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1Narcisismo e contexto organizacional brasileiro RS

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Narcisismo e contexto organizacional: revisão sistemática da literatura científica brasileira
Resumo
O narcisismo vem sendo estudado por cientistas sociais como mais uma característica da personalidade humana, não necessariamente ruim, mas dentro de um espectro o qual, em certos níveis pode ser funcional para o indivíduo e para determinados contextos organizacionais. O objetivo desse artigo é fornecer uma revisão sistemática da produção científica nacional sobre as relações em narcisismo e contexto organzacional. Foram consultadas três bases nacionais de dados: Scielo, Periódicos Capes e Spell buscando pesquisas que relacionassem o narcisismo, em níveis não patológicos, e suas relações com o contexto organizacional. Dentro do período estipulado, que foi entre 2008 e 2017 apenas cinco trabalhos estabeleceram as ligações entre os conceitos base desta pesquisa. Desses artigos foram coletados: definição de narcisismo, objetivo geral, amostra, percurso metodológico e principais resultados. Os resultados apontam para pesquisas cuja principal estratégia metodológica utilizada foi a quantitativa e o instrumento para coleta de dados o questionário. Cinco tópicos principais foram discutidos em relação a esses artigos: (a) Narcisismo e diferentes tipologias no contexto organizacional; (b) Relação entre traços de personalidade narcisista e decisões de caráter oportunista; (c) Influência do narcisismo em comportamentos considerados desonestos no ambiente acadêmico; (d) Narcisismo e desempenho acadêmico dos estudantes; (e) Narcisismo dentro da Dark Triad: principais direcionamentos depreendidos das pesquisas. Ao final, são apresentadas limitações e sugestões para pesquisas futuras. 
Palavras-chave: Narcisismo. Contexto Organizacional Revisão Sistemática. Produção Científica Brasileira.
1 INTRODUÇÃO
Assim como Édipo, Narciso, figura mitológica grega, tem sua historia contada até os dias de hoje como forma de ilustrar comportamentos complexos do ser humano. O mito de Narciso nos fala sobre um jovem tão belo que ao ver sua própria imagem refletida nas águas cristalinas de um rio apaixonou-se pela criatura perfeita a qual enxergou. Sem saber que era sua própria imagem, Narciso buscou de todas as maneiras aproximar-se daquela figura encantadora, tocá-la, juntar-se a ela de alguma forma. Tantas foram as tentativas que Narciso acabou por sucumbir ao cansaço e aos poucos seu corpo foi levado pelo rio (BULFINCH, 2002). 
O conceito de narcisismo tem ganhado maior notoriedade no âmbito organizacional (LUBIT, 2002;CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007; ROUSSEAU & DUCHON, 2015) com o intuito de melhor compreender em que medida profissionais com este traço de personalidade contribuem positiva e/ou negativamente para as relações e resultados nas organizações. 
Embora o termo narcisismo, seja visto por alguns como uma característica patológica na literatura sobre teorias da personalidade (HALL, LINDSEY& CAMPBELL, 2010) bem como em manuais de diagnóstico de transtornos mentais, a exemplo do DSM V(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013), há autores que o enxergam dentro de um espectro, no qual é possível diferenciar pessoas com traços mais ou menos acentuados desta característica (VAZIRE & FUNDER, 2006).
O narcisismo vem sendo estudado por cientistas sociais como mais uma característica da personalidade humana, não necessariamente ruim, mas dentro de um espectro o qual, em certos níveis pode ser funcional para o indivíduo e para determinados contextos organizacionais (CHATTERJEE& POLLOCK, 2017;GERSTNER, KÖNIG,ENDERS & HAMBRICK, 2013; CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007).
O objetivo desse artigo é fornecer uma revisão sistemática, a partir das bases nacionais de pesquisa Scielo, Periódicos Capes e Spell acerca de como o narcisismo, em níveis não patológicos, ou ainda, em níveis subclínicos, foi explorado pelos pesquisadores nacionais no âmbito organizacional no período entre 2008 e 2017. Uma vez eliminados os artigos cujo tema narcisismo aparecia relacionado à prática clínica, o total de artigos passíveis de serem analisados sob a ótica organizacional foram cinco. A discussão desses trabalhos visa analisar como os autores definem narcisismo, os objetivos gerais traçados, o público participante, o percurso metodológico decorrido e os principais resultados que os pesquisadores chegaram a partir de suas análises.
