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1- A Promessa e as tarefas das ciências Sociais

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Sociologia Geral
A Promessa e as tarefas das ciências Sociais 
1.1 Condições históricas do nascimento das Ciências Sociais
	A análise científica da vida social data do século XVIII e deve ser considerada como o produto intelectual mais importante das transformações econômicas, políticas, sociais e culturais em curso desde o Renascimento e que se cristalizaram no Ocidente com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, marcos do surgimento do mundo moderno, isto é, da consolidação da ordem social capitalista.
1.1.1 A Revolução Industrial
	A invenção da máquina a vapor na Inglaterra de 1750 significou o início de uma revolução nas técnicas de produção, o que possibilitou a mecanização do processo de trabalho em muitos ramos da atividade econômica, já na primeira metade do século XIX, tendo significado também uma revolução na organização da produção que, a partir de então, passou a ser realizada no interior de empresas com caráter permanente e racional.
	Ao propiciar o aumento da produtividade do trabalho, a redução dos custos de produção e, como decorrência, o barateamento das mercadorias, a Revolução Industrial permitiu que se vislumbrasse o nascimento de uma sociedade de abundância e mais justa, graças às possibilidades econômicas de uma distribuição mais igualitária da renda. 
	Rapidamente irradiada para o continente, a Revolução Industrial, ao contrário de todas as expectativas, gerou problemas sociais de extrema gravidade que se alastraram, também rapidamente, por toda a Europa. 
	Em primeiro lugar, provocou o êxodo rural de enormes contingentes de trabalhadores entusiasmados com as perspectivas de melhoria de suas condições de vida. A consequência inevitável, porém, foi o desenvolvimento acelerado da urbanização não planejada, em que o resultado se expressou nas péssimas condições habitacionais dos trabalhadores, na imundície das cidades industrializadas, na falta de fornecimento de água e nas epidemias de cólera e de tifo que se espalharam por todo o continente, dizimando milhares de pessoas.
	A Revolução Industrial não foi, portanto, apenas uma revolução econômica, que se tornou um marco na história da humanidade ao abrir as portas do crescimento e desenvolvimento econômicos por suas inovações tecnológicas e organizacionais. Foi, também, responsável pelo aparecimento de novos e contundentes problemas humanos e sociais, além de ter dado início ao fim do antigo regime, com a entrada definitiva de novos personagens no cenário social: o empresário capitalista e o trabalhador proletário, que passaram a constituir as duas grandes classes sociais da moderna sociedade capitalista nascente, permanentemente em conflito de interesses por ocuparem posições diferentes no processo de produção da riqueza. O capitalista é o proprietário dos meios de produção, isto é, do capital e da riqueza que gera mais riqueza – terra, tecnologia e trabalho concentrados na empresa por ele administrada –, e o proletário é proprietário apenas da força de trabalho, isto é, do capacidade para trabalhar, produzir e reproduzir em escala ampliada o capital, obrigando-se a vender a sua única propriedade no mercado de trabalho em troca de um salário com o qual deverá se sustentar. 
	Por essa razão, a Revolução Industrial não pode ser lembrada apenas como revolução econômica, devendo ser considerada uma verdadeira revolução da estrutura social que precipitou as transformações políticas, jurídicas e ideológicas consumadas pela Revolução Francesa.
1.1.2 A Revolução Francesa
	A Revolução Francesa de 1789 foi o acontecimento de maior repercussão no Ocidente por ter destruído definitivamente o antigo regime absolutista e a supremacia de uma aristocracia decadente e por ter criado as condições necessárias e suficientes para o surgimento do Estado Moderno e a consolidação do regime capitalista de produção. 
Foi uma revolução conduzida pela burguesia enriquecida, inconformada com os consideráveis privilégios e honrarias sociais concedidos aos nobres e ao clero, e sequiosa de poder para, sobretudo, pôr fim aos altos impostos e às rígidas regulamentações da política mercantilista vigente que restringiam sua liberdade econômica. A burguesia pôde contar com o apoio imediato dos camponeses exasperados com o pagamento de um conjunto de obrigações existentes desde a época feudal que lhes limitavam sobremaneira os ganhos.
