo produtivo, temos que entender que teremos vários tipos de estoques. Podemos classificar os estoques em ativos e inativos. Com essa classifica- ção, temos uma facilitação na montagem de um sistema de controle de estoques. Vejamos a definição destas classificações e suas subclassificações: Estoque ativo: é todo estoque que resulta do planejamento prévio de esto- ques destinados a uma utilização, e podemos dividir este estoque em: ■ Produção: constituído por matérias-primas e componentes que inte- gram o produto final. ■ Produtos em Processo: constituído por materiais em diferentes estágios de produção. ■ Manutenção, Reparo e Operação: formado por peças e componentes empregados no processo produtivo, sem integrar o produto final. ■ Produtos Acabados: compreendem os materiais e/ou os produtos em condições de serem vendidos. ■ Materiais Administrativos: formado por materiais de aplicação geral na empresa, sem vinculação com o processo produtivo. Estoque Inativo: é resultado de alterações ou mudanças nas políticas de estoque, mudança de processos produtivos ou falhas de planejamento, sendo dividido em: ■ Estoque Disponível: constituído pelos materiais sem perspectiva de uti- lização, sem destinação definida, total ou parcialmente. ■ Estoque Alienável: constituído de material disponível, inservível, obso- leto, e sucatas destinadas à venda. 28 - 29 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I RAZÕES PARA O SURGIMENTO E MANUTENÇÃO DE ESTOQUES Sabemos que os objetivos de gerenciar os estoques são de controlar custos, suprir insumos, suprir distribuição de produtos acabados, entre outros. Entretanto, precisamos analisar quais são os motivadores do surgimento e da manutenção dos estoques. Seguem os principais motivadores, segundo Gianesi e Corrêa (1996): ■ Ausência de controle e coordenação entre fases dos processos de trans- formação: não há como pensar em manter um nível de suprimento e consumo tão equilibrado que não se precise ter estoques. Cada fase irá funcionar de forma diferente dependendo da demanda exigida no pro- cesso de produção e no consumo. Um bom exemplo seria querer que as chuvas viessem quando mais se precisa de água para encher os manan- ciais e, de outro lado, o consumo de água continuar igual independente de chover mais ou não, logo se entende a importância de estocar para manutenção em períodos de pouca matéria-prima e grande consumo. ■ Informação: as informações podem não chegar corretamente ou rapida- mente sobre a necessidade de suprir demanda. Sem estoques, não haveria a possibilidade de suprir problemas emergenciais de demanda. Quando há informação suficiente, o que seria ideal, facilita-se o controle de nível de estoques, porém o dia a dia é bem diferente, exigindo um nível de esto- que de segurança para questões emergenciais. ■ Custo para Obtenção: quando os custos do processo de compra são muito altos, comprar um lote maior pode reduzir os custos para adquirir o mate- rial, levando à necessidade de armazenagem/estocagem. ■ Limitações tecnológicas: dependendo da tecnologia disponível na organi- zação, onde equipamentos mais antigos podem exigir um cuidado maior com manutenção e com isso reduzindo a produção, se faz necessário ter estoques de insumos para manutenção e estoques dos materiais acaba- dos mais requisitados para anteceder a correria da demanda no período do seu uso. ■ Estoque de segurança: quando não se consegue prever as taxas de con- sumo futuras e há dificuldade em colocar pedidos com antecedência, se 28 - 29 Razões para o Surgimento e Manutenção de Estoques Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . faz necessário um estoque de segurança para ter garantias frente a tantas incertezas. Um exemplo prático é quando existe a quebra de um equipa- mento de forma inesperada ou algum fornecedor não sabe se conseguirá entregar os insumos no prazo estipulado. ■ Escassez/oportunidade: nem sempre se estoca por motivos de redução de problemas, como a incerteza do mercado,às vezes ocorre estocagem para aproveitar preços baixos praticados em determinado período para lucrar na alta dos valores deste insumo. Temos como exemplo uma grá- fica que compra papéis em períodos de baixa demanda onde o preço é menor, os estocando e podendo cobrar mais em épocas de alta dos valores. ■ Preencher o pipeline: quando falamos de produção, precisamos enten- der que o que é produzido deve ser consumido, ou seja, deve haver o mercado consumidor dos produtos produzidos. Para tanto, as estratégias logísticas são essenciais para o que se é produzido chegue até o mercado consumidor. Aí percebemos que entram em funcionamento os canais de distribuição, que fazem com que o produto chegue até o consumidor final. Por definição, estoques no canal de distribuição ou pipeline inven- tory. Logo, é possível compreender que ao falar de pipeline em logística, nos referimos ao estoque disponível no canal de distribuição. É importante ressaltar a Embalagem de Proteção, que tem por objetivo prote- ger o produto de possíveis danos durante o empilhamento ou transporte. O uso de uma embalagem correta pode reduzir em muito os prejuízos com perdas e danos no processo de produção e distribuição. Em estocagem, todo cuidado é pouco, principalmente em um mercado