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Ciencia Inovação e Empreendedorismo

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LIVRO DIDÁTICO GRADUAÇÃO EAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIÊNCIA, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - Ciência, inovação e empreendedorismo 
 Rodrigo von Mengden Tomasi1 
 
Introdução 
 
A Universidade Luterana do Brasil, em seu processo de reestruturação 
pedagógica, realizou uma ampla discussão sobre o seu papel na sociedade e a 
adequação de suas práticas as necessidades atuais de todos os envolvidos em 
seu DNA de formação acadêmica e profissional. 
Foram avaliados diversos aspectos referentes a pesquisa, a extensão e ao 
ensino, sempre considerando o como influenciamos a sociedade e o quanto é 
importante considerarmos o feedback recebido daquilo que fazemos com total 
dedicação em nossas salas de aula e fora delas. 
Esse amplo debate, com os mais diferentes stakeholders2 da Instituição, 
resultou no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) para os próximos 
cinco anos. O documento gerado apresenta as estratégias escolhidas para que 
possamos formar profissionais capazes de compreender a realidade social, 
debater as suas variáveis e qualificar ainda mais o desenvolvimento do país. 
Conforme afirmou o Pró-reitor Acadêmico Pedro Hernández durante a 
Formação Continuada de Fevereiro de 2018, quando o PDI foi entregue a 
comunidade acadêmica: “A Ulbra irá buscar fora dos seus muros a realidade 
da comunidade e o resultado deste estudo será a base do ensino. Estamos 
construindo uma aprendizagem significativa e transformadora, onde os alunos 
serão autogestores do conhecimento e o professor, um orientador”. 
Sendo assim, nesse contexto de evidente transformação, a disciplina que 
agora apresentamos foi concebida, relacionando três importantes conceitos 
de necessária compreensão para atingir a nova missão institucional: Ser 
comunidade de aprendizagem eficaz e inovadora. 
Abordaremos o conceito de Ciência, de Inovação e de Empreendedorismo, 
iniciando por este capítulo que tem como objetivo principal apresentar a 
 
1 Mestre em Administração com ênfase em Tecnologia e Produção pelo PPGA/UFRGS. 
Professor dos cursos de graduação e pós-graduação, nas modalidades presencial e a 
distância da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) desde 2004. 
2 Stakeholders são as partes de alguma forma interessadas ou afetadas pelos projetos, 
processos e ações de uma instituição, podendo ser pessoas físicas ou jurídicas. 
importância da compreensão dos mesmos, bem como sua relação, para a 
formação acadêmica e seu alinhamento com o PDI e toda a filosofia da ULBRA. 
Para tal, discutiremos nessa abordagem introdutória a importância da Ciência 
como base para o processo de Inovação e por consequência o fomento a 
adequada atitude Empreendedora embasada no conhecimento científico. 
Esse primeiro capítulo foi dividido da seguinte forma para facilitar a 
compreensão do que se propõe: 
1.1 A importância da Ciência 
1.2 A importância da Inovação 
1.3 A importância do Empreendedorismo 
 
 
 
1.1 A importância da Ciência 
Parece algo óbvio afirmarmos a existência de relação direta da Ciência com o 
universo acadêmico. Porém será que é tão óbvio assim? Você já se perguntou 
de onde veio o último conceito debatido em sala de aula? Ele tem 
embasamento científico, foi concebido de forma empírica, teve a devida 
testagem e aplicação avaliada? 
Muitas áreas de estudo são denominadas como ciência por seus integrantes, 
provavelmente com a intenção de trazer credibilidade às suas práticas, no 
sentido de tentar comprovar que os métodos utilizados em suas áreas são 
embasados em conhecimento científico e não apenas em observações 
diversas. 
Nesse material abordaremos o conceito entendendo que ciência não diz 
respeito apenas às ciências exatas, mas também àqueles outros domínios do 
saber que tratam das relações humanas, da ética, da cultura, da educação, 
enfim, todo o saber nascido do exame sistemático e cuidadoso dos temas 
referentes ao ser humano e a sociedade. 
Mas o que é ciência afinal? 
Afirmamos que a ciência não tem a intenção de estabelecer verdades 
absolutas ou de traçar uma compreensão plena da realidade, apesar de 
necessariamente partir do conhecimento científico para suas conceituações e 
teorias. 
Conhecimento científico por sua vez, pode ser denominado também como 
conhecimento provado. Ou seja, conhecimento derivado de métodos 
específicos, esses sim variáveis para cada área do saber. O método científico 
demanda regramentos claros para a obtenção dos dados e suas interpretações 
experimentais, podendo ampliar sua percepção e uso de diferentes formas, 
com coletas de dados, simulações, testagens, excluindo de sua prática as 
opiniões pessoais e os possíveis pré conceitos e preferências. 
Conforme Chalmers (1993) “A ciência é objetiva. O conhecimento científico é 
conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente.” 
Porém complementa dizendo que ao analisar trabalhos de diferentes 
epistemólogos e filósofos da ciência, percebeu que os limites da ciência e o 
significado das suas dimensões sociais e políticas são muito mais amplos, ao 
considerarem a ciência, não como uma estrutura rígida e fechada, mas como 
uma atividade aberta que está em contínua construção. 
Nessa perspectiva, Rosenthal (1989) apresenta uma série de aspectos relativos 
a ciências que poderiam ser abordados nos currículos de diferentes áreas que 
não apenas as exatas, como questões de natureza: 
1. Filosófica – que incluiria, entre outros, aspectos éticos do trabalho 
científico, o impacto das descobertas científicas sobre a sociedade e a 
responsabilidade social dos cientistas no exercício de suas atividades; 
2. Sociológica – que incluiria a discussão sobre as influências da ciência e 
tecnologia sobre a sociedade e dessa última sobre o progresso científico e 
tecnológico; e as limitações e possibilidades de se usar a ciência e a 
tecnologia para resolver problemas sociais; 
3. Histórica – que incluiria discutir a influência da atividade científica e 
tecnológica na história da humanidade, bem como os efeitos de eventos 
históricos no crescimento da ciência e da tecnologia; 
4. Política – que passa pelas interações entre a ciência e a tecnologia e os 
sistemas público, de governo e legal; a tomada de decisão sobre ciência e 
tecnologia; o uso político da ciência e tecnologia; ciência, tecnologia, defesa 
nacional e políticas globais; 
5. Econômica – com foco nas interações entre condições econômicas e a 
ciência e a tecnologia, contribuições dessas atividades para o 
desenvolvimento econômico e industrial, tecnologia e indústria, consumismo, 
emprego em ciência e tecnologia, e 
6. Humanística – aspectos estéticos, criativos e culturais da atividade 
científica, os efeitos do desenvolvimento científico sobre a literatura e as 
artes, e a influência da humanidades na ciência e tecnologia. 
A importância da Ciência para todas as áreas do conhecimento se evidencia 
facilmente dessa forma, explicitando um pouco mais a justificativa da 
inclusão desta disciplina nos currículos de todos os cursos. 
A ULBRA em seu PDI, propõe a articulação de sua Missão com a formação de 
profissionais comprometidos eticamente com a sociedade. 
Conforme o PDI, nestas propostas, as concepções basilares (o Conhecimento, 
a Formação Pessoal, o Empreendedorismo e a Empregabilidade), alinhadas aos 
princípios estratégicos e Diretrizes Curriculares Nacionais, emanam o 
fortalecimento da identidade confessional e seu compromisso social e 
comunitário. A instituição busca promover uma ação pedagógica que dinamize 
o desenvolvimento de competências cognitivas, técnicas, pessoais e sociais 
necessárias a uma inserção social éticae a uma atuação profissional 
emancipatória e transformadora. A prática da indissociabilidade, Extensão, 
Pesquisa e Ensino, é elemento integrante e modernizador dos processos de 
ensino-aprendizagem. 
 
Fonte: PDI ULBRA 2017-2022. 
Em complemento a essa proposta, o Relatório da Comissão Internacional sobre 
Educação para o Século XXI postulou quatro pilares da educação do futuro: 
saber conhecer, saber fazer, saber ser e saber conviver. Realizando uma 
analogia entre competências, entendida como a sinergia de conhecimentos, 
habilidades e atitudes (CHA)3, e os pilares da educação do futuro tem-se que: 
o saber conhecer trata dos conhecimentos, o saber fazer, das habilidades e o 
 
3 CARBONE, Pedro Paulo; BRANDÃO, Hugo. P; LEITE, João B. D; VILHENA, Rosa M. P. 
Gestão por competências e gestão do Conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 
2006. 
 
saber ser e o saber conviver representam as atitudes. O saber conhecer 
refere-se ao processo de aprendizagem que nunca está finalizado, um 
aprender a aprender contínuo. O saber fazer refere-se à articulação e 
combinação do preparo técnico, às aptidões pessoais e relacionais. O saber 
conviver depende da descoberta do outro como sujeito e da construção 
coletiva de projetos comuns. Por fim, o saber ser implica agir com ética, 
responsabilidade e compromisso social na relação com a sua realidade. 
Dessa forma podemos inferir que nem sempre se pode solucionar problemas 
com o mesmo tipo de pensamento que os criou, sendo necessário “pensar fora 
da caixa”, ampliar o espectro de variáveis e dos fatores que podem auxiliar na 
tomada de decisão e aplicá-los inclusive na abordagem de métodos científicos 
inovadores. 
Assim, justifica-se a escolha da Universidade Luterana do Brasil em ser 
inovadora até em sua missão, e a importância da compreensão do conceito de 
inovação para as mais diversas formações profissionais oferecidas na ULBRA. 
 