1.1.3 O Racionalismo
	O Racionalismo tem origem na chamada revolução copernicana do século XVI que, além de Copérnico (1473-1543), é obra também de Kepler (1571-1630) e Galileu (1564-1642). Esses estudiosos desenvolveram ideias, investigações e estudos sobre o universo, resultando nas primeiras e mais contundentes contestações à autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana como fonte única do conhecimento oficialmente aceito, até então considerado sagrado, absoluto e incontestável. Eles fizeram nascer a convicção de que os homens, dotados de razão e de sentidos pela graça de Deus, são capazes de desvendar os mistérios de Sua criação e explicá-los corretamente.
 1.2 As Ciências Sociais
	Não há fronteiras rígidas entre as Ciências Sociais, pois todas, como vimos, têm por objeto de estudo o comportamento social determinado pelo processo histórico universal. No entanto, cada uma delas focaliza um aspecto específico desse comportamento, analisando-o de uma perspectiva própria, em torno de conceitos particulares que definem a sua construção teórica. Mas todas as Ciências Sociais se beneficiam dos conhecimentos produzidos pelos autores de cada uma, num íntimo entrelaçamento que permite o enriquecimento e aprofundamento da compreensão da vida social. Embora se possa distinguir a especificidade da produção das Ciências Sociais, em cada uma delas se identifica a contribuição do trabalho das demais, pelo menos no que diz respeito à utilização dos principaisconceitos que indicam o seu campo de estudo particular e os problemas fundamentais de que se ocupam. 
	A Economia Política teve sua origem na Escola Clássica da Inglaterra, com a publicação das obras de Adam Smith, David Ricardo (1772-1823, autor de Princípios de Economia Política) e Thomas Malthus (1766-1834, autor de Ensaio sobre a população). Ela estuda as ações sociais voltadas à produção, à circulação, à distribuição e ao consumo de bens e serviços em seu contexto institucional nacional e internacional.
	A Ciência Política analisa as instituições políticas que regulamentam a distribuição do poder, as diferentes formas de governo, a administração do Estado, a luta pelo poder, o comportamento político em suas diferentes manifestações – político-partidário e eleitoral –, as atitudes populares diante das questões políticas, a participação em movimentos sociais, enfim, o processo político em geral, inclusive no seio das organizações e empresas. 
	A História é a ciência que estuda o processo de produção da vida (isto é, das condições materiais de existência e da consciência, expressa no c onjunto de crenças, valores, padrões de comportamento), na expectativa de a preendê-lo em suas diferentes manifestações e especificidades ao longo do tempo. Detém-se sobretudo na análise daqueles acontecimentos que decisiv amente contribuíram para a sua transformação com o surgimento de novas instituições sociais. 
	A Psicologia Social investiga as relações recíprocas entre personalidade e estrutura social, demonstrando a influência do ambiente social na formação da personalidade e como, em contextos grupais, os processos sociais são por ela influenciados, como, por exemplo, na ação da multidão, tal como tumultos ou linchamentos, nos estudos de opinião pública, nos movimentos sociais, nas atitudes grupais em relação aos preconceitos de qualquer natureza etc., ou seja, como as reações coletivas alteram a conduta individual e interferem na vida social. 
	A Antropologia focaliza seus estudos na construção da cultura, ou seja, no mundo dos significados e dos valores sociais predominantes nas mais diferentes sociedades, inclusive nas sociedades ágrafas (sem grafia), analisando-as em todosos seus aspectos. Por isso, as fronteiras entre a Antropologia e a Sociologia são muito tênues. 
	A Sociologia, ciência que subsidia o curso Análise Social, investiga, analisa, explica e interpreta a estrutura social como um todo, levando em consideração todos os aspectos que a constituem – o econômico, o político, o cultural, o histórico, o psicológico – como também os demais fenômenos que interferem na configuração da vida social – como a demografia, a ocupação do espaço físico etc. É a ciência das relações sociais norteadas pelas instituições ou padrões de comportamento, que expressam valores, crenças, ideias, sentimentos compartilhados pelos membros de uma sociedade, e princípios sobre os quais se assenta a organização da vida social em todas as suas dimensões: econômica, política, social, cultural, determinando sua estrutura e assegurando-lhe uma ordem. Por isso, muitos autores se referem à Sociologia como a ciência que procura descobrir, descrever, explicar e compreender a ordem que caracteriza a vida social, ou seja, os padrões de comportamento que a caracterizam e que “permitem a corrente rotineira da vida social”, possibilitando, portanto, prever o seu curso e, ao mesmo tempo, indicar as manifestações de desordem, de conflito e de mudança, pois a realidade social é processo.

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