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PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 9 (Provas comentadas) Olá, pessoal! Estamos chegando à reta final do curso. Assim, aplicar os conteúdos realizando provas MARCANDO O TEMPO DE EXECUÇÃO é muito importante!!! Vamos começar com duas provas com gabarito de cinco alternativas. Em seguida, veremos mais duas provas com marcação de certo e errado. Assim, você vai poder perceber a diferença de postura diante dessas provas!!!!! Prova 1 (TRT RJ – 2008 – nível superior) Formalidade bate recorde 1 5 10 15 20 25 30 Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam para a criação de 554 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre deste ano, o que representa recorde histórico para esse período. A série de dados do CAGED tem início em 1992. Contra os três primeiros meses de 2007, quando foram criadas 399 mil vagas (recorde anterior), segundo informações do MTE, o crescimento no número de empregos formais criados foi de 38,7%. “Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos, bombou”, afirmou o ministro do Trabalho a jornalistas. Para o ano de 2008 fechado, o ministro manteve a previsão de criação de 1,8 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. “Vai ser novo recorde, apesar da taxa de juros”, disse ele em referência à decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central de elevar os juros de 11,25% para 11,75% ao ano. Em 2007, recorde para um ano fechado, foram criados 1,61 milhão de empregos formais. Segundo o ministro, a demanda interna permanece “muito aquecida”. “Esse aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, até chegar ao consumidor, demora. Quem compra fogão, geladeira e carro a prazo vai perceber um aumento real de juros maior do que 0,5 ponto percentual. Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis”, disse ele. Para o ministro do Trabalho, a decisão do COPOM de subir os juros neste mês, e nos subseqüentes, conforme projeção do mercado financeiro, pode impactar um pouco a criação de empregos formais mais para o final de 2008. “Esses próximos três meses vão continuar sendo muito fortes na criação de empregos com carteira assinada”, avaliou ele. O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os juros de “precipitada”. “É um erro imaginar que há inflação no Brasil. Temos alguns produtos subindo de preços, como o trigo e outros produtos, por causa das chuvas, ou falta de chuvas. Os preços dos bens duráveis (fogões, geladeiras e carros, por exemplo, que são impactados pela Português p/ Câmara dos Deputados (Analista Legislativo) (Teoria e questões comentadas) PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 2 35 40 decisão dos juros) não estão aumentando”, disse ele a jornalistas. O ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior se dará nas operações de comércio exterior. Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o Brasil e, com isso, pressionar para baixo o dólar. Dólar baixo, por sua vez, estimula importações e torna as vendas ao exterior mais caras. Por conta principalmente do dólar baixo, a balança comercial teve queda de 67% no superávit (exportações menos importações) no primeiro trimestre deste ano. A criação de empregos formais no primeiro trimestre deste ano cresceu em quase todos os setores da economia. No caso da indústria de transformação, por exemplo, foram criadas 146 mil vagas nos três primeiros meses deste ano, contra 110 mil em igual período de 2007. Tribuna do Brasil, 11/4/2008. Internet: <www.tribunadobrasil.com.br> (com adaptações). 1. De acordo com o texto, (A) já foram criados 1,8 milhão de empregos com carteira assinada no primeiro trimestre de 2008. (B) a elevação da taxa de juros poderá influenciar negativamente a criação de novos empregos, segundo o ministro do Trabalho. (C) os preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real de 0,5 por cento em 2008. (D) a demanda interna aquecida provocará uma diminuição de compra de bens duráveis pelos consumidores. (E) a indústria de transformação foi o setor da economia que mais cresceu em 2007. Comentário: Na alternativa (A), foi afirmado que “Já foram criados 1,8 milhão de empregos com carteira assinada no primeiro trimestre de 2008.”; porém se observa que, no texto, houve apenas uma previsão para todo o ano, não apenas para o primeiro trimestre. Observe a linha 6: “Para o ano de 2008 fechado, o ministro manteve a previsão de criação de 1,8 milhão de postos de trabalho com carteira assinada.” Na alternativa (B), perceba que a afirmação do segundo parágrafo é praticamente igual à desta alternativa. Abaixo serão inseridos a frase da alternativa (B) e o trecho do texto que comprova que esta alternativa está correta. Compare: Frase da alternativa B: “a elevação da taxa de juros poderá influenciar negativamente a criação de novos empregos, segundo o ministro do Trabalho.” Texto: “Para o ministro do Trabalho, a decisão do COPOM de subir os juros neste mês, e nos subseqüentes, conforme projeção do mercado financeiro, pode impactar um pouco a criação de empregos formais mais para o final de 2008.” (linhas 21 a 24). Ao confrontarmos os elementos sublinhados, percebemos que eles são sinônimos contextuais. À época desta prova, alguns alunos perguntaram por que essa seria a alternativa correta, se no texto se falou “criação de empregos PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 3 formais” e na alternativa (B) está a expressão “novos empregos”. A resposta é simples: se haverá dificuldade de novos empregos, é lógico que, pelo contexto, o qual retrata a formalidade, o primeiro a ser afetado é o emprego formal. Na alternativa (C), deve-se perceber que, nas linhas 18 e 20 do texto, temos: “Quem compra fogão, geladeira e carro a prazo vai perceber um aumento real de juros maior do que 0,5 ponto percentual.” e a alternativa (C) “os preços dos eletrodomésticos e dos automóveis vão ter um aumento real de 0,5 por cento em 2008.” Na realidade, o aumento será maior que 0,5% e será percebido nos juros somente em compras a prazo. Na alternativa (D), o que poderá provocar “uma diminuição de compra de bens duráveis pelos consumidores” é o aumento dos juros e não a demanda interna aquecida. Na alternativa (E), não há referência no texto de que a indústria de transformação foi o setor da economia que mais cresceu em 2007. Este tipo de alternativa colocada é chamado de extrapolação textual, pois é um dado que não está inserido no texto, nem por elementos explícitos, nem por implícitos (subentendidos). Gabarito: B 2. Assinale a opção que contém uma informação correta a respeito da estrutura do texto. (A) O texto representa a transcrição completa da entrevista feita por jornalistas ao ministro do Trabalho. (B) Observam-se, claramente, no texto, argumentos em favor do aumento da criação de postos de trabalho nas indústrias de bens duráveis. (C) A intercalação entre os dados a respeito do crescimento da oferta de empregos e as opiniões do ministro do Trabalho sobre esse tema caracteriza a estrutura do texto. (D) O texto é introduzido por meio de uma narração, em que são apresentados o personagem (ministro) e o tempo da narrativa (o primeiro trimestre de 2008). (E) No segundo parágrafo, é desenvolvido o seguinte tópico frasal: “Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (...) recorde histórico para esse período” (linhas 1 a 5). Comentário: Entrevista é umgênero textual que parte de perguntas e respostas, muito encontrado em revistas e jornais. Narrativa é um tipo de texto que conta uma história e deve possuir elementos como personagem, cenário, tempo (evolução temporal), narrador (alguém que conta a história), etc. Dissertação é um tipo de texto que considera um tema, fala sobre algo, podendo aparecer a opinião do autor (dissertativo-argumentativo) ou apenas o relato de conteúdo, como em um livro didático (dissertativo-expositivo). Falta agora o texto descritivo, que é uma enumeração de ações ou PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 4 características. Na alternativa (A), é dito que “O texto representa a transcrição completa da entrevista feita por jornalistas ao ministro do Trabalho.” Vemos como é comum nas questões da banca CESPE encontrarmos as palavras categóricas, palavras que não admitem ressalvas, como “sempre”, “nunca”, “nada”, “tudo”, “todo”. Normalmente estão nas alternativas para eliminarmos como errada. E aqui foi utilizado o vocábulo “completa”. Não há uma transcrição completa da entrevista no texto. Além disso, foi dito que os jornalistas fizeram uma entrevista ao ministro. Ele não recebeu nenhuma entrevista, ele concedeu, partiu dele, então seria o ideal a construção “...entrevista feita por jornalistas com o ministro.” Na alternativa (B), não se observam claramente no texto argumentos em favor do aumento da criação de postos de trabalho nas indústrias de bens duráveis. Pode-se até subentender, mas não está claro. A alternativa (C) está correta, porque o texto é basicamente informativo (dissertativo-expositivo) e está estruturado no tema do crescimento do emprego formal no país e para isso