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- Aula Leach

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Sistemas políticos da Alta Brimania (1954) 
Edmund Leach 
Edmund Leach 
¤  1910-1989 
¤  Nasceu em Devon, na Inglaterra 
¤  Formou-se em engenharia (1932) e foi trabalhar na 
China. Na volta para passou pela Tailândia, onde 
realizou um estudo etnográfico entre o Yami. 
¤  Foi apresentado a Malinowsky e foi treinado por ele 
¤  1939 – quando estourou a Guerra, foi trabalhar nas 
Colinas Kashin. Se alistou no exército birmanes, atingindo 
o posto de Major. 
Birmânia / Myanmar 
¤  O Myanmar tornou-se 
independente do Reino 
Unido em 4 de janeiro de 1948 
¤  Em 18 de junho de 1989, 
o regime militar birmanês 
anunciou que o nome oficial 
do país passaria a ser União de 
Myanmar. A nova designação 
foi reconhecida pelas Nações 
Unidas e pela União Europeia, 
mas não pelos governos 
dos Estados Unidos e Reino 
Unido 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  População Chan e Kashin do Nordeste da Brimânia 
¤  Região das Colinas do Kachin 
¤  Chans ocupam os vales ribeirinhos onde cultivam arroz 
em campos irrigados 
¤  Kashins ocupam as colinas (técnicas de cultivo 
intinerantes) 
¤  Vizinhos próximos bastante associados nas questões 
comuns da vida 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  Como ajustar kachins e chans em “categorias” raciais, 
culturais e étnicas diferentes, mesmo em termos linguísticos? 
¤  Como diferenciar kachins entre si? 
¤  Existe uma cultura essencial? 
¤  Até que ponto se pode afirmar que existe um único tipo de 
estrutura social que prevalece ao longo da região Kachin? 
¤  A categoria vaga kachin inclui muitas formas diferentes de 
organização social 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  Crítica a ideia de estrutura social de Radcliffe-Brown 
¤  Nenhuma sociedade está em equilíbrio total; 
¤  Estruturas são modelos que existem apenas na forma de 
construções lógicas 
¤  Como juntar a abstração com o trabalho empírico de 
campo? 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  Crítica a ideia de estrutura social de Radcliffe-Brown 
¤  Diferentes modalidades de grupos políticos – duplo 
pertencimento; 
¤  As sociedades não são isoladas e totalmente autônomas 
politicamente, economicamente, ou culturalmente (nativos 
incorporados a entidades nacionais mais abrangentes; 
articulados ao fenômeno da presença de uma 
administração colonial). 
¤  Visão sustentava perspectiva da manutenção dos impérios 
coloniais, uma vez que estivessem estabilizados. 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  Como descrever, por meio de categorias sociológicas 
comuns, sociedade que não estão em equilíbrio 
estável? 
Sistemas políticos da Alta Birmânia 
¤  Leach: Estruturalismo dinâmico 
¤  instabilidade relativa dos equilíbrios sociopolíticos 
¤  Análise da distribuição de poder entre as pessoas e os 
grupos de pessoas. 
Estrutura social 
¤  Quando a estrutura social se expressa sob a forma 
cultural, a representação é imprecisa 
¤  Situações práticas X modelo abstrato do sociólogo 
¤  Estrutura social (na prática) = conjunto de ideias sobre a 
distribuição do poder entre pessoas e grupos de pessoas 
¤  Os indivíduos são contraditórios (e expressam a sua 
forma cultural no ritual) 
Estrutura social 
¤  Toda sociedade real é um processo no tempo. 
¤  Existem duas formas de mudança social: 
¤  Mudanças coerentes com uma ordem formal existente 
¤  Mudanças que refletem modificações na estrutura formal 
¤  Sistema de linhagem igualitário para sistema de 
hierarquia ordenada do tipo feudal 
Estrutura social 
¤  Toda sociedade real é um processo no tempo. 
¤  Mudanças coerentes com uma ordem formal existente 
¤  Mudanças que refletem modificações na estrutura formal 
Mudanças da 
estrutura social 
Unidades Sociais 
¤  Como definir uma “sociedade”? 
¤  Uma unidade política autônoma 
¤  Unidades políticas na região das Colinas do kachin 
¤  Aldeias 
¤  Estado Chan de Hsenwi (49 subestados, 100 aldeias) 
Unidades Sociais 
¤  Sistemas políticos são diferentes em escala e em seus 
princípios formais de organização 
¤  Mudanças rápidas e violentas na distribuição global do 
poder político na Região dos Kachin 
¤  Partes maiores se fragmentam e partes menores se juntam – 
parte de um processo de continuidade estrutural – processo 
que envolve mudança estrutural 
Unidades Sociais 
¤  Críticas as influências de Durkheim 
¤  Sociedades apresentam sintomas de “integração 
funcional”, “solidariedade social”, “uniformidade cultural”, 
“equilíbrio estrutural”. 
¤  Sociedade com faccionalismo e conflito suspeitas de 
“anomia”, “decadência patológica”. 
Unidades Sociais 
¤  Interpretações de equilíbrio = natureza dos materiais do 
antropólogo e condições de execução do trabalho 
¤  Sociedades estudadas fora do espaço e do tempo 
¤  As sociedades são o que são para todo o sempre 
Sistemas de modelo 
¤  Sistema social = modelo de sistema social 
¤  Hipótese sobre como ele opera 
¤  Na realidade encontramos incongruências => 
compreensão dos processos de mudança social 
Sistemas de modelo 
¤  Região das Colinas do Kachin 
¤  Indivíduos detém uma condição social em sistemas 
diferentes 
¤  Alternativas / incongruências no esquema de valores 
¤  Processo de mudança = manipulação dessas alternativas 
como forma de progresso social 
¤  A estrutura se modifica quando vários indivíduos mudam de 
posição 
Sistemas de modelo 
¤  Chan 
¤  Habitam o vale 
¤  São budistas 
¤  Cultivam arroz irrigado 
¤  Organizam-se em estado feudais (mong), com príncipes 
hereditários (saohpa) = Hierarquia feudal 
¤  Sistema de classes estratificadas: aristocratas, plebeus e 
casta inferior 
Sistemas de modelo 
¤  Kachin 
¤  Povos não budistas 
¤  Habitam a região das colinas 
¤  Subdividem-se em gumlao e gumsa 
 