O presente artigo justifica-se pelo fato de ser crescente a quantidade de estudos organizacionais em periódicos internacionais correlacionando a personalidade do gestor aos processos decisórios, clima organizacional e aos resultados financeiros obtidos pela organização. Ao lançar olhar sobre essa questão é possível ter uma melhor compreensão acerca de como este traço de personalidade tem sido trabalhado pelos pesquisadores nacionais e, a partir da perspectiva destes, compreender como o narcisismo pode acarretar em consequências para a organização e para os que dela fazem parte.
Este trabalho está estruturado em cinco tópicos principais: o primeiro inclui esta introdução; o segundo refere-se à fundamentação teórica sobre narcisismo e contexto organizacional; o terceiro compõe os procedimentos metodológicos aplicados na pesquisa; no quarto tópico são apresentados os resultados e as discussões e, por último, o quinto tópico traz as considerações finais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Narcisismo e o contexto organizacional
A história de Narciso remete à figura de um ser obcecado pela própria imagem, pelas próprias qualidades e incapaz de ver valor em tudo que era externo a ele. Não à toa, a literatura criou o termo narcisismo para designar pessoas com autoimagem inflada, percepção de suas habilidades como sendo superiores aos dos demais, necessidade constante receber atenção e elogios, além de outras características que remetem à grandiosidade e excepcionalidade.
O termo narcisismo foi introduzido no campo científico por Ellis (1898), no entanto ganhou maior notoriedade em 1911, através do texto Introdução ao Narcisismo, de autoria de Freud. Não cabe aqui, no entanto, elucidar a visão freudiana acerca da temática, mas simplesmente posicionar temporalmente quando a questão ora tratada ganhou maior visibilidade.
No ano de 1973 o sociólogo americano Christopher Lasch, em obra intitulada “ The Culture of Narcissism” aponta uma crescente mudança de valores fundamentais na sociedade americana entre os anos 60 e 70 e que deu origem, segundo o autor, a uma sociedade imersa em uma cultura narcisista. Segundo Lasch (1983), o sucesso, a ideia de ascensão social pelo próprio esforço, a busca egoísta pela conquista de objetivos tornaram-se centrais na vida cotidiana do americano. Desta forma, o autor elabora como o narcisismo, além de um traço de personalidade individual, pode ser um conceito ampliado para características que engendram toda uma sociedade. 
Por volta dos anos 80, pesquisadores do campo organizacional nos Estados Unidos passaram a dar maior ênfase acerca de como os traços de personalidade dos gestores podem influenciar nos resultados corporativos (YOUNG, DU, DWORKIS e OLSEN, 2014). Tal temática vem ganhando força nos estudos organizacionais e questionamentos acerca de em que medida determinados traços de personalidade presentes em altos gestores podem influenciar no sucesso ou fracasso das organizações tem se tornado cada vez mais comum (D´SOUZA & LIMA, 2015). 
Não há, no entanto, consenso entre os pesquisadores do tema quanto ao tipo de influência exercida por pessoas com personalidade narcisista. Há desde autores que abordam o narcisismo como uma característica, em certo grau, positiva, em determinados campos de trabalho (CHATTERJEE & HAMBRICK,2007); há os que enxergam gestores com esse traço como potencialmente nocivos no que diz respeito às decisões realizadas nas organizações (LUBIT, 2002); e por fim, há na literatura autores que enquadram o narcisismo como um dos perfis presente na chamada Dark Triad, a qual relata que, em certos níveis, traços de narcisismo pode ser um diferencial positivo que pode favorecer o indivíduo a se manter em ambientesde trabalho muito competitivos (D´SOUZA & JONES,2017).
Entre os que observam os impactos negativos do narcisismo nas organizações podemos citar o trabalho de Lubit (2002) o qual traz o conceito de Narcisismo Destrutivo (ND) e os possíveis efeitos nas organizações em manter em seu quadro funcional pessoas com esta característica, especialmente em posições em que podem exercer poder. O autor (2002) deixa claro que o narcisismo, como traço de personalidade, não é em si uma característica negativa, mas que quando apresentado em altos níveis pode comprometer não só os resultados das organizações como também toda a cultura organizacional, uma vez que a alta liderança tem poder expressivo na configuração cultural (Schein, 1983).