 
1.2 A importância da Inovação 
Da mesma forma que comentamos sobre a obviedade da relação da Ciência 
com a Universidade, podemos afirmar que é obvio que a inovação é necessária 
para qualquer área atualmente? 
Conforme Simantob (2008)4 a inovação, de uma maneira geral, é percebida 
como essencial para a sobrevivência num cenário cada vez mais competitivo e 
globalizado, entretanto, ainda afirma que poucas organizações exercem 
algum tipo de iniciativa concreta para colocar os princípios da inovação em 
prática. Comenta ainda que existem duas causas principais para que isto não 
ocorra com tanta freqüência: a visão ultrapassada sobre inovação e o 
desconhecimento de ferramentas que ajudam a colocá-la em prática. 
Ao contrário do que muitos podem pensar, inovação não é um assunto 
recente. Seu conceito vem sendo estudado e suas ferramentas exploradas 
desde o início do século XX. 
Borchardt e Santos (2014) afirmam que na visão de Barney e Hesterly (2008), 
como também de Carvalho, Santos e Barros Neto (2011), a essência do 
gerenciamento do processo de inovação consiste na mobilização e 
coordenação dos recursos/capacidades (financeiros, físicos, humanos e 
organizacionais) e atores internos à empresa, bem como dos 
 
4 Moysés Simantob, professor da FGV, co-fundador e coordenador do Fórum de Inovação, em 
entrevista para a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ. 
recursos/capacidades e atores externos à empresa (clientes, fornecedores, 
instituições de pesquisa, instituições de fomento), para neutralizar ameaças 
e, sobretudo, explorar oportunidades alinhadas às prioridades estratégicas da 
empresa. 
Ao perceber que a mudança é algo inevitável, as organizações necessitam de 
uma “análise em profundidade dos valores, crenças e padrões de 
comportamentos que guiam o dia a dia do desempenho organizacional” 
(Martins e Martins, 2002) para definirem se vão se manter como estão, 
correndo o risco de não se adaptarem as mudanças, ou proporem práticas 
inovadoras. 
Se a cultura de inovação é parte da cultura maior de uma organização, para 
que ela se desenvolva, faz-se necessário lidar com aspectos restritivos à 
cultura nesse contexto (Mclean, 2005). 
Para Carvalho, Reis e Cavalcante (2011), “a resposta às pressões surge na 
forma de consolidação ou adoção de práticas de gerenciamento, como gestão 
de qualidade, planejamento estratégico, gestão financeira, marketing, gestão 
de projetos, gestão da produção, gestão de pessoas e, mais recentemente, 
gestão da inovação”. 
Contudo, quando lemos ciência e tecnologia de inovação, é comum 
imaginarmos que se trata de estudos relacionados à melhoria da produção de 
uma grande empresa, construção de máquinas modernas ou mesmo a criação 
de novos programas de computadores. Porém o que pouca gente sabe é que 
hoje em dia, a ciência e tecnologia de inovação, se tornou uma ferramenta 
importantíssima na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros (QUILICI e 
STADLER, 2004). 
Lemos (2000) dispõe que “dessa forma, noções lineares sobre o processo 
inovativo como aquelas que o tratavam como resultado das atividades 
realizadas na esfera da ciência, que evoluiria unidirecionalmente para a 
tecnologia, até chegar à produção e ao mercado já não se colocam mais no 
centro do debate. Adicionalmente, na mesma medida que a ciência não pode 
ser considerada como fonte absoluta de inovações, também as demandas que 
vêm do mercado não devem ser tomadas como o único elemento 
determinante do processo de inovação”. 
Interessante observar que temos exemplos de inovação nas mais diferentes 
áreas. Entre eles, as inovações sociais, na área da saúde, no poder público, 
nas tecnologias de comunicação, entre diversas outras que viabilizaram as 
tantas melhorias experimentadas em nossos dias atuais. 
Na educação podemos destacar a invenção da imprensa como inovação 
precursora e atualmente percebemos uma grande oferta de tecnologias 
educacionais inovadoras inseridas nos processos de ensino aprendizagem, 
aproveitadas por instituições que buscam a melhoria contínua através de 
propostas inovadoras baseadas no espírito empreendedor, ou seja, em ações 
executadas por não aceitarem a possibilidade de acomodação, por 
entenderem que devem sempre estar em busca de uma situação futura com 
mais qualidade. 
 
 
1.3 A importância do Empreendedorismo 
Bom, mas como relacionar agora os três conceitos? De que forma o 
empreendedorismo se encaixa nessa relação proposta? 
Segundo Hernandez (2017)5, o conjunto de fatores em questão faz com que os 
recursos humanos a serem formados na Ulbra tenham a capacidade de serem 
agentes de transformação social, e quando se fala em agentes de 
transformação social, isto significa profissionais capazes de compreender a 
realidade social, de estrutura, de desenvolvimento, de tecnologia existentes, 
e, através da Universidade ou dentro do contexto universitário, discutir estas 
variáveis e saírem profissionais capazes de qualificar ainda mais o 
desenvolvimento do país. 
Deve-se buscar entender que o empreendedor nesse contexto acadêmico é 
aquele que inova, é o agente de mudanças. Porém as mudanças que buscamos 
são aquelas pensadas e implantadas através de método científico, de análises 
completas e que podem gerar propostas consistentes e duradouras. 
Segundo Gomes (2005) “há muitas definições do termo empreendedor, 
principalmente, porque são propostas por pesquisadores de diferentes campos 
do conhecimento, que utilizam os princípios de suas próprias áreas de 
interesse para construir o conceito. Duas correntes principais tendem, no 
entanto, a conter elementos comuns à maioria delas. São as dos pioneiros do 
campo: os economistas de corte liberal, que associaram empreendedor à 
inovação, e os psicólogos, que enfatizam aspectos atitudinais, como a 
criatividade e a intuição. Em um primeiro momento,os economistas 
identificaram no empreendedorismo um elemento útil à compreensão do 
desenvolvimento. Depois, os comportamentalistas tentaram compreender o 
empreendedor como pessoa. Atualmente, o assunto está em processo de 
expansão para quase todas as disciplinas.” 
Complementando o conceito, afirma-se no PDI da ULBRA que, 
 
5 Fala do Pró-reitor Acadêmico Pedro Hernandez, disponível em: http://www.ulbra.br/muda-
com-voce 
(...) “tem-se como destaque o enfoque no empreendedorismo, que na 
organização didático-pedagógica constitui-se como referencial fundamental 
para que o estudante durante a sua formação universitária, desde o início da 
sua vida acadêmica, para que o docente contribua neste processo de forma 
progressiva e pertinente ao momento do currículo no qual o aluno se 
encontra. E, ao conciliar os saberes legitimados pelas práticas sociais com o 
saber produzido pela comunidade científica que sustentam a formação de 
diferentes perfis profissionais, torna-se necessário aprimorar constantemente 
as ações na Instituição, visando ao crescimento pessoal e profissional dos 
estudantes, como agentes de suas aprendizagens” (PDI 2017-2022) 
Ou seja, o empreendedorismo se encaixa nesse contexto como o 
impulsionador da pesquisa científica com a finalidade de geração de inovação. 
O empreendedor na Universidade, e também fora dela, deve ser identificado 
como aquele que, interagindo com os demais, aproveita-se de um ambiente 
propicio ao empreendedorismo, à proposição de mudanças, à implantação de 
novas práticas e com abertura para novas ideias e sugestões. 
Deve-se reconhecer a importância de se promoverem as condições ideais para 
estimular a mentalidade empreendedora, a inquietação, a busca pela 
melhoria contínua. Pode-se afirmar que o espírito empreendedor tende a ser 
melhor desenvolvido em ambientes colaborativos, que permitem interações 
diversas e ampliação das possibilidades de aprendizado. 
“Uma das questões centrais que se colocam sobre esse tema é a ampliação da 
capacidade empreendedora, a qual, até recentemente, foi associada 
estritamente à qualificação formal de indivíduos (capital humano). Evidencia-
se entretanto, cada vez mais, que tal capacidade não se resume ao 
aprimoramento de pessoas e empresas isoladamente, por meio do incremento 
da dotação de trabalhadores qualificados e treinados. Reconhece-se, com 
maior intensidade, que ambientes mais propícios ao empreendedorismo são 
aqueles em que ocorrem processos interativos e cooperativos de aprendizado 
e de inovação; daí a importância de se promover a capacitação local em 
inovação e aprendizado de forma coletiva e sistêmica. Nesse contexto, 
assumem novo papel os sistemas de relações entre os diferentes atores, cuja 
densidade e caráter inovador podem favorecer processos de crescimento e 
mudança, em que se desenvolve a atividade empreendedora, produtiva e 
inovadora” (ALBAGLI e MACIEL, 2002). 
Vivemos em um período marcado pela inovação tecnológica cuja velocidade 
da tomada de decisão pode ser fundamental para a diferenciação entre 
sucesso ou fracasso. Não podemos perder oportunidades de buscar vantagem 
competitiva, seja no meio acadêmico, seja no ambiente profissional. 
O empreendedorismo deve ser estimulado, porém com o devido cuidado de 
seguir um processo adequado, de análises bem feitas, de simulações 
consistentes, de testagens fundamentadas e com critérios objetivos. Voltamos 
assim ao método científico e o destaque de sua importância para a busca do 
embasamento científico como base para o desenvolvimento de propostas 
empreendedoras adequadas. 
Resgatando também a inovação, pode-se afirmar que essas propostas 
empreendedoras com base na ciência, quando direcionadas a inovação, 
tendem a ter mais sucesso no contexto atual. 
As mais recentes definições de inovação aceitas globalmente, dividem as 
atividades de inovação em algumas etapas, podendo ser: científicas, 
tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais, desde que conduzam, 
ou visem conduzir, à implementação de inovações. Algumas atividades de 
inovação são em si inovadoras, outras não são atividades novas mas são 
necessárias para a implementação de inovações6. 
Relacionando com o empreendedorismo, algumas propostas podem parecer 
empreendedoras, mas nem todas serão apenas por serem novidade no cenário 
onde foram aplicadas. É necessário o cumprimento de algumas fases para que 
o processo empreendedor seja realmente efetivo e para que possamos afirmar 
que o mesmo teve a adequada fundamentação anterior a sua implantação. 
Encerramos esse capítulo com a necessidade de aprofundarmos os três 
conceitos que formam essa disciplina, a fim de podermos utilizar o 
conhecimento desenvolvido para os estudos necessários em nossas áreas de 
formação. Sendo assim, no próximo capítulo iniciaremos com a ampliação do 
conceito definido como base necessária para nossos objetivos, a Ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Manual de Oslo, 3ª Edição, 2005. 
Recapitulando 
 