utiliza dados de algumas instituições e as opiniões do ministro (argumento de autoridade) como fundamento para comprovar seu tema. Na realidade, o que a banca quer de você é que haja o entendimento de que todo texto dissertativo possui um desenvolvimento, que é a parte de análise do conteúdo expresso na introdução do texto. Esse fundamento é chamado de procedimento argumentativo, que nada mais é do que o modo como o autor analisa os argumentos para confirmar o que foi dito na introdução. Vários são os procedimentos, como relação de causa e consequência, exemplificação, dados numéricos, argumentos de autoridade, confronto de posições contrárias etc. Na alternativa (D), o primeiro parágrafo não é uma narração, há apenas afirmações que envolvem tempo e lugar; além do mais, o tempo não está concentrado apenas no 1º trimestre de 2008, como foi afirmado na alternativa. Na alternativa (E), deve-se entender que tópico frasal é a declaração inicial de um parágrafo, que logo em seguida será desenvolvido pelos períodos seguintes. É uma estratégia argumentativa para chamar a atenção do leitor a respeito do que se fala no parágrafo. Perceba o tópico frasal do terceiro parágrafo: “O ministro do Trabalho classificou a decisão do COPOM de subir os juros de ‘precipitada’”. Agora veja o do segundo parágrafo: “Segundo o ministro, a demanda interna permanece ‘muito aquecida’”. Todos esses parágrafos desenvolvem argumentos a partir do tópico apresentado. O mesmo ocorre com o primeiro parágrafo: “Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam para a criação de 554 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre deste ano, o que representa recorde histórico para esse período”. O erro é que o desenvolvimento ocorre, na realidade, no primeiro parágrafo e não no segundo, conforme o descrito nesta alternativa. Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 5 3. Com referência às idéias e às estruturas do texto, assinale a opção correta. (A) De acordo com a argumentação textual, verifica-se que os dados do CAGED são produzidos pelo COPOM. (B) A palavra “Formalidade”, no título do texto, remete aos postos de trabalho em que é efetuado registro na carteira de trabalho dos empregados. (C) Na frase que se inicia por “A série” (linha 5), a substituição da forma verbal no presente pela forma correspondente no pretérito perfeito alteraria o sentido do texto. (D) De acordo com a ortografia oficial, a palavra “recorde” admite a grafia alternativa record, que deve ser lida como palavra proparoxítona, a exemplo do que ocorre nos textos de muitos telejornais. (E) Na linha 16, a expressão “demanda interna” refere-se ao aumento de postos de trabalho de que trata o primeiro parágrafo do texto. Comentário: Na alternativa (A), não há nenhuma referência de que o COPOM tenha produzido os dados do CAGED, como se pode observar no primeiro parágrafo, além de se verificar que Comitê de Política Monetária (COPOM) nada tem a ver com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Na alternativa (B), note que o texto ressalta o crescimento do trabalho formal, como os dados do CAGED que “apontam para a criação de 554 mil postos de trabalho com carteira assinada”. Na alternativa (C), pode-se, contextualmente, trocar o presente do indicativo pelo pretérito perfeito do indicativo, pois não alteraria o sentido: “A série de dados do CAGED tem início em 1992.” (linha 5). Isso ocorre porque o verbo grifado encontra-se no presente do indicativo com valor de presente histórico. Esse emprego é comum quando se quer contar um fato ocorrido no passado, mas avivando-o utilizando o presente. Na alternativa (D), a palavra “recorde” só pode ser lida como palavra paroxítona, pois a sílaba tônica (mais forte) é “-cor-”. Os telejornais preferem o uso coloquial mais por questões de pouca afinidade entre emissoras do que por questões linguísticas. Lembre-se de que um delas chama-se “Record”. Na alternativa (E), “demanda interna” na linha 16 nada tem a ver com postos de trabalho, mas sim com o aquecimento do consumo interno. Gabarito: B 4. O texto, em que foi empregada uma linguagem simples, de fácil compreensão, apresenta um termo típico da linguagem coloquial no trecho (A) ‘Esse primeiro trimestre, como dizem meus filhos, bombou’ (linha 9). (B) “Segundo o ministro, a demanda interna permanece ‘muito aquecida’” (linha 16). (C) ‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’ (linhas 20 e 21). PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 6 (D) “a decisão do COPOM (...) pode impactar um pouco a criação de empregos formais” (linhas 21 a 24). (E) “a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o Brasil” (linhas 34 e 35). Comentário: Linguagem coloquial é o enunciado aberto, livre dos rótulos gramaticais. Muitas vezes fere a norma culta, outras vezes simplesmente não encontra registro gramatical. Assim, o vocábulo “bombou” faz parte da linguagem coloquial, linguagem falada dos jovens. Por isso a alternativa (A) é a correta. As demais alternativas, por exclusão, são vistas como registro culto, por isso não houve necessidade de desenvolver o comentário por alternativa. Gabarito: A 5. As conjunções destacadas nos trechos a seguir estão associadas a uma determinada interpretação. Assinale a opção que apresenta trecho do texto seguido de interpretação correta da conjunção destacada. (A) “quando foram criadas 399 mil vagas” (linha 6) – proporcionalidade (B) ‘como dizem meus filhos’ (linhas 8 e 9) – comparação (C) ‘É um erro imaginar que há inflação no Brasil’ (linha 28) – consequência (D) “O ministro avaliou, entretanto, que o impacto maior” (linhas 32 e 33) – oposição (E) “Isso porque a decisão sobre juros tende a trazer mais recursos para o Brasil” (linhas 34 e 35) – conclusão Comentário: Na alternativa(A), “quando” transmite valor de tempo (e não de proporção). Sabendo isso, nós já partiríamos para a alternativa seguinte, mas cabe aqui uma observação importante. O vocábulo “quando”, neste contexto, inicia oração subordinada adjetiva explicativa. Portanto, é um pronome relativo na função sintática de adjunto adverbial de tempo. Não confunda essa estrutura com a oração subordinada adverbial temporal, pois, na estrutura do texto, pode-se substituir “quando” por “em que”, “nos quais” (próprios do pronome relativo). A conjunção adverbial de tempo não possibilita essa troca. Compare: Isso ocorreu em 2007, quando foram criadas as vagas. Oração principal + oração subordinada adjetiva explicativa (vírgula obrigatória) Isso ocorreu quando foram criadas as vagas. oração principal + oração subordinada adverbial temporal (vírgula facultativa) Na alternativa (B), a conjunção “como” transmite valor de conformidade, podendo-se trocar por “segundo”, “conforme”, “consoante”; o que não ocorre com a comparação. Normalmente, quando a conjunção “como” tiver valor de comparação, o verbo estará subentendido e a conjunção pode ser substituída por “tão ... quanto”, “tal qual”. Veja as diferenças: Comparação: Ele agiu como o pai. (verbo subentendido: agiu / agia) Ele agiu tal qual o pai. (verbo subentendido: agiu / agia) Conformidade: Ele agiu como o pai ensinou. Ele agiu consoante o pai ensinou. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 7 Na alternativa (C), a conjunção “que” não possui valor semântico, é apenas relacional e chamada de conjunção integrante, pois inicia oração subordinada substantiva. O que a banca queria era que você confundisse esse “que” com o da oração subordinada adverbial consecutiva. Para ser consecutiva, deve haver a intensificação na oração principal com os vocábulos “tão”, “tamanho”, “tanto”. Veja os exemplos: ... imaginar que há inflação no Brasil. (que = conjunção integrante) oração principal + oração subordinada substantiva objetiva direta (imaginar isso) A inflação é tão grande que causou revoluções políticas internas. oração principal + oração subordinada adverbial consecutiva (que = conjunção subordinativa adverbial consecutiva) Na alternativa (D), a oração iniciada pela conjunção “entretanto” tem valor coordenado adversativo (oposição). Por isso esta alternativa é a correta. Na alternativa (E), a conjunção “porque” revela valor de causa, por isso não pode ser entendida como conclusão. As conjunções especificamente coordenadas conclusivas são “portanto”, “por isso”, “por conseguinte”, “então”, “logo”, “assim”, etc. Gabarito: D 6. As aspas foram empregadas no texto para (A) realçar ironicamente palavras ou expressões. (B) destacar termos emprestados de outras línguas. (C) indicar a interrupção de idéias que o autor começou a exprimir. (D) marcar suspensões do pensamento, provocadas por hesitação de quem fala. (E) destacar as falas do ministro e os termos que ele utilizou na conversa com jornalistas. Comentário: É importante ler atentamente a questão, ela pediu o uso das aspas empregadas no texto. Algumas alternativas se referem ao uso das aspas corretamente, mas somente uma está de acordo com o contexto. Outras se referem ao uso das reticências. Abaixo foi colocado um exemplo de cada uso. Na alternativa (A), as aspas podem ser usadas para realçar ironicamente