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DIREITO PENAL III - Unicuritiba

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DIREITO PENAL III
CÁLCULO DA PENA PROVISÓRIA/INTERMEDIÁRIA 
Partindo da pena base, considera-se a presença de atenuantes ou agravantes, para chegar à pena intermediária.
Não existindo nenhuma agravante ou atenuante – a pena provisória será igual à pena-base.
A doutrina e a jurisprudência estabeleceram uma orientação de que: “cada circunstância legal vai aumentar/diminuir no valor de 1/6 da pena-base.”
1. O juiz não é obrigado a seguir esse valor, é um parâmetro. O juiz, analisando as peculiaridades do caso concreto, até pode aumentar/diminuir a pena em outro valor, mas deverá fundamentar qual foi o motivo que justifica atenuar ou agravar a pena naquela quantidade. A quantidade de 1/6 dispensa uma fundamentação.
2. A pena, aqui, também não pode ultrapassar o mínimo ou o máximo legal. Se já está no mínimo legal, a atenuante não será considerada; se já estiver no máximo legal, a agravante, também, não será considerada.
3. Mais de uma agravante/atenuante (apenas uma das duas) – cada circunstância implica na quantia de 1/6. Se forem duas, 2/6. Três, 3/6, e assim por diante.
Concurso de agravantes e atenuantes
· Artigo 67 do CP
Quando se tem as duas coisas, elas podem se cancelar. Para isso, deverá ser observado qual a circunstância preponderante naquele caso, para saber se vai agravar ou atenuar.
Agravantes e atenuantes subjetivas: todas aquelas que dizem respeito ao próprio agente, às características e condições pessoais do agente. E as que dizem respeito aos elementos subjetivos do agente (mentais, psíquicos...) – vontade, intenção, finalidades, motivos (dentro da cabeça do agente).
Agravantes e atenuantes objetivas: externo ao sujeito, diz respeito à ação criminosa, circunstâncias externas ao agente.
Extrai-se da lei (artigo 67) que as agravantes/atenuantes subjetivas, são preponderantes às objetivas.
Grau de preponderância:
1. A circunstância da minoridade relativa prepondera todas as outras, sempre.
2. Circunstâncias subjetivas.
3. Circunstâncias objetivas.
Se a agravante for preponderante (mais forte) do que a atenuante, quando ela vai agravar?
· Se a agravante estivesse sozinha, agravaria 1/6 da pena. Mas, se estiver em concurso com uma atenuante, será agravada em menos de 1/6 – o juiz terá de fazer essa análise no caso concreto, mas o razoável é que considere que a pena terá de ser agravada em menos de 1/6.
TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA
Aqui, será fixada a pena definitiva.
Causa de aumento ou de diminuição – majorante ou minorante.
As causas de aumento e de diminuição são parecidas com as agravantes e atenuantes, possuindo previsão de conteúdo muito definido pelo legislador, dando pouca margem de discricionariedade.
Podem aparecer em qualquer ponto do CP, desde a parte geral à especial.
· Se a majorante/minorante estiver na parte geral, aplica-se a todos os crimes do CP;
· Se estiver na parte especial do código, será aplicável apenas a um crime ou a um grupo de crimes, mas não a todos.
Exemplo: §2º do artigo 327 – o aumento vale para todos os “crimes previstos neste Capítulo”.
Será majorante/minorante quando tiver uma indicação expressa da quantidade de aumento ou de diminuição da pena – o próprio legislador diz qual será a quantidade –, usando uma fração ou um multiplicador.
Exceção: Artigos 70, 71 e 71 § único são regras de unificação das penas – concurso de crimes.
Nesta fase, é possível que a pena fique abaixo do mínimo ou acima do máximo legal.
Concurso entre causas de aumento e de diminuição
Exemplo:
Pena provisória – 6 anos
a) causa de aumento de pena: + 1/3
b) causa de diminuição: - 1/2
Duas formas de realizar essa fração:
1 – Sem efeito cascata ou de forma aditiva: pega cada uma dessas operações e realiza sobre a pena provisória.
PP: 6 anos + 1/3 de 6 anos – 1/2 de 6 anos.
PP: 6 + 2 – 3 = 5 anos
2 – Com efeito cascata ou de forma multiplicativa: aplica a primeira causa sob os 6 anos, chega no resultado desta primeira conta e aplica a segunda causa sobre esse resultado.
PP: 6 anos + 1/3 de 6 anos
PP: 6 + 2 = 8 anos
R: 8 anos – 1/2
Pena final = 8 – 4 = 4 anos
A lei não diz qual das formas aplicar em concurso de causas de aumento e de diminuição, então utiliza-se a forma mais benéfica para o réu – COM EFEITO CASCATA.
a) várias causas de aumento, sem nenhuma causa de diminuição -> deverá aplicar sem efeito cascata – de forma aditiva.
Exemplo:
PP = 6 anos, CA +1/3, CA +1/2
SEM EFEITO CASCATA: 6 + 2 + 3 = 11 ANOS
COM EFEITO CASCATA: 6 + 2 = 8 + 4 = 12 ANOS
b) várias causas de diminuição, sem nenhuma causa de aumento -> se diminuir com efeito cascata, diminui menos do que sem efeito cascata. 
· Risco da pena zero – ao aplicar a pena sem efeito cascata, a pena pode chegar a zero, ou até mesmo em um número negativo.
Exemplo:
PP = 6 anos, CD -1/2, CD -2/3.
COM EFEITO CASCATA: 6 – 3 = 3 – 2 = 1 ano
SEM EFEITO CASCATA: 6 – 3 – 4 = -1 ano (pena negativa)
Por isso, se tem várias causas de diminuição, aplica com efeito cascata, porque, apesar de ser menos benéfica, evita o risco da pena zero.
CONCURSO DE CRIMES
A dosimetria é parte de algo maior, a aplicação da pena.
A aplicação da pena é o conjunto dos procedimentos:
1. Dosimetria da pena
2. Concurso de crimes – prática de 2 ou mais crimes pelo mesmo agente
3. Fixação de regime inicial de cumprimento
4. Possibilidade de substituição da PPL
5. Possibilidade da suspensão condicional da pena
O magistrado seguirá para o concurso de crimes apenas quando o condenado praticou dois ou mais crimes. Se tiver praticado apenas um, pula esta etapa.
Exemplo: sujeito praticou três crimes
a) 2 anos
b) 3 anos
c) 5 anos
Como ocorrerá a unificação dessas penas?
Três formas teóricas diferentes para unificar as penas
1 – Sistema da absorção – não é adotado pelo nosso CP.
Quando o sujeito for condenado pela prática de dois ou mais crimes, a maior pena irá absolver as penas menores, e ele irá cumprir apenas a pena maior. As penas estarão sendo cumpridas simultaneamente. Cumpre 1 dia, conta um dia para todas as penas em que está cumprindo.
