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Psicoterapia breve – focal: Histórico, Conceituação, e Esquema básico F E R N A N D A A Z E V E D O D E S O U Z A FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA: ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO Autores ingleses: brief psychotherapy Autores americanos: short-term psychotherapy Origem na Psicanálise: Ferenczi e Rank (1924) intuito de diminuir o tempo de tratamento Contribuições para o desenvolvimento da PBF: 1. S. Ferenczi (Técnica Ativa); 2. F. Alexander (Experiência Emocional Corretiva); 3. D. Malan (Foco e Triângulos de Interpretação); 4. P. Sifneos (Psicoterapia como experiência de aprendizado) 5. L. McCullough (Integração de diferentes táticas terapêuticas). (LEMGRUBER, 2008) Histórico da Psicoterapia Breve - Focal Grande impulso nos estudos após a Segunda Guerra Mundial. Brasil: anos 70, aumento do interesse por atendimentos comunitários e institucionais (SAMPAIO; HOLANDA, 2012) TEORIA DA CRISE: base da PBF Conceito de crise: “Estado de perturbação que ocorre quando o indivíduo é exposto a um problema insuperável pelos seus modos habituais de solução de problemas” (CAPLAN, apud HOLANDA, 2007) Crises acidentais x crises evolutivas Histórico da Psicoterapia Breve - Focal Teoria da Crise Pessoal e singular Situação nova Suspensão da vida, paralização Aceitar o vivido: inevitabilidade Oportunidade de mudanças Capacidade de adaptação Sujeito constrói sua resposta Apoio para atravessar o momento de crise • Outras denominações • Terapia Planificada • Psicoterapia não Regressiva • Psicoterapia Intensiva • Técnica Ativa • Características : • Limitação dos objetivos • Manutenção do foco • Alta atividade do terapeuta • Ênfase na intervenção imediata Psicoterapia Breve -Focal EFEITO CARAMBOLA TÉCNICA ATIVA ALIANÇA TERAPÊUTICA ORIENTAÇÃO PSICODINÂMICA OBJETIVOS DEFINIDOS SITUAÇÃO PROBLEMA: FOCO EXPERIÊNCIA EMOCIONAL CORRETIVA Psicoterapia Breve – Focal: Conceito (LEMGRUBER, 2008) Psicoterapia Breve – Focal: Conceito TRIPÉ DA PBF ATIVIDADE PLANEJAMENTO FOCALIZAÇÃO ATIVIDADE Postura ativa e participativa: TERAPEUTA E DO PACIENTE: Avaliar as condições internas do paciente, através de uma Avaliação psicodinâmica*; Identificar o foco a ser trabalhado; Estabelecer contrato terapêutico onde se discute este foco; Planejar estratégias a serem utilizadas no decorrer do atendimento; Estabelecer metas e objetivos a serem alcançados juntamente com o paciente; Criar condições para propiciar ao paciente E.E.C; Usar a técnica focal tendo atenção seletiva, interpretação seletiva e negligencia seletiva; Utilizar recursos alternativos para atingir a resolução do foco; Valorizar a realidade atual do paciente. AVALIAÇÃO PSICODINÂMICA Identificação dos sintomas Fatores desencadeantes Aspectos da personalidade Compreensão da psicodinâmica do paciente e seus mecanismos de defesa preferenciais Conflito psíquico atual Visão das etapas evolutivas, de sucesso e fracasso nos períodos críticos Aspectos sadios e vulneráveis PLANEJAMENTO Indicação: do que precisa o paciente? Enquadramento: regras gerais que norteiam todo o processo. Limitar o número de sessões ou de semanas a serem realizadas, sendo considerados o limite de tempo, a frequência das sessões, previsão de paralisações e retornos periódicos de reavaliação. O planejamento é passível de modificação, na medida em que apareçam outras necessidades ao longo da terapia. Devolutiva: tem como objetivo o engajamento do paciente no objetivo do tratamento e o estabelecimento de uma sólida aliança de trabalho com