palavras ou expressões: Ele é um à-toa, “adora” um trabalho. Perceba que as aspas não foram empregadas com esta finalidade no texto. Na alternativa (B), as aspas servem para destacar termos emprestados de outras línguas: A renda “per capita” do brasileiro aumentou nos últimos anos. (essa expressão é emprestada do latim). Perceba que as aspas não foram empregadas com esta finalidade no texto. Na alternativa (C), as reticências (e não as aspas) servem para indicar a interrupção de idéias que o autor começou a exprimir: O amor... Ah, o amor... Voltemos à vida real! Na alternativa (D), as reticências (e não as aspas) servem marcar PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 8 suspensões do pensamento, provocadas por hesitação de quem fala: Você... tão sozinha... Não lhe ocorre, muitas vezes, que se um homem... Não tem vontade de casar-se... Na alternativa (E), as aspas servem para destacar as falas do ministro e os termos que ele utilizou na conversa com jornalista. Perceba que o texto retirou de uma entrevista os aspectos principais para retratar o tema formalidade, com isso as falas do ministro estão registradas com as aspas (discurso direto), além de algumas vezes o autor querer enfatizar os termos que ele utilizou com os jornalistas, como “precipitada”, “muito aquecida”, etc. Gabarito: E 7. O texto apresenta uma oração na voz passiva no trecho (A) “A série de dados do CAGED tem início em 1992” (linha 5). (B) “o crescimento no número de empregos formais criados foi de 38,7%” (linhas 7 e 8). (C) “‘Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis’” (linhas 20 e 21). (D) ‘Os preços dos bens duráveis (...) não estão aumentando’ (linhas 30 a 32). (E) “No caso da indústria de transformação, por exemplo, foram criadas 146 mil vagas” (linhas 41 e 42). Comentário: Deve-se lembrar que voz passiva é aquela em que o sujeito é paciente e sua oração há de ter verbo com transitividade direta. Todas as outras transitividades (verbo transitivo indireto, verbo intransitivo e verbo de ligação) fazem parte automaticamente da voz ativa. Na alternativa (A), “A série de dados do CAGED tem início em 1992”, o verbo “tem” é transitivo direto, mas o sujeito “A série” é agente. (Voz ativa: sujeito agente). Na alternativa (B), a estrutura “o crescimento no número de empregos formais criados foi de 38,7%” possui verbo de ligação, por isso é voz ativa. Na alternativa (C), “Pode haver uma diminuição na escalada de compra de bens duráveis”, o verbo “haver” é transitivo direto, mas no sentido de “existir” não tem sujeito e não pode ficar na voz passiva. Na alternativa (D), o enunciado “Os preços dos bens duráveis (...) não estão aumentando” possui locução verbal intransitiva, por isso ela está na voz ativa. Na alternativa (E), o excerto “(...) foram criadas 146 mil vagas” possui locução verbal transitiva direta. Perceba que o termo “146 mil vagas” sofreu a ação (sujeito paciente). O agente da passiva está indeterminado (não se quer dizer ou não se sabe quem criou as 146 mil vagas). Transformando em voz ativa, o agente da passiva, que é indeterminado, viraria sujeito indeterminado; o sujeito paciente (146 mil vagas) passaria a objeto direto (que também é paciente), ficando assim: Criaram 146 mil vagas. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 9 Texto para as questões de 8 a 10 A raça humana 1 5 10 15 20 A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus. A raça humana é a ferida acesa Uma beleza, uma podridão O fogo eterno e a morte A morte e a ressurreição. A raça humana é o cristal de lágrima Da lavra da solidão Da mina, cujo mapa Traz na palma da mão. A raça humana risca, rabisca, pinta A tinta, a lápis, carvão ou giz O rosto da saudade Que traz do Gênesis Dessa semana santa Entre parênteses Desse divino oásis Da grande apoteose Da perfeição divina Na grande síntese. A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus. Gilberto Gil. 8. No texto, que é a letra de uma canção, o verbo ser encontra-se no presente do indicativo porque o autor pretende (A) marcar fatos que ocorrerão em um futuro próximo. (B) expressar açõeshabituais dos seres humanos que ainda não foram concluídas. (C) dar vida a fatos ocorridos no passado, como se fossem atuais. (D) apresentar uma condição ou situação como permanente. (E) enunciar fatos que ocorrem no momento em que o texto é escrito. Comentário: Esta questão cobrou do candidato o conhecimento de emprego de tempos verbais. O presente do indicativo pode ser empregado em diversos contextos; porém das alternativas apenas uma corrobora a ideia do texto. Mas antes veremos exemplos dos empregos do presente do indicativo, conforme o que segue nas alternativas: PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 10 Na alternativa (A), o presente marca fatos que ocorrerão em um futuro próximo (Amanhã vou a sua casa.). Na alternativa (B), o presente expressa ações habituais dos seres humanos que ainda não foram concluídas (Alfredo come e dorme.). Na alternativa (C), o presente dá vida a fatos ocorridos no passado, como se fossem atuais (é o presente histórico visto na questão 3, letra C) Na alternativa (D), o autor sugere um dado conceitual, isto é, apresenta uma situação de caráter permanente, como as seguintes passagens do texto: “A raça humana é uma semana.”; “A raça humana é a ferida acesa”; “A raça humana é o cristal de lágrima.” Por isso é a alternativa correta. Na alternativa (E), o presente enuncia fatos que ocorrem no momento em que o texto é escrito (Estou escrevendo enquanto falo com você.). Gabarito: D 9. Assinale a opção em que a preposição em apresenta a mesma interpretação que recebe no verso 11: “Traz na palma da mão”. (A) Arrumei os livros na estante da sala. (B) De vez em quando, vamos juntos ao cinema. (C) A notícia correu de boca em boca. (D) A cidade entrou em festa. (E) Cremos na vitória da democracia. Comentário: Muita gente quando lê essa questão não consegue entender o que se pede. A tônica da questão é o valor semântico da preposição, que é um elemento de coesão. Em “Traz na palma da mão”, a preposição “em” inicia um adjunto adverbial de lugar; portanto seu valor é “lugar”. Na alternativa (A), a preposição “em” na frase “Arrumei os livros na estante da sala.” também inicia adjunto adverbial de lugar, por isso é a alternativa correta. Na alternativa (B), a preposição “em” na expressão “De vez em quando” tem valor de tempo. Na alternativa (C), a preposição “em” na expressão “de boca em boca” transmite relação entre elementos, ajudando a compor uma ideia de modo. Na alternativa (D), a preposição “em” inicia adjunto adverbial de modo “em festa”. Na alternativa (E), “na vitória” é objeto indireto, pois o verbo “Cremos” é transitivo indireto. Gabarito: A 10. A respeito do emprego dos pronomes relativos, assinale a opção correta. (A) É correto colocar artigo após o pronome relativo cujo (cujo o mapa, por exemplo). PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 11 (B) O relativo cujo expressa lugar, motivo pelo qual aparece no texto ligado ao substantivo mapa na expressão “cujo mapa” (v.10). (C) O pronome cujo é invariável, ou seja, não apresenta flexões de gênero e número. (D) O pronome relativo quem, assim como o relativo que, tanto pode referir- se a pessoas quanto a coisas em geral. (E) O pronome relativo que admite ser substituído por o qual e suas flexões de gênero e número. Comentário: Na alternativa (A), não se pode inserir artigo após o pronome relativo “cujo”, o correto é “cujo mapa”. Na alternativa (B), deveria ser informado que “cujo” expressa ideia de posse (e não de lugar). Na alternativa (C), o pronome relativo “cujo” é variável em gênero e número. Na alternativa (D), o pronome “que” substitui pessoa ou coisa, porém o pronome relativo “quem” substitui apenas pessoas. Na alternativa (E), é correto afirmar que o pronome relativo “que” admite ser substituído por “o qual” e suas flexões de gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Perceba que não admite artigo, funciona como posse (e não como lugar). Gabarito: E 11. Assinale a opção em que a frase apresenta o emprego correto do acento grave indicativo de crase. (A) Isto não interessa à ninguém. (B) Não costumamos comprar roupas à prazo. (C) O estudante se dirigiu a diretoria da escola. (D) Caminhamos devagar até à entrada do estabelecimento. (E) Essa é a instituição à que nos referimos na conversa com o presidente. Comentário: Há crase quando o verbo ou nome exige preposição “a” e o nome posterior admite o artigo “a”: Obedeço à lei. Sou obediente à lei. Na alternativa (A), a palavra “ninguém” não admite o artigo “a” por ser pronome indefinido, então não pode haver crase. Na alternativa (B), “prazo” é palavra masculina e não aceita artigo “a”, portanto não pode haver crase. Na alternativa (C), “se dirigiu” é transitivo indireto e exige preposição “a”, o substantivo feminino “diretoria” admite artigo “a”, portanto deve haver crase obrigatoriamente, o que não ocorreu, por isso a alternativa está errada. Na alternativa (D), em “Caminhamos devagar até à entrada do estabelecimento”, o acento indicativo de crase é facultativo, pois a PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 12 preposição “até” admite a preposição “a” facultativamente e o substantivo “entrada” admite o artigo. Então se pode escrever tanto da forma como está nesta alternativa, quanto “Caminhamos devagar até a entrada do estabelecimento”, assim como se houvesse substantivo masculino: Caminhamos devagar até ao pátio do estabelecimento ou Caminhamos devagar até o pátio do estabelecimento. Na alternativa (E), o pronome relativo “que” não admite artigo “a”, portanto não pode haver crase. Gabarito: D 12. Uma das funções dos parênteses é a de (A) separar os diversos itens de uma enumeração. (B) imprimir a um texto um tom coloquial. (C) indicar que termos foram deslocados na oração. (D) isolar explicações, indicações ou comentários em geral. (E) caracterizar um texto como essencialmente didático. Comentário: Novamente se cobram questões de pontuação e notações léxicas; porém agora não é contextual como a questão 6. Na alternativa (A), não são os parênteses que separam os itens de uma enumeração, mas sim a vírgula e até o ponto-e-vírgula. Comprei uma casa, uma granja, um carro e até um ônibus. Posso fazer oposição entre vida, arte; amor, paixão; prazer, trabalho. Na alternativa (B), não são os parênteses que imprimem a um texto um tom coloquial, mas sim as aspas e as reticências. (O “Tião” está “voando” por aí...) Na alternativa (C), não são os parênteses que indicam que termos foram deslocados, mas sim a vírgula. (Quando se pensa em atitudes éticas, pensa-se nele.) O termo deslocado (antecipado) foi a oração subordinada adverbial temporal. Na alternativa (D), observa-se que realmente os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários em geral. Isso também pode ser evidenciado por meio dos travessões e parênteses. Normalmente o CESPE pergunta sobre a substituição dessas pontuações. Você viu isso algumas vezes em nossas aulas. Na alternativa (E), não há associação direta entre um texto didático e a notação léxica ou pontuação. Gabarito: D 13. Com referência à ortografia oficial e às regras de acentuação de palavras, assinale a opção incorreta. (A) Os vocábulos lágrima e Gênesis seguem a mesma regra de acentuação. (B) As palavras oásis e lápis são acentuadas pelo mesmo motivo. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 13 (C) A grafia correta do verbo correspondente a ressurreição é ressucitar.(D) Apesar de a grafia correta do verbo poetizar exigir o emprego da letra “z”, o feminino de poeta é grafado com s. (E) O vocábulo traz corresponde apenas a uma das formas do verbo trazer; a forma trás é empregada na indicação de lugar (equivale a parte posterior). Comentário: Perceba que se pede a alternativa incorreta. Na alternativa (A), os vocábulos lágrima e Gênesis seguem a mesma regra de acentuação (todas são proparoxítonas). Na alternativa (B), as palavras oásis e lápis são acentuadas pelo mesmo motivo (todas são paroxítonas terminadas em “is”). Na alternativa (C), a grafia correta do verbo que correspondente a ressurreição não é ressucitar, mas sim ressuscitar. Na alternativa (D), apesar de a grafia correta do verbo poetizar exigir o emprego da letra “z”, o feminino de poeta é grafado com s (poetisa grafa-se com “s”). Na alternativa (E), “traz” é o presente do indicativo em terceira pessoa do singular, pois é gerado do infinitivo trazer, que se escreve com “z”. Já “trás” é advérbio de lugar (parte traseira, posterior). Gabarito: C 14. Julgue os fragmentos de texto apresentados nos itens abaixo quanto à concordância verbal. I De acordo com o respectivo estatuto, a proteção à criança e ao adolescente não constituem obrigação exclusiva da família. II Na redação da peça exordial, deve haver indicações precisas quanto à identificação das partes bem como do representante daquele que figurará no pólo ativo da eventual ação. III A legislação ambiental prevê que o uso de água para o consumo humano e para a irrigação de culturas de subsistência são prioritários em situações de escassez. IV A administração não pode dispensar a realização do EIA, mesmo que o empreendedor se comprometa expressamente a recuperar os danos ambientais que, por ventura, venham a causar. V A ausência dos elementos e requisitos a que se referem o CPC pode ser suprida de ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não for proferida a sentença de mérito. A quantidade de itens certos é igual a (A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5. Comentário: Muita gente vacila neste tipo de questão, porque quer encontrar erro naquilo que não foi pedido. Aqui se pede apenas que se verifique a concordância verbal. Isso quer dizer que você se aterá apenas à flexão do PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 14 verbo com o seu respectivo sujeito. Assim: Na frase I, a concordância verbal correta deve ser “constitui”, porque o núcleo do seu sujeito é “proteção”, que está no singular. O que se encontra composto é apenas o complemento nominal (à criança e ao adolescente). A frase II está correta, basta lembrar que a locução verbal “deve haver” não possui sujeito porque o verbo principal (haver) está no sentido de “existir”, então deve permanecer no singular. Na frase III, a concordância correta do verbo de ligação mais o predicativo tem que ser “é prioritário” tendo em vista que se refere ao núcleo do sujeito “uso” (singular). Não confunda! O que se encontra composto é apenas o adjunto adnominal (para o consumo humano e para a irrigação de culturas de subsistência). Na frase IV, perceba que a locução verbal transitiva direta “venham a causar” não se refere a um sujeito no plural. O seu sujeito está elíptico (subentende-se a palavra “empreendedor”, que está no singular). Portanto, o verbo deve estar no singular. Note que o pronome relativo “que” retoma a expressão “danos ambientais”. Porém o pronome relativo não está na função de sujeito, e sim de objeto direto. Desenvolvendo a oração, teríamos: “O empreendedor venha a causar danos ambientais”. Na frase V, outra questão em que o pronome relativo não está na função de sujeito, e sim de objeto indireto. O verbo “referir-se” deve estar no singular porque seu sujeito é “O CPC” (que está no singular). Assim, lê-se O CPC se refere aos elementos e requisitos. Portanto, apenas a frase II está gramaticalmente correta, e alternativa correta para a questão é A. Gabarito: A Prova 2 (TRE - MA – superior – 2006) 1 5 10 15 Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes. Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível. Robert W. McChesney. Introdução. In: Noam Chomsky. O lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr. (Trad.). 4.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 (com adaptações). PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 15 1. Assinale a opção que está de acordo com as idéias do texto I. (A) O setor econômico da sociedade inibe qualquer iniciativa de se construir uma cultura política verdadeiramente democrática. (B) A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo. (C) É previsível que, em um futuro próximo, o neoliberalismo evolua para uma democracia extramercado. (D) A política neoliberal produz um tipo de democracia voltada, exclusivamente, para a defesa dos interesses do consumidor. (E) Os sindicatos destacam-se das demais instituições associativas por promover a interação entre seus associados. Comentário: Na alternativa (A), há novamente elemento categórico. Então cuidado! A expressão “qualquer iniciativa” invalida a afirmativa. Na alternativa (B), para visualizar melhor a resposta, deve-se reescrever o trecho do texto e da alternativa (B): Texto: “Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes.” Questão: A democracia neoliberal, ao desprezar as ações da sociedade civil organizada, reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo. Note que as ações da sociedade civil organizada são as que estão marcadas em negrito correspondentes às linhas de 3 a 7 do texto. A alternativa (B) mostra que a democracia neoliberal despreza as ações da sociedade civil organizada, o que encontra ratificação no texto “nunca leva em conta essa atuação”. A alternativa continua afirmando que essa democracia reduz a condição política do cidadão a um plano mínimo, o que é corroborado pelo texto na passagem “O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes.” Na alternativa (C), a relação desta afirmativa está textualmente equivocada. O texto não mostra uma perspectiva, na visão do autor, otimista. Não há tendência no textopara uma sociedade extramercado. Note que o valor semântico de extramercado no contexto é uma sociedade fora (extra) dos padrões de consumo (mercado). Na alternativa (D), “Exclusivamente” é outra palavra categórica, isso invalida a alternativa, haja vista que a política neoliberal não produz um tipo de democracia voltada somente para a defesa dos interesses do consumidor, muito pelo contrário. Na alternativa (E), relação textualmente equivocada. Não houve PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 16 informação no texto de que os sindicatos se destaquem das demais