Seguindo uma ótica diferente, conforme Gesrtner et al. (2013), profissionais narcisistas sentem-se atraídos por atividades nas quais podem demonstrar as suas habilidades e obter o reconhecimento daqueles que os cercam (preferencialmente sendo percebidos, pelos outros, como sendo audaciosos, perspicazes e de inteligência elevada). Diante de desafios, os narcisistas tendem a apresentar atitudes otimistas e buscam transmitir ao grupo que, tendo-o como figura central para a execução da atividade, as dificuldades podem ser vencidas. Nesse sentido, a autoconfiança e a capacidade de liderança dos narcisistas, em condições subclínicas, podem gerar motivação e aderência a práticas que envolvem mudanças no ambiente organizacional.
Já na rede científica denominada Dark Triad, que analisa a tríade maquiavelismo, psicopatia e narcisismo em níveis sub-clínicos, o último aparece mais correlacionado a características de autoestima e autoafirmação que, quando apresentado em níveis moderados pode trazer resultados positivos aos indivíduos e às organizações as quais estes fazem parte (PAULHUS & WILLLIAMS, 2012). Entre os três tipos de personalidades analisadas o narcisismo é o que se mostra mais adaptativo ao ambiente corporativo.
É possível inferir a partir das perspectivas abordadas anteriormente é que o traço narcisista apresenta uma linha tênue entre em seus efeitos positivos e negativos para os indivíduos e para os resultados produzidos por estes nas organizações. O contexto e a amplitude deste traço na pessoa são elementos diferenciais entre resultados promissores ou implicações desastrosas no ambiente organizacional.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa delineada teve por base o seguinte questionamento: Quais os objetivos, procedimentos metodológicos, e resultados de pesquisas que tratam do tema Narcisismo no Contexto Organizacional nos periódicos brasileiros? 
Para responder a este questionamento foram realizadas buscas com a palavra chave “narcisismo” em três bases de dados: Scielo, Periódicos Capes e Spell. O período de tempo estipulado foram publicações nacionais no período entre 2008 a 2017, e após a busca as pesquisadoras procederam a uma análise criteriosa dos artigos publicados, com o fim de verificar quais artigos constituíram os trabalhos que seriam objeto de análise nesta pesquisa. 
Na base de dados Capes a busca gerou 151 artigos. No portal Scielo foram encontrados 33 artigos. Na base de dados Spell os resultados da pesquisa foram 8 artigos. Gerando um total de 185 artigos, após a retirada de 5 artigos que apareceram repetidos em algumas das bases. Destes foram excluídos 180 artigos em virtude de tratarem do narcisismo sob a ótica clínica ou outras que não abrangessem estudos organizacionais, assim obteve-se um resultado final de 5 artigos, como pode ser visto no Quadro 1: 
Nos trabalhos selecionados foram analisados os seguintes aspectos: definição de narcisismo, objetivo geral, participantes, percurso metodológico e principais resultados. Os resultados são apresentados a seguir.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Definição de Narcisismo e objetivo geral das pesquisas nos artigos selecionados
Entre os 5 artigos analisados foi possível perceber que os autores utilizaram uma visão não-patológica de narcisismo, mas que admitem esse traço dentro de um contínuum no qual o indivíduo pode apresentar desde níveis mais baixos a níveis superiores deste traço.
Vale salientar que um autor em particular se destaca na produção de artigos com esta temática. Entre os 5 artigos analisados, 3 constam como autor o professor Gerlando Augusto Sampaio Franco de Lima, doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP). Nos artigos deste autor o conceito de narcisismo segue a linha teórica proposta por Paulhus e Williams (2002), Chatterjee e Hambrick, (2007), Young, Du, Dworkis, e Olsen (2014).
Narcisismo para estes autores pode ser definido a partir de uma abordagem que vem da psicologia social e que propõe a existência de indivíduos que apresentam níveis sub-clínicos de narcisismo, sendo estes caracterizados por: autopercepção de grandiosidade, percepção dos demais como inferiores, exacerbada autoestima, necessidade de dominação, extrema confiança em si mesmos, busca incansável pelo sucesso e falta de empatia.
Entre os 5 artigos analisados é possível perceber a predominância da metodologia quantitativa nas pesquisas presente em 4 dos escritos, apenas 1 artigo enveredou pela estratégia qualitativa.
O narcisismo vem sendo estudado por cientistas sociais, especialmente nos Estados Unidos (D´SOUZA E JONES, 2017) como mais uma característica da personalidade humana, não necessariamente ruim, mas dentro de um espectro o qual, em certos níveis pode ser funcional para o indivíduo e para determinados contextos organizacionais (CHATTERJEE& POLLOCK, 2017;GERSTNER, KÖNIG,ENDERS & HAMBRICK, 2013; CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007). É válido apontar que muitos dos estudos que abordam o narcisismo dentro do contexto organizacional abordam a temática a partir da ótica da Dark Triad.
