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-------~--------------~------------- LeOhwYÔO Lenhe.rt,~ l"\evY0o{;I.A,I,Q LE-P- l\O/}'lI)::rq'!<ó Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Letras Departamento de Letras Vernáculas Curso: Português 11- Morfo-sintaxe do Português MoJo I~OOb. o SINTAGMA NOMINAL E O SINTAGMA VERBAL: CONSTITUINTES E PROCESSOS DE AMPLIAÇÃO Maria Cristina Rigoni Costa Maria da Aparecida Meireles de Pinilla Maria Thereza Indiani de Oliveira índice Página 1. A classe dos sintagmas 02 2. O sintagma nominal - conceituação 05 2.1 Constituintes do sintagma nominal. 07 2.2 O nome como núcleo funcional 1 O 2.3 Processos de ampliação do sintagma nominal 13 2.4 Funções do sintagma nominal 16 3. O sintagma verbal - conceituação 18 3.1 Constituintes do sintagma verbal :.19 3.2 Processos de ampliação do sintagma verbal.. 22 4. Indicações bibliográficas .29 Introdução Na comunicação diária, ao utilizar uma linguagem, estamos sujeitos às limitações do sistema que a rege -- um conjunto de regras que precisamos conhecer e dominar para que sejamos capazes de entender sua mensagem. Há também, na maioria dos jogos, um sistema de regras que devemos aprender, e de que nãe podemos prescindir se quisermos jogar aquele jogo. No futebol, por exemplo, é preciso reconhecer um gol, uma falta, um pênalte, um impedimento. E são essas regras que o diferenciam de outros jogos, como e volei ou o basquete. Quando aprendemos uma determinada língua, o domínio desse sistema de regras faz parte de conjunto de conhecimentos que precisamos dominar. Assim, a criança, ao aprender a falar, vai intuindo, de linguagem que ouve à sua volta, as tais regras e o conjunto de elementos (fonemas, palavras, morfemas, etc) que vão lhe possibilitar o uso da língua. O mesmo acontece quando aprendemos uma língua estrangeira: precisamos dominar o vocabulário, as formas, os fonemas e o modo de usá-Ios, isto é, as regras que constituem o sistema daquela língua. Por exemplo, sabemos que as seguintes seqüências fazem sentido e serão entendidas por usuários que dominem as regras de funcionamento do português: "a bela bola rola" "a bola bela rola". Já a distribuição "Bela bola rola a." não corresponde à sintaxe da língua portuguesa, porque nãe existe uma regra que permita o uso do artigo definido, sem o substantivo, finalizando a frase. Notamos que todo jogo comporta um certo nível de flexibilidade na escolha e combinação de suas regras. Não são poucas as vezes em que vemos grupos de pessoas combinando previamente as regras e serem seguidas em um determinado jogo. Num jogo de baralho (buraco, por exemplo), podemos ouvir: "vale bater sem canastra", "vale canastra suja", "vale fazer trinca", e ainda assim o jogo continua sendo e mesmo. Ou um grupo de crianças, antes de iniciar um jogo de gude, pode estabelecer: "a vera ou a brinca?", "triângulo ou búlica", e ainda assim estar jogando bola de gude. Na linguagem verbal, como vimos nos exemplos registrados acima ("A bela bola rola" e "A bola bela rola"), o falante também dispõe de um certo nível de escolha (seleção), seja na combinação de elementos. seja na ordem em que eles serão usados. Esta ou aquela opção, se feita pelo falante, produz sempre uma frase em português. É claro que essa escolha vai produzir, no que é dito, alguns efeitos. Vejamos: 1 a) Todo mundo vai ao circo. menos eu. b) Ao circo todo mundo vai, menos eu. c) Todo mundo, menos eu, vai ao circo. Nestas frases, temos basicamente o mesmo conteúdo. O que muda é a ênfase dada a alqurna seqüência, como resultado da alteração do seu lugar no enunciado. Na frase a, a atenção está voltada para "todo mundo". Na frase b, o foco de atenção é deslocado para o local: "ao circo". E na frase c, o que está em evidência é "todo mundo, menos eu". "Menos eu", entre vírgulas, destaca e reforça a exclusão. A língua, enquanto sistema de possíbilidades, oferece um conjunto flexível no que diz respeito às regras de seleção, combinação, substituição, sem comprometer ou alterar a interação. Neste texto, trabalharemos com o conceito de sintagma, • existe uma hierarquia na estrutura da oração, isto é, a oração apresenta constituintes e estes contêrr outros constituintes; • cada constituinte oracional apresenta uma estrutura interna própria; • os constituintes da oração têm comportamento sintático variado, apresentando relações de ordem, de concordância e de regência; • a partir de estruturas sintáticas simples (núcleo + elementos adjacentes), é possível produzir estruturas mais complexas, com base em processos de ampliação. 1. A classe dos sil']tagmas Sintagma é uma unidade formada por uma ou' várias palavras que, juntas, desempenham urna função na frase. A combinação das palavras para formarem as frases não é aleatória; precisamos obedecer a determinados princípios da língua. As palavras se combinam em conjuntos, em torno de um núcleo. E é esse conjunto (c sintagma) que vai desempenhar uma função no conjunto maior, que é a frase. Exemplos: . O turista viajou. O jovem~l~ estrangeiro viajou. Aquele jovelT(!:lrista viajou. Nenhumturista viajou de trem. O turista estrangeiro viajou de trem para São Paulo. O turista estrangeiro viajou de trem para São Paulo ontem. O turista e sua família viajaram. !ti ~\} A unidade sintagmática é considerada um agrupamento intermediário entre o nível do vocábulo e o dê oração. Desta maneira, um ou mais vocábulos se unem ( em sintagmas ) para formar uma unidade maior, que é a oração. Os vocábulos que compõem a unidade sintagmática se organizam em tomo de um núcleo: dependendo do núcleo, podemos falar em sintagma nominal e sintagma verbal. "Chama-se sintagma uma seqüência de palavras que constituem uma unidade ( sintagma vem de uma palavra grega que comporta o prefixo sin, que significa com, que encontramos, por exemplo, em simpatia e sincronia). Um sintagma é uma associação de elementos compostos num conjunto, organizados num todo, funcionando conjuntamente. (... ) sintagma significa, por definição, organização e I relações de dependência e de ordem à volta de um elemento essencial." (Dubois- Charlier. Bases de Análise lingüística) IO especialista não respondeu todas as perguntas O especialista não respondeu todas as perguntas sintagma nominal sintagma verbal ') r Diferentes vocábulos que pertencem a um mesmo sintagma desempenham, dentro dele, funções distintas: no sil,1tagma nominal, por exemplo, o nome substantivo que funciona como núcleo pode ser determinadc por artigos, pronomes e numerais e modificado por adjetivos, locuções adjetivas e/ou orações subordinadas adjetivas. Desta maneira, é evidente que existe,. dentro do sintagma, uma organização err que os vocábulos, dependendo de sua posição e da relação que estabelecem entre si, desempenharr diferentes funções. o especialista não respondeu todas as perguntas determinante + núcleo adv. + núcleo det + det + núcleo nominal verbal nominal V' n~ h'\.W'f .h(j'.JJ...,r 'I' r f../'''I sintagma nominal I ,/ o sintagma nominal sintagma verbal As unidades sintáticas da língua ( sistema de unidades hierarquizadas) apresentam-se sob a forma de palavras, sintagmas, orações e são relacionadas por um conjunto de mecanismos formais. Conforme Azeredo (1990), liA estrutura gramatical do português comporta vários níveis. O morfema é a menor unidade dessa estrutura; e o período a maior. Acima do nível dos morfemas acha-se o dos vocábulos; acima deste, o dos sintagmas, a que se superpõe o das orações. Esquematicamente, temos: PERíODO ORAÇÃO ISINTAGMA VOCÁBULO MORFEMA Vamos ler o poema de Cecília Meireles e observar os níveis de estruturação do enunciado: Colar de Carolina Com seu colar de coral, Carolina corre por entre as colunas da colina. o colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. E o sol, vendo aquela cor do colar de Carolina, põe coroas de coral nas colunas da colina. Neste poema, a autora faz um jogo de palavras, tirando proveito principalmente do aspecto sonoro e das combinações de sintagmas nominais Os diversos níveis a que nos referimos acimapodem ser apontados no texto: nível do período: O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. nível da oração: O colar de Carolina colore o colo de cal / torna corada a menina. nível dos sintagmas: O colar de Carolina I SN colore o colo de cal, SV torna corada a menina. SV " (,fN\, -fy., «c: c ,I CÚt -dt. nível dos vocábulos: Comi seul colarl dei coral I Carolina I corre I porl entrei asl colunas I deI a colina. ••••••••••• /' nível dos morfemas: O I col/a/r I de I Carolina I color/e I o I col/o Idel cal/, tom/a I cor/adia /a/ menin/a. As gramáticas descrevem os níveis da oração e do período sob um ponto de vista sintático e 