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RAZÕES RECURSAIS2

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ACRE 
 
 
 
 
 
 
 Av. Antônio da Rocha Viana, 3057 - Santa Quiteria, Rio Branco - AC, 69918-700 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO VARA DE DELITOS 
DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS DA COMARCA DE RIO BRANCO / AC 
 
 
 
 
 
 
 
Ref. Processo nº. 0000293-63.2019.8.01.0013 
 
 
 
 
 
ANTONIO ARAÚJO FIRMINO, DEYVID DE ALMEIDA DOS 
SANTOS, JOSÉ DOMINGOS SOUZA DA SILVA, JOSÉ RUBENS DE SOUSA 
AGUIAR, MAIKO SILVA E SILVA, WALISSON DE ARAÚJO DA SILVA, já 
devidamente qualificado nos autos da Ação Penal, vem, com o devido respeito e superior 
acatamento, à presença de Vossa Excelência, por intermédio do Defensor Público que a esta 
subscreve, com fundamento no artigo 600, caput, do Código do Processo Penal apresentar 
suas RAZÕES RECURSAIS, da r. sentença prolatada nestes autos. 
Termos em que, Pede e espera deferimento. 
Rio Branco/AC, 17 de dezembro de 2019. 
 
 
Rodrigo Almeida Chaves 
 Defensor Público 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ACRE 
 
 
 
 
 
 
 Av. Antônio da Rocha Viana, 3057 - Santa Quiteria, Rio Branco - AC, 69918-700 
 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE 
 
Apelante: ANTONIO ARAÚJO FIRMINO, DEYVID DE ALMEIDA DOS SANTOS, 
JOSÉ DOMINGOS SOUZA DA SILVA, JOSÉ RUBENS DE SOUSA AGUIAR, 
MAIKO SILVA E SILVA, WALISSON DE ARAÚJO DA SILVA 
 Apelado: Ministério Público Estadual 
 
COLENDA CORTE 
 
 
 
DOS FATOS 
 
O Ministério Publico do Estado do Acre ajuizou ação contra os apelantes, 
nos autos qualificado, como incurso nos delitos previstos crimes previstos no artigo art. 2°, § 
2° e §4°, inciso I e IV, da Lei n.°12.850/2013. 
Tendo sido o apelante ANTONIO ARAÚJO FIRMINO condenado a pena 
definitiva de 11 (onze) anos e 02 (dois) meses e 22 (vinte e dois) dias de reclusão a ser 
cumprido em regime fechado, o apelante DEYVID DE ALMEIDA DOS SANTOS 
condenado a pena definitiva de 08 (oito) anos e 07 (sete) meses em regime fechado, o 
apelante JOSÉ DOMINGOS SOUZA DA SILVA a pena definitiva de 11 (onze) anos, 02 
(dois) meses e 22 (vinte e dois) dias em regime fechado, JOSÉ RUBENS DE SOUZA 
AGUIAR a pena definitiva de 09 (nove) anos e 07 (sete) meses e 15 (quinze) dias em regime 
fechado, MAIKO SILVA E SILVA a pena definitiva de 11 (onze) anos, 02 (dois) meses e 22 
(vinte e dois) dias em regime fechado e WALLISON DE ARAUJO LIMA a pena definitiva 
de 08 (oito) anos e 07 (sete) meses a ser cumprido em regime fechado. 
Os apelantes apresentam nesta instância recursal o seu inconformismo nos 
termos a seguir. 
DA AUSENCIA DE ENVOLVIMENTO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO 
ACUSADOS JOSÉ RUBENS E JOSÉ DOMINGOS. 
 