instituições. Gabarito: B 2. Assinale a opção correta com referência à tipologia do texto I. (A) O produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro previsível. (B) Trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da influência norte-americana sobre o futuro da humanidade. (C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares. (D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia participativa. (E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor, contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos nocivos de um sobre o outro. Comentário: Esta questão quer explorar seus conhecimentos sobre a estrutura e tipologia textuais. Na alternativa (A), deve-se observar que o texto não narra uma trajetória. Narrativa, como já falamos, é uma história; e esse não foi o objetivo do texto. Na alternativa (B), perceba que não se trata de um texto dissertativo- expositivo, mas sim de um texto dissertativo-argumentativo, pois há claramente a opinião do autor. Só essa primeira afirmação da alternativa está errada, o restante está de acordo com o texto. Nele a opinião do autor se pauta mais pela emoção que pela razão, retratando suas impressões pessoais a respeito do tipo de sociedade; por isso se pode entendê-lo como ponto de vista subjetivo ou intimista. Na alternativa (C), apesar de haver passagens descritivas (enumerações) no texto, ele é eminentemente dissertativo-argumentativo. A descrição serviu como fundamento argumentativo para a dissertação. Na alternativa (D), não há passagens narrativas no texto. O autor também não relata o surgimento da democracia neoliberal, ele a condena. Na alternativa (E), perceba que é correta a afirmação de o texto ser dissertativo-argumentativo, além de trabalhar a oposição entre duas visões da sociedade: uma ideal (participativa) e outra real (neoliberal). O autor se mostra altamente inclinado à primeira, inclusive com tons categóricos. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 17 3. Com referência às palavras e expressões empregadas no texto I, há equivalência de sentido entre (A) “conjunto de organizações e instituições extramercado” (linha 3) e “democracia neoliberal” (linha 8). (B) “concidadãos” (linha 2) e “consumidores” (linha 9). (C) “efetiva” (linha 1) e “participativa” (linha 14). (D) “atuante” (linha 4) e “atomizada” (linha 11). (E) “grupos comunitários” (linha 4) e “shopping centers” (linha 10). Comentário: Em todas as alternativas, há palavras textualmente em oposição (neoliberalismo X sociedade participativa). O pedido da questão é a equivalência, sinônimos contextuais. Na alternativa (A), a expressão “conjunto de organizações e instituições extramercado” faz parte da democracia ideal, participativa; enquanto a expressão “democracia neoliberal” é a capitalista, real. Na alternativa (B), “concidadãos” faz parte da democracia ideal, participativa; enquanto “consumidores” é a capitalista, real. Na alternativa (C), encontram-se sinônimos contextuais “efetiva” e “participativa” em relação à democracia ideal, participativa. Por isso essa é a alternativa correta. Na alternativa (D), “atuante” faz parte da democracia ideal, participativa; enquanto “atomizada” é a capitalista, real. Na alternativa (E), ”grupos comunitários” faz parte da democracia ideal, participativa; enquanto “shopping centers” faz parte da capitalista, real. Gabarito: C 4. Julgue os itens abaixo, considerando o emprego de estruturas lingüísticas no texto I. I Caso a oração adverbial que inicia o texto estivesse imediatamente após a expressão “é necessário”, não haveria necessidade de emprego da vírgula, visto que estaria restabelecida a ordem direta do período. II A substituição da forma verbal “precisa” (linha 4) por prescinde preserva o sentido original do texto e aumenta a força argumentativa do enunciado lingüístico. III Na linha 6, a forma verbal subjuntiva “propiciem” poderia ser substituída, sem prejuízo da coerência do texto e da correção gramatical, pela forma indicativa propiciam, desde que fosse empregada a vírgula antes do conector “que”. IV Na linha 8, a forma de presente do indicativo “leva”, associada ao emprego do advérbio “nunca”, confere ao enunciado um tom assertivo, categórico, que não admite contestação. V Estariam garantidas a coerência do texto e a correção gramatical se o período “O que sobra (...) socialmente impotentes” (linhas 10 a 12) fosse PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 18 assim reescrito: Disso resulta uma sociedade atomizada, constituída de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes. A quantidade de itens certos é igual a (A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5. Comentário: Frase I - Se a oração adverbial final “Para que a democracia seja efetiva” fosse colocada após a oração “é necessário”, precisaria ficar entre vírgulas, pois estaria entre uma oração principal e uma oração subordinada substantiva. Veja: “É necessário, para que a democracia seja efetiva, que as pessoas se sintam ligadas aos concidadãos...” Frase II – O que prescinde é aquilo que é dispensável (oposto de precisa). Veja: imprescindível é algo que se precisa, muito necessário. Frase III – correta. A oração adjetiva “que propiciem formas de comunicação” não vem antecipada de vírgula por ser uma característica restritiva do substantivo “sindicatos” (somente aqueles sindicatos que propiciem formas de comunicação); porém, ao se colocar a vírgula antes do “que”, a oração adjetiva passa a ser explicativa, então todas as organizações e sindicatos “propiciam formas de comunicação”. Perceba que o verbo deixa de transmitir uma hipótese (presente do subjuntivo) para transmitir uma certeza (presente do indicativo). Observe, também, que na questão afirma-se que a troca e a inserção da vírgula preservariam a coerência e a correção gramatical. Isso está correto. Ficaria errado se fosse afirmado que não mudaria o sentido, pois a semântica mudou (de valor restritivo para explicativo). Continua com coerência passando de hipótese para certeza, segundo a visão do autor, que já foi mostrado ser ele categórico em suas afirmações. Então para o autor é certeza que essas organizações propiciam formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. Frase IV – correta. A palavra “nunca” é categórica, não abre condições de contestação, como já visto nas questões anteriores. Frase V – correta. Preserva-se o sentido. Para isso, basta reler com as adaptações. A alternativa correta, então, é a letra C. Gabarito:C 5. No texto abaixo, de autoria de Mário Quintana e reproduzido com adaptações, os itens em algarismos romanos referem-se aos termos em negrito que os antecedem. Julgue-os com relação ao emprego dos vocábulos e das expressões quanto à sintaxe de construção do período e à grafia. O milagre Dias maravilhosos em que (I) os jornais vêm (II) cheios de poesia e do lábio amigo brota (III) palavras de eterno encanto. Dias mágicos em que os burgueses espiam (IV), através das vidraças dos escritórios, a graça gratuíta (V) das nuvens. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 19 Estão certos apenas os itens (A) I, II e IV. (B) I, III e V. (C) I, IV e V. (D) II, III e IV. (E) II, III e V. Comentário: (I) “em que” é adjunto adverbial de tempo e inicia a oração adjetiva restritiva (os jornais vêm cheios de poesia nos dias maravilhosos). (II) O verbo “vêm” encontra-se no plural porque seu sujeito é “os jornais”. (III) O verbo “brota” deve concordar no plural (brotam) porque o seu sujeito também está no plural: “palavras de eterno encanto”. (IV) O verbo “espiam” está de acordo com o seu sentido (olhar, ver). A banca testou seus conhecimentos de ortografia e palavras homônimas: “expiam” significa “pagar uma culpa”, diferente do contexto. (V) Não se acentua o “i” em “gratuito” tendo em vista ser ele uma semivogal. A alternativa correta, então, é a letra A. Gabarito: A Ser cidadão, perdoem-me os que cultuam o direito, é ser como o Estado, é ser um indivíduo dotado de direitos que lhe permitem não só se defrontar com o Estado, mas afrontar o Estado. O cidadão seria tão forte quanto o Estado. O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade de entender o mundo, a sua situação no mundo e que, se ainda não é cidadão, sabe o que poderiam ser os seus direitos. Milton Santos. Cidadania e consciência negra. Internet: <http://geocities.yahoo.com.br>. Acesso em jun./2005. 