Neste capítulo apresentamos os conceitos de Ciência, Inovação e 
Empreendedorismo, sua relação e os principais critérios para sua 
diferenciação e compreensão. Destacou-se a importância de cada um dos 
conceitos no contexto atual e sua identificação direta com a proposta de 
formação objetivada pela ULBRA para reforçar o seu papel na sociedade, 
buscando formar profissionais capazes de impactar na melhoria da qualidade 
de vida e contribuir para o desenvolvimento do país. Para tal, discutimos a 
importância da Ciência como base para o processo de Inovação e por 
consequência o fomento a adequada atitude Empreendedora embasada no 
conhecimento científico utilizando-se de um ambiente adequado e propício 
para tal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências e Obras Consultadas 
 
ALBAGLI, S., MACIEL, M. L. Capital social e empreendedorismo local. Disponível em: 
http://www.ie.ufrj.br/redesist/NTF2/NT%20SaritaMLucia.PDF 
BORCHARDT, P., SANTOS, G. V. Gestão de Ideias para Inovação: da ideação à implantação. 
ANPAD 2014. 
CARVALHO, H. G.; REIS, D. R.; CAVALCANTE, M. B. Gestão da inovação. Curitiba: Aymará, 
2011. 
CHALMERS, A. F. A fabricação da ciência. São Paulo: Editora da Universidade Estadual 
Paulista, 1994. 
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução: Raul Filker. Editora Brasiliense 1993. 
GOMES, A. F. O empreendedorismo como uma alavanca para o desenvolvimento local. 
Disponível em: http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/rea/article/view/192/44 
LEMOS, C. Inovação na era do conhecimento. Disponível em: 
http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/104/97 
MARTINS, E., MARTINS, N. An organizational culture model to promote creativity and 
innovation. Journal of Industrial Psychology, 28(4), 58-65, 2002. 
MCLEAN, L. D. Organizational culture´s influence on creativity and innovation: a review of 
the literature and implications for human resource development. Advances in Developing 
Human Resources, 7(2), 226-246. doi: 10.1177/1523422305274528, 2005. 
QUILICI, R. F. M., STADLER, C. C. A importância da ciência e tecnologia de inovação na 
saúde pública brasileira: Novos conceitos e diretrizes. Disponivel em: 
file:///C:/Users/aqdmin/Downloads/748-quilici_RFM_A_importancia_da_ciencia%20(1).pdf 
ROSENTHAL, D. B. Two approaches to science – technology – society (STS) education. 
Science Education, v. 73, n. 5, p.581-589, 1989. 
SIMANTOB, M. Disponível em: http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-
entrevistas/entrevistas/a-importancia-da-inovacao-para-a-sobrevivencia-das-organizacoes 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades 
1) O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da ULBRAé: 
I) Um documento que apresenta as estratégias escolhidas pela 
Universidade para orientar a formação dos alunos; 
II) A representaçao de como a ULBRA propõe a articulação de sua 
Missão com a formação de profissionais comprometidos 
eticamente com a sociedade; 
III) A definição do Ministério da Educação, através das Diretrizes 
Curriculares Nacionais, que determinam como fortalecer a 
identidade confessional e seu compromisso social e comunitário. 
A partir das assertivas acima, escolha a alternativa que representa de 
forma correta seu conteúdo: 
a) Apenas a afirmativa I está correta 
b) Apenas a afirmativa II está correta 
c) Apenas a afirmativa III está correta 
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas 
e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas 
 
2) A importância da Ciência para todas as áreas do conhecimento se 
evidencia facilmente. Aspectos relativso a diversas áreas podem ser 
abordados, como por exemplo: 
a) Filosófica e Sociológica 
b) Histórica 
c) Política e Econômica 
d) Humanística 
e) Todas as alternativas acima e muitas outras áreas ainda. 
 
3) O Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI 
postulou quatro pilares da educação do futuro. Entre eles, qual implica 
agir com ética, responsabilidade e compromisso social na relação com a 
sua realidade. 
a) saber conhecer 
b) saber fazer 
c) saber ser 
d) saber conviver 
e) saber aprender 
 
4) Inovação usualmente é relacionada com melhoria. Tomando essa 
afirmação como verdadeira, por que ainda poucas organizações 
exercem algum tipo de iniciativa concreta para colocar os princípios da 
inovação em prática 
5) Assinale a alternativa que completa a frase corretamente: O ___ na 
Universidade, e também fora dela, deve ser identificado como aquele 
que, ____ com os demais, aproveita-se de um ____ propicio ao 
empreendedorismo, à proposição de mudanças, à implantação de ____ 
práticas e com abertura para novas ideias e sugestões. 
 
a) professor, interagindo, negócio, diferentes 
b) empreendedor, interagindo, ambiente, novas 
c) professor, avaliando, ambiente, novas 
d) empreendedor, definindo, empreendimento, outras 
e) aluno, estudando, auditório, diferentes 
 
Gabarito 
1) D 
2) E 
3) C 
4) Existem duas causas principais para que isto não ocorra com tanta 
freqüência: a visão ultrapassada sobre inovação e o 
desconhecimento de ferramentas que ajudam a colocá-la em 
prática. 
5) B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Desenvolvimento da Pesquisa Científica 
 
 Patrícia Noll de Mattos, Msc.7 
 
Introdução 
Iniciamos este capítulo falando sobre ciência, como ela é produzida e sua 
relação com a universidade. Além disso, para explicar como o conhecimento 
científico é gerado, abordaremos também a pesquisa científica. 
 
2.1 O que é ciência? 
Antes de iniciarmos a apresentação sobre o processo de desenvolver pesquisa 
científica, falemos um pouco sobre ciência. Atualmente, a ciência é 
altamente considerada, mencioná-la em uma argumentação ou pesquisa, 
atribui a ela um sentimento de confiabilidade ou de mérito associado. É 
comum nos depararmos com anúncios de produtos que asseguram que seu 
efeito foi cientificamente comprovado, insinuando que sua afirmação é bem 
fundamentada. Existe uma crença de que a ciência e seus métodos são 
especiais e que asseguram a veracidade das afirmações, que a ciência é 
sempre exata e precisa. Mas será que ela é sempre assim nos diversos ramos 
de saberes? 
Segundo FONSECA (2002, p. 11-12), a ciência é um conjunto de saberes 
provenientes da associação de experiências práticas com o raciocínio lógico. 
Essa associação é constituída a partir da observação, identificação, descrição 
e investigação experimental, além da aplicação de teorias. 
No entanto, a ciência não tem a intenção de estabelecer verdades absolutas 
ou de traçar uma compreensão plena da realidade. Ela constitui-se em 
verdades provisórias, que facilitem a compreensão da realidade presente e 
permita prever acontecimentos futuros, permitindo que intervenções sobre os 
mesmos possam ser realizadas. 
Contudo, estamos em constante evolução, novos conhecimentos são agregados 
aos já existentes, novas experiências são vividas, o que nos remete ao fato de 
que ciência é um processo que está sempre em movimento. Na medida em 
 
7 Possui graduação em Bacharelado em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) 
e mestrado em Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor da 
Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor adjunto com mestrado da Universidade Luterana do Brasil. Tem 
experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Software Básico, Projeto de Interfaces, educação a 
distância e metodologia científica. 
que novos conhecimentos forem sendo descortinados, novas perspectivas vão 
sendo geradas, ampliando-se o conhecimento sobre determinada realidade. 
É importante que observemos que a ciência é um processo em movimento, 
mas que sua produção ocorre a partir do método científico, o qual envolve 
técnicas exatas, objetivas e sistemáticas. Nesse contexto, o método científico 
envolve regras fixas para a formação de conceitos, para a condução de 
observações, para a realização de experimentos e para a validação de 
hipóteses explicativas. É com base nele que novos saberes vão sendo 
construídos. 
A palavra ciência deriva do latim scientia, cujo significado é “conhecimento” 
ou “saber”. Ela contempla vários conjuntos de saberes adquiridos através do 
estudo ou da prática, segundo procedimentos específicos, ou métodos 
científicos. 
A curiosidade é um dos ingredientes base para o desenvolvimento da ciência. 
Ela promove no indivíduo a necessidade de saber mais, de observar, de 
analisar, de refletir sobre o objeto da curiosidade. Através da curiosidade e 
da observação o homem explora a natureza das coisas e conhece o 
comportamento das pessoas e dos fenômenos. 
Um exemplo de conjunto de saberes é o que descreve, ordena e compara os 
fenômenos naturais, ou seja, da natureza e seus processos, estabelecendo a 
relação existente entre eles e formulando regras. A esse conjunto de saberes 
chamamos de ciências naturais. Existes outros conjuntos de saberes, como as 
ciências exatas, ciências sociais, ciências contábeis, dentre outras. 
 