O crime (e o conceito) de organização criminosa está assim tipificado na Lei 
n. º 12.850/2013: 
Art. 1º (...) § 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
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divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta 
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, 
ou que sejam de caráter transnacional. Art. 2o Promover, constituir, 
financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização 
criminosa: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo 
das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
A promoção de organização criminosa está dentro do verbo nuclear de 
“promover” aquela (organização criminosa). 
Além disso, a partir do momento em que faz apologia à facção ou incitação 
à prática de crime de organização criminosa, enaltecimento entre outros atos da “orcrim”, seja 
por gesto, escrito, vídeo, áudio etc., já se está praticando crime em prol da facção – apesar de 
estes não alcançarem a pena de reclusão superior a 4 anos, acaba sendo evidentemente um ato 
de enaltecimento. De qualquer forma, o ato de promoção da “orcrim” geralmente é gravado 
em vídeo, como, por exemplo, um homicídio, porte de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, roubo, entre outros, cujas penas extrapolariam a 4 anos, logo, não se veria problema 
para caracterização do crime de promover organização criminosa. Nessa direção, vejamos os 
requisitos/pressupostos para configuração do crime em voga: 
Para essas hipóteses, ainda que intuitivamente e indiciariamente, estaria 
presente também a associação de quatro ou mais pessoas pela própria promoção de atos em 
prol da organização criminosa (aliado ao ato geralmente seguido de autodeclaração, 
autointitulação, autoafirmação ou autodenominação do responsável pelos atos como 
integrante daquela), extraindo-se daí a existência de número suficiente de faccionados para 
preencher a exigência legal. Não se pode olvidar que os atos e as falas de uma pessoa, visando 
promover a “orcrim”, possuem efeitos relevantes para o mundo do Direito, principalmente 
quando se dá de forma espontânea, voluntária e consciente com objetivo precípuo de, de 
alguma forma, auferir vantagem das mais diversas ordens diante do contexto. 
A estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas seria 
evidenciada a depender das falas ou das condutas do agente criminoso faccionado. 
A organização com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem 
de qualquer natureza seria evidenciada, a depender das falas ou das condutas de promover a 
organização pelo agente criminoso faccionado – lembrando-se sempre da própria 
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autodeclaração, autointitulação, autoafirmação ou autodenominação daquele em integrar a 
organização e pertencer a ela. 
A prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 
anos dependerá também do contexto fático, lembrando-se de que muitos vídeos, gestos, 
áudios, entre outros já por si só comprovariam infrações penais compenas acima de 4 anos 
(vide os casos já citados). 
A realização da prática de infrações penais de caráter transnacional, que 
também dependerá do contexto fático dos atos de promover a organização. 
Como se vê, o crime de organização criminosa possui elementos objetivos-
descritivos bem delineados justamente para que nem toda delinquência coletiva receba o 
rótulo de organização criminosa e nem toda a associação criminosa (art. 288 do CP) – que, em 
sua acepção semântica, é parte intrínseca ao conceito de organização – se confunda com uma 
organização criminosa. 
Para a configuração do crime de associação criminosa é necessária a união 
de no mínimo três pessoas, caracterizada por sua estabilidade e permanência – e não pelo 
mero ajuste de vontades – com o objetivo de praticar vários crimes. É suficiente para a sua 
configuração uma associação fática, prescindindo de uma estruturação hierarquizada e com 
divisão de tarefas, como ocorre na organização criminosa: 
Assim, os grupos criminosos organizados diferenciam-se das simples 
associações conjunturais para cometimento de delitos por sua dimensão institucional – de 
instituição antissocial -, que faz dela uma estrutura independente, ou seja, não diz respeito à 
mera soma de suas partes. 
O conceito de organização criminosa inclui em sua definição, dentre seus 
elementos estruturais, o elemento: “estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 
tarefas, ainda que informalmente”. 
Neste ponto, a informalidade diz respeito a não necessidade de se dividir 
tarefas e ordenar estruturalmente a organização de modo formal, por meio de instrumentos 
burocráticos e legais que geralmente compõem as estruturas empresariais lícitas. 
A organização criminosa, para ser assim caracterizada, demanda a 
existência de um vínculo associativo voltado à atuação de um programa criminoso; tal vínculo 
não precisa ser estável, mas é necessário que tenha força de intimidação. 
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Pontua-se nessas abordagens, ainda, que, a partir do momento em que o 
agente criminoso promove a organização criminosa, estaria em conduta de promover o crime 
de organização criminosa, em uma de suas modalidades, constando-se seguinte lição do 
magistrado e jurista Guilherme de Souza Nucci: 
“Os núcleos incriminadores da organização criminosa são: ‘promover 
(gerar, originar algo ou difundir, fomentar, cuidando-se de verbo de duplo 
sentido), constituir (formar, organizar, compor), financiar (custear, dar 
sustento a algo) ou integrar (tomar parte, juntar-se, completar)’. Em 
verdade, bastaria o verbo integrar, que abrangeria todos os demais. Quem 
promove ou constitui uma organização, naturalmente a integra; quem 
financia, igualmente a integra, mesmo como partícipe” (NUCCI, Guilherme 
de Souza. Organização criminosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 
18). 
 
Ao Analisar os depoimentos em juízo temos: 
O Acusado José Rubens de Souza Aguiar em juízo diz: 
“Que não integra a facção criminosa, e com relação as provas e mensagens 
encontradas em seu celular é em decorrência de que emprestava seu celular 
para outros faccionados usarem, sempre tentava ser afastar de qualquer 
envolvimento com crime” 
 
O Acusado José Domingos Souza da Silva em juízo diz: 
“Que não integra a facção criminosa, sempre foi colado no bonde mas 
nunca possui cadastro, nega que tenha pago qualquer mensalidade pois 
nunca trabalhou.” 
 
A Testemunha Antonio Carlos da Silva Melo, Policial Militar em juízo 
diz: 
“Que Antonio Firmino seria integrante de organização criminosa de 
acorda com as investigações assim como Deyvid de Almeida Santos. Se 
recorda que José Edno teria em seu celular informações que o ligavam a 
facção criminosa juntamente com José Edinelson também obtinha 
informações e cadastro. Se recorda que José domingos possuía cadastro 
no caderno apreendido de membros da facção. José Rubens 
diferentemente dos demais teve sua prisão decretada em razão de uma 
interceptação telefônica e posteriormente o celular do mesmo foi 
apreendido que possuía muitas evidencias que o indicava como membro 
da facção(...)” 
 
A testemunha Walison Brandão de Melo, Policial Militar em juízo diz: 
 
“Foi encontrado o cadastro de José Edno e José Edinelson na organização 
criminosa. Se recorda que José Domingos possui cadastro no bonde dos 
treze. José Rubens de Souza Aguiar não se recorda do cadastro do mesmo, 
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mas imagina que integra pois era irmão do “bacana” que era um dos 
lideres da facção(...)” 
 