Sistemas de modelo 
¤  Kachin gumlao 
¤  Organização democrático e igualitário; 
¤  Republicanismo anárquico; 
¤  Ausência de classes ou chefes; 
¤  Aldeias: entidades política. 
 
Sistemas de modelo 
¤  Kachin gumsa 
¤  Organização aristocrática; 
¤  Estado feudal; 
¤  Chefe: príncipe aristocrático que recebe o título de Zan ; 
¤  Mung: entidades política. 
 
Sistemas de modelo 
¤  Uma espécie de um compromisso entre o ideal gumlao e chan; 
¤  Um terceiro modelo estático entre eles, embora as comunidades 
não sejam estáticas; 
¤  Modelo contraditório, instável; 
¤  Só inteligível pelo contraste com as outras categorias. 
Chan 
Kachim 
gumlao gumsa 
Sistemas de modelo 
¤  Kachin pode assumir nomes e títulos de um príncipe chan e, ao 
mesmo tempo, apelar para princípios gumlao de igualdade 
para fugir da obrigação de pagar direitos feudais ao próprio 
chefe tradicional 
¤ O kachin pode escolher o tipo de sistema político que será seu 
ideal 
Sistemas de modelo 
¤ Mudança estrutural = mudanças no foco do poder político 
dentro de um dado sistema 
¤  Sistema social = modelos idealizado das relações de status 
entre grupos do sistema total e das pessoas em grupos 
particulares 
¤ A pessoa social é fixa, mas os indivíduos se movem 
¤ Mudança estrutural = mudança na posição dos indivíduos e no 
sistema = mudança nas estruturas de poder. 
Sistemas de modelo 
¤  Poder = atributo de quem detém cargo. 
¤  Poder = pessoas sociais que ocupam posição 
¤  Escolhas na ação dos indivíduos = pautadas pelo poder, pelo 
reconhecimento como pessoas sociais (acesso à cargos e 
apreços) 
¤  Kachin – podem pertencer a diferentes sistemas de apreço, 
que variam culturamente (ambiguidades presentes em 
qualquer sociedade) 
Ritual 
¤  Serve para expressar o status do indivíduo, enquanto pessoas 
sociais, no sistema estrutural em que ele se encontra 
temporariamente 
¤ Não está de acordo com as divisões entre sagrado X profano 
(magico X técnico) 
Ritual 
¤ Ações tampouco são só funcionalmentedefinidas = as ações 
são padronizadas de acordo com as convenções formais e 
entremeadas de adornos e ornatos tecnicamente supérfluos; 
¤  São os adornos que fornecem ao antropólogo seus dados 
básicos (estética) – sistema total de comunicação interpessoal 
entre o grupo; 
¤ Antropólogo – descobrir o que está simbolizado ou 
representado nesses padrões estéticos. 
Ritual 
¤  Exemplo 
¤  Um sacrifício religioso 
¤  ato puramente econômico = procedimento para matar 
gado e distribuir a carne 
¤  Sacrifício = sinônimo de boa festa 
¤ Cozimento, distribuição de carnes não tem nada a ver com 
o matadouro – são símbolos de status social 
Ritual 
¤  Ritual = mito 
¤ Mito = sistema de crenças (racionalidade desse sistema) 
¤ O mito em palavras “diz” a mesma coisa que o ritual encarado 
como uma afirmação em ação. 
¤ As crenças estão contidas no ritual 
¤ Mitos = um modo de descrever os tipos de comportamento 
humano 
Interpretação 
¤  Ritual e crença = formas de afirmação simbólica sobre a 
ordem social (interpretar tal simbolismo é a função do 
antropólogo) 
¤  Interpretar um ritual é como interpretar uma poesia em outra 
língua 
Interpretação 
¤ Qual é a relação entre uma estrutura social abstrata ideal e a 
estrutura social de uma sociedade empírica, concreta? 
¤  Partitura e música | Ritual e interpretação = 2 sistemas de 
símbolos que tem uma estrutura comum 
¤ O ritual torna explícita a estrutura social (que de outro modo 
seria uma ficção) 
¤  Simbolizada no ritual, a estrutura é o sistema de relações 
“corretas”, socialmente aprovadas entre indivíduos e grupos – 
lembrança da ordem básica que guia suas atividades sociais 
Estrutura social e cultura 
¤ Cultura = roupagem da situação social 
¤  Situação cultural está dada, é um acidente da história 
¤ Mulher com aliança ou turbante – símbolos de afirmação 
sobre o status da mulher 
¤ A estrutura é independente de sua forma cultural 
¤ Duas ações podem ser simbolizadas de modo diferente mas 
representar a mesma coisa 
¤ As fronteiras significativas dos sistemas sociais nem sempre 
coincidem com as fronteiras culturais 
Estrutura social e cultura 
¤  O fato de dois grupos de pessoas serem de cultura diferente 
não implica que pertençam a dois sistemas sociais totalmente 
diferentes. 
¤  Os povos que vivem em áreas de fronteiras, tem suas relações 
ordenadas segundo uma estrutura social implícita. 
Estrutura social e cultura 
¤  Estruturas sociais são expressas em símbolos culturais. A ação 
ritual mantém as diferenças culturais 
¤  Ao mesmo tempo, pessoas com culturas diferentes não são 
vistas como estrangeiras fora dos ambientes de 
reconhecimento social, porque formam parte de um mesmo 
sistema estrutural único e extenso. 
Estrutura social e cultura 
¤  Estruturas particulares podem admitir várias interpretações 
culturais 
 