cada vez mais exigente. Fazem-se necessários muitos cuidados ao armazenar e acon- dicionar os estoques para evitar danos aos produtos e que os mesmos cheguem até o consumidor com possíveis problemas, gerando insatisfação. ©shutterstock 30 - 31 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I OS ESTOQUES E SUA INFLUÊNCIA FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES O uso eficiente da logística pode levar a organização a reduzir custos, agregar valor ao produto/serviço e melhorar os processos internos, proporcionando para a organização uma vantagem competitiva e a maximização da lucratividade. A logística gerencia estrategicamente toda a organização, seja na com- pra de materiais, movimentação de estoques e armazenagem de mate- riais e produtos acabados, com o objetivo central de melhorar os níveis de lucratividade atual e futura através da redução dos custos da organi- zação (CHRISTOPHER, 1997, p. 02). Visto que se consegue aumentar a eficiência dos processos existentes e a aber- tura do caminho, para que a empresa consiga aumentar a lucratividade atual e futura, percebemos aqui a importância do uso da logística e de suas estratégias para o sucesso empresarial. Porém, faz-se necessária outra análise. Não basta reduzir os custos, a empresa necessita criar constantemente vantagens competitivas para se fortalecer no mer- cado altamente competitivo. Para que a organização aumente seus lucros futuros, outras preocupações fazem parte do processo, como entender o que satisfaz o consumidor, que tipo de produto ou serviço colocar no mercado, a que preço vender, entre outros. Com o uso eficiente da logística, é possível entregar produtos com antece- dência, prever demandas, melhorar distribuição, com isso criando o chamado “valor” da organização ou da marca. Este valor faz com que o mercado consumidor 30 - 31 Os Estoques e sua Influência Financeira nas Organizações Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . confie na empresa/marca criando assim uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Outra questão importante esta relacionada ao monitoramento do desempe- nho nos processos logísticos. É necessário medir constantemente o desempenho para que se consiga perceber problemas, corrigi-los e melhorar processos futuros. Algumas formas de medir o desempenho ocorreram através da análise dos custos totais da empresa, custos por atividade, tempo de ciclo, qualidade dos produtos, satisfação dos clientes, entre outros. Com estas medidas, é possível entender o que está acontecendo com a organização e melhorar os investimen- tos e processos. Se há a melhora de processos e investimentos, em consequência existe também a redução dos custos aumentando a lucratividade. A utilização e mensuração dos indicadores financeiros da organização levam o gestor a melhorar constantemente as estratégias, utilizando a logística para suprir as necessidades do consumidor. A empresa precisa analisar todos os aspectos envolvidos nos processos, desde a aquisição de materiais até a entrega ao consumidor final, sempre integrando as ações com as finanças, buscando a redução dos custos, mas nunca diminuindo a qualidade do que é entregue ao consumidor final. Os custos logísticos devem ser os norteadores para a tomada de decisão pelos gestores. Porém, é preciso ver além dos custos por atividade ou por setor, anali- sando os custos totais da logística na organização. Sabemos que a logística cuida dos fluxos de materiais, informações e finanças, porém em cada uma destas fases, o gestor precisa identificar os custos logísti- cos totais no que diz respeito a entregar o valor necessário ao consumidor final. “as percepções dos benefícios em uma transação superam os custos totais de propriedade”, ou seja, as percepções dos benefícios que são intangíveis estão relacionadas a um valor tangível que é o monetário. O custo total de propriedade está relacionado ao custo físico (tempo e energia dispendidos) e monetário (CHRISTOPHER, 1997, p. 34). Quando falamos em gerar valor ao cliente, estamos falando de uma arma estraté- gica para a criação de vantagem competitiva. Fidelizando o cliente, consegue-se, em longo prazo, melhorar a rentabilidade da organização. 32 - 33 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I No entanto, para gerar este valor ao cliente, faz-se necessário conhecer o cliente, seus desejos e necessidades e o que o mesmo valoriza ou acha importante. Em termos logísticos, gerar valor envolve conhecer de forma detalhada as ati- vidades do cliente, sua estrutura de custos, necessidades e dinâmica de mercado. Este “valor” está relacionado com a forma com que o produto tem qualidade e é importante para o consumidor. Segundo Ballou (2006), um produto perde seu valor quando não está ao alcance do cliente no momento e lugar por este requerido. Por conseguinte, ao disponibilizar um produto no tempo certo, cria-se ao cliente um valor único. Este valor é similar ao gerado pela produção de produtos ou serviços de quali- dade ou baixo preço. Mas é preciso entender que a criação de valor nas atividades logísticas só acontece quando o valor criado é de longo prazo, garantindo sua continuidade, ou seja, o valor é duradouro, o consumidor valoriza o produto e sempre o quer. Na