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Organização Criminosa

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CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 1 
 
CRIME ORGANIZADO 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 6 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7 
2. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ..................................................................................................... 7 
 LEI 9.034/95 ..................................................................................................................... 7 
 NO PLANO INTERNACIONAL: CONVENÇÃO DE PALERMO ......................................... 8 
 LEI 12.694/2012 ............................................................................................................... 9 
 LEI 12.850/2013 ............................................................................................................... 9 
2.4.1. Juízos colegiados instalados antes da vigência da LCO .......................................... 10 
3. COMPARATIVO DOS CONCEITOS LEGAIS ........................................................................ 10 
4. SÍNTESE DA LEI 12.694/2012............................................................................................... 12 
5. INSTITUTO DO “JUIZ SEM ROSTO” ..................................................................................... 15 
 JUIZ SEM ROSTO NA COLÔMBIA ................................................................................ 15 
 JUIZ SEM ROSTO NO PERU ......................................................................................... 16 
 JUIZ SEM ROSTO NA LEI 12.694/2012 ......................................................................... 17 
6. APLICAÇÃO EXTENSIVA DA LEI DO CRIME ORGANIZADO (LCO) ................................... 19 
7. CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA .............................................................................. 20 
 CRIME DE CONCURSO NECESSÁRIO ........................................................................ 21 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS ESTRUTURALMENTE ORDENADA
 21 
 PRESENÇA DE SERVIDOR PÚBLICO .......................................................................... 22 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS CARACTERIZADA PELA DIVISÃO 
DE TAREFAS ............................................................................................................................ 22 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS AINDA QUE INFORMALMENTE .... 22 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS COM O OBJETIVO DE OBTER, 
DIRETA OU INDIRETAMENTE, VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA............................. 23 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS MEDIANTE A PRÁTICA DE 
INFRAÇÕES PENAIS ............................................................................................................... 23 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS MEDIANTE A PRÁTICA DE 
INFRAÇÕES PENAIS QUE SEJAM DE CARÁTER TRANSNACIONAL ................................... 23 
8. OBJETO JURÍDICO E NÚCLEOS DO TIPO DO ART. 2º, CAPUT, DA LCO ......................... 23 
 RETROATIVIDADE E IRRETROATIVIDADE ................................................................. 24 
9. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO .............................................................................................. 24 
10. ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 24 
11. CONSUMAÇÃO ................................................................................................................. 25 
12. MAIS DE UMA DENÚNCIA CONTRA A MESMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ............... 25 
13. TENTATIVA ....................................................................................................................... 26 
14. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES .................................................................................. 26 
 TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO PELO DOMÍNIO SOCIAL .......................................... 27 
 DIFERENÇA DA TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO PELO DOMÍNIO SOCIAL (T.D.F. – 
PABLO RODRIGO ALFLEN) E DA T.D.F. (CLAUS ROXIN) NA FORMA DOS APARATOS 
ORGANIZADOS DE PODER .................................................................................................... 27 
15. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ................................................................................... 27 
 ARMA DE FOGO ............................................................................................................ 27 
 PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE (I) ................................................ 28 
 AGENTE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ............................................................................... 29 
 DESTINAÇÃO DO PRODUTO DO CRIME AO EXTERIOR ............................................ 29 
 CONEXÃO COM OUTRAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS ........................................ 29 
 TRANSNACIONALIDADE............................................................................................... 29 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 2 
 
16. AFASTAMENTO CAUTELAR ............................................................................................. 30 
 AFASTAMENTO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO ............................................................. 30 
 AFASTAMENTO DE DETENTORES DE MANDATO ELETIVO ..................................... 30 
17. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ............................................................................................ 32 
 LIMITES DOS EFEITOS ................................................................................................. 32 
 SERVIDOR APOSENTADO ........................................................................................... 33 
 MANDATO ELETIVO DE DEPUTADOS FEDERAIS E SENADORES ............................ 33 
18. INVESTIGAÇÃO EM CASO DE PARTICIPAÇÃO DE POLICIAL ....................................... 35 
19. IMPEDIMENTO OU EMBARAÇAMENTO À PERSECUÇÃO PENAL (OBSTRUÇÃO À 
JUSTIÇA) ..................................................................................................................................... 36 
 NÚCLEO DO TIPO ......................................................................................................... 36 
 SUJEITOS DO CRIME ................................................................................................... 37 
 ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 37 
 CONSUMAÇÃO .............................................................................................................. 37 
 TENTATIVA .................................................................................................................... 37 
20. CRIMES OCORRIDOS NA INVESTIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DE PROVA .................... 38 
 CARACTERÍSTICAS COMUNS ..................................................................................... 38 
20.1.1. Finalidade ................................................................................................................ 38 
20.1.2. Bem jurídico ............................................................................................................. 38 
20.1.3. Ação penal ............................................................................................................... 38 
20.1.4. Procedimento .......................................................................................................... 38 
20.1.5. Prazo para encerramento da instrução .................................................................... 38 
20.1.6. Elemento subjetivo .................................................................................................. 38 
 IDENTIFICAÇÃO CLANDESTINA DE COLABORADOR (ART.18 DA LCO) .................. 38 
20.2.1. Núcleos ................................................................................................................... 39 
20.2.2. Sujeito ativo ............................................................................................................. 39 
20.2.3. Sujeito passivo ........................................................................................................ 40 
20.2.4. Elemento subjetivo .................................................................................................. 40 
20.2.5. Consumação ........................................................................................................... 40 
 COLABORAÇÃO CALUNIOSA OU INVERÍDICA (ART. 19) ........................................... 40 
20.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 40 
20.3.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 40 
20.3.3. Elemento subjetivo .................................................................................................. 41 
20.3.4. Núcleos ................................................................................................................... 41 
20.3.5. Consumação ........................................................................................................... 41 
 VIOLAÇÃO DE SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES (ART. 20) ............................................ 41 
20.4.1. Núcleo ..................................................................................................................... 42 
20.4.2. Sujeito ativo ............................................................................................................. 42 
20.4.3. Consumação ........................................................................................................... 42 
20.4.4. Tentativa .................................................................................................................. 42 
 SONEGAÇÃO DE INFORMAÇÕES REQUISITADAS (ART. 21) .................................... 43 
20.5.1. Objetivo ................................................................................................................... 43 
20.5.2. Núcleos ................................................................................................................... 44 
20.5.3. Confrontos ............................................................................................................... 44 
20.5.4. Sujeito ativo ............................................................................................................. 44 
20.5.5. Sujeito passivo ........................................................................................................ 45 
20.5.6. Elemento subjetivo .................................................................................................. 45 
20.5.7. Consumação ........................................................................................................... 45 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 3 
 