2.2 Universidade e a ciência 
A maioria dos alunos ingressam na universidade com a intenção de cursar um 
conjunto de disciplinas que compõem o conjunto básico dos saberes 
necessários para atuar em uma determinada área profissional, e entendem 
que isso é o suficiente, ou seja, que aí se encerra o papel da universidade. 
Porém, esse compõe apenas um dos pilares da universidade, o do ensino. Os 
outros dois pilares são o da pesquisa e o da extensão. 
Assim como vimos a constante evolução da ciência, podemos dizer também 
que ela é sustentada por informação, por teorias e regras já pesquisadas em 
algum momento. A universidade, em seu pilar de ensino, tem como função 
reunir as informações e conhecimentos que dão base aos diversos saberes. 
Porém, ela não se estingue apenas no ensino, ela tem o compromisso de 
educar, de proporcionar aos seus alunos não apenas o alcance à informação, 
mas o desenvolvimento de um pensamento crítico, que seja capaz de absorver 
as informações, promover relações com experiências já vividas e com 
necessidades percebidas, provocando novas descobertas e vislumbrando novos 
caminhos. 
Na universidade, professores elaboram projetos de pesquisa e extensão dos 
quais os alunos podem participar. Os alunos podem participar dos projetos de 
pesquisa através da iniciação científica, voluntariamente,ou com bolsa, de 
acordo com os editais publicados pela universidade. Através desses projetos, 
os alunos têm a possibilidade de estudar temas mais profundamente ou 
mesmo novos temas, não abordados em sala de aula, além de terem um 
primeiro contato com o método científico. 
Os projetos de extensão fazem a ligação dos saberes acadêmicos oriundos do 
ensino e da pesquisa, com as necessidades da comunidade, faz com que se 
percebam as necessidades sociais, culturais, econômicas, dentre outras. Eles 
proporcionam a interação da universidade com a sociedade, promovendo a 
interação entre a teoria e a prática (FIGUEIREDO 2015). 
 
2.3 Conhecimento científico 
Desde que nascemos somos levados a conhecer, de forma natural, o que está 
no nosso cotidiano, ao nosso redor. Seja por observação, seja por instigação 
de nossa família ou meios de comunicação, vamos recebendo as informações e 
adquirindo uma compreensão sobre as coisas do mundo, sobre o que acontece 
em nosso entorno, nas diversas áreas, humanas, sociais, políticas, econômicas 
e culturais. Para que exista o ato de conhecer, é fundamental a relação entre 
o sujeito e o objeto. 
O sujeito, no caso que nos interessa aqui, é o ser humano que construiu a 
faculdade da inteligibilidade, construiu um interior capaz de apropriar-se 
simbólica e representativamente do exterior, conseguindo, inclusive, operar 
de forma abstrata com seus símbolos e representações. O objeto é o mundo 
exterior ao sujeito, que é representado em seu pensamento a partir da 
manipulação que executa com eles. (LUCKESI, 1995, p. 16) 
Dessa forma, o conhecimento pode ser definido como a compreensão 
inteligível da realidade exterior, formada no interior do homem como um 
pensamento abstrato, de maneira que lhe possa expressar a realidade. 
A realidade pode ser descrita de diversas formas, determinadas situações 
podem ser interpretadas sob diferentes aspectos: religiosos, cotidianos, 
filosóficos, científicos, dentre outros. Para cada ótica, ou aspecto, um tipo de 
conhecimento é gerado. 
Sob a ótica do cotidiano, nasce o senso comum, conhecimento adquirido pelo 
homem a partir de suas vivências e experiências, e da observação do mundo. 
São conhecimentos empíricos, passados de geração para geração. Trata-se de 
uma herança cultural, não baseada em métodos ou conclusões científicas, mas 
na assimilação espontânea de conhecimentos úteis para o dia a dia. 
É através do senso comum que uma criança aprende o que pode ou não 
comer, o que é seguro ou perigoso e, mesmo, o que é justo ou injusto. 
Sob outra ótica, o conhecimento científico deve ser baseado em observações 
e observações, que servem para atestar a veracidade ou não de determinada 
teoria. A razão deve estar atrelada a lógica da experimentação científica, 
caso contrário, se configuraria como conhecimento filosófico. 
Segundo GIL (2008), o conhecimento científico é: 
• Objetivo: descreve a realidade, independente da opinião do 
pesquisador; 
• Racional: baseia-se na razão e não em sensações ou impressões para 
chegar aos resultados; 
• Sistemático: preocupa-se com a construção de um sistema de ideias, 
organizadas racionalmente, e em incluir conceitos parciais em 
totalidades cada vez mais amplas. 
• Geral: possui a preocupação com a elaboração de leis ou normas gerais, 
as quais, explicam todos os fenômenos de certo tipo; 
• Verificável: apresenta sempre a possibilidade de demonstrar a 
veracidade das informações apresentados; 
• Falível: reconhece a própria capacidade de errar. 
O conhecimento pode ser encarado como o resultado do aprimoramento do 
senso comum, através da investigação científica, com o objetivo de 
comprová-lo ou refutá-lo. Trata-se de um conhecimento passível de 
demonstração e comprovação, objetivo, metódico e sistematizado. Como ele 
pode ser, através do método científico, constantemente testado, reformulado 
e atualizado, o que o atribui o caráter de provisório. (FONSECA, 2002, p. 11) 
 
2.4 Pesquisa científica 
Quando estamos na escola, muitos professores pedem como tarefa a 
realização de uma pesquisa sobre determinado tema. Nesse caso, buscamos 
materiais sobre o tema, escolhemos os tópicos mais importantes e montamos 
um documento ou uma apresentação narrando o que descobrimos sobre o 
assunto. Logo, a pesquisa pode ser definida como um conjunto de atividades 
orientadas para a busca de um determinado conhecimento. 
O que difere esse tipo de pesquisa da pesquisa científica? 
O caráter investigativo e questionador, ou seja, a problematização. Segundo 
GIL (2008), é pela observação que o homem adquire grande parte do seu 
conhecimento. A pesquisa científica parte de um problema proposto pelo 
pesquisador, implicando na observação, análise, reflexão crítica, síntese e 
aprofundamento de conceitos sobre determinado tema, com base no método 
científico. 
Dessa forma, o conhecimento científico, obtido a partir da pesquisa científica, 
se baseia na formulação de problemas, ou seja, na capacidade de elaborar 
questões para as quais se vai buscar respostas e, nesse processo, elaborar 
novos questionamentos. 
Para LAKATOS E MARCONI (2010, P. 139), a pesquisa “é um procedimento 
formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento 
científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para 
descobrir verdades parciais”. 
Segundo GIL (2008, p. 26), a pesquisa pode ser definida como “o processo 
formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo 
fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o 
emprego de procedimentos científicos. 
É importante ressaltar que, independente da natureza da pesquisa, ao aplicar 
a metodologia científica, ela contribui para a aquisição de novos 
conhecimentos, na medida que promove reflexão e discussão sobre o assunto 
pesquisado. Se produz novo conhecimento, está produzindo ciência. 
DEMO (1987, p.20) menciona que “a ciência propõe-se a captar e manipular a 
realizada assim como ela é. A metodologia desenvolve a preocupação em 
torno de como chegar a isto.” 
Segundo GIL (2010), algumas características sociais e intelectuais do 
pesquisador são fundamentais para a obtenção do êxito na pesquisa, são elas: 
• curiosidade 
• criatividade 
• conhecimento sobre o que deve ser pesquisado 
• integridade intelectual 
• atividade corretiva 
• sensibilidade social 
• imaginação disciplinada 
• perseverança e paciência 
Além dessas qualidades, GIL (2010) ressalta a importância da construção de 
um projeto que planeje e norteie a pesquisa. 
O desenvolvimento de uma pesquisa pode ser dividido em três etapas 
principais, a de planejamento, a de execução e a de divulgação. 
A etapa de planejamento consiste na construção do projeto de pesquisa, 
através da realização de revisão literária, busca do problema, definição da 
hipótese, objetivos, justificativa, referencial teórico e definição da 
metodologia. Uma pesquisa bem planejada, possui maior probabilidade de ser 
seguida e de se obter êxito. 
A etapa de execução corresponde ao desenvolvimento da pesquisa, onde se 
coloca em prática o que foi planejado no projeto. Consiste na aplicação dos 
métodos e técnicas definidas na metodologia: realização de experimentos, 
construção de protótipos, realização de entrevistas e dentre outros. 
Nesta etapa, os resultados são obtidos através da aplicação da metodologia 
definida no projeto, são analisados, testados e validados. 
A etapa de divulgação consiste em divulgar os achados de pesquisa, através 
da publicação de um relatório final, artigo científico, resumos ou 
apresentação em eventos científicos. 
 
