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RESUMO AV1 DIREITO DE FAMÍLIA

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CIVIL V – DIREITO DE FAMÍLIA
AULA 10/08/16
INTRODUÇÃO
Nada mais íntimo, nada mais privado do que o direito de família.
Hoje o modele que se tem de família é de família afetiva (formada pelo afeto). Ex.: a relação padrasto e enteado pode ser considerada família, tanto é que se permite acrescentar o sobrenome do padrasto.
O divórcio só chegou no Brasil em 1977. Isso porque antes o Estado obrigava as pessoas permanecerem casadas porque o único tipo de família que existia era FAMÍLIA MATRIMONIALIZADA. Portanto, por conta de forte resquício religioso, terminando o casamento encerrava-se a família.
Com o passar dos anos, embora fosse necessário o Estado regular a vida em sociedade com a finalidade de garantir direitos fundamentais, passou-se a ter um DESCOMPASSO, ou seja, o Estado começa a não acompanhar a realidade e excedendo em seu intervencionismo. Ex.: dever de fidelidade no casamento; casamento somente entre homem e mulher.
Assim, em virtude das mudanças constantes e rápidas dos fatos sociais, passamos a ter normas deficitárias. Logo, a família natural passou a não corresponder mais à família regulada, ou seja, começaram a surgir famílias, por exemplo, famílias homoafetivas, pluriafetivas que por conta de uma legislação deficitária ficavam desamparadas. Logo, a realidade do direito de família está à frente da legislação e por esse motivo a jurisprudência é quem está preenchendo essas brechas.
CONCEITO DE FAMÍLIA: “é o núcleo existencial integrado por pessoas, unidas por vínculos sócio afetivos, teleológicamente vocacionada a permitir a realização plena de seus integrantes” (Pablo Stolze)
INTERPRETANDO O CONCEITO
“É O NÚCLEO EXISTENCIAL INTEGRADO POR PESSOAS” – significa dizer que a família é formada por pelo menos duas pessoas. Isto é, uma pessoa sozinha não se considera família. Embora, existe a possibilidade de amigos serem considerados família.
EXEMPLO (PROVA): BEM DE FAMÍLIA
Inicialmente é preciso esclarecer que BEM DE FAMÍLIA não significa dizer, necessariamente, que tem que ser o único imóvel. A pessoa pode ter quatro imóveis e gravar um deles como bem de família.
Ex.: Ana Paula é solteira e não tem ninguém no mundo, apenas amigos; só tem um apartamento onde reside e o banco quer penhorá-lo por conta de uma dívida dela; Ana Paula alega que por ser bem de família é impenhorável; em contrapartida o banco alega que aquele imóvel não é bem de família porque Ana Paula é sozinha. Logo, não é considerada família. Quem está com a razão? A JURISPRUDÊNCIA tem entendido que há uma INCORREÇÃO no termo “bem de família”. Isto é, para o Flávio Tartuce poderia ser chamado “BEM DO PATRIMÔNIO MÍNIMO” ou “BEM DA RESIDEÊNCIA DA PESSOA NATURAL”, pois está diretamente relacionado ao MÍNIMO EXISTENCIAL que a pessoa precisa para viver com dignidade. Assim, quando se protege esse único patrimônio, protege-se na verdade o DIREITO FUNDAMENTAL À MORADIA e consequentemente a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Há inclusive a súmula 364 do STJ versando sobre a questão do bem de família.
“UNIDAS POR VÍNCULO SÓCIO AFETIVO”: isso porque antes tínhamos somente a família matrimonializada (formada pelo casamento). Assim se eu não fosse casado, se eu fosse mãe solteira consequentemente não era considerado família. Fato esse que traz sérias consequências jurídicas, como por exemplo o filho não ter direito sucessório se a mãe morresse. Hoje isso não mais existe, a família é formada pelo AFETO. Exemplo disso é a União Estável, mãe solteira, mãe que adota um filho. Todos considerados família.
“TELEOLÓGICAMENTE VOCACIONADA A PERMITIR A REALIZAÇÃO PLENA DE SEUS INTEGRANTES” – significa dizer que a finalidade da família é permitir a concretização das aspirações individuais. Isso porque é dentro da família que as pessoas formam o caráter e até mesmo seus traumas.
DIREITO DE FAMÍLIA: “conjunto de normas jurídicas que regulam as múltiplas relações familiares existentes atualmente na sociedade.” Tais normas são: CF/88, CCB, ECA, Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha.
AULA 16/08/16
EVOLUÇÃO DO DIREITO DE FAMÍLIA E DO CONCEITO FAMÍLIA
Família é um grupamento informal, de formação espontânea no meio social cuja estruturação se dá através do direito” (Maria Berenice)
INTERPRETANDO O CONCEITO: não é o direito que cria a família. Ela é anterior ao direito e desta forma espontânea. Isto é, a família é uma CONSTRUÇÃO CULTURAL na qual as pessoas vão se envolvendo pelo AFETO. Nesse contexto, a família surge como um agente socializador porque é através dela que nos socializamos. E é justamente por ser uma construção social é que tal conceito muda com o tempo, bem como por esse mesmo motivo é que temos diferentes conceitos de família nos diferentes países.
A organização da sociedade se dá em torno de uma estrutura familiar e por isso preciso o Estado intervir na família para garantia de direitos. Ocorre que o Estado excedeu e passou a interferir demais na família de forma a impor limites ao homem e sua liberdade.
MODELOS DE FAMÍLIA
1 – MODELO PATRIARCAL OU TRADICIONAL
Trata-se de um tipo de família extremamente preconceituosa e NÃO igualitária. Foi este modelo que embasou o Código Civil de 1916. Surgiu num momento em que havia grande confusão de Igreja com Estado, ou seja, tal modelo era regulado com base na religião.
CARACTERÍSTICAS:
Ela era RELIGIOSA porque o culto só ocorria no ambiente familiar; 
BIOLÓGICA porque se formava família para se ter filhos. Assim, se uma mulher não pudesse ter filho o marido podia ter um filho com a irmã dela; 
ECONÔMICA (PATRIMONIALIZADA), que não deixa de estar ligado à ideia de biológica, porque quanto mais filhos, mais mão de obra se tinha, visto que naquela época as famílias moravam em sua grande maioria no campo. Além disso, até 2002 vigia-se como regime subsidiário de comunhão de bens o regime Universal; 
EDUCACIONAL, assim como o culto religioso, o estudo era dentro do núcleo familiar. Tal modelo de família vigeu até meados do século XX; 
HIERARQUIZADA/PATRIARCAL, tinha-se uma reunião de pessoas em torno do chefe familiar que era chamado de PATER (homem mais velho da família). Assim, o PATER era quem mandava. Não havia igualdade; 
FAMÍLIA MATRIMONIALIZADA: a família só era formada através do casamento e a consequência jurídica disso é que o filho de uma mãe solteira não teria direito a alimentos e sucessão, por exemplo. Até 1977 não se tinha divórcio, era o desquite (separava os corpos e patrimônio, mas não podia casar novamente), porque a desagregação do vínculo conjugal era a desagregação da família. Aqui que entra o “até que a morte nos separe”
2 – FAMÍLIA MODERNA, NUCLEAR OU PLURAL (art. 1511 a 1783, CC)
DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL
Com o desenvolvimento da sociedade industrial, êxodo rural e mulheres trabalhando, diminuiu-se a quantidade de filhos e mulheres ganharam independência. Com a família menor, houve maior união dos familiares, valorizando desta forma o AFETO. Isso não quer dizer que não mais existe família matrimonializada, só que temos hoje um sentido mais amplo de família. Desta forma, chega-se à família moderna.
Acontecimentos importantes: Estatuto da Mulher Casada em 1962 (devolveu a plena capacidade para a mulher. Mulher passou a ter mais direitos); Instituição do divórcio em 1977 possibilitando o fim do vínculo conjugal; CF/88 (trouxe a União Estável, família Monoparental, igualdade entre filhos, igualdade entre homem e mulher...; CCB/02 (exclui expressões e conceitos discriminatórios, mas ainda cometeu equívocos quanto a igualdade. Ex.: diferença entre União Estável e Casamento no direito sucessório); Lei Maria da Penha
Dentro desses acontecimentos importantes para se chegar a família moderna a LEI MARIA DA PENHA possui grande relevância. Ela foi a única que vagamente falou sobre União Homoafetiva ao utilizar a expressão “independentemente de orientação sexual”. Isso em 2006, quando tais uniões ainda não eram permitidas jurisprudencialmente.
Por fim, tivemos a EC 66/2010, chamada PEC DO DIVÓRCIO, a qual instituiu o divórcio direto. Até 2010 a pessoa que se separou tinha que esperar 1ANO para pedir o divórcio. Isso foi um grande avanço porque o Estado não pode me obrigar ficar casado com uma pessoa. Se eu não tenho que mostrar porque eu casei também não tenho que mostrar porque estou divorciando. E isso foi o grande rompimento da família matrimonializada, pois se dificultava o divórcio porque se terminasse o casamento terminava-se a família. A PEC DO DIVÓRCIO retirou também a necessidade de se mostrar a culpa do outro. Para fins de direito de família não se analisa a culpa do outro para nada. Ex.: provar que o marido não pode ter a guarda do filho porque ele chifrou a mulher.
CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA MODERNA (PROVA – explicar as características): 
DEMOCRÁTICA: respeito mútuo e liberdade individual. Todos podem opinar dentro da família. Há também a democratização do sentimento, ou seja, temos hoje, por exemplo, uniões homoafetivas.
IGUALITÁRIA: igualdade de direitos entre homem e mulher e igualdade entre filhos;
PLURALIZADA: significa dizer que a família não é formada apenas pelo casamento, pode ser formada por diversas maneiras, como por exemplo pelo afeto.