gestão financeira, entendemos que o objetivo de uma organização é criar valor para seus sócios/acionistas, diretamente ligado à maximização de lucros. Para agregar valor, se entende que criando “valor” para o cliente, haverá retorno financeiro, retorno sobre os investimentos e aumento do Patrimônio Líquido da empresa. Faria (2007) afirma que a logística melhora o retorno sobre os investimen- tos ou sobre o Patrimônio Líquido através: ■ do aumento das vendas devido ao melhor nível de serviço; ■ da redução dos ativos logísticos como inventários ou imobilizados por meio de terceirização/alianças de operações logísticas; ■ da redução dos custos operacionais logísticos como transporte, arma- zenagem, embalagem etc., por replanejamento dos processos logísticos; ■ da melhoria nas margens de lucro devido ao aumento do preço de venda em contrapartida a um melhor nível de serviço, ou por melhorar o mix de produtos. A logística tem influência direta nos resultados financeiros de uma organização, no curto e longo prazo, pois consegue melhorar desempenhos, reduzir tempo de produção, reduzir erros e, consequentemente, aumentar os lucros. Se o fato 32 - 33 Os Estoques e sua Influência Financeira nas Organizações Re pr od uç ãop ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . de apenas utilizarmos os recursos de forma coerente reduz os custos, mais ainda quando se utiliza as estratégias logísticas dentro da empresa. Accioly (2008) identifica dois custos distintos quando falamos de estoques: os Custos de Obtenção e os Custos de Manutenção. Os custos de obtenção, segundo o Accioly (2008), estão relacionados aos processos de posicionamento de estoques, onde estão envolvidos as pesquisas de mercado e os custos com aprovação e desenvolvimento de fornecedores e pro- cessos de compras. Os custos de obtenção compreendem os relacionados aos processos de provisionamento de estoques, envolvendo pesquisas de mercado e dis- pêndio com aprovações e desenvolvimento de fornecedores e processos operacionais de compras, no caso de materiais adquiridos de fornece- dores terceiros, ou custos de processos produtivos internos, no caso de materiais produzidos internamente, normalmente rotulados como artigos produzidos verticalizadamente. Também estão aqui compreen- didos os custos de transporte incorridos no processo de internação das mercadorias, tanto em sua parcela fixa (depreciação, diárias, combus- tível, pedágio), quanto em sua parcela variável (seguro da carga, frete- -peso, impostos sobre serviços) (ACCIOLY, 2008, p. 26). Já os custos de manutenção estão relacionados com capital utilizado nos esto- ques, seguros, custo de mão de obra para armazenamento e picking1, depreciação, riscos de obsolescência, defasagem tecnológica, entre outros, também podem ser considerados custos de manutenção os riscos de furto pelo grau de atrativi- dade do produto. Se, por um lado, os estoques são ativos financeiros cuja imobilização em excesso compromete o retorno do investimento, por outro, a falta de estoques na hora e locais adequados causa prejuízos a toda a ca- deia de suprimentos: a empresa fornecedora deixa de vender e todos os integrantes da cadeia de suprimentos a partir desse ponto podem ter comprometida a continuidade de suas operações. Imagine você, leitor, que uma cadeia de suprimentos pode ser comparada à uma corrente (ACCIOLY, 2008, p. 26). 1 Por piching entende-se o processo inverso ao da armazenagem, ou seja, a retirada de materiais do local de armazenamento, independentemente de seu destino (seja para alimentar processos produtivos, no caso de matérias-primas ou produtos semiacabados, seja para atender a solicitações de clientes, no caso de produtos acabados). 34 - 3534 - 35 O PAPEL DOS ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Accioly (2008) enfatiza que, no mundo empresarial, há uma grande dificuldade de determinar com precisão o custo pela falta de determinado produto ao longo dos processos produtivos. Concorda-se que o custo é elevado, o que tem levado algumas organizações a se garantirem por meio de contratos de fornecimento, multas por paralisações ou outros artifícios para minimizar estes custos. Deste modo, fica claro que um sistema logístico eficaz melhora o processo de produção, no qual os recursos são utilizados de forma mais eficiente, aumenta a liquidez, cria valor ao consumidor por meio de um produto de qualidade e, con- sequentemente, irá gerar vantagem competitiva e maximizar seus lucros, sendo assim, pode-se dizer que a logística é um setor que influencia diretamente os resultados financeiros da organização. As únicas coisas que evoluem sozinhas em uma organização são a desor- dem, os conflitos e o baixo desempenho. (Peter Ducker) Entendendo o Papel da Logística O vídeo mostra uma pesquisa feita com populares sobre o que é logística, mostrando que é um tema desconhecido de muitos, porém de extrema importância para as organizações. <http://www.youtube.com/watch?v=-Ajoq2RLtp0> http://www.youtube.com/watch?v=-Ajoq2RLtp0 34 - 3534 - 35 PREPARAÇÃO DO ESTOQUE NA MOTOROLA Em fevereiro de 1995, a Motorola Inc. con- cluiu que suas estimativas de ganhos para o ano anterior apresentavam um quadro exageradamente otimista de sua posi- ção financeira. A Motorola relatou