Os policiais em juízo afirmaram que o acusado José Domingos possuía 
cadastro na facção, ocorre que conforme depoimento do mesmo e demais provas dos 
autos, José domingos não possui cadastro, a única acusação que paira sobre o acusado 
decai sobre o fato do mesmo colar com o bonde e ter pagado R$ 50,00(cinquenta reais) a 
organização que alegam sem provas que seria “mensalidade” 
As provas são ainda mais precárias com relação ao acusado José Rubens, 
onde nem mesmo os policiais conseguiram identificar qualquer cadastro do mesmo, 
apenas aduziram que o mesmo integra devido a ser irmão do “bacana” que seria um dos 
“responsas” da organização criminosa. 
Nesse sentido há precedente jurisprudencial em que a ausência de vinculo 
associativo é caso de absolvição: 
APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ART. 180, 
CAPUT, DO CP. RECEPTAÇÃO DE VEÍCULO E DE ARMA DE FOGO. 
ART. 16, CAPUT, DA LEI N. º 10.826/03. PORTE DE ARMA DE FOGO 
DE USO RESTRITO. ART. 2º, § 2º, DA LEI N. º 12.850/13. 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PRELIMINAR. Não há nulidade da 
sentença a ser declarada, ainda que parcial, por ausência de quantificação 
individualizada das circunstâncias judiciais (art. 59, CP). Revisor vencido. 
PRELIMINAR. NÃO CONHECIMENTO DO APELO DE ANDERSON. 
INTEMPESTIVIDADE. O procurador constituído de Anderson foi intimado 
da sentença, por nota de expediente, em 21/03/2018 e Anderson foi 
intimado pessoalmente no dia 22/03/2018. Todavia, o apelo só foi 
interposto no dia 29/03/2018. Logo, extrapolado o prazo de cinco dias para 
a interposição da apelação. Apelo intempestivo. EXISTÊNCIA DOS FATOS 
E DA AUTORIA. Depreende-se do contexto probatório que os acusados 
foram flagrados pela Polícia enquanto estavam no interior de um veículo 
produto de crime, sendo que três deles estavam portando armas de fogo (de 
uso permitido e de uso restrito), uma delas também produto de crime, e um 
deles vestia um colete balístico. Em conversas constantes em um dos 
celulares apreendidos com os denunciados, constatou-se queeles estavam 
na cidade de Cachoeira do Sul com o objetivo de praticar homicídios 
contra dois homens pertencentes à facção rival. Autoria evidente, diante do 
farto e suficiente conjunto de provas. RECEPTAÇÃO DE ARMA DE FOGO 
E DE VEÍCULO. A receptação e o porte ilegal de arma de fogo configuram 
crimes de natureza autônoma, com objetividade jurídica e momento 
consumativo diversos, segundo atual entendimento do STJ. Comprovada a 
receptação do veículo Renault/Fluence, pois os quatro acusados estavam 
em Cachoeira do Sul para praticar dois homicídios, logo, evidente que eles 
sabiam da origem do carro que tripulavam. PORTE DE ARMAS E 
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MUNIÇÕES CRIME ÚNICO. Apesar da apreensão de vários tipos de 
munição e armas de fogo, a lesão foi a um único bem jurídico a 
coletividade, logo ainda que tenha pluralidade de itens, o crime é único. 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. É indispensável uma associação estável, 
duradoura e permanente, exatamente como ocorre no caso em tela. PENA 
PRIVATIVA DE LIBERDADE DOS RÉUS ALLAN E DIOGO. Mantidas as 
penas da sentença, acrescida da pena pelo crime de receptação, levando em 
conta a atenuane etária. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DO RÉU 
MAIQUEL. Mantidas as penas da sentença, acrescidas da pena imposta 
pelo reconhecido delito de receptação. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
DO RÉU ANDERSON. Á pena da sentença já que não conhecido o apelo foi 
acrescida a pena pelo crime de receptação, pouco maior que a dos demais 
réus, pois ele foi o real receptador, e sina serviu de motorista para a 
empreitada. CONCURSO MATERIAL. Reconhecido o concurso material 
entre os quatro delitos, as penas dos réus foram somadas. PENA DE 
MULTA. Em razão do concurso material, a pena de multa de todos os 
denunciados totalizou em 45 dias-multa, no mínimo legal. REGIME DE 
CUMPRIMENTO DA PENA. Alterado para o fechado para todos, levando 
em conta a quantidade total das penas. PENAS SUBSTITUTIVAS. Inviável, 
em razão da quantidade de pena aplicada. PRELIMINAR DE OFÍCIO 
REJEITADA, POR MAIORIA. APELO DE ANDERSON NÃO 
CONHECIDO. APELOS DEFENSIVO IMPROVIDOS. APELO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO PROVIDO, POR MAIORIA. (Apelação Crime Nº 
70078315249, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 27/02/2019) 
 
É necessário destacar que, ainda que fosse o caso de se prestigiar apenas as 
declarações existentes na fase extrajudicial, indubitável que, a teor do que determina o artigo 
155 do CPP, conforme já dito acima, tais elementos, isoladamente, não podem servir de 
sustentáculo para uma condenação. 
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e 
antecipadas 
A imprecisão probatória é sinônimo de ausência de prova suficiente para a 
condenação, pois é princípio basilar do processo penal que uma pessoa somente pode ser 
condenada quando estabelecidos, de modo cabal e incontroverso, todos os elementos 
configuradores do tipo penal. 
Nesse sentido: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÕES CORPORAIS PRATICADAS 
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EM ÂMBITO DOMÉSTICO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
DECLARADA PELO JUÍZO DE ORIGEM. AUSÊNCIA DE INTERESSE 
RECURSAL. EFEITOS DA CONDENAÇÃO INEXISTENTES. ART. 148, 
§2º, DO CPB. PROVA TESTEMULHAL COLHIDA SOB O CRIVO DO 
CONTRADITÓRIO QUE NÃO ASSEGURA A OCORRÊNCIA DO DELITO. 
INCOMPROVAÇÃO DO DOLO E DE QUE TAL FATO TENHA 
OCORRIDO. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO COLHIDOS NA FASE DE 
INQUÉRITO. CONDENAÇÃO. OFENSA À GARANTIA DO DEVIDO 
PROCESSO LEGAL. PROVA JUDICIAL INSUFICIENTE. ARTIGO 155 
DO CPP. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. INADMISSIBILIDADE. 
INTELIGÊNCIA DO ART. 156 DO CPP. RECURSO PROVIDO. 
- A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva afasta os 
efeitos da condenação. Desse modo, inexiste interesse, relativamente ao 
delito de lesões corporais, na interposição de recurso pela defesa, 
independente da tese apresentada. 
- O delito do art. 148, §2º, do CPB exige que a ação do acusado tenha se 
dado deliberadamente com o objetivo de tolher, mediante cárcere privado, 
a liberdade de movimento da vítima. O elemento subjetivo é o dolo, 
consistente na vontade livre e consciente de privar alguém de sua liberdade 
de locomoção, tendo conhecimento da ilegitimidade do fato. Logo, 
inexistindo prova de que tal tenha ocorrido (tanto a ação do acusado 
quanto o dolo), imperiosa a absolvição. 
- A prolação de qualquer sentença condenatória com fundamento apenas 
nos elementos de informação colhidos na fase de inquérito acarreta ofensa 
à garantia do devido processo legal. 
- Conforme o art. 155 do CPP, "O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis 
e antecipadas". 
- Não se colhendo da prova judicializada a certeza necessária quanto aos 
fatos narrados na denúncia, outra solução não há s enão a prolação da 
absolvição com base no princípio do in dubio pro reo. 
- Segundo o comando contido no art. 156 do CPP, a prova da alegação 
incumbirá a quem a fizer. Logo, no processo penal o encargo do comprovar 
os fatos narrados na denúncia cabe à acusação, e não ao réu. 
- Recurso provido. (TJMG - Apelação Criminal 1.0433.11.035173-4/001, 
Relator(a): Des.(a) Nelson Missias de Morais , 2ª CÂMARA CRIMINAL, 
julgamento em 21/09/2017, publicação da súmula em 02/10/2017) 
 