BIOLÓGICA, CIVIL OU SÓCIO-AFETIVA: não é somente biológica. Pode ser CIVIL (ex.: adoção) ou SÓCIO-AFETIVA (ex.: relação padrasto e enteado)
HETERO/HOMOPARENTAL: hoje temos família de homem/homem, mulher/mulher e não somente homem/mulher.
Portanto, família hoje tem a função instrumental do afeto. A família está muito menos sujeita às regras e muito mais sujeita aos desejos.
“O amor está para o direito de família assim como o acordo de vontades está para o direito dos contratos”. Isso porque hoje o que vale para o direito de família é se você forma uma família de afeto.
AULA 17/08/16
NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DE FAMÍLIA
Já está pacificado que por mais que a CF/88 venha protegendo o Direito de Família, nada mais íntimo e privado do que o direito de família. Isto quer dizer que cada um pode constituir sua família como bem entender. Logo, sua natureza jurídica é de DIREITO PRIVADO e não público. Nesse contexto, falar que as normas de direito de família são normas de direito público, é permitir um intervencionismo estatal exacerbado. Entretanto, a maioria das normas são realmente de interesse público, ou seja, são irrenunciáveis, intransmissíveis, imprescritíveis, inalienáveis, imperativas (impõe limitações às pessoas), cogentes (incidem independente da vontade das partes.)
Ex.: tenho um pai que não vive com minha mãe; eu tenho 14 anos; minha mãe nunca pediu pensão; isso não quer dizer que não poderei pedir a pensão.
Apesar de já está pacificado que as normas do direito de família são de direto privado, o IBDFam tem uma proposta legislativa que é o Estatuto das Famílias, ou seja, propõe que o direito de família seja um ramo autônomo.
TIPOS DE ENTIDADES FAMILIARES
Inicialmente é preciso esclarecer que a Constituição Federal traz um rol exemplificativo de entidades familiares, ou seja, traz a família MONOPARENTAL (formada por qualquer dos pais e seus descendentes), UNIÃO ESTÁVEL e MATRIMONIAL.
Ex.: Rapaz perdeu os pais muito cedo; foi criado pelos tios e cuidou deles na velhice (família ANAPARENTAL – PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE OU COMUNHÃO PLENA DE VIDA); a tia faleceu e o tio deixou escrito o que queria deixar para seu sobrinho, inclusive a casa; filhos do tio não iam visitar os pais (tios do rapaz); tio morreu e os filhos apareceram reivindicando a herança; começaram o inventário, não incluíram o sobrinho e ainda pediu que ele saísse da casa. Ocorre que pelo fato dos filhos não terem cumprido com o dever de cuidado previsto no art. 229, CF/88 podem ser considerados herdeiros indignos. 
Ex.: Ana Paula e Aloisio são namorados e compraram uma apartamento; Ana Paula transferia sua parte do pagamento para conta do Aloísio; O apartamento está no nome dele; resolvem terminar o namoro; Aloísio diz que o apartamento ficará com ele; por ser namoro eles não são considerados família; logo, a consequência jurídica disso é que a Ana Paula terá que propor ação na VARA CÍVEL, ou seja, é como se tivessem dissolvendo uma sociedade de fato e não na Vara de Família. Além disso, ela terá que mostrar que pagou. Entretanto, se fosse casada ou em União Estável, ela teria direito a metade do apartamento sem precisar provar para o juiz que contribuiu de alguma forma.
1 – MATRIMONIAL: é aquela formada através do casamento. Traz o casamento como único modo de formação de família. Isto perdurou até a CF/88. Lembrando que a matrimonial AINDA EXISTE, mas não é mais a única forma de constituição de família.
2 – MONOPARENTAL (art. 226 §4º, CF): entende-se como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Presença de somente um dos pais na titularidade do vínculo familiar. Nesse tipo de família temos a TRANSGERACIONALIDADE, ou seja, diferença de geração. Isto porque um é descendente e o outro é ascendente. Portanto, para a maioria da doutrina dois irmãos são considerados família (ANAPARENTAL), mas NÃO MONOPARENTAL pelo fato de não haver essa diferença de geração. A principal causa deste tipo de família é o divórcio e depois a viuvez.
AULA 23/08/16
3 – ANAPARENTAL: formada pela convivência entre parentes ou pessoas em um mesmo lar, com o mesmo propósito. Resulta da colateralidade de vínculos. Ex.: irmãos tios, tios com sobrinhos, primos. Difere da MONOPARENTAL, pois esta tem a transgeracionalidade e a ANAPARENTAL há mais CORATERALIDADE.
Obs.: NÃO É PACÍFICO, mas a Maria Berenice defende que deveria ser considerada família amigas que convivem juntas apenas em amizade, compraram imóveis juntas. Neste caso não há direitos sucessórios. Entretanto, a Maria Berenice defende que se deveria analisar o caso concreto e havendo uma relação realmente de afeto, deve-se reconhecer a família e esta família entraria aqui em ANAPARENTAL.
4 – FAMÍLIA NATURAL (ECA, ART. 25): entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus dependentes. Pode ser BIPARENTAL ou MONOPARENTAL. Está ligada à ideia de família biológica (consanguínea)
5 – FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA (§ ÚNICO DO ART. 25 DO ECA): são aquelas famílias formadas por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Nada mais é do que a família ANAPARENTAL, pois não está ligada à ideia de transgeracionalidade. Ex.: avô com neto
6 – FAMÍLIA SUBSTITUTA (ECA, ART. 19): existe para suprir a ausência dos pais biológicos. Ex.: tutela e guarda.
7 – INFORMAL/CONCUBINATO/PARALELA OU SIMULTÂNEA (ART. 1727, CC): deriva de relações NÃO EVENTUAIS entre homem e mulher impedidos de casar (art. 1521, CC). É preciso deixar claro que CONCUBINATO não é só amante. Em regra, este tipo de “família” não é considerada família e por esse motivo não sofre as consequência jurídicas de uma família, isto é, não tem direito sucessório, alimentos e etc. Ex.: genro e sogra; casar com enteado
Ex.: Ana Paula e Aloísio são casados; só que Ana Paula tem um filho com Joaquim que mora em São Paulo, o qual não sabe de Aloísio; Ana Paula conheceu Joaquim antes e vive em União Estável com ele; ocorre que Ana Paula casou com Aloísio porque a União Estável não é casamento, mas sim equiparada a ele. Razão pelo qual não é atingida pela vedação do art. 1521, CCB (taxativo); pela lei o Estado não pode proteger mais de uma família ao mesmo tempo e no caso da família concubina (Ana Paula e Joaquim) estaria desamparada. Ocorre que isso começou a proporcionar INJUSTIÇAS. Na situação acima, por exemplo, o Joaquim estava de boa-fé. Para fins previdenciários tal situação já evoluiu, ou seja, já tem diversas decisões em que a concubina recebe benefícios. O problema diz respeito a alimentos e direitos sucessórios. Lembrando que com relação ao filho de São Paulo não há que se discutir, pois são direitos iguais. O STJ começou a entender que se a mulher ou homem está em boa-fé deveria estar amparado pela lei, já se soubesse (não está de boa-fé) a única possibilidade seria recorrer à Vara Cível para fins de dissolução de sociedade de fato. Tal posicionamentoé criticado pela Maria Berenice porque estaria punindo um terceiro pelo adultério de Ana Paula. Além disso, Ana Paula e Joaquim viviam como se família fosse, ou seja, havia afeto.
8 - FAMÍLIA RECONSTITUÍDA OU RECOMPOSTA: decorre de uma recomposição afetiva, com “bagagens” de relacionamento anterior. Ex.: Pai solteiro; mãe divorciada; 
A lei 11.924/11 alterou a Lei de Registros Públicos, permitindo o enteado (a) acrescentar em seu sobrenome o nome familiar do padrasto ou madrasta. Ressalta-se que no que diz respeito à família reconstituída ou recomposta a doutrina critica a falta de leis que a regulamenta. Ex.: a lei não fala que o padrasto ou madrasta tem direito à visita. Lembrando que o pai biológico não deixa de ser pai por conta do divórcio.
AULA 24/08/16
9 – FAMÍLIA HOMOAFETIVA
O §3º do art. 226, CF diz que é reconhecida a união entre homem e a mulher como entidade familiar. Não fala entre homem/homem e mulher/mulher. Entretanto, vale frisar que a motivação disso é o resquício da mistura da religião com o Estado, porque para fins religiosos só homem com a mulher conseguem gerar filhos de forma natural. Outra questão é que a Constituição Federal de 88 trouxe mudanças e uma delas está relacionada à igualdade. Assim, a CR/88 veio tentando elevar a mulher à categoria de igualdade com o homem e por isso é que teria trazido explicitamente a palavra mulher visando colocá-la em voga. Por isso é que começou a discutir-se a permissão ou não das uniões homoafetivas e posterior conversão em casamento (civil). Hoje isso já não é mais problema. A resolução 175 do CNJ permite a união homoafetiva. Entretanto, alguns doutrinadores, embora não sejam contra a união homoafetiva, entendem que o STJ teve uma postura ativista na interpretação do §3º do art. 226, CF. Por outro lado, aqueles que concordam com a justificativa do STJ, defendem que não foi uma interpretação ativista, mas na verdade uma adequação do direito à norma, pois a situação social à época (da promulgação) era totalmente diferente. Outra alegação do STJ foi de que o art. 1521, CC traz um rol taxativo das causas de impedimento e não vedou a União Homoafetiva.
Hoje os requisitos principais da família são afeto, estabilidade e ostensividade. Isto é, viver como família.
EVOLUÇÃO PARA SE PERMITIR AS UNIÕES HOMOAFETIVAS:
Em 1998 houve uma decisão do STJ no Resp 148.897-MG RECONHECENDO a união homoafetiva como SOCIEDADE DE FATO com base no art. 981, CC. Entretanto, apenas refletia para efeitos de ordem patrimonial e AFASTAVA os direitos SUCESSÓRIOS. Mas ainda não era considerava união estável.