A relação de cada artigo e seu objetivo está relacionado no quadro 2.
	Autores e ano Objetivo
Buscou-se, amparado no arcabouço teórico sustentado pela teoria de Freud, identificar a presença de Narciso a partir de elementos inconscientes figurados na linguagem dos sujeitos através de sua realidade psíquica.
Promover uma análise da influência dos traços narcisistas de personalidade do DarkTriad na tomada de decisões oportunistas.
Verificar se traços de personalidade narcisista influenciam a probabilidade de estudantes do curso de Ciências Contábeis apresentarem comportamentos considerados desonestos no âmbito acadêmico.
Caracterizar a pesquisa científica do Dark Triad, elucidando o direcionamento dessa temática, no contexto empresarial e contábil, no período de 2012 a 2014.
Identificar se traços não patológicos de personalidade narcisista em estudantes de graduação de um curso de Ciências Contábeis estariam relacionados com o desempenho desses alunos.
Soares e Goulart (2010) 
D´Souza e Lima (2015)
Avelino e Lima (2017)
D´Souza e Jones (2017)
Lima, Avelino e Cunha (2017)
 
Elaborado pela autora (2018)
A análise dos objetivos permitiu observar que em 3 dos artigos os autores intentaram elucidar em que medida a presença de traços narcisistas influenciam nos comportamentos dos indivíduos analisados seja em momentos de tomada de decisão, propensão a ações desonestas e autopercepção sobrevalorizada de seus próprios feitos. Além disso, um dos estudos analisou o narcisismo a partir da ótica freudiana, através de interpretações das autoras sobre como o narcisismo pode ser estar presente em ambientes organizacionais e de que modo este fenômeno se apresenta. Por fim, temos ainda um levantamento sociobibliométrico acerca da produção nacional no que diz respeito à temática da Dark Triad nos campos da Administração e das Ciencias Contábeis.
Ao observar os objetivos listados e os artigos em si é possível propor possibilidades de pesquisas futuras, tais como: (a) identificar como a presença de traços narcisistas em gestores pode influenciar na tomada de decisões e quais fatores são mais relevantespara estes no momento de traçarem as estratégias das organizações onde atuam; (b) identificar entre os estudantes de administração a presença ou não de traços narcisistas e em que medida tal fato influencia no planejamento de carreira deles; (c) esclarecer quais são os resultados obtidos por profissionais narcisistas e como eles influenciam nas corporações que atuam; 
4.2 Procedimentos metodológicos adotados nos artigos selecionados
	 Autores Amostra e instrumento para avaliar narcisismo e contexto organizacional 
	Soares e Goulart (2010)
D´Souza e Lima (2015)
Avelino e Lima (2017)
D´Souza e Jones (2017)
Lima, Avelino e Cunha (2017)
	Três funcionárias de um escritório de advocacia. Entrevistas semi-estruturadas visando a análise de discurso, dos comportamentos e de outras formas inconscientes que identificasse a presença de traços narcisistas nas participantes.
Cento e trinta e um estudantes de MBA. Aplicação de questionários examinados a partir de análise fatorial, correlacional e Anova de modo a estabelecer relação significativa entre os altos traços do Dark Triad e a tomada de decisão oportunista.
Duzentos e um estudantes de graduação em Ciências Contábeis. Aplicação de questionários avaliados sob a ótica do modelo de regressão logística/ aplicação de escala de mensuração de traços narcisistas com o intuito de correlacionar estatisticamente as variáveis narcisismo e propensão dos indivíduos com este traço a aceitar de fraudes no meio acadêmico.
Doze artigos selecionados das bases de pesquisa Portal Capes e Web Science Knowledge. Levantamento bibliográfico acerca de artigos que versassem sobre a Dark Tríad e mostrassem algum direcionamento sobre como os três traços desta proposição foram associados a comportamentos organizacionais pelos autores dos artigos.
Cento e seis alunos de graduação em Ciências Contábeis. Aplicação de questionários e submissão dos mesmos ao modelo de probabilidade de regressão binária com o intuito de verificar a hipótese de quanto mais presente o traço narcisista no estudante maior o desempenho deste no ambiente acadêmico e/ou quanto maior a presença do referido traço maior a percepção sobrevalorizada do estudante quanto ao seu desempenho.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Além do narcisismo, outros traços como o maquiavelismo e a psicopatia subclínica apareceram nos artigos. Ademais, nota-se uma propensão a investigar o traço narcisista buscando atrelá-lo a alguns comportamentos vistos, de maneira geral, como socialmente inadequado, tais como fraude e oportunismo. Ao realizar a análise dos principais resultados obtidos das pesquisas é possível ver o fenômeno a partir de outra visão, diferente da primeira, manifestada acima. 