20.5.8. Tentativa .................................................................................................................. 45 
20.5.9. Infração Penal de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) ............................................... 45 
 DIVULGAÇÃO INDEVIDA DE DADOS CADASTRAIS .................................................... 45 
20.6.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 46 
20.6.2. Elemento subjetivo .................................................................................................. 46 
20.6.3. Consumação ........................................................................................................... 46 
20.6.4. Tentativa .................................................................................................................. 46 
20.6.5. IMPO ....................................................................................................................... 46 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS ESPECIAIS DE OBTENÇÃO DE PROVAS ......................... 47 
2. TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................ 47 
3. PARTICIPAÇÃO DO JUIZ NA 1ª FASE DA PERSECUÇÃO PENAL ..................................... 48 
4. POLÍTICAS DE PREVENÇÃO À CORRUPÇÃO E À CRIMINALIDADE ORGANIZADA ........ 49 
 COMPLIANCE ................................................................................................................ 49 
 WHISTLEBLOWER ........................................................................................................ 50 
4.2.1. Whistleblower X colaborador ................................................................................... 50 
4.2.2. Whistleblower X Compliance Officer ........................................................................ 50 
5. COLABORAÇÃO PREMIADA ................................................................................................ 50 
 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 50 
 CONCEITO E DEMONINAÇÕES ................................................................................... 51 
 VISÃO CRÍTICA ............................................................................................................. 52 
5.3.1. Contras .................................................................................................................... 52 
5.3.2. Prós ......................................................................................................................... 52 
 NATUREZA JURÍDICA DO ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA ....................... 53 
 PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 53 
 PRÊMIOS LEGAIS ......................................................................................................... 55 
5.6.1. Cumulação de prêmios ............................................................................................ 55 
5.6.2. Prêmios não previstos em lei ................................................................................... 56 
5.6.3. Colaboração de preso cautelar ................................................................................ 56 
 PERDÃO JUDICIAL ........................................................................................................ 56 
5.7.1. Natureza jurídica ...................................................................................................... 56 
5.7.2. Primariedade é requisito? ........................................................................................ 56 
5.7.3. Disciplinamento na LCO .......................................................................................... 57 
5.7.4. Correta interpretação do dispositivo ......................................................................... 57 
5.7.5. Previsão final do artigo 28 do CPP .......................................................................... 57 
 LEGITIMIDADE DO DELEGADO DE POLÍCIA PARA REALIZAÇÃO DO ACORDO ...... 58 
 LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO....................................................... 59 
 EFEITOS DA COLABORAÇÃO PREMIADA ................................................................... 59 
5.10.1. Menor possibilidade de redução .............................................................................. 60 
5.10.2. Minorantes em conjunto ........................................................................................... 60 
 MOMENTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA ...............................................................60 
 PROGRESSÃO DE REGIME ......................................................................................... 60 
 BOM COMPORTAMENTO CARCERÁRIO ..................................................................... 61 
 SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PELA RESTRITIVA DE 
DIREITOS ................................................................................................................................. 61 
 NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA ......................................................................... 61 
 DIFERENÇAS DE ACORDOS ........................................................................................ 62 
 PRESSUPOSTO FUNDAMENTAL PARA O PRÊMIO .................................................... 62 
5.17.1. Formalização escrita do acordo ............................................................................... 62 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 4 
 
5.17.2. Colaboração unilateral ............................................................................................. 62 
5.17.3. Pedido de homologação .......................................................................................... 63 
5.17.4. Colaboração efetiva e voluntária .............................................................................. 64 
5.17.5. Observância das circunstâncias objetivas e subjetivas ............................................ 64 
5.17.6. Eficácia objetiva da colaboração e vinculação judicial ............................................. 64 
5.17.7. Colaboração premiada (queen for a day/proffer session) ......................................... 65 
5.17.8. Homologação recusada e adequação judicial da proposta ...................................... 65 
5.17.9. Adequação do juiz a proposta .................................................................................. 66 
 RESCISÃO, ANULABILIDADE E RETRATAÇÃO ........................................................... 66 
 RENÚNCIA AO DIREITO AO SILÊNCIO E COMPROMISSO LEGAL DE DIZER A 
VERDADE ................................................................................................................................. 67 
 REGRA DA CORROBORAÇÃO X CORROBORAÇÃO RECÍPROCA/CRUZADA .......... 67 
 DIREITOS DO COLABORADOR .................................................................................... 68 
 REFLEXOS DA COLABORAÇÃO NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .................... 69 
6. AÇÃO CONTROLADA ........................................................................................................... 69 
 PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 69 
 DENOMINAÇÕES .......................................................................................................... 69 
 ATO DE RETARDAR A INTERVENÇÃO ADMINISTRATIVA ......................................... 70 
 AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................. 70 
 NATUREZA: PRÉVIA COMUNICAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO? ....................................... 71 
7. ACESSO AOS DADOS CADASTRAIS .................................................................................. 72 
 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DA REQUISIÇÃO .............................................................. 72 
 ACESSO A REGISTRO DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS ............................................... 73 
8. QUEBRA DE ERB (ESTAÇÃO RÁDIO BASE) ....................................................................... 74 
 ORDEM JUDICIAL ......................................................................................................... 74 
 VERIFICAÇÃO POR PMS DOS REGISTROS DE LIGAÇÕES NO MOMENTO DO 
FLAGRANTE* ........................................................................................................................... 75 
 VERIFICAÇÃO POR PMS DE CONVERSAS DE WHATSAPP NO MOMENTO DO 
FLAGRANTE ............................................................................................................................. 75 
 VERIFICAÇÃO POR INVESTIGADORES DE CONVERSAS DEPOSITADAS EM 
APARELHOS APREENDIDOS POR FORÇA DE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO...... 76 
9. QUEBRA DO SIGILO FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL ................................................. 76 
 AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................. 76 
 EXCEÇÃO ...................................................................................................................... 76 
 SIGILO FISCAL – RECEITA FEDERAL – COMPARTILHAMENTO COM O MP ............ 77 
10. INFILTRAÇÃO DE AGENTES ............................................................................................ 77 
 CONCEITO E PREVISÃO LEGAL .................................................................................. 77 
 PRÓS E CONTRAS ........................................................................................................ 78 
10.2.1. Contras .................................................................................................................... 78 
10.2.2. Prós ......................................................................................................................... 78 
 DISTINÇÕES CONCEITUAIS ......................................................................................... 78 
10.3.1. Agente x undercover ................................................................................................ 78 
10.3.2. Agente infiltrado x agente provocador ...................................................................... 78 
 LEGITIMIDADE PARA REQUERER ............................................................................... 78 
 LEGITIMADOS PARA EXECUTAR ................................................................................ 79 
 LIMITES E ALCANCE DA DECISÃO .............................................................................. 79 
 FRAGMENTARIEDADE E SUBSIDIARIEDADE ............................................................. 80 
 ESPÉCIES ...................................................................................................................... 80 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 5 
 
 PLANO OPERACIONAL DA INFILTRAÇÃO ................................................................... 81 
10.9.1. Cessação da operação ............................................................................................ 81 
10.9.2. Regra de atuação: proporcionalidade ...................................................................... 81 
10.9.3. Natureza jurídica da exclusão da responsabilidade ................................................. 82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 6 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial – Organização Criminosa possui como base as aulas 
do professor Vinícius Marçal, do Curso G7 Jurídico. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum deJurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 7 
 
1. INTRODUÇÃO 
A Lei 12.850/13 conhecida como Lei do Crime Organizado, em seu art. 1º, define o objeto 
do nosso estudo, qual seja: organização criminosa, bem como criminaliza a conduta de organizar-
se criminosamente. 
Observe o disposto em seu art. 1º: 
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação 
criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o 
procedimento criminal a ser aplicado 
2. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA 
 LEI 9.034/95 
No Brasil, a Lei 9.034/95 foi a primeira a tratar sobre organizações criminosas. 
Seu propósito era inovar o ordenamento jurídico brasileiro, para isso mencionou técnicas 
especiais de investigação (infiltração de agentes, delação premiada). Contudo, não as 
regulamentou. 
Não bastasse a ausência de procedimentalização dos institutos amparados, a Lei nº 
9.034/95 pecou em outros aspectos, conforme se pode verificar em seu art. 1º (já revogado): 
Art. 1o Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos 
investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por 
quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de 
qualquer tipo 
 