Em 1999 o TJRS reconheceu a COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIALIZADOS EM FAMÍLIA PARA APRECIAR UNIÕES HOMOAFETIVAS.
2001 o TJRS RECONHECEU A UNIÃO HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR e deferiu o direito à herança;
Em 2005 o STJ concedeu BENEFÍCIOS REFERENTES AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO deferindo a pensão por morte, inclusão como beneficiário em plano de saúde, etc.
Em 2006 a Lei Maria da Penha AUMENTOU O CONCEITO DE FAMÍLIA em seu art. 2º (“Toda mulher, INDEPENDENTE DE orientação sexual(...) goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana.”
Em 2011 o STF no julgamento da ADI 4277 e ADPF 132, tendo como base os princípios da igualdade e dignidade da pessoa humana, decidiu (com eficácia erga omnes e efeito vinculante) pelo RECONHECIMENTO DAS UNIÕES HOMOAFETIVAS COMO ENTIDADES FAMILIARES, ou seja, mesmos direitos e deveres das uniões estáveis. Então, a partir de 2011 pelo STF, se eu tivesse os requisitos para se configurar união estável (afeto, estabilidade e ostensividade) eu era considerado família pelo §3º do art. 226 da CF/88 e consequentemente tenho todos os direitos de família inerentes à minha relação. Entretanto, começou a se discutir a possibilidade do casamento, visto que a união estável é equiparada ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em 2011/2012 tivemos no STJ a possibilidade de CONVERSÃO da união homoafetiva (união estável) em casamento.
Em 2012 o STJ possibilitou o CASAMENTO DIRETO entre pessoas do mesmo sexo. Entretanto havia divergência entre Estados, ou seja, alguns cartórios autorizavam o casamento direto ou a conversão e outros não.
Por fim, em 2013, visando acabar com essa confusão, através da Resolução 175 o CNJ autorizou, por força de lei, o CASAMENTO ou CONVERSÃO da união estável EM CASAMENTO de pessoas do mesmo sexo. Ocorre que alguns doutrinadores criticam o CNJ sob alegações de que suas resoluções não têm força de lei para obrigarem a todos. A despeito disso, fato é que hoje se permite pelo fato de já estar pacificado tanto no STF quanto no STJ tais autorizações.
Obs.: EUDEMONISMO é a busca da felicidade individual dentro do seu âmbito familiar. Assim, a família EUDEMONISTA é o modelo da família atual.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA
1 - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (art. 1º, inciso III, da CF/88): trata-se de um super princípio do qual deriva outros tantos, como por exemplo, moradia, igualdade e etc. A partir da constitucionalização do direito civil houve a valorização da pessoa humana em detrimento ao patrimônio, isto é, despatrimonialização do Direito Privado.
“Família passa a ser valorizada de maneira instrumental, tutelada como núcleo intermediário de desenvolvimento da personalidade dos filhos e da promoção da dignidade de seus integrantes.” (Gustavo Tepedino)
Ex1.: art. 226, CF: pessoa solteira não é considerada família/bem de família.
Súmula 364/STJ – “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
Tal decisão foi baseada na dignidade da pessoa humana, do qual deriva o direito à moradia.
AULA 30/08/16
Ex2.: Divórcio (ausência de culpa).
A PEC DO DIVÓRCIO extinguiu a necessidade de se mostrar a culpa para justificar o divórcio. Isto também foi baseado no princípio do dignidade da pessoa humana.
Ex3.: “Teoria do desamor” ou “Tese do abandono paterno-filial”: dano moral?
Inicialmente é preciso relembrar que o afeto não pode se ler como amor, porque o direito não obriga ninguém a amar. Razão pela qual, onde se lê abandono afetivo deve-se entender a ausência do dever de cuidado previsto no art. 229, CF. Assim, as decisões que possibilitam o dano moral por abandono afetivo têm como base o princípio da dignidade da pessoa humana. Isto é, dignidade do filho que não teve o convívio com seu genitor.
Tal discussão sobre abandono afetivo começou em 2004, caso Alexandre Fortes, o qual não teve o direito à indenização porque baseou sua causa de pedir na ausência de amor. STJ entendeu que o afeto de um pai a um filho não pode ser imposto. Logo, ausência de ato ilícito. Já em 2012 em outro caso aconteceu uma decisão favorável à indenização em que a causa de pedir foi baseada na ausência do dever de cuidado previsto no art. 229, CF.
No caso acima, o ministro que foi contra a indenização alegou que tem que se mostrar o dano (Min. Nancy Andrighi diz que o dano é presumido); alegou também que o direito civil já impõe como sanção aos pais que não cumprem com o dever de cuidado do art. 229, CF, ou seja, a cessação do poder familiar (Min. Nancy Andrighi diz que a cessação do poder familiar não é uma sanção ao pai que abandona o filho, mas sim um presente). Desta forma, ficam as perguntas:
É justo que os pais abandonem afetivamente seus filhos para seguirem projetos pessoais?
Ao se permitir estaria a justiça autorizando que os pais abandonem afetivamente suas crias se elas forem empecilhos em suas próprias trilhas de vida, “punindo” apenas com a cessação do poder familiar?
Ao não prover a educação do filho (art. 229, CF e 1634, CC) não estaria o pai cometendo ato ilícito?
Por fim, por outro lado, vale destacar que ao se possibilitar a indenização por dano moral estamos quebrando qualquer possibilidade de reconciliação pelo afeto.
2 – IGUALDADE ENTRE OS FILHOS (art. 227, §6º, CF e art. 1596, CC)
Significa que todos os filhos são iguais. O Código Civil de 2002 superou expressões discriminatórias (ex.: bastardo, filho adulterino, incestuoso, espúrio, art. 332,CC de 1916 “O parentesco é legítimo ou ilegítimo, segundo procede, ou não, de casamento...” Tais situações repercutiam no campo patrimonial e pessoal, isto é, havia desigualdade entre os filhos e assim, o filho fora do casamento, tinha direito reduzido à herança e houve uma época que nem direito tinha.
A lei 8.560/92 regulamentou a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento. A partir daqui tais filhos começaram a ter mais direitos. Portanto, hoje não se tem mais diferença de herança, alimentos e etc.
3 – IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES E COMPANHEIROS (art. 226, §5º da CF e 1.511 do CC)
Diz a constituição que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelos cônjuges (casados) e companheiros (união estável).
Ex1.: alimentos recíprocos dos cônjuges, ou seja, pode haver caso da mulher ter que pagar a pensão ao homem.
Ex2.: troca de nomes entre os cônjuges, livremente (art. 1511, CC)
Ex3.: o CPC 1973(art. 100, inciso I) trazia foro privilegiado da residência da mulher para ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento. Tal situação mudou com o Novo CPC o qual traz em seu art. 53 o foro do último domicílio do casal como o competente.
Até que ponto vai essa igualdade no plano fático? Na maioria das vezes não. Ora a mulher sai ganhando (guarda de filhos) ora o homem (salário).
4 – IGUALDADE NA CHEFIA FAMILIAR (art. 1566, III e IV, 1631 e 1634, do CC e arts. 226 §5º e 226, §7º, da CF)
Decorre do princípio da igualdade entre os cônjuges. Saímos do regime Patriarcal para o regime democrático de colaboração (filhos podem opinar). Superação da hierarquia para a diarquia. Substituição do pátrio poder, para o poder familiar (PROVA). Esse poder familiar são os deveres dos pais para com os filhos. Justamente por conta da IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES e IGUALDADE NA CHEFIA FAMILIAR é que houve necessidade de substituir a terminologia “pátrio poder” por poder familiar. Isto é, não se tem mais o PATER que é comum ao regime patriarcal.
5 – SOLIDARIEDADE FAMILIAR (art. 3º, inciso I, CF; art. 227 e 230, CF)
É um princípio que vem da solidariedade social previsto na Constituição Federal. Tal princípio pode ser visto dentro do direito de família sob três viés: SOLIDARIEDADE PATRIMONIAL (ex.: alimentos avoengos, quando os avós pagam os alimentos aos netos. Ressalta-se que a responsabilidade é SUBSIDIÁRIA, ou seja, primeiro busca nos pais para depois buscar nos avós). SOLIDARIEDADE AFETIVA (ex.: indenização por abandono familiar ou quando a gente possibilita que um padrasto tenha direito de visita com seu enteado) e por fim a SOLIDARIEDADE PSICOLÓGICA (ex.: alienação parental).
AULA 31/08/16
6 – MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (art. 227, caput da CF; arts. 1583 e 1584, do CC; art. 3º e 4º do ECA) (PROVA)
O Código Civil/2002 não veio prevendo a guarda compartilhada. A Lei 11.698/08 alterou os arts. 1583 e 1584, CC criando a GUARDA COMPARTILHADA (não necessariamente é compartilhar o lar, significa compartilhar direitos, deveres e escolhas). E a Lei 13.508/14 regulamentou a guarda compartilhada. Tal mudança foi baseada no princípio do melhor interesse da criança. Assim, em tese, o melhor interesse é conviver com ambos os pais. Obs.: guarda alternada na legislação brasileira não existe. Guarda alternada é alternância de lar. O fato de haver a guarda compartilhada não quer dizer que não existe a possibilidade de pagamento de pensão.
Obs.: no direito de família não existe mais a análise de culpa, isto é, o fato do casamento ter acabado por “culpa” de um dos cônjuges como por exemplo uma traição, não há qualquer alteração na guarda, visto que se observa o maior interesse da criança. A regra é a guarda compartilhada.
7 – AFETIVIDADE OU COMUNHÃO PLENA DE VIDA (art. 1511, CC)
A família hoje é baseada no afeto. Assim, o afeto é o fundamento das relações familiares. Portanto, a comunhão plena de vida se dá pela afetividade.
