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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA TÓPICOS EM TERAPIAS MANUAIS MÓDULO: DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL PALESTRANTES: BIANCA DA SILVA FURTADO MUNIZ VIVIANE BASTOS DE OLIVEIRA. Profª da disciplina: Viviane Bastos de Oliveira. RIO DE JANEIRO ABRIL DE 2020 SUMÁRIO 1. Anatomia do Sistema Linfático .......................................................................................... 3 2. Fisiologia do Sistema Linfático .......................................................................................... 4 3. Gânglios linfáticos .............................................................................................................. 5 4. Formação de edema ............................................................................................................ 5 5. Drenagem linfática: definição e histórico ........................................................................... 5 6. Objetivos da técnica............................................................................................................ 6 7. Contraindicações ................................................................................................................ 6 8. Preparação para as manobras .............................................................................................. 6 8.1 Fisioterapeuta ............................................................................................................... 6 8.2 Paciente ......................................................................................................................... 6 9. Manobras específicas de drenagem linfática manual ......................................................... 7 9.1 Drenagem dos gânglios linfáticos ................................................................................ 7 9.2 Drenagem linfática manual dos membros superiores ................................................... 8 9.3 Drenagem linfática manual dos membros inferiores .................................................... 9 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 10 3 1. ANATOMIA DO SISTEMA LINFÁTICO O sistema linfático é uma via acessória da circulação sanguínea e adjacente a ela. Ele é dividido em linfa, vasos linfáticos (pré-coletores, coletores, troncos linfáticos e ductos) e órgãos linfóides (linfonodos, o baço, o timo e as tonsilas palatinas). O sistema linfático tem um papel importante na defesa imunológica e na drenagem do líquido em excesso no espaço intersticial, bem como toxinas, proteínas importantes e macromoléculas que não conseguiram retornar para circulação sanguínea (GUYTON, 2006; LEDUC e LEDUC, 2007). A linfa é originada a partir do plasma sanguíneo, que passa para o meio intersticial, onde se mistura a uma série de outros compostos. As moléculas grandes que não absorvíveis por capilares sanguíneos, são recolhidas pelo capilares linfáticos, assumindo então o nome de linfa (Figura 1) (DANGELO e FATTINI, 2004). Figura 1: Moléculas de água se difundem através do capilar, a medida que o sangue flui por sua luz e assim se misturando ao líquido intersticial. O liquído intersticial em excesso é então capturado pelo capilar linfático para ser drenado pelo sistema de circulação paralela, o sistema linfático. (Fonte: https://www.anatomiaemfoco.com.br/sistema-linfatico/liquido-intersticial/). Os vasos linfáticos conduzem a linfa e apresentam uma composição de três túnicas e válvulas semelhantes às veias. Estes vasos são divididos em superficiais e profundos, que confluem-se formando os troncos linfáticos. Estes últimos se unem em vasos mais calibrosos, formando ou o ducto linfático direito ou o ducto linfático torácico (Figura 2) (DANGELO e FATTINI, 2004; NULL e AGARWAL, 2020). https://www.anatomiaemfoco.com.br/sistema-linfatico/liquido-intersticial/ 4 No decorrer do trajeto dos vasos linfáticos encontram-se os gânglios linfáticos – os linfonodos – que funcionam como filtro da linfa. Os linfonodos são órgãos encapsulados encontrados em grupos principalmente nas regiões da axila, virilha, grandes vasos do pescoço, no tórax e no abdome (principalmente no mesentérico) (Figura 2). Estes órgãos apresentam uma reentrância pela qual passam artérias e veias e seu sistema de defesa é mediado, principalmente, pelos linfócitos (MESCHER, 2013). Figura 2: Esquema de sistema linfático, representando suas principais estruturas e a distribuição no corpo humano. 