4.3 Principais resultados dos artigos selecionados
Os achados dos nove artigos selecionados foram divididos em cinco tópicos principais: (a) Narcisismo e diferentes tipologias no contexto organizacional; (b) Relação entre traços de personalidade narcisista e decisões de caráter oportunista; (c) Influência do narcisismo em comportamentos considerados desonestos no ambiente acadêmico; (d) Narcisismo e desempenho acadêmico dos estudantes ; (e) Narcisismo dentro da Dark Triad: principais direcionamentos depreendidos das pesquisas. A seguir, esses tópicos são tratados, sendo incluídas nas discussões argumentos de outros artigos, principalmente de proveniência internacional (uma vez que a temática “narcisismo e contexto organizacional” possui maior literatura em publicações internacionais).
Narcisismo e diferentes tipologias no contexto organizacional
Por mais que a palavra narcisista, quando usada pelo senso comum, traga consigo uma conotação negativa, Freud já em 1914 em trabalho intitulado “Sobre o Narcisismo: uma introdução” apoiou sua obra na crença de que todo individuo em seu processo de desenvolvimento psíquico vivencia dois tipos de narcisismo: o narcisismo primário e secundário (SOARES E GOULART, 2010).
Posteriormente, outros autores debruçaram-se sobre os textos e Freud e desenvolveram novas interpretações acerca do tema (ROSENFELD, 1965; KETS DE VRIES & MILLER, 1990; LUBIT, 2002; HOLMES, 2005). Tais estudos, deram origem a novas tipologias de narcisismo, contudo, preservando a ideia original do pai da psicanálise sobre a natureza intrínseca do narcisismo no desenvolvimento do indivíduo. 
As tipologias compreendem: o narcisista destrutivo, o narcisista do tipo auto-ilusório e o narcisista do tipo construtivo (Soares e Goulart, 2010). Cada uma dessas formas apresenta características implicações tanto para o individuo que as possui como para o meio no qual estão inseridos. Sendo as organizações formadas por diferentes tipos de indivíduos mostra-se válido compreender como pessoas com traços narcisistas podem influenciar o contexto organizacional e as implicações suas ações nas organizações.
A literatura relacionando narcisismo e o contexto tem enfatizado especialmente os impactos de gestores narcisistas nas organizações (LUBIT, 2002; CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007; GERSTENER, KONIG, ENDERS & HAMBRICK, 2013; CHATTERJEE & POLLOCK, 2017). As influências versam desde um narcisismo destrutivo até implicações positivas para as organizações em ter a frente da organização gestores que apresentam traços moderados de narcisismo, uma vez que estes são pessoas determinadas, motivadas, confiantes, carismáticas e com grande capacidade de persuasão (SOARES E GOULART, 2010). 
Relação entre traços de personalidade narcisista e decisões de caráter oportunista
Entre os estudos organizacionais há uma vertente que vem ganhando força nos últimos anos, a saber, como as características de personalidade dos altos dirigentes influenciam nos resultados obtidos pelas empresas em que atuam e como estes indivíduos afetam a equipe com a qual trabalham mais diretamente (CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007; RESICK, WHITMAN, WEINGARDEN & HILLER, 2009; D´SOUZA E LIMA, 2017).
Estudos sobre a chamada Dark Trid (narcisismo, psicopatia e maquiavelismo) cresceram especialmente após alguns escândalos corporativos envolvendo fraudes e manipulações de dados com o consentimento de altos executivos, como o caso emblemático da Enron nos Estados Unidos. No Brasil, por exemplo, há o caso da empresa Odebrecht que se descobriu estar no centro de diversas fraudes juntamente com alguns dirigentes do governo em negociações envolvendo o uso indevido dos recursos da União.
Cada um dos traços analisados pela Dark Triad remete a diferentes comportamentos e influências sobre o ambiente empresarial dependendo de qual dos traços se mostra proeminente no gestor. No que diz respeito ao narcisismo, Chatterjee & Hambrick (2007) argumentam que CEO´s narcisistas possuem maior disposição em adotar estratégias mais dinâmicas e a tomar decisões que envolvem riscos com mais frequência do que outros CEO´s que não apresentam tal característica de personalidade. 