“O afeto não é fruto da biologia.” E por conta disso temos hoje as famílias homoafetivas, famílias formadas pela adoção, padrasto com enteado etc. A origem genética não é mais suficiente para fundamentar a filiação, pois hoje temos outros valores, ou seja, o afeto.
Tal princípio fundamenta-se na DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA e SOLIDARIEDADE SOCIAL. A afetividade está na base da conduta humana e da conduta jurídica e, embora não expresso na Constituição Federal, deve ser entendido como princípio CONTIDO no PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA e correlato ao PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE.
Ex.: Novas famílias, união estável e paternidade socioafetiva.
8 – FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA
A função social da família é a gente interpretar as famílias hoje de acordo com o seu contexto social. Ex.: família de 1850 não tinha família homoafetiva.
Antes tínhamos na família uma função econômica, política, religiosa... Hoje a família é EUDEMONISTA: significa dizer que é a busca individual da sua realização de afeto. Identificação da família pelo seu vínculo afetivo. A família atual aparece como um meio para a busca da felicidade na relação com o outro.
“Respeito ao seu caráter Eudemonista, enquanto ambivalência para a realização do projeto de vida e de felicidade de seus membros, respeitando-se, com isso, a dimensão existencial de cada um” (Pablo Stolze). Assim, família é o meio para a realização de nossos anseios e pretensões.
9 – LIVRE PLANEJAMENTO FAMILIAR OU PATERNIDADE RESPONSÁVEL (art. 226, §7º da CF e art. 1513, CC)
O Planejamento familiar é livre ao casal enquanto o Estado propicia recursos educacionais e científicos. Ocorre que o Estado acaba por interferir no planejamento familiar, pois ele fala com quem você não pode casar, que não pode ter dois casamentos. Mas isso vem mudando com a jurisprudência. Na verdade, o Estado tem que interferir, mas de forma a ser um protetor assistencialista e NÃO um PROTETOR REPRESSOR. Assim, o Estado só deve interferir quando extremamente necessário.
Seria a monogamia, 1521, VI do CC (ter apenas um cônjuge) um princípio?
O Estado não chancela, em regra, duas famílias ao mesmo tempo. A monogamia não é um princípio, mas sim um COSTUME. Portanto, é passível de mudanças. Ocorre que o Estado acaba punindo a bigamia. 
RELAÇÃO DE PARENTESCO
O estudo da relação de parentesco é importante por questões patrimoniais ligadas à sucessão, impedimento de casamento etc.
CONCEITO JURÍDICO DE PARENTESCO
“É a relação jurídica, calcada na afetividade e reconhecida pelo Direito, entre pessoas integrantes do mesmo grupo familiar, seja pela ascendência, descendência ou colateralidade, independente da natureza (natural, civil ou por afinidade).” Portanto, nada mais é do que a relação que liga pessoas a determinado grupo familiar.
1) Todos os membros de uma mesma família são, necessariamente, parentes entre si? NÃO, pois um cônjuge/companheiro são da mesma família, mas não são parentes. Outro exemplo é o filho do seu primo.
Obs.: a relação de parentesco de ascendência com descendência é ETERNA. Porém, os parentes na relação de colateralidade o Código Civil impõe limites, ou seja, é seu parente em linha colateral até 4º grau. Portanto, filho do seu primo (que é seu primo de 5º grau) para a legislação civil é da sua família, mas não é seu parente. 
2) Os elos de parentesco podem se desfazer por ato de vontade? NÃO! Isto porque é um vínculo natural que se estabelece por lei. A única exceção, embora não seja por ato de vontade mas porque a lei diz que será desfeita, é o COLATERAL POR AFINIDADE (CUNHADO), ou seja, enquanto se está casado os cunhados são parentes por afinidade igual a sogra (só que a sogra é parente por afinidade em linha reta). Já os cunhados, são em linha colateral. Assim, a lei diz que quando acaba o casamento o parente por afinidade em linha colateral também se acaba. Logo, se o cônjuge morrer ou na hipótese de divórcio, poderá casar com o cunhado (a). Já no que diz respeito ao sogro, sogra, enteado, parentes por afinidade em linha reta, eles serão parentes por afinidade eternos, ou seja, nãose extingue com o casamento.
CLASSIFICAÇÕES (quanto ao grau, quanto às linhas e quanto à natureza):
Pergunta-se: “Qual a importância entre a distinção e classificação do parentesco?” Efeitos de impedimentos matrimoniais, herança, ordem de pagamento de pensão alimentícia.
QUANTO AO GRAU: consiste no nível de distância em cada linha, contado a partir de cada pessoa em relação ao seu parente mais próximo.
Art. 1.594. “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente”.
Quando falamos de relação de parentesco quanto ao grau, estamos querendo saber se esse parente é de 1º grau, 2º grau... Logo, o critério fundamental é o número de gerações.
Ex.: Ana Paula e Rômulo são primos (primo só pode ser parente de 4º grau). Isto significa que entre nossa relação de parentesco estamos distante por 4 pessoas.
Irmãos unilaterais: são irmãos de um lado só, isto é, ou de um mesmo pai ou de uma mesma mãe. Já os irmãos bilaterais, são pelo mesmo pai e mãe.
QUANTO ÀS LINHAS (RETA E COLATERAL)
LINHA RETA: Art. 1.591. “São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes”.
Exemplo: 
AVÔ
 PAI ASCENDENTES
ANA PAULA 
FILHOS
 NETOS DESCENDENTES 
BISNETOS
Obs.: não há limitação de grau (é subdividida em graus). É infinito (bisavô, avô, filho, neto...)
É perpétuo e eterno Ex.: pai-filho; avô-neto; etc.
LINHA COLATERAL: Art. 1.592. “São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra”.
Isto é, você vem do mesmo tronco, mas não descende uma das outras. Ex.: eu e meu primo viemos do mesmo tronco (nosso avô), só que eu não descendo do meu primo e nem meu primo descende de mim. Ex.: Eu e meu irmão viemos do mesmo tronco e também um não descende do outro porque senão seria linha reta.
ATENÇÃO: Enquanto o parente em linha reta é perpétuo e eterno (não há grau de limitação) os parentes colaterais, PARA EFEITOS JURÍDICOS, só são parentes até o 4º grau. Entretanto, o parente de 5º grau, a despeito de não ser considerado parente para efeito jurídico, não deixará de ser considerado da família.
1 - Como contar os graus? Art. 1.594. “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente”.
Ex.: linha reta - Ana Paula e Pai na figura acima (linha reta 1º grau/ascendente); Ana Pula e bisavô (linha reta 3º grau/descendente)
 
 A--------------O
 
 O----------B C-----------O
 O-------------D E-----------O
 
 F G
INTERPRETAÇÃO DA FIGURA: A e O é um casal; tiveram dois filhos (B e C); esses filhos também casaram (B com O e C com O); B teve o filho D; C teve o filho E; D casou com O e teve o filho F; E também casou e teve o filho G.
Obs.: para contar os graus você NÃO CONTA a pessoa que está começando e CONTA a pessoa que está acabando.
Ex.: A---B (pai e filho): 1º grau linha reta; A---D (avô e neto): 2º grau linha reta; B---C (irmãos): 2º grau colateral; B---E (tio e sobrinho): 3º grau colateral; D---E (primos): 4º grau colateral. Isto significa que não existe primo de 1º grau; B---G (filho do meu sobrinho – é o chamado “tio-avô”): 4º grau colateral; D---G (filho do meu primo – é o chamado “primo de 2º grau”): 5º grau colateral. De onde se conclui pelo art. 1592, CC que “primo de 2º grau” NÃO É PARENTE, porque parente, PARA EFEITOS JURÍDICOS, é até 4º grau. Mas isso não quer dizer que o filho do meu primo não é da minha família.
2) Existem parentes colaterais de 1º grau? NÃO! Porque parente colateral, necessariamente você tem que subir no ascendente comum para depois descer até encontrar o outro parente. Logo, será no mínimo de 2º grau para cima. Ex.: irmãos e tios-sobrinhos
Obs.: art. 1697, CC (obrigação de alimentar – colateral até 2º grau), ou seja, irmãos ainda tem obrigação de alimentar, já tio com sobrinho não tem e nem primos. Outro exemplo seria o art. 1521, IV, CC (impedimento para o casamento até 3º grua colateral). Logo, primo com prima já podem casar (4º grau colateral).
QUANTO À NATUREZA (natural, Civil – art. 1593, CC – e afinidade)
Art. 1.593. “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”.
NATURAL: há vínculos de consanguinidade
CIVIL: resultante, em regra, da ADOÇÃO. Não tem diferença, é parente do mesmo jeito.
O termo, parentesco civil, suporta somente a adoção? NÃO, comporta outros significados como por exemplo as fecundações artificiais heteróloga.
AFINIDADE (ART. 1595, CC): Consequência lógica de uma relação de afeto: o núcleo familiar do
cônjuge ou companheiro é agregado ao núcleo próprio de seu (sua) parceiro (a) de vida. Somos parentes, dos parentes dos nossos cônjuges ou companheiros.
ATENÇÃO: parente por AFINIDADE NÃO É IGUAL a parente por AFETIVIDADE (ex.: padrasto com enteado).
Art. 1.595.” Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade”.
Não importa se casado ou União Estável. Então, quando a Ana Paula casa com o Aloísio ou vive em união estável com ele, ela ganha os parentes dele por AFINIDADE (mas tem limitação). Ex.: ganha o pai, mãe, filhos dele, irmão dele, avós dele... 
