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Manejo de lavouras de cafeeiro contaminadas por fitonematoides Prof. Dra. Maria Amelia dos Santos UFU – Instituto de Ciências Agrárias Meloidogyne exigua M. incognita M. paranaensis M. coffeicola Cultura do cafeeiro Gênero Pratylenchus endoparasito migrador Pratylenchus brachyurus Lordello, Monteiro e D´Arce (1968) em SP Pratylenchus coffeae Monteiro e Lordello (1974) em SP Pratylenchus jaehni mais recentemente Meloidogyne exigua foi a primeira espécie de nematoide parasito de planta descrita no Brasil por Goeldi (1887) e foi detectada em lavoura cafeeira, na província do Rio de Janeiro, em 1878 por Jobert. Mudas e plantas jovens são mais sensíveis ao parasitismo desse fitonematoide, apresentando redução de crescimento e menor tolerância a condições de estresses. Dependendo do tipo de solo e o nível de populacional pode causar séria desfolha em plantas adultas, culminando em sua morte. Meloidogyne exigua = causa sintomas típicos de galhas nas raízes mais finas e raramente ataca a raiz principal ou as raízes mais grossas do cafeeiro. Fonte: www.infonet-biovision.org Detalhe de raízes finas da cultivar Catuai Vermelho infestadas pelo nematoide M. exigua, apresentando os engrossamentos, ou galhas, onde as fêmeas se encontram alojadas. Meloidogyne exigua Vieira, Barbosa e Souza (2007) M. incognita, constatada atacando cafeeiros arábica nos Estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, além de numerosas progênies de outras espécies do gênero Coffea. O primeiro registro dessa espécie atacando cafeeiro no Brasil ocorreu em 1970 no município paulista de Pindorama. Em 1971 já estava no Espírito Santo e em 1972, no Paraná. No ano de 1983, foi detectado em Minas Gerais. M. incognita: engrossamento das raízes, seguido de rachadura e descortiçamento (a casca destaca-se e esfarela-se com facilidade (escamações na superfície das raízes), apresentando aspecto de cortiça). Lançamento de novas raízes que acabam sendo infectadas pelos fitonematoides Meloidogyne paranaensis: em 2003 (Castro, Campos e Naves) = encontraram lavouras em Serra do Salitre e Patrocínio com plantas desfolhadas, com sistemas radiculares reduzidos, raízes grossas apresentando superfície macia, com escamações e lesões com aspecto de cancro. Salgado, Pereira e Abreu (2008) Área com Meloidogyne paranaensis. Fonte: Sera, 2012. Cafeeiro afetado por Meloidogyne paranaensis (Sera, 2012). Raiz de cafeeiro com alta infestação do nematoide Meloidogyne paranaensis. Fonte: Sera, 2012. Em São Paulo e Paraná, Meloidogyne coffeicola tem sido encontrado causando sérios prejuízos à cafeicultura. Os danos começam a ocorrer em cafeeiros a partir dos oito anos de idade. Em Minas Gerais, foi encontrado em lavoura cafeeira dos municípios de Machado (1983) e Coromandel (2004). Essa espécie é restrita ao território brasileiro e foi detectada e descrita em 1960 no Paraná. Especula-se que essa espécie tornou-se um patógeno de cafeeiro após o desmatamento da floresta onde era nativa. Não ataca muda e nem forma galhas. Gênero Pratylenchus endoparasito migrador Pratylenchus brachyurus Lordello, Monteiro e D´Arce (1968) em SP Pratylenchus coffeae Monteiro e Lordello (1974) em SP Pratylenchus jaehni mais recentemente Pratylenchus brachyurus : fêmea Pratylenchus coffeae Pratylenchus coffeae em cafeeiro Sintomas causados por Pratylenchus brachyurus em Coffea arabica cv. Catuai Vermelho com braquiaria na entrelinha. Fazenda Campo da Lagoa. Patrocinio Paulista, SP. Abril/2000. Redução de sistema radicular conforme o aumento da população inicial de Pratylenchus brachyurus cafeeiro Mundo Novo e diferentes níveis populacionais iniciais de Pratylenchus coffeae (Kubo, Oliveira e Inomoto, 2009) Da esquerda para a direita: desenvolvimento da parte aérea do cafeeiro Catuaí Vermelho não infectado; infectado com 2.000 P. coffeae; e infectados com 2.000 e 8.000 M. incognita (Kubo, Oliveira e Inomoto, 2009) Manejar é integrar medidas de controle Combinar (somar) -Limpeza de maquinário -Destruição de plantas daninhas e remanescentes -Revolvimento do solo e exposição ao sol (na reforma do cafezal) -Plantas antagonistas (principalmente crotalarias) -Plantas de cobertura de solo -Rotação de culturas (na reforma do cafezal) -Controle químico (nematicidas) -Adubação orgânica -Controle biológico -Genótipos resistentes aos nematoides Máquinas e Implementos Agrícolas LIMPEZA = Antes de iniciar qualquer tarefa na propriedade Sanidade das mudas disseminação de nematoides a longas distâncias. A contaminação das mudas no viveiro se dá pelo substrato ou pela água de irrigação. MUDAS SADIAS Lavoura implantada em solo infestado por M. paranaensis DISSEMINAÇÃO Água de irrigação - Poços artesianos (água mais segura) - Altura no tanque de retenção para retirada da água = 1 a 1,2 m (permitir decantação de possíveis nematoides) = reservatórios que recebem enxurradas provenientes de áreas vizinhas infestadas ou de enxurradas de plantação infestada que chega até os viveiros. Cafeicultura irrigada Topografia facilita a disseminação (água da chuva) Disseminação na colheita do café http://coffeetraveler.net/wp-content/photos/Derri__a1a_md.JPG http://www.flickr.com/photos/delarisse/3924509848/ Disseminação na colheita do café Eliminação de plantas infestantes Evitar a sua presença na lavoura é muito importante para impedir o aumento e a manutenção desse nematoide e, assim, não comprometer a eficiência de outras medidas de controle. Corda de viola 11,98 Café 7,39 Tomateiro 6,29 Milho 0,37 Pimentão 0,29 Feijoeiro 0,28 Mucuna preta 0,21 Soja 0,06 Crotalaria spectabilis 0,00 Arroz 0,00 Sorgo 0,00 Fator de reprodução de Meloidogyne exigua Boa multiplicação de M. exigua trapoeraba, tiririca, guanxuma, azedinha e maria pretinha. ALQUEIVE Na reforma do cafezal •CONVENCIONAL: 3 MESES •ÚMIDO: 15 DIAS Fonte: http://pt.slideshare.net/redesocialdocafe/situao-atual-no-controle-de- nematides-andr-procaf Meloidogyne paranaensis alguns genótipos soja, milho e sorgo são resistentes. Milheto = variedades ADR300 e ADR500 M. coffeicola milho Rotação de culturas na reforma do cafezal Corda de viola 11,98 Café 7,39 Tomateiro 6,29 Milho 0,37 Pimentão 0,29 Feijoeiro 0,28 Mucuna preta 0,21 Soja 0,06 Crotalaria spectabilis 0,00 Arroz 0,00 Sorgo 0,00 Fator de reprodução de Meloidogyne exigua PLANTA ANTAGONISTA x ADUBAÇÃO VERDE Meloidogyne: crotalarias; mucunas preta, anã e cinza nas ruas dos cafezais como na reforma do cafezal. Normalmente, usa-se a crotalaria na rua do cafezal. Enquanto que a mucuna é cultivada na área como um todo na reforma do cafezal. http://www.cnpab.embrapa.br/images/linhas_crotalarias.jpg Borges et al. (2009)Raça 4 de M. incognita Borges et al. (2010) Nabo forrageiro: mau hospedeiro de Meloidogyne Tabela 2 - Produção de café na safra 2008/2009 e Fator de Reprodução de Meloidogyne exigua após 90 e 140 dias da aplicação dos nematicidas (20 e 21/11/2008) em lavoura cafeeira da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, município de Monte Carmelo,MG. Tratamentos Renda Produtividade Fator de reprodução kg.kg-1 sc.ha-1 90dias 140 dias Testemunha 2,03 83,75 4,71a 40,67a Rugby 100GR 2,04 85,01 3,50ab 12,24b Counter 150 2,03 77,64 4,44a 24,10ab Rugby 200CS 2,09 87,33 2,45b 5,17b C.V. (%) 2,29 14,89 34,17 41,02 Matéria orgânica - favorece as propriedades físico-químicas do solo, as plantas crescem adequadamente e são mais tolerantes ao ataque de nematoides. - propicia o crescimento das populações de inimigos naturais dos nematoides e sua decomposição libera compostos altamente tóxicos a eles (Oliveira e Inomoto, 2010). Barros et al. (2010) A adição de 1,5% de torta de mamona no substrato usado no preparo de mudas proporcionou um bom controle de M. exigua e M. incognita. A adição de palha de café no substrato demudas de café, na proporção de 3:1 (terra + palha), contribui para a redução do número de galhas por M. exigua. Manipulação de antagonismos entre microrganismos (fungos, bactérias) e patógenos: Competição, antibiose, predação, parasitismo OU Manipulação de mutualismos entre microrganismos e planta hospedeira: indução de resistência Purpuriocillium lilacinum (= Paecilomyces lilacinus) = fungo parasito de ovos e de fêmeas do nematoide