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Origem da Ética Científico Tecnológico – novas descobertas Sociopolítico – crise de noção de progresso Há situações limite em que revelamos profundas dúvidas sobre a opção mais correcta que devemos tomar. Dilemas roubo, desvio de fundos, estradas esburacadas, saúde, educação, falta de lazer para as crianças, cobrança de impostos X protecção de direitos pelo Estado … Ética e Moral, há diferença? De acordo com SANTOS (2010), na língua portuguesa há uma tendência em se misturar e confundir esses dois conceitos. A razão encontrada pelo autor é o facto de que a palávra ética provém do grego “Ethos” que significa modo de ser ou carácter, porém, a tradução feita para o latim utilizou-se o conceito “Mores”, que significa “costumes” e foi daí que derivou a palavra “Moral”. Ethos = Êthos + Éthos A tradução do grego “Ethos” para o latim “Mores” tem uma justificativa. É que Ethos possui dois sentidos complementares: i) Êthos, que significa a interioridade do acto humano, a intenção de agir (a dimensão pessoal do acto humano), isto é, a ética e ii) Éthos, que significa hábito ou costume, usos e regras, ou seja, a assimilação social dos valores (Mores), isto é, a moral. Moral X Ética Apesar de confundidos na língua portuguesa como sendo sinónimos, na verdade, como vimos, ética e moral são conceitos distintos, embora complementares e inseparáveis. O que é moral Conjunto de valores , princípios, preceitos, normas, regras, que vão se formando numa dada sociedade, ao longo dos tempos, e que os indivíduos tendem a sentir como uma obrigação que lhes é exterior. Exemplo de um princípio moral: "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti“. O que é moral? A finalidade dos códigos morais é reger a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de conveniência geral, para garantir a integridade do grupo e o bem-estar dos indivíduos que o constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de uma coletividade. * O que é ética? Para Carlos Fontes, a ética preocupa-se não em como os homens são, mas como devem ser, sendo esse dever ser a autoridade última das suas decisões. O que é ética? É o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. (Dicionário Aurélio) Ética Profissional Ética profissional é o conjunto de normas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo e muitas das vezes abrir a mão de algumas coisas e perder outra. O que não exclui a existência de teorias éticas intermediárias Para CARLOS FONTE, existem dois grandes grupos de teorias éticas: as teorias teológicas as teorias deontológicas Essas teorias afirmam que a obrigatoriedade de uma acção deriva unicamente do cálculo das suas consequências. O valor moral de uma acção não está na acção propriamente dita, mas no seu resultado final. Para essas teorias, só agimos moralmente quando obedecemos à lei e porque obedecemos à lei. O dever moral em fazer o que a lei moral determina, sobrepõe-se ao mero cálculo das vantagens ou consequências práticas que possam resultar desta obediência. Competência da Ética Compete à ética profissional determinar os valores e os princípios que devem orientar a conduta dos profissionais para salvaguardar o cumprimento de suas obrigações, isto é, a realização desses valores e a aplicação desses princípios na prática. O objetivo é o relacionamento do profissional com sua clientela e vice-versa, tendo em vista principalmente a dignidade do homem e o bem-estar no contexto sociocultural em que atua sua profissão. O que é deontologia? Deontologia do grego “déon, déontos” = dever “lógos”= discurso ou tratado * O que é deontologia? De acordo com LAZZARINI (2005), apud ÀVILA (1967)1, deontologia é “a ciência do que é justo e conveniente que o homem faça, do valor a que visa e do dever da norma que dirige o comportamento humano.” Portanto, por definição, deontologia e ética são considerados conceitos coinscidentes para alguns estudiosos. 1 ÁVILA, Fernando Bastos de, S. J., Ministério da Educação e Cultura. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo.. Rio de Janeiro: s.n, 1967. Verbete: “Deontologia”, p. 145. O que é deontologia? Todavia, também à luz de ÁVILA (1967), LAZZARINI (2005) afirma que, “como terminologia, poucos são os que identificam ética com deontologia. Preferem chamar de deontologia apenas a ética aplicada e restrita a um sector específico do comportamento humano, isto é, o comportamento típico e característico que apresenta o homem, quando exerce uma determinada profissão. O substantivo deontologia vem, assim, invariavelmente acompanhado por um qualificativo que indica de que profissão se trata: deontologia médica, jurídica jornalística etc. ” O que é deontologia? Seria dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado grupo profissional ou conjunto de comportamentos exigíveis aos profissionais, muitas vezes não expressos em regulamentação jurídica isto é, conhecer e seguir os princípios deontológicos significa dirigir-se pelo caminho da perfeição pessoal, profissional e colectiva“ * O que é deontologia? Assim compreendia, a deontologia pode ser conceituada como um tratado dos deveres, princípios e normas adotadas por um determinado grupo profissional, ou ainda, como a disciplina da ética especialmente adaptada ao exercício de uma determinada profissão. Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação da responsabilidade de associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e se esforçam por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às particularidades de cada país e de cada grupo profissional. Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos, para os infractores dos mesmos. O QUE É SER ÉTICO? O QUE É SER ÉTICO “É ser honesto em qualquer situação, é ter coragem para assumir os próprios erros e decisões, é ser tolerante e flexível, é ser humilde. É ter consciência limpa.” (SANTOS, 2010) O QUE É SER ÉTICO “É procurar agir sempre correctamente, proceder bem, com o cuidado de não prejudicar os outros. É ser altruísta, é estar tranquilo com a consciência pessoal.” (SANTOS, 2010) O QUE É SER ÉTICO “É cumprir com os valores da sociedade em que se vive, ou seja, onde se mora, trabalha, estuda, etc.” (SANTOS, 2010) O QUE É SER ÉTICO “É realizar a acção correcta mesmo sabendo que ninguém está a observar ou a controlar a acção. É agir correctamente, independentemente de tal acção ser ou não elogiada.” (SANTOS, 2010) O QUE É SER ÉTICO “Todo o ser ético reflecte constantemente sobre as suas acções, pensa se fez o bem ou o mal ao próximo.” (SANTOS, 2010) o que é Ser Ético Significa a capacidade de percepção dos conflitos entre o que o coração diz e o que a cabeça pensa; Pode se percorrer o caminho entre a emoção e a razão posicionando-se na parte do percurso que se considera mais adequado. CONSEQUÊNCIAS DAS ACÇÕES IMORAIS O autor Carlos Santos (2010) cita três grandes consequências: 1) Falta de confiança no indivíduo e nas pessoas que com ele se relacionam, assim como nas empresas/serviços por parte dos próprios trabalhadores, utentes, sócios e do governo; CONSEQUÊNCIAS DAS ACÇÕES IMORAIS 2) Danos à saúde, segurança e bem estar do próprio cidadão, da sua família, dos seus vizinhos, colegas e amigos; danos às empresas ou serviços no seu todo e aos seus clientes, bem como às comunidades a que as empresas/serviços prestam serviços CONSEQUÊNCIAS DAS ACÇÕES IMORAIS 3) Multas, indemnizações e outras penalizações aplicadas às empresas/serviços e multas,despedimento ou sentenças de prisão aplicadas aos trabalhadores, com repercussões directas no bem-estar da família PRINCÍPIOS GERAIS DA DEONTOLOGIA PROFISSIONAL Autonomia; Imparcialidade; Confidencialidade (segredo profissional e discrição); Responsabilidade; Excelência. PRINCÍPIOS GERAIS DA DEONTOLOGIA PROFISSIONAL Para DECKER (2005) a excelência envolve três elementos: Competência técnica Moral exigente Face à sociedade Face aos utentes Face aos registos e notariado c) Dever de assistência e de Conselho CRM Capítulo 1, Artigo 249º “A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.” “Os órgãos da Adminstração Pública obedecem à Constituição e à lei e actuam com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça.” Diplomas que definem normas ético- deontológicas Lei n.º 4/90, de 26 de Setembro (Estabelece normas de conduta, deveres e direitos dos dirigentes superiores do Estado); Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro (Aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública); Lei n.º 14/2009, de 17 de Março (Aprova o Estatuto dos Funcionários e Agentes do Estado - EGFAE); Decreto n.º 62/2009, de 11 de Setembro (Aprova o Regulamento da Lei n.º 14/2009, de 17 de Março); Lei nº 16/2012, de 14 de Agosto (Lei de probidade pública) Diplomas que definem normas ético- deontológicas para a profissão Decreto nº 21/96, de 11 de Junho, Aprova o regulamento de assistência médica e medicamentosa aos funcionários do Estado; Decreto nº 27/2010, de 12 de Agosto, Aprova o Regulamento da Providência Social dos Funcionários e Agentes do Estado, abreviadamente designados por REPFAE; Decreto 55/2009 de 12 de Outubro, cria o Sistema de Avaliação de Desempenho na Administração Pública; Manual de procedimentos do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado; Qualificadores Profissionais de Carreiras, Categorias e Funções de Direcção e Chefia e Confiança em Vigor no Aparelho do Estado. (páginas: 294-300); Diplomas que definem normas ético- deontológicas para a profissão Lei 6/2004 de 17 de Junho, Lei de combate à corrupção e participação económica ilícita Lei 9/2002 de 12 de Fevereiro, cria o Sistema de Administração Financeira do Estado – SISTAFE Regulamento do Património do Estado aprovado pelo Decreto n.º 23/2007, de 9 de Agosto. Decreto nº 23/2004 de 20 de Agosto, Regulamento do SISTAFE Decreto 15/2010 de 24 de Maio, Aprova o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado e revoga o Decreto 54/2005, de 13 de Dezembro. Diplomas que definem normas ético- deontológicas para a profissão Versam sobre o que? Deveres gerais Deveres especiais Normas de civismo e urbanidade Direitos e deveres dos funcionários e agentes do Estado Ordens e instruções ilegais Inspecção e responsabilidade disciplinar Princípios da Administração Pública Valores essenciais (Interesse público, Legalidade, Neutralidade e imparcialidade, Integridade e responsabilidade, Competência e racionalidade) Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Cumprir as Leis, Regulamentos, despachos e instruções superiores; Cumprir exacta, pronta e lealmente as ordens e instruções legais dos seus