Assim, não deve Vossa Excelência se influenciar sobre o instinto acusatório 
que paira sobre os Membros do Ministério Público em geral, sendo a absolvição dos acusados 
nos termos do 386, VII do Código de Processo Penal a medida JUSTA, visto não existirem 
provas suficientes e robustas para a condenação dos apelantes. 
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Na hipótese de superação da tese acima passaremos a discorrer acerca de 
tese subsidiaria. 
 
DA DOSIMETRIA DE PENA 
 
DA CULPABILIDADE AO CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
O magistrado sentenciante reconheceu como exacerbada a culpabilidade 
em todos os crimes utilizando os seguintes argumentos. 
Para o crime de organização criminosa o magistrado assim se pronunciou: 
“encontra grande grau de reprovação social dada a natureza da 
organização e a sua finalidade, notadamente o planejamento para praticar 
crimes, sobretudo, de roubos, em desfavor da sociedade local” 
 
Conforme as afirmações do magistrado, a culpabilidade foi valorada 
negativamente para o crime de organização criminosa, devido ao apelante ter 
“planejado” suas ações, o que é inerente ao tipo penal não podendo ser valorado 
negativamente. 
Impõe-se que se examine aqui a maior ou menor censurabilidade do 
comportamento do agente, a maior ou menor reprovabilidade do comportamento praticado.”1 
Culpabilidade: Refere-se ao “grau de culpabilidade” e não à culpabilidade. 
Assim, todos os culpáveis serão punidos, mas aqueles que tiverem um grau maior de 
culpabilidade receberão, por justiça, uma sanção mais severa."2 
Para a análise da dosimetria, interessa-nos a culpabilidade como limite à 
sanção estatal, circunstância judicial introduzida no art. 59 do CP pela reforma penal de 1984, 
que permite a mensuração da reprovabilidade que recai sobre o agente, ante o bem jurídico 
ofendido. 
Busato3 sustenta que "os limites da liberdade de agir implicam em 
proporcional reprovação desse agir. Assim, a culpabilidade representa também o grau de 
reprovabilidade de cada conduta em face do seu contexto. É uma medida de intensidade, da 
qual decorre a ideia de proporcionalidade". 
 
1 (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 298) 
2 (CAPEZ, Fernando; PRADO, Stela. Código Penal Comentado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 141) 
3 (BUSATO, Paulo César. Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Ed. Atlas, 2013, p. 525) 
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Deve-se aferir o maior ou menor índice de reprovabilidade do agente pelo 
fato criminoso praticado, não só em razão de suas condições pessoais, como também em vista 
da situação de fato em que ocorreu a indigitada prática delituosa, sempre levando em conta a 
conduta que era exigível do agente, na situação em que o fato ocorreu.4" 
Em resumo: à culpabilidade, para fins de individualização da pena, tal 
vetorial deve ser compreendida como o juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, o 
menor ou maior grau de censura do comportamento do réu, não se tratando de verificação da 
ocorrência dos elementos da culpabilidade, para que se possa concluir pela prática ou não de 
delito. 
A censurabilidade do ato terá como função fazer com que a pena percorra os 
limites estabelecidos no preceito secundário do tipo incriminador. 
No mesmo sentido trago jurisprudência do STJ: 
 
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. MOEDA FALSA E CORRUPÇÃO 
DE MENORES. DOSIMETRIA. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO 
MÍNIMO LEGAL. MAUS ANTECEDENTES. CONFIGURAÇÃO. 
UTILIZAÇÃO DE TERMOS VAGOS, GENÉRICOS E ELEMENTOS 
INERENTES AO PRÓPRIO TIPO PENAL PARA A CARACTERIZAÇÃO 
DA CULPABILIDADE. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. CONDUTA SOCIAL E 
PERSONALIDADE: IMPOSSIBILIDADE DE CONSIDERAÇÃO NO 
CASO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 444 DESTA CORTE. 
CONTINUIDADE DELITIVA. TRÊS INFRAÇÕES. PERCENTUAL DE 
AUMENTO. ILEGALIDADE. READEQUAÇÃO. REGIME PRISIONAL 
FECHADO. CABIMENTO. ORDEM DE HABEAS CORPUS 
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 
1. O julgador deve, ao individualizar a pena, examinar com acuidade os 
elementos que dizem respeito ao fato, para aplicar, de forma justa e 
fundamentada, a reprimenda que seja necessária e suficiente para 
reprovação do crime. 
2. O decurso de lapso temporal superior a 05 (cinco) anos entre a data do 
término da pena da condenação anterior e a data da infração posterior, 
embora afaste os efeitos da reincidência, não impede o reconhecimento de 
maus antecedentes, ensejando, assim, o aumento da pena-base acima do 
mínimo legal. Precedentes. 
3. A culpabilidade foi negativamente valorada mediante elementos 
inerentes ao tipo penal dos crimes de moeda falsa e de corrupção de 
menores ("o réu não deu importância ao bem jurídico tutelado na espécie, 
qual seja a fé pública, colocando em circulação e guardando moeda falsa, 
além de se utilizar de menores para a prática delituosa"), o que determina 
o afastamento dessa circunstância. 
 
