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Assistência de Enfermagem em Neonatologia
Assistência ao recém‐nascido na sala de parto
Sala de reanimação
O nascimento consiste na transição da vida fetal para a vida uterina. Durante este processo a criança deve receber cuidados em condições ideais para sua adaptação.
A recepção e a reanimação do recém‐nascido devem acontecer o mais próximo do local do nascimento, em geral dentro da própria sala de parto.
As maternidades possuem em cada sala obstétrica o local para recepção e reanimação do recém‐nascido, evitando assim, a separação mãe e filho.
Preparo da sala de reanimação
· A área de reanimação do recém‐nascido fica localizada dentro do centro cirúrgico sendo dessa forma obrigatório o uso de roupa privativa.
· A temperatura do local deve ser ajustada para evitar a perda de calor no recém‐nascido.
Deve conter:
· Rede de oxigênio, ar comprimido, vácuo de preferência central;
· Fonte de calor radiante: Berço aquecido deve ficar ligado para manter a temperatura;
· Material de reanimação;
· Relógio de parede;
· Balança para pesar o recém‐nascido;
· Incubadora de transporte.
	Procedimentos
	Materiais
	Recepção
	Luva de procedimento e campo esterilizado aquecido.
	Reanimação
	Luvas de procedimento e cirúrgica, sondas de aspiração n° 04, 06, 08 e 10 cateter umbilical para recém‐nascido termo e pré‐termo, dreno de tórax, fio cirúrgico, gaze estéril, agulhas, seringas 1,3,5,10 e 20ml, soro fisiológico, soro glicosado, água destilada, caixa de pequena cirurgia, lâmina de bisturi, estestocópio, campo fenestrado, solução antisséptica, equipo, material de entubação, medicamentos de reanimação, foco de luz.
Vitamina K.
	Identificação do
recém‐nascido
	Pulseiras de identificação, tinta para identificação plantar, gaze.
	Clampeamento do
coto umbilical
	Clamp para cordão umbilical, gaze estéril, álcool a 70%, luvas, tubos para coleta de
exames, seringa.
	Credê ocular
	Solução de nitrato de prata, gaze.
Unidade de calor radiante neonatal
Etapas da assistência ao recém‐nascido termo na sala de parto
Os objetivos da reanimação na sala de parto são:
· Promover boa expansão pulmonar, manter oxigenação tecidual adequada e assegurar débito cardíaco adequado.
1. Manutenção da temperatura
· Receber o recém‐nascido em campo estéril aquecido para evitar a perda de calor por evaporação;
· Atender o recém‐nascido sob fonte de calor radiante;
· A temperatura deve ser de 30 a 32 graus;
· Secar o corpo do recém‐nascido e retirar os campos úmidos.
Não pendurar a criança pelos pés, pois essa manobra pode levar a hemorragia intracraniana e luxação de quadril.
2. Desobstrução das vias aéreas superiores
· Transportar a criança em posição trendelemburg lateral para a sala de reanimação.
· O objetivo é facilitar a drenagem de secreções das vias aéreas.
· Manter o recém‐nascido em posição de trendelemburg com a cabeça virada para a lateral para evitar a entrada de sangue, mecônio, coágulos ou líquidos nas vias respiratórias.
· A aspiração deverá ser realizada caso a criança apresente dificuldade respiratória ou choro fraco.
· Aspirar inicialmente a boca e a seguir as narinas.
· Se a sonda for introduzida nas narinas primeiro poderá desencadear uma inspiração levando a aspiração do conteúdo da cavidade oral.
· Utilizar pressão do vácuo em 15 a 20 mmHg.
· Não aspirar por tempo maior que 10 a 15 segundos para evitar reflexo vagal (bradicardia e apneia).
· Aspiração da cavidade oral: Aspirar o canto da boca com movimentos delicados. Evitar tocar na faringe posterior, pois provoca náuseas.
· Aspiração das narinas: Introduzir a sonda desligada para não lesar a mucosa, tracionar lentamente aspirando de forma intermitente.
3. Apgar – Avaliação da vitalidade do recém‐nascido
· A anestesista Virginia Apgar em 1953 estabeleceu parâmetros que avaliam a vitalidade do recém‐nascido. O boletim de Apgar é aplicado no primeiro e no quinto minuto de vida.
· A nota final obtida na avaliação de apgar indica:
· 0 a 3: Asfixia grave
· 4 a 6: Asfixia moderada
· 7 a 10: Boa vitalidade, boa adaptação à vida uterina.
Boletim de Apgar
	Sinais
	0
	1
	2
	Frequência cardíaca
	Ausente
	Abaixo de 100 bpm
	Acima de 100 bpm
	Esforços respiratórios
	Ausente
	Choro fraco
	Respiração regular, choro forte.
	Tônus muscular
	Flácido
	Flexão das extremidades
	Movimentação ativa
	Irritabilidade reflexa
	Ausente
	Careta
	Choro, espirro
	Cor da pele
	Cianose ou palidez
	Corpo róseo
	Completamente róseo
4. Aspiração do conteúdo gástrico
· A aspiração do conteúdo gástrico tem por objetivo testar a permeabilidade nasal, diagnosticar a atresia de esôfago, além de esvaziar o conteúdo gástrico prevenindo vômitos posteriores.
· A aspiração do conteúdo gástrico não é utilizada como via de regra por ser um procedimento invasivo. Está indicada nos casos de mecônio, presença de sangue no líquido amniótico e em crianças com asfixia perinatal.
· É realizada através da sondagem gástrica via nasal ou via oral.
5. Identificação do recém‐nascido
· Colocar as pulseiras de identificação no pulso e tornozelo do recém‐nascido;
· A pulseira deve conter o nome da mãe (“RN de”), sexo do RN, número do quarto e do leito materno e hora e data de nascimento;
· Realizar o plantigrama (identificação da superfície plantar) na ficha neonatal;
· Utilizar tinta apropriada para evitar borrões, limpar a sujidade (vérnix, secreções);
· Retirar a tinta após.
6. Cuidados com o coto umbilical
· Clampear o cordão umbilical a 3 cm da parede abdominal, seccionando o cordão a 1 cm acima do clamp com tesoura ou lâmina de bisturi;
· Observar o número de vasos no cordão, duas artérias e uma veia;
· Proceder a limpeza do coto com álcool a 70%.
No momento do clampeamento do cordão umbilical colher sangue para tipagem sanguínea (grupo sanguíneo e Rh).
7. Credê ocular
· A utilização de nitrato de prata a 1% previne a oftalmia gonocóccica;
· Instilar uma gota do colírio nitrato de prata a 1% em ambos os olhos, retirar o excesso com gaze estéril e seca.
8. Apresentação do RN à mãe
· Colocar a criança em contato com a mãe (se possível);
· Entregar o bebê envolvido em campo aquecido, abrir o campo para que observe seu corpo inteiro;
· Estimular o aleitamento materno.
9. Administração de vitamina K
· Aplicar 1 mg de vitamina K, intramuscular no vasto lateral da coxa;
· A vitamina K previne a doença hemorrágica do recém‐nascido.
10. Transporte do RN ao alojamento conjunto
· Transportar o recém‐nascido com campo aquecido junto com a mãe para o alojamento conjunto;
· Os bebês aptos para o alojamento conjunto são aqueles que receberam nota acima de 6 no boletim de apgar.
Os bebês que receberam nota menor que 6 serão encaminhados a unidade neonatal. Na unidade neonatal de acordo com as condições serão atendidos no setor de cuidados intermediários (observação), UTI ou isolamento. As rotinas destes setores estão descritas na apostila de Cuidados intensivos em Pediatria e Neonatologia.
Cuidados imediatos ao recém‐nascido na sala de parto
1. Objetivo
Recepção do recém‐nascido;
Manutenção da temperatura;
Desobstrução das vias aéreas;
Boletim de apgar;
Identificação do recém‐nascido;
Clampeamento do cordão umbilical;
Credê ocular.
2. Materiais necessários
Luva de procedimento;
Campo esterilizado aquecido;
Sondas de aspiração n° 04, 06, 08 e 10;
Pulseiras de identificação;
Tinta para identificação plantar;
Gaze;
Clamp para cordão umbilical;
Lâmina de bisturi;
Álcool a 70%;
Solução de nitrato de prata a 1%.
Antropometria
A antropometria tem relação direta com a qualidade do crescimento fetal e compreende a verificação do peso, comprimento/estatura, os perímetros cefálico, torácico e abdominal. 