0SA níveis do morfema e do vocábulo sob o ponto de vista morfológico. No entanto, geralmente, não tornarrf" conhecimento do nível do sintagma - intermediário entre vocábulos e oração. E, como mostra Azeredo: "". os vocábulos não se unem para formar a oração do mesmo modo que os gomos se unem para formar uma laranja. Os vocábulos não formam a oração senão indiretamente. Eles se associam em grupos, os sintagmas, que são os verdadeiros constituintes da oração." O que nos interessa mais de perto é exatamente esse nível intermediário, o sintagma, essa espécie de ponte entre os vocábulos e a oração. Surgem então algumas perguntas: Como podemos reconhecer um sintagma? Basta haver mais de um vocábulo para existir sintagma? Como são formados os sintagmas? Há mais de um tipo de sintagma ou apenas um? Todas as classes podem formar sintagmas? r I Outras perguntas podem aparecer, mas, por enquanto, vamos tentar responder a essas que no parecem mais prováveis de ocorrer. Vejamos. Em primeiro lugar, encontramos também no livro Iniciação à sintaxe (Azeredo: 1990), uma boi... resposta para a primeira questão: Como podemos reconhecer um sintagma? Segundo o autor, três sã~ as maneiras de isolar as unidades que constituem a oração, ou seja, os sintagmas: o deslocamento, substituição e a coordenação. A primeira frase vai nos servir para explicar com clareza a questão levantada. A noite chegava cedo em Manarairema. Lemos logo no início do livro A hora dos ruminantes, de José J. Veiga: A noite chegava cedo em Manarairema. Maio sol se afundava atrás da serra - quase que de repente, como caindo - já era hora de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar em xales. A friagem até então contida nos remansos do rio, em fundos de grotas, em porões escuros, ia se espalhando, entrando nas casas, cachorro de nariz suado farejando. Qualquer um de nós rejeitaria ou perceberia como estranhas as seqüências formadas pe E mesmos vocábulos, porém agrupados assim: *Noite a chegava cedo em Manarairema. *Em chegava noite a cedo Manarairema. No entanto, podemos trocar a posição de alguns grupos de vocábulos da frase inicial, sem preju da compreensão: Chegava cedo em Manarairema a noite. Em Manarairema a noite chegava cedo. Essa inversão da ordem é possível porque nós mantivemos os grupos (A noite, em Manarairema) apenas mudamos sua posição. Essa possibilidade de deslocamento prova que cada grupo é un sintagma. Além disso, podemos fazer substituição de seqüência por unidade simples: A noite chegava cedo em Manarairema. Ela chegava cedo em Manarairema. A noite chegava cedo em Manarairema. A noite chegava cedo lá. - Aqui também estamos diante de sintagmas: a possibilidade de substituição por unidades simples. Finalmente, podemos usar um elo coordenativo'e'que vai mostrar a união de duas unidades de mesmo nível. (Como professor e aluno, serra e mar ...) Teremos então: A noite e a escuridão chegavam cedo em Manarairema. em que "a escuridão" é equivalente a "a noite" e por isso pode substituí-Ia: A escuridão chegava cedo em Manarairema. Assim, reconhecemos um sintagma por meio do deslocamento ou mobilidade, da substituição po unidades simples e da coordenação. Por outro lado, apesar de nos referirmos a "grupo de vocábulos", e sintagma pode também ser formado de um só vocábulo, como em: Manarairema vai sofrer a noite. Manarairema esperou impaciente. ",,~J Portanto não basta haver um vocábulo para existir sintagma, nem é necessário mais de um vocábulo para haver sintagma. Como são formados os sintagmas? Há mais de um tipo de sintagma ou apenas um? Todas as classes podem formar sintagmas? As três perguntas acima estão intimamente relacionadas, por exemplo, se alguém pergunta: "Come são formados os sintagmas?" - a resposta provavelmente será: - Depende do tipo de sintagma. Da concluímos que há mais de um tipo. Ou então, se a pergunta é: "Todas as classes podem formal sintagmas?" - responderíamos que as classes de vocábulos entram na formação dos sintagmas, mas é participação não é igual; há classes que são núcleo, outras determinantes, outras modificadores, depende do tipo ... e assim por diante. Por tudo o que foi dito até agora, é possível afirmar que: • podemos reconhecer a classe dos sintagmas; • há procedimentos para provar a sua existência; • há mais de um tipo de sintagma; • os vocábulos se unem para formar sintagmas; • os sintagmas formam a oração. Convém lembrar que a natureza do sintagma depende do seu núcleo. Assim, temos, em português duas classes de sintagmas: o sintagma nominal (SN)- que tem o nome como núcleo - e o sintagma verbal (SV) -- que tem o verbo como núcleo. Funcionando como modificador de um ou de outro, temos c sintagma preposicionado. _-+ I ( 2. O sintagma nominal As reflexões feitas até agora nos levam a afirmar, com Koch e Silva (1986), que "O sintagma consiste num conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêrr entre si relações de dependência e de ordem. Organizam-se em tomo de um elemento fundamental. denominado núcleo, que pode, por si só, constituir o sintagma." . . 'f' c!·A natureza do sintagma depende do seu núcleo. Nesta unidade, trataremos mais especi ícarnente I sintagma nominal (SN), cujo núcleo é um nome, considerando seus constituintes. Ao abordar a noção de classe, Perini (1985) observa: t I•t•••t•••••podet•••• "Uma das funções essenciais das classes de formas ( por exemplo, das classes de palavras) é • justamente permitir a descrição compacta do 'comportamento sintático das formas. As quatro formas • .(dos exemplos acima) deveriam, pois, ser colocadas em uma classe, o que a gramática tradicional não • faz; não existe sequer um termo tradicional para essa classe. Aqui utilizaremos "sintagma nominal", designação consagrada em Lingüística." • A inexistência de uma noção clara do sintagma nominal deixa de considerar uma generalizaJ importante. da língua, tratando como coincidência um aspecto estrutural da maior importância : a mesnt classe de formas ( o sintagma nominal) pode aparecer em diversas funções sintáticas. • Considerando o sintagma nominal como uma Classe de formas, podemos analisar e verificar a slj estrutura interna: o sintagma nominal ( SN ) se compõe de um substantivo, ou de artigo + substantivo, c! de pronome pessoal, etc e podemos afirmar que o sujeito é sempre formado de um SN, assim como. objeto direto, e que o objeto indireto se compõe de preposição + SN (a não ser o objeto indir1 representado por "lhe"). Leia este trecho do romance de João Ubaldo Ribeiro: Viva o povo brasileiro: •r U "1.' • [Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, r.m que Perilo Ambrósio estuprou a negra • Daê, mais chamada por Venância l!-avado mesmo, porque 9hoveu até de manhãzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada dessas bruequinhas regelantes que nunca vão embora • e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando • por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras águas . desde abril, chuvas miD[E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote do céu, por • assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viageml~Desde • segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateumais outra, chuva mesmo, das que fazem aluviões, das que levantam um cheiro de terra tão safado que muita gente fica • perturbada, os comedores de barro não se agüentando e metendo os dentes até em telhas e cacos de • moringa molhados [Logo depois o tempo clareia de repente, o céu aparece com um azul muito levinho, • o sol vai esquentando sem ficar tão quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas • novidades em cada canto, grande movimentação de bichos e uma certa alegria despropositada, uma • certa crença em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas propício] "Admite-se sempre a necessidade de classificar as palavras, e a doutrina fornece nomes para essas classes ("verbos", "advérbios", "pronomes" etc). Além dessas classes, existem outras, que não são explicitamente reconhecidas como tais, mas que também recebem nomes: termos como "oração", "frase", "oração subordinada" se referem na verdade a classes de formas, ou a suas subclasses. E, como quaisquer outras classes, podem ser definidas pela sua distribuição sintática, sua estrutura interna, ou ( com as limitações que conhecemos) suas propriedades semânticas. No entanto, nem todas as classes são explicitadas. Vejamos o caso de uma classe extremamente freqüente e importante, mas que não é em geral reconhecida pela gramática tradicional (salvo em raríssimas exceções): a dos sintagmas nominais". Em seguida mostra que, mesmo apresentando grandes diferenças estruturais, elementos como: substantivo próprio - Júlio, Maria, Joaquim Santos, Brasil, França, Africa artigo + substantivo próprio - o Lula, a Petrobrás, o Brasil pronome + substantivo - esta terça-feira, meu avô, algum país artigo+substantivo+oração adjetiva - o país em que eu vivo; o livro que você leu; a escola em que você estuda têm comportamento sintático semelhante, isto é, são portadores de "traços sintáticos" comuns" ser sujeito de uma oração podem ser objeto direto podem vir precedidos de preposição e funcionar como adjunto adnorninal ou objeto indireto. Perini acrescenta: • No nosso contato com um texto, é importante perceber não só o assunto tratado, mas também come o texto é estruturado. Assim, podemos observar que essa descrição poética de um dia de chuva está organizada em cinco períodos: - no primeiro período temos a introdução do tempo, do tema e dos personagens: Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por Venância. - o segundo período se detém na descrição da chuva: Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada dessas brueguinhas regelantes que nunca vão embora e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras águas desde abril, chuvas mil. - no terceiro período aparece a justificativa para tanta chuva, fornecendo argumentos, a razão para o período anterior: E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote do céu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. -no quarto perído, de conotação negativa, temos a repercussão, os efeitos da chuva nas pessoas e na terra: Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluviões, das que levantam um cheiro de terra tão safado que muita gente fica perturbada, os comedores de barro não se agüentando e metendo os dentes até em telhas e cacos de moringa molhados. - e, finalmente, no quinto período, há uma espécie de corte introduzindo o aspecto positivo da chuva: Logo depois o tempo clareia de repente, o céu aparece com um azul muito levinho, o sol vai .esquentando sem ficar tão quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentação de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crença em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas propício. Analisando a construção deste trecho de João Ubaldo, vamos observar os diferentes tipos de constituição do sintagma nominal: 2.1 Constituintes do sintagma nominal o sintagma nominal apresenta um núcleo, que pode ser um substantivo, próprio ou comum; pode ser ainda um pronome substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo). "Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por Venância. No exemplo acima, cada núcleo de SN marcado em negrito é representado por substantivo próprio ou comum. No segundo período, encontramos que nunca vão embora, no terceiro, que as nuvens escolhem; nesses casos o núcleo é um pronome relativo. Já no quarto período, temos: bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluviões, das que levantam um cheiro de terra tão safado ... em que o núcleo é um pronome indefinido outra, um pronome demonstrativo as, ou pronome relativo que. Ne quinto período __o desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas -- encontramos núcleos representados por um substantivo comum jeito, por pronome relativo que e ainda o caso de dois núcleos terra / areia, dois substantivos comuns. Quando o núcleo for um pronome substantivo, este por si só representará o SN. Pode acontecer também o caso da ausência do SN, como em "Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha," nc segundo período. Dizemos que nesse caso o SN sujeito não se atualiza ou que sua posição não está lexicalmente preenchida. 7 Além do núcleo, o SN pode apresentar determinante{s), e/ou modificador{es). Os determinant antecedem o núcleo e os modificadores são antepostos ou pospostos. Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por Venância. Lavado mesmo, porque choveu até de manhãzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de verão, nada d ssas brueguinhas regelantes que nunca vão embora e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras águas desde abril, chuvas mil. E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote do céu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. Desde segunda- feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem alviões, das que levantam um cheiro de terra tão safado que muita gente fica perturbada, os comedores ( ... ) ...e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentação de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crença em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas propício. ~ -. I (, . Como podemos observar, as marcações em negrito indicam que artigo, numeral e pronome adjeti podem funcionar como. determinantes do núcleo e que alguns podem vir juntos, outros, nãc. Assim, e esta ilha, esta terça-feira, temos um único determinante, o pronome demonstrativo; já em uma ce alegria despropositada, uma certa crença, temos dois determinantes. Isto porque o artigo e o pronom demonstrativo se excluem, mas o mesmo não acontece entre os artigos e os pronomes indefinidos, ne entre artigos e numerais, como em: as primeiras águas; o mesmo se dá entre pronomes possessivos numerais e entre pronomes demonstrativos, possessivos e numerais. Dissemos que o SN pode ainda apresentar modificador ou modificadores. Retomando o text percebemos logo no início oSN Dia lavadíssimo, em que o núcleo Dia está sendo modificado p lavadíssimo. O mesmo vai acontecer em vários SN deste texto, isto é, vários núcleos serão "modificado. por adjetivos ou por locuções adjetivas; em certos casos, o modificador pode ser um advérbio ou locu - adverbial. Podemos então afirmar que o SN apresenta mais de uma possibilidade de estruturação, isto é, o S não é fixo, imutável. Ele é formado ora por determinante ( Det ) + núcleo ( N ) + modificador (Mod); ora p N + Mod; ora por Det+ Mod + N + Mod; ora por Det + N. Enfim, não há grande rigidez na sua formação: nr N ,,<-1.o os aguaceiros de verão \ Determinante + Núcleo + Modificador essas brueguinhas regelantes I as folhas com lustro I o ar limpíssimo ':....4)" r .M ~A ~c0v muitas novidades 'em cada canta ,) @ chuva grossa > Núcleo + Modificador ~ uma certa crença "> Det + Det + N '4 a terra~a areia assentadas c Det + N + Det +N + Mod -t ó. .,.. grande movimentação de bichos ~ Mod + N + Mod uma certa alegria despropositada -~ Det + Det + N + Mod Vamos ler o texto em que Jorge Amado descreve as roças de cacau: A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia. Os cacaueiros se fecham em folhas grandes que o sol amarelece. Os galhos se procuram e se abraçam no ar, parecem uma árvore subindo e descendo o morro, a sombra de topázio se sucedendo por centenas e centenas de metros. Tudo nas roças de cacau é em tonalidades amarelas, onde, por vezes, o verde rebenta violento. De um amarelo aloirado são as minúsculas formigas pixixicas que cobrem as folhas dos cacaueiros e destroem a praga que ameaça o fruto. De um amarelo desmaiado se vestem as flores e as folhas novas que o sol pontilha de amarelo queimado. Amarelos são os frutos precoces que pecaram ao calor demasiado. R Os frutos maduros lembram lâmpadas de oiro das catedrais antigas, fulgem com um brilho resplandecente aos raios do sol, que penetram a sombra das roças. Uma cobra amarela - uma papa- pinto - acalenta o sol na picada aberta pelos pés dos lavradores. E até a terra, barro que o verão transformou em poeira, tem um vago tom amarelo, que se prende e colore as pernas nuas dos negros e dos mulatos que trabalham na poda dos cacaueiros. Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que ilumina suavemente pequenos ângulos das roças. O sol que se filtra através das folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira, que sobem para os galhos e se perdem além, por cima das folhas mais altas. Os juparás, macacos plantadores de cacau, pulam de galho em galho, numa algazarra, sujando o oiro dos cacaueiros com o seu amarelo fosco e sujo. A papa-pinto desperta, estira seu dorso cor de gema de ovo, parece uma vara de metal que fosse.Jlexível. Seus olhos amarelos de cobiça fitam os macacos que passam, bando buliçoso e alegre. Caem gotas de sol através dos cacaueiros. Vão rebentar em raios no chão, quando batem nas roças de água lhe dão um colorido de rosa-chá. Como se houvesse uma chuva de topázio caindo do céu, virando pétalas de rosa-chá no chão de poeira ardente. Há todos os tons de amarelos na traqüilidade da manhã nas roças de cacau. E, quando corre uma leve brisa, todo aquele mar de amarelo se balança, as tonalidades se confundem, criam um amarelo novo, o amarelo das roças de cacau, ah! O mais belo do mundo! Um amarelo como só os grapiúnas vêem nos dias de verão do paradeiro. Não há palavras para descrevê- 10,não há imagem para compará-Io, um amarelo sem comparação, o amarelo das roças de cacau! (São Jorge de Ilhéus) Para descrever as roças de cacau, o autor se coloca em' íntimo contacto com a natureza, numa descrição afetiva, pessoal, atribuindo características humanas a seres inanimados, personificandc elementos da natureza: "De um amarelo demasiado se vestem as flores e as folhas novas ..." Encontramos também muitas imagens baseadas nos sentidos, principalmente impressões visuais: "Tudo nas roças de cacau é de tonalidades amarelas ..." O texto é extremamente rico em metáforas, que ajudam a construir a descrição, essencial ac desenvolvimento da narrativa . .Vamos agora examinar o sujeito da frase: Uma cobra amarela acalenta o sol. Neste sujeito, a palavra mais importante é cobra, o seu núcleo. As palavras uma e amarela limitam c sentido do núcleo cobra.j - seus-determiaantesj Quando construímos nossos textos, usamos esses elementos ~etefmil"lallte~ para limitar, como em uma cobra, ou para dar mais um sentido aos substantivo, como em cobra amarela. Assim, algumas palavras e expressões servem para limitar ou dar mais um sentido aos substantivos que acompanham: • Os cacaueiros se fecham em folhas grandes. • Quando corre uma leve brisa, aparece um amarelo novo. Na frase "O frutos maduros lembram Lâmpadas de ouro de catedrais antigas" , para descrever os substantivos frutos, cãtedrais~ lâmpadas, o autoi'empreçou adjetivos e locuções adjetivas: substàntivos -aajetivosllocuÇOe"s aA,;>~-h/ frutos maduros - catedrais antigas lâmpadas de ouro olhos amarelos ootas de sol Podemos concluir, portanto, que o texto é todo construído com elementos que vão caracterizando, descrevendo as roças de cacau. Além de adjetivos e locuções adjetivas, o autor usou também várias orações que têm o valor de um adjetivo: são as orações adjetivas. Elas se referem ao termo anterior e vêm sempre introduzidas por um pronome relativo: a :- ./ I -I S,'N ~ N 'rYvt-d - Amarelos são aqueles frutos precóces que pecaram ao calor demasiado.".J-- SN aqueles ~ frutos I ~ precoces t que pecaram ao calor demasiado I Nestas outras frases também se realiza esse processo de detalhamento do substantivo: • O sol que se filtra a ravésnas folhas desenha colunas no ar. • As cotunas ~a.s~ãe poeira gue sobem p~ra os galhos. • A "papa-pinto" gue parece uma vara de metal. :L Usamos as orações subordinadas adjetivas para ampliar o sentido dos nomes, Observe: Os juparás pulam de galho em galho. Os juparás, ue são macacos lantadores de cacau, pulam de galho em galho. ~:::9>-0 "')(){~'fv Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que ilumina suavemente pequenos ânqulos das rocas. ....r"'~ 10(' 4 O sol desenha no ar coluna amarelas de poeira , O sol que se filtra atrav .s 5 folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira. O sol que se filtra através das folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira que sobem para os qalhos e se perdem além. ç-cG = 2.2 O nome como núcleo funcional No nosso dia-a-dia, fazemos um uso muito freqüente de nomes, para dois tipos de função: a) identificar seres e objetos (substantivos); b) caracterizar, especificar, especializar seres e objetos (adjetivos); Substantivos e adjetivos fazem parte da ampla classe dos nomes. Existe uma diferença entre ele mas essa diferença só se evidencia funcionalmente, quando aparecem combinados no sintagma nomin , numa ordem linear, o substantivo funcionando como núcleo, e o adjetivo como modificador. Quan "'- isolados, nem sempre é possível uma distinção nítida entre substantivos e adjetivos, porque eles l' características mórficas semelhantes, isto é, flexionam-se para expressar as categorias de gênero á número. Percebemos que os substantivos podem ser modificados por adjetivos, elementos capazes precisar o seu sentido, e que esse processo constitui um mecanismo produtivo na língua, dada capacidade dos adjetivos de expandir a idéia básica definida pelos substantivos, Rios de Petrõpolis (Carlos Drummond de Andrade) A poluição faz rios coloridos. Não é tão feia assim. Como atração reproduz, em matizes escolhidos, as belas cores da televisão. Neste texto podemos observar a relação núcleo (termo determinado) e modificador (te determinante) de maneira muito clara. modificador núcleo (adjetivos) (substantivos) feia poluição belas cores núcleo modificador (substantivos) (adjetivos) rios coloridos matizes escolhidos o nome substantivo é, por excelência, o núcleo do sintagma nominal. Os pronomes pessoais têm, como uma de suas características básicas, a possibilidadede constituírem, sozinhos, um SN: Exemplo: Ele chegou atrasado. Outros pronomes podem também funcionar como núcleos de SN ou constituírem, sozinhos, um SN. Exemplos: Tudo era silêncio em Manarairema. "Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo." (Cecília Meireles) Qualquer vocábulo de outra classe, que ocupe a função de núcleo do sintagma nominal, será entendidc como um substantivo. Exemplos: "Viver é muito perigoso ... " (Guimarães Rosa) Recebi um sonoro não como resposta ao meu pedido. Os elementos determinantes do sintagma nominal são representados pelos artigos, pelos pronomes,) e pelos numerais. o engenheiro ( João Cabral de Mello Neto) A luz, o sol, o ar livre envolvem o sonho do engenheiro. O engenheiro sonha coisas claras: superfícies, tênis, um copo de água. O lápis, o esquadro, o papel; o desenho, o projeto, o número: o engenheiro pensa o mundo justo, mundo que nehum véu encobre. (Em certas tardes nós subíamos ao edifício. A cidade diária, como um jornal que todos liam, ganhava um pulmão de cimento e vidro). A água, o vento, a claridade, de um lado o rio, no alto as nuvens, situavam na natureza o edifício crescendo de suas forças simples. Esse poema focaliza a função do engenheiro, que é dar forma à matéria. O substantivo é a classe que indica a corporificação da matéria representada. Por isso, na construção do poema, o autor privilegiou a seqüência de substantivos (as palavras destacadas). Como podemos perceber, há inúmeros SN com seus núcleos substantivos, determinados por artigos e pronomes, como destacamos nos quadros abaixo: Sintagma nominal determinante núcleo a luz a (artigo luz o sol o (artigo sol o ar livre o (artiqo ar o engenheiro o (artigo engenheiro a água a (artigo água as nuvens as (artigo nuvens um jomal um (artigo jomal um copo d' água um (artigo copo nenhum véu nenhum (pronome) véu certas tardes certas (pronome) tardes suas forças simples suas (pronome) forças 11 Trecho de entrevista "s.. a sala, apesar de não. ser grande, dá dois ambientes perfeitamente separados. O primeiro ambiente da sala de estar tem um sofá de couro, uma forração verde, as almofadas verdes, ladeado com duas mesinhas de mármore, abajur, um quadro, reprodução de Van Gogh. Em frente tem uma mesinha de mármore e em frente a esta mesa e portanto defronte do sofá tem um estrado com almofadas areia, ot aparelho de som, um baú preto. À esquerda desse estrado tem uma televisão enorme, horrorosa, depois ~ tem em frente à televisão duas poltroninhas vermelhas, de jacarandá, e aí termina o primeiro ambiente <: Depois, então, no outro, no alargammto da sala tem uma mesa grande com seis cadeiras com um abajur em cima ... " (projeto NURC/RJ - entrevista sobre o tema Casa, infonnante do sexo feminino, com idade. entre 25 e 35 anos) . Sintagma nominal detenninantes núcleos dois ambientes dois ambientes o primeiro ambiente o, primeiro ambiente duas mesinhas de mármore duas mesinhas duas poltroninhas vermelhas duas poltroninhas seis cadeiras seis cadeiras • O nome adjetivo, do ponto de vista funcional, ocupa a posição de modificador do núcleo do sintagrt nominal. Em alguns casos, como nos exemplos destacados do Texto 4 (Rios de Petrópolis), a relação enta núcleo e modificador do sintagma nominal pode ser facilmente observada. Em outros, verifica-se uma fo _ semelhança entre o adjetivo e o substantivo, por isso é preciso recorrer ao critério funcional para percetl qual é o vocábulo determinado (substantivo) e qual é o vocábulo determinante (adjetivo). Oberve este frases: t-J n .../ O campeão da Copa de 94 foi o Brasil. O time campeão marcou muitos gols. N ~ • Quando dizemos 'O campeão da Copa de 94 foi o Brasil', a palavra campeão é o núcleo !iIi sintagma, a base, o centro da informação contida em o campeão da Copa de 94. Estamos falando m campeão. Quando dizemos 'O time campeão marcou muitos gols', o centro da informação contida • sintagma o time campeão é a palavra time. Estamos falando do time. No trabalho com a produção de textos, é importante mostrar a semelhança de função entre o adjetiji e a locução adjetiva, ambos modificadores do núcleo do sintagma nominal. A locução é formada por urm preposição mais um substantivo (sintagma preposicionado). No poema "O Engenheiro" temos: o sonho engenheiro, um pulmão de cimento e vidro, um copo de água . No texto retirado da entrevista tem" sofá de couro, mesinha de mármore, duas poltroninhas vermelhas de jacarandá. Na função de modificadores, os adjetivos e as locuçõe~setivas pode especificar, caracterizar ct expressar uma avaliação do falante sobre os substantivos. Pa \ es ecificar e racterizar os substantivct usamos, com maior freqüência, as locuções adjetivas; par valiar, são mais reqüentes os adjetiv simples. 