4 (DELMANTO, Celso et al. Código Penal Comentado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 273) 
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4. Inquéritos policiais, ações penais em andamento ou mesmo condenações 
sem certificação do trânsito em julgado não se prestam a majorar a pena-
base, seja a título de maus antecedentes, conduta social negativa ou 
personalidade voltada para o crime, em respeito ao princípio da presunção 
de não culpabilidade. Por tal razão fora editada a Súmula n.º 444/STJ, na 
qual se sedimentou o entendimento de que "[é] vedada a utilização de 
inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base". 7. 
Ordem de habeas corpus parcialmente concedida para reduzir a pena 
aplicada ao Paciente, nos termos explicitados no voto. 
(HC 213.685/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado 
em 05/11/2013, DJe 19/11/2013) negrito nosso 
 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO 
DE DROGAS. DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS 
VALORADAS NEGATIVAMENTE DE FORMA GENÉRICA. 
FUNDAMENTAÇÃO AFASTADA. QUANTIDADE E NATUREZA DO 
ENTORPECENTE. PRIMEIRA E TERCEIRA FASES. BIS IN IDEM. 
MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO 
CONHECIDO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no 
sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente 
previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, 
salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato 
judicial impugnado a justificar a concessão da ordem de ofício. 
2. Carece de motivação válida a decisão que deixa de indicar elementos 
concretos para entender como reprováveis a culpabilidade, a conduta 
social, a personalidade, os motivos e as consequências do crime, em 
manifestodesacordo, portanto, com o disposto no art. 93, IX, da 
Constituição Federal. 
3. Em consonância com entendimento firmado pelo Supremo Tribunal 
Federal, em sede de repercussão geral no ARE 666.334/AM (Rel. 
Ministro GILMAR MENDES, DJ 6/5/2014), esta Corte tem decidido que 
configura bis in idem a utilização da natureza e da quantidade de 
entorpecente, concomitantemente, na primeira e na terceira fase da 
dosimetria da pena. 
4. Habeas corpus não conhecido. Concessão da ordem, de ofício, para 
afastar a valoração negativa das circunstâncias judiciais e determinar 
que o Tribunal de origem proceda à nova dosimetria da pena, afastando 
o bis in idem identificado, com a readequação do regime prisional, nos 
termos do art. 33 do CP. 
(HC 311.485/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, 
julgado em 12/04/2016, DJe 26/04/2016) 
 
O conceito de culpabilidade, envolto em intensos debates doutrinários, 
costuma ser utilizado em três sentidos no Direito Penal pátrio, que aqui sintetizamos apenas 
para compreensão do julgado: a) como princípio, a fim de traduzir a limitação à 
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responsabilidade penal objetiva; b) como limite à sanção estatal, vinculada ao grau de 
reprovabilidade da conduta; c) como pressuposto da aplicação da pena ou, para os que adotam 
a teoria tripartida do delito, como elemento analítico do crime. 
Assim, a culpabilidade valorada pelo magistrado como desfavorável, 
pelos apelantes terem planejado o fato, sendo-lhe exigível conduta diversa, mostra-se 
inviável, porque os dados valorados constituem elemento do crime, razão pela qual não 
deve ser considerada como desfavorável aos apelantes. 
 
DAS CONSEQUÊNCIAS NO TOCANTE AO DELITO DE ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA 
 
No tocante a este quesito assim consignou o magistrado de primeiro grau: 
São graves, pois o grupo criminoso “Primeiro Comando da Capital” é 
responsável direto pelo aumento da criminalidade no Estado. Registre-se 
que o número de homicídios tem aumentado de forma expressiva em razão 
de "guerra" entre facções, que, por meio da violência extrema, buscam 
dominar territórios para venda de entorpecentes e praticarem outros 
crimes. 
 
A consequência é o resultado do crime em relação à vítima, sua família ou 
sociedade. 
Assim, as consequências do crime, quando próprias do tipo, não servem 
para justificar a exasperação da reprimenda na primeira etapa da dosimetria. 
As consequências devem ser anormais à espécie para valoração desta 
circunstância judicial, ou seja, que extrapolem o resultado típico esperado. Os resultados 
próprios do tipo não podem ser valorados."5 
Ainda que pudesse ser usado a ligação entre tais facções criminosa, no caso 
dos autos, não se mostra válido o fundamento utilizado para valorar as consequências do 
delito em desfavor dos apelantes, uma vez que a violência não está necessariamente ligada a 
guerra de facções e sim a outros aspectos econômicos e sociais. 
De igual modo a fim de alinhar a tese defensiva colaciono precedente 
atualizado do STJ: 
 
5(LIMA, Rogério Montai de. Guia Prático da Sentença Penal Condenatória e Roteiro para o Procedimento no 
Tribunal do Júri. São Paulo: Método, 2012. p. 32.) 
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PENA E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE 
RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. FURTO QUALIFICADO. 
DOSIMETRIA. ANÁLISE DESFAVORÁVEL DAS CONSEQUÊNCIAS DO 
CRIME COM BASE NO PREJUÍZO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE 
VALORES PARA AFERIÇÃO DO AFETIVO PREJUÍZO SUPORTADO 
PELA VÍTIMA. AFASTAMENTO. CONDENAÇÃO EXECUÇÃO 
PROVISÓRIA DA PENA. ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. EVOLUÇÃO 
NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. ESGOTAMENTO INSTÂNCIA 
ORDINÁRIA. JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela 
Primeira Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de 
não admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso 
adequado, situação que implica o não conhecimento da impetração, 
ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade 
apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de 
ofício. 
II - A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a 
majoração da pena-base deve estar fundamentada na existência de 
circunstâncias judiciais desfavoráveis, assim consideradas após o exame 
de elementos concretos aferidos dos autos, como, repita-se, quando é 
excessivo o valor do prejuízo. Não é idôneo o aumento da pena-base com 
fundamento em circunstâncias inerentes ao próprio tipo penal, como 
ocorre no presente caso. 
III - Não há notícia nos autos do efetivo prejuízo suportado pela vítima, 
haja vista que somente quando elevado ou manifestamente excessivo, de 
acordo com as circunstâncias do caso concreto, admite-se a valoração 
negativa das consequências do delito e, por consequente, a exasperação 
da pena-base. Isso não ocorre na espécie. 
IV - "A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em 
grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, 
não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência 
afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal" (HC n. 
126.292/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe de 17/5/2016). 
V - Os recursos às instâncias superiores carecem de efeito suspensivo e a 
execução provisória da pena é consectário lógico do esgotamento da 
jurisdição das instâncias ordinárias, não necessitando de fundamentação a 
determinação do cumprimento provisório da pena fixada. 
VI - No presente writ, considerando o exaurimento das instâncias 
ordinárias, em razão do julgamento dos Embargos de Declaração opostos 
pela defesa, a execução provisória da pena, como já consignado pelo col. 
Supremo Tribunal Federal, encontra-se manifestamente legal, 
possibilitando a determinação de imediata expedição de mandado de prisão 
pelo Tribunal de origem. Habeas corpus não conhecido. 
Contudo, ordem concedida de ofício, para reduzir a reprimenda do paciente 
para 1 (um) ano e 2 (dois) meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, 
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mais o pagamento de 5 (cinco) dias-multa, mantido os demais termos da r. 
sentença condenatória. 
(HC 429.808/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, 
julgado em 15/03/2018, DJe 23/03/2018) 
 