¤  Estruturas diferentes podem ser representadas pelo mesmo 
conjunto de símbolos culturais. 
¤  Mecanismo básico da mudança social. 
Estrutura social e cultura 
¤ Os Chans e os Kachins são um exemplo de como as 
convenções podem não ser aplicáveis, pois vivem um tipo de 
processo social que ultrapassa as distinções culturais; 
¤ Como estudar a interação social entre eles? 
¤  Se “uma sociedade” é um recorte ficcional 
¤  Se as ideias de aculturação são limitadas as análise da troca 
de traços particulares entre culturas isoladas e particulares ao 
longo de um dado período histórico. 
Estrutura social e cultura 
¤ Os Chans e os Kachins vivem em sistemas que não estão em 
equilíbrio; 
¤ O reconhecimento da natureza fictícia da ideia de equilíbrio 
não implica no abandono dessa técnica de análise 
¤  Seus processos sociais trafegam entre dois ou três “sistemas 
ideais” diferentes 
¤ Descreve os modelos de organização como se fossem 
modelos ideais (gumsa, gumlao e chan), e o que acontece 
quando esses sistema como se interagem. 
¤  Para Leach, importava a relação entre o comportamento 
kachin real e o ideal. 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Os próprios Kachin e Chan pensam as diferenças dessa 
maneira – como algo genérico, mas não absoluto 
¤  Suas diferenças dão ideais e não “étnicas”, “culturais” e 
“raciais” 
¤  Os estereótipos e os modelos das sociedade são bastante 
precisos, mas a aplicação das categorias às comunidade reais 
é flexível (os tipos ideais são distintos, mas os tipos práticos 
coincidem) 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Ritual e mito são um modelo ideal – de afirmações vagas que 
podem ter significados em contextos diferentes 
¤  A mudança de kachin para chan pode ser quase 
imperceptível – o indivíduo passam a atribuir valores chans a 
rituais que antes tinham apenas uma significação kachin 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Nem sempre a mudança na organização estrutural tem um 
significado desagregador 
¤  Embora no caso kachin isso possa sim significar, porque os 
kachin possuem um sistema de classe associado ao sistema 
de linhagem 
¤  Do kachin ao chan tem-se a substituição de uma relação 
baseada na linhagem e no parentesco, para uma relação 
proprietário-arrendatário direta. 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Por que os kachins diferem-se entre si? 
¤  Os diferenciais que distinguem uma categoria da outra não 
são fixos. Por que um pode torna-se de outra categoria? Por 
que isso acontece em alguns casos e não em outros? 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Diferenças na língua 
¤  Língua pode ser vista como um símbolo de status 
¤  Sistemas gumsa estáveis ou em hierarquias feudais = uniformidade 
linguística (língua do grupo dominante) 
¤  Sistema gumlao estável = comunidades autônomas e distintas 
umas das outras 
 
Estrutura social e cultura 
¤  Onde existem comunidades vizinhas com relações 
econômicas, políticas e militares, então o campo de 
qualquer análise sociológica útil deve extrapolar as 
fronteiras culturais. 
¤  As variações culturais kachins são formas diferentes de 
compromisso entre dois sistemas éticos conflitantes.

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