2.4.1 Tipos de pesquisa, método, natureza e abordagem 
Iniciaremos esta seção classificando a pesquisa científica quanto a seu tipo, 
como pesquisa pura ou aplicada. A pesquisa pura, ou básica como também échamada, tem seu foco na melhoria de teorias científicas, para melhor prever 
ou compreender os fenômenos naturais ou de outro tipo. Normalmente, esse 
tipo de pesquisa é puramente teórico e tem a intenção de ampliar a 
compreensão de certos fenômenos ou comportamento, sem procurar tratar ou 
resolvê-los. 
Pesquisa aplicada, por sua vez, usa pesquisas científicas para desenvolver 
tecnologias ou técnicas com a intenção de alterar fenômenos ou 
comportamentos e intervir nos mesmos. A pesquisa pura serve como base para 
a pesquisa aplicada. 
A escolha do método depende do paradigma de pesquisa adotado, ou seja, 
deve ser apropriado ao tipo de estudo que se pretende realizar e, 
principalmente, à natureza do problema e ao nível de aprofundamento que se 
pretende adotar. 
Existem os métodos qualitativos e os métodos quantitativos. 
O método qualitativo abrange o paradigma fenomenológico, voltado à 
interpretação e descrição; ele preocupa-se em descrever a realidade 
investigada e não com medidas e fórmulas matemáticas. Ele é bem 
empregado em descrever a complexidade de determinado problema, analisar 
a interação de certas variáveis, ideal para entender particularidades de 
comportamento de indivíduos, processos, entidades, motivações de um grupo, 
interpretar a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população. 
O método quantitativo abrange o paradigma positivista, voltado à 
quantificação e mensuração. Ele tem como intenção de garantir a precisão 
dos resultados, através da utilização de técnicas estatísticas. Pode ser bem 
empregado para medir relações causa/efeito entre variáveis e avaliar o 
resultado de um sistema ou projeto. 
O próximo item que devemos considerar é o nível de pesquisa. A pesquisa 
pode ser classificada como exploratória, descritiva ou explicativa. Uma 
pesquisa pode ser classificada individualmente em um desses níveis ou pode 
associar mais de um, dependendo do objetivo do estudo. 
A pesquisa exploratória busca compreender um determinado problema ao 
aprimorar seu conhecimento. Ela propicia a obtenção de novos conhecimentos 
e pode ser planejada de forma bastante flexível. Estudos exploratórios são 
aqueles em que não se tem informação sobre determinado tema e se deseja 
conhece-lo. 
A pesquisa descritiva possui como objetivo a descrição das características de 
determinado assunto, podendo ser um fenômeno, população ou grupo 
(distribuição por idade ou sexo, por exemplo). Estudos descritivos são 
realizados quando se deseja descrever as características de determinado 
tema, organizando-o ou classificando-o. 
A pesquisa explicativa possui como objetivo analisar, verificar, avaliar ou 
explicar um determinado tema, normalmente já existente. Ela costuma 
explicar o porquê ou a razão de um determinado conceito ou acontecimento. 
Estudos explicativos são úteis quando se deseja analisar as causas ou 
consequências de um determinado tema. 
Agora que já estudamos o tipo, o modelo e o nível de sua pesquisa, estamos 
prontos para avaliar as estratégias de pesquisa, ou procedimentos que podem 
ser utilizados no processo de investigação. 
 
 
 
 
Recapitulando 
Neste capítulo refletimos sobre o que é ciência e sua relação com a 
universidade, o que é conhecimento científico e pesquisa científica. Vimos os 
diferentes tipos de pesquisa, método e natureza ou nível de pesquisa. 
 
Referências e Obras Consultadas 
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 
1987. 
FIGUEIREDO, Karen. Experiência Universitária: Os três Pilares da Universidade. 
Blog InspirAda. 2015. 
Disponível em: 
https://inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-
universitaria-os-tres-pilares-da-universidade/ Acessado em: abril de 2018. 
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. 
Apostila. 
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
_______________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de 
Metodologia Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete Silva. Introdução à Filosofia. São 
Paulo: Cortez, 1995 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades 
1. A pesquisa que busca esclarecer a relação entre causa e efeito e 
costuma explicar a razão de ser de um determinado conceito ou 
acontecimento, é caracterizada como: 
a) Exploratória 
b) Explicativa 
c) Descritiva 
d) Bibliográfica 
e) Experimental 
 
2. A pesquisa qualitativa tem como característica: 
a) Trabalhar com dados numéricos 
b) Utilizar técnicas de estatística para o tratamento dos dados 
c) Utilizar técnicas probabilísticas para obtenção dos dados 
d) Apresentar o comportamento e a interpretação de fatos, 
acontecimentos e contextos 
e) Ser puramente exploratória 
 
3. O desenvolvimento de uma pesquisa pode ser dividido em 
etapas, a saber: 
a) Exploratória, descritiva e explicativa 
b) Qualitativa ou quantitativa 
c) Pura ou aplicada 
d) Planejamento, execução e divulgação 
e) Planejamento, divulgação e execução 
 
4. A construção do projeto de pesquisa, através da realização de 
revisão literária, busca do problema, definição da hipótese, 
objetivos, justificativa, referencial teórico e definição da 
metodologia, correspondem a qual etapa do desenvolvimento da 
pesquisa? 
a) Exploratória 
b) Pesquisa bibliográfica 
c) Planejamento 
d) Divulgação 
e) Execução 
 
5. A pesquisa que busca compreender um determinado problema ao 
aprimorar seu conhecimento, além disso, propicia a obtenção de 
novos conhecimentos e pode ser planejada de forma bastante 
flexível, é caracterizada como: 
a) Exploratória 
b) Explicativa 
c) Descritiva 
d) Bibliográfica 
e) Experimental 
Gabarito 
1) b 
2) d 
3) d 
4) c 
5) a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Métodos e procedimentos de pesquisa 
 
 Patrícia Noll de Mattos, Msc.8 
 
Introdução 
Este capítulo abordará as principais técnicas e procedimentos de pesquisa, 
sua relação com o tipo e a natureza da pesquisa e com os principais métodos 
de coleta e análise de dados. Abordará também o que é método científico e 
sua diferença em relação à técnica. 
 
3.1 O que são técnicas e procedimentos de pesquisa? 
Os métodos descrevem como você desenvolverá sua pesquisa e os 
procedimentos as ferramentas que você utilizará para desenvolvê-la. Porém, 
antes de você iniciar a escolha dos métodos e procedimentos, é importante o 
entendimento do que é “metodologia de pesquisa”. 
O estudo de metodologia de pesquisa nada mais é do que o estudo de como 
fazer pesquisa. Vamos ver a definição de metodologia de pesquisa segundo 
Michel Thiollent, na obra “Metodologia da pesquisa-ação”, 2009: “A 
metodologia tem como objetivo analisar as características dos vários métodos 
disponíveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou 
distorções e criticar os pressupostos ou a implicação de sua utilização.” 
GIL (2008) define o método como o caminho para se chegar a determinado 
fim, e o método científico, o conjunto de procedimentos intelectuais e 
técnicas adotadas para se obter conhecimento. 
Método pode ser visto como a maneira de proceder, a maneira de ordenar a 
ação de acordo com certos princípios, ou a ordem que se segue na procura da 
verdade, no estudo da ciência, para procurar um fim determinado. 
Uma técnica é um procedimento, cujo objetivo é a obtenção de um 
determinado resultado, seja na ciência, na tecnologia, na arte ou em 
qualquer outra área. Consiste em um conjunto de regras, normas ou 
protocolos que se utiliza como meio para chegar a uma certa meta.8 Possui graduação em Bacharelado Em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1991) 
e mestrado em Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor da 
Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor adjunto com mestrado da Universidade Luterana do Brasil. Tem 
experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Software Básico, Projeto de Interfaces, educação a 
distância e metodologia científica. 
Na definição da metodologia, você deverá definir o método a ser utilizado, de 
acordo com o tipo de pesquisa e sua natureza, ou seja, se a pesquisa é pura 
ou aplicada; quantitativa ou qualitativa; exploratória, descritiva ou 
explicativa. Além disso, precisa definir o aparato instrumental a ser utilizado, 
ou seja, as ferramentas e técnicas que serão necessárias para o 
desenvolvimento da pesquisa. Todas essas definições fazem parte do 
planejamento da pesquisa, e já devem estar presentes desde a especificação 
do projeto de pesquisa. 
As ferramentas a serem utilizada, ou seja, as estratégias de pesquisa vão 
ajudar você a definir o plano de ação de sua pesquisa, orientando-o nos 
processos de coleta e análise de dados. 
 
3.2 Técnicas e Estratégias de Pesquisa 
Ao escolher a(s) estratégia(s) de pesquisa que você irá utilizar em sua 
pesquisa, você está delineando um plano de ação para a mesma. Além disso, a 
escolha da estratégia de pesquisa irá orientar a definição das técnicas de 
coleta e análise de dados a utilizar. A seguir são apresentadas as principais 
estratégias de pesquisa. 
 