1? ® caracterização ( ® avaliação ) bola de plástico de couro de meia santo de barro de madeira de gesso panela de barro de ferro de alumínio bola estragada velha nova bonita juiz educado honesto ladrão trabalhador É muito importante que o usuário perceba essas diferenças para aplicá-Ias na produção de sintaçmas mais complexos. 2.3 Processos de ampliação do sintagma nominal Os processos de ampliação do SN compreendem, além do acréscimo de adjetivos, as locuções adjetivas e as orações adjetivas. Para refletir um pouco mais sobre essa questão, vamos examinar esses trechos, publicados no Jomal do Brasil: "A história do brasileiro pobre que ficou rico fazendo gols, do garoto talentoso que virou ídolo intemacinal e do craque rebelde que virou herói nacional já não nos pertence mais, é do mundo." (trecho A) .- (JB, 18/7/94 - p.24) b)"As dúvidas e os atrasos estão levando o clube á falência." (trecho B) (JB, 11/12/93)_ / Enquanto no texto a os núcleos são especificados por adjetivos, os substantivos do texto b não apresentam um único adjetivo. Há, portanto, textos em que substantivos se bastam (texto b), enquanto em outros o centro da expressão é especificado, especializado, precisado, embelezado, caracterizado, enfim, por adjetivos. A adjetivação do substantivo pode se dar também por meio: I' T7 U J .o.. a) de uma locução (expressão): Enquanto houver um passe de calcanhar, um gol de placa, um drible de craque, valerá a pena torcer pelos campeões. do mundo. " b) de uma frase: / ( O público que lota os estádiOS vibra com os lances. O time que jogou contra o Brasil era muito bom. Veja outros exemplos: 1~ Aquele time europeu virou um verdadeiro balcão de negócios. O técnico da seleção brasileira não ouve os apelos gue a torcida faz. O jogador, que ontem se apresentou nas Laranjeiras, custou duas vezes o valor do passe. • Desde que assumiu a direção técnica do Milan, conquistando dois títulos de campeão italiano, foi o mais aplicado e bem sucedido adepto da marcação por zona. Seu prestígio continua intacto : além do convite para dirigir a seleção japonesa, nos últimos meses Telê recebeu convites de times de Roma e da Arábia Saudita. Em 94, pelo menos três seleções surpreenderam: Nigéria e Arábia Saudita, além dos Estados Unidos, que eliminaram a Colômbia, que foi apontada como uma das favoritas e que se revelou a grande decepção do torneio. O futebol alegre dos nigerianos é uma das atrações da Copa. Vimos que é através do acréscimo de adjetivos, locuções adjetivas e orações subordinadas adjetivas que se dá a expansão do substantivo - base, núcleo da expressão. Observe o texto abaixo: Bola Carijó (Décio Pignatari) Já estou começando a ficar encafitado com essa pelota malhada, com esse couro branco, pintalgado de preto ou preto, salpicado de branco, que os altíssimos mentores da FIFA oficializaram para o Mundial de 66. Embora corintiana também como eu, olho-a com suspeição e desconfiança a rolar enganosamente pelo gramado: bola-não-bola, branca-não-branca, preta-não-preta, branca-ou-preta, preta-ou-branca, branca-e-preta, preta-e-branca, prenca, branta. E cinza quando em alta rotação. Que diabo de nem-bola é essa afinal? Caleidoscópica, hipócrita, camuflada, mesmérica-bola-de- Tróia? . Nestacrônica, o autor descreve a bola de futebol que foi usada na Copa do Mundo de 66. A presença da adjetivação contribui para a ampliação dos núcleos substantivos (especificando, especializando, precisando, caracterizando, enfim): pelota malhada couro branco, pinta/gado de preto ou preto, salpicado de branco altissimos mentores da FIFA (bola) Caleidoscópica, hipócrita, camuflada (bola) corintiana Leia agora o texto "Os Tubarões" retirado de uma revista de divulgação científica: Os Tubarões Os tubarões são bichos interessantíssimos. Infelizmente, não são tão conhecidos pelo público, que acha que eles são assassinos cruéis e devoradores de homens. Os estudiosos acreditam que os primeiros tubarões surgiram há mais ou menos 300 milhões de anos. Isso é muito tempo. Os dinossauros surgiram há cerca de 220 milhões de anos e desapareceram há 65 milhões. Quer dizer, os tubarões apareceram bem antes deles e ainda continuam nadando por oceanos e mares do mundo. Os tubarões têm esqueleto feito de cartilagem e não de ossos. São parentes das arraias e das quimeras, que também têm esqueleto cartilaginoso. O maior tubarão do mundo é o tubarão-baleia, que pode medir até 18 metros de comprimento e só come peixes pequenos. Muito interessante é a gestação dos tubarões. Há algumas espécies, como o cação-gata, que botam um "ovo" na vegetação marinha. Dentro dele o filhote se desenvolve até o momento de romper a casca. Na maioria das outras espécies, o filhote passa toda a gestação dentro do útero materno. O olfato dos tubarões é tão desenvolvido que muitos pesquisadores os apelidaram de "narizes nadadores". Experiências comprovam que o tubarão consegue localizar, pelo cheiro, uma gota de sangue misturada em um milhão e meio de gotas de água, e isso a uma distância de 30 metros. Seria assim como pingar uma gota de sangue numa piscina olimpica. Uma coisa que quase ninguém fala é que os homens estão matando muitos tubarões. Hoje em dia já existem pesquisadores preocupados com este problema, porque os tubarões comem uma grande quantidade de animais marinhos, ajudando a manter o equilíbrio do ecossistema. Mas não é só por isso que devemos proteger os tubarões. Eles são também uma rica fonte de proteína animal, que é muito útil na medicina. (RevistaCiênciaHojedas Crianças) o texto explica, em uma linguagem acessível, como são os tubarões, seu processo de gestação, seu tempo de vida na terra, seus sentidos, principalmente o olfato. Apresenta ainda algumas razões para justificar a preocupação com a matança e a extinção dos tubarões, alertando para seu papel na manutenção do equilíbrio ecológico do ecossistema. Muitos sintagmas nominais foram empregados pelo autor para descrever os tubarões, os substantivos (núcleos) nomeando algumas partes do tubarão, os adjetivos (modificadores) fornecendo detalhes sobre essas partes do animal. substantivos adjetivos bichos interessantíssimos esqueleto cartilaqinoso olfato desenvolvido narizes nadadores proteína animal assassinos cruéis peixes pequenos piscina olímpica animais marinhos pesquisadores preocupados Além dos preposicionado) pessoa. adjetivos, podemos combinar uma preposiçao e um substantivo (sintagma quando queremos descrever as características de algum objeto, de algum animal ou locução adjetiva = preposição + substantivo substantivo adjetivo locução adjetiva proteína animal dos animais bichos interessantíssimos de muito interesse esqueleto cartilaainoso de cartilaaem útero materno da mãe pesquisadores preocupados com preocupação animais marinhos do mar Veja outros exemplos de locuções adjetivas no texto: substantivo adjetivo mares do mundo oceanos do mundo gestação dos tubarões olfato dos tubarões gota de sangue gota de áoua equilíbrio do ecossistema fonte de proteína Existe uma outra maneira de incluir informações novas em nossos textos, além do uso de adjetivos e locuções adjetivas: os adjetivos podem ser substituídos por orações completas, orações subordinadas adjetivas. Isso é muito comum tanto na nossa linguagem do dia-a-dia quanto na linguagem formal escrita: 1" Essa combinação das duas frases só foi possível porque usamos o pronome relativo que. função de substituir o vocábulo repetido, quando uma frase se encaixa na outra. O tubarão-baleia pode medir até 18 metros de comprimento. + O t~eia só come peixes pequenos i Ele tem ILo=--ra~p--,a--,z_é_m_e_u_a--,m_i-",gL.O1 + I o rapaz subiu no ônibus o rapaz que subiu no ônibus é meu amigo _ld' t·oraçao a je rva QUE = O tubarão-baleia, que só come peixes pequenos, pode medir até 18 metros de comprimento. ou O tubarão-baleia só come peixes pequenos. + O~Ieia pode medir até 18 metros de comprimento. QU; = O tubarão-baleia, que pode medir até 18 metros de comprimento, só come peixes pequenos. 2. 