2 – Cúmulo material
Quando o sujeito é condenado por dois ou mais crimes, soma-se as penas e o condenado cumpre uma pena total, que corresponde ao cúmulo material das penas. Regra geral do CP.
Exemplo: Condenado por 5 anos em um crime e 2 anos em outro = cumprirá 7 anos (esse é o cúmulo material das duas penas).
3 – Cúmulo Jurídico
Intermediário entre o sistema da absorção e o cúmulo material.
Exemplo: Foi condenado a 2 anos em um, 3 anos em outro e 5 anos em outro = se fosse pela absorção, unificaria em 5 (absolveria as demais) e se fosse pelo cúmulo material, o sujeito teria de cumprir 10 (somatória de todas as penas). 
No cúmulo jurídico, ao unificar a pena, unifica de forma que a pena fique menor do que a soma, mas maior do que cada uma delas individualmente consideradas. Esse sistema fará com que se estabeleça em um patamar intermediário. Cria uma regra, fazendo com que a pena chegue num valor intermediário – Regras de exasperação – artigo 70 e 71 do CP – aplicado em alguns casos.
Regras de exasperação
Ao unificar, pena a maior dessas penas e aumentará em uma quantidade que a lei irá estabelecer.
Exemplo: artigo 70 – pena maior + 1/6 até 1/2.
No caso, ficaria entre 5a e 10m e 7a e 6m.
Artigos 69, 70 e 71 CP – três espécies de concurso de crimes, aplicando um sistema de unificação para cada uma delas.
Artigo 69 – concurso material de crimes
Artigo 70 – concurso formal de crimes
Artigo 71 – crime continuado (continuidade delitiva)
Relação de preferência – ordem para verificação, em razão dos requisitos dessas espécies.
1. A preferência absoluta é verificar se há concurso formal.
2. Não existindo, verifica se há crime continuado.
3. Não existindo, verifica se há concurso material.
Concurso material de crimes (subsidiária)
É a espécie mais comum de concurso de crimes. As penas serão unificadas através da regra do artigo 69 do CP – aplicam-se cumulativamente as penas – cúmulo material – somam-se as penas (REGRA GERAL).
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-secumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
 § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
 § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
O agente, mediante duas ou mais condutas, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não – aplicam-se cumulativamente as penas, serão somadas.
Concurso formal de crimes
É a espécie que tem preferência sobre as outras. 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Duas regras.
Ponto em comum: o agente pratica dois ou mais crimes, mediante uma única conduta. 
1ª espécie - concurso formal próprio: quando se identificar a presença de três requisitos no caso concreto.
1. Uma única conduta
2. Prática de dois ou mais crimes
3. Nesta conduta praticada pelo agente, existe unidade de desígnio (não existem desígnios autônomos)
Existem desígnios autônomos quando o agente pratica uma conduta, praticando dois ou mais crimes e ele tem intenção de praticar todos estes crimes. Uma única conduta, com a intenção de praticar todos esses crimes – intenções autônomas para cada crime. Aqui, há dolo direto em todos os crimes.
No concurso formal próprio, não existe isso, existe unidade de desígnios. O agente pratica a conduta sem intenção de praticar nenhum crime ou pratica a conduta com a intenção de praticar um único crime, mas acaba praticando dois ou mais crimes.
Pode haver a situação em que i) todos os crimes praticados pelo agente são crimes culposos; ii) com dolo eventual; ou iii) com dolo direto no 1º crime e dolo eventual ou culpa no 2º.
Aplica-se o sistema de cúmulo jurídico mediante uma regra de exasperação.
Pega as penas que o sujeito recebeu, pega a maior delas ou, se iguais, somente uma delas, e aumenta de 1/6 até 1/2. A lei não diz exatamente quanto irá aumentar, no entanto, existe um entendimento jurisprudencial consolidado que diz que quando há concurso formal próprio e irá aumentar a pena de 1/6 a 1/2, vai depender do número de crimes que o sujeito praticou.
Se praticou 2 crimes – aumenta em 1/6.
3 crimes – aumenta em 1/5
4 crimes – aumenta em 1/4
5 crimes – aumenta em 1/3
6 ou mais crimes – aumenta em 1/2
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. - Concurso Material Benéfico: Se aplicar a regra do concurso formal próprio (art. 70) e, por alguma razão, a exasperação fizer com que a pena fique maior do que ela ficaria em cúmulo material, não se aplica a exasperação e corrige isso aplicando a regra do cúmulo material, em benefício do réu. (A soma for mais benéfica do que a exasperação).
Exemplo:
Homicídio doloso (6 anos) + lesão corporal culposa (2 meses)
Exasperação: pega a pena maior (6 anos) + 1/6 (1ano) = 7 anos.
Cúmulo material: somo as duas = 6a 2m.
Nesses casos, não se aplica a exasperação, mas sim o cúmulo material.
2ª espécie – concurso formal impróprio: quando se identificar a presença de três requisitos no caso concreto.
1. Uma única conduta
2. Prática de dois ou mais crimes
3. Desígnios autônomos – intenção de praticar todos os crimes praticados – dolo direto em todos
Como o sujeito tinha intenção de praticar todos estes crimes, não aplica o sistema da exasperação, aplica o sistema de cúmulo material das penas – para evitar que alguém que quer praticar dois crimes planeje, mediante uma só conduta, praticá-los, para ter uma pena menor (mal uso intencional do benefício do concurso formal de crimes).
Crime continuado (continuidade delitiva)
O sujeito foi condenado por dois ou mais crimes. Não sendo caso de concurso formal, verifica-se se trata de crime continuado.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Três requisitos para a configuração do crime continuado:
1. Dois ou mais crimes da mesma espécie
2. Prática de duas ou mais condutas
3. Nexo de continuidade delitiva
Crimes da mesma espécie
São crimes que preenchem o mesmo tipo penal, abrangendo as formas qualificadas do crime. Ex: dois homicídios, dois furtos, dois roubos, duas receptações...
· Crimes que preenchem tipos diferentes, não são da mesma espécie. Ex: homicídio e lesão corporal, furto e roubo, corrupção passiva e concussão.
Abrangem as formas qualificadoras do crime. Ex: homicídio e homicídio qualificado, furto e furto qualificado, lesão corporal e lesão corporal qualificadas (grave e gravíssima).
Nesses casos, pode-se dizer que são crimes da mesma espécie, mas desde que claro que preencham os requisitos para a continuidade delitiva.
STJ -> decisões divergentes sobre o tema. Em algumas decisões, adota esse entendimento. Em outras, adota uma posição diferente, dizendo que são crimes da mesma espécie todos os crimes que ofendem o mesmo bem jurídico (posição minoritária). Ex: estupro e estupro de vulnerável, crimes contra a ordem previdenciária distintos.
Nexo de continuidade delitiva
Entre esses vários crimes da mesma espécie que o sujeito praticou, há a existência de homogeneidade de circunstâncias. Dois ou mais crimes praticados em circunstâncias semelhantes entre si (repetição de um mesmo modo de agir, padrão de ação), dando a percepção de que estão unidos em um grande crime continuado.