2. FISIOLOGIA DO SISTEMA LINFÁTICO O plasma sanguíneo atravessa a membrana do capilar sanguíneo, levando para as células os nutrientes necessários para seu metabolismo e alcançando o espaço instersticial. Constantes difusões ocorrem entre o líquido intersticial e o intracelular (hialoplasma), em que o líquido intersticial rico em nutrientes migra para o interior da célula. Após o metabolismo celular, o hialoplasma sai para o interstício levando as toxinas. Então, os capilares linfáticos conectados ao espaço intersticial capturam o excesso de proteinas, de líquido intersticial e as toxinas, originando assim a linfa (GUYTON, 2006). A linfa é então recebida pelos vasos linfáticos pré-coletores e propulsionada para os vasos coletores por meio de contração, seguindo assim um fluxo unidirecional mediado por válvulas. No decorrer do trajeto, a linfa entra para os linfonodos pelos vasos linfáticos aferentes e é filtrada. A linfa filtrada saí pelos vasos linfáticos eferentes e os vasos linfáticos a conduzem 5 até os troncos linfáticos, que redirecionarão a linfa para os ductos. Dos ductos, a linfa retorna a circulação venosa (LEDUC e LEDUC, 2007). 3. GÂNGLIOS LINFÁTICOS No corpo humano há vários grupos de linfonodos. No membro superior são temos os gânglios supra-epitrocleares, gânglios supra e infraclaviculares e os axilares (Figura 2). Já nos nos gânglios linfáticos do membro inferior são: gânglios inguinais (Figura 2), poplíteos e tibial anterior (LEDUC e LEDUC, 2007). 4. FORMAÇÃO DE EDEMA Quando o sistema linfático apresenta seu funcionamento comprometido, o edema é a consequência mais comum. O edema ocorre por alteração nas forças que movimentam os líquidos entre os vasos e o interstício (Forças de Starling). No seio venoso, o líquido proveniente da microcirculação é quase que totalmente filtrado; quando há aumento da pressão hidrostática do lado venoso, a reabsorção é diminuida e o edema surge pela insuficiência do sistema linfático em drenar o conteúdo não reabsorvido (BOGLIOLO e BRASILEIRO FILHO, 2011). O edema é decorrente de causas multifatoriais, tais como infecção, doenças reumáticas e neoplasias (COELHO, 2004). 5. DRENAGEM LINFÁTICA: DEFINIÇÃO E HISTÓRICO A drenagem linfática manual consiste em uma terapia que favorece a circulação da linfa, principalmente drenando os líquidos excedentes. Ela foi criada pelo casal dinamarquês Emil Vodder e Estrid Vodder, em 1936, que observaram um aumento de linfonodos presentes da região do pescoço em pacientes acometidos com gripes crônicas (WITTLINGER e WITTLINGER, 2004). Por meio de aplicação de massagem, o casal conseguia reverter este inchaço. A técnica foi então divulgada em congressos e desta forma começou a ser amplamente adotada (DE GODOY e GODOY, 2004). 6 6. OBJETIVOS DA TÉCNICA - Estimular o sistema imunológico e trocas metabólicas; - Retirar líquidos excedentes; - Estimular as trocas entre capilares e células. - Estimular a oxigenação celular. - Regredir edemas. 7. CONTRAINDICAÇÕES - Insuficiência renal é contraindicação absoluta. - Pressão arterial superior a 150 mmHg x 90 mmHg. - Erupções e ferimentos na pele. - Doenças infecto-contagiosas.- Pacientes cardiopatas e asmáticos. - Tumores malignos não-controlados. - Trombose venosa profunda, flebites ou tromboflebites. 8. PREPARAÇÃO PARA AS MANOBRAS 8.1 Fisioterapeuta O fisioterapeuta deverá estar com as mãos limpas, sem uso de creme e com asseio adequado nas unhas. As duas mãos serão utilizadas simultaneamente com os dedos juntos e o toque na pele do paciente deve ser suave. O método Leduc descreve que o fisioterapeuta pode realizar a drenagem linfática apenas no membro com a situação patológica, não necessitando ser no corpo todo. As manobras devem ser ritmadas, deslocando a linfa até os gânglios linfáticos mais próximos. Em locais com fibroses, o fisioterapeuta pode aplicar manobras um pouco mais profundas. As manobras devem ser executadas do segmento proximal do membro e após para o segmento distal do ponto de evacuação. 8.2 Paciente O paciente deve estar com o membro em declíve, para favorecer a drenagem e com os membros desnudos para que o fisioterapeuta possa realizar as manobras. 7 9. MANOBRAS ESPECÍFICAS DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL O fisioterapeuta deve satisfazer dois processos: captação – realizada no mesmo nível da infiltração - e evacuação – transferir os líquidos captados para distante da região de captação. Os movimentos realizados pelo fisioterapeuta são circulares, tipo borboleta e pressões em braceletes (Figuras 3a-c). As pressões em braceletes são utilizadas quando o perímetro do membro a ser tratado não pode ser envolvido pelas duas mãos do fisioterapeuta. Inicialmente, movimentos circulares do punho devem ser realizados sobre os gânglios linfáticos para auxiliar a captação. Figura 3: a) Movimentos circulares na região dos linfonodos axilares. b) Movimentos em borboleta no decorrer do trajeto da linfa. c) Pressão em bracelete, com as mãos realizando movimentos transversais ao braço, em sentidos contrários. 