Em relação à quadrilha ou bando, não havia dúvida, referia-se ao art. 288 do CP (atual, 
associação criminosa) e as associações criminosas, àquela época, estavam descritas na Lei do 
Genocídio (art. 2º) e na Lei de Drogas (art. 35). 
Entretanto, não se sabia explicar no que consistiam as organizações criminosas, porque a 
Lei nº 9.034/95, apesar de mencionar o instituto, não o definiu, bem como não tipificou a conduta 
de integrar organizações criminosas. 
Justamente por isso (ausência de definição), inúmeros doutrinadores classificaram a Lei nº 
9.034/95 como “oca/vazia” e, consequentemente, ineficaz, sobretudo, nos pontos atrelados às 
organizações criminosas. Exemplo está descrito em seu artigo 6º que versava sobre delação 
premiada: 
Art. 6º Nos crimes praticados em organização criminosa, a pena será 
reduzida de um a dois terços, quando a colaboração espontânea do agente 
levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria 
 
A delação premiada estava intimamente ligada à organização criminosa, ainda que não se 
soubesse no que consistia. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 8 
 
Por fim, cita-se a Lei de Segurança Nacional que, em seus arts. 16 e 25, também prevê 
espécies de associações criminosas, limitando-se, no entanto, à menção sem qualquer conceito. 
 
 NO PLANO INTERNACIONAL: CONVENÇÃO DE PALERMO 
A Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado 
Transnacional), promulgada internamente pelo Decreto Presidencial 5.015/2004, representou 
notável avanço no âmbito interno, pois trouxe o conceito de “grupo criminoso organizado” (ou 
organização criminosa) em seu art. 2º, alínea “a”: 
Art. 2º, a, Grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum 
tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais 
infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de 
obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício 
material. 
 
A previsão foi considerada significativa porque foi a primeira vez em que se definiu o que se 
entendia por organização criminosa. 
Ressalta-se que houve grande polemica envolvendo a Convenção de Palermo e a de Lei de 
Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98), antes da sua alteração pela Lei nº 12.683/12, enquanto 
ainda era entendida como “lei de 2ª geração” (ampliação do rol de crimes antecedentes), 
especificamente, pela previsão do inciso VII do artigo 1º: 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, 
direta ou indiretamente, de crime: 
VII - praticado por organização criminosa. 
 
Note que a Lei de Lavagem de Capitais não criminaliza a conduta de “integrar organização 
criminosa”, porém sim a lavagem praticada “por meio de organização criminosa”. 
A dúvida instalada abordou a possibilidade (ou não) de o conceito trazido pela Convenção 
de Palermo ser aplicado na referida hipótese, para fins de tipificação do crime de lavagem de 
capitais. 
O STJ, numa primeira abordagem, posicionou-se positivamente fundado na premissa de que 
o art. 1º, VII, da Lei de Lavagem de Capitais encerrava natureza de norma penal em branco. 
Portanto, o crime “lavagem de dinheiro” se complementava com o conceito sustentado pela 
Convenção de Palermo. Em outras palavras, o crime estatuído naquele dispositivo era o de 
“lavagem de capitais”, e não o de “organização criminosa”. 
STJ: Capitulação da conduta no inciso VII do art. 1º da Lei 9.613/98, não 
requer nenhum crime antecedente específico para efeito de configuração do 
crime de lavagem de dinheiro, bastando que seja praticado por organização 
criminosa (L9.034 + Conv.Palermo) (HC 77.771/SP, DJe 22/09/2008 + HC 
171.912/SP, DJe 28/09/2011). 
 
O STJ, por mais de uma vez, adotou esse entendimento. 
A discussão chegou ao STF, que tomou partido diverso, em virtude de dois fundamentos: 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 9 
 
• Princípio da Legalidade em Sentido Amplo 
Contempla quatro facetas, quais sejam: exige que a lei penal seja prévia, certa, estrita e 
escrita. 
De acordo com essa corrente, a lei penal (Convenção de Palermo) violava a legalidade, 
porque não era certa, dado à ausência de taxatividade e amplitude do conceito. Além disso, não se 
tratava de lei penal estrita, em sentido formal, por não respeitar a prévia discussão em Parlamento 
para, então, incorporação. 
• O conceito vale nas relações de direito internacional, não para o Direito Penal interno 
Entendiam o conceito sustentado pela Convenção de Palermo como válido, mas aplicado, 
tão somente, no âmbito das relações internacionais. 
STF: “TIPO PENAL – NORMATIZAÇÃO. A existência de tipo penal 
pressupõe lei em sentido formal e material. [...] O crime de quadrilha não se 
confunde com o de organização criminosa, até hoje sem definição na 
legislação pátria.” (HC 96007, DJe-027 de 07/02/2013) Idem: HC 108.715, 
DJe 29.05.2014. 
 LEI 12.694/2012 
A Lei nº 12.694/12 dispôs sobre o processo e julgamento colegiado, em 1º grau de jurisdição, 
de crimes praticados por organizações criminosas. 
Para fins didáticos, são feitos três questionamentos a respeito da referida lei: 
a) Deu o conceito de organização criminosa? 
b) Tipificou-a como crime? 
c) Revogou a Lei nº 9.034/95? 
Em resposta, a lei trouxe o conceito de organização criminosa, não tipificou como crime a 
conduta de integrar organização criminosa e não revogou a Lei nº 9.034/95. 
No período em que foi editada, existiam dois diplomas que tratavam do assunto 
“organizações criminosas no Brasil”:a Lei nº 9.034, embora “oca”, e a Lei nº 12.694/12 que, em seu 
art. 2º definiu o que era “organização criminosa”. 
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a 
associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo 
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante 
a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos 
ou que sejam de caráter transnacional. 
 LEI 12.850/2013 
Expressamente, definiu e criminalizou a conduta. 
 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 10 
 
Assim, tem-se um conceito de crime organizado na Convenção de Palermo (2004), válido 
nas relações internacionais; outro conceito na Lei nº 12.694/12 (2012). E, por fim, outro na Lei nº 
12.850/13 – nesse cenário reside a primeira grande divergência. 
Não há dúvidas a respeito da validade da Lei nº 12.694/12. Porém, questiona-se se o 
conceito trazido por ela continua útil para fins de formação de juízo colegiado. 
1ª C: Rômulo de Andrade Moreira, minoritariamente, defende que existem dois conceitos 
válidos de “organização criminosa” no Brasil, um para formação do juízo colegiado e outro para fins 
de complementação do crime de organização criminosa previsto no art. 2º da Lei nº 12.850/13. 
2ª C: O posicionamento majoritário, por razões de segurança jurídica, legitima que a Lei nº 
12.850/13, que é posterior à de 2012, revogou a Lei nº 12.694/12. Principalmente, no ponto em que 
conceitua organizações criminosas, de modo que, atualmente, existe apenas um conceito válido de 
organização criminosa, transcrito no §1º, do art. 1º da Lei nº 12.850/13: 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, 
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas 
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional. 
 
Além da segurança jurídica, a 2ª corrente fundamenta-se também no art. 2º, §1º, da LINDB. 
Vejamos: 
Art. 2º (...), § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o 
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior. 
 