A verificação disso se dá pela existências de condições parecidas de tempo, lugar, maneira de execução e outras. Modos de execução tão diferentes, não existe entre eles, crime continuado. Semelhanças objetivas que vão fazer existir o crime continuado.
Necessidade ou não de algum requisito subjetivo para a configuração do crime continuado?
· A jurisprudência tem caminhado no sentido de que a configuração do crime continuado exige, além desses três requisitos, o requisito subjetivo: vínculo subjetivo ou desígnio unitário/unidade de desígnios – teoria objetivo-subjetiva.
· A doutrina tem rejeitado essa posição – artigo 71 expressamente diz os requisitos e nele, não possui menção a um requisito subjetivo. O artigo 71 adotou a teoria objetiva do crime continuado – a verificação do crime continuado se dá pela verificação de semelhanças objetivas entre as condutas.
· Problema da teoria objetivo-subjetiva: não está na lei. Seria criar, sem fundamento legal, um requisito a mais para a aplicação de uma figura que é benéfica ao réu quando aplicada e por isso, aparentemente, viola o princípio da legalidade.
Ainda, a jurisprudência não define o que é esse vínculo subjetivo necessário, não dá os contornos para ele e nem consegue diferenciar o que seria crime continuado do que seria reiteração ou habitualidade criminosa.
O código adota a teoria objetiva e, portanto, não é necessário a existência de requisito subjetivo para a configuração do crime continuado.
Para essa espécie de concurso de crime, aplica-se um sistema de exasperação de pena: pega a maior das penas e aumentar ela de 1/6 a 2/3. Dependendo do número de crimes, vai aumentando a fração.
Se o agente praticou 2 crimes – aumenta em 1/6.
Se o agente praticou 3 crimes – aumenta em 1/5.
Se o agente praticou 4 crimes – aumenta em 1/4.
Se o agente praticou 5 crimes – aumenta em 1/3.
Se o agentepraticou 6 crimes – aumenta em 1/2.
Se o agente praticou 7 ou mais crimes – aumenta em 2/3.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Se estiverem presentes algumas circunstâncias, o aumento da pena será maior do que 1/6 – crime continuado específico – se o aumento era de 1/6 até 2/3, agora é de 1/6 até 3x.
Para isso, é necessário que todos os crimes sejam dolosos, contra vítimas diferentes e cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa – além dos três requisitos do crime continuado.
Aqui, a definição da quantidade de aumento não será feita apenas com base no número de crimes:
O juiz analisará o número de crimes e algumas circunstâncias judiciais (6) e, com base nisso, definirá quanto vai aumentar na pena, fundamentando porque decidiu isso.
FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA
Determinação de qual regime o sujeito irá iniciar o cumprimento de sua pena.
Sistema progressivo de cumprimento de pena – por existir mais de um regime, durante a execução da pena o sujeito pode ser transferido para regimes mais leves (progressão) ou mais rigorosos (regressão).
· artigo 33, CP
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Três regimes de cumprimento de pena: fechado, semiaberto ou aberto.
Quatro elementos que irão determinar qual vai ser o regime inicial de cumprimento de pena:
a) espécie de pena privativa de liberdade – reclusão ou detenção.
Reclusão: PPL prevista para crimes. Pode ter como regime inicial – fechado, semiaberto ou aberto.
Detenção: PPL prevista para crimes. Pode ter como regime inicial – semiaberto ou aberto (pode ser transferido ao fechado durante a execução).
Prisão simples: PPL prevista para contravenções penais. Artigo 6º LCP. Pode ter como regime inicial – semiaberto ou aberto (não pode ir para o fechado por regressão).
b) reincidência
O condenado que for reincidente nunca poderá receber o regime inicial aberto, este é exclusivo para os réus não-reincidentes. Ele pode progredir para o regime aberto durante a execução, mas nunca poderá iniciar nele.
c) quantidade de pena aplicada 
-> artigo 387, §2º CPP – detração para fins de fixação de regime inicial: não olha apenas a quantidade de pena que o sujeito foi condenado. Desta, subtrai o tempo de pena que este sujeito permaneceu preso durante o processo será considerado tempo de pena cumprido.
Pena fixada pelo juiz na sentença – tempo que o réu ficou preso durante o processo = resultado: o que falta para cumprir, será levado em conta para aplicar o regime inicial de cumprimento de pena.
0 – 4 anos
4 – 8 anos
+8 anos
d) circunstâncias judiciais (artigo 59, CP)
Ou irão aparecer como um critério de definição do regime inicial, como critério de “desempate” dos outros três elementos;
Ou irão atuar como regra de modificação do regime inicial: Súmula 719, STF.
“A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.”
Motivação idônea – análise das circunstâncias do caso concreto (artigo 59). Dependendo se as circunstâncias forem muito favoráveis/muito desfavoráveis, o juiz poderá modificar o regime inicial.
Súmula 718, STF.
Não poderá utilizar da análise da gravidade abstrata do crime para fundamentar a modificação do regime.
ARTIGO 33, §2º, CP
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: 
      
Mas essas regras não irão abranger todas as hipóteses possíveis.
1º regra: alínea “a” – o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
O regime fechado só é possível para quem foi condenado à pena de reclusão. Se foi condenado a detenção ou prisão simples superior a 8 anos, será o regime mais severo possível – semiaberto 
2º regra: alínea “b” – o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
O réu reincidente, sempre que possível, irá cumprir a pena num regime mais severo do que o condenado primário. Se na pena de reclusão, o condenado não reincidente irá cumprir a pena em regime semiaberto, o condenado reincidente irá cumprir a pena em regime fechado.
Na detenção ou prisão simples, não pode colocar o sujeito no regime inicial fechado, mesmo que seja reincidente, portanto, irá para o semiaberto.
3º regra: alínea “c” – o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
O condenado reincidente na detenção e prisão simples irá para o regime semiaberto.
Na pena de reclusão - quando os três outros elementos (espécie, reincidência e quantidade) não estabelecerem o regime, utiliza-se como critério de desempate as circunstâncias judiciais do artigo 59.
· fechado: condenado reincidente a pena não superior a 4 anos + conjunto de circunstâncias judiciais desfavorável.
· semiaberto: condenado reincidente a pena não superior a 4 anos + conjunto de circunstâncias judiciais favorável.
Súmula 269 do STJ
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
	
	RECLUSÃO
	DETENÇÃO E PRISÃO SIMPLES
	FECHADO
	1. condenado a pena superior a 8anos;
2. condenado reincidente a pena superior a 4 e não superior a 8 anos;
3. condenado reincidente a pena não superior a 4 anos + conjunto de circunstâncias judiciais desfavorável.
	x
	SEMIABERTO
	1. condenado não reincidente a pena superior a 4 e não superior a 8 anos;
	1. condenado a pena superior a 8anos;
2. condenado não reincidente a pena superior a 4 e não superior a 8 anos;
3. condenado reincidente a pena superior a 4 e não superior a 8 anos;
4. condenado reincidente a pena não superior a 4 anos;
	ABERTO
	1. condenado não reincidente a pena não superior a 4 anos;
	1. condenado não reincidente a pena não superior a 4 anos;
Pode-se resumir as hipóteses do regime semiaberto em pena de detenção e prisão simples para:
1. sempre que o condenado for reincidente;
2. condenado a pena superior a 4 anos.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Por penas de outras naturezas.