4 Funções do sintagma nominal Retomando o trecho extraído do romance Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, vam agora avançar um pouco mais no nosso estudo do SN: considerar a possibilidade que ele tem de exer diversas funções sintáticas. Consideremos o quinto período em que há uma espécie de corte introduzindo o aspecto positivo chuva: ~ Logo depois o tempo clareia de repente, o céu aparece com um azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar tão quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpíssimo, muitas novidades em cada '"' canto, grande movimentação de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crença em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo não é indiferente, mas propício. o assunto aqui gira em tomo do universo - tempo, céu, sol, dia e exatamente esses são os núcleos dos SN na função de sujeito. Vejamos: o tempo o céu o sol o dia o universo clareia de repente aparece com um azul muito levinho, vai esquentando nasce desse jeito lavado não é indiferente, mas propício o SN na função de predicador vai aparecer no terceiro período: E esta ilha, já diziam os antigos, é verdadeiramente o bispote do céu, por assim falar, um ponto que as ""'- nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. No primeiro período, em que temos a introdução do tempo, do tema e dos personagens, vamos encontrar o SN na função de objeto direto: 1~ Dia lavadíssimo, esta terça-feira, véspera de Santo Antônio, em que Perilo Ambrósio estuprou a negra Daê, mais chamada por Venãncia. Também o segundo período, que se detém na descrição da. chuva, vai apresentar o SN na função de objeto direto: ... essas brueguinhas regelantes (...) ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, Portanto, o SN pode ser sujeito, objeto direto, predicativo, aposto, ou seja, TODAS AS FUNÇÕES EXERCIDAS PELO NOME SUBSTANTIVO Além disso, é preciso considerar as orações subordinadas substantivas, que são verdadeiros SN formados pelas conjunções integrantes que ou se + oração. Nesse caso, essas orações exercem, no período composto, as mesmas funções que o SN no período simples. 17 r 3. o SINTAGMA VERBAL Sintagma verbal (SV) é o conjunto- de elementos que se organizam em torno de um verbo. O SN e o SV são os elementos básicos, obrigatórios de uma oração. Enquanto o SN, como vimo' pode desempenhar funções diferentes (sujeito, objeto direto, objeto indireto, por exemplo) o st desempenha sempre a função de predicado. Meninos carvoeiros (Manuel Bandeira) Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade. --Eh, carvoero! E vão tocando os animais com Um relho enorme. Os burros são magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvão de lenha. A aniagem é toda remendada. Os carvões caem. (Pela boca da noite vem uma velhina que os recolhe, dobrando-se com um gemido.) -Eh, carvoero! Só mesmo estas crianças raquíticas Vão bem com estes burrinhos descadeirados. A madrugada ingênua parece feita para eles ... Pequenina, ingênua miséria! Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis! --Eh, carvoero! Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado, Encarapitados nas alimárias,Apostando corrida, Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados! Este poema, que faz parte do livro "Ritmo dissoluto", escrito em 1924, se caracteriza pelo emprego versos livres, isto é, versos em que o autor não se prende a um número pré-estabelecido de sílabas, a u esquema conhecido. Estão presentes no poema as cenas do cotidiano, descritas em uma linguage I simples e acessível. Manuel Bandeira, nesses versos livres, está mais próximo do ritmo da pros evidenciando o caráter afetivo da linguagem. As orações que compõem os versos do poema, sobretudo as da primeira estrofe, são orações curta em que os elementos constituintes, o SN e o SV, podem ser identificados com facilidade. Sintagma nominal Sintagma verbal Os meninos carvoeiros passam a caminho da cidade. (Os meninos carvoeiros) vão tocando os animais com um relho enorme. Os burros são magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvão de lenha. A aniagem é toda remendada .. Os carvões caem. Uma velhinha vem pela boca da noite. Estas crianças raquíticas vão bem com estes burrinhos descadeirados. A rnadruqada inqênua parece feita para eles. 1A Como podemos ver, os sintagmas verbais podem apresentar diferentes constituições. Podem t somente a forma verbal, como em Os carvões caem. ou serem formados de verbos combinados com outros elementos, como em leva + seis sacos de carvões de lenha vão tocando + os animais com um relho enorme vem + pela boca da noite passam + a caminho da cidade A presença ou não de outros termos no SV, termos que completam ou modificam o sentido do verbo, vai depender do tipo de verbo que ocorrer. A estas diferentes possibilidades de se constituir o sintaqrna verbal, em função do verbo, damos o nome de predicação verbal. 3.1 Constituintes do sintagma verbal Como dissemos, a presença do verbo é o que caracteriza o sintagma verbal. Além do verbo, outros termos podem fazer parte do SV, dependendo do verbo que funciona como núcleo. Esses outros elementos são, por sua vez, sintagmas - nominais ou preposicionados. Esses sintagmas desempenham diferentes funções no SV: complementos diretos, indiretos, ajuntos adverbiais, agentes da passiva ... o anjo das pernas tortas (Vinícius de Moraes) A um passe de Didi, Garrincha avança Colado o couro aos pés, o olhar atento Dribla um, dribla dois, depois descansa Como a medir o lance do momento. Vem-lhe o pressentimento; ele se lança Mais rápido que o próprio pensamento Dribla mais um, mais dois; a bola trança Feliz, entre seus pés _..:-um pé-de-vento) Num só transporte a multidão contrita Em ato de morte se levanta e grita Seu uníssono canto de esperança. Garrincha, o anjo, escuta e atende: --- Gooooool! É pura imagem: um G que chuta um O Dentro da meta, um L. E pura dança! o poema conta um pouco da arte de Garrincha, lendário jogador de futebol brasileiro. Nele encontramos verbos que exigem a presença de sintagmas nominais para completarem seu sentido. Garrincha dribla um jogador Garrincha mede o lance Garrincha faz um gol A multidão grita um canto de esperança Garrincha escuta o grito driblar 1--1 quem? = um jogador 1 medir 1-.1 o quê? = o lance 1 escutar I~ 1 o quê?= o grito 1 1 11 fazer I~ o quê? = um gol 1Q r Todos os termos que serviram para responder as perguntas quem?, o quê? vieram acrescentar uma informação aos verbos driblar, medir, escutar, fazer, gritar, completando o sentido do verbo. Repare ainda que todos esses complementos ligaram-se diretamente ao verbo, isto é, não foi usada nenhuma preposição entre o verbo e seu complemento. São sintagmas nominais que funcionam como objeto direto. E o verbo é transitivo direto.a::~::.oema ro::::::U:v:ã:ç:Xigem qualquersintagmapara completarseu sentido Idescansar Garrincha descansa. gritar A multidão grita. Dizemos que os verbos que não precisam de nenhuma espécie de complemento são os verbos intransitivos. A televisão (Chico Buarquede Holanda) o homem da rua Fica só por teimosia Não encontra companhia Mas pra casa não vai não Em casa a roda Já mudou, qua a roda muda A roda é triste a roda é muda Em volta lá da televisão No céu a lua Surge grande e muito prosa Dá uma volta graciosa Pra chamar as atenções O homem da rua Que da lua está distante Por ser nego bem falante Fala só com seus botões O homem da rua Com seu tamborim calado Já pode esperar sentado Sua escola não vem não A sua gente Está aprendendo humildemente Um batuque diferente Que vem lá da televisão No céu a lua Que não estava no programa Cheia e nua, chega e chama Pra mostrar evoluções O homem da rua Não percebe o seu chamego E por falta doutro nego Samba só com seus botões Os namorados Já dispensam o seu namoro Quem quer riso, quem quer choro Não faz mais esforço não E a própria vida Ainda vai sentar sentida Vendo a vida mais vivida Que vem lá da televisão O homem da rua Por ser nego conformado Deixa a lua ali de lado E vai ligar os seus botões No céu a lua Encabulada e já minguando Numa nuvem se ocultando Vai de volta pros sertões. ')(\ Nesta letra de música, Chico Buarque critica o enorme espaço que a televisão vem ocupando, cada vez mais, na vida das pessoas. As conversas, o namoro, a dança, atividades que pressupõem mais de uma pessoa, são substituídas pela tela da televisão, numa atividade isolada e solitária. Encontramos no texto inúmeras formas verbais. Elas podem ser agrupadas, de acordo com o tipo de sintaqrna com que se combinam. Grupo 1 : verbos que têm seu sentido complementado por sintagmas nominais. --- •• I oquê?I encontrar o homem da rua não encontra companhia. I ligar I o quê? o homem da rua vai ligar os seus botões. I perceber I o quê? o homem da rua não percebe o seu chamego . Grupo 2 : verbos que têm seu nominais e preposicionados. 