6. No texto acima, (A) o sujeito gramatical da oração expressa pela forma verbal “perdoem” (R.1) está elíptico. (B) estaria garantida a obediência às regras de regência verbal, caso se substituísse a expressão “afrontar o Estado” (linha 3) por afrontar-lhe. (C) caso a locução verbal “poderiam ser” (linha 6) estivesse no singular, haveria concordância do verbo auxiliar com o sujeito da oração, expresso na forma pronominal “o”, que a antecede. (D) a substituição da expressão “capacidade de entender o mundo” (linhas 4 e 5) por capacidade de entendê-lo mantém a coesão e a coerência do texto, além de conferir ao período maior concisão. (E) a expressão “é aquele que” (linha 4) é empregada, no período, para realçar o termo “O indivíduo completo” (linha 4). Comentário: Na alternativa (A), o sujeito gramatical de “perdoem” é o pronome demonstrativo reduzido “os” (sujeito determinado simples). PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 20 “...perdoem-me os que cultuam o direito...” oração principal + oração subordinada adjetiva restritiva perdoem: verbo transitivo indireto me: objeto indireto os: sujeito que: sujeito cultuam: verbo transitivo direto o direito: objeto direto Na alternativa (B), o verbo “afrontar” é transitivo direto, então só cabe objeto direto, por isso não se utiliza o pronome “-lhe” (objeto indireto), mas o pronome “lo” (objeto direto: imposição do “L” pela retirada do “r” final do verbo). Verifique que esta troca pode ser feita porque a palavra “Estado” já havia sido expressa no texto. Na alternativa (C), “poderiam ser” é uma locução verbal de ligação, pois o verbo principal é o “ser”. Vê-se que a concordância do verbo “ser” é bastante atípica. Esse verbo, quando se encontra entre termos substantivos, concorda com o termo mais “enfático” (de maior peso nocional), não importando ser sujeito ou predicativo. Pedro sou eu. Eu sou Pedro. (O termo de maior peso nocional é o pronome pessoal do caso reto “eu”, na primeira frase é predicativo e, na segunda, é sujeito). A cama são tábuas retorcidas. (Entre substantivos comuns, o de maior peso é o plural, podendo também, dependendo do contexto, ser o singular.) Nem tudo são rosas. (Entre pronome indefinido ou demonstrativo e substantivo no plural, o último é o de maior peso, podendo, vez ou outra, flexionar-se no singular.) No excerto “... sabe o que poderiam ser os seus direitos.”, “os seus direitos” é o predicativo, e “que” é o pronome relativo na função de sujeito que retomou o pronome demonstrativo “o”. O que está errado na alternativa não é a flexão do verbo “ser”, pois já vimos que essa flexão é admissível, porém o sujeito daquela oração é o pronome relativo “que”. Note que “o” é objeto direto do verbo “sabe”. “... sabe o que poderiam ser os seus direitos.” oração principal + oração subordinada adjetiva restritiva sabe: verbo transitivo direto o: objeto direto que: sujeito poderiam ser: locução verbal de ligação os seus direitos: predicativo Na alternativa (D), observe que a expressão “o mundo” é objeto direto do verbo “entender”. É gramaticalmente correta a substituição; porém, textualmente, deve-se observar que o recurso de se substituir um substantivo por um pronome oblíquo ocorre quando esse substantivo está sendo repetido; no entanto, a palavra “mundo” não havia sido expressa no texto anteriormente, e sua substituição causaria uma incoerência no texto. Ficou com dúvida? Pense nessa frase iniciando um texto: Ela chegou tarde hoje. Ela quem? Para que esse pronome tenha coesão e coerência no texto, deve substituir um substantivo escrito anteriormente no texto: PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 21 Margarida saiu às cinco horas da manhã. Ela chegou tarde hoje. Agora eu sei quem é ela: Margarida. Na alternativa (E), perceba que, se fosse retirada a expressão “é aquele que”, o período continuaria coerente. Com o seu uso no texto, observa-se que houve ênfase. Esse tipo de estrutura é chamado expressão denotativa de realce ou expletiva. Serve apenas para dar ênfase, mas, se retirada, não traz mudanças profundas de sentido ou incoerência no texto. Veja esse exemplo, para entendermos a intenção do autor ao enunciá-lo: Imagine que você esteja num grupo de turistas em Paris. Nesse grupo há pessoas de várias nacionalidades e você é o único brasileiro nessa coletividade. De repente, alguém quis se passar por brasileiro e tentou pegar sua promoção. Ao abordar essa pessoa, você diria o quê? “Eu sou brasileiro!” ? ou “Eu é que sou brasileiro!” ? Você iria querer enfatizar sua brasilidade, para não comprometer sua estada naquele lugar, você não falaria simplesmente “Eu sou brasileiro!”, pois este contexto pede ênfase, imposição de seus argumentos, então caberia: “Eu é que sou brasileiro!”. O mesmo ocorre no texto, “O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade de entender o mundo...” Até se poderia escrever sem a expressão expletiva “é aquele que”; mas perceba a intenção de realce. Por isso essa é a alternativa correta. Gabarito: E 7. Assinale a opção correta quanto à pontuação. (A) Promotores representantes da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (AMPEM), vão propor à Controladoria-Geral da União (CGU) a realização de convênio no projeto Contas na Mão. Nascido há cinco anos, o projeto tem como objetivo, formar comitês de cidadania para fiscalizar contas públicas em estados e municípios. (B) Em 2003, o projeto ganhou o apoio do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão. A parceria culminou na instrução normativa que obriga as prefeituras e as câmaras municipais a colocarem à disposição da populaçãoa prestação de contas municipais. A instrução tem como amparo a Lei de Responsabilidade Fiscal. (C) O projeto foi então, adotado pelo Fórum Permanente dos Promotores de Justiça, “Depois, fizemos com que esses comitês tivessem participação em todas as atividades do estado, no planejamento do orçamento, na execução orçamentária e até, na prestação de contas”, explicou o promotor de justiça. (D) O projeto Contas na Mão nasceu em 2000, a partir de audiências públicas no interior do Maranhão. Nesses encontros, os promotores discutiam com a população, o processo eleitoral e possíveis crimes como: a compra de PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 22 votos. “Depois, achamos necessário que esse trabalho de conscientização se estendesse para além do período eleitoral”, disse, um promotor de justiça. (E) No Maranhão, os comitês são formados por cidadãos, indicados, pelos promotores de cada comarca do estado. Eles obtêm capacitação por meio de: cursos realizados na capital São Luís, e também no interior. Tudo é mantido com recursos da Procuradoria-Geral de Justiça maranhense e por meio de parcerias com a AMPEM. Opções adaptadas. Internet: <http://www.cgu.gov.br>. Acesso em 17/6/2005. Comentário: Na alternativa (A), a vírgula antes de “vão propor” está errada porque se encontra entre sujeito e predicado. A expressão “como objetivo” ou fica entre vírgulas, ou não há nenhuma vírgula (por ser adjunto adverbial de pequena extensão). Na alternativa (B), perceba que a única vírgula é facultativa por entendermos a locução adverbial de pequena extensão. O restante do período está na ordem direta com vários termos substantivos, o que praticamente elimina a possibilidade de uso de vírgula. Na alternativa (C), “então” é uma conjunção conclusiva que se encontra após o verbo, devendo estar entre vírgulas. Além disso, a vírgula após “até” deve ser retirada, pois “na prestação de contas” é o último elemento da enumeração, só cabendo vírgula se fosse no lugar da conjunção “e”. Como ela está presente, a vírgula não pode ser utilizada. Na alternativa (D), a vírgula antes de “o processo eleitoral” está errada, porque se encontra entre objeto indireto e direto. Devem-se retirar os dois- pontos após a palavra “como” e inserir uma vírgula antes dele, pois “como a compra de votos” é um trecho exemplificativo que deve ficar separado por vírgula. Após “disse” não pode haver vírgula, porque separaria sujeito de seu verbo. Na alternativa (E), “indicados” não pode ficar entre vírgulas porque é qualidade restritiva de “cidadãos”. Não pode haver dois-pontos entre a locução prepositiva “por meio de” que inicia o adjunto adverbial e seu núcleo. Não é possível a vírgula após “São Luís”, porque o adjunto adverbial de lugar “na capital São Luís e também no interior” é composto, com núcleos somados pela conjunção “e”, a qual não admite o uso da vírgula. Gabarito: B 8. Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos apresentados nos seguintes itens. I Opinião favorável ou contrária à coligações partidárias. II Direito a candidatar-se à qualquer cargo eletivo. III Disposições aplicadas à sítio mantido por empresas públicas. IV Tema à que se refere a legislação em vigor. V Submissão às regras da lei eleitoral. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 23 VI Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão. VII Características semelhantes às da legislação eleitoral. O emprego da crase está correto apenas nos itens (A) I, II e IV. (B) I, IV e VII. (C) II, V e VII. (D) III, IV e VI. (E) V, VI e VII. Comentário: Lembre-se de que, para haver crase, deve haver um nome ou verbo que exija a preposição “a” e um substantivo que admita o artigo “a”. Na frase I, “coligações” encontra-se no plural. Como o vocábulo “a” está no singular, ocorreu apenas preposição e o sinal indicativo de crase deve ser retirado. Opinião favorável ou contrária a coligações partidárias. Na frase II, o pronome “qualquer” não admite artigo “a”, por isso não pode ocorrer crase. Direito a candidatar-se a qualquer cargo eletivo. Na frase III, “sítio” é um substantivo masculino. Portanto, não admite crase. Disposições aplicadas a sítio mantido por empresas públicas. Na frase IV, o pronome relativo “que” não admite artigo “a”. Portanto, não pode haver crase. Tema a que se refere a legislação em vigor. A frase V está correta, pois o substantivo “Submissão” exige preposição “a” e o substantivo “regras” admite o artigo “as”. Portanto, a crase é obrigatória. Submissão às regras da lei eleitoral. A frase VI está correta, pois o adjetivo “impostas” exigiu preposição “a” e os substantivos femininos “rádios” (estações) e “emissoras” admitiram o artigo “as”. Restrições impostas às rádios e às emissoras de televisão. A frase VII está correta, pois o adjetivo “semelhantes” exigiu a preposição “a” e o substantivo “características” está subentendido antes da preposição “da”, por isso há crase. Características semelhantes às da legislação eleitoral. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 24 PROVA 3 Agente da Polícia Federal / 2009 / nível superior 1 5 10 15 20 Nossos projetos de vida dependem muito do futuro do país no qual vivemos. E o futuro de um país não é obra do acaso ou da fatalidade. Uma nação se constrói. E constrói-se no meio de embates muito intensos — e, às vezes, até violentos — entre grupos com visões de futuro, concepções de desenvolvimento e interesses distintos e conflitantes. Para muitos, os carros de luxo que trafegam pelos bairros elegantes das capitais ou os telefones celulares não constituem indicadores de modernidade. Modernidade seria assegurar a todos os habitantes do país um padrão de vida compatível com o pleno exercício dos direitos democráticos. Por isso, dão mais valor a um modelo de desenvolvimento que assegure a toda a população alimentação, moradia, escola, hospital, transporte coletivo, bibliotecas, parques públicos. Modernidade, para os que pensam assim, é sistema judiciário eficiente, com aplicação rápida e democrática da justiça; são instituições públicas sólidas e eficazes; é o controle nacional das decisões econômicas. Plínio Arruda Sampaio. O Brasil em construção. In: Márcia Kupstas (Org.). Identidade nacional em debate. São Paulo: Moderna, 1997, p. 27-9 (com adaptações). Considerando a argumentação do texto acima bem como as estruturas linguísticas nele utilizadas, julgue os itens a seguir. 1. Na linha 2, mantendo-se a correção gramatical do texto, pode-se empregar em que ou onde em lugar de “no qual”. Comentário: O verbo “vivemos”, na oração subordinada adjetiva restritiva “no qual vivemos”, é intransitivo. O seu sujeito está oculto (nós) e “no qual” é o adjunto adverbial de lugar (vivemos em um país). Esse pronome relativo pode ser substituído por em que, então também pode ser substituído por onde. Note que isso só foi possível porque o pronome relativo está cumprindo a função sintática de adjunto adverbial de lugar. Gabarito: C 2. Infere-se da leitura do texto que o futuro de um país seria “obra do acaso” (ℓ. 3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida democrático a todos os seus cidadãos. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 25 Comentário: A afirmativa da questão (o futuro de um país seria “obra do acaso” (ℓ. 3) se a modernidade não assegurasse um padrão de vida democrático a todos os seus cidadãos)induz o leitor a interpretar que, como o futuro de um país não é obra do acaso, então a modernidade assegura um padrão de vida democrático a todos os seus cidadãos. Mas não é isso que o texto informa. Nas linhas 2 e 3, é dito que o futuro de um país não é obra do acaso. Nas linhas 13 a 15, é feita uma hipótese: “Modernidade seria assegurar a todos os habitantes do país um padrão de vida compatível com o pleno exercício dos direitos democráticos”. O verbo “seria” marca a hipótese; por isso a afirmativa é errada. Gabarito: E 3. Para evitar o emprego redundante de estruturas sintático-semânticas, como o que se identifica no trecho “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio de embates muito intensos” (ℓ. 3 a 5), poder-se-ia unir as ideias em um só período sintático — Uma nação se constrói no meio de embates —, o que preservaria a correção gramatical do texto, mas reduziria a intensidade de sua argumentação. Comentário: A estrutura “Uma nação se constrói. E constrói-se no meio de embates muito intensos...” utiliza o recurso da redundância para reforçar o argumento da construção de uma nação. A expressão “muito intensos” problematiza ainda mais os embates. O que se pede nesta questão é a retirada de “E constrói-se” e “muito intensas”, algo perfeitamente claro e gramaticalmente correto. Mas a intenção anterior de reforçar e intensificar os argumentos deixa de existir, mas não compromete a coerência do texto. Por isso, está correta. Gabarito: C 4. Se o terceiro parágrafo do texto constituísse o corpo de um documento oficial, como um relatório ou parecer, por exemplo, seria necessário preservar o paralelismo entre as ideias a respeito de “Modernidade” (ℓ. 13, 20), por meio da conjugação do verbo ser, nas linhas 13 e 20, no mesmo tempo verbal. Comentário: Deve-se observar que não é obrigatório o uso de paralelismo em corpo de texto de um documento oficial. Cada verbo (“seria”, “é”) marca um princípio diferente para a “modernidade”. O verbo “seria” mantém uma suposição, hipótese da modernidade. Não há relação paralela entre este verbo e “é”. O segundo verbo sinaliza uma convicção das pessoas que pensam de acordo com aquela suposição. Por isso cada verbo deve preservar seu tempo distinto. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 26 5. O trecho “os que pensam assim” (ℓ. 20) retoma, por coesão, o referente de “muitos” (ℓ. 9), bem como o sujeito implícito da oração “dão mais valor a um modelo de desenvolvimento” (ℓ. 16,17). Comentário: A redação do item deixa bem claro o que se busca avaliar: obviamente não é a classificação dos tipos de sujeito previstos na gramática, mas o encadeamento coesivo de expressões que remetem ao mesmo referente. Assim, o sintagma oracional “os que pensam assim” (linha 20) retoma, por coesão, o referente de “muitos” (linha 9), bem como o sujeito implícito da oração “dão mais valor a um modelo de desenvolvimento” (linhas 16 e 17). A progressão textual, como se vê, vai atribuindo ao mesmo referente um pensamento mais crítico sobre sociedade e modernidade. Gabarito: C 6. O emprego do sinal de ponto e vírgula, no último período sintático do texto, apresenta a dupla função de deixar claras as relações sintático-semânticas marcadas por vírgulas dentro do período e deixar subentender “Modernidade” (20) como o sujeito de “é sistema” (20,21), “são instituições” (ℓ. 22) e “é o controle” (ℓ. 23). Comentário: O ponto e vírgula sinaliza, por motivo de clareza, uma divisão de estruturas maiores e com vírgulas internas. Por isso é utilizado no último período do texto. Veja o esquema abaixo: “Modernidade, para os que pensam assim, é sistema judiciário eficiente, com aplicação rápida e democrática da justiça; são instituições públicas sólidas e eficazes; é o controle nacional das decisões econômicas.” As orações em negrito são formadas por predicados nominais. Perceba que, na primeira oração, há duas estruturas adverbiais separadas por vírgulas (“para os que pensam assim”) e (“com aplicação rápida e democrática da justiça”). Essas vírgulas são chamadas internas, pois fazem parte apenas de um termo da enumeração (a primeira oração coordenada). Para evitar que o leitor se confunda, é lícito separar os outros elementos enumerados (no caso, as outras duas orações coordenadas) por ponto e vírgula. Pelas setas vistas acima, podemos observar que o sujeito explícito e subentendido dos predicados nominais é “Modernidade”. Observe que esse substantivo está no singular e naturalmente leva seus verbos para o singular; porém um deles está no plural (“são”). Isso ocorre porque o verbo “ser” tem concordância peculiar. Quando esse verbo se encontra entre dois substantivos (um é o sujeito e o outro, predicativo) e um deles está no plural, a tendência natural é o verbo concordar no plural, não importando se é sujeito ou predicativo. Por isso está correta a afirmativa de que “Modernidade” é o sujeito de todos esses verbos. Gabarito: C PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 27 1 5 10 15 20 Na verdade, o que hoje definimos como democracia só foi possível em sociedades de tipo capitalista, mas não necessariamente de mercado. De modo geral, a democratização das sociedades impõe limites ao mercado, assim como desigualdades sociais em geral não contribuem para a fixação de uma tradição democrática. Penso que temos de refletir um pouco a respeito do que significa democracia. Para mim, não se trata de um regime com características fixas, mas de um processo que, apesar de constituir formas institucionais, não se esgota nelas. É tempo de voltar ao filósofo Espinosa e imaginar a democracia como uma potencialidade do social, que, se de um lado exige a criação de formas e de configurações legais e institucionais, por outro não permite parar. A democratização no século XX não se limitou à extensão de direitos políticos e civis. O tema da igualdade atravessou, com maior ou menor força, as chamadas sociedades ocidentais. Renato Lessa. Democracia em debate. In: Revista Cult, n.