De acordo com (D´SOUZA E LIMA, 2017) no momento da tomada de decisões, gestores narcisistas inclinam-se mais em favorecer seus próprios interesses, contudo, levam em consideração em de que maneira tais decisões poderão refletir na imagem dele diante dos outros membros da organização. Outro dado importante da pesquisa realizada pelos autores (2017) é que os gestores narcisistas identificam-se mais com o estilo de tomada de decisão de caráter mais autoritário, ou seja, com abertura limitada à participação de outros membros em situações de deliberação.
Sendo o mercado formado por organizações com diversas configurações, valores e meios consideráveis aceitáveis para a consecução dos resultados há pesquisas que apontam que a presença de gestores narcisistas pode ser positiva em determinados tipos de contexto empresarial (ROUSSEAU & DUCHON,2015; D´SOUZA E LIMA,2017). A autoconfiança, persistência na busca de resultados e a habilidade de persuasão demonstrada por alguns liderem narcisistas podem levar as organizações onde atuam a resultados bem-sucedidos. 
Influência do narcisismo em comportamentos considerados desonestos no ambienteacadêmico
Quando falamos de comportamentos narcisistas algumas características mostram-se recorrentes nas pesquisas. Sentimento de grandiosidade, crença de serem melhor que os outros que o cercam, tendência a se responsabilizar apenas pelos resultados positivos advindos de suas ações e culpabilizar terceiros quando as coisas não saem como o esperado, necessidade excessiva de serem admirados pelos outros, entre outras características (CHARTEJJEE & POLLOCK 2017)
Em recente estudo Avelino e Lima (2017) pesquisaram possíveis correlações entre estudantes com presença mais marcada do traço narcisista e a possibilidade destes apresentarem comportamentos propensos a fraude acadêmica e outras formas de comportamentos antiéticos com o intuito de obterem notas mais aulas e em decorrência disto apresentar maior desempenho acadêmico.
Uma vez que indivíduos narcisistas são bastante preocupados com a ideia de serem vistos com bem-sucedidos e superiores aos demais em seu contexto, os autores (2017) buscaram avaliar em que medida estudantes narcisistas estariam dispostos a utilizar estratégias como a trapaça para conseguir os resultados desejados. 
A priori, pode-se pensar que os comportamentos dos indivíduos ora analisados seriam direcionados apenas para o aumento de suas próprias notas, no entanto, tal como apontam Avelino e Lima (2017) os estudantes narcisistas podem se envolver em atividades desonestas academicamente com a finalidade de favorecer terceiros. Isto se dá por que além da necessidade de obter sucesso pessoal, também existe o desejo de serem bem vistos, de obter o reconhecimento do grupo e obterem o que Kernberg (1974) denominou como “narcissist supply”. Este pode ser compreendido como fontes para a reafirmação por terceiros de sua superioridade, através de elogios, validação de seus feitos, entre outras formas. 
Apesar da pesquisa empreendida por Avelino e Lima (2017) não ter confirmado a hipótese aventada inicialmente (quanto mais narcisista maior a probabilidade do estudante se envolver em práticas de desonestidade acadêmica) a analise dos resultados trouxe à cena um dado relevante. Ao contrário do que a princípio pode-se inferir o traço narcisista não aumenta a probabilidade de o indivíduo envolver-se em fraudes acadêmicas. Este resultado vai de encontro com outros estudos feitos no exterior, no entanto, a literatura sobre essa temática apresenta estudos que encontraram resultados similares ao dos autores (2017).
Narcisismo e desempenho acadêmico dos estudantes 
O processo de aprendizagem há muito é objeto de interesse dos estudiosos, no lastro dos achados científicos de Piaget e Vygostsky outras teorias sobre o tema foram desenvolvidos (referencias). A fim de obter informações sobre o aprendizado dos estudantes algumas formas de avaliação são empreendidas em cada etapa da educação formal. Tendo em vista de tratar-te de um momento de teste de conhecimento, que fundamentará sua nota ou conceito de desempenho, muitos estudantes acabam se preocupando mais com o processo avaliativo do que propriamente com a aprendizagem.
Enquanto alguns estudantes apresentam baixa confiança quanto à sua capacidade de rendimento acadêmico, outros, como os que apresentam traços de narcisista podem superestimar suas habilidades em apresentar alto desempenho estudantil (LIMA,AVELINO E CUNHA, 2017). Indivíduos com traços narcisistas podem estar presentes nos mais diversos tipos de ambiente e nas instituições de ensino não é diferente.