seu terapeuta. É feito após o planejamento onde se estabelece o contrato terapêutico em cima do foco. Situação-problema Pontos de urgência Foco Hipótese psicodinâmica inicial (em PB processo) Estratégias PLANEJAMENTO FOCALIZAÇÃO Focalização: delimitação do foco, contribui para tornar mais efetiva a atividade terapêutica Observação: “Numa terapia focal, quanto mais precoce e mais claramente demarcável for o foco, melhor será o prognóstico do tratamento, pois permitirá um trabalho mais efetivo” Técnicas para delimitar o foco: atenção seletiva, busca-se relacionar todos os aspectos que o paciente traz ao foco delimitado; interpretação seletiva, onde interpreta-se somente o que está relacionado ao problema foco; negligência seletiva, o terapeuta ignora qualquer aspecto levantado pelo sujeito que não esteja relacionado ao foco, por mais interessante que seja. 1. Aliança terapêutica; 2. Avaliação psicodinâmica; 3. Planejamento (situação-problema, pontos de urgência, foco); 4. Entrevista devolutiva; 5. Contrato terapêutico; 6. Intervenção propriamente dita. (HOLANDA, 2012) A técnica da Psicoterapia Breve - Focal Esquema da Psicoterapia Breve – Focal (HOLANDA, 2012) Queixa circunscrita: foco ativo; Bom nível de funcionamento egóico; Alto nível de motivação para a mudança; Capacidade de estabelecer vínculo e aliança terapêutica; Capacidade para insight. Funcionamento egóico prejudicado; Falta de motivação, capacidade de visão psicológica, controle dos impulsos agressivos; Dificuldades graves de funcionamento na vida diária; Transtornos orgânicos, dependências químicas, transtornos psicóticos. Retardo mental. INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES Indicações e contraindicações da PBF (Lemgruber, 2008) Qual a importância da PBF? • Capacidade de atender a crescente demanda por atendimento psicológico; • Amplo alcance de situações; • Pode ser adaptada aos mais diversos contextos: ambulatórios, consultórios, escolas, hospitais, comunidade, etc; • Técnica relevante diante do contexto da saúde no cenário brasileiro. “ Ressaltando apenas o critério temporal da menor duração do tratamento psicanalítico clássico, o termo PB é inadequado para designar uma técnica terapêutica, por deixar de lado aspectos essenciais que conferem especificidade e originalidade à técnica”. (LEMGRUBER, 2008, p. 173) “... há que se admitir que não é a mais adequada: em princípio porque essas terapias são breves do ponto de vista do terapeuta, e quando sua duração é comparada com a do tratamento psicanalítico, em geral mais prolongado, mas podem não parecer breves por exemplo para o paciente”. (BRAIER, 1997, p. 4) Levará o tempo que precisar o sujeito! Será que o termo psicoterapia breve é adequado? Caso clínico D A N I E L * , 2 1 A N O S . F I L H O Ú N I C O . P A I S S E P A R A D O S D E S D E O S S E U S 2 A N O S . M Ã E Ú N I C A C U I D A D O R A . P A C I E N T E N A S C E U C O M M I C R O C E F A L I A E H I P Ó X I A N E O N A T A L . A P R E S E N T O U A T R A S O D O D E S E N V O L V I M E N T O D E S D E E N T Ã O . D E P E N D E N T E D E C U I D A D O S . P O U C O C O N T A C T U A N T E E I N T E R A T I V O . A P Ó S I N F E C Ç Ã O R E S P I R A T Ó R I A , F I C O U D E P E N D E N T E D E V E N T I L A Ç Ã O M E C Â N I C A , A L I M E N T A Ç Ã O P O R G A S T R O S T O M I A . F I C O U D O I S A N O S I N T E R N A D O S E M C O N S E G U I R R E T O R N A R P A R A C A S A , S E N D O I N C L U Í D O N O P R O G R A M A D E A T E N D I M E N T O D O M I C I L I A R . * N O M E F I C T Í C I O Caso clínico