Ao nascer, a estatura média do recém-nascido varia de 48 a 50/53 cm; e o crescimento, nos três primeiros meses, de 3 a 4 cm por mês. O peso gira em torno de 2.700 a 3.800 g. Devido à perda excessiva de líquidos extracelulares, fezes e urina, o recém-nascido perde 10% do peso corporal até o 5º dia de vida, recuperando-o nas próximas duas semanas. Passa a ganhar 700g mês; aos cinco meses, o peso dobra;e aos doze meses, triplica.
O ideal é que a mensuração seja realizada na sua admissão, diariamente, e sempre que houver necessidade de nova avaliação, servindo de base para o controle da curva ponderal. O recém nascido com oferta nutricional adequada cresce de 20 g a 40 g por dia.
O perímetro cefálico (PC) é a medida da circunferência da cabeça, cujo valor varia entre 32 a
36 cm. O ideal é que seja realizada entre 6 e 12 horas de vida e após a acomodação dos ossosdo crânio, que ocorre de 48 a 72 horas após o nascimento. É realizada com o recém-nascido em decúbito dorsal; passa-se a fita métrica partindo da saliência do osso occipital e acima das sobrancelhas. Espera-se crescimento de 1cm por semana, conforme a comparação com as curvas de crescimento intrauterino.
O perímetro torácico (PT) é a medida da circunferência do tórax, sendo verificado também com
fita métrica, variando em torno de 33 cm, 2 cm menor ou igual ao PC. O recém-nascido deve estar posicionado em decúbito dorsal, sem roupa. Passa-se a fita ao redor do tórax na altura dos mamilos e realizar a leitura.
A medida da circunferência do abdome é chamada de perímetro abdominal (Pab), sendo verificada com fita métrica, o valor normal fica em torno de 35 cm, 2 cm menor que o PT. Posicionar o recém-nascido em decúbito dorsal, sem roupa. Medir passando-se a fita em torno do abdome e sobre o coto umbilical.
Assistência ao recém‐nascido no alojamento conjunto
Alojamento conjunto
O alojamento conjunto foi implementado nas maternidades com o objetivo de propiciar o aleitamento materno precoce, além de outros benefícios para mãe e filho.
Antes deste sistema os recém‐nascidos ficavam no berçário e em alguns períodos eram levados até a mãe para serem amamentados. Os horários de amamentação do berçário nem sempre coincidiam com o horário em que os bebês estavam acordados ou com fome, dessa forma muitas mães não conseguiam iniciar o aleitamento durante o período de hospitalização.
1. Definição
Consiste em um sistema hospitalar onde o recém‐nascido sadio, logo após o nascimento permanece ao lado da mãe 24 horas por dia, em um mesmo ambiente até a alta hospitalar.
O estatuto da Criança e do Adolescente (capítulo I, Art. 10°, inciso V) estabelece que:
"Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes; públicos e particulares são obrigados a
manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe”.
2. Vantagens do alojamento conjunto
· Estabelecer e fortalecer o vínculo mãe e filho;
· Estimular e favorecer o aleitamento materno por livre demanda (de acordo com as necessidades da criança);
· Diminuir o risco de infecção hospitalar;
· Promover a oportunidade da mãe conhecer e observar seu filho. A mãe aprende a lidar e a cuidar da criança.
· Favorecer a orientação da mãe através do contato direto com a enfermagem e a equipe médica.
· Recuperação mais rápida da mãe e com menor complicação.
3. Estrutura do alojamento conjunto
· Recursos humanos
O alojamento conjunto deve contar com um enfermeiro para 30 binômios e 01 auxiliar ou técnico de enfermagem para 8 binômios.
Um médico pediatra para 20 crianças e um obstetra para 20 mães.
Deve possuir também assistente social, psicólogo, nutricionista, fonoaudiólogo.
· Planta física
As enfermarias devem ter no máximo 6 binômios, com 5 m² para cada um (leito/berço). A distância mínima entre um berço e outro deve ser de 2 metros.
Em cada conjunto deve haver uma cama, mesa de cabeceira, berço e cadeira para amamentação.
Cada enfermaria deve possuir 1 lavatório e um recipiente com tampa para recolhimento de roupa usada.
As crianças aptas para o alojamento conjunto devem ter:
· Controle térmico e boa sucção.
· Peso maior que 2 kilos.
· Idade gestacional maior que 35 semanas.
· APGAR maior que 6 no quinto minuto.
4. Ações de enfermagem no alojamento conjunto
· Prestar assistência de enfermagem ao binômio mãe/filho;
· Avaliar se o recém‐nascido apresenta as condições necessárias para permanecer em alojamento conjunto;
· Orientar e treinar a mãe no cuidado do recém‐nascido;
· Sanar dúvidas relativas aos cuidados com a criança;
· Orientar e promover o aleitamento materno com livre demanda;
· Não oferecer ao recém‐nascido outro alimento ou dar bicos ou chupetas as crianças amamentadas ao seio materno;
· Proibir as mães que amamentem outros recém‐nascidos que não o seu a fim de evitar infecção cruzada.
Ao contrário do que se pensa a finalidade do alojamento conjunto não é diminuir a carga de trabalho da enfermagem. A enfermagem deve orientar e acompanhar a mãe durante a prestação de cuidados ao recémnascido, bem como durante a amamentação. Deve manter vigilância constante da interação mãe e filho e de possíveis alterações que venham a surgir tanto no estado geral da mãe quanto do recém‐nascido.
5. Contraindicações para o alojamento conjunto
· Todas as situações devem ser analisadas individualmente, mas a única contraindicação para o alojamento conjunto é doença infecciosa aguda da mãe com risco de contaminação do bebê;
· Psicose puerperal, parto cesáreo, doença mental não são contraindicações para o alojamento conjunto;
· Os casos de fototerapia podem ser realizados em alojamento conjunto.
Aleitamento materno
Cada espécie produz o leite adequado ao seu filho, o ser humano não é diferente.
O leite materno é o mais completo alimento para o recém‐nascido e deve ser exclusivo até os 6 meses.
1. Leite humano
1.1. Produção de leite
Anatomia das mamas:
As mamas possuem em média 20 unidades lactíferas envoltas por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos.
Cada unidade lactífera é formada por alvéolos com glândulas secretoras.
Os alvéolos são estruturas arredondadas agrupadas como em um cacho de uva, estão unidos pelos canais
lactíferos ou galactóforos, os quais se abrem no mamilo. São responsáveis pela produção do leite.
Produção do leite:
O hormônio prolactina secretado pela hipófise é o responsável pelo estímulo dos alvéolos para a produção de
leite. A produção de prolactina pode ser estimulada através da sucção do mamilo;
Os mamilos possuem terminações nervosas que uma vez estimuladas (sucção do bebê) enviam mensagem ao
hipotálamo e deste à hipófise para a produção de prolactina.
Importante saber que a sucção do seio materno pelo recém‐nascido serve de estímulo para a produção de prolactina, que estimula a produção de leite.
Descida do leite:
O hormônio ocitocina produzido pela hipófise é responsável pela descida do leite; com a sucção do mamilo a hipófise é estimulada a liberar a ocitocina que age nas mamas contraindo os ductos mamários facilitando assim a saída do leite;
A ocitocina ao mesmo tempo em que age nas mamas age também no útero promovendo sua contração, essa contração é importante para fazer o útero retornar ao normal no período pós‐parto.
A ocitocina além de promover a “descida” do leite promove também a contração do útero.
1.2. Composição do leite humano
O colostro é a primeira secreção produzida pela glândula mamária, é um líquido claro, rico em proteínas, sódio,
potássio e em anticorpos;
O colostro é chamado de primeiro leite. Ele é rico em anticorpos e funciona como uma vacina para a criança protegendo‐a das doenças até que ela adquira sua própria imunidade. É muito importante que a criança receba o colostro nas primeiras semanas de vida.
O leite maduro que é produzido após o colostro é um leite com maior teor de gordura, essa gordura se comparada com a do leite de vaca possui maior qualidade e maior facilidade de digestão;
O volume de leite aumenta entre o terceiro e quarto dia, esse período é conhecido como a descida do leite ou pojadura;
O leite materno possui proteínas, vitaminas e ferro em quantidade adequada ao recém‐nascido;
O leite humano é rico em água, ele é constituído por 85% de água, não sendo necessária a complementação de água durante a amamentação exclusiva (6 primeiros meses de vida).