ATENÇÃO: o parentesco por afinidade então só vai surgir se eu casar com alguém ou se eu viver em união estável com alguém. Isto é, pressupões um anterior vínculo matrimonial ou de união estável.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
Assim, minha sogra, avô..., ou seja, ascendentes, são meus parentes por afinidade; o filho do cônjuge ou companheiro (enteado), neto dele..., ou seja, descendentes, também são meus parentes por afinidade. Perceba que o §1º não colocou limitação de grau em linha reta. Logo, pressupõe-se que todos os parentes em linha reta do meu cônjuge ou companheiro são meus parentes por afinidade sem limitação de grau. Ex.: neto será 2º grau em linha reta por afinidade
Quanto aos colaterais (parte final do §1º): o próprio código está limitando até 2º grau. Logo, os primos e tios do meu cônjuge ou companheira não são meus parentes por afinidade.
CUIDADO: meu parente colateral é até 4º grau por força do art. 1592, CC. Já o meu parente colateral POR AFINIDADE é até 2º grau. Linha reta não tem limitação da grau nos dois casos.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Por este motivo é que “SOGRA É ETERNA”. Por outro lado, os parentes colaterais por afinidade extingue-se com o fim do casamento ou união estável ou com a morte. Logo, neste caso meu cunhado deixa de ser meu parente por afinidade.
Ex.: em 2005 Ana Paula e Aloísio casaram e tiveram um filho “X”; em 2010 se divorciaram; em 2011 Aloísio casou com Joana e teve o filho “Y”. Neste caso o filho “Y” não será parente por afinidade da Ana Paula porque o Aloísio teve esse filho depois do divórcio com Ana Paula. Já a Joana será parente do filho “X” da Ana Paula (madrasta com enteado – ela é parente por afinidade dele).
Ex.: Ana Paula tem dois filhos do Manoele Aloísio tem dois filhos de Maria; eles se casam (família reconstituída ou recomposta). Ana Paula será parente por afinidade dos filhos dele e ele será parente por afinidade dos filhos dela (eternos). Já os filhos (2 da Ana Paula e 2 do Aloísio) não se tornam parentes. Eles podem ser parentes por afeto (“irmãos emprestados”), mas não por afinidade. Portanto, o filho da Ana Paula pode casar com a filha do Aloísio. Afinidade não gera afinidade, isto é, não é porque a Ana Paula ganhou os parentes do Aloísio que os filhos e pais dela também irão ganhar. Desta forma, os pais dela não se tornam parentes dos pais dele.
No caso de morte, o cônjuge sobrevivente pode casar com seu sogro ou enteando? Não, pois são parentes por afinidade em linha reta e estes não se extinguem com o fim ao casamento. Art. 1521, CC.
AULA 14/09/16
Os parentes afins são iguais ou equiparados aos parentes natural ou civil? Surge, entre eles, por ex., obrigação de alimentar? Não são iguais (ex.: sogro e pai) e nem equiparados, mas existem uma simetria entre eles em relação as linhas e graus. Lógico que meus pais que são meus parentes em linha reta 1º grau são muitos mais próximos, com muito mais deveres e obrigações do que os em linha reta 1º grau por afinidade, que são meus sogros por exemplo. No que diz respeito a obrigação de alimentar, já há uma divergência. Pelo princípio da solidariedade familiar, o código diz que a obrigação de alimentar é linha reta e não exclui linha reta por afinidade. Assim, parte da doutrina e inclusive jurisprudência, entende que HÁ OBRIGAÇÃO de alimentar, por exemplo, eu e minha sogra. Ex.: Ana Paula e Aloísio são casados; Aloísio paga pensão alimentícia da mãe dele e ele morre (ele pode pagar por conta do art. 229, CF – dever de cuidado) e não tem ninguém para pagar a pensão; Aí você junta com código civil que diz que o dever de alimentar é entre parentes em linha reta e colateral até 2º grau, alguns tribunais já falam que pelo código não limitar dizendo que o afinidade não entra, haveria sim essa obrigação.
OUTRAS RESTRIÇÕES GERADAS PELO PARENTESCO: diz respeito a outras importâncias de você saber relação de parentesco
Proibição de ascendentes adotar descendentes (art. 42, § 1º do ECA); proibição do casamento entre si (art. 1521, inciso I); restrições para impedimentos aos magistrados e testemunhas (CPC e CLT)
CASAMENTO
“Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. 
1 - CONCEITO DE CASAMENTO (art.1511 a 1516, CC): “É a união entre um homem e uma mulher (?), de acordo com as formalidades legais, com objetivo de constituição de família e comunhão de plena vida” (Carlos Roberto Gonçalves).
 “Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.”
Art. 1514, CC: estabelece que tem que haver a diversidade de sexo como exigência de requisitos ? Homem e mulher não é mais requisito para o casamento existir (assim como o é a vontade dos nubentes), pois hoje já temos a possibilidade de casamento homoafetivo com base na Resolução 175 do CNJ e, além disso, o art. 1521, CC não diz que é vedado.
Quando se considera casado? Uma das características do casamento é ser um ato solene, isto é, seguir o que os trâmites que a lei prescreve. Assim, com base no art. 1514, CC, considera-se casado no momento em que ambos manifestaram suas vontades e o juiz os declara casados.
Ex.: João e Maria estão no cartório de registro civil para casar; juiz pergunta se eles desejam casar e ambos diz que sim; o juiz então os declara casados; João fica muito feliz e morre antes de assinar o livro do casamento. Neste caso, serão considerados casados porque ambos já haviam manifestado suas vontades e o juiz já havia os declarado casados. Há decisão inclusive que diz que independente do juiz declarar, eles já estariam casados.
2 - CAPACIDADE PARA O CASAMENTO (arts.1517 a 1520, CC): diz respeito a quem pode casar.
“Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil”.
“Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.”
IDADE NÚBIL: significa quem tem capacidade para o casamento. Com base no art. 1517, CC esta idade é de 16 anos, desde que tenha autorização de ambos os pais ou representantes legais. Isto é, 16 e 17 anos vai precisar de autorização. Na falta de um dos pais ou impedimento de um deles (perda do poder familiar por decisão judicial), o outro o exercerá com exclusividade (art. 1631)
A - E se um dos pais não anuir? A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz (art. 1519).
CUIDADO! PEGADINHAS! (PROVA) 
Ex.: Ana Paula foi registrada por Joaquim, mas depois este sumiu no mundo. Ana Paula quer casar e a mãe autoriza; Independente do pai estar sumido no mundo, ela precisará da autorização dele da mesma forma. Assim, como não sabe onde o pai está, deverá recorrer ao juiz pleiteando que este supra a autorização.
Ex.: Ana Paula, 17 anos, quer casar com Aloísio, 20 anos. Ana Paula tem anuência de seus pais; o Aloísio não sabe quem é um de seus pais; O Aloísio tem autorização somente da mãe. Eles podem casar? PODERÁ, pois o Aloísio já atingiu a maioridade civil e por esse motivo não precisa de autorização para casar.
A.1 - Neste caso, como fica o regime de separação de bens? Todas as vezes que alguém depender de autorização do juiz (suprimento judicial) para casar, esta pessoa obrigatoriamente tem que casar pelo regime de separação legal ou obrigatória. Isto é, não poderá escolher o regime de bens (art. 1641, inciso III, CC)
Atenção: se houver anuência de ambos os pais para casar, PODERÁ escolher o regime normalmente.
B - A autorização concedida pode ser revogada? Sim. “Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização” (art. 1518, CC)
Ex.: casei com 16 anos devidamente autorizado. Logo, sou EMANCIPADO. Um ano depois eu divorciei. Minha capacidade civil neste caso não se revoga, ou seja, eu continuo sendo emancipado. A pessoa só deixará de ser emancipada se o casamento que a fez ser emancipada for tido como nulo. 
C - E se casarem sem a autorização dos pais? Esse casamento será ANULÁVEL (pode ser convalidado) por força do art. 1550, inciso II, do CC o qual prevê que é anulável o casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal. Significa dizer que se eu tenho 16 anos e caso sem autorização dos meus pais, esse casamento é inválido temporariamente. Isto porque se as pessoas determinadas não pedem a invalidade dele no prazo (que é decadencial) esse casamento se torna válido.
D - Menor de 16 anos pode casar? A idade núbil é 16 anos, somente em situações excepcionalíssimas (art. 1520, CC) é que o menor de 16 anos poderá casar.
“Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez”.
Obs.: Embora o artigo traga como uma das situações excepcionais a permissão do casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil “para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal”. É preciso esclarecer que isto não é mais aceito na doutrina e jurisprudência pelo fato desta situação não ser mais causa de extinção de punibilidade do direito penal. Assim, não há mais sentido aplica-la ao direito civil, ou seja, teria sido revogado tacitamente.
Enunciado 329 – “A permissão para casamento fora da idade núbil merece interpretação orientada pela dimensão substancial do princípio da igualdade jurídica, ética e moral entre o homem e a mulher, evitando-se, sem prejuízo do respeito à diferença, tratamento discriminatório”.
Portanto, se um menino de 14 ou 15 anos engravidar uma menina de 18 anos ele poderá casar, entretanto, a maioria da doutrina entendeque PRECISARÁ DE AUTORIZAÇÃO para casar, mesmo com os pais consentindo.
Obs.: A regra do art. 1520, CC vem sendo relativizada porque existem decisões judiciais em que, mesmo não sendo na hipótese de gravidez, mostrando-se que o casal já tem maturidade suficiente para o casamento, como por exemplo, já conviverem em união estável com o consentimento dos pais, o juiz ou tribunal autoriza o casamento deste menor que não atingiu a idade núbil. Nada mais é do que adequar o direito ao fato social.
E - E se for desfeito o vínculo matrimonial pela viuvez ou divórcio, como fica a capacidade civil? Ela não se revoga, ou seja, continua a ser emancipado.
AULA 20/09/16
3 - CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
A – ATO SOLENE: o casamento tem que seguir os trâmites da lei, não só para os seus deveres e direitos, mas também para sua realização. A HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO demonstra como ele é um ato solene. 