http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.mycology.adelaide.edu.au/images/Plilicanis2.gif&imgrefurl=http://www.mycology.adelaide.edu.au/Fungal_Descriptions/Hyphomycetes_(hyaline)/Paecilomyces/&usg=__ZdK1_bVdVzj7079o6oG1xdoagCc=&h=200&w=209&sz=38&hl=pt-BR&start=9&tbnid=0J7tuZfVaeHCEM:&tbnh=101&tbnw=106&prev=/images?q=Paecilomyces+lilacinus&gbv=2&hl=pt-BR&sa=G Hifas do fungo Purpuriocillium lilacinum parasitando a casca do ovo do nematoide = parasito de ovos e de fêmeas do nematoide Juvenil de Meloidogyne paranaensis colonizado por Purpuriocillium lilacinum no interior da casca do ovo. Krzyzanowski (2006) Pochonia chlamydosporia em ovo de Heterodera avenae (Kerry, 2017) Monteiro, 2017Pochonia chlamydosporia x Meloidogyne javanica Pasteuria spp. Especificidade das espécies de Pasteuria com os fitonematoides Pasteuria nishizawae nematoide de cisto = lançamento nos E.U.A. na safra 2014 do produto Clariva para tratamento de sementes de soja Pasteuria penetrans nematoide de galhas Pasteuria thornei nematoide das lesões Rizobactérias interagem com fungos fitopatogênicos, bactérias fitopatogências e nematoides fitopatogênicos - Antibiose: produção de antibióticos na rizosfera - Competição por ferro: rizobactérias produzem agentes quelantes de ferro (sideróforos). Os sideróforos retiram ferro existente no solo, tornando-o indisponível para os fungos fitopatogênicos - Parasitismo e produção de enzimas extracelulares: o parasitismo pode variar de uma simples ligação entre célula e hifas até a completa lise e degradação da hifa. -Indução de resistência Atuação das rizobactérias nos nematoides (principalmente o gênero Bacillus) 1. Ovo 2. Eclosão 3. Direcionamento e mobilidade 4. Reconhecimento do hospedeiro 5. Penetração na raiz 6. Alimentação 7. Reprodução Mudas enxertadas sobre o porta-enxerto Apoatã – linhagem IAC-2258 de Coffea canephora: apresenta resistência aos nematoides Meloidogyne exigua, M. incognita e M. paranaensis Café enxertado Sul de Minas Gerais = São Sebastião do Paraíso (lançamento em 2006) = M. exigua Catiguá MG 3 Catuaí Amarelo IAC 86 x Híbrido de Timor Resistência em cafeeiro (pé franco) para Meloidogyne Fonte: http://pt.slideshare.net/cafeicultura/gabriel-epamig-palestra-as- mais-significativas-pesquisas-cafeeiras-no-brasil-agrocaf-2010 Raiz de cafeeiro conduzida em alta infestação de nematoide Meloidogyne paranaensis. Fonte: Sera, 2012. Catucai Vermelho 785-15 tolerante à ferrugem e ao nematoide M. exigua, além de sua bebida especial, tipo Bourbon. IBC-12 (Sarchimor da cultivar 1669-13) M. exigua. Também é resistente a ferrugem. Conhecido por Uva ou Tupi RN – IAC 1669. Raízes da cultivar Catucai 785-15 (café arábica), sem galhas (resistência a M. exigua) A variedade de café IBC-12 (Uva) na Fazenda São José, em Patrocinio-MG ao lado de José Carlos Grossi. Fonte: www.fundacaoprocafe.com.br Aspecto da frutificação abundante nos cafeeiros do IBC-12. O nome Uva se justifica pela cor mais escura e pelo grande tamanho dos frutos. Fonte: www.fundacaoprocafe.com.br Bessi e Inomoto, 2011 Efeitos da sucessão de culturas (aveia preta, amendoim e mucuna cinza) em solo argiloso e arenoso nas populações de Meloidogyne paranaensis avaliadas pelo número de galhas em indicador biológico (tomateiro) antes e após sua implantação. Tratamentos Número de galhas antes da sucessão de culturas Número de galhas após a sucessão de culturas solo arenoso solo argiloso solo arenoso solo argiloso Com manejo 165,4 a 350,8 a 41,9 a 10,05 a Sem manejo 116,6 a 349,0 a 559,7 b 293,0 b Carneiro et al, 2013 Carneiro et al., 20131 ano após: 39,7 a 227,6 ovos Carneiro et al., 20132 anos após: 3.650,5 a 9.873,2 ovos Carneiro et al., 2013 3 anos após: 9.858,1 a 23.720,3 ovos Carneiro et al., 2013 4 anos após: 27.978,3 a 47.742,1 ovos Carneiro et al., 2013 5 anos após: 46.669,4 a 54.912,1 ovos O efeito de redução da população inicial do nematoide, alcançado com o manejo de solo, foi perdido durante o desenvolvimento dos cafeeiros. O efeito da resistência genética foi o principal fator de controle do nematoide.
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