2. Vantagens do aleitamento materno
· Vantagem nutricional
· O leite humano é o alimento completo para o crescimento do recém‐nascido;· Sendo um alimento completo, não é necessário a complementação com água, chás ou sucos durante os 6 primeiros meses.
· Vantagem imunológica
· Proteção contra infecções (diarreias, otites e infecções respiratórias);
· Proteção contra alergia alimentar;
· Proteção contra o câncer.
· Vantagem econômica
· É prático e econômico, não necessita preparo ou armazenamento e ainda vem na temperatura certa.
· Vantagem psicossocial
· O aleitamento materno fortalece o vínculo mãe‐filho;
· estimula o desenvolvimento psicomotor, social e mental. Pesquisas mostram que crianças amamentadas são mais seguras;
· favorece o desenvolvimento da estrutura facial e de suas funções: mastigação, fala, alinhamento dos dentes e respiração;
· reduz o risco de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, arterioesclerose.
3. Obstáculos ao aleitamento materno
3.1. Em relação ao recém‐nascido
Algumas situações devem ser observadas para evitar o desmame.
A puérpera deve receber apoio e orientações para promover o aleitamento materno.
Gemelaridade
Os gêmeos podem ser amamentados em horários alternados ou os dois ao mesmo tempo. A produção de leite obedece ao estímulo de sucção, quanto mais sucção houver maior será a produção de leite.
Posições para amamentar gemelares
Sucção inadequada
A pega incorreta do mamilo pode levar a uma sucção ineficiente.
“Confusão de bicos”
Se a criança for alimentada através de bico artificial durante os primeiros dias pode apresentar dificuldade em aceitar o seio materno.
Prematuridade
O recém‐nascido prematuro apresenta sucção fraca, porém pode ser estimulado através de técnicas de relactação ou ser alimentado através de sonda gástrica com o leite materno.
Presença de fenda palatina
A mãe deve ser orientada por profissional especializado (fonoaudióloga) para promover o aleitamento materno
nestes casos.
3.2. Em relação à mãe
Algumas situações maternas podem dificultar ou até mesmo impedir o aleitamento materno:
· depressão puerperal;
· carcinoma em tratamento com quimioterápicos;
· uso de drogas ilícitas.
Situações preveníveis:
· ingurgitamento mamário;
· prevenção através do esvaziamento das mamas após as mamadas;
· mamilo doloroso;
· prevenção de pega correta;
· mamilos planos ou invertidos;
· prevenção através de exercícios durante a gestação.
3.3. Mitos
Alguns mitos podem prejudicar o aleitamento materno, são eles:
· Leite fraco
Orientar a nutriz que o colostro não é um leite fraco, e sim o primeiro e mais importante leite devido à presença de anticorpos.
· Amamentação deforma o corpo
As alterações das mamas ocorrem durante a gestação e não durante a amamentação.
Inimigos do peito:
· Medo de não ter leite;
· A mamadeira;
· Medo de peito caído ou deformado;
· Erros na técnica de amamentação (causam insatisfação do bebê e rachadura de mamilo);
· Introdução de água, chá ou outro alimento nos primeiros 6 meses;
A enfermagem tem papel decisivo na promoção do aleitamento materno através da orientação e do auxílio à mãe durante a amamentação. O acompanhamento deve ter início no período de gestação.
4. Como amamentar?
· Preparo dos mamilos
No caso de mamilos invertidos podem ser realizados exercícios de Hoffman.
Exercícios de Hoffman
Durante a amamentação evitar o uso de cremes e pomadas na região dos mamilos.
Realizar higiene corporal diária (banho).
A pele do mamilo pode ser hidratada com o próprio leite após a mamada.
· Duração do aleitamento
O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de idade. Após essa idade devem ser introduzidos alimentos sólidos.
A criança deve ser avaliada pelo pediatra em relação ao crescimento e desenvolvimento para verificar a necessidade de complemento durante os seis meses.
Se a mãe trabalha fora deve ser orientada para a introdução dos alimentos durante sua ausência e sobre a ordenha e armazenamento do leite.
O desmame deve ser feito de maneira lenta, retirar uma mamada por mês, evitar o uso da mamadeira, se possível passar a criança do peito para o copo. A criança deve mamar no mínimo até o primeiro ano de vida.
· Horário e duração da mamada
É aconselhável que a criança faça seu horário que em geral oscila entre 2 a 3 horas de intervalo entre uma mamada e outra.
Crianças preguiçosas devem ser acordadas se ultrapassarem mais de 4 horas, principalmente se estiver comganho de peso inadequado. Retirar a roupa e colocar em posição de cavaleiro estimula a criança a ficar alerta.
A criança deve mamar aproximadamente 15 minutos em cada seio. Os seios devem ser alternados durante as mamadas.
Nos primeiros dias o recém‐nascido mama 5 minutos, este tempo aumenta gradativamente com o passar dos dias.
Se o bebê mama menos que 5 minutos e mais que 30 minutos observar se existe algum erro na técnica de amamentação (pega incorreta, mamas cheias, entre outros).
5. Posições para amamentar
A posição deve ser a mais confortável para mãe e filho. A mãe pode amamentar deitada ou sentada de acordo com as suas condições físicas.
5.1. Posição deitada:
· Essa posição é indicada após partos cesáreos;
· Em decúbito lateral, ficar com as pernas um pouco encolhidas, manter o bebê de lado (barriga com barriga), olhando para a mãe. Uma das mãos repousa sobre a cama e puxa o bebê para si enquanto a outra mão oferece a mama ao bebê;
· Utilizar coxins (travesseiro) para apoiar o bebê.
Posição deitada
5.2. Posição sentada
· Apoiar as costas com travesseiros, manter a coluna ereta e apoio nos pés;
· Trazer o bebê junto ao corpo, não curvar as costas;
· A cabeça do bebê deve ficar livre, as costas devem ser apoiadas pelo antebraço da mãe;
· Na posição sentada a criança pode ficar deitada, em cavaleiro ou em posição invertida.
Posição em cavaleiro Posição sentada
Pega do mamilo
· A mãe deve segurar a mama com o polegar e indicador formando um “C” ou em forma de tesoura, não pressionar;
· Passar com delicadeza o mamilo no canto da boca da criança;
· Ajudar a criança a abocanhar boa parte da aréola;
· Para retirar a criança do mamilo: colocar o dedo mínimo (quinto dedo) na lateral da boca da criança, assim ela sugará o dedo e soltará o mamilo.
Pega inadequada do mamilo
Pega correta do mamilo
Eructação
· A eructação consiste na eliminação de ar que foi ingerido durante a mamada;
· após a mamada colocar a criança para eructar (arrotar) com a cabeça mais alta que o corpo por 5 minutos, em pé no ombro da mãe, deitado de bruços no colo, ou sentado no colo da mãe inclinado para a frente;
· após a eructação colocar a criança no berço ou carrinho em decúbito lateral com apoio de coxins.
Posições para eructação
· Ingurgitamento mamário
· Se a mama não for esvaziada de forma adequada pode causar desconforto e dor para a mãe;
· após a mamada realizar a palpação das mamas com as pontas dos dedos e procurar por regiões endurecidas “caroços”;
· para realizar a ordenha manual colocar os polegares lado a lado e os dedos das mãos encaixados sobre a mama, exercer pressão suave de cima para baixo na direção do mamilo. Manter a mama apoiada com uma das mãos, com a mão livre colocar o indicador e polegar na borda da aréola, realizar pressão até a saída do leite.
Durante a ordenha não realizar pressão sobre os mamilos e sim sobre a linha areolar.
Não utilizar bombinhas para retirada de leite.
O leite ordenhado pode ser armazenado ou doado para banco de leite.
Ordenha manual
Armazenamento de leite
· A mãe que trabalha fora tem a opção de ordenhar o leite e guardá‐lo para oferecer ao bebê durante sua ausência;
· Retirar o leite através de ordenha manual.
· Prender os cabelos e lavar as mãos antes de realizar a ordenha;
· Armazenar o leite em frascos de vidro que devem ser fervidos por 15 minutos para sua desinfecção;
· O leite pode ser armazenado por 24 horas em geladeira ou 48 horas em congelador da geladeira;
· Para aquecer o leite utilizar banho‐maria, não utilizar micro‐ondas;
· Oferecer o leite com copinho ou com colher. Não utilizar mamadeira.