Logo, a Lei nº 12.850/13 revogou definitivamente a Lei nº 9.034/95 e, quanto à Lei nº 
12.964/12 revogou apenas o que estava relacionado ao conceito. 
2.4.1. Juízos colegiados instalados antes da vigência da LCO 
Questionamento também relevante é quantos aos eventuais juízos instalados antes da 
vigência da LCO, se seriam maculados (ou não) pelo surgimento do novo conceito. 
Essa dubiedade instala-se porque o conceito das organizações criminosas, previsto na Lei 
nº 12.694/12, prescindia a reunião de 03 ou mais pessoas, enquanto na Lei nº 12.850/13 exigirá o 
agrupamento de 04 ou mais. 
Caso o processo esteja em trâmite, vigora-se o tempus regit actum (o tempo rege o ato), ou 
seja, a lei que regeu o tempo. Portanto, se ao tempo da Lei nº 12.964/12 observou-se o conceito lá 
estabelecido, ainda que advenha a nova LCO e seja integralmente válida, não maculará os atos 
tomados com base na lei anterior. 
3. COMPARATIVO DOS CONCEITOS LEGAIS 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 11 
 
O estudo detalho dos conceitos é imprescindível, pois costumam ser cobrados em concursos 
públicos e, na maioria das vezes, em forma de “pegadinhas”. 
Três eixos devem ser utilizados como parâmetro na diferenciação dos conceitos: 
a) Número de integrantes; 
b) Natureza das infrações praticadas; 
c) Benefício material almejado pela organização criminosa; 
Conforme visto acima, a Lei nº 9.034/95 não auferiu conceito para “organização criminosa”, 
apenas fez menção ao tempo. 
A Convenção de Palermo, em seu art. 2º, alínea “a”, definiu-a como: 
“grupo estruturado de 3 ou mais pessoas, existente há algum tempo e 
atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações 
graves enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta 
ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material”. 
 
O número de “3 ou mais pessoas” da Convenção de Palermo coincide com o previsto pelo 
art. 2º da Lei nº 12.964/12: 
“considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais 
pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, 
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena 
máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter 
transnacional”. 
 
A LCO, por sua vez, no §1º do art. 1º, previu: 
“considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, 
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas 
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional”. 
 
Em suma: 
QUADRO COMPARATIVO DOS CONCEITOS 
DE “ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA” 
EIXOS Lei nº 9.034/95 Convenção 
de Palermo 
Lei nº 
12.964/12 
Lei nº 
12.850/13 
(LCO) 
Número de 
integrantes 
(sem previsão) 3 ou + 3 ou + 4 ou + 
Natureza das 
infrações praticadas 
 
 
(sem previsão) 
1 ou + 
infrações 
graves 
Crimes com 
pena máxima 
≥ 4 anos ou 
Infrações 
penais com 
pena máxima 
> 4 anos ou 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 12 
 
enunciadas na 
Convenção 
de caráter 
transnacional 
de caráter 
transnacional 
Benefício almejado 
pela organização 
criminosa 
 
(sem previsão) 
Benefício 
econômico ou 
material 
Vantagem de 
qualquer 
natureza 
Vantagem de 
qualquer 
natureza 
4. SÍNTESE DA LEI 12.694/2012 
A Lei do Juízo Colegiado de 1º Grau revelou-se, principalmente, como um escudo protetivo 
para juízes, servidores e membros do Ministério Público que atuam no combate ao crime 
organizado, trazendo, para isso, alguns instrumentos. 
Essa lei dispôs sobre o processo e o julgamento, em 1º grau, de crimes praticados por 
organizações criminosas. Perceba que não alcança somente o crime organizado por natureza, 
previsto na LCO em seu artigo 2º ou o denominado “crime de organização”, porém todos aqueles 
praticados pela organização criminosa, ou seja, o crime de organização criminosa por extensão. 
Em seu art. 1º dispõe sobre a formação do colegiado de juízes de 1º grau (acórdão) para a 
prática de atos processuais, em feitos que tenham por objeto crimes praticados por organizações 
criminosas: 
Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes 
praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação 
de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: 
I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias; 
II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão; 
III - sentença; 
IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena; 
V - concessão de liberdade condicional; 
VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança 
máxima; e 
VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado. 
 
O art. 2º previa o conceito de organização criminosa, porém foi revogado pela LCO. Observe 
a redação: 
Art. 2° para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a 
associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmenteordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo 
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante 
a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos 
ou que sejam de caráter transnacional. 
 
O art. 3º trata de medidas de reforço à segurança dos prédios da Justiça (controle de acesso, 
câmeras de vigilância, detectores de metais): 
Art. 3o Os tribunais, no âmbito de suas competências, são autorizados a 
tomar medidas para reforçar a segurança dos prédios da Justiça, 
especialmente: 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 13 
 
I - controle de acesso, com identificação, aos seus prédios, especialmente 
aqueles com varas criminais, ou às áreas dos prédios com varas criminais; 
II - instalação de câmeras de vigilância nos seus prédios, especialmente nas 
varas criminais e áreas adjacentes; 
III - instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem 
submeter todos que queiram ter acesso aos seus prédios, especialmente às 
varas criminais ou às respectivas salas de audiência, ainda que exerçam 
qualquer cargo ou função pública, ressalvados os integrantes de missão 
policial, a escolta de presos e os agentes ou inspetores de segurança 
próprios. 
 
Já o art. 4º altera o art. 91 do CP, alargando o espectro do perdimento de bens e das medidas 
assecuratórias, de modo a alcançar bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime 
quando estes não forem encontrados ou se localizarem no exterior: 
Art. 4o O art. 91 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código 
Penal, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 1o e 2o: 
“Art. 91. 
§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao 
produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando 
se localizarem no exterior. 
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação 
processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou 
acusado para posterior decretação de perda.” (NR) 
 
O artigo 5º altera o CPP, prevendo a alienação antecipada (por deterioração ou dificuldade 
para a manutenção) como forma de preservação do valor do bem sobre o qual paire medida 
assecuratória: 
Art. 5o O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de 
Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 144-A: 
“Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do 
valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de 
deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua 
manutenção. 
§ 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. 
§ 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou 
por valor maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, 
será realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do 
primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não inferior a 80% (oitenta 
por cento) do estipulado na avaliação judicial. 
§ 3o O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo 
até a decisão final do processo, procedendo-se à sua conversão em renda 
para a União, Estado ou Distrito Federal, no caso de condenação, ou, no caso 
de absolvição, à sua devolução ao acusado. 
§ 4o Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda 
estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de 
pagamento, o juízo determinará a conversão do numerário apreendido em 
moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em 
conta judicial. 
§ 5o No caso da alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz 
ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de registro e 
controle a expedição de certificado de registro e licenciamento em favor do 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 14 
 
arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos 
anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. 
§ 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos 
títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, 
provada por certidão ou publicação no órgão oficial. 
 
O art. 6º alterou o CTB para permitir placas “frias” para membros do Poder Judiciário e do 
Ministério Público que atuam no combate ao crime organizado, de forma a impedir a identificação 
de seus usuários: 
Art. 6o O art. 115 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de 
Trânsito Brasileiro, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7o: 
“Art. 115. 
§ 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica e fundamentada 
das respectivas corregedorias e com a devida comunicação aos órgãos de 
trânsito competentes, os veículos utilizados por membros do Poder Judiciário 
e do Ministério Público que exerçam competência ou atribuição criminal 
poderão temporariamente ter placas especiais, de forma a impedir a 
identificação de seus usuários específicos, na forma de regulamento a ser 
emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, pelo 
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP e pelo Conselho Nacional 
de Trânsito - CONTRAN.” (NR) 
 
O art. 7º alterou o Estatuto do Desarmamento, ampliando a autorização para porte de arma 
de fogo aos servidores do Judiciário e do Ministério Público que efetivamente estejam no exercício 
de funções de segurança: 
Art. 7o O art. 6o da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar 
acrescido do seguinte inciso XI: 
“Art. 6o 
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição 
Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo 
de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no 
exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido 
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do 
Ministério Público - CNMP.” (NR) 
 
