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EPIDEMIOLOGIA Principal causa de DRC nos EUA e Europa; Principal causa de diálise no mundo; Complicações microvasculares do DM: nefropatia diabética, retinopatia e neuropatia; Curso lento e insidioso; Principais fatores de risco para progressão da doença: controle glicêmico ruim e presença de HAS; Se não tratada, apresenta curso progressivo. PATOLOGIA As alterações mais precoces da nefropatia diabética são: o Espessamento da Membrana Basal Glomerular (MBG); o Hipertrofia glomerular, associada a nefromegalia; o Expansão mesangial acelular, correspondente a um material amorfo eosinofílico. A hipertrofia glomerular e espessamento da MBG são observados em quase todos os diabéticos, não sendo, portanto, necessariamente um prenuncio de evolução para glomeruloesclerose; A expansão mesangial é um marcador de nefropatia diabética, progredindo ao ponto de causar colapso e distorção dos capilares glomerulares; A violação da barreira de filtração, com redução e distorção dos podócitos, permite extravasamento de proteínas determinando proteinúria; Apresentações histológicas: o Glomeruloesclerose difusa: distribuição homogênea – MAIS FREQUENTE NA NEFROPATIA DIABÉTICA o Glomeruloesclerose nodular: nódulos intercapilares (nódulos de Kimmelstiel-Wilson) – MAIS ESPECÍFICA DA NEFROPATIA DIABÉTICA A glomeruloesclerose cursa também com isquemia tubulointersticial, levando à fibrose intersticial e atrofia tubular: favorece necrose da papila renal; Lesão de Armanni-Ebstein: patognomônica de nefropatia diabética (acúmulo de glicogênio e vacuolização das células da alça de Henle e do túbulo coletor); FISIOPATOLOGIA Fatores Metabólicos Hiperglicemia: formação de produtos glicosilados avançados (AGE) que podem causar dano tecidual por sua reatividade com outras proteínas, modificando sua estrutura/função, ou pela ativação de células endoteliais, fibroblastos, células mesangiais e macrófagos; Dislipidemia: hipercolesterolemia é um fator de risco documentado para nefropatia diabética; Sorbitol: a conversão da glicose em sorbitol pela aldose redutase tem relevância na patogênese da catarata, retinopatia e neuropatia; Citocinas e hormônios: TGF-beta tem sua produção aumentada na nefropatia diabética, contribuindo para a proliferação mesangial e síntese de colágeno nos glomérulos; Fatores Hemodinâmicos O hiperfluxo renal pela arteríola aferente determina hipertensão intraglomerular, que se reflete sobre as alças capilares, estimulando a glomeruloesclerose; Quanto mais glicose é reabsorvida, mais sódio e água também são reabsorvidos, o que tende a aumentar a volemia. O aumento da volemia leva a liberação do peptídeo natriurético atrial, cujo efeito é a dilatação da arteríola aferente, aumentando o fluxo glomerular, levando a hipertensão intraglomerular e glomeruloesclerose; Fatores Genéticos O risco de nefropatia diabética aumenta de 30% para 70% em diabéticos tipo 1 que possuem um irmão com nefropatia diabética; HISTÓRIA NATURAL Hiperfiltração (pré-nefropatia) Aumento do fluxo sanguíneo renal e da TFG; Nefromegalia Hipertrofia de glomérulos e túbulos TFG 120-170ml/min Espessamento da membrana basal glomerular Pode evoluir para a fase II em aproximadamente 10 anos Reversível!!! Microalbuminúria fixa (nefropatia diabética incipiente) Albumina entre 30-300mg/dia; Para ser considerada microalbuminúria fixa o valor deve-se repetir em pelo menos duas de três amostras de urina, colhidas num período de 3-6 meses; Microalbuminúria transitória pode se desenvolver devido posição ortostática prolongada, exercício físico, infecção urinária ou doença febril aguda; Expansão acelular da matriz mesangial Microalbuminúria é detectada através de radioimunoensaio ou ensaio