· Medicamentos e amamentação
· Os medicamentos passam para o leite materno. Alguns medicamentos podem ser utilizados durante a amamentação,consulte o médico para utilização de qualquer medicamento neste período.
Avaliação do recém‐nascido
1. Classificação do recém‐nascido
1.1. Conforme o peso
· RN pequeno para a idade gestacional (PIG)
Peso menor que 2500g.
· RN com peso adequado para idade gestacional (AIG)
Peso entre 2500g e 4000g
· RN grande para a idade gestacional (GIG)
Peso acima de 4000g.
1.2. De acordo com a idade gestacional
· RN pré‐termo (RNPT)
Nascido até completar 37 semanas, pode ser:
· RNPT limítrofe
Nascidos entre 35 e 36 semanas;
· RNPT moderado
Nascidos entre 30 e 34 semanas;
· RNPT extremo: Abaixo de 30 semanas.
· RN termo (RNT)
Nascido entre 37 até 42 semanas.
· RN pós‐termo
Nascido acima de 42 semanas.
Independente da idade gestacional qualquer criança nascida viva com menos de 2500g é considerada baixo peso e as crianças nascidas com menos de 1000g são consideradas muito baixo peso.
1.3. Avaliação da idade gestacional
A avaliação da idade gestacional é realizada pelo Pediatra com base em parâmetros preestabelecidos.
Ao situar um recém‐nascido em determinada idade gestacional é possível avaliar o risco de doenças e até mesmo de mortalidade. Exemplo: risco de mortalidade e complicações estão aumentadas no RNPT extremo.
2. Métodos de avaliação da idade gestacional
· A partir da data da última menstruação da mãe, porém nem sempre estes dados são fidedignos.
· A partir das características do recém‐nascido.
Existem vários métodos para determinação da idade gestacional a partir das características do recém‐nascido. O método mais utilizado é o de CAPURRO.
No método CAPURRO são avaliados cinco itens: formação do mamilo, textura da pele, forma da orelha, tamanho da glândula mamária e os sulcos plantares.
	Método de Capurro: (Somático e Neurológico)
	Formação mamilo
A
	Mamilo pouco
visível
sem aréola
0
	Mamilo nítido;
aréola lisa
diâmetro
< 0,75 cm
5
	Mamilo puntiforme
aréola de borda
não elevada
> 0,75 cm
10
	Mamilo
puntiforme
aréola de
borda elevada
> 0,75 cm
15
	
	Textura da pele
B
	Fina,
gelatinosa
0
	Fina e lisa
5
	Algo mais grossa,
com discreta
descamação
Superficial
20
	Grossa, com
sulcos
superficiais,
descamação de
mãos e pés
15
	Grossa,
apergaminhada
com sulcos
profundos
20
	Forma da orelha
C
	Chata,
disforme
pavilhão não
encurvado
0
	Pavilhão
parcialmente
encurvado na
borda
8
	Pavilhão parcialmente
encurvado em toda
borda superior
16
	Pavilhão
totalmente
encurvado
24
	
	Tamanho da
glândula mamária
D
	Ausência de
Tecido
mamário
0
	Diâmetro
< 5 mm
5
	Diâmetro
5 mm a 10 mm
10
	Diâmetro
> 10 mm
15
	
	Sulcos plantares
E
	Ausentes
0
	Marcas mal
definidas na
metade
anterior da
planta
5
	Marcas bem
definidas na
metade anterior e
no terço anterior
10
	Sulcos na
metade
anterior da
planta
15
	Sulcos em mais
da metade
anterior da
planta
20
	Sinal do Xale
(posição do
cotovelo)
F
	Na linha axilar
do lado oposto
0
	Entre a linha
axilar anterior
do lado oposto
e a linha média
6
	Ao nível da linha
média
12
	Entre a linha
média e a linha
axilar anterior
do mesmo lado
18
	
	Posição da cabeça
ao levantar o RN
(ângulo (Â)
cérvico‐torácico)
G
	Totalmente
deflexionada
 = 270º
0
	Â entre 180º ‐
270º
4
	Â = 180º
8
	Â < 180º
12
	
Idade Gestacional:
· Somático: Somatório dos pontos em A, B, C, D , E + 204 /7
· Somático‐Neurológico: Somatória dos pontos B, C, D,E, F, G + 200/7
Método CAPURRO
3. Exame clínico do recém‐nascido
O exame clínico do recém‐nascido é realizado na sala de parto e no alojamento conjunto pelo Pediatra, tem como objetivo detectar alterações.
3.1. Estado geral
São observadas fácies, postura, choro, reação.
Sinais de normalidade: RN ativo e reativo com choro forte.
3.2. Pele
A pele do RN é avermelhada, nas primeiras horas e está coberta por vérnix caseoso. Sua textura varia de macia e sedosa à seca e degenerativa no recém‐nascido pós‐termo;
Observar a presença de cianose, icterícia, palidez, manchas, cistos, petéquias;
Sinais de normalidade: Pele corada e hidratada.
Alterações comuns da pele:
· Pequenos pontos brancos podem estar presentes na face, nariz, testa e queixo. São chamados de millium sebáceo,originam‐se a partir de glândulas sebáceas obstruídas.
· Manchas azuladas extensas na região glútea e lombossacra podem aparecer nas crianças negras, amarelas e índias, são manchas de origem racial chamadas de mancha mongólica, seu desaparecimento ocorre gradativamente.
· Uma penugem muito fina chamada de lanugem pode estar presente nos prematuros.
Mancha mongólica
3.3. Crânio
É observada sua simetria e a presença de alterações como:
· Craniossinostose: fechamento precoce das suturas.
· Cefaloematoma: Coleção sanguínea na superfície da abóboda craniana do recém‐nascido que pode surgir após parto laborioso, especialmente com o uso do fórceps.
· Bossa serossanguinea: edema tecidual mole sem limites precisos ultrapassando as linhas das suturas.
As linhas das suturas são salientes e podem ser observadas entre os ossos parietais (sutura sagital), entre os ossos parietais e frontal (sutura coronariana) e entre os ossos parietais e occipital (sutura lambdoide).
· Exame das fontanelas
Verificar a tensão das fontanelas bregmática e lambdoide.
3.4. Face
Observar simetria, implantação das orelhas, aparência sindrômica, distância entre os olhos, tamanho de queijo, nariz e língua.
3.5. Olhos
Pesquisar hemorragia subconjuntival, estrabismo, pupila branca (sinal de catarata congênita), presença de secreção ocular.
3.6. Orelha
Observar forma, tamanho, implantação da orelha, audição, presença de apêndices pré‐auriculares.
Algumas alterações de forma e tamanho da orelha são sugestivas de alterações renais.
3.7. Nariz
Observar forma, tamanho, permeabilidade dos canais, presença de secreção.
3.8. Boca
Verificar integridade do palato, lábios e língua;.
Presença de dentes congênitos;
Posição da mandíbula.
Alterações em lábios e palato
3.9. Pescoço
Pesquisar massas, cistos e presença de dor o que pode ser sugestivo de torcicolo congênito.
3.10. Tórax
Pesquisar simetria e presença de deformações.
3.11. Clavículas
Pesquisar presença de fraturas.
3.12. Abdome
O abdome do recém‐nascido é globoso e flácido.
Pesquisar a presença de circulação colateral, distensão, massas. À ausculta deve ser observada a presença de ruídos hidroaéreos, a ausência destes sugere quadro de íleo paralítico.
3.13. Genitália
Masculina
Observar o pênis, orifício uretral, prepúcio (fimose), presença dos testículos na bolsa escrotal ou na região inguinal.
Pesquisar presença de hérnia, hipospádia, epispádia.
Feminina
Observar tamanho do clitóris, fusão dos grandes lábios, orifício da vagina e uretra.
Pesquisar presença de fístulas.
3.14. Membros
Observar simetria e pesquisar malformações.
Pesquisar sinais de luxação congênita de quadril com a manobra de Ortolani.
Polidactilia
3.15. Avaliação neurológica
Observar postura, simetria de movimentos, tônus muscular, choro (se é estridente ou não).
Pesquisar a presença dos reflexos de sucção e deglutição, de preensão, de marcha, de moro.
3.16. Exame pulmonar
Observar a frequência dos movimentos respiratórios.
Pesquisar sinais de desconforto, tiragem, batimentos de asas de nariz, gemido.
3.17. Exame cardiovascular
Observar pulso, frequência, presença de sopros.
3.18.Sinais vitais
	Sinais vitais
	Normalidade
	Características
	Frequência respiratória
	RNT – 40 ipm
RNPT – 60 ipm
	Respiração é abdominal.