 
DA NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO CAUSAS DE AUMENTO DO CRIME 
DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Na sentença de primeiro grau houve aumento pela metade utilizando o 
seguinte argumento: 
 
Considerando que a incidência do emprego de arma de fogo (art. 2º, § 2º, 
da Lei nº 12.850/13), fixo o aumento em 1/2 (metade). 
 
Veja-se, no ponto, que o § 2º do art. 2º da Lei nº 12.850/2013 prevê que as 
penas se aumentam até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de 
arma de fogo, ou seja, não há previsão de aumento mínimo da pena, apenas de aumento 
máximo, que deve, necessariamente, ser fundamentado. 
Comentando com maestria o referido parágrafo Vicente Greco Filho6: 
 
O aumento de pena do § 2º, até à metade, tem como razão a utilização de 
arma de fogo na atuação da organização e suscita dois problemas: o 
primeiro é o de que se trata de uma circunstância de especial aumento de 
pena, porque em quantidade percentual ou fracionária, mas que não indica 
o mínimo, contrariando a técnica geral penal de se estabelecer um mínimo 
e um máximo percentual de aumento (por exemplo, de 1/6 até a metade). 
Não tendo sido estabelecido um mínimo, este será de um dia, porque o 
tempo das penas conta-se a partir de dias, que é a unidade mínima do 
sistema de penas brasileiro. O segundo é mais sério no plano prático: para 
a aplicação do aumento a determinado agente, é preciso que tenha ele 
ciência da utilização de arma de fogo no âmbito da organização e isso 
precisa estar demonstrado nos autos. 
 
Assim, o fundamento para exasperação na terceira fase da dosimetria da 
pena não é a quantidade de causas de aumento de pena, mas a gravidade dos meios 
empregados, defende o critério qualitativo na exasperação da pena base em decorrência da 
pluralidade de causas de aumento, porem deve ser sempre justificado o referido aumento. 
Do mesmo é entendimento da jurisprudência: 
 
6 Comentários À Lei de Organização Criminosa – Lei Nº 12.850/13 (Cód: 6661541) Greco Filho,Vicente - Saraiva 
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APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. SUFICIÊNCIA 
PROBATÓRIA. TESE DE DESCLASSIFICAÇÃO AFASTADA DEVIDO ÀS 
CIRCUNSTÂNCIAS DA ABORDAGEM. MANUTENÇÃO DA 
CONDENAÇÃO. PENA ALTERADA. CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
POR COMPROVAÇÃO DE ENVOLVIMENTO DE CRIANÇA NA PRÁTICA 
DO TRÁFICO DE DROGAS MANTIDA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE 
PENA APLICADA EM SEU MAIOR QUANTUM EM VIRTUDE DA 
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DE REDUTOR MENOR NA 
SENTENÇA. 1. A materialidade e a autoria estão comprovadas nos autos, 
conforme auto de prisão em flagrante e depoimentos judiciais das 
testemunhas de acusação que confirmaram de forma coerente terem 
abordado o réu G.Q.C. trazendo consigo 72 gramas de cocaína, escondidos 
num pacote de fraldas de sua enteada, e 4 gramas de maconha, sob a forma 
de cigarros localizados num pacote de fumo. Réu assume a propriedade 
exclusiva da droga para consumo pessoal. 2. Os depoimentos prestados por 
policiais revestem-se de credibilidade e eficácia probatória, a qual restará 
comprometida apenas quando não encontre apoio nos demais elementos ou 
em face de má-fé devidamente constatada, o que não se verificou no 
presente feito. O simples enquadramento da conduta em algum dos verbos 
elencados no artigo 33, caput, da Lei de Drogas, demonstrado o destino 
comercial ou a circulabilidade caracteriza o delito. No caso dos autos, o 
réu foi flagrado, trazendo consigo em veículo tripulado por si e por sua 
esposa, a referida quantidade de droga apreendida. A versão defensiva de 
negativa de autoria não restou demonstrada nos autos. Além disso, a tese 
de posse para uso pessoal não se confirmou, a despeito da afirmada 
situação de usuário de drogas pelo réu, tendo em vista que a quantidade de 
droga apreendida associada a demais circunstâncias relativas ao flagrante 
e à aquisição do entorpecente não apontem para uma conduta de mero 
usuário de entorpecente. 3. Por outro lado, em relação à ré M. B.B. N., não 
há nos autos provas suficientes a comprovar sua autoria em comunhão de 
esforços com o réu na referida prática delitiva, pois esse afirma que aquela 
não tinha conhecimento da ocultação da droga no pacote de fraldas, que, 
inclusive, foi adquirido por ele, o que, após o cotejo das provas dos autos, 
ocasionou a verificação de uma dúvida razoável sobre essa questão. 
Absolvição da acusada M.B.B.N. que se impõe em face da garantia 
fundamental do in dubio pro reo. 4. No caso concreto, há necessidade de 
redimensionar a pena definitiva devido à aplicação da causa de diminuição 
de pena, prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas, em seu maior quantum, 
dada a ausência de fundamentação pelo juízo a quo ao incidi-la em 1/6. 
Ademais, restou mantida a causa de aumento prevista no art. 40, inciso VI, 
do referido diploma legal, pela constatação do envolvimento de criança na 
citada prática de traficância. Pena definitiva resultou 02 (dois) anos, 01 
(um) mês e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida em regime aberto, e, 
devido ao preenchimento seguintes do código penal procedo à substituição 
da pena privativa de liberdade por duas restritivas de direitos, a ser 
cumprida em regime inicial. RECURSO DA DEFESA PARCIALMENTE 
PROVIDO. (Apelação Crime Nº 70071651616, Terceira Câmara Criminal, 
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Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ingo Wolfgang Sarlet, Julgado em 
14/12/2016) 
 