ganhos recordes no quarto trimestre, de US$ 515 milhões sobre vendas de US$ 6,45 bilhões. As altas estimativas de lucros provinham de pedidos superestimados de telefones celu- lares por parte de distribuidores varejistas. O ímpeto nas vendas durante a temporada de férias de final de ano pode ter vindo gra- ças a suas vendas para a primeira metade do ano anterior (1994). Novos pedidos de telefones celulares declinaram esse período. De acordo com fontes da indústria, mui- tos distribuidores, incluindo a US West e a BellSouth, haviam feito pedidos muito grandes. Parte do problema era que os distribuidores estavam reagindo defen- sivamente. Durante as duas temporadas anteriores de férias, a Motorola não pôde atender às demandas dos consumidores de aparelhos portáteis, forçando a Bells e outros distribuidores a perderem vendas. Esperando não repetir o erro, as unidades de celulares da Bells fizeram pedidos mais cedo e com maior frequência, duplicando os pedidos. Os distribuidores não avisaram à Motorola para diminuir sua produção a tempo em razão desse fato. Os distribuidores estavam alarmados quando os telefones pedidos começaram a jorrar, a Motorola estava entregando tudo. Trabalhando sob um sistema de qualidade total, a Motorola eliminou praticamente todos os gargalos e estava completa- mente capacitada a atender à demanda das férias de final de ano. Um analista do setor eletrônico afirma que a Motorola não monitorou adequadamente os pedi- dos que chegavam. O analista acrescenta: a Motorola deveria ter sabido que os pedi- dos estavam indo muito além da demanda. A Motorola Inc. não defrontou com um sério problema financeiro por causa desses supercarregamentos de produtos (eleva- dos estoques), pois a alta administração prefere que os distribuidores não enfren- tem problemas de estocagem. Todavia, é um problema para os acionistas, já que o preço das ações caiu 10% devido ao ele- vado estoque. Fonte: Pozo, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: Uma Abor- dagem Logística. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p.30 36 - 3736 - 37 (PPPC) DIVULGOU A QUEDA NOS ESTOQUES MUNDIAIS DE CELULOSE E MADEIRA. A ATIVA CORRETORA ACREDITA QUE O DADO É POSITIVO PARA FIBRIA E SUZANO. “Com o aumento dos estoques no mês passado, os papéis das empresas caíram com a expectativa de que os preços de celulose fossem ceder. Agora, com a redução do esto- que frente ao mês de agosto, é amparada a visão de que foi um acontecimento pontual e os preços podem continuar estáveis”, afirma a analista Mônica Araújo em relatório. Leia na íntegra em: <http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/queda-nos-niveis-dos- -estoques-privilegia-fibria-e-suzano_93223.html> http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/queda-nos-niveis-dos-estoques-privilegia-fibria-e-suzano_93223.html http://brasileconomico.ig.com.br/noticias/queda-nos-niveis-dos-estoques-privilegia-fibria-e-suzano_93223.html 36 - 37 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 36 - 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, compreendemos alguns conceitos essenciais da gestão de esto- ques e fizemos um breve levantamento histórico da mesma. É claro que, ao iniciarmos os trabalhos com logística, envolveremos inicial- mente custos mais elevados para sua implantação, mas em contrapartida haverá uma diminuição nos riscos de perda de produtos. O uso da gestão de estoques leva a constantes mudanças nos processos para que a empresa continue competitiva no mercado atual. A logística ajuda na busca de diminuição dos custos de produção, exatamente por reduzir perdas e riscos de erros nos processos. O que deve ser comemorado é o fato de a logística ocupar cada vez mais espaço nasorganizações, e chegar ao Brasil com força, mudando o formato do mercado na atual economia. A gestão de estoques tem se inserido cada vez mais nas organizações e tem ajudado a melhorar o andamento da produção. A palavra logística pode ser enca- rada como uma nova forma estratégica para as empresas conseguirem vantagens competitivas em relação à concorrência. 38 - 39 1. Falar da história da Gestão de Estoques é falar diretamente do contexto histórico da logística. Com base nesta afirmativa, explique a origem da palavra “Logística”. 2. Dentro dos conceitos essenciais de logística, o que vem a ser Gestão de Esto- ques? 3. Sabemos que o uso da gestão dos estoques/logística leva a várias vantagens, dentre elas, nas finanças da empresa. Explique a influência financeira da logística nas organizações. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR 38 - 39 Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: uma abordagem logística Hamilton Pozo Editora: Atlas Sinopse: Este livro oferece uma sequência lógica do desdobramento da matéria no dia a dia das empresas, fundamentada em novo paradigma de mercado globalizado relacionado com a nova dinâmica de suprimentos. Varejo no Brasil Juracy Parente Editora: Atlas Sinopse: O livro auxilia profissionais e estudantes do varejo a entenderem a dinâmica do mercado e a enfrentarem com sucesso as mudanças dramáticas que estão ocorrendo no setor. O autor oferece uma abordagem não só do ponto de vista conceitual, mas também prático, incorporando muitos casos da realidade brasileira Armazenamento e Distribuição Física Reinaldo A. Moura Editora: IMAM Sinopse: O livro abrange temas como: Logística e Distribuição Física; Os Materiais e os Inventários; Planejamento Físico do Armazém; Recebimento e Expedição; Sistemas de Estocagem; Sistemas de Localização do Estoque; Separação de Pedidos; Layout do Armazém; Computadores na Armazenagem; Layout do Armazém com o Auxílio do Computador; Dimensionamento de Espaços; Custos de Armazenagem; Manutenção e Treinamento, e Avaliação de Alternativas e Auditoria. U N ID A D E II Professor Me. Fábio Oliveira Vaz CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender os conceitos de curva XYZ e ABC. ■ Estudar sobre a importância do leadtime. ■ Entender a importância do dimensionamento de lotes. ■ Conhecer o uso dos sistemas de informação da gestão de estoques. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Curva de estoque e estoque médio (XYZ e ABC) ■ Tempo de reposição (leadtime) ■ Estoque de segurança e cobertura ■ Dimensionamento de lotes e lote econômico ■ Sistemas de Informação na gestão do estoque 42 - 43 INTRODUÇÃO Quando pensamos em Gestão de Estoques, é preciso entender sua importân- cia e as razões para seu uso. Como vimos na Unidade I, uma empresa com bom planejamento e uma gestão logística eficaz desenvolve vantagem competitiva em relação à concorrência. Chambers et al. (2002) afirmam que não importa o que está sendo arma- zenado como estoque nem mesmo onde ele está posicionado na operação; ele existirá porque existe uma diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda. Desta forma, percebemos que se tudo na organização acontecesse perfeita- mente, ou seja, se o material fornecido para produção fosse entregue exatamente quando existe a demanda, não seria necessário pensar em estoques. Com este mesmo raciocínio, podemos concluir que, se a taxa de fornecimento for maior que a demanda, teremos altos estoques e, em contrapartida, se houver uma alta taxa de demanda, teremos baixos estoques. Da mesma forma que se for pro- duzido muito e não houver demanda também gerará estoques excessivos de produtos acabados. A análise nos leva a entender que equilibrar as taxas leva a uma redução nos níveis de estoque. “O gerenciamento de estoque é a atividade de planejar e controlar acúmulos de recursos transformados, conforme eles se movem pelas cadeias de suprimentos, operações e processos” (BETTS et al., 2008, p. 295). É fato que os estoques podem ser usados para antecipar demandas futuras, mantendo níveis de estoques mesmo quando não há demanda, se aproveitando de preços atuais menores para futuras altas dos valores. Também podem preve- nir a falta de insumos ou matéria-prima sazonal. De acordo com esses fatores, pode-se dizer que a gestão dos estoques tem extrema importância no processo administrativo da organização e em suas estratégias a curto, médio ou longo prazo. A seguir, veremos conceitos que facilitam o planejamento e o desenvolvi- mento de estratégias na organização. 42 - 43 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 44 - 45 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II CURVA DE ESTOQUE E ESTOQUE MÉDIO (XYZ E ABC) Como já dissemos anteriormente, uma boa gestão de estoques faz com que a empresa se torne mais competitiva no mercado. Para entendermos melhor a importância de um estoque bem administrado, vamos dar um exemplo comum do nosso dia a dia: para mantermos nossas casas, sempre buscamos comprar pro- dutos e materiais necessários para nossa utilização, com base em prioridades, o normal é não comprarmos produtos caros em grande quantidade, sempre com- pramos conforme a necessidade. Mas por outro lado, se os produtos que mais usamos tiverem um valor menor, procuramos comprar em maior quantidade para ficarmos mais tranquilos com relação a futuras faltas. Segundo Vendrame (2008), o equilíbrio entre a demanda e a obtenção de material é o principal objetivo do controle do estoque, para garantir uma ges- tão eficiente e eficaz. Muitas empresas ainda mantêm vários itens em estoque por medo de que os mesmos faltem na sua linha de produção ou no estoque do centro de distri- buição, comprometendo assim a entrega do produto ao cliente. Para manter um melhor controle do estoque e reduzir seu custo, sem comprometer o nível de atendimento, é importante classificar os itens de acordo com a sua importân- cia relativa no estoque. Desta forma, surge a classificação de curvas de estoques ABC e XYZ; a primeira é um método antigo, mas muito eficaz, e baseia-se no raciocínio do diagrama de pareto, desenvolvido pelo economista italiano Vilfredo Pareto. A segunda forma de classificação do estoque varia de acordo com o grau de criti- calidade, conhecida como Classificação XYZ. Através destas classificações, conseguimos determinar o grau de importância dos itens, permitindo assim diferentes níveis de controle com base na impor- tância de cada item. 44 - 45 Curva de Estoque e Estoque Médio (Xyz e Abc) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O gráfico a seguir demonstra o conceito utilizado para o cálculo da curva ABC. A B C 95 80 20 50 100 100 % V al or % Quantidade de itens Gráfico1: Curva ABC para classificação dos itens Fonte: o autor De modo geral, os estoques