	Frequência cardíaca
	120 a 160 bpm.
	Verificar o pulso apical na região precordial abaixo do mamilo esquerdo com estetoscópio.
	Temperatura axilar
	36,5 a 37°C
	
	Pressão arterial
	70/40 mmHg
	Não é verificada rotineiramente.
Teste do pezinho
O teste do pezinho ou triagem neonatal é um exame laboratorial que tem como objetivo a detecção precoce de doenças metabólicas, genéticas ou infecciosas, as quais poderão causar lesões irreversíveis na criança caso não sejam tratadas.
São detectadas as seguintes patologias:
· Fenilcetonúria
Doença hereditária causada pela ausência ou diminuição de uma enzima, prejudicandoa metabolização do aminoácido fenilalanina. Pode causar retardo mental grave.
· Hipotireoidismo congênito
A falta de hormônio tireoidiano pode provocar retardo mental e de crescimento.
· Anemia facilforme
É uma doença causada pela alteração estrutural da hemoglobina, pode levar a diversas complicações e a quadros de anemia, infecções e dores.
 Coleta
O teste do pezinho como próprio nome sugere é colhido do calcanhar do bebê.
Não traz riscos ao bebê.
Deve ser colhido após 48 horas do início da alimentação do recém‐nascido.
É importante que a enfermagem oriente a mãe sobre a importância da coleta do exame se esta tiver alta antes das 48 horas.
Devem ser seguidas as orientações para que não ocorram interferências ou erros durante a coleta e análise.
Técnicas Básicas de Enfermagem em Neonatologia
Higiene do recém‐nascido
1. Banho do recém‐nascido
O banho deve ser realizado após a verificação dos sinais vitais.
Ao despir o recém‐nascido aproveitar para aferir o peso.
Material necessário
· Banheira, mesa auxiliar, toalha de banho, sabonete líquido neutro, gaze ou bolas de algodão, lençol para berço, saco de lixo, luva de procedimento.
Descrição da técnica
· Colocar água na banheira na temperatura de 37° a 38°C;
· testar a água. Se necessário utilizar termômetro de banho;
· calçar as luvas de procedimento;.
· despir o recém‐nascido e mantê‐lo envolto em toalha;
· lavar o rosto do recém‐nascido com água, enxaguar;
· o rosto e a cabeça podem ser lavados sem retirar a roupa da criança;
· lavar a cabeça com sabonete e movimentos circulares, enxaguar;
· secar o rosto e os cabelos;
· despir a criança e colocá‐la na banheira com o tórax apoiado em uma das mãos (decúbito ventral), colocar inicialmente os pés, jogar água aos poucos nas costas da criança.;
· a criança em decúbito ventral sente‐se mais protegida, uma vez que está sem roupa. Colocar a criança aos poucos na banheira permite que a mesma se adapte a temperatura da água;
· segurar o bebê com firmeza e o colocar sentado na banheira;
· lavar o pescoço, tórax, axilas, braços, pernas e genitais;
· proceder à higiene das costas, e pernas;
· retirar o bebê da água e envolver em toalha macia;
· secar com movimentos suaves;
· vestir a roupa do bebê (parte superior);
· proceder à higiene do coto umbilical;
· vestir a fralda e o restante da roupa.;
· anotar o procedimento e organizar a unidade.
2. Higiene do coto umbilical
A higiene do coto umbilical deve ser realizada três vezes ao dia ou de acordo com a necessidade.
Material necessário
· Cotonetes;
· álcool a 70%.
Descrição da técnica
· Umedecer o cotonete com álcool a 70%;
· o álcool a 70% é antisséptico e auxilia no processo de mumificação do coto;
· proceder à limpeza da base do coto umbilical com movimentos circulares;
· com outro cotonete pincelar todo o coto umbilical com álcool a 70%;
· se o clamp estiver presente realizar desinfecção com álcool a 70%;
· observar presença de hiperemia ou sangramento;
· colocar a fralda descartável.
3. Verificação de sinais vitais
Aferição de temperatura, frequência cardíaca e respiratória.
Material necessário
· Estetoscópio;
· termômetro;
· relógio;
· gaze;
· álcool a 70%.
Descrição da técnica
Temperatura:
· lavar as mãos;
· realizar desinfecção do termômetro com álcool a 70%;
· colocar o termômetro por 5 minutos na região axilar;
· proceder à leitura da temperatura e anotar.
Frequência respiratória:
· realizar a contagem dos movimentos respiratórios por um minuto através da observação da elevação do abdome da criança. Anotar.
A respiração do recém‐nascido é abdominal. Casos de respiração torácica sugerem desconforto respiratório.
Frequência cardíaca:
· realizar desinfecção do estetoscópio com álcool a 70%;
· auscultar a região precordial, abaixo do mamilo esquerdo. Contar por 1 minuto. Anotar.
Sondagem gástrica
A sondagem gástrica é utilizada para:
· remoção de secreções do estômago na sala de reanimação;
· em casos de distensão abdominal, para drenagem de suco gástrico;
· para alimentação dos recém‐nascidos.
Tipos:
A sondagem orogástrica é a mais apropriada para o recém‐nascido, pois evita traumatismo das narinas e as mantém livre para respiração;
A sondagem nasogástrica é utilizada nos casos em que é necessário o treinamento de sucção, transição de alimentação por sonda para via oral.
Considerações:
A passagem de sonda gástrica pode desencadear reflexo vagal com apneia e bradicardia. Ter próximo ao leito material para oxigenação;
Quando a opção for a sondagem nasogástrica, alternar as narinas para evitar lesões.
Trocar a sonda a cada 48 horas.
Material necessário:
· sonda gástrica longa ou curta nos números 4 a 8;
· seringa de 5ml;
· água destilada;
· gaze;
· micropore;
· esparadrapo;
· estetoscópio;
· fita reagente de pH;
· luvas de procedimento.
Descrição da técnica:
Preparar o material;
Lavar as mãos;
Tocar o recém‐nascido, antes de iniciar o procedimento, com delicadeza e falar o que será realizado. Se necessário envolver o recém‐nascido em um lençol;
Colocar o recém‐nascido em posição dorsal com a cabeça mediana;
Calçar as luvas;
Abrir o invólucro da sonda protegendo‐a nas mãos;
Medir a sonda a partir do lóbulo da orelha à ponta do nariz e deste ponto até o apêndice xifoide, marcar este ponto com esparadrapo;
Flexionar a cabeça da criança durante a introdução da sonda;
Introduzir a sonda lentamente até a marca, observar reações do recém‐nascido;
Aspirar o conteúdo gástrico e realizar o teste de pH;
PH ácido (5) indica conteúdo gástrico, enquanto pH alcalino (7) indica conteúdo duodenal;
A ausência de retorno gástrico injetar 1ml de ar para RNT e 0,5 ml para RNPT e auscultar a região epigástrica para constatar a presença de ruídos;
Fixar a sonda;
Retirar as luvas;
Colocar o recém‐nascido em posição confortável;
Organizar a unidade;
Lavar as mãos;
Anotar o procedimento.
Anotar a data de passagem da sonda para programar a troca em 48 horas.
Teste da sonda com ar Fixação da sonda no recém‐nascido
Alimentação por sonda gástrica
Material necessário:
Recipiente com leite;
Seringa de 10 ou 20 ml;
Gaze;
Ampola de água destilada;
Estetoscópio.
Descrição da técnica:
Conferir na prescrição e no frasco o volume e o tipo de leite a ser administrado;
Verificar a temperatura do leite;
Realizar o teste da localização da sonda através da aspiração do conteúdo gástrico ou injetar 0,5 ml de ar e auscultar o ruído;
Medir o resíduo gástrico, verificar o aspecto, de acordo com o mesmo desprezar ou devolver;
Resíduo gástrico leitoso deve ser devolvido;
Em caso de resíduo sanguinolento ou de cor escura comunicar o médico ou enfermeiro para verificar qual conduta deverá ser tomada;
De acordo com o volume de resíduo suspender ou descontar do volume total de leite a ser infundido;
Manter o recém‐nascido em posição semifolwer;
Introduzir a dieta através de gavage ou por bomba de infusão;
Para introduzir a dieta por gavage: aspirar o conteúdo na seringa e conectar a sonda, retirar o êmbolo e deixar descer por gravidade, manter a seringa em altura acima da cabeça do recém‐nascido;
Observar a presença de distensão abdominal ou alterações respiratórias;
Lavar a sonda com 0,5ml de água para remover o resíduo de leite;
Manter a criança em decúbito ventral ou lateral ao término da dieta;
Lavar as mãos;
Anotar o procedimento no prontuário.