º 137, ano 12, jul./2009, p. 57 (com adaptações). Com base nas estruturas linguísticas e nas relações argumentativas do texto acima, julgue os itens seguintes. 7. Seria mantida a coerência entre as ideias do texto caso o segundo período sintático fosse introduzido com a expressão Desse modo, em lugar de “De modo geral” (ℓ. 4). Comentário: A expressão Desse modo denotaria no texto uma conclusão com base no que foi dito anteriormente. E isso não aconteceu no texto. Na realidade, a expressão “De modo geral” amplia a ideia anterior por meio de uma explicação, não de uma conclusão. Por isso a questão está errada. Gabarito: E 8. Preservam-se a correção gramatical e a coerência textual ao se optar pela determinação do substantivo “respeito” (ℓ. 9), juntando-se o artigo definido à preposição “a”, escrevendo-se ao respeito. Comentário: Não se preserva a correção gramatical e a coerência textual ao optar pela determinação do substantivo “respeito”, pois se trata de uso adverbial da expressão (a respeito) e a determinação pelo artigo definido não é possível. Gabarito: E 9. Na linha 10, a flexão de singular em “não se trata” deve-se ao emprego do singular em “um regime”. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 28 Comentário: Verifique que o pronome “se” é índice de indeterminação do sujeito, pois se liga a verbo transitivo indireto “trata”. Logo, “de um regime” é objeto indireto. Como já sabemos, esse termo é complemento e não faz com que o verbo concorde com ele. Resumindo, sempre que tivermos um índice de indeterminaçãodo sujeito, obrigatoriamente o verbo fica na terceira pessoa do singular. Gabarito: E 10. Depreende-se da argumentação do texto que o autor considera as instituições como as únicas “características fixas” (ℓ. 11) aceitáveis de “democracia” (ℓ. 2 e 9). Comentário: Não há base discursiva para afirmar que se depreenda da argumentação do texto que o autor considera as instituições como as ÚNICAS “características fixas” aceitáveis de “democracia”. Para ele, como o desenvolvimento da argumentação deixa claro, nunca há características fixas: “não se trata de um regime com características fixas, mas de um processo” (linha 11). E, “apesar de constituir formas institucionais”, essas não precisam, de acordo com a concepção, ser fixas. Nada no texto remete à aceitabilidade de que as instituições sejam fixas na democracia. Gabarito: E 11. Pela acepção usada no texto, o emprego da forma verbal pronominal “se limitou” (ℓ. 18,19) exige a presença da preposição a no complemento verbal; a substituição pela forma não-pronominal — não limitou a extensão —, sem uso da preposição, preservaria a correção gramatical, mas mudaria o efeito da ideia de “democratização” (ℓ. 18). Comentário: Para entendermos melhor a questão, é importante transcrever o excerto: A democratização no século XX não se limitou à extensão de direitos políticos e civis. O verbo “limitou” é transitivo direto e indireto, “se” é pronome apassivador e o sujeito paciente é “democratização”. O objeto indireto “à extensão de direitos políticos e civis” obrigatoriamente recebe a preposição “a”. Perceba, assim, que no texto original “democratização” é paciente, quer dizer: A democratização não é limitada à extensão de direitos políticos e civis. (O agente da passiva está indeterminado). Se o verbo perder o pronome, naturalmente mudará a estrutura sintática e consequentemente o sentido, pois o verbo será apenas transitivo direto, e isso fará com que haja a perda da preposição. Assim: A democratização no século XX não limitou a extensão de direitos políticos e civis. Nesse caso, a “democratização” seria agente de "não limitou". A mudança na transitividade do verbo provoca alteração nas relações semânticas. Na primeira construção, a democratização é limitada; na segunda, é ela que limita. Assim, a alteração provocada redireciona a PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 29 argumentação, mas respeita as normas gramaticais. Por isso a questão está correta. Gabarito: C 12. Em textos de normatização mais rígida do que o texto jornalístico, como os textos de documentos oficiais, a contração de preposição com artigo, com em “da igualdade” (ℓ. 20), deve ser desfeita, devendo-se escrever de a igualdade, para que o sujeito da oração seja claramente identificado. Comentário: Esta questão cobra do candidato o uso da contração de preposição com artigo. Essa contração é utilizada quando há termo complementar de verbo (Eu pensei no assunto) ou nome (Pensamento no assunto), bem como adjunto adnominal (Livro do aluno). A banca quis induzir o candidato a interpretar a contração diante de sujeito (aceita numa linguagem mais aberta), mas deve ser evitada no discurso formal (Está na hora de o aluno estudar). Deve-se evitar Está na hora do aluno estudar. Mas no texto “da igualdade” é apenas um adjunto adnominal, por isso obrigatoriamente haverá contração. Gabarito: E 1 5 10 15 20 A visão do sujeito indivíduo — indivisível — pressupõe um caráter singular, único, racional e pensante em cada um de nós. Mas não há como pensar que existimos previamente a nossas relações sociais: nós nos fazemos em teias e tensões relacionais que conformarão nossas capacidades, de acordo com a sociedade em que vivemos. A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre o que é “meu” e o que é “nosso”. A pergunta que propõe é: como nos fazemos e nos refazemos em nossas relações com as instituições e nas relações que estabelecemos com os outros? Não há, assim, uma visão de homem como uma unidade fechada em si mesma, como Homo clausus. Estaríamos envolvidos, constantemente, em tramas complexas de internalização do “exterior” e, também, de rejeição ou negociação próprias e singulares do “exterior”. As experiências que o homem vai adquirindo na relação com os outros são as que determinarão as suas aptidões, os seus gostos, as suas formas de agir. Flávia Schilling. Perspectivas sociológicas. Educação & psicologia. In: Revista Educação, vol. 1, p. 47 (com adaptações). Julgue os seguintes itens, a respeito das estruturas linguísticas e do desenvolvimento argumentativo do texto acima. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 30 13. Ao ligar dois períodos sintáticos, o conectivo “Mas” (ℓ. 3) introduz a oposição entre a ideia de um sujeito único e indivisível e a ideia de um sujeito moldado por teias de relações sociais. Comentário: A conjunção “Mas” realmente liga opostos: o primeiro e o segundo período do texto. O primeiro período é resumido pelo sujeito indivisível, e o segundo é resumido pelo ser humano com capacidades conformadas pelas teias relacionais. Gabarito: C 14. A inserção do sinal indicativo de crase em “existimos previamente a nossas relações sociais” (ℓ. 4,5) preservaria a correção gramatical e a coerência do texto, tornando determinado o termo “relações”. Comentário: A inserção do sinal indicativo de crase diante de “nossas relações sociais” estaria errada gramaticalmente, pois há crase quando se juntam preposição “a” e artigo “a”. No caso desta questão, não há artigo, mas apenas preposição, haja vista que o substantivo “relações” está no plural e o vocábulo “a” está no singular, por isso o “a” é preposição. A banca pediu nesta questão sua observação de que não é sempre que temos crase facultativa diante de pronome possessivo. Esse é um caso que devemos observar. Se houvesse artigo, a crase seria obrigatória: previamente às nossas relações sociais Como não há artigo, não há crase: previamente a nossas relações sociais Somente se o substantivo estivesse no singular, haveria crase facultativa: previamente à nossa relação social ou previamente a nossa relação social Gabarito: E 15. Na linha 5, para se evitar a sequência “nós nos”, o pronome átono poderia ser colocado depois da forma verbal “fazemos”, sem que a correção gramatical do trecho fosse prejudicada, prescindindo-se de outras alterações gráficas. Comentário: Esta questão cobra seu conhecimento de colocação pronominal, além do significado do verbo prescindir. Aquilo que é imprescindível é algo muito necessário, então aquilo que prescinde é algo desnecessário. Na sequência “nós nos fazemos”, pode-se evitar a proximidade dos pronomes (ressalte-se que não se quer dizer que esteja errado). O erro da questão está em dizer que não se necessita (prescindindo-se) de outras alterações gráficas; essas alterações são obrigatórias (retirada do “s” e inserção do hífen), ficando da seguinte forma: nós fazemo-nos. Perceba que o pronome “nós” não é palavra atrativa; logo, a ênclise é aceita. PORTUGUÊS P/ CÂMARA DOS DEPUTADOS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 31 Gabarito: E 16. O emprego do sinal de dois-pontos, na linha 11, anuncia que uma consequência do que foi dito é explicitar a pergunta proposta pela sociologia. Comentário: Nesta questão, é importante observarmos o excerto: A sociologia trabalha com a concepção dessa relação entre o que é “meu” e o que é “nosso”. A pergunta que propõe é: como nos fazemos e nos refazemos em nossas relações com as instituições e nas relações que estabelecemos
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