têm valores de acordo com o quadro a seguir, tanto para itens em estoque quanto para valor. Os valores apenas servem como base para a classificação pela curva ABC. CLASSIFICAÇÃO ABC % QUANTIDADE EM ESTOQUE % VALOR EM ESTOQUE R$ A 20% 80% B 30% 15% C 50% 5% Quadro1: Percentual da classificação ABC dos itens em estoque Fonte: o autor Vamos entender as características da classificação ABC dos itens, conforme Pinto (2002): Classe A: São os principais itens em estoque de alta prioridade, pois são materiais com maior valor devido à sua importância econômica. Estima-se que 46 - 47 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II 20% dos itens em estoque correspondem a 80% do valor em estoque.Classe B: Compreendem os itens que ainda são considerados economi- camente preciosos, logo após os itens de categoria A, e que recebem cuidados medianos. Estima-se que 30% dos itens em estoque correspondem a 15% do valor em estoque. Classe C: Não deixam de ser importantes também, pois sua falta pode invia- bilizar a continuidade do processo, no entanto, o critério estabelece que seu impacto econômico não é dramático, o que possibilita menos esforços. Estima-se que 50% dos itens em estoque correspondem a 5% do valor em estoque. Com base nesta classificação, dá-se maior importância aos itens de Classe A, devido sua maior importância econômica na organização. Percebemos que os itens classe A recebem maior atenção do que itens da classe C, em questão das análises como giros, reposição, contagem etc. Para o cálculo da curva ABC, utilizamos o Consumo Médio Mensal ou CMM, através da seguinte fórmula: CMM = Σ de itens utilizados em 12 meses / 12 Ou seja, número de itens utilizados em 12 meses, dividido por 12. As outras informações são das chamadas SKUs (Stock Keeping Units – Unidade para Armazenamento em Estoque), utilizando o custo de reposição (custo médio, padrão ou Standard), pois os valores monetários necessitam ser ponderados pelos volumes ou intensidades de fluxos para haver uma mesma base compa- rativa. É recomendável utilizar um histórico de 12 meses para não ficar de fora a sazonalidade. Observe no quadro a seguir a forma de calcular os valores para a classifi- cação ABC. 46 - 47 Curva de Estoque e Estoque Médio (Xyz e Abc) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 1 2 3 4 5 6 7 8 Qtd itens Código do produto Custo unitário (R$) CMM Custo total unitário CMM Classificação % Classificação crescente Classificação ABC 1 A00001 93,00 3200 297.600,00 30,42 1 A 2 D00002 31,00 2500 77.500,00 7,92 4 A 79,37% 3 T00003 212,00 320 67.840,00 6,93 5 B 4 C00004 130,00 475 61.750,00 6,31 6 B 5 A00005 618,00 300 185.400,00 18,95 3 A 6 B00006 720,00 300 216.000,00 22,08 2 A 7 A00007 0,25 25000 6.250,00 0,64 10 C 8 E00008 0,60 6800 4.080,00 0,42 11 C 9 L00009 1,25 15000 18.750,00 1,92 8 C 10 B00010 6,30 3000 18.900,00 1,93 7 B 94,55% 11 C00011 5,40 600 3.240,00 0,33 12 C 12 N00012 1,10 1000 1.100,00 0,11 14 C 13 A00013 25,40 700 17.780,00 1,82 9 C 14 B00014 0,35 2000 700,00 0,07 15 C 15 N00015 3,50 400 1.400,00 0,14 12 C 100% Total 978.290,00 100,00 Quadro 2: Valores para calcular a classificação ABC dos itens em estoque Fonte: o autor Dados das colunas: 1- Quantidade de itens (SKUs) que estamos analisando; 2- Código do produto determina a origem do item; 3- Custo unitário do item; 4- CMM nos últimos 12 meses; 5- Multiplicar os valores da coluna 3 (Custo unitário em R$) pelos valores da coluna 4 (CMM); x 48 - 49 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II 6- Dividir cada valor da coluna 5 pelo valor total da coluna 5 multiplicado por 100, assim encontramos o valor representado em percentual; 7- Numerar o maior valor da coluna 6 em ordem crescente na coluna 7 (1, 2, 3, 4,...), e assim sucessivamente; 8- Realizar a soma, iniciando pelo maior valor da coluna 6 até o menor valor. Os itens que contemplarem a soma até chegar próximo do valor de corte, con- templarão a classificação ABC. Neste exemplo, a classificação 1, 2, 3 e 4 da coluna 7 contemplam a soma de 79,37%, que neste caso é o ponto de corte da classe A. Exemplo importante: se encontrarmos para A valores entre 79,37% e 86,30%, o mais próximo de 80% será o valor de 79,37%, então, este será o nosso ponto de corte. Neste nosso exemplo, teremos os números relacionados abaixo para a coluna valores: CLASSE % VALORES % ITENS A 79,37% B 15,18% C 5, 45% TOTAL 100% Quadro 3: Representação do valor em estoque em % Fonte: o autor Para calcular o percentual de representatividade dos itens na classificação ABC, pega-se o total de itens analisados, neste caso são 15 itens, utilizando a fórmula a seguir: A = = = Quantidade de itens A encontrados Total de itens 100 100 26,67% 4 15 B = = = Quantidade de itens A encontrados Total de itens 100 100 20% 3 15 C = = = Quantidade de itens A encontrados Total de itens 100 100 53,33% 8 15 48 - 49 Curva de Estoque e Estoque Médio (Xyz e Abc) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Assim, teremos nossa classificação da curva ABC da seguinte forma: CLASSE % VALORES % ITENS A 79,37% 26,67% B 15,18% 20,00% C 5, 45% 53,33% TOTAL 100% 100% Quadro 4: Representação dos itens em estoque em % Fonte: o autor Este mesmo cálculo pode ser feito com as planilhas em Excel, utilizando a