superiores hierárquicos relactivos ao serviço; Respeitar os superiores hierárquicos tanto no serviço como fora deles; ; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Dedicar ao serviço a sua inteligência e aptidão, exercendo com competência e abnegação, zelo e assiduidade e por forma eficiente as funções a seu cargo, sem prejudicar ou contrariar por qualquer modo o processo e o ritmo do trabalho, a produtividade e as relações de trabalho Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Exercer as funções em qualquer local que lhe seja designado; Não se apresentar ao serviço em estado de embriaguês e/ou sob efeito de substâncias psicotrópicas e alucinogénicas; Apresentar-se ao serviço e em todos os locais onde deve comparecer por motivos de serviço, com pontualidade e correcção, asseio, aprumo e em condições físicas e mentais que permitam desempenhar correctamente as tarefas; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Prestar contas do seu trabalho, analisando-o criticamente e desenvolver a crítica e autocrítica; Manter sigilo sobre os assuntos de serviço, mesmo depois do termo de funções; Não recusar, retardar ou omitir injustificadamente a resolução de um assunto que deva conhecer ou o cumprimento de um acto que devia realizar em razão do seu acto; Zelar pela conservação e manutenção dos bens do Estado que lhe são confiados; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Pronunciar-se sobre deficiências e erros no trabalho e informar sobre os mesmos ao respectivo superior hierárquico; Guardar e conservar a documentação e arquivos, segundo os regimes estabelecidos, remetendo às entidades competentes a documentação de valor histórico; Não se ausentar sem autorização superior para o estrangeiro e para fora da província excepto no período de licença anual e dias de descanso; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Concorrer aos actos e solenidades oficiais, para que seja convocado pelas autoridades superiores; Manter-se no exercício das suas funções, ainda que haja renunciado o seu cargo, até que o seu pedido seja decidido; Dar exemplo de acatamento pelas instituições vigentes e de respeito pelos seus símbolos e autoridades representativas; Manter relações harmoniosas de trabalho com todos os funcionários, criando um ambiente de estima e de respeito mútuo no trabalho, sem quebra do rigor, da Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado disciplina e de exigências no cumprimento de obrigações funcionais; Não agredir, injuriar ou desrespeitar qualquer cidadão ou outro funcionário nos locais de serviço ou por causa dele; Combater firmemente as manifestações de racismo, tribalismo, regionalismo, discriminação com base no sexo, filiação partidária, departamentalismo e outras formas de divisionismo; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado: Cumprir integralmente a função confiada em pais estrangeiro regressar imediatamente após o seu cumprimento; Informar os dirigentes sempre que tenha conhecimento da prática ou tentativa de prática de acto contrário à constituição da República, às Leis, decisões do Estado, Regulamentos e Instruções; Deveres para com os cidadãos (qualidade do serviço prestado, informação e cortesia, probidade); Deveres para com a administração (serviço público, dedicação, aperfeiçoamento e actualização, reserva e descrição, solidariedade e cooperação); Deveres para com os órgãos de soberania (zelo e dedicação, lealdade); Combate à corrupção; Gestão e uso dos bens e recursos públicos. Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Adoptar um comportamento correcto e exemplar na via pública, pessoal e familiar, de modo a prestigiar sempre a dignidade da função e a sua qualidade de cidadão; Usar com correcção o uniforme previsto na Lei, quando o houver; Não praticar nepotismo na admissão, movimentação, progressão e promoção de funcionários; Não praticar actos administrativos que privilegiem interesses estranhos ao Estado em detrimento da eficácia dos serviços; Deveres especiais dos Funcionários e Agentes do Estado Não se servir das funções que exerce em benefício próprio ou em prejuízo de terceiros, designadamente, não aceitar como consequência do seu trabalho, quaisquer ofertas, ou pagamento e nem exigir ou aceitar promessa de ofertas e ou de pagamentos; Não se deslocar para outro Pais, por ocasião de cumprimento de missão no estrangeiro, sem autorização superior expressa; Não exercer outra função ou actividade remunerada sem prévia autorização; Promover a confiança do cidadão na Administração Pública, atendendo pontualmente com isenção; Não assediar material, moral ou sexualmente nolocal de trabalho ou fora dele, desde que interfira na estabilidade do emprego ou na progressão profissional; Requerer a contagem periódica e regular do tempo de serviço prestado ao Estado para efeitos de aposentação. Referências Bibliográficas DECKERS, Eric. Função Notarial e deontologia. Coimbra: Almedina, 2005. FONTES, Carlos. Dimensão ética do agir. In: http://afilosofia.no.sapo.pt/10valeticos.htm (acesso aos 25.06.2013). LAZZARINI, Alvaro. Magistratura: deontologia, função e poderes do juíz. Caderno de doutrina e jurisprudência da EMATRA XV, Campinas, v. 1, n. 4, p. 119-124, jul./ago. 2005. SANTOS, Carlos dos. Cartilha da ética. Maputo: Plural Editores, 2010.