Administração de medicação em neonatologia
Administração de medicação por via oral
Material necessário:
Medicação;
Seringa, colher ou copinho;
Gaze;
Água destilada.
Descrição da técnica:
Verificar a dose, horário, via de administração do medicamento com a prescrição e com o nome do recémnascido;
Lavar as mãos;
Aspirar a medicação ou diluí‐la se necessário;
Reconferir a dose, horário, via de administração e nome da criança.;
Elevar a cabeça da criança, abrir sua boca e administrar a medicação com a ajuda de conta gotas, seringa, colher ou copinho;
Colocar sobre a língua em pequenas quantidades, aguardar deglutição;
Limpar os lábios com gaze;
Lavar as mãos;
Anotar e checar o procedimento.
Na administraçãode medicação por sonda, realizar o teste de posicionamento da sonda, introduzir lentamente, lavar após com água destilada e manter a sonda fechada por uma hora.
Administração de medicação por via ocular
Material necessário:
Medicação;
Gaze.
Descrição da técnica:
Verificar a dose, horário, via de administração do medicamento com a prescrição e com o nome do recémnascido;
Lavar as mãos;
Manter a criança em decúbito dorsal, separar a pálpebra com auxílio da gaze e instilar as gotas prescritas no saco conjuntival;
Secar o excesso com a gaze;
Lavar as mãos;
Anotar e checar o procedimento.
Administração de medicação por via intramuscular
Material necessário:
Seringa com medicação;.
Agulha de insulina (13x4,5) para recém‐nascido menor que 2500g, agulha 25x6 para recém‐nascido maior que 2500g.
Descrição da técnica
Verificar a dose, horário, via de administração do medicamento com a prescrição e com o nome do recémnascido;
Lavar as mãos;
Aspirar a medicação ou diluí‐la se necessário;
Reconferir a dose, horário, via de administração e paciente;
Trocar a agulha conforme a necessidade;
Conversar com a criança, tocá‐la antes do procedimento;
Preparar a criança para o procedimento;
Pedir para uma pessoa auxiliar oferecendo dedo enluvado com glicose para a criança sugar, conter a criança com as mãos ou com um pano para dar sensação de segurança;
Realizar a imobilização da perna com a mão, realizar a antissepsia com álcool a 70%;
A região ideal para recém‐nascido é o terço superior da face lateral da coxa;
Introduzir no máximo 1ml;
Segurar o tecido muscular e introduzir a agulha;
Aspirar para verificar retorno de sangue, na ausência deste injetar lentamente a medicação;
Retirar a agulha e comprimir o local com algodão;
Vestir a criança e confortá‐la;
Colocar no colo da mãe se estiver presente.;
Lavar as mãos;
Anotar e checar o procedimento.
Acesso venoso em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
Em relação ao acesso venoso em UTI neonatal, prioriza-se a passagem de cateter central de
inserção periférica (PICC), realizado geralmente pelo enfermeiro, quando indicado em casos de
hospitalização prolongada e administração de medicamentos com alta osmolaridade e pH, bem
como nutrição parental, para recém-nascido em estado crítico.
O cateter venoso umbilical deve ser mantido até 7 dias; e o cateter arterial, até 5 dias, mais por questões tromboembólicas do que infecciosas. Indica-se preferencialmente como antisséptico para a pele a clorexidina alcoólica 0,5%, que tem ação residual mais longa, principalmente para coco gram-positivo; o álcool 70% é mais agressivo à pele, propiciando maior risco de infecção relacionado ao cateter vascular. Ainda, para proteção da pele, pode-se utilizar placa de hidrocoloide periumbilical, para se ter mais liberdade e segurança de se fazer antissepsia para a passagem do cateter pelo médico.
As complicações são: infiltração; flebite; obstrução; trombose; embolia pulmonar, gasosa e por cateter; septicemia; edema pulmonar; choque hipo e hipervolêmico; distúrbio metabólico; espasmo venoso.
Uso prolongado de antimicrobianos de amplo espectro em Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal
Um microrganismo é considerado multirresistente quando resiste a antimicrobianos aos quais era originalmente sensível. Assim, multirresistência é considerado fenômeno biológico iatrogênico decorrente da aplicação inadequada de processo de desinfecção. Outros aspectos
importantes durante a administração de medicamentos:
· Monitorização do recém-nascido, principalmente em uso de medicações vasoativas como dobutamina e dopamina;
· Manutenção da oxigenoterapia contínua prescrita durante a administração da medicação; 
· Manutenção do acesso venoso central ou periférico pérvio;
· Checagem da prescrição médica;
· Identificação segura da criança e do medicamento (droga certa, dose certa, horário certo, via de administração certa, procedimento certo, abordagem certa);
Coleta de glicemia capilar (dextro)
Material necessário:
Lanceta;
Fita reagente;
Álcool a 70%;
Algodão.
Descrição da técnica:
Certificar na prescrição médica sobre o procedimento;
Lavar as mãos;
Preparar a criança para o procedimento:
Conversar com a criança, tocá‐la antes do procedimento;
Pedir para uma pessoa auxiliar oferecendo dedo enluvado com glicose para a criança sugar, conter a criança com as mãos ou com um pano para dar sensação de segurança;
Aquecer o pé da criança se estiver frio, essa manobra promove a vasodilatação para saída adequada de sangue;
Realizar a antissepsia com álcool a 70%;
A região a ser puncionada é a face lateral do calcanhar;
Não introduzir a lanceta na face central do calcâneo com o risco de perfuração óssea;
realizar rodízio do local da punção;
Punção para glicemia capilar
Introduzir a lanceta e ordenhar uma gota de sangue na fita;
Colocar a fita no aparelho e comprimir o local da punção;
Vestir a criança e confortá‐la;
Colocar no colo da mãe se estiver presente;
Lavar as mãos;
Anotar e checar o procedimento.
Anotação de enfermagem em neonatologia
1. Estado geral
· Atividade: Ativo, hipoativo ou arreativo.
· Mucosas: Corado ou hipocorado
· Hidratação: hidratado ou desidratado.
2. Sinais vitais
· Respiração: Eupneico, bradpneico ou taquipneico.
· Taquipneico: RNT acima de 40mrp/m. RNPT acima de 60mrp/m.
· Bradpneico: RNT abaixo de 40mrp/m. RNPT abaixo de 60mrp/m.
· Frequência cardíaca: normocárdico, bradicárdico ou taquicárdico.
· Bradicárdico: Abaixo de 120 bpm/m
· Taquicárdico: Acima de 160 bpm/m.
· Temperatura: normotérmico, hipertérmico ou hipotérmico.
· Hipotérmico: Abaixo de 36°C.
· Hipertérmico: Acima de 37,5°C.
3. Alimentação
· Sucção forte ou débil.
· Boa aceitação do seio materno.
· Apresenta‐se sonolento as mamadas.
4. Abdome
· Globoso e flácido ou distendido.
5. Coto umbilical
· Em processo de mumificação, mumificado.
· Com ou sem hiperemia ou sangramento.
5.1. Eliminações
· Micção espontânea.
· Eliminação intestinal: frequência, característica e quantidade.
6. Procedimentos
· Descrever de maneira clara e detalhada os procedimentos realizados.