B – NORMAS DE ORDEM PÚBLICA: por serem normas de ordem pública não podem ser afastadas por convenção das partes. Não cabe aos nubentes discutir com o celebrante, por exemplo, o conteúdo e a extensão dos seus direitos e deveres impostos por lei. Ressalta-se que, em tese, eu não posso estabelecer uma cláusula no pacto nupcial em que eu abro mão de alimentos em caso de divórcio. Entretanto, a jurisprudência vem aceitando em alguns casos a convenção das partes nesse sentido.
C – COMUNHÃO PLENA DE VIDA (art. 1511, CC): apoio mútuo e igualdade de direitos e deveres.
D – REPRESENTA A UNIÃO PERMANENTE: obrigação de respeito mútuo. Ex.: fidelidade.
E – DIVERSIDADE DE SEXO: art. 1514, 1517, 1565 – não é mais requisito de existência do casamento.
F – NÃO COMPORTA TERMO OU CONDIÇÃO: negócio jurídico puro e simples. Quer dizer que não se pode estabelecer uma data para o fim do casamento, assim não se pode estabelecer uma condição para se casar (ex.: só caso se?)
G – LIBERDADE DE ESCOLHA DOS NUBENTES: corresponde a um direito da personalidade
4 - NATUREZA JURÍDICA: as teorias coexistem, uma surgiu para criticar a outra.
TEORIA CONTRATUALISTA (negocial, individualista): surgiu para se desvincular o casamento da igreja. Para esta teoria, casamento seria um CONTRATO, ou seja, um negócio jurídico, pois existem cláusulas de partilha de bens, contrato de vontades convergentes para a obtenção de fins jurídicos.
TEORIA INSTITUCIONALISTA (SUPRAINDIVIDUAL): traz o casamento como uma INSTITUIÇÃO SOCIAL, ou seja, serve par instituir uma família propiciando uma comunhão plena de vida, que reflete parâmetros preestabelecidos pelo legislador e um conjunto de regras impostas pelo Estado.
Críticas à teoria contratualista: o casamento não seria um contrato porque para se desfazer um contrato você faz através do distrato (no qual há um consentimento mútuo) e no casamento não é assim, você divorcia e muitas vezes não há um consentimento mútuo. Além disso, o casamento não teria natureza patrimonial, visto que o casamento é afeto. Outra coisa, no casamento você não tem uma autonomia plena de vontade porque você não pode escolher uma série de coisas, ou seja, as partes não podem estipular os deveres e direitos do casamento. Assim, para alguns doutrinadores, se o casamento for um contrato ele será um CONTRATO DE ADESÃO (contém cláusulas abusas). É aquele contrato que te tolhe a autonomia de vontade. Não há estipulação.
TEORIA MISTA OU ECLÉTICA (professora entende ser a majoritária): traz o casamento como um ATO COMPLEXO, ou seja, no que diz respeito à formação o casamento é um contrato, porém, quanto ao conteúdo, o casamento é uma instituição social porque ele institui a comunhão plena de vida, institui os deveres e os direitos etc. Lembrando, que a maioria da doutrina diz que ele é um contrato, mas um contrato especial.
5 – ESPÉCIES DE CASAMENTO VÁLIDO
A – CASAMENTO POR PROCURAÇÃO (art. 1542, CC)
“Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais”.
CUIDADO! (PROVA) Apenas PROCURAÇÃO PÚBLICA (registrada no cartório) e tem que ter PODERES ESPECIAIS. Isto é, não é eu fazer uma procuração pública com poder geral, tem que ser poder especial. Ex.: “para casar com fulano de tal”. Logo, a procuração deve ser PÚBLICA COM PODER ESPECIAL. Além disso, a eficácia do mandato (procuração) é de 90 DIAS (§3º do 1542, CC).
Obs.: Se já tiver passado os 90 dias ou for uma procuração particular e o cartório celebra o casamento sem perceber esse vício? Em tese, de acordo com 1514, há um vício de vontade e assim, parte da doutrina defende que o casamento é INEXISTENTE.
E o divórcio? Embora o código não traga previsão, ele poderá ser feito por procuração conforme a Resolução 35/07 do CNJ.
E se revogar o mandato?
§ 1o, do art. 1542 – “A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos”.
Ex.: Ana Paula revogou a procuração que deu a Leidiane, não consegue avisar e o casamento ocorre. Neste caso, diferente do que acontece no caso do vício de vontade quando a procuração é feita por instrumento particular ou extrapolou os 90 dias (em tais situações o casamento é considerado inexistente), o casamento será existente, mas ANULÁVEL conforme art. 1550, inciso V do CC. Logo, há uma nulidade relativa e por esse motivo esse casamento poderá ser convalidado, caso a Ana Paula não alegue dentro do prazo decadencial (180 dias a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração – art. 1560, §2º do CC). Frise-se que por força do mesmo dispositivo, sobrevindo coabitação entre os cônjuges pressupõe-se o casamento válido. Tal previsão é muito criticada pela doutrina, a qual entende que este casamento também deveria ser considerado inexistente por haver uma vício de vontade.
Ex.: Ana Paula deu a procuração para Leidiane porque ia viajar; o casamento estava marcado para às 16h; Ana Paula sofre um acidente e morre às 15h58min; Ana Paula será considerada casada? NÃO será considerada casada, porque de acordo com o art. 682, inciso II do CC, uma das forma de cessação do mandato é com a morte.
Como é feita a revogação do mandato? A revogação também deverá ser feita POR INSTRUMENTO PÚBLICO (§4º do 1542, CC)
Ex.: Ana Paula dá uma procuração para Leidiane para que esta case para aquela. A Leidiane, na hora do casamento, poderá dizer não? O procurador no exercício de seus direitos que lhes foram outorgados, em regra, NÃO PODE recusar o consentimento da solenidade matrimonial. Entretanto, alguns doutrinadores defendem que isso só se justificaria numa situação extremamente justificável que pela doutrina seria uma situação em que o próprio mandante falaria não, ou seja, exige-se uma inexigibilidade de conduta diversa.
B – CASAMENTO CIVIL: não é uma forma especial de casamento. A Constituição Federal dispõe em ser art. 226, §1º e art. 1512, CC que a celebração será gratuita.
AULA 21/09/16
C - CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS (art. 1516, CC)
“Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil”.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Casamento religioso com efeito civil é quando não se realiza o ato no civil, você apenas procede o registro do matrimônio. É como se você levassea sua certidão de casamento perante sua religião para que ela fosse registrada no cartório civil.
Esse casamento tem efeito EX TUNC, isto é, retroage. Ex.: casei no religioso dia 10/03/16 e levei para convolar o religioso no civil em 10/06/16. Quando eu me considero casado juridicamente? Por retroagir à data do religioso, sou considerado casado desde o dia 10/03/16, ou seja, efeito ex tunc.
A validade desse casamento está condicionada à habilitação prévia (prazo de 90 dias de acordo com §1º do art. 1516, CC) ou posterior à celebração (pode ser feita a qualquer tempo). De acordo com o §1º, em regra, eu tenho sempre que habilitar o casamento antes, porque senão é uma forma de burlar o casamento. A vantagem desse casamento é que além de retroagir à data do religioso, você pula a solenidade de ter que comparecer ao cartório para dizer o “sim” e o juiz de paz declarar o casamento.
Ex.: eu entrei com a habilitação hoje e casei no religioso. Eu tenho o prazo de 90 dias para levar a certidão para registrar no civil, se eu não fizer isso, eu posso registrar (pode registrar a qualquer tempo), só que terei que fazer uma nova habilitação.
Anulado o casamento religioso, o civil, já registrado, também é anulado? (PROVA)
Ex.: casei na Catedral e convolo meu casamento religioso em civil. Por algum motivo meu casamento na igreja foi anulado. Não, visto que as causas de anulação do religioso são umas e as do civil são outras.
É válido o casamento celebrado em qualquer religião? (PROVA)
No que diz respeito a esse tema há divergência. Pelo art. 5º, inciso VI da CF/88, o Brasil é um país laico (é inviolável a liberdade de crença) e por esse motivo todas as religiões deveriam ser aceitas. Ocorre que isto não ocorre na prática. Ex.: os ciganos representam uma religião, assim como nós temos religiões afro-brasileiras, mas o tribunal não aceita a conversão do casamento dessas religiões em casamento civil. O Carlos Roberto Gonçalves defende que todas as religiões que forem devidamente registradas poderia fazer essa convolação do casamento religioso com efeitos civil. Entretanto, outros doutrinadores defendem que se a religião professe a fé e princípios da sociedade brasileira, o casamento tem que ser convolado com efeito civil. Entretanto, se essa religião professar princípios contrários ao do nosso Estado, como por exemplo a poligamia (que ainda não é permitida em nosso país, mas isso já está mudando com o novo modelo de família que temos) e professe uma fé completamente diferente dos nossos costumes, esse casamento realmente não deveria ser convolado com efeito civil retroagindo a data do casamento religioso. Ressalta-se que principalmente pelo fato do Brasil ser uma país laico nós já temos algumas decisões favoráveis à convolação do casamento religioso do casamento da religião cigana, por exemplo.
D – CASAMENTO NUNCUPATIVO OU IN EXTREMIS (art. 1540 e 1541 do CC) – PROVA
Obs.: Assim como o casamento em caso de moléstia grave, o casamento nuncupativo é uma exceção que o Código Civil prevê às formalidades exigidas para o casamento, ou seja, dispensa as formalidades por necessidade.
O casamento nuncupativo foge muito à regra porque se DISPENSA O PROCESSO DE HABILITAÇÃO e até a PRESENÇA DO CELEBRANTE. Isto porque esse casamento ocorre quando um dos nubentes está em IMINENTE RISCO DE VIDA, ou seja, não há a mínima esperança de salvação, a pessoa vai morrer a qualquer hora.
Art. 1.540. “Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau”.