O art. 8º estipula que as armas de fogo utilizadas pelos servidores do Judiciário e do 
Ministério Público, no exercício de funções de segurança, serão de propriedade, responsabilidade 
e guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando em serviço: 
Art. 8o A Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar 
acrescida do seguinte art. 7o-A: 
“Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das instituições 
descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e 
guarda das respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas quando 
em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de armazenagem 
estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a 
autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. 
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que trata este artigo 
independe do pagamento de taxa. 
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público designará os 
servidores de seus quadros pessoais no exercício de funções de segurança 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 15 
 
que poderão portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% 
(cinquenta por cento) do número de servidores que exerçam funções de 
segurança. 
§ 3o O porte de arma pelos servidores das instituições de que trata este 
artigo fica condicionado à apresentação de documentação comprobatória do 
preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à 
formação funcional em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à 
existência de mecanismos de fiscalização e de controleinterno, nas 
condições estabelecidas no regulamento desta Lei. 
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que trata este artigo deverá 
ser atualizada semestralmente no Sinarm. 
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obrigadas a registrar 
ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual perda, furto, 
roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e munições 
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois 
de ocorrido o fato.” 
 
E, por fim, o art. 9º trata da proteção pessoal para juízes e membros do Ministério Público 
(e seus familiares), que atuam no combate ao crime organizado, a ser efetivada pela polícia 
judiciária; por órgãos de segurança institucional; por outras forças policiais; ou por todos, 
conjuntamente: 
Art. 9o Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das 
autoridades judiciais ou membros do Ministério Público e de seus familiares, 
o fato será comunicado à polícia judiciária, que avaliará a necessidade, o 
alcance e os parâmetros da proteção pessoal. 
§ 1o A proteção pessoal será prestada de acordo com a avaliação realizada 
pela polícia judiciária e após a comunicação à autoridade judicial ou ao 
membro do Ministério Público, conforme o caso: 
I - pela própria polícia judiciária; 
II - pelos órgãos de segurança institucional; 
III - por outras forças policiais; 
IV - de forma conjunta pelos citados nos incisos I, II e III. 
§ 2o Será prestada proteção pessoal imediata nos casos urgentes, sem 
prejuízo da adequação da medida, segundo a avaliação a que se referem o 
caput e o § 1o deste artigo. 
§ 3o A prestação de proteção pessoal será comunicada ao Conselho 
Nacional de Justiça ou ao Conselho Nacional do Ministério Público, conforme 
o caso. 
§ 4o Verificado o descumprimento dos procedimentos de segurança 
definidos pela polícia judiciária, esta encaminhará relatório ao Conselho 
Nacional de Justiça - CNJ ou ao Conselho Nacional do Ministério Público - 
CNMP. 
 
Veja que essa lei, além de prever a formação do colegiado de 1º grau e dispor sobre 
segurança dos prédios da Justiça, alterou o CP, o CPP, o CTB e o Estatuto de Desarmamento. 
5. INSTITUTO DO “JUIZ SEM ROSTO” 
 JUIZ SEM ROSTO NA COLÔMBIA 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 16 
 
O Código de Processo Penal Colombiano – Decreto 2.700/1991, em seu art. 158 previu o 
instituto do juiz sem rosto, preconizado no contexto do narcotráfico, após Pablo Escobar ter 
assassinado o Procurador Geral da República, juízes, policiais, Ministro da Justiça, civis, candidatos 
à presidência e Ministros da Corte Colombiana. 
As consequências do cenário caótico provocado pelo Cartel de Medellín corroboraram para 
a instituição do juiz sem rosto. O magistrado não mais assinaria a sentença, de modo que sua 
decisão seria publicada, sem que houvesse sua identificação. Nas audiências, utilizaria máscaras 
e até mesmo biombos de vidro, mecanismos de distorção de voz e outros. 
Em 1993, a Corte Constitucional foi provocada para reconhecer a ilegalidade da figura do 
“juiz sem rosto”. Porém, na prolação da Sentença C-53, também devido à continuidade dos ataques 
de cartéis, reconheceu a constitucionalidade do instituto. 
Três anos depois, em 1996, adveio a Ley 270 – Ley Estatutaria de La Administración de 
Justicia como norma de transição determinando que a figura do “juiz sem rosto” duraria apenas até 
1999. 
Em 1999, a Ley/1999 suprimiu a reserva da identidade dos juízes, no entanto, manteve a 
possibilidade quanto aos fiscales e os testigos, ou seja, aos membros do Ministério Público e às 
testemunhas. 
 Em 2000, a Corte Constitucional foi novamente instigada para que averiguasse a legalidade 
do instituto e, dessa vez, na Sentença C-392, asseverou que a reserva de identidade preconizada 
pela Ley 504/1999 era inconstitucional, pois violava os princípios do devido processo legal, da 
publicidade, da imparcialidade e o direito ao confronto probatório. 
Sendo assim, também não inexiste a figura do juiz sem rosto na Colômbia, mormente porque 
a Lei de Transição que havia determinado sua extinção em relação aos magistrados, persistindo 
sua possibilidade, tão somente, a membros do Ministério Público e testemunhas, um ano depois 
(2000), foi considerada inconstitucional pela Corte. 
 JUIZ SEM ROSTO NO PERU 
Os art. 13 e 15 do Decreto-Lei 25.475/1992 preveem a figura do juiz sem rosto no Peru. 
O caso de Castillo e Petruzzi x Peru foi fundamental para discussão do assunto. Os 
acusados Cattilo, Petruzzi e outros foram processados por “traição à pátria” perante a Justiça Militar 
e, neste processo, participaram de diversas audiências com juízes e membros do Ministério Público 
mascarados. 
Ao final, Castillo, Petruzzi e outros foram condenados pelo Peru. A questão chegou até a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos que, por sua vez, entendeu-a como ofensiva aos 
princípios da imparcialidade e do juiz natural. Em relação à imparcialidade, se o juiz é mascarado, 
poderá fazer o que bem entender e desmesurando, quando do julgamento, sua carga de ódio e 
rancor. Por não ser identificado, há liberdade para análise das circunstâncias de um jeito ou outro, 
seja o melhor veredicto ou não. 
No que diz respeito ao juiz natural, se a máscara impede a verificação daquele, impossibilita-
se a verificação de ser ele o juiz legalmente investido para julgamento da causa. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 17 
 
Ante as incongruências, a Corte Interamericana de Direitos Humanos extirpou a figura do 
juiz sem rosto, bem como determinou que o Estado Peruano proferisse novo julgamento sem 
quaisquer medidas de autoridades anônimas. 
 JUIZ SEM ROSTO NA LEI 12.694/2012 
Na Lei nº 12.694/2012, os juízes que compõem o colegiado (1 natural e 2 escolhidos por 
sorteio eletrônico) assinam a decisão - não existe sentença apócrifa. 
Assim, o colegiado, ao ser convocado para determinada providência, obriga a participação 
dos três magistrados, possibilitando, inclusive, a arguição de causa de impedimento e/ou suspeição 
dos juízes integrantes. 
Em relação à convocação do colegiado de 1º grau, estabelecem-se alguns questionamentos: 
a) Precisa haver requerimento? 
Não é preciso requerer a instauração do juízo colegiado. 
b) A formação do colegiado é impositiva? 
Não. 
c) Pode ser formado no Júri? 
Poderá ser formado em qualquer caso que envolva crimes praticados por organizações 
criminosas, desde que presentes requisitos legais. A critério exemplificativo, até mesmo o Tribunal 
do Júri pode comportar magistrados colegiados. Certo que quem profere o julgamento é o povo, 
mas é possível sua instauração nas fases anteriores ou mesmo para que a presidência do Tribunal. 
d) Pode acontecer em qualquer fase da persecução penal? 
Sim. Qualquer fase da persecução penal admite a formação do órgão colegiado, nos termos 
do art. 1º da Lei 13.694/2012: 
Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes 
praticados por organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação 
de colegiado para a prática de qualquer ato processual, especialmente: 
 