Exemplo 1:
8 horas: RNT, 3º dia de vida, em berço comum, ativo, reativo, corado, hidratado, eupneico, normocárdico e normotérmico. Apresenta boa aceitação do seio materno com sucção forte e efetiva. Apresenta abdome globoso e flácido, coto umbilical em processo de mumificação sem sinais de hiperemia. Micção presente, apresentou eliminação de fezes esverdeadas em média quantidade. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111‐-------------------------------
9 horas: Verificado peso: 3.500g, realizado banho de imersão e curativo com álcool a 70% em coto umbilical. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
11 horas: Realizado coleta do teste do pezinho em MIE, sem intercorrências. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
12 horas: Feito medicação via oral conforme item 9 da prescrição médica. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 111111‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
Exemplo 2:
8 horas: RNT, 5 horas de vida, em berço comum, hipoativo, não reage a estímulo tátil, hidratado, eupneico, taquicárdico, apresentando hipotermia 35,5°C. Sonolento ao sugar seio materno, apresentando náuseas. Abdome globoso e flácido, eliminação vesical presente e intestinal ausente até o momento. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐
8h20m: Colocado cobertor para aquecimento. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐--------------------------------------------------------------------------------------------‐‐‐‐‐‐‐‐‐
8h50m: Verificado temperatura axilar 36,8°C, realizado lavagem gástrica com soro fisiológico conforme prescrição médica, saída de líquido claro com alguns grumos de sangue em pequena quantidade. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
9:10h: Colocado RN em seio materno em posição de cavaleiro, após três tentativasapresenta sucção forte e efetiva. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
12:00h: Realizado medicação IM em região lateral da coxa E conforme prescrição médica. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
13:30h: RN com boa sucção em seio materno. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐-------------------------------------------------------------------------------------------
14:00h: RN apresentou eliminação de mecônio em média quantidade. Maria Maria Maria Auxiliar de enfermagem COREN: 11111.‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
Posicionamento
Normalmente, um recém-nascido a termo mantém-se em decúbito dorsal, com a cabeça voltada para um dos lados, membros superiores semifletidos, membros inferiores fletidos e mãos serradas. Já o neonato pré-termo apresenta menos flexão nos braços, troncos e pelve. A postura está relacionada com o tônus muscular e ele reflete o grau de maturidade ou o estado clínico do neonato e, quanto menor o tônus muscular, menor é a capacidade de se organizar.
Prematuro A termo
O cuidado postural facilita o conforto do bebê através de uma postura funcional (geralmente
com mais flexão e orientação para a linha média), auxilia no sono, na regulação das suas funções fisiológicas para atingir estabilidade e conservar energia e permite um melhor controle muscular com menores possibilidades de desenvolver padrões motores anormais.
Postura Supino: É uma postura bastante utilizada na UTI neonatal, pois permite facilidade de acesso e de visualização do bebê. No entanto, pode trazer efeitos não desejados ao bebê, tais como: hiperextensão de pescoço, elevação de ombros, retração escapular e achatamento da cabeça. Não promove flexão, permitindo maior efeito da gravidade, dificultando as atividades de linha média, sendo mais estressante.
Postura Prono: é uma postura que permite a diminuição do gasto energético, aumento do tempo de sono com diminuição do choro e menor número de comportamentos de estresse, com ou sem utilização de ninho. Possibilita melhora da saturação de oxigênio, possivelmente devido ao aumento da compressão pulmonar, além de maior regularidade na frequência respiratória, com maior sincronia nos movimentos respiratórios. Possibilita, também, a diminuição de episódios de refluxo gastroesofágico (RGE), esvaziamento gástrico mais rápido e menor risco de broncoaspiração.
Postura Lateral: Ela encoraja movimentos contra a gravidade e o desenvolvimento do tônus postural com maior flexão e simetria. Melhora a postura dos membros inferiores e facilita a orientação mão – boca. Além disso, propicia um menor número de comportamentos de estresse desde que o bebê esteja com um ninho.
Sua manutenção, de forma adequada, depende de suportes e rolinhos. Os membros superiores ficarão flexionados, com as mãos próximas à face, e os membros inferiores flexionados com joelhos próximos ao tronco. Se necessário, usar faixa de pano sobre o quadril e/ou ombros para manter a posição.
O decúbito lateral direito assemelha-se às vantagens da postura prona em termos de um esvaziamento gástrico mais rápido. Já o decúbito lateral esquerdo parece favorecer a redução na duração dos episódios de refluxo gastroesofágico.
Posição Canguru: Pode ser utilizada quando o bebê estiver estável clinicamente, tolerando ser manuseado, e os pais desejosos e conhecendo os sinais de seu bebê. O recém-nascido deverá ser colocado em posição vertical ou diagonal elevada, entre as mamas, no seio. Mãe e filho devem estar envolvidos com uma faixa. O neonato é colocado em posição vertical, de frente para a mãe, cabeça lateralizada, membros superiores flexionados, aduzidos (fechados) com cotovelos próximos ao tronco e membros inferiores flexionados e aduzidos. É importante mudar a posição da cabeça de um lado para o outro; evitar a hiperextensão da cabeça e a abdução (abertura) exagerada do quadril e a extensão das pernas. O contato pele a pele é um componente importante dos cuidados voltados para o desenvolvimento. Fornece um equilíbrio entre os sistemas tátil e proprioceptivo (desenvolvimento mais precoce) e os sistemas visual e auditivo (desenvolvimento mais tardio), ambos sob estimulação inadequada. Promove também uma experiência de contenção, minimizando a sobrecarga de estímulos visuais e auditivos. 
Tem um efeito positivo no aleitamento materno exclusivo na alta, no desenvolvimento do apego e na confiança e satisfação materna.
 
Anormalidades no RN
Os problemas dermatológicos em recém-nascido sãoconstituídos principalmente de lesões originárias do parto e das diversas formas de dermatite. Durante o parto, podem ocorrer traumatismos que afetam o sistema tegumentar do recém-nascido.
As anormalidades no sistema tegumentar podem ser determinadas por distribuição, tamanho, morfologia e arranjo das lesões, causadas geralmente por irritantes físicos, químicos ou alérgicos ou agente infeccioso, como bactérias, fungos, vírus, parasitas de animais, ou por infecções específicas como sarampo e varíola.
Infecções da pele
A pele do recém-nascido, principalmente o prematuro, é ineficaz como barreira, o que a torna
mais susceptível a lesões e a penetração de micro-organismos. Além disso, o sistema imunológico do prematuro não é capaz de conter as infecções, fazendo com que haja disseminação de qualquer infecção, caracterizando, assim, as septicemias. Isso significa que qualquer lesão de pele pode aumentar o risco de infecção de pele e sua disseminação pela corrente sanguínea.
A pele dos prematuros é menos espessa, tem menos fibras elásticas, e existe menor coesão entre as camadas mais finas da pele, assim, o limite entre a derme e a epiderme é tão fraco, que a epiderme é facilmente removida quando fitas adesivas, eletrodos e similares são removidos.
Queimaduras
É comum a ocorrência de queimaduras no local da inserção do dispositivo de controle da temperatura cutânea do recém-nascido. É recomendado que o dispositivo seja fixado na região abdominal ou dorsal. Deve ser fixado com adesivo antialérgico e transparente, com necessidade de troca do local por 3 vezes ao dia com algodão ou cotonete umedecido em água destilada ou óleo.
O controle da temperatura da incubadora e do berço aquecido deve ser um cuidado a ser tomado continuamente com vistas a evitar queimaduras no recém-nascido.
Dermatites das fraldas
A dermatite das fraldas é um dos diversos distúrbios cutâneos causados direta ou indiretamente pelo uso de fraldas. 
A dermatite de fraldas é causada por um contato repetido e prolongado com um irritante, principalmente urina, fezes, sabonetes, detergentes e fricção. As ações de enfermagem visam a alterar os três fatores considerados como produtores da dermatite: umidade, pH e irritantes fecais. Trocar a fralda logo que ela fica molhada e realizar a higienização com água morna abundante elimina grande parte do problema. Retirar a fralda para expor ao ar a área de pele saudável facilita a secagem. 
Circulação sanguínea fetal
O sangue oxigenado na placenta chega ao feto pela veia umbilical: uma parte vai para a circulação hepática e a outra segue pela veia cava inferior indo para o átrio direito e passando para o átrio esquerdo através do forame oval. O restante vai para o átrio direito e ventrículo direito sendo bombeado para a artéria pulmonar; como o pulmão está cheio de líquido e sua vasculatura contraída, o sangue é desviado para a aorta através do canal arterial. Após irrigar o corpo do feto, o sangue segue para a placenta através das artérias umbilicais.
Os problemas circulatórios no recém-nascido geralmente são causados por cardiopatias congênitas. Alguns fatores durante a gravidez podem predispor o neonato a essas patologias, dentre eles podemos citar: rubéola no período gestacional, alcoolismo materno, idade materna superior a 40 anos e gestantes portadoras de diabetes tipo 1.
As patologias congênitasmais frequentes no período neonatal podem ser caracterizadas como cianóticas e acianóticas. Afetam diretamente a função cardiocirculatória e muitas dessas patologias causam insuficiência cardíaca congestiva (ICC), com as seguintes manifestações: taquineia, esforço respiratório, taquicardia, sudorese, palidez cutânea, ingurgitamento venoso, edema, cianose e hepatomegalia.
