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CEC_6aula Neonatos na CEC

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Circulação Extracórporea
Dra. Giovana Weber Hoss
Biomedicina
Florianópolis – Abril, 2020
Patologias 
cardiovasculares e 
CEC em crianças e 
neonatos
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Principais Patologias
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Hipoplasia do coração esquerdo;
Comunicação interatrial;
Transposição das grandes artérias;
Tetralogia de Fallot;
Defeitos do septo ventricular.
Estima-se que entre 30 e 60% das
crianças nascidas com cardiopatias
congênitas não sobrevivem ao
primeiro ano de vida.
Apresentação clínica:
• cianose (crise cianótica),
• insuficiência cardíaca,
• hipertensão arterial
• obstrução respiratória alta.
Planejamento, preparo e condução da circulação extracorpórea desde neonatos até 
adolescentes com 40 - 50 kg de peso corporal. 
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Perfusão pediátrica
Hemodiluição
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Nos neonatos e lactentes, o volume do perfusato
pode corresponder a 1 ou 2 vezes a volemia do
paciente e seu controle é crítico.
Os tubos do circuito devem ser os mais curtos
possíveis, especialmente em crianças de baixo
peso.
Qual a volemia de 
um neonato de 3kg?
R. 255mL
Fisiopatologia da CEC
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 Efeitos hemodinâmicos (redução da viscosidade do sangue pela hemodiluição,
perfusão com fluxo contínuo, não pulsátil e esvaziamento atrial produzido pela
drenagem do sangue venoso)
 Efeitos metabólicos (elevação da taxa metabólica, aumento da combustão de
proteínas e produção de uréia, hiperglicemia, redução da produção de insulina, queda do
potássio);
 Efeitos hormonais (catecolaminas – vasoconstrição - distribuição irregular de fluxos
e acidose metabólica; cortisol, hormônio antidiurético - vasoconstrição sistêmica e
renal);
 Efeitos da ventilação artificial e hipotermia (grandes oscilações do pH
sanguíneo, variações do CO2 e do ponto de neutralidade da água);
 Efeitos do contato do sangue com as superfícies não endoteliais (alterações
dos neutrófilos, plaquetas e sistemas protéicos plasmáticos – sangramento, reação
inflamatória sistêmica, edema).
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Sistema de circulação extracorpórea
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Técnicas de Perfusão Extracorpórea
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Perfusão 
normotérmica 
contínua:
Procedimentos 
cirúrgicos rápidos 
como valvotomia 
aórtica.
Obs: alguns autores 
recomendam essa 
modalidade de 
perfusão para todos 
os procedimentos 
cirúrgicos.
Perfusão 
hipotérmica 
contínua:
Maioria das 
aplicações;
Temperatura de 26 a 
28ºC
Perfusão hipotérmica com 
parada circulatória:
Menos usada;
Temperatura de 18ºC;
É útil na correção de anomalias 
atriais complexas e em crianças de 
peso corporal muito baixo.
Fluxo de Perfusão
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Peso (Kg) Fluxo Arterial 
(ml/min/kg)
<5 150 a 200
6 a 10 100 a 150
11 a 20 80 a 100
21 a 40 60 a 80
>41 40 a 60
Em uma criança de 8kg quais os
fluxos de perfusão mínimo e
máximo recomendados?
8 x 100 = 800ml/min
ou 0,8L/min
8 x 150 = 1.200 ml/min
ou 1,2 L/min
2.000 a 2.400ml/m2/min - o cálculo da superfície corpórea pode ser estimado pelo peso do
paciente.
“
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Particularidades em Neonatos
Neonatos (até 28-30 dias desde o nascimento) tem predominância absoluta de 
hemoglobina F no sangue. 
A maior afinidade da hemoglobina F pelo oxigênio é uma das causas da grande elevação 
da PaO2 que ocorre quando o sangue dos neonatos é ventilado nos oxigenadores.
A glicemia dos neonatos varia de 40 a 100 mg/dl (média de 63 mg/dl).
A hipoglicemia pode ser assintomática ou pode produzir sintomas severos como 
tremores, apnéia e convulsões.
“
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Perfusato em Neonatos
Mistura de concentrado de hemácias, 
plasma fresco e solução de albumina 
humana, em proporções que podem 
variar, conforme o hematócrito do 
paciente e o hematócrito desejado (~30%).
Antes de iniciar a perfusão deve-se
analisar uma amostra do perfusato para
verificar o pH, a PaO2, o hematócrito e o
potássio.
Anticoagulação
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O tempo de coagulação ativada (TCA) deve ser 
monitorizado antes e depois da primeira dose de 
heparina e a cada 30 minutos de perfusão. O valor 
mínimo aceito para o TCA é de 450 a 480 segundos. 
Valores mais baixos indicam a necessidade de doses 
adicionais de heparina, em qualquer fase da perfusão.
O teste usa tubos de vidro 
siliconizado, ativador, em que 
são colocados 2 a 2,5 ml de 
sangue para adultos e 1ml 
para crianças.