O estudante narcisista, uma vez que pode ser bastante automotivado e persistente no alcance de seus objetivos e por buscar constantemente pela aprovação dos que estão a sua volta, pode vir a ter um desempenho diferenciado positivamente dos demais estudantes( LIMA, AVELINO E CUNHA, 2017). No entanto, quando o traço narcisista aparece em maior intensidade no indivíduo tal fator pode influenciar negativamente no processo de aprendizagem dele, em virtude de possíveis crenças de superioridade em relação ao demais, percepção sobre seus feitos não condizentes com a realidade e forte reação emocional, como raiva, ao receber feedbacks negativos (AVELINO E LIMA, 2017).
Em estudo recente realizado com estudantes de Ciências Contábeis, em uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior do Brasil, Avelino e colaboradores buscaram avaliar a relação entre estudantes narcisistas e alto desempenho acadêmico. O resultado da análise não apontou relações significativas entre a presença de traços narcisistas e um melhor desempenho por parte do estudante que os apresentavam. No entanto, foi possível depreender que estudantes narcisistas tendem a classificar seus desempenhos como superiores (.LIMA, AVELINO E CUNHA, 2017)
Pode ser difícil no contexto educacional reconhecer estudantes com traços narcisistas, pois os comportamentos mal adaptativos do individuo podem ser interpretados pelos educadores como proveniente das mais diversas causas. Porém, é valido ressaltar que os sujeitos que ora são estudantes em algum momento irão adentrar no mercado e com isso levarão para seus ambientes de organizacionais suas características narcisistas, sejam elas positivas ou negativas. (WESTERMAN, BERGMAN, BERGMAN & DALY, 2012). 
Mais do que direcionar preocupações com os possíveis impactos negativos que tais futuros profissionais podem geram as organizações que as empregarão faz-se necessário também investigar como o estudante, que possui uma autoimagem inflada de si mesmo, lida com os sentimentos negativos advindos da falta de correlação entre as crenças que possui sobre si mesmo e os resultados de fato auferidos.
Narcisismo dentro da Dark Triad: principais direcionamentos depreendidos das pesquisas.
De acordo com a quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, popularmente conhecido como DSM, cuja revisão e publicação é realizada pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), existem nove critérios que indicam a presença do transtorno de personalidade narcisista, são eles: (1) Noção exagerada de importância pessoal não baseada na realidade; (2). Preocupação com fantasias de sucesso, riqueza, poder, beleza e amor acima do normal; (3) Convicção de que é um indivíduo especial e único, e só pode ser comprometido com ou compreendido por pessoas especiais; (4) Intensa necessidade de admiração; (5) Sentimento de merecimento; (6)Tendência a explorar os outros sem sentir culpa ou remorso; (7) Ausência de empatia significativa; (8) Tendência a ser invejoso ou de se imaginar alvo da inveja dos outros; (9) Arrogância (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).
Para que o indivíduo seja diagnosticado com transtorno de personalidade narcisista ele deve apresentar pelo menos cinco dos critérios mencionados, sendo que o diagnóstico somente pode ser realizado por um especialista. No entanto, é valido apresentar quais caracteristicas compoem o quadro narcisista patológico para que fique mais claro quando os autores utilizam o termo narcismo sub-clínico ou quando usam a expressão “indivíduos com traços narcisistas”. Tais expressões indicam que o indivíduo, ao contrário de quem possui um transtorno de personalidade, consegue adaptar bem em diversos ambientes, inclusive o organizacional, no qual na maioria das situações não é feita a relação entre seu comportamento e a presença de um transtorno mental(referencia).
Estudos organizacionais têm sido realizados fazendo correlações entre narcisistas sub-clínicos e suas interações em equipe, fatores relevantes para esses individuos no momento de tomada de decisões e especialmente os resultados decorrentes da empresa ter no seu quadro de executivos líderes narcisista (CHATTERJEE & HAMBRICK, 2007, 2011; GERSTNER ET AL, 2013; D´SOUZA E JONES, 2017).
Em recente publicação D`SOUZA E JONES (2017) mostraram o resultado de um levantamento bibliométrico feito por eles envolvendo os três tracos de personalidade da Dark Triad. O intuito era compreender quais correlações vêm sendo feitas pelos pesquisadores entre narcisismo, psicopatia e maquialismo eoutros constructos do meio empresarial e contábil. 