Preenchidos os requisitos, poderá ser substituída por penas substitutivas (substitutivos penais) -> penas alternativas:
· PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO: elas não aparecem no preceito secundário do tipo. É aplicada em substituição às penas privativas de liberdade -> aplica a PPL prevista no tipo e depois, se for o caso, substitui pela PRD
a) substitutividade: substituem as PPL. 
b) autonomia: são autônomas – nunca serão aplicadas concomitantemente a uma PPL. Ou é uma, ou outra.
-> artigo 44, CP
· PENAS DE MULTA:
a) principal: quando o tipo penal prevê para aquele crime, uma pena de multa.
a1. cumulativa: quando o tipo penal prevê uma pena de multa junto com uma PPL (o mesmo tipo prevendo as duas penas). Artigo 155, CP.
a2. alternativa: o tipo prevê uma PPL OU uma pena de multa. O magistrado decidirá qual aplicar. Artigo 135, CP. -> com base no artigo 59, I, CP.
a3. isolada:não aparece no CP, aparece na lei de contravenções penais. Artigo 37.
b) substitutiva: aplicada em substituição à PPL.
REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PPL
· artigo 44, CP
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
1º requisito:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
Crimes dolosos: não superior a 4 anos + crime sem violência ou grave ameaça		
Crimes culposos: qualquer quantidade de pena. Toda PPL imposta por crimes culposos, podem ser substituídas.
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos.
Crimes dolosos: penas inferiores a 1 ano (não exige que seja sem violência ou grave ameaça).
2º requisito:
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
Reincidente em crime doloso: crime anterior deve ser doloso e o crime novo também.
Se o primeiro crime for um crime culposo; o novo crime for um crime culposo ou os dois crimes forem culposos, ele será reincidente, mas não em crime doloso. Nestes casos, a pena poderá ser substituída.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime
Desde que não haja reincidência específica + em face da condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável (efeitos sociais das duas possibilidades – PPL ou PSubstitutiva – qual atende melhor as necessidades da sociedade?)
3º requisito:
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Suficiência da substituição: artigo 59, IV. Suficiência para a reprovação e prevenção do crime. Juiz deverá analisar as finalidades da pena (retribuir e prevenir novas infrações). Se a substituição não se mostrar suficiente para isso, não aplica e mantém a PPL. A substituição só será cabível se, na análise das circunstâncias judiciais, a substituição seja suficiente para que a pena atinja suas finalidades de retribuição e prevenção de novos crimes.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Juiz analisou o caso concreto e verificou que será possível a substituição: por qual/quais penas irá substituir a PPL?
· artigo 44, §2º
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
a) penas iguais ou inferiores a 1 ano: 1 pena substitutiva -> multa ou 1 PRD.
b) penas superiores a 1 ano: a PPL pode ser substituída por 2 penas substitutivas -> 1 PRD + multa OU 2 PRD.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
· Pessoais (recai sobre outro direito do réu, não patrimonial)
-> artigo 55, CP
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
a) PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. 
§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. 
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais.
O sujeito será condenado a prestar esses serviços, sem remuneração.
Essa prestação será sempre vinculada a alguma entidade/programa que tenha alguma finalidade social – sem fins lucrativos.
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
A duração de uma pena restritiva de direito pessoal, é a mesma de uma PPL. Aqui, deverá ser feita uma conversão – transformar o tempo da condenação em horas de prestação de serviço à comunidade.
1d -> 1h.
Ele deverá cumprir essas horas durante o tempo da condenação.
Ex: condenado a 6 meses de PPL. Convertendo para a prestação, teria de cumprir 180h dentro desses 6 meses da condenação.
Preferencialmente, deverá ser atribuído ao condenado tarefas que sejam compatíveis com habilidades que ele já tem, para tentar aproveitar o melhor que aquele sujeito tem (socialmente mais interessante) e, ainda, não exigir que ele realize uma atividade que ele não tem condições de realizar de forma correta e que depois alguém pode ter de refazer, ou ele se coloque em risco, demore muito para fazer...
Se o sujeito tem de cumprir uma carga horária ao longo da duração da pena, o calendário dele será estabelecido de forma que não prejudique a jornada normal de trabalho – prestará o serviço antes, depois do trabalho, dia sim dia não, nos finais de semana... para não conflitar com as atividades profissionais do acusado. Ideia de ressocialização. Não faria sentido se o sujeito tivesse que sair do trabalho para cumprir essa prestação.
§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
Se for condenado a mais de um ano e tiver mais de 360h para cumprir, pode permitir que ele acelere esse cumprimento – poderá cumprir mais de uma hora por dia, para cumprir mais rápido. Mas, não poderá acelerar tanto, que esse período caia pela metade. Pode acelerar para cumprir até, no máximo, na metade do tempo.
b) LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA
· artigo 48, CP
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (não é obrigado)
A ideia é que esse tempo que o sujeito fica nessa casa de albergado, se destine a promover a sua ressocialização, reintegração social, completar estudos...
Praticamente nenhuma comarca tem casa de albergado, portanto, por não existirem, acabou se convertendo numa obrigação de recolhimento domiciliar – na sua própria residência – por 5h no sábado e no domingo, em horário fixado pelo juiz. Desse modo, não tem como promover a ressocialização.
c) INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS
Grupo de penas que permitem a suspensão temporária do exercício de alguns direitos do condenado – durante do tempo que foi condenado.
A melhor interpretação para isso é a de que cada uma dessas interdições só podem ser aplicadas em determinada situações, deve ter alguma relação com o crime que o sujeito praticou – como se ele tivesse abusado de um direito quando praticou o crime e como consequência terá a interdição desse direito que ele abusou.
· artigo 47
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poderpúblico;
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes.
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito.
Regulamentação específica derroga a norma geral do CP, porque o CT dispõe mais especificadamente sobre essa suspensão da habilitação (artigos 292 e 293 do CTB)
IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
Nesses casos, sempre que a presença do sujeito em determinado lugar possa atuar como um fator de estímulo a reincidência. É uma ideia de prevenção especial negativa. Evita que o sujeito frequente aquela localidade para evitar a reincidência.
Ex: sujeito condenado por participar de brigas, vandalismos em estádio de futebol – pode ser proibido de frequentar estádios de futebol.
V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
É possível sempre que o sujeito for condenado por crimes que envolvam fraudes a concursos públicos, vestibulares, etc.