DA ILEGALIDADE NO TOCANTE A UTILIZAÇÃO DAS CAUSAS DE AUMENTO 
DE FORMA CUMULADA DO CRIME DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Na terceira fase o magistrado de primeiro grau assim fundamentou: 
 
Por outro lado, encontra-se presente três causas de aumento da pena, nos 
termos do § 2º, do art. 2º (utilização de arma de fogo), § 4º, inciso I 
(participação de crianças ou adolescentes) e § 4º, inciso IV (conexão com 
outras organizações criminais independentes) todos da Lei nº 12.850/2013, 
entretanto, deixode utilizar a causa de aumento de pena do § 4º, inciso IV 
(conexão com outras organizações criminais independentes), pois já foi 
valorada nas circunstâncias judiciais. 
 
Tratando-se de mais de uma causa de aumento, deve ser aplicado o 
parágrafo único, do artigo 68, do CP, que prevê a incidência de apenas uma, aquela que mais 
aumente a pena 
O parágrafo único do art. 68 do Código Penal estabelece que: 
No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte 
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, 
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 
 
Sobre o tema, é a lição de José Antônio Paganella Boschi7: 
Na hipótese, há regra expressa no parágrafo único do artigo 68 do CP, 
declarando que “no concurso entre causas especiais de aumento ou 
diminuição, previstas na Parte Especial do Código Penal, pode o juiz 
limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, 
a causa que mais aumente ou diminua”. 
Para facilitar a compreensão do texto sugerimos ao leitor uma releitura do 
dispositivo, isolando as causas. Assim: No concurso de causas especiais de 
aumento, previstas na Parte Especial, pode o juiz limitar-se a um só 
aumento, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente. 
Um singelo exemplo parece-nos bastante esclarecedor: suponhamos a 
configuração de crime contra a honra de servidor público cometido com 
promessa de recompensa, hipótese definida no artigo 141, e seu parágrafo, 
do Código Penal. 
Nos exatos termos do dispositivo citado (consideremos a fórmula sugerida) 
o juiz precisaria, depois de determinar a provisória, não fosse a existência 
da regra do parágrafo único do artigo 68, primeiro, fazer incidir o aumento 
 
7 (in Penas e Critérios de Aplicação), fls. 351/352 
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de um terço de pena, em razão da qualidade da vítima do crime, e, por fim, 
sobre o último resultado, o dobro, por causa da promessa de recompensa. 
Portanto, se não existisse a regra do parágrafo único do artigo 68, fácil 
perceber, que, pela dupla incidência das causas especiais de aumento de 
pena descritas, ambas ligadas ao tipo do artigo 141 (a condição pessoal da 
vítima, funcionário público e promessa de recompensa), chegar-se-ia à 
quantidade de pena extremamente gravosa, com o comprometimento do 
princípio da proporcionalidade e das finalidades da pena. 
A mesma releitura poderia ser recomendada para a compreensão da regra 
quanto ao concurso de minorantes. Assim: No concurso entre causas 
especiais de diminuição, previstas na Parte Especial, pode o juiz limitar-se 
a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a que mais diminua. 
No artigo 221, por exemplo, pune-se o rapto para fim de casamento, com 
redução em um terço da pena correspondente. Contudo, se o agente, sem 
ter praticado qualquer ato libidinoso com a vítima, devolver a jovem à 
família ou colocá-la em lugar seguro, a punição é abrandada, ainda, de 
metade. 
Ora, se ignorarmos a fórmula do parágrafo único do artigo 68 do CP o 
agente que raptasse uma garota para fim de casamento e, ato contínuo, 
preenchesse as demais condições enunciadas pelo artigo 221, devolvendo-a 
sã e salva à família, acabaria sendo tão benevolamente sancionado, que a 
dupla minoração praticamente anularia a razão de ser do próprio 
sancionamento. 
Por isso, o Código, tal qual rezava o primitivo parágrafo único do artigo 
50, prevê, no citado parágrafo único do art. 68, a possibilidade de 
aplicação pelo juiz de uma só das circunstâncias majorantes ou minorantes 
em concurso. Qual? O próprio Estatuto Repressivo nos diz com toda a 
clareza: a que mais aumente (se o concurso for entre majorantes) ou a que 
mais diminua (se o concurso for entre minorantes). 
No primeiro exemplo, a causa que mais aumenta a pena é a do parágrafo 
único do artigo 141 (o dobro); no segundo exemplo, a que mais diminui é a 
da segunda parte do artigo 221 (a metade). 
Assim, mediante fundamentação explícita, o magistrado, na sentença, 
declarará a sua opção pela majorante ou pela minorante de maior 
expressão jurídico-penal, deixando à margem, sem qualquer outra 
consideração, a que menos aumentar ou menos diminuir. 
Como pensamos estar deixando bastante claro, não estamos cogitando, 
aqui, de concurso entre majorantes e minorantes, mas sim de concurso 
interno entre majorantes ou entre minorantes, todas previstas na Parte 
Especial, ou seja, estamos cogitando de hipótese fática alcançada pela 
concomitância de causas especiais de aumento ou de causas especiais de 
diminuição de pena, em verdadeira situação de disputa interna. 
Nas palavras de Pedro Vergara, comentando o antigo parágrafo único do 
artigo 50, “o texto restringe o seu alcance apenas ao concurso das causas 
de aumento entre si e ao concurso de causas de diminuição entre si, não 
abrange as hipóteses possíveis de concurso de causas de aumento e causas 
de diminuição, – quando, v. gr., há uma causa de aumento e uma de 
diminuição”. 
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É certo que o parágrafo único declara que o juiz, no concurso entre as 
causas de aumento ou de diminuição, pode limitar-se a um só aumento, 
prevalecendo a causa que mais aumente ou diminua. 
 