aplicação das fórmulas, ou de forma automática através de um ERP, que são sis- temas Integrados de Gestão Empresarial, em inglês Enterprise Resource Planning (ERP), em outras palavras são sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. Em um ERP, as funções para o cálculo geralmente já existem. A classificação ABC é uma forma estatística de análise, levando a uma melhor assertividade nas tomadas de decisão. É inegável a utilidade da aplicação do princípio ABC aos mais variados tipos de análise onde busca-se priorizar o estabelecimento do que é mais ou menos importante num extenso universo de situações e, por conseqüência, estabelecer-se o que merece mais ou menos atenção por parte da administração, particularmente no que diz respeito às ativida- des de gestão de estoques (DIAS, 1995, p. 84). A organização precisa constantemente analisar seus estoques, processando e ana- lisando os dados da curva de estoque, mantendo-a sempre atualizada e correta. Vejamos o quadro a seguir, que serve de base para a reposição de cobertura de estoque. CLASSIFICAÇÃO ABC DIAS DE COBERTURA DO ESTOQUE A 7 dias B 15 dias C 30 dias Quadro 5: Período de reposição para cobertura do estoque Fonte: o autor 50 - 51 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II Outro ponto importante a ser ressaltado é a questão da incidência, ou seja, no período de 12 meses, quantas vezes o item teve saída. É através da incidência que podemos desenvolver ferramentas logísticas que possibilitem redução do estoque sem comprometer o atendimento do cliente. Com base na classificação ABC, explicaremos a classificação XYZ. Classificação XYZ: Da mesma forma que a classificação ABC, também pode- mos segmentar os itens em estoque segundo o critério de criticidade, agregando mais informações para as rotinas de planejamento, reposição e gerenciamento. Este processo que envolverá um trabalhoso julgamento técnico, considerando a seguinte classificação: ■ Classe Z (Vital): Item cuja falta acarreta consequências críticas, tais como interrupção dos processos da empresa, podendo comprometer a integri- dade de equipamentos e/ou segurança operacional. ■ Classe Y (Intercambiável): Características similares à classe Z, no entanto, apresenta razoável possibilidade de intercambiabilidade com outros itens disponíveis em estoque, caso seja necessário. ■ Classe X (Ordinário): Item de baixa criticidade, cuja falta naturalmente compromete o atendimento de um usuário interno (serviço ou produção) ou externo (clientes finais), mas não implica em maiores consequências. Veja que as duas formas visam analisar os pontos críticos minimizando proble- mas de processos ou decisões. Com o uso destas análises, teremos um resultado eficaz e eficiente na gestão de nossos estoques. É preciso enfatizar que as orga- nizações no Brasil se utilizam, em maior parte, da Curva ABC para a tomada de decisão, pois é possível estatisticamente saber quanto se precisa deinsumos para a produção de determinado produto. 50 - 51 Tempo de Reposição (Lead Time) Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . TEMPO DE REPOSIÇÃO (LEAD TIME) Podemos explicar lead time ou tempo de reposição como o período entre o início de uma atividade até o seu término. Segundo Lambert et al. (1998), é o tempo entre a entrada de materiais para a produção até a saída para distribuição. Temos que dar a devida importância ao lead time, pois o mesmo está asso- ciado a todas as atividades e diretamente ligado aos custos de operação. Accioly (2008, p. 83) afirma que “do ponto de vista prático, o tempo de reposição é o tempo total transcorrido desde a identificação da necessidade de reposição do estoque até a colocação do material em disponibilidade para a área cliente”. O autor ainda enfatiza que há duas situações a serem analisadas, consti- tuindo diferentes etapas do tempo de reposição dos itens a serem comprados e dos itens fabricados. Vejamos o que Accioly (2008) nos demonstra: ■ Itens comprados: ■ processamento do pedido de compras; ■ prazo de entrega do fornecedor; ■ tempo de trânsito; ■ desembaraço aduaneiro; ■ recebimento e conferência; ■ inspeção de qualidade e quarentena; ■ itens fabricados: ■ tempo de reposição do item - é o tempo de entrega do material, assu- mindo que todos os materiais e componentes estejam disponíveis. Esse prazo é usado para calcular a data de emissão das ordens de produ- ção do item e considera o tempo total de produção de um lote inteiro do material; ■ tempo total de reposição, ou tempo de reposição acumulado - é o tempo de reposição acumulado de todos os materiais e componentes de um produto, desde o nível mais baixo da estrutura; 52 - 53 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II ■ inspeção de qualidade e quarentena - no caso dos itens comprados, é preciso aguardar a inspeção de qualidade, e no caso dos produtos far- macêuticos e cirúrgicos, é obrigatória a quarentena. Ainda podemos contemplar a definição de Lead Time Total, que é o tempo que se leva para que uma operação seja totalmente executada, da entrada de matéria- -prima para iniciar o processo até a entrega ao consumidor do produto acabado. Para uma melhor compreensão do tempo de reposição (lead time), vejamos os tipos existentes, de acordo com Lambert et