· Patrimoniais ou reais
a) PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
- artigo 45, §1º CP
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
Ordem de “preferência”: prioritariamente, é um pagamento em dinheiro à vítima (natureza indenizatória pelos prejuízos sofridos com a prática do crime). Se o condenado já pagou X a título de prestação pecuniária, ele não vai pagar de novo.
Ex: Pagou R$1.000,00 a título de prestação pecuniária e na esfera cível foi condenado a R$1.500,00, reduz os R$1.000,00 já pagos e indenizará à vítima os R$500,00 faltantes.
Se, no momento em que essa prestação estiver sendo executada a vítima já tiver falecido, a prestação será direcionada aos dependentes/sucessores da vítima.
Para entidades: só vai acontecer quando o crime praticado pelo agente for um crime que não possui vítima determinada (ex: crimes contra a coletividade) ou quando não possui dano mensurável à vítima. O ideal é que se direcione a uma entidade relacionada ao crime praticado
O juiz fixará o valor – nunca será inferior a 1 s.m. e nem superior a 360 s.m.
Dois problemas:
· se o prejuízo da vítima for menor do que 1 s.m., teve um prejuízo de R$500,00 – condena o sujeito a 1 s.m., dá os R$500,00 de indenização para a vítima e o restante, destina a uma entidade com destinação social.
· se o dano causado a vítima for superior a 360 s.m. – o juiz fixa a prestação pecuniária em seu valor máximo, 360 s.m. e a vítima busca na esfera cível a complementação desse valor.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
Ao invés de condenar o sujeito em prestação de pagamento em dinheiro, o juiz pode fixar uma prestação de outra natureza – obrigação de fazer, etc.
b) PERDA DE BENS E VALORES
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime.
O magistrado irá determinar o perdimento de bens e valores mas não irá determinar quais bens irá perder, ele determina o valor. “Perda de bens e valores no valor de R$...”.
Fundo Penitenciário Nacional – manutenção, reforma, expansão do sistema penitenciário.
Valor máximo – o que for maior entre 1. o prejuízo causado e 2. o provento obtido pelo agente ou por terceiro.
Ex: 1. prejuízo causado – R$5.000,00
2. provento econômico obtido – R$ 3.000,00
O juiz poderá fixar a perda no maior dentre os dois. Nesse caso, em R$ 5.000,00.
Mesmo pensando no prejuízo causado à vítima, será destinado ao fundo penitenciário nacional e não à vítima.
PENA DE MULTA
· artigo 49 CP
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
Sistema dos dias-multa – para aplicar a pena de multa:
a) determinar a quantidade de dias-multa – 10 a 360 dias-multa – dosimetria desse valor (sistema trifásico) – existem crimes com leis especiais estabelecendo outros patamares de mínimo máximo, como por exemplo o crime de tráfico de drogas – 500 a 1500 dias-multa. 
b) estabelecer o valor de cada dia-multa – proporcional a renda diária
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
1 dia-multa = renda média diária do condenado. Renda média diária = renda média mensal/30.
Art. 49
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
O valor de cada dia-multa deve ser fixado entre 1/30 a 5 S.M.
Art. 60
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Se o juiz entender que 5 S.M é pouco, poderá triplicar esse valor, dando o limite de até 15 S.M.
Valor de cada dia-multa: 1/30 a 15 S.M.
SURSIS – ver resumo professor
19/05 – EFEITOS DA CONDENAÇÃO
São efeitos produzidos pela condenação criminal, de forma automática (alguns). Não importa a pena aplicada ou o regime, a existência da condenação criminal gera esses efeitos.
· artigos 91, 91-A e 92 do CP
Efeitos genéricos da condenação
Toda condenação pode produzir esses efeitos – só é compatível com alguns casos.
1. Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”.
Para executar uma dívida no processo civil, ela deve ser certa, líquida e exigível. A existência da condenação criminal cria a certeza do autor do crime de indenizar, a vítima só terá de entrar com ação apenas para determinar o valor da indenização.
2. A perda dos instrumentos em favor da União
O artigo 91, II, “a”, do Código Penal, determina que:
Art. 91 - São efeitos da condenação:
(...)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito”.
Instrumentos do crime são todos os objetos/bens que o agente usa para praticar o crime. Os bens lícitos não são perdido, só os ilícitos.
Ex: sujeito utilizou uma faca para cometer um crime - não perderá a faca para a União, porque é um bem lícito.
Se é pego transportando droga, perderá para a União, porque é ilícito.
Medicamento de uso proibido no Brasil, portando arma de fogo de uso restrito das forças armadas ou arma não registrada no nome dele -> perde para a União.
Duas exceções: 
1. relativa ao tráfico de drogas/trabalho escravo ou condições análogas – artigo 243, parágrafo único da CF – tudo o que for confiscado como instrumento utilizado para o tráfico de drogas, lícito ou ilícito, será objeto de perdimento. Inclui carro, celular, propriedade onde plantava droga...
“Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei”.
A perda sempre irá ressalvar o terceiro de boa-fé. Por exemplo o filho que usava o carro da mãe para transportar droga – amãe não sabia disso, portanto não irá perder o carro por isso se ficar comprovado que, de fato, o carro era dela e ela não sabia da prática.
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
Confisco alargado de bens: perda dos produtos do crime – 91-A, §1º ao 4º
No §5º, existe uma regra que não tem nada a ver com o resto do artigo 91-A: trata da perda dos instrumentos do crime.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes.
Os instrumentos usados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias. É um perdimento só dos instrumentos ilícitos ou é a perda de todos os instrumentos? Não tem como saber. Interpretando sistematicamente/historicamente/teleológicamente, podemos entender que perde todos os instrumentos, senão seria redundante com o outro artigo. A regra só faz sentido se se tratar do perdimento de todos os instrumentos do crime – o acusado pode alegar que não pode perder todos os instrumentos, porque isso não está escrito na lei.
Devem ser declarados perdidos – na sentença, o juiz tem que identificar expressamente um a um, os instrumentos que serão perdidos, não é automático.
3. Perda dos proveitos do crime
Artigo 91, II, “b”:
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Produto do crime – tudo que obtém diretamente, imediatamente com a prática do crime.
Proveito do crime – se o agente recebe algum produto do crime e transforma ele, realiza alguma negociação, utiliza ele de alguma forma e obtém alguma outra coisa, tudo o que ele recebe, de forma indireta, do crime, é proveito do crime. Ex: roubou um celular e vendeu, ficou com o dinheiro.
22/05
26/05
29/05 – CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE – artigo 107, CP
· Abolicio Criminis
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Retroatividade de lei nova que não mais considera o fato como crime (depois de o agente já ter praticado). Descriminalização. Lei mais benéfica que retroage -> beneficia todo mundo que praticou o crime antes dessa lei entrar em vigor. 
Se for posterior ao trânsito em julgado da condenação -> artigo 2º, CP: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Condenação não vai gerar reincidência, etc.
A lei deixa de fora os efeitos extrapenais dos artigos 91, 91-A e 92 – estes, não serão extintos com a abolicio criminis.