e) O que deve fazer o magistrado para formar o colegiado? 
Caberá ao magistrado a indicação dos motivos e circunstâncias que acarretam risco à sua 
integridade física (ou de seus familiares) em decisão fundamentada, resguardada a cautela com a 
eloquência acusatória. 
Deverá ser dada ciência do requerimento à Corregedoria Geral da Justiça. 
Nesse sentido dispõem os art. 9º e §1º do art. 1º, ambos da Lei nº 12.694/12: 
Art. 9º Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das 
autoridades judiciais oumembros do Ministério Público e de seus familiares, 
o fato será comunicado à polícia judiciária, que avaliará a necessidade, o 
alcance e os parâmetros da proteção pessoal. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 18 
 
Art. 1º, § 1º O juiz poderá instaurar o colegiado, indicando os motivos e as 
circunstâncias que acarretam risco à sua integridade física em decisão 
fundamentada, da qual será dado conhecimento ao órgão correicional. 
 
f) A Corregedoria pode revogar o ato? 
O entendimento amplamente majoritário é de que não, dado que o magistrado, ao atuar, 
profere decisão jurisdicional. 
A Corregedoria é cientificada, tão somente, para fins estatísticos e para que trace mapa de 
juízes ameaçados e, assim, estabeleça política de segurança. 
Eventual controle de constitucionalidade poderá acontecer, porém, no âmbito administrativo. 
g) A decisão que convoca o colegiado é recorrível? 
A lei é silente. No entanto, subtende-se que a formação do colegiado pode ocasionar 
prejuízo e até deixar o réu em situação de perigo. 
Se instaurado irregularmente e numa eventual decretação de prisão, nada impede a sua 
análise através de Habeas Corpus. 
É possível até que os membros sorteados estabeleçam conflito negativo de competência por 
entender ausentes as causas para formação do colegiado. 
h) Quantos juízes formam o colegiado? 
Um natural e dois por sorteio eletrônico, sendo que os dois sorteados devem, 
obrigatoriamente, estar investidos de competência criminal e exercem-na no 1º grau de jurisdição. 
Considera-se o sorteio um meio é idôneo, porque preserva a essência do juiz natural. Isto é, 
não há designação casuística de julgadores. 
i) Pode se formar diversos colegiados dentro da mesma persecução penal? 
Preconiza o §3º do art. 1º da Lei nº 12.694/12: 
Art. 1º, § 3º A competência do colegiado limita-se ao ato para o qual foi 
convocado. 
 
Acerca da indagação, há quatro correntes, vejamos: 
1ª C (Luís Flávio Gomes e Marcelo Rodrigues da Silva): defende que dentro de uma mesma 
persecução penal só pode haver a instalação de um colegiado, que será chamado a se reunir 
sempre que se fizer necessária a realização de algum ato processual. 
2ª C (Eugenio Pacelli de Oliveira): assevera que somente pode ser instaurado um colegiado 
dentro de cada persecução penal e uma vez praticado o ato para o qual foi convocado, extingue-
se, sem que volte a reunir-se na mesma persecução. A crítica funda-se na premissa de que a 
convocação para prática de vários atos da persecução acarreta verdadeiro juízo de exceção e 
consequente convocação arbitrária de vários e diferentes membros do judiciário para o mesmo 
caso. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 19 
 
3ª C (Márcio Cavalcante, Vinícius Marçal): a partir da previsão legal, compreende possível 
a convocação do colegiado pelo magistrado com extensão maior ou menor, a depender da 
circunstância. Esse entendimento, contudo, não tem prevalecido na prática. 
4ª C (posicionamento que prevalece): apregoa que para cada ato que se fizer necessário o 
colegiado, ele será formado, o ato será praticado e, ao final, será dissolvido. Se novamente for 
necessária formação de colegiado, serão criados novos colegiados, sem que exista um limite para 
tanto. Isto é, dentro de uma mesma persecução penal podem ser instaurados tantos colegiados 
quanto bastem, sendo impossível uma convocação geral para todo o curso do inquérito ou do 
processo. A excepcional competência do órgão plural fica restrita à prática de cada ato específico. 
Nesse sentido, é que o Provimento 11/2013 da Corregedoria Geral da Justiça Federal 
preceitua: 
Art. 3º. Praticado o ato para o qual foi convocado, o colegiado encerrará o 
seu ofício, sendo dissolvido automaticamente, salvo na hipótese de embargos 
de declaração ou de reexame da matéria em virtude de recurso que permita 
juízo de retratação. 
Parágrafo único. Havendo a necessidade de uma nova convocação no 
mesmo processo, será realizado novo sorteio na forma prevista no art. 2º 
deste provimento. 
 
Obs.: Em provas mais complexas, é fundamental demonstrar o conhecimento das quatro correntes. 
Continuadamente, o §6º do art. 1º da Lei 12.694/2012 prevê: 
Art. 1º (...) 
§ 6o As decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firmadas, sem 
exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem qualquer 
referência a voto divergente de qualquer membro. 
 
Cleber Masson e Vinícius Marçal têm entendido que esse dispositivo fortalece a 
despersonalização e cria a chamada “artificialização da unanimidade”, porque ainda que haja voto 
divergente entre os magistrados, a lei determina uma “única voz”, portanto, uma decisão unânime. 
Essa foi a diretriz seguida pelo TJ do Distrito Federal e dos Territórios na Resolução 10/2013-
TJDFT, no artigo 9º: 
Art. 9º. A decisão do colegiado é una e deverá ser firmada, sem exceção, por 
todos os seus integrantes, dela não constando nenhuma referência a 
eventual voto divergente de qualquer membro. 
 
Na literatura jurídica, existem duas formas de entrega das prestações colegiadas: 
a) Per curiam: homenageia a “voz única” e “artificialização da unanimidade”. 
b) Per seriatim: integrantes do colegiado apresentam seus votos um a um – opinião única 
do tribunal e simboliza voz da corte. 
6. APLICAÇÃO EXTENSIVA DA LEI DO CRIME ORGANIZADO (LCO) 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 20 
 
Inicia-se o estudo da LCO (Lei nº 12.850/13) a partir da pergunta: é possível a aplicação da 
LCO caso as infrações penais não sejam praticadas por intermédio de organização criminosa? 
Sim é possível, a própria lei apresenta duas possibilidades dispostas no §2º do art. 1º: 
Art. 1º (...) 
2o Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional 
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter 
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a 
prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei 
nº 13.260, de 2016) 
 
Nada obstante, existem outras hipóteses em que poderá ser aplicada a LCO. 
A Lei de Terrorismo (Lei nº 13.260/16) no seu art. 16 manda aplicar, no que couber, todos 
os meios especiais de investigação na LCO: 
Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agosto de 2013, 
para a investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei. 
 
