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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1. CONCEITO O controle de constitucionalidade nada mais é que uma verificação da compatibilidade entre normas (Leis e Constituição). Nos dizeres de Rodrigo Padilha, podemos conceituá-lo como uma “análise de conformação da norma infraconstitucional (objeto) à norma constitucional (parâmetro) [...], com fim de impor sanção de invalidade à norma que seja incompatível com o bloco de constitucionalidade.” Esse ato jurídico parte da concepção de constituição pela perspectiva kelseniana, que aduz sobre um escalonamento hierárquico, sendo que uma norma somente receberá validade de outra pois a estrutura não permite que estejam lado a lado. Para Kelsen, a ordem jurídica “não é um sistema de normas coordenadas entre si, que se acham, por assim dizer, lado a lado, no mesmo nível, mas uma hierarquia de diferentes níveis de norma”. Dessa forma, podemos concluir que o controle de constitucionalidade parte do pressuposto da rigidez constitucional e, por consequência, do princípio da supremacia da Constituição. 2. PRESSUPOSTOS PARA O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Para o exercício do controle de constitucionalidade é necessário o cumprimento de alguns requisitos fundamentais e essenciais: · Constituição rígida · Supremacia constitucional; · Existência de um órgão de controle. Há ainda um quarto pressuposto adotado por Nathalia Masson, que prevê uma consequência jurídica ante a violação da parametricidade, como o reconhecimento da nulidade, anulabilidade ou inexistência do ato inconstitucional. 3. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE O bloco de constitucionalidade é o conjunto de regras, princípios, valores constitucionais, os dispositivos dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), Emendas Constitucionais e tratados e convenções internacionais de direitos humanos (art. 5º, §3º da CF), que servem como parâmetro para o controle constitucional. Constituição Federal (bloco de constitucionalidade) Supralegal Ato Primário (medida provisória, lei complementar, ordinária e delegada) Ato Secundário (portaria, decreto regulamentador etc.) 4. PARÂMETRO O parâmetro (também chamado de paradigma) é a norma referência utilizada para realizar a análise comparativa no controle de constitucionalidade. Em nosso ordenamento, a Constituição Federal exerce esse papel. A constituição é dividida em três partes, sendo (i) preâmbulo, (ii) parte permanente e o (iii) ADCT. De imediato podemos dizer que o preâmbulo não serve como paradigma, pois não há força normativa, não se trata de uma norma jurídica de acordo com a tese da irrelevância jurídica e do entendimento do STF (ADI 2076/AC). A parte permanente (art. 1º ao 250), no entanto, é toda considerada como parâmetro, independente de se tratar de norma originária, derivada ou decorrente de assimilação de Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos (rito especial art. 5º, §3). Quanto à parte transitória (ADCT – art. 1º ao 97), são também consideradas em sua totalidade como parâmetro, exceto se sua eficácia já se exauriu. 5. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE A conclusão do controle se dá com a efetiva constitucionalidade ou inconstitucionalidade, verificando-se tratar desta segunda, poderemos classificar segundo alguns critérios: A. Quanto à norma constitucional violada a. FORMAL (nomodiâmica) – trata-se de um vício decorrente na inobservância de um rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou pela incompetência do órgão editor. Temos aqui a inconstitucionalidade formal propriamente dia, ocorre quando houver um vício no processo, no procedimento legislativo. Pode ser subjetivo, quando se deriva da desobediência à iniciativa para elaboração ou objetiva, sendo o vício no procedimento, na tramitação da proposta. Há também a inconstitucionalidade formal orgânica, que se dá pela não competência legislativa para elaboração do ato. b. MATERIAL (nomoestática) – tal vício decorre da matéria, do conteúdo, que é contrário ao previsto na constitucional. Aqui não verificar o processo legislativo, mas sim se há ou não congruência com o disposto no texto constitucional c. VÍCIO DE DOCORO PARLAMENTAR – aqui não temos vício na iniciativa, no procedimento ou não matéria, mas na intenção do agente. A compra de votos causa uma mácula no processo legislativo, por exemplo. B. Quanto ao tipo de conduta ofensiva a. AÇÃO – decorre de uma conduta praticada pelo Poder Público que não corresponde aos preceitos constitucionais, há um descompasso na criação ou edição de normas. b. OMISSÃO – decorre da inércia legislativa que impede e efetivação de uma norma constitucional, pois seria necessária uma atuação estatal para esta produzir efeitos. A omissão pode ser total (quando não há nenhum resquício de regulamentação) ou parcial (quando a atuação é insuficiente). A omissão parcial pode ser relativa, que advém da violação ao princípio da igualdade, pois exclui determinado grupo de pessoas, ou propriamente dita, atuando de modo insuficiente à obrigação constitucionalmente determinada. C. Quanto ao momento a. ORIGINÁRIA – trata-se de lei que já nasce com o vício, quando tal lei é editada já há no mundo normativo a Constituição que servirá de parâmetro. Por exemplo, surge uma nova lei em 2020, seu parâmetro para o controle será a Constituição de 88. Caso haja inconstitucionalidade, ela será originária, pois já nasceu com a lei. Obs.: nesse caso, o parâmetro será sempre anterior ao objeto. b. SUPERVENIENTE – ocorre quando a edição de uma lei, antes constitucional, a torna inconstitucional. Por exemplo, determinada lei é originalmente constitucional, pois estava dentro das observâncias previstas, todavia, posteriormente é promulgada uma emenda que torna o texto da referida lei incompatível com a atual constituição. Por ser a lei anterior ao parâmetro, a sua inconstitucionalidade será superveniente. Obs.: nessa modalidade, o parâmetro (norma constitucional) é sempre posterior ao objeto. No Brasil, este instituto não é reconhecido. A incompatibilidade superveniente não gera a inconstitucionalidade, mas somente a revogação do direito anterior, sendo inclusive entendimento do STF. D. Quanto ao alcance do vício a. TOTAL – decorre da inconstitucionalidade completa do diploma, de nenhum trecho é possível o aproveitamento. Em regra, o vício formal enseja a inconstitucionalidade total. b. PARCIAL – decorre da inconstitucionalidade que não atinge todo diploma, mas apenas alguns trechos deles. É possível o fracionamento da norma em partes válidas e não válidas, segundo o princípio da parcelaridade. Não há, todavia, inconstitucionalidade parcial por palavra ou expressões isoladas. Obs.: é possível que a inconstitucionalidade parcial se torne total se a parcela válida restar sem sentido, ainda que estejam conforme à Constituição. E. Quanto ao prisma de apuração a. DIRETA – trata-se de uma ofensa frontal, não há nenhuma norma entre o objeto e o parâmetro. b. INDIRETA – esta subdivide-se em duas: na inconstitucionalidade reflexa o vício decorre do desrespeito a uma norma infraconstitucional e não propriamente a Constituição. Já a inconstitucionalidade consequencial ocorrerá quando houver relação de dependência entre normas (uma principal e uma acessório), sendo que a inconstitucionalidade da principal enseja a declaração de inconstitucionalidade da acessória, ainda que o pedido seja somete sobre a principal. 6. FORMAS DE CONTROLE 6.1. Quanto ao momento 6.1.1. PREVENTIVO Ocorrerá durante o processo legislativo, isto é, no momento da apresentação do projeto de lei. Este controle é sempre anterior à promulgação da norma, pois visa evitar o ferimento à Constituição. Pode ser realizado pelo poder legislativo, através da Comissão de Constituição e Justiça, que fará um controle prévio dos projetos de lei e dará um parecer sobre a constitucionalidade.Caso se verifique ser inconstitucional, o projeto será rejeitado e arquivado. O plenário também poderá exercer este controle. A realização do controle preventivo pelo poder executivo se dá mediante veto jurídico, previsto no art. 66, §1º da Constituição Federal, caso o presidente entenda que o projeto de lei é inconstitucional. Também poderá ser exercido pelo poder judiciário, através de mandado de segurança impetrado por parlamentar, caso ocorra inobservância do devido processo legislativo. Apenas o parlamentar da casa qual o projeto tramita tem legitimidade para impetrar o Mandado de Segurança. Esta legitimidade é EXCLUSIVA, de forma que ao perder o mandato, será extinto sem julgamento do mérito por perda do objeto (ausência superveniente de legitimidade ad causam). 6.1.2. REPRESSIVO Ocorrerá após a conclusão do processo legislativo, pois seu objetivo é a reparação do ferimento à Constituição. Neste caso, os órgãos de controle verificarão se a lei possui um vício formal ou material. Pode ser exercido pelos três poderes, mas precipuamente pelo judiciário. O controle repressivo realizado pelo judiciário pode se dar através da sustação pelo Congresso Nacional de ato normativo do poder executivo que extrapolar os limites da delegação (art. 49, V da CF). Também poderá ocorrer pela rejeição de medida provisória que for entendida como inconstitucional (art. 62, CF). O TCU também poderá apreciar a constitucionalidade de leis do poder público, como previsto pelo Súmula 347 do STF (atualmente encontra-se em discussão). No âmbito executivo, poderá ocorrer o descumprimento de lei pelo Presidente da República e Governador do Estado se estes entenderem se tratar de norma inconstitucional. Somente perdurará até o momento que o STF publicar decisão com efeito vinculante. E, por fim, no controle repressivo exercido pelo judiciário teremos a verificação das leis com tramitação procedimental devidamente concluída. 6.2. Quanto a competência jurisdicional 6.2.1. POLÍTICO Trata-se de controle realizado por órgão distinto ao dos três poderes, normalmente por Cortes ou Tribunais Constitucionais, é muito comum na Europa, em Portugal e na Espanha, por exemplo. 6.2.2. JURÍDICO Diferentemente do controle político, este é realizado apenas por órgãos do poder judiciário. Pode ser por um único órgão (STF e TJ), como no controle concentrado, ou por qualquer juiz e tribunal, como no controle difuso. 6.3. Quanto ao número de órgãos competentes 6.3.1. CONTROLE DIFUSO Originado nos Estados Unidos, é o controle realizado por qualquer juiz ou tribunal, pela via incidental. 6.3.2. CONTROLE CONCETRADO É o controle realizado somente por um único órgão, teve sua origem na Áustria, e é realizado pela via principal. 6.4. Quanto à finalidade do controle 6.4.1. CONTROLE CONCRETO/INCIDENTAL Neste caso, o controle não é o objetivo principal do processo. Ocorre quando em uma determinada ação faz-se necessária a verificação da constitucionalidade da norma para que seja aplicada ao caso concreto. 6.4.2. CONTROLE ABSTRATO/PRINCIPAL Em contrapartida, o objetivo principal aqui é a constitucionalidade da norma, completamente desvinculada de ocorrência fática.
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