imunoenzimático; EAS: excreção urinária de albumina > 300mg/24h ou proteína total > 500mg/24h; Pode ser quantificada por: 1) urina de 24h com dosagem direta > 30mg; 2) urina matutina com razão Alb/Cr > 30mg/g (RASTREAMENTO); A microalbuminúria aumenta 5x a mortalidade CV; Outros fatores de risco: HAS, idade, retinopatia diabética, tabagismo, DLP e obesidade; Potencialmente reversível!!! Fatores preditores de regressão: controle glicêmico, jovens, controle da dislipidemia e ausência de HAS. Proteinúria Clínica (nefropatia diabética declarada) Albumina > 300mg/24h, em pelo menos duas dosagens; Presença de proteína pelo EAS (dipstick); Pode alcançar níveis nefróticos (> 3,5g/24h) TFG inicia seu declínio devido glomeruloesclerose Aumento acentuado de HAS e edema periférico Retinopatia A síndrome nefrótica associada a nefropatia diabética pode cursar com níveis séricos de albumina preservados devido a compensação hepática com aumento da síntese de albumina; Fase Azotêmica (DRC e Uremia) Elevação de escórias nitrogenadas; TFG < 40ml/min, com elevação da creatinina sérica; A evolução para síndrome urêmica e rins em estado terminal é a regra. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A nefropatia diabética é semelhante a outras doenças renais, só produzindo sintomas clínicos tardiamente; Pode haver HAS na fase proteinúrica; Anasarca mesmo na ausência de proteinúria nefrótica; Redução na TFG pode se manifestar apenas com episódios de hipoglicemia; TFG próxima a 15ml/min gera sintomas habituais de síndrome urêmica: anorexia, vômitos, náuseas, pericardite, encefalopatia, dispneia, edema, derrames cavitários, hipercalemia, astenia e anemia; Em função da maior intolerância à síndrome urêmica, os diabéticos são referidos mais precocemente para TSR; DIAGNÓSTICO Taxa de depuração da creatinina Urina de 24h Formulas de estimativa da depuração (Cockroft-Gault) A Cr sérica isolada NÃO é recomendada Permite avaliar perde de função e detectar indivíduos hiperfiltrantes ( >120-130ml/min) Albuminúria Fitas reagentes (detecta albumina > 0,2g/L) Microalbuminúria: urina de 24h por radioimunoensaio Proteinúria clínica: urina de 24h 1. Proteinúria antes de 5 anos do diagnóstico de DM1 2. Hematúria dismórfica e/ou cilindros hemáticos/leucocitários no EAS 3. Ausência de retinopatia 4. Rins de tamanho reduzido 5. Insuficiência renal de rápida evolução TRATAMENTO Controle glicêmico: HbAc1 < 7% IECA/BRA (captopril/losartana): podem retardar a evolução da microalbuminúria para proteinúria clínica, pois aliviam a pressão intraglomerular; Controle da HAS: IECA/BRA como 1ª linha, Tiazídicos, BCC não diidropiridínicos (diltiazem e verapamil) e BB são de 2ª linha; Restrição proteica: 0,8g/kg de peso/dia Controle da dislipidemia: LDL < 70mg/dl; HDL > 40mg/dl em homens e > 50mg/dl em mulheres; TG < 150mg/dl Terapia combinada: farmacológicas + não farmacológica Tratamento conservador da DRC Diálise: TFG < 15ml/min ou ClCr < 20ml/min Transplante renal. Como rastrear Nefropatia Diabética? Em quem rastrear? DM1 > 12 anos de idade, a partir de 5 anos de diagnóstico DM2 no momento do diagnóstico O que solicitar? Cr sérica e cálculo da TFG EAS Se + para proteinúria (em 2ª amostra), na ausência de hematúria e cilindros celulares, o paciente tem nefropatia diabética declarada (fase III) Se – para proteinúria (em 2ª amostra), deve-se pesquisar microalbuminúria Se a proteinúria for positiva na primeira dosagem, deve- se repetir o exame num período de 3-6 meses, para que o resultado se repita em 2 de 3 dosagens e assim ser considerado uma proteinúria fixa (clínica); Se todos os exames forem negativos, o rastreamento (TFG + dosagem da microalbuminúria) deve ser repetido anualmente.
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