3.2.1 Pesquisa bibliográfica 
A maioria das pesquisas iniciam por ela, pois ela permite ao pesquisador a 
utilização de uma série de recursos disponíveis sobre um determinado tema. 
Através da pesquisa bibliográfica você pode utilizar-se de diversos recursos 
disponíveis sobre determinado tema, recorrendo a pesquisa já realizadas e 
conteúdos já publicados em revistas, livros, jornais, monografias, teses, 
resumos ou artigos em anais de congressos e simpósios, dentre outros. Ela 
contempla o referencial teórico já publicado acerca do tema (Lakatos e 
Marconi, 2009). 
Dependendo da questão de pesquisa, remete à necessidade da pesquisa 
bibliográfica, como no caso de estudos históricos, por exemplo, muitas vezes 
não há outra forma de realizar a pesquisa senão através de fontes 
secundárias. 
É importante, porém, que os dados obtidos através desse tipo de pesquisa 
sejam analisados, que sua profundidade seja averiguada e que sejam 
comparados com os de outras fontes, de forma a garantir sua integridade. 
A pesquisa bibliográfica requer uma leitura organizada e sistemática dos 
textos, utilizando-se de técnicas de leitura, como anotações, fichas de leitura 
e fluxogramas. 
Assim como qualquer outra estratégia de pesquisa, ela deve ser planejada, 
definindo-se a classe de fontes que serão utilizados, quais veículos de 
publicação e palavras-chave de busca. 
 
3.2.2 Pesquisa Documental 
A Pesquisa documental lhe permite pesquisar em documentos e materiais 
ainda não analisados e tratados, mas que tenham valor científico para o tema 
estudado. Como exemplos podemos citar os arquivos de órgãos públicos e 
instituições, cartas, memorandos, diários, gravações, dentre outros. 
Segundo GIL (2002), o que difere a pesquisa documental da pesquisa 
bibliográfica é a natureza das fontes. A pesquisa documental utiliza materiais 
que ainda não receberam um tratamento analítico. A pesquisa bibliográfica, 
por sua vez, utiliza-se da contribuição sobre diversos autores sobre 
determinado assunto. 
Por se utilizar de fonte ainda não tratadas, a pesquisa documental pode 
tornar-se mais morosa, porém, em muitas situações, é de grande 
contribuição, pois pode possuir um conteúdo bastante rico. 
 
3.2.3 Pesquisa de levantamento 
Levantamento ou Survey consiste na interrogação direta do comportamento 
dos sujeitos sob investigação. Esta estratégia permite que você colha as 
informações de um grupo significativo de pessoas sobre o tema estudado e, 
em seguida, obtenha conclusões acerca dos dados, através da análise 
quantitativa dos dados. 
Segundo GIL (2010), “quando o levantamento recolhe informações de todos os 
integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo”. Devido à dificuldade, 
normalmente não são pesquisados todos os integrantes de uma população 
estudada, realizando-se a pesquisa com uma amostra da população. Existem 
técnicas de amostragem que definem parâmetros para escolha do local dos 
participantes, tamanho da amostra, tipo de amostragem, garantindo a 
confiabilidade dos dados obtidos para o resultado da pesquisa (GIL, 2010). 
Como ele é realizado? 
O pesquisador, por meio de conhecimento prévio, adquirido através de 
pesquisa bibliográfica ou outra estratégia, estabelece construtores, variáveis 
e pressupostos que o guiarão na construção de seus instrumentos de pesquisa. 
O principal instrumento utilizado é o questionário, podendo ter questões 
abertas ou fechadas. Com o auxílio da internet, é possível a utilização de uma 
série de ferramentas que permite a publicação de pesquisas online, 
facilitando sua distribuição, tabulação e análise de dados. 
 
3.2.4 Estudo de Campo 
No estudo de campo, a pesquisa é desenvolvida no próprio local em que 
ocorrem os fenômenos ou fatos em estudo, é importante que o pesquisador 
tenha contato direto com o objeto de estudo, realizando a maior parte do 
trabalho pessoalmente. 
As principais técnicas de coleta de dados utilizadas no estudo de campo são: 
observação direta das atividades do grupo estudado, observação participante, 
entrevistas, análise de documentos, filmagens e fotografias (GIL, 2002). 
 Utiliza-se esta técnica quando se tem o objetivo de obter informações sobre 
um problema ara o qual se procura uma resposta, comprovação de hipóteses 
ou descobrir novos fenômenos e suas relações. 
Ele focaliza uma comunidade de trabalho, estudo, lazer ou com qualquer 
outra finalidade. Trata-se de um grupo ou comunidade que possua uma 
estrutura social, onde há interação entre seus componentes (GIL, 2002). 
 
3.2.5 Estudo de Caso 
Trata-se de uma investigação empírica que averigua um fenômeno dentro de 
seu contexto real. Tem como objetivo aprofundar a descrição de determinada 
realidade. No estudo de caso, o pesquisador realiza uma investigação prática 
do comportamento do fenômeno estudado dentro de um contexto real, desde 
que estabelecidos alguns limites. 
GIL (2008) afirma que o estudo de caso tem sido cada vez mais utilizado pelos 
pesquisadores, uma vez que serve a pesquisas de diferentes propósitos, tais 
como: 
explorar situações da vida real, cujos limites não estão ainda bem definidos; 
descrever a situação do próprio contexto onde se está realizando determinada 
investigação; 
explicar as variáveis que causam, determinado fenômeno em situações 
complexas, as quais não possibilitam a utilização de levantamentos e 
experimentos. 
Um estudo de caso pode utilizar-se de diversas estratégias para tentar 
compreender a complexidade de um fenômeno em seu contexto, utilizando-se 
de diferentes fontes de coletas de dados, tais como: documentos, registros 
em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante, dentre 
outros. 
 
3.2.6 Pesquisa-ação 
Trata-se de uma pesquisa com base empírica que é concebida e realizada de 
forma associada a uma ação ou resolução de um problema coletivo, no qual os 
pesquisadores e os representantes da situação problema estão envolvidos de 
forma cooperativa e participativa (THIOLLENT, 2009). Para ser classificada 
como pesquisa-ação, é necessário que haja uma ação por parte dos implicados 
no problema sob observação, ou seja, que haja uma interferência no contexto 
tratado. 
Além da participação, essa estratégia pressupõe uma formade ação planejada 
por parte do pesquisador e dos participantes, de cunho social, educacional, 
técnico ou outro. 
São características da pesquisa-ação: 
• possuir caráter participativo e cooperativo entre pesquisadores e 
participantes da situação problema; 
• ter caráter de pesquisa, onde a situação problema necessita de 
investigação para ser elaborada; 
• ter caráter de ação, através da resolução planejada de um problema 
coletivo. 
• A pesquisa-ação pode ser construída em quatro fases, a saber: 
• fase exploratória, onde se realiza um diagnóstico para identificar 
problemas e as capacidade de ação e intervenção; 
• fase de pesquisa profundado, a qual ocorre por meio de coleta de 
dados; 
• fase de ação, a qual corresponde ao planejamento e execução das 
ações, estabelecidas a partir das discussões com os participantes do 
estudo; 
• fase de avaliação, onde obtém-se o resgate do conhecimento obtido e 
redireciona-se as ações. 
Diferentes técnicas podem ser utilizadas para coleta de dados como 
documentação, questionário, entrevistas, dentre outras. A análise de dados 
pode envolver, tantas técnicas quantitativas, como qualitativas (THIOLLENT, 
2009). 
 
3.2.7 Pesquisa Experimental 
A pesquisa experimental opera com a manipulação, observação e controle 
direto sobre os elementos em experimentação. Ela consiste em determinar 
um objeto de estudo, selecionar variáveis capazes de influenciá-las e definir 
formas de observar e controlar o efeito que elas produzem no objeto. 
A pesquisa experimental se relaciona diretamente às ciências naturais e seus 
avanços científicos. 
Uma das suas características é que seu experimento pode ser realizado de 
diversas formas e pode ser repetido, se tiver a intenção de se obter o mesmo 
resultado. 
 
3.2.8 Pesquisa ex-post facto 
Este tipo de pesquisa estuda fenômenos ou fatos que já aconteceram, com a 
intenção de entende-los melhor, descobrir como e por que ocorreram. Esses 
fatos ou fenômenos podem estar associados a catástrofes, atentados, 
epidemias, crises econômicas, atos de violência, dentre outros. 
A coleta de dados pode ocorrer por meio de experimentos, manipulando 
variáveis, muitas vezes reproduzindo situações que já aconteceram. 
 
3.3 Técnicas de coleta de dados 
Após você ter delineado sua pesquisa, definindo o método, o tipo e a 
estratégia de pesquisa), é necessário definir a(s) técnica(s) que será(ão) 
usada(s) para a coleta dos dados. Independente do método empregado, toda 
pesquisa necessita do levantamento de dados de diversas fontes. 
É importante que, ao definir a(s) técnica(s) a utilizar, que você a conceitue, 
justifique e a descreva. Caso você opte, por exemplo, por aplicar 
questionários, é importante que você o conceitue, justifique sua escolha de 
acordo com a natureza da pesquisa a ser desenvolvida, descreva o público 
alvo da pesquisa, forma de distribuição, análise dos dados e construa o 
instrumento. Todas essas etapas consistem no planejamento dos instrumentos 
a serem utilizados para a coleta dos dados da pesquisa. 
A seguir serão apresentadas algumas técnicas bastante utilizadas. 
 
3.3.1 Bibliográfica 
Esta técnica permite ao pesquisador acessar a uma vasta fonte de informações 
sobre o tema pesquisado, através de diversas fontes e autores. Esta técnica 
proporciona acesso a toda bibliografia já tornada púbica relacionada ao tema, 
agregando publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, relatórios de 
pesquisa, monográficas, teses, dentre outros (LAKATOS; MARCONI, 2009). 
A escolha das fontes depende dos objetivos da pesquisa, do tema e natureza 
da pesquisa. Hoje em dia, muitas fontes de pesquisa possuem versão digital e 
estão disponíveis na internet. O portal da CAPES é o padrão brasileiro para 
acesso a periódicos científicos, teses e dissertações, acessível através do 
endereço www.periódicos.capes.gov.br. 
 