O mesmo se fala com relação à Lei do Tráfico de Pessoas (Lei nº 13.344/16) em seu art. 9º, 
a ser lido em conjunto com o artigo 149-A do Código Penal (CP): 
Art. 9º Aplica-se subsidiariamente, no que couber, o disposto na Lei no 
12.850, de 2 de agosto de 2013. 
 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar 
ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou 
abuso, com a finalidade de 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
 II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
 III - submetê-la a qualquer tipo de servidão 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
São, portanto, amparados pela LCO, ainda que não praticados por organizações criminosas: 
a) Infrações previstas em tratado ou convenção internacional que ocorrem à distância; 
b) Infrações praticadas por organizações terroristas; 
c) Procedimento da LCO na Lei de Terrorismo; 
d) Infrações correlatas ao Tráfico de Pessoas; 
7. CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA 
Observe o disposto no art. 2º, caput da LCO: 
 
 
CS – CRIMEORGANIZADO 2019.1 21 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por 
interposta pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Crime organizado por extensão são os crimes que a organização prática. 
Trata-se de norma penal em branco homogênea de qualidade homovitelina, porque o 
completo está previsto em lei, em ato normativo igual ao que trata do crime e a também na mesma 
lei (§1º do art. 1º da LCO): 
Art. 1º, § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) 
ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, 
ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Note que o art. 2º, em seu caput, encerra um crime de concurso necessário, traçando 
número mínimo de integrantes. 
 CRIME DE CONCURSO NECESSÁRIO 
É um crime de concurso necessário, uma vez que exige a participação de, no mínimo, quatro 
pessoas. 
Para diferenciar o número de integrantes, o Professor Vinícius Marçal ensina um macete. 
Observe: 
a) Associação para o tráfico (Lei de Drogas, artigo 25): mínimo de 2 – note que existem dois 
“s”. 
b) Associação criminosa (Código Penal, artigo 288): mínimo de 3 – note que existem três 
“s”. 
c) Associação para fins de genocídio (Lei nº 2.889/56, artigo 2º) e Organização criminosa 
(LCO, artigo 1º, §1º): mínimo de 4. 
*MPSC (2016): Nos termos da Lei nº 12.850/13 (Organização Criminosa), considera-se organização 
criminosa a associação de três ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
iguais ou superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional – ASSERTIVA ERRADA! 
Nos próximos itens, iremos analisar os requisitos para a configuração de uma organização 
criminosa. 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS ESTRUTURALMENTE ORDENADA 
Não é necessário elevado grau de sofisticação ou estrutura empresarial (piramidal) com 
líderes e liderados para configuração da Organização Criminosa. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 22 
 
Ainda que alguns doutrinadores assim entendam, essa estrutura piramidal, quando 
imaginada, é relacionada a sistemas de máfias. Contudo, com a crescente ocorrência de crimes de 
colarinho branco, por exemplo, verifica-se que essa organização criminosa horizontalizada, ou seja, 
com núcleos de idêntica importância. Há mais de um líder e não necessariamente segue-se 
disciplina de hierarquia. 
Portanto, não é necessária a formação de sistema empresarial, a única exigência é a 
DIVISÃO DE TAREFAS, mesmo que num plano horizontal. 
 PRESENÇA DE SERVIDOR PÚBLICO 
Durante muito tempo, parcela doutrinária entendia que o servidor público era imprescindível 
para formação da Organização Criminosa. 
Hoje é cediço que não é necessária a presença de servidor, tanto que, ocorrendo, será 
considerada como “causa de aumento de pena”. 
Nesse sentido, dispõe o inciso II do §4º do art. 2º da LCO: 
Art. 2º (...) 
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa 
dessa condição para a prática de infração penal; 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS CARACTERIZADA PELA DIVISÃO 
DE TAREFAS 
É nota marcante da Teoria do Domínio Funcional do Fato. 
Para Claus Roxin, pode ter 3 vertentes: 
- Domínio da ação (autoria imediata); 
- Domínio da vontade (autoria mediata); 
- Domínio funcional (imputação recíproca) – aqui se insere a divisão de tarefas. 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS AINDA QUE INFORMALMENTE 
Não há necessidade de “constituição formal” do grupo e documentação de “regras de 
conduta”. Todavia, não quer dizer que informalidade dispensa nível mínimo de organização. 
A expressão “ainda que informalmente” deve ser compreendida em conjunto com aquela 
que lhe é anterior: estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas. 
A informalidade significa a desnecessidade de se dividir tarefas e ordenar estruturalmente a 
organização DE MODO FORMAL, por meio de instrumentos burocráticos e legais que compõem, 
geralmente, estruturas empresariais lícitas. 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 23 
 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS COM O OBJETIVO DE OBTER, 
DIRETA OU INDIRETAMENTE, VANTAGEM DE QUALQUER NATUREZA 
Reforça-se que há divergência com a Convenção de Palermo (2004) que exige a vantagem 
econômica/material. 
Comumente, tratar-se-á de vantagem econômica, mas nada obsta qualquer outro benefício, 
tal qual ascensão a cargo, conquista ilícita de votos etc. 
Quanto ao destinatário, a vantagem poderá ser obtida diretamente ou através de “laranjas” 
(sejam pessoas jurídicas ou físicas). 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS MEDIANTE A PRÁTICA DE 
INFRAÇÕES PENAIS 
Fernando Capez entendeu, EQUIVOCADAMENTE, que a LCO alcança grupos criminosos 
estruturalmente formatados para exploração exclusiva do “jogo do bicho”, calcado na previsão da 
expressão “infração penal” – isto porque, a Lei reclama que as infrações penais praticadas tenham 
penas superiores a 4 anos. 
 ASSOCIAÇÃO DE QUATRO OU MAIS PESSOAS MEDIANTE A PRÁTICA DE 
INFRAÇÕES PENAIS QUE SEJAM DE CARÁTER TRANSNACIONAL 
O caráter transnacional é contemplado quando os ilícitos penais não ficam restritos ao 
território nacional, ou seja, sendo transpostas as fronteiras brasileiras, com o alcance de outro(s) 
país(es). Da mesma forma, isso ocorrerá se a infração penal tiver sua gênese no exterior e terminar 
por atingir o território nacional. 
ATENÇÃO: ao enquadrar a infração como transnacional, deixa de ser importante o patamar das 
penas estipuladas para os crimes. 
8. OBJETO JURÍDICO E NÚCLEOS DO TIPO DO ART. 2º, CAPUT, DA LCO 
Assim como ocorre no delito de Associação Criminosa, prevista no art. 288 do CP, o bem 
jurídico aqui protegido é a paz pública. 
Os núcleos do tipo são quatro: 
a) Promover (fomentar, anunciar); 
b) Constituir (formar, dar existência); 
c) Financiar (apoiar financeiramente, custear despesas) ou 
d) Integrar (participar, associar-se), pessoalmente ou por interposta pessoa (“laranja”), 
organização criminosa (artigo 1º, §1º da LCO). 
 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 24 
 
Há clássico tipo alternativo misto ou de conteúdo variado. Isto é, se o indivíduo, a um só 
tempo, promover e financiar organização criminosa incorrerá num único delito. 
 RETROATIVIDADE E IRRETROATIVIDADE 
O art. 2º da LCO não retroage para alcançar os fatos esgotados antes de sua vigência – 
trata-se de norma penal incriminadora (novatio legis incriminadora). Portanto, consoante estipula o 
inciso XL do art. 5º da CF, “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
Todavia, dispõe a Súmula 711 do STF: 
Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade 
ou da permanência. 
 