Com relação ao traço narcisista, a pesquisa demonstrou que liderança e tomada de decisão são direcionados mais frequentes quando se trata de narcisismo e o contexto organizacional. Parte dos estudos analisados pelos autores (2017) enfatizou a relação entre gestores narcisistas e uma maior propensão destes em cometerem crimes de fraude e outros comportamentos antiéticos com finalidade de alterar relatórios financeiros desfavoráveis à imagem da organização em que atuam (D´SOUZA E JONES, 2017). 
No entanto, assim como em outros estudos (referencias) maioria dos artigos analisados apontam que a maioria dos pesquisadores da área concorda que gestores narcisistaS podem apresentar características positivas, como foco na realização dos resultados, são motivados pelas conquistas, formentam metas audaciosas e buscam resultados que os possibilitem uma maior autorrecompensa. (D´SOUZA E JONES, 2017). 
Apesar da motivação para ter alto desempenho ser mais direcionada para a amplificação de recompensas e voltada para seus próprios objetivos, os gestores narcisistas acabam por afetar positivamente o desempenho organizacional. (D´SOUZA E JONES, 2017). Vale ainda lembrar o quanto a reputação, a manutenção da imagem de pessoa bem-sucedida e a necessidade de ser admirado pelos demais são fatores de grande valia para os gestores ora estudados, uma vez que favorecem maiores chances de receber o suprimento de suas necessidades de serem aclamados e vistos como individuos especiais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo teve como objetivo apresentar uma revisão sistemática da produção científica nacional sobre a relação narcisismo e contexto organizacional no período de 1998 a 2017. A partir de cinco artigos selecionados foi possível chegar a algumas conclusões sobre o que tem sido produzido a respeito da temática no Brasil.
Dos artigos analisados chama a atenção quatro deles terem sido publicados em periódicos voltados para os cientistas contábeis e somente um periódico de gestão e tecnologia. A de se dar destaque, no panorama nacional, para professor Gerlando Augusto Sampaio Franco de Lima, doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP). Três dos cinco artigos analisados são de sua autoria ou coautoria. A partir destes dados é possível afirmar que a Administração, enquanto ciência tem escassas contribuições quanto à temática tratada nos últimos anos. 
Após as análises dos artigos selecionados foi possível perceber que eles se dividiram em três categorias: Estudo do narcisismo dentro da Dark Trid, Narcisismo e comportamento acadêmico e Narcisismo e psicanálise no contexto organizacional. Quatro dos cinco artigos optaram pela estratégia quantitativa, através da aplicação de questionários para obtenção dos dados e um utilizou a metodologia clínica, fazendo uso de entrevistas semiestruturadas em três indivíduos.
Salvo um dos artigos, que abordou a temática a partir da ótica freudiana, os demais utilizaram conceitos de Narcisismo presentes nos textos de Kets de Vries e Miller, (1990), Paullus e Williams (2002), Chatterjje e Hambrick, (2007). Outro escrito que esteve presente na bibliografia utilizada foi o Manual de Diagnostico e Estatística de Transtornos Mentais cuja edição é feita pela Sociedade Americana de Psiquiatria. Apesar de nenhum dos artigos ter abordado o Transtorno de Personalidade Narcisista, em certos casos o manual da APA serviu para esclarecer quais são os traços narcisistas. Em todos os artigos o narcisismo foi referenciado como sendo em níveis subclinicos, salvo o artigo que trouxe os resultados de pesquisa por meio do método clínico.
Por fim, como salientaram os autores dos artigos pesquisados, é importante ressaltar a relevância do tema no contexto organizacional, seja em empresas ou instituições de ensino. Afinal, à medida que as características dos indivíduos que compõem a sociedade se alteram modificações, ainda que não sejam tão fáceis de serem observadas, começam a transformar a maneira como os relacionamentos acontecem, as práticas institucionais de desenvolvem e como as culturas organizacionais se modificam a partir da entrada de indivíduos com determinadas caraterísticas de personalidade.
O campo da Administração muito tem a contribuir com os estudos no que diz respeito à influência do perfil das pessoas que compõem uma organização e em que medida isto afeta no desempenho, na cultura e nas políticas organizacionais. O traço narcisista em altos executivos, em indivíduos que detém poder nas organizações oferece amplas possibilidades de estudo. E mais, é possível mudar o foco das análises e fazer a seguinte pergunta: O que motiva pessoas narcisistas a escolher certos tipos de organizações em detrimento de outras? 
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