C O N S E G U I U F I C A R P O U C O S P E R Í O D O S E M D O M I C Í L I O P O R R E C O R R E N T E S I N T E R N A Ç Õ E S P O R I N F E C Ç Õ E S . E S T Á I N T E R N A D O H Á U M A N O S E M P E R S P E C T I V A D E A L T A . P A C I E N T E C O M C R I T É R I O S D E C U I D A D O S P A L I A T I V O S D E S D E S E U N A S C I M E N T O P O R C O N D I Ç Ã O A M E A Ç A D O R A D A C O N T I N U I D A D E D E S U A V I D A , A P R E S E N T A P I O R A S I G N I F I C A T I V A D E V I D O N Ã O R E S P O N D E R M A I S ÀS T E R A P Ê U T I C A S . M Ã E C O M V I N C U L A Ç Ã O S I M B I Ó T I C A , D I F I C U L D A D E D E E N F R E N T A M E N T O , D E A D M I T I R P E R D A . V Í N C U L O S F A M I L I A R E S E S O C I A I S F R Á G E I S . F I L H O Ú N I C A F O N T E D E S E N T I D O E M S U A V I D A . Caso clínico ENQUADRAMENTO : P S I C O T E R A P I A B R E V E - F O C A L S ITUAÇÃO PROBLEMA : D I F I C U L D A D E D E E N F R E N T A M E N T O D A M Ã E F R E N T E À P O S S I B I L I D A D E D E M O R T E D O F I L H O . FOCO : D O E N Ç A ( P I O R A D O Q U A D R O C L Í N I C O D O P A C I E N T E ) PONTOS DE URGÊNCIA : A A M E A Ç A D A M O R T E , S E N T I M E N T O D E S O L I D Ã O , R E L A Ç Ã O C O M A E Q U I P E , I N T E R N A Ç Ã O P R O L O N G A D A . ESTRATÉGIAS UTIL IZADAS : E S T A B E L E C E R A L I A N Ç A T E R A P Ê U T I C A , P R O M O V E R E S C U T A T E R A P Ê U T I C A , M O B I L I Z A R E S T R A T É G I A S D E E N F R E N T A M E N T O D A M Ã E , P R O M O V E R A A P R O X I M A Ç Ã O D O S F A M I L I A R E S , P R O P O R C I O N A R R E F L E X Ã O A C E R C A D A R E L A Ç Ã O S I M B I Ó T I C A C O M O F I L H O . Caso clínico I NTERVENÇÕES UT I L I ZADAS : E S C U T A A T I V A , P R O M O Ç Ã O D A L I V R E E X P R E S S Ã O V E R B A L , P R O P I C I A R I N F O R M A Ç Õ E S S O B R E Q U A D R O C L Í N I C O D O F I L H O J U N T O C O M A E Q U I P E A S S I S T E N T E , V A L I D A R E M O Ç Õ E S , E N C O R A J A M E N T O D E S U A S P O T E N C I A L I D A D E S , S O L I C I T A R I N T E R C O N S U L T A C O M P S I Q U I A T R I A , R E A S S E G U R A M E N T O D E S E M P R E I N C L U I R A M Ã E N A S D E C I S Õ E S Q U E A E Q U I P E T O M A R . RESOLUT IV IDADE : M Ã E D O P A C I E N T E C O N S E G U I U E N T R A R E M C O N T A T O C O M S E U S S E N T I M E N T O S E P E N S A R S U A V I D A S E M S E U F I L H O ; I N I C I O U U M R E L A C I O N A M E N T O A F E T I V O D U R A N T E I N T E R N A Ç Ã O ; F O R T A L E C I M E N T O D A C O N F I A N Ç A N A E Q U I P E ; A P Ó S A M O R T E D O F I L H O , P E N S A E M E X E R C E R F U N Ç Ã O D E C U I D A D O R A D E P A C I E N T E S ( A C A B O U D E F A Z E R U M C U R S O D E F O R M A Ç Ã O ) ; P E N S A E M V O L T A R A E S T U D A R . Referências Bibliográficas BRAIER, E. A. Psicoterapia breve de orientação psicanalítica. São Paulo: Ed. Martins, 1997. HOLANDA, T. C. M. Um modelo de intervenção em psicologia hospitalar: a psicoterapia breve de apoio. In: LAGE, A. M. V.; MONTEIRO, K. C. C. Psicologia hospitalar: teoria e prática em hospital universitário. Fortaleza: Edições UFC, 2007. p. 53-78. LEMGRUBER, V. B. Terapia focal: psicoterapia breve psicodinâmica. In: CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 167-187. SAMPAIO, P. P.; HOLANDA, T. C. M. Psicoterapia breve-focal: teoria, técnicas e casos clínicos. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2012.
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