(PROVA) Ex.: Ana Paula é casado com Joaquim; Joaquim tem um filho João, a mãe Maria e um irmão chamado José. Joaquim morreu; Ana Paula resolveu casar novamente com Aloísio; Aloísio está em iminente risco de vida; eles resolvem então celebrar um casamento nuncupativo. Estavam presentes Maria, João, José e mais três testemunhas. José é certo que pode ser testemunha porque se extingue o parentesco colateral por afinidade com o fim do casamento (morte de Joaquim). Entretanto, surge divergência quanto aos parentes por afinidade (João e Maria), uma vez que o art. 1540, CC não fala em afinidade. O Pablo Stolze e também tem decisão nesse sentido, defende que tem que incluir o parente por afinidade porque a lei não delimitou e se ela quisesse delimitar excluindo o parente por afinidade, ela delimitaria natural e civil. Assim, Maria e João NÃO PODERIAM ser testemunhas. Por outro lado, há quem defenda que como o artigo delimitou as testemunhas estamos diante de uma norma restritiva de direito, razão pela qual não se pode fazer interpretação extensiva. Dessa forma, se o legislador disse linha reta, ele não quis falar em afinidade e consequentemente Maria e João PODERIAM ser testemunhas. Portanto, na dúvida o melhor seria não incluir eles como testemunhas.
Obs.: se a Ana Paula tivesse divorciado de Joaquim e ele tivesse tido o filho Pedro depois do divórcio, este filho poderia ser testemunha do casamento nuncupativo da Ana Paula com Aloísio, pois não se tornou parente por afinidade da Ana Paula.
Com base no art. 1541, CC, após realizado o casamento nuncupativo, as testemunhas deverão comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro de 10 DIAS, para reduzir a declaração a termo. É pacífico que tais testemunhas deverão comparecer à Vara de Família e não na Vara de Registro Público porque o casamento tem o condão de mudar o estado civil.
CUIDADO! PEGADINHA! Art. 1542, § 2º do CC – “O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo”.
Portanto, no exemplo acima a Ana Paula pode se fazer representar no casamento nuncupativo (casar por procuração) MEDIANTE PROCURAÇÃO POR INSTRUMENTO PÚBLICO COM PODERES ESPECIAIS, mas o Aloísio (que estava em iminente risco de vida) não poderá se fazer representar.
E – CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE (art. 1539, CC) – PROVA
Art. 1.539. “No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever”.
§ 1o “A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato”.
§ 2o “O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado”
As diferenças do casamento em caso de moléstia grave para o casamento nuncupativo é que neste você tem a necessidade de um dos nubentes está em iminente risco de vida e naquele não precisa (ex.: nubente está com câncer terminal). A outra questão diz respeito a dispensa da habilitação, ou seja, no casamento por moléstia grave não há dispensa da habilitação como ocorre no nuncupativo. Além disso, no moléstia grave o celebrante tem que está presente. Conclui-se, portanto, que o benefício deste tipo de casamento é que o nubente não precisa se deslocar até o cartório e sim o celebrante que vai até ele.
Não há limitação de testemunhas (pode ser qualquer uma) no casamento por moléstia grave, só que você tem que ter tido a prévia habilitação e o celebrante tem que estar presente, isto é, duas testemunhas mais o celebrante.
AULA 27/09/16
F – CASAMENTO PUTATIVO (art. 1561, CC)
 VONTADE DOS NUBENTES;
PLANO DE EXITÊNCIA
 REALIZADO NA FORMA DA LEI;
 NULO (1548 c/c art. 1521, CC)
PLANO DE VALIDADE 
 ANULÁVEL (art. 1550, CC)
Quando o casamento é nulo estamos falando de nulidade absoluta, já as causas de anulação,são causas de nulidade relativa, ou seja, se não alegadas o casamento é convolado.
O casamento PUTATIVO entra no PLANO DE VALIDADE. Nele os nubentes acham que estão casados, mas não estão pelo fato de haver uma causa de nulidade ou anulabilidade. Portanto, é o período que se tem entre o data do casamento e a sua declaração de nulidade ou anulabilidade.
Art. 1.561. “Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória”.
§ 1o “Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão”.
§ 2o “Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão”.
Ex.: Ana Paula casou em 13/04/14; em 27/09/16 teve transitou em julgado uma decisão de nulidade deste casamento. Este período entre 13/04/14 e 27/09/16 é o período chamado casamento putativo. Ela casou com Aloísio sem saber que ele era casado (causa de nulidade) e portanto esse casamento será nulo; Como Ana Paula era a cônjuge de boa-fé ela viveu um casamento putativo e assim os efeitos do casamento vale para ela. Tais efeitos são preservados como se fossem válidos (Teoria da Aparência). A decisão tem efeito EX NUNC. Logo, terá direito a pedir pensão alimentícia (entendimento do STF, mas não do STJ quanto aos alimentos), direitos sucessórios etc. Já o Aloísio não sofrerá os efeitos do casamento, ou seja, não terá direito a nada. Ressalta-se que a sentença que dá nulidade do casamento você volta a ser solteiro (única forma que uma pessoa volta a ser solteira depois de casada). A boa-fé é apurada objetivamente, ou seja, se a pessoa sabia ou não da causa de nulidade ou anulabilidade. Esta boa-fé é apurada no dia do casamento, ou seja, quando irá manifestar a vontade. Além disso, a boa-fé se presume, isto é, o ônus da prova é de quem alega. Desta forma, havendo dúvida deve-se presumir a boa-fé. Lembrando que as causas de anulabilidade tem o prazo decadencial e por isso se as partes legitimadas não pedem a anulação do casamento dentro do prazo, esse casamento se torna válido.
Exemplos de casamento putativo: erro de fato (irmãos com ignorância do parentesco) e erro de direito (tios e sobrinhos que ignoram a necessidade de exame pré nupcial).
Se o cônjuge da má-fé falecer antes da anulação? O Cônjuge de má-fé terá direito à herança. Agora o contrário não é verdadeiro, ou seja, se o de boa-fé morrer o de má-fé não terá direito.
G – CASAMENTO CONSULAR (art. 1544, CC)
Art. 1.544. “O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir”.
É o casamento de um brasileiro realizado no estrangeiro perante uma autoridade consular brasileira para surtir efeito no Brasil. Os nubentes não precisam ser necessariamente um brasileiro e um estrangeiro, podem ser dois brasileiros.
O brasileiro que reside no exterior tem a opção de casar-se conforme a lei pátria, no consulado, caso não queira sujeitar-se à legislação local. Entretanto, para esse casamento ser válido no Brasil ele terá que ser registrado em 180 DIAS a contar da data de UM ou de AMBOS os cônjuges ao Brasil. Frise-se que a maioria da doutrina entende que a “volta” é o ânimo de permanecer e não para passar férias, por exemplo. Voltando para o Brasil com o ânimo de permanecer e esgotando-se o prazo de 180 dias sem que tenha havido o registro, maioria da doutrina entende que se trata de um PRAZO DECADENCIAL e por esse motivo gera a IMPOSSIBILIDADE de produção dos EFEITOS JURÍDICOS pretendidos pelo casamento e consequentemente os cônjuges não serão considerados casados pela lei do Brasil, mas tão somente pela lei no estrangeiro.
Obs.: se eu casei em 2004 pelo casamento consular e só registrei em 2014 (quando voltei com ânimo de permanecer), serei considerado casado desde 2004 (efeito ex tunc).
AULA 28/09/16
CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO (art. 226, §3º da CF e art. 1726, CC)
Art. 1.726. “A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil”.
Ex.: Ana Paula começou em 01/12/14 uma União Estável com João; resolvem converter esta União Estável em casamento e fazem isso em 27/09/16; Ocorre que para fazer essa conversão é preciso entrar com um processo judicial pedindo ao juiz com posterior assento no registro civil. Entretanto, a sentença de conversão tem EFEITO EX NUNC (não retroage), ou seja, acaba que NÃO TRAZ BENEFÍCIO ALGUM, visto que Ana Paula será considerada casada a partir de 27/09/16. Desta forma, é mais fácil dar entrada na habilitação para o casamento.
Obs.: lá em 2012 (não mais hoje) com relação as uniões homoafetivas, essa conversão trouxe benefício quando o STF possibilitou a configuração da União Estável entre casais homoafetivos; 
ex.: Ana Paula e sua companheira quiserem que fosse reconhecida a união estável, entraram com processo de reconhecimento de união estável e tiveram êxito; naquela época elas não conseguiam casar no cartório porque não era autorizado; ocorre que como elas já viviam em união estável e a CF diz que a União Estável é equiparada ao casamento, não fazia sentido o STF autorizar a união estável e não autorizar o casamento; então os casais homoafetivos começaram a pedir judicialmente a conversão da união estável em casamento. Assim, quando o STF autorizou essa conversão os cartórios passaram a aceitar o casamento direito.
6 – PROVAS DO CASAMENTO (art. 1543 a 1547, CC)
O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão de registro (ato solene). Entretanto, se não tiver o registro pode fazer prova por outro meio.
O art. 1545, CC traz a POSSE DO ESTADO DE CASADOS (teoria da aparência), porém, tal artigo é muito criticado porque a posse do estado de casados nada mais é do que viver como se casado fosse. Assim, hoje já temos a União Estável.
Art. 1.547. “Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados”.
Portanto, na dúvida presume-se pelo casamento (in dubio pro matrimônio). Afasta-se somente com proa de existência de casamento anterior.
Obs.: cônjuge VARÃO (sexo masculino) e cônjuge VIRAGO ou VAROA (sexo feminino)
7 - HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO (art. 1525, CC a 1532, CC)
A habilitação é um procedimento administrativo regido pelo Código Civil e pela Lei de Registro Público. O oficial do registro civil afere a ocorrência dos pressupostos de existência e validade do ato matrimonial expedindo ao fim a habilitação necessária à concretização do enlace.