Persistência do canal arterial (PCA)
O canal arterial é essencial para circulação fetal; nas primeiras semanas de vida, esse canal deve se fechar. Quando isso não ocorre, a persistência do canal arterial provoca desvio do fluxo do sangue da artéria aorta para a artéria pulmonar. As manifestações clínicas variam de acordo com o tamanho do canal e da resistência vascular pulmonar do recém-nascido, podendo ser assintomática ou com sinais de ICC. O tratamento cirúrgico consiste na laqueadura do vaso através de toracotomia esquerda ou cirurgia toracoscópica visual assistida.
 
 Canal arterial fechado Persistência do canal arterial
Coarctação de aorta
Trata-se de um estreitamento da aorta próximo à inserção do canal arterial, que tem como consequência aumento da pressão em cabeça e membros superiores e diminuição da pressão em tronco e membros inferiores; geralmente, os lactentes apresentam sinais de ICC. Esses pacientes mostram risco de hipertensão, acidente vascular cerebral, aneurisma aórtico ou ruptura da aorta.
Comunicação interatrial (CIA)
É uma abertura anormal no septo atrial que ocasiona alteração no fluxo do sangue do átrio esquerdo. Parte desse sangue passa para o átrio direito. Dependendo da dimensão da comunicação interatrial, o recém-nascido pode ser assintomático ou apresentar sinais de ICC.
O tratamento é cirúrgico.
Comunicação interventricular (CIV)
Consiste em uma abertura anormal no septo ventricular que ocasiona alteração no fluxo do sangue do ventrículo esquerdo; parte desse sangue passa para o ventrículo direito. Dependendo da dimensão da comunicação interventricular, o recém-nascido pode ser assintomático ou apresentar sinais de ICC.
Estenose aórtica
É um estreitamento da válvula aórtica que pode resultar em hipertensão pulmonar. Quanto maior for a estenose maior a possibilidade de o neonato apresentar débito cardíaco diminuído. O tratamento pode ser cirúrgico com realização de valvotomia ou por angioplastia para dilatação da válvula estreitada.
Estenose pulmonar
É um estreitamento na entrada da artéria pulmonar que dificulta o fluxo sanguíneo do ventrículo direito para os pulmões, ocasionando insuficiência ventricular, aumento da resistência atrial direita e, geralmente, reabertura do forame oval. Com o forame oval pérvio, o sangue não oxigenado do direito passa para o átrio esquerdo, causando cianose sistêmica. O tratamento pode ser cirúrgico, com realização de valvotomia ou por angioplastia para dilatação da válvula estreitada.
Icterícia neonatal
Os problemas relacionados à circulação não se resumem apenas às cardiopatias congênitas. Nas unidades de internação neonatal, é comum a admissão de recém-nascidos com icterícia. A icterícia é identificada pela coloração amarelada na pele, escleras e unhas como consequência do acúmulo excessivo de bilirrubina no sangue.
Como você sabe, um dos componentes do sangue é a hemoglobina. Essa hemoglobina é degradada, causando destruição das hemácias e originando subprodutos, sendo um deles a bilirrubina. Normalmente, o organismo é capaz de manter equilíbrio entre a destruição das hemácias e a excreção de seus subprodutos, porém a imaturidade da função hepática do neonato pode interferir nesse ciclo, fazendo com que a excreção da bilirrubina seja prejudicada.
Geralmente a icterícia neonatal se inicia após 24 horas do nascimento e tende a diminuir entre o quinto e o sétimo dia. 
O tratamento utilizado é a fototerapia, que consiste em um equipamento que irradia uma energia luminosa (luz), a qual penetra na epiderme e atinge o tecido subcutâneo do recém-nascido, transformando a bilirrubina (nas áreas expostas à luz) em produtos mais hidrossolúveis para serem eliminados pelos rins ou pelo fígado.
A fototerapia pode provocar efeitos sobre a retina, desidratação, dificultar o reconhecimento precoce de sintoma de doenças graves. É importante que o técnico de enfermagem observe efeitos indesejáveis da utilização da fototerapia como aumento da perda hídrica; rubores cutâneos leves; aumento do número de evacuações com fezes esverdeadas e amolecidas; urina escura devido à presença produtos de degradação da bilirrubina; hipertermia, bronzeamento; irritabilidade.
Atendendo o RN em parada cardiorrespiratória (PCR)
A parada cardíaca, também chamada de parada cardiopulmonar, é a cessação da atividade cardíaca, caracterizada por inconsciência, apneia e ausência de pulso central palpável. Como as causas de PCR em recém-nascido são geralmente de etiologia asfíxica, as diretrizes da American Heart Association (2010) para reanimação cardiopulmonar em neonatologia mantém a sequência de ressuscitação A– B – C com relação compressão-ventilação de 3:1. Porém, nos casos em que a PCR for de etiologia cardíaca e previamente diagnosticada, a sequência de ressuscitação é alterada para C – A – B, com relação compressão-ventilação de 15:2.
Avaliação clínica para reconhecimento da PCR
• Apresenta-se não responsivo quando submetido à estimulação tátil;
• Movimentos respiratórios ausentes ou apresentando gasping;
• Sem pulso braquial palpável. Segundo a American Heart Association, não se deve dar
tanta ênfase à verificação do pulso, pois profissionais de saúde podem não conseguir
determinar com rapidez e segurança a presença ou ausência de pulso.
Sequência da reanimação cardiopulmonar:
• PCR de etiologia asfíxica: A – B – C (abertura de vias aéreas, 2 ventilações por pressão
positiva de resgate, compressões cardíacas);
• PCR de etiologia cardiológica: C – A – B (compressões cardíacas, abertura de vias aéreas
e ventilações por pressão positiva).
Compressões cardíacas: Existem duas técnicas de compressão cardíaca no RN:
Técnica de polegares envolvendo o tronco com as mãos:
Fique aos pés ou ao lado do RN. Trace uma linha imaginária entre os mamilos e a uma distância de aproximadamente um dedo abaixo dessa linha; coloque seus polegares lado a lado. Com suas mãos, envolva o tórax e use os dois polegares para pressioná-lo.
Técnica de dois dedos:
Fique em pé ao lado do RN. Trace uma linha imaginária entre os mamilos e a uma distância de aproximadamente um dedo abaixo dessa linha; coloque dois dedos de uma de suas mãos. Use esses dedos para realizar as compressões torácicas. É preferida quando há apenas um profissional na RCP.
• Para obter compressões torácicas eficazes, é necessário que comprima um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, que corresponde a aproximadamente 4 cm.
• Promover frequência mínima de 100 compressões por minuto, tanto na relação compressão-ventilação 3:1 como na relação compressão-ventilação 15:2.
• Permitir retorno da parede torácica total ao final de cada compressão.
• Realizar aproximadamente o mesmo tempo para as fases de compressão e relaxamento torácico.
• Alternar as pessoas que aplicam as compressões a cada 2 minutos.
• Minimizar interrupções nas compressões torácicas.
• Tentar limitar as interrupções a menos de 10 segundos.
Ventilação bolsa máscara:
• Aplicar a máscara facial em técnica E – C. Observe, nas ilustrações, que os dedos formam um E elevando a mandíbula e, simultaneamente, os dedos polegar e indicador formam um C pressionando a máscara sobre a face, promovendo vedação hermética;
• Observar expansibilidade torácica. A ausência de elevação do tórax indica que a ventilação por pressão positiva não está sendo eficaz; em contrapartida, a elevação torácica excessiva requer diminuição da pressão exercida na bolsa máscara devido ao risco de barotrauma.
 
 
Relação compressão/ventilação:• Aplicar 3 compressões para 1 ventilação por pressão positiva (3:1), se a causa da PCR for asfíxica;
• Aplicar 15 compressões para 2 ventilações por pressão positiva (15:2), se a causa da PCR for asfíxica;
• Aplicar compressões e ventilações coordenadas, se o RN estiver sem via aérea segura, ou melhor, se ainda não estiver entubado;
• Após entubação, as compressões e ventilações podem ser assincrônicas. Realize ventilação com durabilidade aproximada de 1 segundo e intervalo de 6 a 8 segundos.
Bibliografia
KAWAMOTO, Emília Emi... et all. Curso de especialização profissional de nível técnico em enfermagem; Livro do aluno Neonatologia de risco.. São Paulo. Fundap. 2011.
LOPES,Valdirene dos Santos. Enfermagem em Neonatologia. New Education. São Paulo. 2013.

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