· Renúncia do direito de queixa ou perdão do ofendido
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
Só existem em ação penal privada – MP não pode oferecer denúncia, a ação penal só é iniciada com a iniciativa privada, através da queixa-crime – não existe na ação pública (condicionada ou incondicionada).
Renúncia ao direito de queixa: alguém que tem legitimidade para propor uma queixa-crime, mas acaba abdicando a faculdade de exercer/renuncia o direito de queixa, antes de propô-la.
Pode ser expressa – por escrito, em declaração firmada, assinada pelo legitimado.
Pode ser tácita – quando a pessoa que tinha legitimidade para propor, pratica um ato incompatível com a vontade de ver processado o autor do crime – ex: o sujeito pratica um crime contra minha honra e eu o convido para ser padrinho do meu filho (??)
Princípio da indivisibilidade da ação penal: se vou processar o autor do crime, preciso necessariamente processar todos os autores daquele crime – caso a vítima de um crime que tenha sido praticado por mais de um autor, renuncie o direito de queixa contra um dos autores, se estende aos demais.
Agora, um crime praticado contra várias vítimas, não se estende. Cada uma pode renunciar o SEU direito de queixa, caso uma delas renuncie, não impede que os outros ofendidos ingressem com uma ação penal.
Perdão do ofendido: as mesmas regras da renúncia ao direito de queixa, com 2 diferenças:
A renúncia ao direito de queixa é algo que acontecia necessariamente antes do oferecimento da queixa, o perdão do ofendido acontece durante a ação penal, seria uma “desistência” do querelante de prosseguir com uma ação penal, podendo acontecer desde o oferecimento da queixa, até o trânsito em julgado.
O perdão deve ser aceito pelo querelado (que está respondendo à ação penal privada). Isso porque, ele pode querer ter um motivo para que a ação prossiga, provar a sua inocência, por exemplo, se ele tiver provas para a absolvição. 
Quanto houver perdão do ofendido, o réu será intimado para no prazo de 3 dias dizer se aceita, rejeita ou não se manifesta sobre o perdão (nesse caso, o silêncio será interpretado como aceite tácito do perdão).
· Perdão judicial
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Em algumas situações, a lei vai autorizar o juiz, em razão de circunstancias especiais no caso concreto, a deixar de aplicar a pena ao sujeito. Quando o juiz aplica, a sentença não é condenatória, será uma sentença declaratória da extinção da punibilidade (se não existe condenação, não existe nenhum efeito da condenação).
Um exemplo é o artigo 121, §5º do CP: homicídio culposo no trânsito, levando a morte de uma pessoa que estava dentro do próprio carro do condutor (as consequências do crime já atingem o agente de forma tão grave, que a sanção penal se torna desnecessária).
Outro exemplo é a delação premiada – artigo 4º da lei das organizações criminosas.
Art 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
02/06
· Prescrição – perda de algo porque o titular de um direito não exerceu ele no prazo que deveria. É a perda da pretensão punitiva/ius puniendi do Estado (poder/dever de julgar alguém e aplicar uma pena). Pretensão executória (dar cumprimento a pena que aplicou).
Se o Estado não aplica a pena em determinado prazo, a pretensão punitiva prescreve. Se aplica a pena mas não a executa dentro de determinado prazo, a pretensão executória prescreve.
Prescrição da pretensão punitiva
O Estado não consegue aplicar a pena dentro de um determinado prazo.
O prazo para aplicar a pena compreende processar, condenar, aplicando uma pena e obter o trânsito em julgado dessa condenação do sujeito. Se não conseguiu obter o trânsito em julgado da condenação dentro do prazo, a pretensão punitiva prescreveu. Só assim o prazo prescricional para de correr.
Se divide em duas espécies:
a) prescrição da pretensão punitiva abstrata (nessa espécie, os prazos prescricionais são definidos pela pena abstrata do crime). Usa a pena máxima do crime para observar.
Prazos prescricionais: sempre através do artigo 109 do CP. “Tabela” de prazos prescricionais de cada pena diferente. Nessa espécie de prescrição, analisa com base sempre na pena máxima de um crime.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e nãoexcede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Se o sujeito praticou e está sendo condenado por dois crimes, a prescrição de cada crime é analisada de forma separada. Pode ser que um prescreva ou não, mesmo que ligados por concurso de crime (artigo 119, CP).
Os prazos prescricionais podem ser reduzidos pela metade – artigo 115, CP.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
Termo inicial dos prazos prescricionais: artigo 111, CP.
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
Essa regra não se aplica automaticamente para todos os crimes. Nos crimes permanentes (em que se tem um período de consumação) – III – no final da permanência, quando se cessou.
II – tentativa: o prazo começa no dia em que cessou a atividade criminosa (quando executou o último ato de execução).
IV – bigamia, falsificação ou alteração de assentamento do registro civil (livro de registro civil): a prescrição só começa a contar no dia em que o fato se tornou conhecido.
V - contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes: só começa a correr na data em que a vítima completar 18 anos, a não ser se ação penal for proposta antes, aí começa a contar na data em que a ação foi proposta.
Exemplo: 
estelionato praticado hoje
termo inicial: 02/06/2020.
prazo para obter uma condenação criminal transitada em julgado/data final do prazo: 01/06/2032. No dia 02/06/2032 está prescrito.
Causas interruptivas da prescrição: alguns fatos processuais interrompem o prazo prescricionais – sempre são decisões judiciais. 
Interrupção de prazo é quando o prazo está correndo, é interrompido, e quando volta, o prazo começa a contar do 0, recomeça. Cada vez que se tem uma causa interruptiva, o prazo reinicia do zero.
· artigo 117, I a IV
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (há divergência – o que foi consolidado é que vai poder ser aplicado uma vez só em cada processo: i. se a sentença de 1º grau for condenatória, interrompe o prazo prescricional (se for objeto de recurso, acórdão não interrompe o prazo); ou ii. se for sentença absolutória, não interrompe o prazo prescricional, se a acusação recorrer e o tribunal reformar a sentença e condenar o réu que tinha sido absolvido, o acórdão condenatório interrompe o prazo prescricional).
Os incisos I e IV valem para todo processo.
Exemplo:
estelionato – P.máx 5 anos – prescrição em 12 anos
termo inicial em 2020 – em 2025 o MP ofereceu a denúncia e o juiz recebeu (interrompe o prazo prescricional, porque até aqui ainda não prescreveu) – prazo começa a contar de novo – 2030 há a publicação da sentença condenatória (interrompe o prazo prescricional), a partir daqui não tem nenhuma outra causa interruptiva – 2040 há o trânsito em julgado da condenação (termo final, passou 10 anos).
· no total, passou 12 anos, mas não teve prescrição porque durante as causas interruptivas, não se passou 12 anos corridos.
· se fosse o caso do réu ser menor de 21, o prazo prescricional viraria de 6 anos e aí sim ocorreria a prescrição, porque desde a sentença até o trânsito em julgado passou 10 anos, prescreveu em 2036.