Agita-se o tubo e marca-se o 
tempo entre a coleta da 
amostra de sangue e o 
primeiro indício da formação 
do coágulo.
Parâmetros monitorados
Temperatura:
■ Temperatura da água (permutador de 
calor),
■ Temperatura do sangue arterial,
■ Temperaturas do paciente: 
nasofaringe e retal.
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Hematócrito:
Em torno dos 30 - 34%. O mínimo aceitável 
é de 25%;
Valores mais baixos indicam a necessidade 
de administrar diuréticos para aumentar a 
eliminação de água ou adicionar 
concentrado de hemácias. 
Fluxo de perfusão:
A qualidade do fluxo arterial na perfusão 
dos tecidos é monitorizada pela análise da 
gasometria venosa.
Diurese:
A diurese mínima aceitável nos neonatos é 
de 1ml/ Kg/hora.
Artigo e caso clínico 
de Tetralogia de Fallot
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“
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Descrição da Doença
1. Defeito do septo ventricular;
2. Obstrução da via de saída do ventrículo direito 
e estenose da valva pulmonar,
3. Hipertrofia ventricular direita
4. Excesso de “cavalgamento” da aorta
“
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Descrição da Pesquisa
67 pacientes com cirurgia no 1º ano de vida;
idade de 1 a 11 meses (média: 7,2 meses);
peso de 4 a 10 kg (média: 7,1kg)
Todos os pacientes foram operados, 
utilizando-se circulação extracorpórea 
convencional com oxigenador de 
membrana e hipotermia moderada (25ºC).
O objetivo do estudo foi avaliar:
Morbidade e a mortalidade imediata 
Resultados tardios relacionados à
sobrevida;
Presença de sintomas;
Necessidade de reoperação;
Função ventricular direita
“
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Detalhes da Perfusão
Infusão de solução cardioplégica cristalóide 
gelada na dose de 350ml/m2/SC, sendo 
metade da dose repetida a cada 20 minutos, 
e hipotermia tópica do coração. 
Todos os pacientes foram operados, 
utilizando-se circulação extracorpórea 
convencional com oxigenador de 
membrana e hipotermia moderada (25ºC).
Tempo de CEC variou de 35 a 147
minutos (média:78,8 ± 21 min);
Tempo de pinçamento aórtico variou 
de 25 a 86 minutos (média: 51,8 ±
15,6 min).
Resultados
Pós-operatório imediato
■ 2 (2,98%) óbitos 
■ 6 crianças exibiram as seguintes 
complicações pós-operatórias não 
fatais: 
1) sangramento e tamponamento cardíaco 
que requereu reoperação em 1 caso; 
2) parada cardiorrespiratória devido à
hiperpotassemia seguida de 
broncoaspiração e insuficiência 
respiratória necessitando entubação e 
ventilação assistida por cinco dias em um 
caso; 
3) insuficiência cardíaca de difícil controle 
clínico em quatro crianças.
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Pós-operatório tardio
■ 1 óbito, no sétimo mês de pós-
operatório, decorrente de meningite;
■ Nenhum paciente necessitou 
reoperação;
■ Probabilidade de sobrevida aos 12 
anos da cirurgia é de 97%.
Ficha de Perfusão - Tetralogia de Fallot
Iniciais: THR
Sexo: Masculino
Idade: 3 meses
Peso: 4kg
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Perfusato:
120mL de Concentrado de 
Hemácias
70mL de Plasma Fresco
50mL Albulmina a 25%
2mL de Heparina
10mL de Bicarbonato a 8,4%
10mL de Manitol
4mL de antibiótico
4mL de metilprednisolona
TOTAL: 270mL
Volemia:
4x85 = 340mL
Tempos:
80min de CEC
50 min de pinçamento da aorta
Fluxo mínimo:
150x4 = 600 mL/min
Fluxo máximo
200x4= 800 mL/min
Ficha de Perfusão - Tetralogia de Fallot
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Início da CEC 15min 30min 60min 80min
Temperatura do sangue 
arterial 
35ºC 25ºC 25ºC 25ºC 24ºC
Temperatura da água 25ºC 18ºC 18ºC 18ºC 17ºC
Temperaturas 
nasofaringe
36ºC 26ºC 25ºC 25ºC 24ºC
Temperatura Retal 36ºC 28ºC 27ºC 26ºC 27ºC
Fluxo de Perfusão 0,7 L/min 0,7 L/min 0,8 L/min 0,8 L/min 0,7 L/min
Hematócrito 32% 30% 30% 28% 28%
PaCo2 32mmHg 30mmHg 35mmHg 32mmHg 30mmHg
PaO2 95 mmHg 90mmHg 95mmHg 92mmHg 94mmHg
pH 7,4 7,35 7,32 7,34 7,4
TCA 600’’ 580’’ 580’’ 500’’ 580’’
Diurese 1mL 1,2mL 1,8mL 4mL 4,2mL
Obrigada
Dúvidas?
giovana.weber@gmail.com
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