1 ~ I-Oq-Uê?- ganhar I ---~. ===============----.1. r- • de quem? A garota ganhou um livro de seu padrinho sentido complementado por dois tipos de sinagmas: r I o quê? 1 vendeu para quem? o comerciante vendeu . muitas bandeiras do Brasil para os torcedores Grupo 3: verbos que têm seu sentido complementado por preposicionados. I falar ----.. I com quem? o homem da rua fala com seu botões. ---.. 1 pelo quê? Estamos todos ansiando por um Brasil mais justo. ansiar Grupo 4 : verbos que não precisam de complemento. chegar A lua, encabulada, chega. dormir o bebê fechou os olhos e dormiu. gemer o acidentado não parava de gemer. ')1 3.2 Processos de ampliação do sintagma verbal Além dos sintagmas que servem como complementos dos verbos (objetos diretos e indiretos ), h' também inúmeros sintaqmas que expressam as circunstâncias da ação: onde?, quando?, por quê? como?, com quem? Essas informações sobre as circunstâncias da ação verbal são expressas por advérbios, por expressões adverbiais, ou por orações adverbiais. cair quando? o jogador caiu antes do ténnino do primeiro tempo. onde? o jogador caiu na porta do gol. o jogador caiu rapidamente.como? Antes do término do primeiro tempo, o jogador caiu, rapidamente, na porta do gol. chorou quando? Garrincha chorou ao final do jogo. onde? Garrinha chorou nos vestiários. Garrincha chorou de dor.porquê? Ao final do jogo, Garrincha chorou de dor nos vestiários. brilhar viver sair onde? As gotas de água brilham à luz do sol. como? As gotas de água brilham intensamente. As gotas brilham por causa do sol.por quê? onde? As plantas carnívoras vivem em locais úmidos. como? As plantas carnívoras vivem constantemente '------' com fome. quando? João saiu às dez horas. onde? João saiu de casa. como? João saiu com pressa. ')') As praias e as ondas Praia não serve apenas para tomar banho de mar. Serve também de defesa para os terrenos do continente, continuamente atacados pelo mar. Embora não reparemos nisso, os grãos de areia estão sempre em movimento, levados de um lado para outro pelas ondas. Mas enquanto as ondas fazem isso, elas deixam de destruir casas, avenidas, jardins que ficam logo depois da faixa de areia. Deve haver, portanto, espaço suficiente para as ondas se esparramarem sem alcançaras construções. Durante as ressacas, ou tempestades do mar, as ondas sobem mais do que o habitual e acabam carregando mais areia do que quando o mar está fraquinho. Essa areia toda é levada da parte alta da praia para dentro do mar, sendo depositada ao largo da zona de arrebentação. Passada a tempestade, voltam as ondas características de tempo bom e o nível médio do mar desce. A areia passa a ser depositada na parte alta da praia, recompondo sua forma original. As ondas são capazes também de levar os grãos de areia de um lado para o outro, ao longo do comprimento da praia. Na verdade, quando um banco de areia cresce quase a olhos vistos, ou quando uma mancha de óleo passa pela embocadura de um rio, ou ainda quando sai de uma lagoa um cheiro forte e desagradável, estam os diante de diversos processos que resultam tanto da ação da própria natureza - tamanho das ondas, nível do mar, correntes marinhas, tipo de sedimentos etc. - quanto da ação do homem. Deve haver um equilíbrio entre a capacidade que as ondas têm de transportar areia e a quantidade de grãos disponíveis para serem transportados. Se alguma coisa interferir nesse processo, pode haver desequilíbrio, isto é, erosão ( falta de areia) ou assoreamento ( sobra de areia). (Revista Ciência Hoje) o texto acima faz uma análise da ação das ondas do mar. Explica por que a praia é considerada uma defesa para os terrenos no litoral de uma região, informa como é que as ondas atuam sobre a areia das praias. Além disso, apresenta as etapas do processo de erosão. Uma característica interessante do texto é forma como foram usados os vocábulos, de acordo com suas semelhanças de sentido. Observe os grupos abaixo: mar mar, onda, corrente marinha, praia, arrebentação, rio, lagoa banho de mar, ressacas, terra terrenos, continente, sedimentos, casas, construções, banco de areia, grãos de areia avenidas, jardins, Quando damos uma explicação científica sobre algum fenômeno da natureza ou sobre o funcionamento do nosso corpo, por exemplo, precisamos fornecer algumas informações essenciais para que todos possam entender os detalhes da nossa explicação: onde acontece? quando acontece? como acontece? por que acontece? . para que acontece? Na nossa língua, essas informações podem ser expressas por advérbios, expressões adverbiais ou orações adverbiais. Os advérbios informam o lugar, a época, o modo, a causa dos acontecimentos. As expressões,adverbiais e as orações adverbiais são sintagmas que têm a mesma função dos advérbios nas frases. A única diferença é que as orações adverbiais contêm um verbo e permitem passar uma informação mais completa e detalhada. Estas são algumas orações adverbiais que aparecem no texto. Repare como ajudam a explicar o funcionamento das ondas: elas deixam de destruir casas e avenidas enquanto as ondas fazem isso, i tempo quando um banco de areia cresce a olhos vistos, quando uma mancha de óleo passa pela estamos diante de diversos embocadura de um rio, processos que resultam da ação quando sai de uma lagoa um cheiro forte e da natureza e do homem. desagradável, Jtempo praia não serve apenas para tomar banho de mar ~ finalidade deve haver espaço suficiente para as ondas se esparramarem ~ finalidade ""s""e_-=a:..:.lg;a.;:;:u.:..:m..:..:a"----=c..:::;o..:..:is;.;:a"--....:..:.in.:..:t;.:::e.:.;rf:..;:e:..:.r.:..:ir_-'n~e:.;s:.;s=.=.epode haver deseq uilíbrio processo I • condição contradição embora não reparemos nisso + os grãos de areia estão sempre em movimento Além das circunstâncias expressas nas orações anteriores - o tempo, a finalidade, as condições e as contradições - podemos também expressar as causas e as conseqüências: os grãos de areia se movimentam constantemente ondas do mar 4- causa porque são impulsionados pelas água mole em pedra dura tanto bate 4- conseqüência até que fura As três mortes das estrelas As estrelas parecem ser eternas mas não são. Elas nascem, vivem e morrem. Até mesmo o Sol, que é uma estrela ( e não das maiores), um dia também vai acabar. Um dia, daqui a dez milhões de anos ... Com telescópios poderosos e a ajuda de observatórios espaciais, os astrônomos conseguem ver as transformações das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o céu, uma parte das estrelas que vemos já morreram há muito tempo. A sua -'"""\ .-'JLt. .-.. •---• distância de nós era tâo grande que, quando a luz que emitiram chega até aqui, elas mesmas já não existem. As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gás começa a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem começam, então, a cair em direção ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milhão de anos, o que não é muito tempo quando se fala em estrelas. Depois disso, a parte interna da nuvem fica tão quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fábrica de luz, composta principalmente de hidrogênio, responsável pela produção de energia. Começa aí a parte mais longa da vida da estrela. É um período que pode durar muitos bilhões de anos. Depois desse tempo, o combustível acaba e a estrela começa a 'morrer'. Ela ainda pode usar outros combustíveis, como o hélio, aquele gás que faz os balões ficarem bem leves. Mas isso só aumenta um pouquinho a vida das estrelas. As estrelas não 'morrem' todas do mesmo jeito, nem a duração da 'vida' é a mesma para todas elas. As maiores e mais pesadas gastam mais rapidamente seu combustível e por isso duram muito menos, apenas alguns milhões de anos. 