al. (1998): ■ Engineer-to-Order: quando as necessidades ou especificações do cliente necessitarem de uma personalização ou customização importante. Isso ocorre quando o cliente é extremamente ligado ao projeto do produto/ serviço. Os estoques de materiais só ocorrem no momento em que a pro- dução necessitar deles, por consequência, o lead time é longo, pois abrange tanto o de compra como o de projeto. ■ Make-to-Order:o fabricante só começa a produzir quando a encomenda do cliente for recebida. A fabricação utiliza itens padronizados ou com- ponentes sob medida. O lead time é curto, pois não se gasta tempo com projeto e o estoque é visto como matéria-prima. ■ Assemble-to-Order: o produto é feito com itens padronizados e o fabri- cante pode estocar para utilizar de acordo com os pedidos dos clientes. O lead time é mais reduzido, pois não há tempo de projeto e os estoques estão prontos para a fabricação. O cliente se limita a selecionar apenas os componentes necessários. ■ Make-to-Stock: o fornecedor produz os bens e os vende com base em um estoque de produtos acabados. O lead time é o menor de todos e o cliente possui o mínimo envolvimento no projeto. Com relação à produção, é possível afirmar que o lead time está diretamente ligado aos seus processos. Na produção, nos deparamos com situações de fabri- cação onde ocorrem atrasos inesperados ou até mesmo períodos de inatividade. Nos processos produtivos, qualquer falha, atrasos, máquinas paradas, acar- reta impactos negativos para a organização. É preciso levar em consideração que qualquer falha ou atraso não é bem aceito pelos gestores da organização e 52 - 53 Estoque de Segurança e Cobertura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . muito menos pelos clientes, que querem sua encomenda com qualidade e no prazo estipulado. O desempenho do lead time pode afetar o resultado estratégico da em- presa. Regra geral, as empresas que reduzem o lead time e controlam ou eliminam variâncias inesperadas na produção têm mais flexibilidade para satisfazer as necessidades dos clientes e ao mesmo tempo conse- guem reduzir os custos (BOWERSOX et al., 2006, p. 92). Quando voltamos nossos olhos aos fornecedores, é possível verificar outro pro- blema com relação a tempo. Um atraso logístico por parte de um fornecedor acarreta falhas e atrasos em todo o processo produtivo da organização. Controlar o lead time entre a organização e o fornecedor é algo importante, para não dizer estratégico, pois permite à organização controlar e analisar a aqui- sição dos materiais, a produção e a entrega ao cliente final. A maneira mais eficiente de conseguir controlar o lead time entre a empresa e o fornecedor é permitir um correto e aberto fluxo de infor- mações. Partilhar previsões e informações cruciais é uma das formas de conseguir satisfazer esse requisito (LOCKE, 1996, p. 197). No quesito transporte e comunicação, é possível aplicar muitas melhorias que reduzem, em muito, o lead time. Leenders et al. (2006) enfatizam que nem sem- pre é possível reduzir o lead time e que pode haver falhas, pois englobam muitos processos e terceiros que não fazem parte da organização. ESTOQUE DE SEGURANÇA E COBERTURA Através do que foi analisado até aqui, fica clara a necessidade de manter estoques que possam nos dar segurança em relação a situações que mudam constante- mente no ambiente interno e externo. Accioly (2008) afirma que é comum definir estoque de segurança no con- texto de cobertura (CO) que ele oferece, ou seja, enquanto o estoque é maior que a demanda média, através da seguinte fórmula: 54 - 55 CONCEITOS BÁSICOS EM GESTÃO DE ESTOQUES Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II CO = ES D ■ CO (Cobertura) ■ ES (Estoque de Segurança) ■ D (Demanda Média) Lembrando que o cálculo da cobertura é feito com base no Estoque Médio (ME). Accioly (2008) apresenta um exemplo bem simples para a compreensão do cál- culo, vejamos: ■ Se tivermos uma Demanda Média Mensal (D) de 1.000 unidades e um Estoque de Segurança (ES) de 2.000 unidades, poderemos dizer que a cobertura será de: CO = = 2.000 1.000 2 semanas de estoque É fato que quanto maior a cobertura, maior será o estoque e a segurança. O que é preciso analisar e encontrar é o nível de proteção ideal ou esperado e mensu- rar que não serão aumentados os custos para a empresa. Como o estoque de segurança é integralmente adicionado ao estoque médio, ele é também integralmente adicionado ao custo de manu- tenção dos estoques, também chamado de custo de oportunidade, e, portanto, tem um peso desproporcionalmente maior que o restante do estoque, do ponto de vista financeiro (ACCIOLY, 2008, p. 85). É muito importante acharmos o estoque de segurança ideal para os processos de produção da empresa. No quadro 6, veremos dois produtos diferentes com seus respectivos dados de estoques. Nos dois produtos, ao calcular a Demanda Média, percebe-se uma simila- ridade de números: ■ 990 unidades por semana para o Produto 1. ■ 981 unidades por semana para o Produto 2. 54 - 55 Estoque de Segurança e Cobertura Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Como visto no exemplo inicial, seria uma escolha óbvia optar por uma cober- tura de duas semanas,
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