PROCEDIMENTOS: Noivos dirigem-se ao Cartório para formalizar intenção de contrair núpcias; apresentação da documentação (art. 1525, CC); Editais de proclamas (cartório + imprensa oficial) - 15 dias para oposição de impedimentos e MP analisa a regularidade da habilitação; Juiz (se houver impugnação com base no parágrafo único do art. 1526, CC) homologa, ou não, a habilitação; oficial procede ao Registro; expedição de certidão habilitatória (art. 1531, CC); prazo de 90 dias para o casamento (art. 1532, CC)
ATENÇÃO: até 2009 os documento iam para o MP e abria-se um processo judicial no qual o juiz manifestava-se. Ocorre que com a Lei 12.133/99, em regra, não vai mais para o juiz. Somente vai para o juiz se houver impugnação do oficial do registro civil, do MP ou de terceiros. Isto é, vai para o juiz homologar ou não a habilitação. Por óbvio, é instaurado o contraditório.
Art. 1.532. “A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado”.
8 – DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO (art. 1533 a 1542, CC)
A solenidade é realizada com portas abertas e deve haver pelo menos 2 TESTEMUNHAS parentes ounão dos contraentes.
Se o casamento for fora do cartório ou se um dos contraentes não souber ou não puder escrever serão 4 TESTEMUNHAS;
PLANOS DO CASAMENTO
PLANO DE EXISTÊNCIA
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO DE EXISTÊNCIA: para o casamento existir ele tem que ter três requisitos (diversidade de sexo não mais). Faltando algum desses requisitos o casamento é considerado INEXISTENTE. Logo, ele sequer pode ser considerado casamento PUTATIVO, pois este está no plano de validade. Portanto, o casamento inexistente é um nada jurídico.
Obs.: Crítica da Maria Berenice quanto ao plano de existência. 
Ex.: vamos supor que a Ana Paula casou com o Aloísio com uma procuração irregular e aí 10 anos depois descobrem que essa procuração está errada, ou seja, a um vício de vontade e consequentemente essa procuração está errada. Assim, esse casamento seria considerado inexistente e, portanto, um nada jurídico. Ela critica se considerar um nada jurídico porque, no mínimo, seria considerado uma União Estável, mas não é isso que acontece hoje.
REQUISITOS PARA O CASAMENTO EXISTIR: 
1 - CONSENTIMENTO DOS NUBENTES
ATENÇÃO (PROVA): se eu revogo a procuração eu revogo, em tese, minha vontade e por este raciocínio se alguém casa por mim com uma procuração revogada esse casamento deveria ser considerado inexistente. Ocorre que NÃO É isso que acontece, porque o art. 1550, inciso V do CC considera isso como CAUSA DE ANULABILIDADE e consequentemente o casamento é INVÁLIDO. SALVO se sobrevier coabitação entre os cônjuges.
ATENÇÃO (PROVA): POR OUTRO LADO, havendo defeito na procuração, ou seja, não sendo por instrumento público, com poderes especiais ou passado os 90 dias, é como se tivesse AUSÊNCIA DE CONSENTIMENTO. Logo, o casamento é considerado INEXISTENTE. Isto para melhor doutrina e jurisprudência.
2 – CELEBRADO POR AUTORIDADE COMPETENTE (PROVA)
Quando falamos celebrado por autoridade competente, o que se quer dizer com esse requisito de existência do casamento é a COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA FUNÇÃO (matéria) e não do território.
Ex.: casar perante um delegado, um juiz criminal ou um policial (isto é competência em razão da função que causa a inexistência do casamento). Deve-se ter CUIDADO com isso porque o art. 1550, inciso VI do CC diz que é anulável o casamento por INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE CELEBRANTE (plano de validade). Ocorre que no presente dispositivo a incompetência trazida é EM RAZÃO DO TERRITÓRIO e não da função, ou seja, neste caso eu estou casando perante o oficial do cartório de registro civil e não de um delegado ou juiz criminal. Entretanto, eu tenho que casar perante o cartório de onde é meu comprovante de residência, ou seja, eu não posso casar, por exemplo, lá no ACRE sem que qualquer dos nubentes resida lá. 
Ex.: moro em Juiz de Fora e se eu caso perante um delegado lá no ACRE meu casamento é inexistente; se eu caso perante um delegado em Juiz de Fora meu casamento também é inexistente; mas se eu caso perante um oficial do cartório de registro civil lá no ACRE meu casamento EXISTE, mas é INVÁLIDO, porém, PODE CONVALIDAR.
3 – DIVERSIDADE DE SEXO
Não se aplica mais. É uma norma que está vigendo, porém, NÃO TEM EFICÁCIA. Logo, não é mais requisito de existência do casamento.
O fato de eu ter os três (ou os dois) requisitos não significa que meu casamento é válido.
AULA 04/10/16
PLANO DE VALIDADE (NULIDADE ABSOLUTA)
Para o casamento ser válido não pode haver causas de nulidade absoluta (nulo - art. 1548, CC) ou causas de nulidade relativa (anulabilidade/anulação – art. 1550, CC).
É NULO o casamento quando ele tem uma causa de impedimento (art. 1521, CC). Assim, se a pessoa casa com infringência a uma causa de impedimento esse casamento existe, porém, é nulo e consequentemente inválido.
Obs.: o inciso I do art. 1548, CC foi revogado pelo Estatuto das Pessoas com Deficiência. Portanto, enfermos mentais sem o necessário discernimento não é mais causa de nulidade e assim podem casar.
NULIDADE ABSOLUTA X NULIDADE RELATIVA (a consequência jurídica é a mesma – invalidade)
	
	NULIDADE ABSOLUTA
	NULIDADE RELATIVA
	
	INTERESSE PÚBLICO (coletividade)
	INTERESSE PRIVADO (partes)
	LEGITIMIDADE
	QUALQUER PESSOA e MP PODEM ALEGAR
	ESPECIFICADA POR LEI (restrita aos interessados no caso)
	PRAZO
	A QUALQUER TEMPO (imprescritível)
	PRAZO É DECADENCIAL (art. 1560, CC), ou seja, se não alegada no prazo decadencial o casamento convalida.
	TIPO DE VÍCIO
	VÍCIO É INSANÁVEL (nunca convalida)
	VÍCIO É SANÁVEL (pode ser convalidado)
	EFEITOS DA SENTENÇA
	A SENTENÇA É DECLARATÓRIA
	A SENTENÇA É CONSTITUTIVA
Exemplo vício insanável: Ana Paula casou com João sem saber que ele era irmão dela; na comemoração dos 70 anos de casados a vizinha chegou na festa e gritou para todos que eles eram irmãos; será instaurado um processo para tornar nulo o casamento; por conta desse impedimento esse casamento deve ser considerado nulo. Ocorre que neste caso o casamento pode ter efeito para a Ana Paula, pois estava de boa-fé, ou seja, não sabia que João era seu irmão. Portanto estamos diante de um casamento PUTATIVO (da data da celebração até o trânsito e julgado de sentença de anulação)
QUANTO A SENTENÇA: a sentença nas causas de nulidade absoluta tem efeitos declaratórios porque as causas de impedimento são pré-existentes ao casamento e o vício é insanável. Logo, independente do juiz declarar ou não esse casamento é nulo. Por isso a sentença tem efeito DECLARATÓRIO na nulidade absoluta, isto é, quando o Juiz torna nulo o casamento por uma causa de impedimento ele simplesmente está declarando uma situação que já existe. Por outro lado, quanto a sentença que torna o casamento anulável (nulidade relativa) o efeito dela é CONSTITUTIVO. Isso porque ela está constituindo uma situação nova, ou seja, eu não sei se o casamento é válido ou inválido, porque se passar o prazo decadencial o casamento se torna válido. Já na nulidade absoluta (causas de impedimento) esse vício sempre existiu.
EXEMPLO: Ana Paula casou em 20/01/80; 30 anos depois, ou seja, em 20/01/10 teve um trânsito e julgado de uma decisão que invalidou esse casamento. Essa decisão que invalidou o casamento tem efeito EX TUNC tanto para a nulidade absoluta quanto para a nulidade relativa. Logo, os cônjuges VOLTAM A SER SOLTEIROS (mesmo para o terceiro de boa-fé no caso do casamento putativo).
Obs.: o Orlando Gomes (MINORIA) defende que para a nulidade absoluta o efeito da sentença realmente tem efeito ex tunc, mas no caso de nulidade relativa o efeito seria ex nunc. Entretanto, isso não faz menor sentido.
Ex.: vamos supor que a Ana Paula case com o Aloísio e chega em 2010 o casamento dela se torna inválido por qualquer motivo; assim ela volta a ser solteira; em 2012 ela quer casar com o pai do Aloísio; embora o casamento tenha existido, pelo fato da sentença ter efeito ex tunc, retroage à data da celebração do casamento, ela volta a ser solteira e é como se ele nunca tivesse sido sogro dela. Razão pela qual a maioria da doutrina defende que ela poderia casar com ele pelo fato dele não ser considerado parente por afinidade dela, já que os parentes por afinidade advém do casamento válido/união estável.
Ex.: em 1980 Ana Paula casou com o irmão dela e por ser uma causa de impedimento esse casamento tem que ser nulo; em 20/01/00 eles brigaram e ele foi morar na França sem se divorciarem; em 20/01/00 ela se apaixona e casa com o João; em 20/01/10 teve uma sentença que tornou nulo o primeiro casamento dela; Nesse contexto, o segundo casamento dela com o João será válido porque se os efeitos da sentença que decretou a nulidade do primeiro casamento retroagem, consequentemente quando ela casou com João ela estava solteira.
PLANO DE EFICÁCIA (art. 1565, CC): diz respeito aos efeitos do casamento.
EFEITOS SOCIAIS: qualquer dos nubentes poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro; outorga uxória ou autorização marital (ex.: não pode vender um bem sem a anuência do outro cônjuge dependendo do regime de bens)
EFEITOS PESSOAIS: alteração do estado civil; art. 1566, CC (são os deveres do casamento)
CAUSAS

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