3.3.2 Documental 
Os documentos constituem em uma importante fonte de pesquisa histórica, 
permite ao pesquisador comprovar documentalmente, embasando 
informações abordadas sobre o tema da pesquisa. 
A principal característica desta técnica é que a fonte de dados consiste em 
documentos que podem ser obtidos nos momentos em que o fato ocorre, 
podendo ser escrito ou não. Esses materiais ainda não receberam tratamento 
analítico, diferenciando-os das fontes bibliográficas. 
Os documentos podem ser escritos, tais como: documentos oficiais, 
publicações parlamentares, documentos jurídicos, documentos 
administrativos, fontes estatísticas, dentre outros. Contudo, os documentos 
podem ser de outras naturezas, tais como fotografias, gravações, vídeos, 
folclore, dentre outros (LAKATOS; MARCONI, 2009). 
 
3.3.3 Observação 
A observação é utilizada para conseguir informações e utiliza os sentidos na 
obtenção de determinados aspectos da realidade. Algumas estratégias de 
pesquisa a utilizam com frequência para a coleta de dados, dentre elas, o 
estudo de campo. 
A observação pode ser realizada de diferentes formas, são elas: 
Observação não-estruturada: consiste em recolher e registrar fatos da 
realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos sistematizadas 
(estudos exploratórios sobre o campo a ser pesquisado). 
Observação estruturada: utiliza instrumentos para a coleta de dados ou 
fenômenos observados. O observador sabe o que procura e o que carece de 
importância (quadros, anotações, escalas). 
Observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não 
participa dele, faz mais o papel de espectador. 
Observação participante: o observador se incorpora ao grupo, passa a fazer 
parte ativa do grupo pesquisado. 
Observação individual: observação realizada por um pesquisador, pode 
ocorrer inferências ou distorções, mas pode intensificar a objetividade. 
Observação em equipe: observação em equipe, em alguns casos pode ser 
mais aconselhável do que a individual, pois o grupo pode observar a 
ocorrência por diferentes ângulos. 
Observação na vida real: observações efetuadas no âmbito real, registrando-
se os dados à medida que forem ocorrendo. Realizar os registros no local. 
Observação em laboratório: tenta descobrir a ação e a conduta que obteve 
em condições cuidadosamente dispostas e controladas. 
 
3.3.4 Entrevista 
A entrevista é uma técnica de coleta de dados utilizada em várias estratégias 
de pesquisa, tais como, levantamento e estudo de caso. Trata-se de uma 
excelente técnica para obtenção de dados subjetivos, tais como 
comportamentos, atitudes, opiniões etc. 
A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes do seu 
processo, requer tempo e exige alguns cuidados, tais como (LAKATOS; 
MARCONI, 2009): 
• o planejamento da entrevista deve ter em vista o objetivo a ser 
alcançado; 
• a escolha do entrevistado deve ser alguém que tenha familiaridade com 
o tema pesquisado; 
• a oportunidade da entrevista, ou seja, a disponibilidade do 
entrevistado em fornecer a entrevista, que deverá ser marcada com 
antecedência para que o pesquisador se assegure de que será recebido; 
• as condições favoráveis que possam garantir ao entrevistado o segredo 
de suas confidências e de sua identidade; 
• a preparação específica que consiste em organizar o roteiro ou 
formulário com as questões importantes; 
• Preparar com antecedência as perguntas a serem feitas ao entrevistado 
e a ordem em que elas devem acontecer; 
• Submeter a entrevista a um pré-teste, ou seja, procurar realizar uma 
entrevista com alguém que poderá fazer críticas; 
• Não elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou 
tendenciosas; 
• As perguntas devem ser feitas levando em conta a sequência do 
pensamento do pesquisado. 
Além de todos os aspectos apresentados acima, é importante definir o tipo de 
entrevista que melhor iráatender as necessidades do tema, do entrevistador 
ou entrevistado, que pode ser: 
Entrevista estruturada: é elaborada mediante questionário totalmente 
estruturado, todos os entrevistados respondem às mesmas perguntas, 
permitindo a comparação posterior de suas respostas. Como exemplo é 
possível citar os censos, pesquisa de opinião, intenção de votos e etc. 
Entrevista não-estruturada: atende principalmente finalidades exploratórias. 
O entrevistador introduz o tema e o entrevistado tem liberdade para discorrer 
sobre o tema sugerido. 
Entrevista semiestruturada: constitui-se em uma mescla entre a entrevista 
estruturada e a entrevista não-estruturada, pois combina perguntas abertas e 
fechadas. Os entrevistados devem seguir um conjunto de questões 
previamente definidas no sentido de dirigir a discussão, porém, possuem 
liberdade de discorrer sobre elas. 
 
3.3.5 Questionário 
Os questionários são constituídos por uma série de perguntas ordenadas que 
devem ser respondidas por escrito. Por ser possível sua distribuição digital, 
possibilitam atingir um grande número de pessoas. Podem ser preenchidos, no 
próprio local da pesquisa, em formulários digitais, cujo link é fornecido, pode 
ser enviado por meio digital ou correio físico. 
Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a 
natureza da pesquisa, sua importância, necessidade de obter respostas para o 
sucesso da pesquisa e o tempo que o respondente terá que dispender para 
responde-lo. Possui um índice de retorno bem menor do que as entrevistas, 
por isso, é muito importante chamar a atenção do respondente seja no título 
utilizado da mensagem enviada, como no conteúdo da carta explicativa 
(LAKATOS; MARCONI, 2009). 
É importante, assim como nas entrevistas, que seja submetido a um pré-teste, 
ou seja, antes de entregar aos respondentes, deve-se aplicar o questionário 
com algumas pessoas que possam fazer uma análise crítica. 
Deve-se levar em conta os tipos, a ordem, os agrupamentos de perguntas em 
sua formulação. 
 
3.3.5.1 Tipos de questões 
Um questionário pode ser construído com base em vários tipos de questões, 
tais como: questões abertas, questões fechadas e questões mistas; quanto ao 
relacionamento entre as questões, podem ser independentes ou dependentes 
(LAKATOS; MARCONI, 2009). 
Questões abertas: permitem ao informante responder livremente, com suas 
palavras e com a possibilidade de emitir opinião. Uma pergunta ou 
questionamento é apresentado e deixa-se um espaço em branco para a 
resposta, sem qualquer tipo de restrição. 
Questões fechadas: apresenta-se um questionamento e alternativas de 
resposta, dentre as quais o informante deve escolher. Esse tipo de questão 
facilita o processo de tabulação, embora restrinja a liberdade de resposta. 
Questões fechadas de escolha simples categórica: o respondente deve 
escolher entre uma das alternativas de resposta, que exclui as demais. É 
importante garantir que qualquer que seja a situação ou opinião do 
informante, tenha uma alternativa que se enquadre, mesmo que essa seja 
“outro”, “prefiro não informar” ou “não se aplica”. 
Questões fechadas de escolha simples forçada: o informante deve escolher 
uma das alternativas, sendo a que mais se encaixe com sua percepção, 
escolha ou opinião. As alternativas não precisam ser excludentes, mas o 
informante deve escolher uma apenas. Pode ser informado no enunciado que 
apenas uma alternativa deve ser escolhida. 
Questões fechadas de escolha simples a partir de uma escala: o informante 
deve escolher uma das alternativas, sendo a que mais se encaixe com sua 
percepção, escolha ou opinião. O informante deve emitir sua percepção por 
meio de uma escala de intensidade. As respostas sugeridas apresentam um 
grau de intensidade crescente ou decrescente (exemplo, concordo 
plenamente, concordo, não concordo nem discordo, discordo e discordo 
plenamente). 
Questões fechadas de múltipla escolha: o informante pode selecionar mais 
de uma das alternativas de resposta fornecidas. 
Questões fechadas de classificação: o informante deve classificar as 
sugestões de resposta com base em um critério preestabelecido (exemplo, 
“Classifique de 1 a 6, da mais importante para a menos importante...”). 
Questões mistas: são questões de escolha simples ou múltipla que 
apresentam, dentre as alternativas de resposta, uma questão aberta (exemplo 
de alternativas: jornal, revista, televisão, indicação de um amigo e outro: 
indique qual:______). 
Quanto à relação de dependência entre as questões, é independente caso o 
ato de responde-la independa da resposta de outras questões. Uma questão é 
dependente quando sua resposta depende de uma ou mais respostas 
fornecidas anteriormente. 
 
3.3.6 Escala 
Escalas são instrumentos construídos com o objetivo de medir a intensidade 
das percepções, opiniões e atitudes dos respondentes, da forma mais objetiva 
possível (GIL, 2008). O objetivo das escalas é permitir que se quantifique as 
respostas, dando uma relação de distância padronizada entre as respostas, a 
as análises estatísticas. 
Existe mais de um tipo de escala, a saber: 
Escala de intensidade: as perguntas são organizadas na forma de um 
mostruário, onde, para cada pergunta, existe respostas que variam de três a 
cinco graus. O mais indicado é a utilização de respostas com cinco graus de 
intensidade, evitando a tendência de se escolher o grau intermediário 
(exemplo: aprovo totalmente, aprovo com restrições, não tenho opinião 
definida, desaprova em certos aspectos, desaprova totalmente). 
Escala de Likert: apresentam cinco níveis de concordância em relação às 
afirmações acerca do assunto. Sua construção segue os seguintes passos: 
Seleciona-se um grande número de enunciados ou afirmações que manifestem 
opinião ou atitude com relação ao objeto de estudo; 
 Solicita-se a um número específico de pessoas que manifestem sua 
concordância ou discordância sobre cada um dos enunciados, de acordo com a 
graduação: concordo plenamente (5), concordo (4), indiferente (3), discordo 
(2) e discordo plenamente (1). 
 
