112 pág.

Pré-visualização | Página 5 de 34
de competências pode ser dividida em horizontal e vertical. Na repartição horizontal, que a Constituição adota como regra geral, as competências são distribuídas de forma que não haja subordinação ou ingerência de um ente em relação a outro. Os municípios podem legislar sobre os horários de funcionamento do comércio local sem obedecer a nenhuma disposição da União, fora o horário de funcionamento dos bancos, que é estabelecido pela União. Já a repartição vertical se configura pela outorgada de uma competência a diversas entidades, com prevalência de um deles sobre os demais. Neste caso, um ente estabelece as normas gerais e os demais entes as específicas, dentro dos limites estabelecidos nas normas gerais. Partindo do princípio da predominância do interesse, a Constituição Federal adotou a seguinte técnica para partilhar as competências entre os diferentes entes federados: ��� Enumerou taxativamente a competência da União – a denominada competência enumerada expressa (arts. 21 e 22, principalmente); ��� Enumerou taxativamente a competência dos Municípios – a denominada competência enumerada expressa (art. 30, principalmente); ��� Outorgou ao Distrito Federal, em regra, as competências dos Estados e dos Municípios (art. 32, § 1º); ��� Não enumerou expressamente as competências dos Estados-membros, reservando a estes as competências que não lhe forem vedadas na Constituição – a denominada competência remanescente, não- enumerada ou residual (art. 25, § 1º); CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB E AFT PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Prof. Rafael Encinas www.pontodosconcursos.com.br 14 ��� Criou uma competência administrativa comum a todos os entes federados – a chamada competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em que todos os entes federados poderão atuar paralelamente, em situação de igualdade, sobre as mesmas matérias (art. 23); ��� Criou uma hipótese de concorrência legislativa vertical entre a União, os Estados e o Distrito Federal – a chamada competência legislativa concorrente (art. 24 da CF/88). Podemos falar em competências administrativas e legislativas. As competências administrativas especificam o campo de atuação político- administrativa do ente federado. São competências para a atuação concreta. Por exemplo, a União tem competência para emissão de moeda, os estados para exploração do gás canalizado e os municípios para a manutenção do ensino pré-escolar e fundamental. As competências legislativas outorgam ao ente o poder para legislar, regular, para estabelecer normas sobre a matéria. Se outorgada a competência legislativa à União para o trato de determinada matéria, outros entes poderão atuar no âmbito dessa matéria, mas somente a União poderá legislar. Vimos que as competências comuns são aquelas que podem ser executadas pelos três níveis da federação, enquanto as concorrentes referem-se à definição de normas gerais pela União e específicas pelos Estados. Porém, em administração pública e finanças públicas, há certa confusão entre elas. Segundo Marta Arretche: Os constituintes de 1988 optaram pelo formato das competências concorrentes para a maior parte das políticas sociais brasileiras. Na verdade, as propostas para combinar descentralização fiscal com descentralização de competências foram estrategicamente derrotadas na ANC 1987-1988. Assim, qualquer ente federativo estava constitucionalmente autorizado a implementar programas nas áreas de saúde, educação, assistência social, habitação e saneamento. Simetricamente, nenhum ente federativo estava constitucionalmente obrigado a implementar programas nessas áreas. Decorre desse fato a avaliação de que a Constituição de 1988 descentralizou receita, mas não encargos. Estou chamando a atenção para a expressão “competência concorrente” porque há certa confusão nesse aspecto. As políticas sociais foram colocadas no art. 23 da CF88, no rol das competências comuns entre os três entes. Porém, a maioria dos autores se refere a elas como competências CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB E AFT PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Prof. Rafael Encinas www.pontodosconcursos.com.br 15 concorrentes, e isso está certo, pois é assim que é dito em finanças públicas. Vamos ver uma questão da ESAF: 2. (ESAF/EPPGG/2009) Competência concorrente é aquela exercida simultaneamente pela União, Estados e Municípios. A competência concorrente é somente da União, dos estados e do Distrito Federal. Municípios não possuem competência concorrente, como dispõe a própria CF88: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: Assim, essa questão estaria errada. Entretanto, é uma questão de economia, e não de direito constitucional, por isso ela esta certa, já que em economia competência concorrente é aquela dividida pelos três níveis da federação. Ao privilegiar o modelo de competências comuns para as políticas sociais, a Constituição autoriza, mas não obriga, que os entes federativos implementem programas em áreas como a da saúde, educação, habitação, assistência social, etc. Decorre disso a avaliação de que foi realizada a descentralização fiscal, provendo os municípios com uma quantidade maior de receitas, sem a correspondente descentralização de encargos. 1.2 PRESIDENCIALISMO NO BRASIL Não podemos confundir “formas de governo” com “sistemas de governo”. As formas são a monarquia e a república, enquanto os sistemas são o presidencialismo e o parlamentarismo. A análise dos sistemas de governo busca olhar para as relações entre o poder executivo e o poder legislativo. São dois os sistemas de governo: o presidencialismo e o parlamentarismo. O parlamentarismo foi produto de uma longa evolução histórica. Suas características foram se definindo paulatinamente, durante muitos séculos, até que se chegasse, no final do século XIX, à forma precisa e bem sistematizada que a doutrina batizou de parlamentarismo, mas que recebe o nome também de governo de gabinete. Segundo Dallari, as principais características do parlamentarismo são: CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ AFRFB E AFT PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS Prof. Rafael Encinas www.pontodosconcursos.com.br 16 � Distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo: o chefe de Estado, monarca ou Presidente da República, não participa das decisões políticas, exercendo preponderantemente uma função de representação do Estado. O chefe de governo, por sua vez, é a figura política central do parlamentarismo, pois é ele que exerce o poder executivo. � Chefia do governo com responsabilidade política: o chefe de governo é apontado pelo chefe de Estado e se torna Primeiro Ministro depois da aprovação do parlamento. Ele não tem mandato com prazo determinado, podendo permanecer no cargo por alguns dias ou por muitos anos. Há dois fatores que podem determinar a demissão do Primeiro Ministro: a perda da maioria parlamentar ou o voto de desconfiança. Se um parlamentar desaprova a política desenvolvida pelo Primeiro Ministro, propõe um voto de desconfiança. Se este for aprovado pela maioria parlamentar, isso revela que o chefe de governo está contrariando a vontade da maioria do povo, de quem os parlamentares são representantes. � Possibilidade de Dissolução do Parlamento: isso pode ocorrer quando o Primeiro Ministro percebe que só conta com uma pequena maioria e acredita que a realização de eleições gerais irá resultar em uma ampliação dessa maioria. Ou então quando ele recebe um voto de desconfiança, mas acredita que é o Parlamento que está em desacordo com a vontade popular. O Presidencialismo, assim como o parlamentarismo, não foi produto de uma criação teórica. Contudo, o presidencialismo não resultou de um