No rito do Júri, tem duas causas interruptivas a mais: II e III
termo inicial – 1. recebimento da denúncia – 2. decisão de pronúncia (juiz manda o sujeito para julgamento no plenário) – 3. no Júri, a decisão recursal que confirma a pronúncia – 4. publicação da sentença condenatória – trânsito em julgado
05/05 – continuação Prescrição
Se aconteceu a prescrição abstrata, já prescreveu. Se não prescreveu e o réu não foi absolvido, passa a correr um outro tipo:
-> sentença/acórdão condenatório
b) prescrição da pretensão punitiva concreta – a condenação impõe ao réu uma pena concreta/aplicada. Quando a pena é aplicada, ainda pode ser aumentada ou diminuída, porque a decisão pode ser objeto de recurso pela defesa ou pela acusação.
As decisões transitam em julgado em momentos diferentes para a acusação e para a defesa – se a defesa recorreu, não transita em julgado para a defesa. Se a acusação não recorre no prazo em que deveria, transita em julgado. Se nenhuma recorre, transita em julgado para as duas.
A existência de uma condenação criminal, transitada em julgado para a acusação: pena aplicada que não pode mais ser aumentada – essa é a nova pena máxima. A prescrição da pretensão punitiva abstrata para de existir e entra em seu lugar a prescrição da pretensão punitiva concreta – os prazos prescricionais passam a ser definidos por essa pena concreta. Artigo 109, CP (prazos).
O prazo prescricional quase sempre vai ser menor do que antes. Esse novo prazo não vale só desse momento pra frente, vale também para trás (retroage).
Exemplo:
· acusado de estelionato – pena abstrata máxima de 5 anos – prescreve em 12 anos
termo inicial em 2015 -> recebimento da denúncia em 2018 -> publicação s/a condenatório em 2027 -> trânsito em julgado para ambas as partes
Pela pena abstrata, não ocorreu a prescrição.
· pena concreta fixada em 2 anos – transitou em julgado para a acusação, o prazo prescricional vai ser menor do que quando era abstrata – prescreve em 4 anos
Da pena concreta, ocorreu a prescrição a partir do recebimento da denúncia até a publicação da s/a condenatório, que se passaram 9 anos.
A prescrição da pretensão punitiva concreta não pode ocorrer entre o termo inicial e o recebimento da denúncia.
Formas de prescrição da pretensão punitiva concreta, a depender do momento em que acontece:
· publicação da sentença/acórdão condenatório: se a prescrição for depois disso, será intercorrente. Se acontecer em período anterior, será retroativa.
Retroativa: entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença/acórdão condenatório. Momento anterior;
Intercorrente: entre a publicação da sentença/acórdão condenatório e o trânsito em julgado. Momento posterior;
09/06
Prescrição da pretensão executória
Punibilidade do Estado ligada a 2 poderes/deveres: pretensão punitiva (ius puniendi – aplica a pena) e pretensão executória (ius ponicionis).
A pretensão executória é o poder/dever do Estado de executar a pena que foi aplicada, fazer o condenado cumprir. Também está sujeita a prazos prescricionais – tem um prazo para executá-la, se não executar dentro do prazo estabelecido, prescreve – vai acarretar somente a extinção da pena, não será executada, mas a condenação continuará existindo, bem como os outros efeitos da condenação.
Valor indenizatório pode ser – pena pecuniária ou 387 CPP. Se fixa um valor maior do que o dano, a defesa pode recorrer. 
O Estado não executou a pena dentro do prazo que deveria, então perde o poder de executá-la.
Prazos prescricionais: artigo 110 do CP. Conta-se a partir da pena aplicada (concreta). Artigo 109, CP – prazos prescricionais, mesmos prazos da prescrição da pretensão punitiva. Artigo 113, CP – “tempo que resta da pena” – essa regra prevalece: se ele já cumpriu parte da pena e falta um pedaço, o prazo da prescrição vai ser regulado apenas por esse período restante.
Exemplo:
Condenadoa 4 anos e 6 meses, mas ficou em prisão preventiva durante 9 meses, esse tempo será descontado da pena (detração penal) – restam 3 anos e 9 meses de prisão a serem cumpridos. O prazo prescricional será encontrado a partir desse tempo que resta da pena.
Se, depois de 1 ano cumprindo pena ele se evadiu, (resta 3 anos e 6 meses), começa um prazo de prescrição executória com base no que resta da pena.
Os prazos prescricionais são reduzidos pela metade se o condenado era menor de 21 anos na época do fato ou maior de 70 na data da sentença.
Na prescrição da pretensão executória, os prazos prescricionais aumentam em 1/3 se o sujeito for reincidente.
Termo inicial do prazo prescricional da pretensão executória: artigo 112, CP.
Regra geral – ocorre inicialmente em todas as execuções de pena, artigo 112, I: o prazo começa a correr na data do trânsito em julgado da condenação para a acusação. Transitou em julgado para a acusação, o prazo prescricional começa a correr – quando a defesa recorre, tem efeito suspensivo e a pena não pode ser executada ainda, só pode depois do trânsito em julgado; apesar do recurso ter efeito suspensivo para a execução da pena, o prazo prescricional já começou: o Estado não pode executar mas o prazo já está correndo. Esse é o prazo para o Estado dar início à execução.
2º hipótese: inicia com a decisão que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional – benefícios que dão ao condenado o benefício de não cumprir a pena. Quando o juiz revoga, a pena que estava suspensa, agora tem que ser executada: no dia em que revoga, começa a correr o prazo da prescrição executória.
3º hipótese: inicia a correr no dia em que se interrompe a execução (interrupção indevida). Por exemplo a fuga, evasão. No dia em que se interrompe, o Estado tem o dever de recapturar o sujeito e fazê-lo terminar de cumprir a pena. Se não recaptura, o prazo prescricional corre com base no tempo restante de pena, e se esse passa em branco, a pena será extinta.
Exemplo:
Pena de 5 anos – prescreve em 12 anos – réu solto
Trânsito em julgado para a ac. (2010) começa a correr o prazo de prescrição – se até 2022 não iniciar a execução, a pena está prescrita. – 2015 o réu foi preso (início da execução) – ficou 2 anos preso – 2017 recebeu livramento condicional, devendo cumprir algumas condições – 2018 o livramento condicional é revogado (não cumpriu as condições que deveria) e passa a correr de novo a prescrição da pretensão executória (falta para ele cumprir 3 anos de pena – prazo prescricional de 8 anos) – 2025 o sujeito é preso (reinício da execução), ainda não houve prescrição porque só passou 7 anos – sujeito cumpre 2 anos e em 2027, se evade da prisão (a partir daí, começa a contar de novo o prazo prescricional, mas agora falta apenas 1 ano, que prescreve em 4 anos) – 2031 e o sujeito não foi preso, houve a prescrição da pretensão executória.