3.3.7 Experimentação 
A técnica de experimentação consiste em determinar um objeto de estudo, 
selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas 
de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Se 
processa por tentativa e erro, e pode ser realizada em qualquer ambiente. 
Trata-se do processo de investigação de pesquisa empírica que têm como 
principal finalidade testar hipóteses que dizem respeito a relações de causa e 
efeito. Ela envolve variáveis independentes e depententes, conforme 
apresentado a seguir: 
Variáveis indepensdentes: consiste em diversas condições antecedentes 
tomadas como relevantes para a ocorrência de detemindao evento. 
Variável dependente: representa o fato, o efeito, produzido, suspenso ou 
afetado pela presença, ausência ou variações das variáveis independentes. 
Técnica por excelencia adotada na pesquisa experimental, mas pode ser 
realizada também no laboratório e na pesquisa de campo. Ela normalmente 
exige a execução de seis passos, a saber: 
• observação - acumula informações sobre os acontecimentos; 
• organização - das informações recolhidas; 
• procura - de regularidades; 
• hipótese - tentativa de explicação das regularidades encontradas; 
• experimentação - verifica a hipótese colocada e 
• conclusão. 
A experimentação poder ser aplica tanto às manifestações quantitativas e 
qualitativas, através das quais os indivíduos e seus comportamentos se 
revelam. Contudo, os aspectos quantitativos são mais relevantes, 
predominando o caráter de medição do método. 
 
3.4 Técnicas de análise de dados 
Nesta seção, trabalharemos com as principais técnicas de análise de dados de 
pesquisa. Os dados, após serem coletados, devem serorganizados e 
analisados. Essas técnicas podem ser agrupadas de acordo com o tipo de 
dados a analisar. As técnicas de análise de conteúdo, análise de discurso e 
análise documental são específicas para tratamento de dados em texto. As 
técnicas destinadas à análise de dados numéricos tomam como base 
matemática e estatística. 
 
3.4.1 Análise de Conteúdo 
Trata-se de um conjunto de técnicas de análise de comunicações, as quais 
utilizam procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das 
mensagens. Elas atuam na busca e geração de indicadores, tanto quantitativos 
quanto qualitativos, que permitam a inferência dos conhecimentos relativos 
às condições de produção e recepção da mensagem (AZEVEDO; MACHADO; 
SILVA, 2011). 
A análise de conteúdo é realiza em três etapas, conforme apresentado a 
seguir (BARDIN, 1995).: 
pré-análise: consiste na fase de organização das informações, com objetivo 
de sistematizar ideias iniciais, de forma a conduzir a um esquema preciso do 
desenvolvimento de operações sucessivas. É a fase onde se inicia o contato 
com os documentos a serem analizados, a formulação das hipóteses e dos 
objetivos, além da elaboração de indicadores necessários para a interpretação 
final. 
análise do material: compreende a transformação dos dados brutos 
almejando a compreensão do texto. A organização da codificação encolve o 
recorte (escolha das unidades), a enumeração (escolha das regras de 
contagem) e a classificação (escolha das categorias. Permite atingir uma 
representação do contrúdo ou sua expressão, sucetível a esclarecimentos 
sobre as características do texto, podendo servir de índices; 
tratamento de dados: os resultados são submetidos a operações que 
destacaram as informações obtidas. Nessa fase são realizadas as 
interpretações e propostas as interferências. Corresponde a tratar os 
resultados brutos de forma a torná-los válidos e significativos. São utilizados 
procedimentos estatísticos com a intenção de produzir quadros de resultados, 
diagramas, figuras, modelos que sintetizam as informações fornecidas pela 
análise, além de conduzir à elaboração de conclusões finais. 
 
 
 
3.4.2 Análise de discurso 
Esta técnica reúne a linguagem, o indivíduo e uma situação e/ou contexto. 
Pressupõe-se que, através da linguagem, os participantes da pesquisa 
comunicam-se e produzem um objeto (discurso) carregado de construções 
ideológicas. Ela focaliza a linguagem na forma como é utilizada em textos 
sociais, escritos ou falados, oriundos de entrevistas, respostas abertas de 
questionários, discussões de grupo e documentos. 
Segundo ORLANDI (2009), a análise de discurso se relaciona a questões de 
linguagem, tendo como contribuição o estado de reflexão e interpretação da 
linguagem do discurso. Diferente da análise de conteúdo, que procura 
responder a questão: “o que este texto quer dizer?”, na análise de discurso a 
questão proposta é: “como este texto quer dizer?” Ou seja, visa compreender 
como um objeto simbólico produz sentidos. 
 
 
3.4.3 Análise documental 
Esta técnica consiste em operações que tem como objetivo gerar uma nova 
forma de representação do conteúdo contido em documentos, com o objetivo 
de facilitar o acesso ao observador, de forma a obter o máximo de informação 
(aspecto quantitativo), com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo). 
Ocorre a transformação do documento primário (bruto) em um documento 
secundário (representação do primário). A análise documental “é uma fase 
preliminar da constituição de um serviço de documentação ou de um banco de 
dados” (BARDIN, 1995). Correspondem a resumos (considerações sobre o 
documento) ou indexação que permitem classificar elementos de informação 
dos documentos, através da classificação por palavras-chave, descritores ou 
índices. 
 
3.4.4 Análise matemática ou estatística 
Através destas técnicas, os dados numéricos são analisados através de 
técnicas estatísticas, as quais podem ser descritivas, operando com 
quantidades, frequências e médias; comparativas, classificatórias e etc. Os 
dados numéricos podem estar representados por valores numéricos, taxas, 
quantidades, ou ser oriundos de questões fechadas de questionários, 
convertidos para dados numéricos. 
A estatística possibilita a apresentação dos resultados científicos de forma 
mais cautelosa, uma vez que se refere a valores médios, tendências e 
probabilidades. Essas técnicas geralmente estão associadas ao método 
quantitativo, permitindo uma forma mais precisa de descrever os fatos, 
possibilita a sumarização dos mesmos, a tomada de decisão e permite que se 
realizem predições (DENCKER e DA VIÁ, 2001). 
 
Recapitulando 
Neste capítulo você aprendeu o que são procedimentos de pesquisa e para 
que são utilizados, as técnicas de coleta de dados que podem ser associadas a 
eles, bem como, formas de analisar os dados coletados. 
 
Referências e Obras Consultadas 
 
AZEVEDO, D.; MACHADO, L.; SILVA, L. V. Métodos e procedimentos de 
pesquisa: do projeto ao relatório final. São Leopoldo: Unisinos, 2011. 102 p. 
BARDIN, Laurence. Análise de consteúdo. Lisboa: Persona, 1995. 
DENCKER, Ada de Dreitas Maneti; DA VIÁ, Sarah Chucid. Pesquisa empírica em 
ciências humanas (com ênfase em comunicação). São Paulo: Futura, 2001. 
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
________________. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. Sâo Paulo: 
Atlas, 2002. 
________________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. Sâo Paulo: 
Atlas, 2010. 
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marian de Andrade. Técnicas de pesquisa: 
planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, 
elaboração, análise e interpretação de dados. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, 
SP: Pontes, 2000. 
THIOLLENT, Michel. Pesquisa-ação nas organizações. 2.ed. São Paulo: Atlas, 
2009. 
 
Atividades 
1) Sobre os métodos e procedimentos de pesquisa, assinale a alternativa 
INCORRETA: 
a) Os métodos descrevem como você desenvolverá sua pesquisa. 
b) Os procedimentos correspondem às ferramentas que você utilizará 
para desenvolver sua pesquisa. 
c) O método como o caminho para se chegar a determinado fim. 
d) O método corresponde ao aparato instrumental a ser utilizado, ou 
seja, as ferramentas e técnicas que serão necessárias para o 
desenvolvimento da pesquisa. 
e) A pesquisa bibliográfica corresponde à uma estratégia de pesquisa. 
 
2) A estratégia de pesquisa que consiste na interrogação direta do 
comportamento dos sujeitos sob investigação corresponde a: 
a) Estudo de caso 
b) Estudo de campo 
c) Pesquisa bibliográfica 
d) Pesquisa documental 
e) Levantamento 
 
3) A estratégia onde a pesquisa é desenvolvida no próprio local em que 
ocorrem os fenômenos ou fatos em estudo corresponde a: 
a) Estudo de caso 
b) Estudo de campo 
c) Pesquisa bibliográfica 
d) Pesquisa documental 
e) Levantamento 
 
4) São consideradas técnicas de coleta de dados (pode ter mais de uma 
resposta correta): 
a) Estudo de caso 
b) Questionário 
c) Estudo de campo 
d) Entrevistas 
e) Observação 
 
5) A técnica de análise de dados chamada “Análise de Conteúdo” 
apresenta as seguintes etapas, nessa ordem: 
a) Pré-análise, tratamento de dados, análise do material. 
b) Tratamento de dados, indexação, condensação 
c) Pré-análise, análise de material, tratamento de dados 
d) Tratamento de dados, condensação, indexação 
e) Identificação, tratamento de dados, indexação 
 
Gabarito 
1) d 
2) e 
3) b 
4) b, d, e 
5) c 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Projeto de pesquisa científica

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