A despeito dessa importante lição, a doutrina e a jurisprudência, na 
atualidade, consideram, predominantemente, que o verbo poder encerra um dever, e não uma 
simples faculdade judicial. 
Ora, à luz do art. 68, parágrafo único, do Código Penal, deve-se aplicar 
aquela de mais aumentar, isto é, a que se revelar de maior gravidade em relação a outra. 
Comentando com maestria a situação concreta dos autos temos Vicente 
Greco Filho8: 
§ 4º prevê cinco circunstâncias de aumento de pena, de 1/6 a 2/3 que são 
cumulativas às anteriores, aplicando-se a pena segundo a regra do 
concurso de causas de aumento do art. 68, parágrafo único, do Código 
Penal: “No concurso de causas de aumento ou diminuição previstas na 
parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só 
diminuição, prevalecendo todavia a causa que mais aumente ou diminua”. 
Tais circunstâncias deverão constar da denúncia e não somente de forma 
genérica, mas que cada um dos acusados tinha conhecimento delas. O 
mesmo vale para o aumento do § 2º. 
 
Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência mais atualizada: 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. 
NÃO CABIMENTO. ROUBO MAJORADO. DOSIMETRIA. TERCEIRA 
FASE. AUMENTO DA PENA. INCIDÊNCIA DE DUAS MAJORANTES. 
FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. SÚMULA N. 443/STJ.REGIME 
INICIAL FECHADO. POSSIBILIDADE. PENA SUPERIOR A 4 ANOS. 
PRESENÇA DE CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL QUE 
ELEVOU A PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL (ART. 33, §§ 2º E 
3º, CP). WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. I - 
A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela 
Primeira Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no sentido de 
não admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso 
adequado, situação que implica o não conhecimento da impetração, 
ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade 
apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem de 
ofício. 
II - A via do writ somente se mostra adequada para a análise da dosimetria 
da pena se não for necessária uma análise aprofundada do conjunto 
probatório e caso se trate de flagrante ilegalidade. Vale dizer, "o 
entendimento deste Tribunal firmou-se no sentido de que, em sede de 
habeas corpus, não cabe qualquer análise mais acurada sobre a dosimetria 
 
8 Comentários À Lei de Organização Criminosa – Lei Nº 12.850/13 (Cód: 6661541) Greco Filho,Vicente - Saraiva 
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da reprimenda imposta nas instâncias inferiores, se não evidenciada 
flagrante ilegalidade, tendo em vista a impropriedade da via eleita" (HC n. 
39.030/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves, DJU de 11/4/2005). 
III - In casu, a pena foi exasperada, na terceira fase, na fração de 3/8 (três 
oitavos) em virtude da incidência de duas causas de aumento de pena, 
levando-se em conta apenas o fato de o crime ter sido cometido mediante 
emprego de arma e em concurso de agentes. 
Diante desse contexto, forçoso reconhecer a ocorrência de flagrante 
ilegalidade, eis que o quantum de aumento de pena foi aplicado sem que 
houvesse a devida fundamentação, baseando-se apenas no número de 
majorantes, em desacordo com a orientação firmada na Súmula n. 443/STJ: 
"O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo 
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a 
sua exasperação a mera indicação do número de majorantes." 
(Precedentes). 
IV - Segundo jurisprudência do excelso Supremo Tribunal Federal, "a 
opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui 
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o 
permitido segundo a pena aplicada" (Súmula n. 718/STF), e "a imposição 
do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir 
exige motivação idônea" (Súmula n. 719/STF). 
V - Na hipótese, entendo que deve ser mantido o regime inicial fechado, 
ante a existência de circunstância judicial desfavorável, que foi utilizada 
para majorar a pena-base do paciente. 
VI - Segundo pacífica jurisprudência desta Corte Superior, a existência de 
circunstância judicial desfavorável, com a consequente fixação da pena-
base acima do mínimo legal, autoriza a determinação de regime inicial 
mais gravoso do que o cabível em razão do quantum de pena cominado. 
Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício apenas para 
estabelecer a fração mínima legal de 1/3 (um terço), na terceira fase da 
dosimetria, em razão das majorantes e fixar a pena do paciente em 6 (seis) 
anos, 2 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, mantido os demais termos 
da condenação. (HC 481.268/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA 
TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 19/02/2019) 
 
DOS PEDIDOS 
 
Como consectário de todas as argumentações retro perfilhadas, requer o 
conhecimento e no mérito provimento do presente recurso, para: 
a) Absolvição dos apelantes JOSÉ RUBENS E JOSÉ DOMINGOS com 
fulcro no Art. 386 do CPP, inciso V e VII pela ausência de provas do crime previsto no art. 2º 
§2º e §4º inciso I e IV, da Lei 12850/03. 
b) Decotar os vetoriais, de culpabilidade e consequências, modificando a 
pena base para todos os apelantes; 
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 Av. Antônio da Rocha Viana, 3057 - Santa Quiteria, Rio Branco - AC, 69918-700 
c) Em razão de ausência de fundamentação seja acrescido tão somente o 
acréscimo 1/6 no § 2º do artigo 2º da lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. 
d) Requer a aplicação do artigo 68 do Código Penal no sentido de incidir 
tão somente a causa que mais aumente em relação aos apelantes. 
Termos em que, pede e espera deferimento. 
Rio Branco/AC, 17 de dezembro de 2019. 
 
Rodrigo Almeida Chaves 
 Defensor Público 
 
 
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