· livramento condicional as vezes é computado como tempo de pena, as vezes não 
Causas interruptivas da prescrição executória: 
a) início ou reinício da execução – sempre que o Estado inicia a execução da pena, o prazo da prescrição executória para; só reinicia se a execução for interrompida. Sempre que a pena está sendo cumprida, o prazo da prescrição executória não está correndo.
b) reincidência – se o sujeito foi condenado, não está cumprindo a pena (prazo da prescrição executória está correndo) e, em algum momento, ele reincide e pratica outro crime, a data da reincidência (do fato) interrompe o prazo da prescrição executória – zera e faz ela começar de novo.
Problema: se o sujeito for absolvido pelo novo fato, não houve reincidência, o prazo não deveria ter sido interrompido. O sujeito deveria ser condenado, não levar em conta apenas a prática do novo crime. 
-> artigo 63, CP – COMETE novo crime.
16/06 
Medida de Segurança
A sanção penal pode ser uma pena (privativa de liberdade, multa, restritivas de direito), que é a sanção penal imposta ao autor de uma infração penal; ou uma medida de segurança, que também é uma sanção penal imposta pelo direito penal.
Medida de segurança é a sanção penal aplicada ao não imputável autor de um injusto penal, desde que dotado de periculosidade, com finalidade de prevenção especial.
· Imposta ao não imputável – não significa que é imposta ao inimputável, não são a mesma coisas. O sujeito não imputável não é necessariamente um inimputável: a) imputáveis (apenas poderá receber pena, nunca vai receber medida de segurança), b) semi-imputáveis (as vezes recebe pena, as vezes medida de segurança) e c) inimputáveis (só pode receber medida de segurança, nunca vai receber pena). Nunca recebe pena e medida de segurança ao mesmo tempo – sistema vicariante do sistema penal.
· Injusto penal – conduta típica e antijurídica; condutas atípicas/lícitas não podem gerar sanção penal; se o que ele fez tivesse sido feito por um imputável, seria crime.
· Dotado de periculosidade – condição de antissociabilidade, sujeito que, por alguma questão mental/psíquica, não revela uma confiabilidade social (não é possível confiar que esse sujeito vai agir conforme o direito), não tem a mesma capacidade de autocontrole e racionalização das demais pessoas; o estado mental dessas pessoas torna elas perigosas no convívio social. Por exemplo: possui uma doença mental que provoca nele surtos de agressividade – a finalidade da medida de segurança é justamente controlar/curar essa periculosidade.
· Finalidade exclusiva de prevenção especial – recai especialmente sobre a pessoa em que se aplica a medida segurança, para que ela, através de tratamento médico, obtenha um controle de sua periculosidade. Se possui uma doença mental e for possível curá-la, a medida de segurança vai tentar fazer isso. Se a doença mental não pode ser curada ou não tem doença mental, mas sim desenvolvimento mental retardado, a medida de segurança vai tentar controlar a periculosidade, já que não pode curá-la.
A imposição da medida de segurança possui 3 requisitos a serem preenchidos:
a) ausência de imputabilidade plena – só pode impor medida de segurança para alguém que não é imputável de forma plena – inimputável ou semi-imputável;
b) prática de um injusto penal – conduta típica e antijurídica;
c) periculosidade – se não tiver periculosidade, não vai se aplicar a medida de segurança.
Duas espécies de medida de segurança, variando na forma em que são cumpridas:
1. Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (detentiva) – o sujeito vai ser detido num hospital de tratamento e custódia; fica recolhido em tempo integral nesse estabelecimento onde tentará buscar o controle de sua periculosidade – ex: complexo médico penal.
2. Tratamento ambulatorial (não detentiva) – o sujeito não necessita de internação em período integral num hospital; ele permanece em liberdade, mas com a obrigação de se submeter a determinado tratamento – ex: fazer exames médicos, tratamentos.
Lei: se o sujeito praticou uma conduta típica, que a lei prevê reclusão, a lei diz que é obrigatória a internação em hospital de custódia e tratamento. Se, no entanto, o tipo penal prevê detenção, as duas coisas são permitias (internação ou tratamento ambulatorial) – artigo 97, CP
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
19/06
Se se verificar que o sujeito possui periculosidade, ela será verificada pelo exame de verificação de periculosidade. Se o sujeito é inimputável, a sentença penal não será condenatória, será absolutória (absolvição imprópria, porque ainda assim será imposta uma sanção) e receberá uma medida de segurança. Ao impor a medida de segurança, o juiz estabelecerá o prazo mínimo de duração desta (artigo 97, §1º do CP).
Duração da medida de segurança
O prazo mínimo é a duração mínima do tratamento que o sujeito será submetido – entre 1 ano e 3 anos – o prazo mínimo é o prazo para a realização do exame de cessação da periculosidade (para descobrirse ela permanece ou não). 
O juiz irá estabelecer os quesitos ao perito para saber qual das duas espécies o perito considera mais adequada e qual o tempo mínimo de tratamento sugerido por ele.
Realizado o exame de cessação de periculosidade, poderá constatar:
a) ainda há periculosidade, ela não se cessou – não foi controlada.
Se, depois do prazo mínimo, a periculosidade persiste, a medida de segurança vai ser prorrogada por prazo indeterminado e, a partir disso, no mínimo uma vez ao ano, deve ser realizado novo exame de cessação da periculosidade. Enquanto a periculosidade permanecer, vai se prorrogando a medida de segurança e realizando o exame para constatar se ela se cessou ou não.
-> artigo 97, §2º, CP
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução
Exemplo: 
Juiz fixou o prazo mínimo em 2 anos, mas depois de 1 ano há indicativos de que a periculosidade do sujeito já foi cessada – poderá realizar o exame antes, havendo pedido de alguma das partes ou caso o juiz verifique a necessidade.
Antes, o entendimento era de que enquanto persistisse a periculosidade, era mantida a medida de segurança. Isso mudou com a Súmula nº 517 do STJ.
Súmula 517 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”.
Ao final dessa duração máxima, a medida de segurança deverá ser extinta. Se ao fim deste prazo, persiste a periculosidade, pega essa medida de segurança (natureza penal), remete à esfera cível e a converte em uma internação compulsória (natureza cível) que, como não é sanção, não tem necessariamente um prazo máximo.
b) houve a cessação da periculosidade;
Nesse caso, não é mais necessária a medida de segurança. A extinção da medida de segurança vai acontecer em 2 etapas diferentes:
i. primeiro, irá a suspensão da medida de segurança por 1 ano – pode ser que durante este ano, na verdade, se constate que não cessou a periculosidade, realmente. Pode ser que tenha um caso de piora e a periculosidade reapareça. Se, durante este 1 ano, houver indício de que a periculosidade reapareceu, faz um novo exame de verificação de periculosidade e caso se constate que ainda há periculosidade, pode revogar a suspensão e retomar a medida de segurança. Se, depois de 1 ano, a periculosidade não reapareceu, aí sim será extinta. (O exame só será realizado se houver indício de que a periculosidade voltou).
ii. extingue a medida de segurança

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