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Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) Introdução As resinas compostas evoluíram muito desde sua introdução, 5 décadas atrás. As primeiras resinas compostas do mercado eram macroparticuladas, e não são mais utilizadas atualmente. Evoluiu-se para as resinas microparticuladas, híbridas e atualmente as mais utilizadas são as mi- cro-híbridas, nano-particuladas e nano-híbridas. Essa evolução se deu por conta do aumento do uso de resinas compostas em regiões anteriores e pos- teriores por necessidades estéticas, o que levou ao aumento das exigências dos fabricantes em rela- ção à melhora das propriedades do material: • Manipulação do material • Técnica de aplicação • Fotopolimerização Ainda hoje, a técnica incremental (incrementos oblíquos de até 2mm) é considerada o padrão- ouro, pois reduz fator de contração da resina (fator C), o que pode levar a falhas na restauração. Porém, o risco de contaminação e incorporação de ar entre as camadas é maior. Falhas de restaurações Os principais motivos de falha nas restaurações em dentes posteriores são por conta de cárie se- cundária e fratura das restaurações. CÁRIE SECUNDÁRIA Isso pode ocorrer por conta de falhas na técnica ou do operador, fazendo com que haja fendas entre a interface da restauração e dentes e permita a microinfiltração de microrganismos. FRATURA DAS RESTAURAÇÕES A fratura das restaurações pode ocorrer principal- mente pela falta de ajuste oclusal, além de estar relacionada também às propriedades da resina. Resinas bulk-fill As resinas bulk-fill são materiais restauradores estéticos, que podem ser inseridos em incremen- to único de até 4-5mm de espessura. Para isso, deve-se medir a profundidade da cavidade com uma sonda periodontal. Uma característica muito favorável deste material é a redução da tensão de contração ocasionada durante a fotopolimerização. Isso é atribuído a alguns fatores, como: 1. Maior translucidez e maior tamanho das partículas de carga: 2. Presença de moduladores específicos de polimerização (interagem com o fotoini- ciador, melhorando a ativação em gran- des profundidades); 3. Incorporação de sistemas fotoiniciadores inovadores: a) Ivocerin: sistema utilizado pela resina Tetric® N-Ceram Bulk-fill junto com a canforoquinona (sistema convencional); 4. Utilização de monômeros diferenciados (ORMOCER®), puros ou modificados: aumentar o processo de conversão de monômeros em polímeros. O ORMOCER® consiste em uma rede de moléculas grandes pré-polimerizadas de matriz inorgânica. Classificação e composição Classificadas quanto a sua consistência: RESINAS BULK-FILL FLOW Resinas de consistência fluida, que apresentam baixa viscosidade. Resinas Bulk-fill Dentística Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) Apresentam 20-25% menos partículas inorgâni- cas e maior quantidade de matriz orgânica. São resinas mais translúcidas do que as resinas bulk-fill de alta viscosidade e resinas convencio- nais. Indicações • Restaurações em dentes posteriores, classes I e II (abaixo do contato proxi- mal) • Forramentos e base. Vantagens • Maior adaptação na cavidade; • Maior escoamento: proporciona maior facilidade de manipulação e menor tem- po de aplicação; • Permite aplicação em regiões de difícil acesso; • Contração volumétrica com menor es- tresse na interface. Desvantagem • Requer uma camada de cobertura adi- cional utilizando uma resina convencio- nal híbrida ou nanoparticulada para permitir uma escultura e para permitir uma boa resistência ao desgaste. RESINAS BULK-FILL CONVENCIONAIS Resinas de consistência regular, com alta viscosi- dade. É apresentada em formato de tubo tradicional, e pode ser utilizada em único incremento, dispen- sando uma camada superficial de resina composta convencional. Indicações • Restaurações de classes I e II (esse mate- rial consegue reestabelecer pontos de contato): cavidades com fator C desfavo- rável; • Forramento sob materiais restauradores diretos; • Regularização/planificação das paredes do preparo cavitário; • Reparo de pequenos defeitos no esmal- te; • Confecção de núcleos de preenchimento Vantagens • Redução no tempo de trabalho pela inserção de incremento único; • Redução no tempo de fotopolimerização • Apresenta baixa contração de polime- rização; • Pode ser inserida na cavidade em incrementos de até 4mm de espessura, reduzindo a sensibilidade técnica; • Passível de escultura; • Diminuição do risco de contaminação e formação de bolhas. Desvantagens • Alta translucidez; • Pouca disponibilidade de cores; • Indicada apenas para dentes posteriores; • Propriedades mecânicas inferiores em comparação com as resinas convencio- nais; • Pouca evidência científica. RESINAS BULK-FILL SONIC FILL Combina as vantagens de uma resina de alta fluidez com uma resina regular. Apresenta sistema de ativação sônico, e melhor adaptação nas paredes e margens cavitárias. Depois de cessar a vibração, a resina volta a um estado de viscosidade regular. Propriedades mecânicas Em geral, apresentam boas características, e as resinas bulk-fill de alta viscosidade apresentam melhores propriedades: • Encolhimento volumétrico: as de alta viscosidade apresentam encolhimento semelhante ao as resinas convencionais. Já o encolhimento das resinas bulk-fill flow é um pouco maior. • Resistência à fratura: a da bulk-fill de alta viscosidade é maior, por isso não neces- Bruna de Alencar Peres – Odontologia Unesp São José dos Campos (T64) sita de camada superficial de resina com- posta convencional. • Resistência à flexão: novamente, a resina bulk-fill de alta viscosidade apresenta melhores resultados. • Resistência ao desgaste: as resinas bulk- fill de consistência regular apresentam resultados semelhantes aos obtidos com as resinas compostas convencionais. Essa propriedade não se aplica tanto às resinas flow, já que uma camada superficial de resina convencional deve ser colocada sobre ela. • Profundidade de cura: a das resinas bulk- fill podem chegar a 4-5mm de profundi- dade. Estética e translucidez Não são indicadas para restaurações em dentes anteriores. Essas resinas apresentam maior translucidez para permitir a passagem da luz para maiores profundi- dades. Fotopolimerização Vários sistemas iniciadores incorporados nas resi- nas bulk-fill podem melhorar a profundidade de polimerização. TIPO DE FOTOPOLIMERIZADOR Utilização eficiente do operador. Um bom aparelho fotopolimerizador deve apre- sentar as seguintes características: • Irradiância adequada: a irradiância é in- tensidade com a qual a luz chega à resina; • Pouca dispersão de luz conforme o apa- relho se afasta do dente: a profundidade de polimerização depende da quantidade e da qualidade de luz empregada. INFLUENCIADORES 1. Sensibilização adequada: relacionada di- retamente do fotoiniciador. Deve-se observar e saber se o fotopolimerizador utilizado emite o comprimento de onda adequado para o fotoiniciador utilizado. 2. Densidade de potência (irradiância) Mede-se a irradiância do fotopolimerizador a partir de um instrumento denominado irradiômetro. 3. Tempo: quanto tempo a luz será empre- gada para ter fotopolimerização adequa- da e suficiente. Conclusão As propriedades mecânicas das resinas bulk-fill são geralmente semelhantes às das resinas compostas convencionais. A sua alta translucidez permite uma maior pro- fundidade de cura. Otimização do tempo de trabalho pela menor sensibilidade técnica.
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