 Em se tratando de crimes continuados ou permanentes, deve-se assentar a aplicabilidade 
da Lei 12.850/2013 ao caso, nada obstante dizer respeito a fatos, em tese, perpetrados antes da 
entrada em vigor do diploma legal. Essa compreensão deflui do singelo fundamento da natureza 
permanente do crime – essa foi a orientação do STF no Inquérito 4112. 
ATENÇÃO: nem todosos quatro núcleos do preceito averiguado encerram hipótese de crime 
permanente ou continuado. 
9. SUJEITOS ATIVO E PASSIVO 
O crime é comum, logo, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. 
Inimputáveis com discernimento mínimo poderão integrar o polo ativo. O mesmo acontece 
com os membros não identificados que serão computados como sujeitos ativos, ainda que não 
discriminados. 
 Já em relação ao agente infiltrado, não será computado como sujeito ativo, eis que não fará 
parte dos membros da Organização. Seu animus, ao imiscuir-se é de conhecer o DNA da 
Organização para colheita de informações e posterior investigação. 
ATENÇÃO: Não é correto dizer que somente se pode cogitar de uma organização criminosa 
formada por empresários quando estes fazem do crime seu “modo de vida”, e não quando suas 
atividades principais sejam praticadas licitamente. Ou seja, para que se tenha organização 
criminosa formada por empresários não é carecedor que tenham instituído empresa somente para 
essa finalidade. 
Inexiste sujeito passivo - o crime é vago. 
10. ELEMENTO SUBJETIVO 
É preciso animus associativo de caráter estável e permanente aliado ao “objetivo de obter, 
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza. 
 
 
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ATENÇÃO: Ausente o animus associativo de caráter estável e permanente, ainda que ocorra dolo, 
não haverá o crime organizado por natureza, configurando-se, tão somente, o concurso eventual 
de pessoas. 
11. CONSUMAÇÃO 
O crime organizado, por si só, não constitui crime permanente. Pode ser que adquira 
natureza de crime permanente, contudo, nem sempre assim o será. 
O núcleo integrar será SEMPRE crime permanente. 
Veja que a natureza de crime permanente fomenta repercussões drásticas. Exemplo: 
• Será possível a prisão em flagrante a qualquer tempo (art. 303 do CPP); 
• Prescrição da Pretensão Punitiva somente começará a fluir quando cessada a 
permanência (art. 111, inciso III, do CP); 
• Será possível a Busca e Apreensão sem mandado, desde que se notifique previamente 
os investigados. 
Os núcleos financiar e promover podem ser permanentes ou não. 
O núcleo constituir NÃO admite permanência porque é crime instantâneo. 
Em qualquer caso, a natureza será formal, ou seja: será crime de consumação antecipada 
ou de resultado cortado, conforme previsto no art. 2º da LCO: 
Art. 2º 
(...) 
Pena – reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Responde-se pelo crime de organização, ainda que não tenha praticado qualquer delito. 
12. MAIS DE UMA DENÚNCIA CONTRA A MESMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
Se, depois de recebida a denúncia pela prática do crime de organização por natureza, 
descobre-se que a societas sceleris continua em atividade, deverá ser efetuada nova denúncia. 
Para fins de nova denúncia pelo crime de integrar organização criminosa, deve-se considerar 
cessada a permanência com o recebimento da denúncia. 
Assim, se os membros da organização permanecerem na mesma atividade criminosa após 
o recebimento da exordial acusatória, “será possível que o agente seja novamente denunciado ou 
até mesmo preso em flagrante, sem que isso configure imputação pelo mesmo fato”. O que se 
percebe é a “existência de outro fato e, consequentemente, de novo crime que não poderá, por 
 
 
CS – CRIME ORGANIZADO 2019.1 26 
 
óbvio, ser compreendido na acusação anterior” – eis entendimento do STF no HC 78821, 1ª Turma, 
DJ 17.03.2000 + HC 123763, 5ª Turma do STJ, DJe 21/09/2009. 
13. TENTATIVA 
Quanto à tentativa, existem duas correntes. 
1ª C: entende a tentativa no crime organizado como inadmissível, porque o delito é 
condicionado à existência de estabilidade e durabilidade para que se configure. Antes disso, tem-
se irrelevante penal. 
2ª C: divide os núcleos do tipo. Isto é, nos casos de constituir e integrar, a tentativa será 
inadmissível, porquanto a consumação ocorre com a simples adesão de vontades. Porém, os 
crimes eventualmente permanentes (promover e financiar), a tentativa é admissível. 
Exemplo citado por Eduardo Araújo da Silva é a interceptação de panfleto tendente à 
promoção da organização ou de dinheiro remetido para fins de financiamento. 
14. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES 
Vide §3º do art. 2º da LCO (semelhante ao art. 62, I, do CP): 
Art. 2º 
(...) 
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, 
da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de 
execução. 
 
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que 
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes 
 
O líder/comandante da organização criminosa responderá pelo crime de organização 
criminosa com a pena agravada, ainda que não pratique, pessoalmente, atos de execução. 
ATENÇÃO: a responsabilização penal do comandante da organização criminosa pelo crime 
organizado por extensão não se operará de forma automática apenas em virtude de sua posição. 
No ordenamento jurídico brasileiro, não existe o que se entende por “teoria do domínio da 
posição” – prevista no art. 28 do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional – que dispensa 
o dolo. 
Aqui, a responsabilização do comandante pelo crime organizado por extensão poderá se 
operar por sua atuação como (sem que seja executor direto): 
- Autor intelectual (mentor do crime: partícipe); 
 
 
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- Autor de escritório (forma especial de autoria mediata, na espécie do domínio da 
organização); 
- Autor pelo domínio social (teoria do domínio do fato pelo domínio social). 
 TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO PELO DOMÍNIO SOCIAL 
Pablo Rodrigo Alflen idealizou a Teoria do Domínio do Fato pelo Domínio Social. Representa 
a possibilidade de denunciação do autor comandante da organização criminosa, mesmo que não 
tenha ele praticado atos correlatos ao crime, desde que se verifique a disposição condicionada do 
executor, que o faz para garantir sua posição dentro de uma estrutura ou para ascender no posto. 
Em outros termos, o domínio social por parte do homem de trás pressupõe a disposição 
condicionada do executor, enquanto sujeito que dolosamente pratica atos materiais direcionados à 
produção do resultado condicionalmente à manutenção ou alteração de sua posição ou situação. 
O executor age a fim de assegurar (ou elevar) a sua posição meio à determinada estrutura, 
ilícita ou não. Exemplo: executor que teme, no caso de recusa, a perda de seu posto. 
A disposição condicionada do executor, que pode agir movido por diversos interesses que o 
submetem (o condicionem) ao autor de trás, elimina a insegurança em relação à ocorrência do 
resultado, tornando certa para o comandante do grupo a sua ocorrência. 
O controle sobre a realização do resultado ofensivo ao bem jurídico permanece nas mãos 
do homem de trás, e se opera de acordo com as suas ordens. 
A expressão que ordena a presente teoria é DISPOSIÇÃO CONDICIONADA DO 
EXECUTOR que se sujeita de forma qualificada ao comandante, no anseio de perder seu posto. O 
último, diante da conduta do executor, tranquiliza-se quanto ao resultado. 
Esse tema encerra novidade e é de extrema relevância. 
 DIFERENÇA DA TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO PELO DOMÍNIO SOCIAL (T.D.F. – 
PABLO RODRIGO ALFLEN) E DA T.D.F. (CLAUS ROXIN) NA FORMA DOS 
APARATOS ORGANIZADOS DE PODER 
Claus Roxin, ao conceder os aparatos organizados de poder, o fez pensando numa máquina 
de poder rompida do estado de legalidade e não em pessoas jurídicas licitamente constituídas. Não 
nega que essas pessoas podem praticar crimes, mas sim a T.D.F. para com elas. 
Por outro lado, a T.D.F.

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