9.1 Drenagem dos gânglios linfáticos Nesta manobra, as mãos entram em contato com a pele do paciente iniciando pelo dedo indicador; a mão do fisioterapeuta repousa sobre a pele do paciente, realiza uma leve pressão. Os dedos devem ser posicionados perpendicularmente a direção da evacuação dos gânglios. As duas mãos podem ser utilizadas para realizar o movimento, porém sem aumentar a pressão. Esta manobra é importante para estímulo inicial dos ductos linfáticos e os troncos linfáticos (Figura 4). 8 Figura 4: Estimulo dos ductos e troncos linfáticos. 9.2 Drenagem linfática manual dos membros superiores Deve ser iniciada por movimentos circulares nos linfonodos axilares, direcionando a pressão para os gânglios subclaviculares. Séries de 5 movimentos leves devem ser realizados para auxiliar na liberação dos coletores linfáticos. Após o fisioterapeuta executa o movimento de borboleta ou pressões em bracelete para mobilizar a linfa ao longo dos vasos linfáticos, conduzindo até os gânglios estimulados (Figura 5). Figura 5: A esquerda, o fisioterapeuta estimula dos linfonodos axilares, direcionando a drenagem para os gânglios subclaviculares. A direita, o fisioterapeuta utiliza os movimentos em borboleta para estimular o fluxo da linfa até os gânglios estimulados. Em seguida inicia-se a drenagem dos gânglios supra-epitrocleares com as pontas dos dedos, as monobras na região do antebraço são executadas no sentido de direcionar a linfa para a região do estímulo ganglionar (Figura 6). O fluxo da linfa deve ser direcionado para os gânglios axilares. 9 Figura 6: A esquerda, o fisioterapeuta estimula dos linfonodos supra-epitrocleares. A direita, o fisioterapeuta utiliza os movimentos em borboleta para estimular o fluxo da linfa até os gânglios estimulados. Na região do punho, o fisioterapeuta deve realizar movimentos com as pontas dos dedos e polegares, bem como os dedos que devem ser drenados um a um, com movimentos circulares até as articulações metacarpofalangeanas. E finalmente os movimentos serão finalizados nos gânglios axilares. 9.3 Drenagem linfática manual dos membros inferiores Paciente em decúbito dorsal, membros inferiores elevados, iniciar com movimentos circulares na região dos gânglios inguinais (Figura 7a). Utilizando os mesmos movimentos de pressão em bracelete ou borboleta (Figura 7b-c), deve-se aumentar o contato das mãos com a coxa para auxiliar a evacuação da linfa em direção aos gânglios. Figura 7: a) terapeuta realiza círculos suaves para drenar os gânglios inguinais. b) Movimentos em borboleta e c) bracelete devem ser realizados, orientando a linfa até os gânglios inguinais e internos da coxa. Para realizar a drenagem da perna e dos joelhos, a região poplítea deve receber movimentos suaves e circulares (Figura 8a). Toda a região do joelho, inserções dos músculos da pata de ganso e quadríceps podem ser drenadas com as pontas dos dedos e polegares, carreando a linfa em direção aos gânglios poplíteos. A perna é drenada em seguida, através de manobras combinadas de braceletes e círculos com os polegares (Figura 8b). A linfa então é levada até os gânglios inguinais. 10 Figura 8: a) movimentos circulares na região poplítea para drenar os gânglios dessa área. b) manobra: bracelete sobre a perna, carreando a linfa em direção à região poplítea. É importante drenar os tornozelos e os pés, orientando a linfa pela região maleolar. Deve-se repetir todo o processo na região posterior, respeitando o mapa linfático e a fisiologia do sistema linfático. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOGLIOLO, Luigi; BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo patologia. Guanabara- Koogan, 2011. COELHO, Eduardo Barbosa. Mecanismos de formação de edemas. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 37, n. 3/4, p. 189-198, 2004. DANGELO, Jose Geraldo; FATTINI, Carlo Americo. Anatomia humana e sistêmica e segmentar. In: Anatomia humana e sistêmica e segmentar. 2004. p. 671-671. DE GODOY, José Maria Pereira; GODOY, Maria de Fátima Guerreiro. Drenagem linfática manual: novo conceito. J Vasc Br, v. 3, p. 77-80, 2004. LEDUC, Albert; LEDUC, Olivier. Drenagem linfática: teoria e prática. Manole, 2007. MESCHER, Anthony L. Junqueira's basic histology: text and atlas. Mcgraw-hill, 2013. Null, Manda; Agarwal, Manuj. Anatomy, Lymphatic System. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK513247/ WITTLINGER, Günther; WITTLINGER, Hildegard. Textbook of Dr. Vodder's manual lymph drainage. Thieme, 2004. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK513247/
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