'Desligado o reator' ( quando acaba o hidrogênio), a estrela não consegue suportar mais o peso das camadas que estão perto do centro. Essas camadas começam a desabar sobre o centro, aumentando a temperatura e empurrando para fora as camadas externas da estrela, que fica inchada e menos quente na superfície. Se a estrela for das mais 'magrinhas', como o Sol, ela começa a tremer, até expulsar de uma só vez a sua camada externa, que se espalha pelo espaço. A parte interna vai ficando cada vez menor e mais fria, virando uma espécie de cinza de estrelas. Se a estrela for mais 'gordinha', oito vezes mais pesada que o Sol, sua morte é mais violenta e espetacular. Ela também começa a tremer, mas a matéria é tanta que a queda sobre o núcleo é muito violenta. A estrela pode até acabar explodindo, formando uma supernova. Se a estrela for muito maior, trinta vezes mais pesada que o Sol, quando acaba o combustível as partes externas caem sobre o núcleo de uma forma violentíssima. A atração é t2 grande, que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Como a luz não escapa, esse corpo escuro. Por isso recebe o nome de buraco negro. (Versão resumida de texto de Walter Junqueira Maciel, Revista Ciência Hoje das Crianças, n° 20) - O texto explica, de uma maneira muito interessante, como 'nascem' e 'morrem' as estrelas. Ele faz comparações entre as estrelas e coisas das quais ouvimos falar em nosso dia-a-dia, como um reator nuclear, um balão de gás. De forma bastante acessível, o autor procura nos familiarizar com fatos que, apesar de estarem presentes na nossa vida, são, muitas vezes, ignorados por nós. Essa explicação científica sobre o nascimento e a morte das estrelas foi acompanhada de informações relevantes para entendermos o conteúdo do texto. A respeito do fato, temos os seguintes dados relativos ao local, ao tempo, ao modo, à causa e à finalidade. Como sabemos, essas informações podem ser expressas por advérbios, expressões adverbiais ou orações adverbiais. As orações adverbiais que aparecem no texto contribuíram para ajudar a explicar o nascimento e a morte das estrelas: quando olhamoipara o céu, tem o uma parte das estrelas já morreram há muito tempo quando uma enorme nuvem de gás começa a se as estrelas nascem concentrar tem o esse corpo é escurocomo a luz não escapa•causa enorme reatora parte interna da nuvem fica tão quente que se nuclear conse üência ela começa a tremerse a estrela for das mais magrinhas d!;;con I\-CIO a matéria da estrelaé muito pesada a matéria da estrela é tão pesada + que a sua morte.é muito violenta. a morte da estrela é muito violenta conseqüência a atração em direção ao núcleo é muito a atração em direção ao núcleo é tão grande grande + que nem mesmt a luz consegue escapar.a luz não consegue escapar conseqüência No desenvolvimento do texto, é extremamente importante relacionar e encadear as idéias de maneira inteligível para o leitor. Podemos estabelecer relações de oposição, causa, contradição, conclusão, condição, fim. Para exemplificar essas correlações, vamos combinar as idéias: "conseguir emprego" e "morrer de fome": • causa - No Brasil, muitos homens morrem de fome porque não conseguem um emprego. • finalidade - No Brasil, os homens deveriam ter emprego para que não morressem de fome. • conseqüência - No Brasil, muitos homens ficam tanto tempo desempregados que terminam morrendo de fome. • condição - Se os homens tivessem sempre emprego, não morreriam de fome. Veja as relações entre as idéias: "tomar uma decisão" e "conhecer todas as possibilidades" • finalidade - Para tomar uma decisão, é preciso conhecer todas as possibilidades. • condição - Se não conhecermos todas as possibilidades, não poderemos tomar uma decisão. • causa - É preciso conhecer todas as possibilidades, porque temos de tomar uma decisão. Essas relações estão sempre presentes quando falamos e quando escevemos. Na fala, muitas vezes não é preciso utilizar as conjunções, porque o nosso interlocutor pode perceber isto, segundo a situação. Mas, quando estamos escrevendo um texto, uma carta ou um requerimento, por exemplo, precisamos ser bem claros para sermos corretamente entendidos. Resumindo: a. relação de causa I efeito: expressa pelas conjunções porque, pois, como, visto que, já que, uma vez que, por causa de, por, em conseqüência de, por motivo de, devido a, em virtude de ex: O nazismo foi responsável por um dos regimes mais bárbaros já vistos porque se apoiou na idéia que existem homens superiores e homens inferiores. b. relação de condição: expressa pelas conjunções se, caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. Ao expressar a condição, existe uma exigência de que os tempos verbais das duas orações se relacionem: ex: Se tudo isso que foi previsto pela cartomantes se realizasse (imperfeito do subjuntivo) de fato, o mundo já teria (futuro do pretérito do indicativo) acabado algumas centenas de vezes. c. relação de finalidade: expressa pelas conjunções para, a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o objetivo de ex: É preciso enviar a carta o mais cedo possível, para que se possa ter certeza de que ela chegará no prazo previsto. d. relação de conseqüência: expressa pelas conjunções tanto ...que, tão ... quanto ex: Mandei tantas cartas para o concurso, que minhas chances de ganhar são muitas. e. relação de oposição: expressa pelas conjunções embora, apesar de ex: O computador não está funcionando, apesar de ter acabado de chegar do conserto. Como se conjuga um empresário Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou- se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou- se. Mexeu. Gemeu. Fungou. Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou- se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se ... Mino Neste texto, o autor mostra o dia-a-dia de um empresário, utilizando uma seqüência ordenada de verbos: acordou, levantou ... Uma pequena história é contada, e através dela podemos descobrir as alegrias e tristezas de uma pessoa, envolvida nas diferentes situações cotidianas. . A ocorrência de todos os verbos no pretérito perfeito do indicativo dá um certo caráter narrativo ao texto, como se fosse uma seqüência de ações em um dia de trabalho já concluído. Dessa forma, a presença de elementos coesores ( conectivos e advérbios) pode ser dispensada. No texto, não aparecem substantivos, adjetivos, artigos, pronomes, preposições, conjunções. Só aparecem verbos. Entretanto, a coerência é depreendida da seqüência ordenada dos verbos com os quais o autor mostra o dia-a-dia de um empresário. Verbos como lesou, burlou, explorou, safou-se ... transmitem um julgamento de valor do autor do texto em relação à figura de um empresário. Os verbos do texto podem ser arrumados em grupos, de acordo com as atividades descritas. 1. ações cotidianas - ao sair de casa preparação Alimentação gestos sociais locomoção do corpo para sair acordou Lanchou abraçou saiu levantou beijou entrou aprontou-se cumprimentou cheQou 2. ações profissionais atos profissionais atos de poder atos ilegais leu Orientou vendeu despachou Controlou ganhou examinou Advertiu lucrou ')7 lavou-se, barbeou-se, enxugou-se, perfumou-se, escovou 3. ações cotidianas - notumas ações amorosas Ações físicas. insônia dificuldades bolinou Saiu apanhou lamentou beijou Chegou rasgou justificou-se convidou Despiu-se bebeu negou abraçou Deitou-se engoliu lamentou Se você prestar bastante atenção nos grupos de verbos que aparecem no texto, poderá constatar que eles foram reunidos de acordo com suas semelhanças de sentido. Observe: cuidados higiênicos com o corpo operações financeiras Vendeu, comprou, depositou, sacou, ato de dormir deitou-se, relaxou-se, dormiu, roncou, sonhou, acordou, despertou, levantou Transitividade - Caráter dos nomes e verbos que exigem algo para Ihes integrar o sentido. É o que ocorre com os verbos transitivos. Também substantivos, adjetivos e advérbios podem exigir complemento: necessidade de, necessário a. referente a, etc. A transitividade admite graus, indo do zero (intransitividade) à necessidade absoluta: Pedro dançava. Maria dançava uma valsa. Ela é útil ao pai. Tem precisão de assistência. (Zélio dos Santos Jota - Dicionário de Lingüística) Podemos fazer o inverso do autor do texto. Vamos ampliar as frases, anexando sintagmas que complementem o sentido dos verbos. Para fazer isso de maneira organizada, você precisará, inicialmente, separar os verbos em grupos, dependendo do tipo de sintagma que será utilizado. Podemos ampliar frases que tenham os seguintes verbos: Grupo 1 : verbos que têm seu sentido complementado por sintagmas sem o auxílio de uma preposição. O empresário sacou o dinheiro. O empresário cumprimentou a secretária. Grupo 2 : verbos que têm seu sentido complementado por sintagmas nominais ou preposicionados. O empresário ganhou muito dinheiro dos seu sócios. O empresário vendeu ações às pessoas interessadas. Grupo 3: verbos que têm seu sentido complementado sintagmas preposicionados. A secretária telefonou ao empresário. O empresário anseia por lucros cada vez maiores. O empresário associou-se a pessoas desonestas. Grupo 4 : verbos que não precisam de complemento. O empresário acordou cedo. Depois de pronto, ele saiu Chegando em casa, dormiu. 4. Indicações bibliográficas AZEREDO, J.Carlos. Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990. BENVENISTE, E. Problemas de lingüística geral. Campinas, Pontes,1989. CAMARA, Jr., J. Mattoso. 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