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1 JENNIFER DELGADO FONTES LESÕES DE FURCA A progressão da doença periodontal inflamatória, se não tratada, acaba resultando em perda de inserção suficiente para afetar a bifurcação ou trifurcação de dentes multirradiculares. A furca é uma área de morfologia anatômica complexa, que pode dificultar ou impossibilitar a limpeza por meio da instrumentação periodontal de rotina. Porém, isso não significa que sempre terá que extrair! CONCEITO: Reabsorção patológica do osso no interior da furca. (AAP, 1992) Molares superiores são os mais frequentemente perdidos por razões periodontais (são mais complexos por apresentarem 3 raízes). Dificulta a instrumentação periodontal e os procedimentos de higiene oral. A presença do envolvimento de furca é um achado clínico que pode levar a um diagnóstico de periodontite avançada e potencialmente a um prognóstico menos favorável para o dente ou dentes afetados. FATORES ETIOLÓGICOS: O fator primário é a presença de placa bacteriana, e, consequentemente, a presença de inflamação local. A extensão da perda de inserção necessária para produzir um envolvimento de furca é variável fatores anatômicos locais (comprimento do tronco radicular, morfologia radicular) e anormalidades de desenvolvimento local (projeções cervicais de esmalte). ANATOMIA RADICULAR: A furca é composta por: a) Complexo radicular: A partir da JCE até o resto da raiz; b) Tronco radicular: da JCE até o teto da furca; c) Cone radicular: São as raízes; d) Fórnix: é a área de teto da furca. OBS: Ao avaliar as raízes deve-se observar a divergência entre as raízes, que significa a distância entre os cones radiculares. COMPRIMENTO DO TRONCO RADICULAR: Este é um fator-chave tanto para o desenvolvimento quanto para o tratamento do envolvimento de furca. Os dentes podem possuir troncos radiculares bastante curtos, troncos radiculares com extensão moderada ou raízes que podem apresentar-se fusionadas até próximo ao ápice dental. Quanto menor o tronco, menor a perda de inserção necessária para que a furca seja envolvida. Uma vez que a furca seja exposta, dentes com troncos radiculares curtos podem ser mais acessíveis aos procedimentos de manutenção, bem como podem facilitar a execução de determinados procedimentos cirúrgicos. Por sua vez, dentes com troncos radiculares longos ou com raízes fusionadas podem não ser candidatos adequados ao tratamento uma vez que a furca seja afetada pela doença. COMPRIMENTO RADICULAR: O comprimento radicular quantidade de inserção suportando o dente. Dentes com tronco radicular longo e raízes curtas perda de grande parte do seu suporte quando a furca é afetada. Dentes com raízes longas e tronco radicular curto a moderado mostram se mais acessíveis ao tratamento presença de inserção remanescente suficiente para responder às demandas funcionais. FORMA RADICULAR: 2 JENNIFER DELGADO FONTES Raiz mesial da maioria dos primeiros e segundos molares inferiores e a raiz mesiovestibular dos primeiros molares superiores normalmente são curvas em direção distal na região do terço apical. Além disso, o aspecto distal desta raiz é normalmente achatado. A curvatura e o achatamento podem aumentar a chance de perfuração radicular durante o tratamento endodôntico ou dificultar a colocação de um núcleo durante a restauração do dente. (para o tratamento de algumas lesões de furca, pode ser necessário a realização do tratamento endodôntico e o uso de uma coroa e núcleo). DIMENSÃO INTERRADICULAR: O grau de separação entre as raízes também é um fator importante no plano de tratamento. Raízes muito próximas ou fusionadas podem impedir uma adequada instrumentação durante a raspagem, o alisamento radicular e a cirurgia. Dentes com raízes mais separadas apresentam um maior número de opções terapêuticas, bem como maior facilidade de tratamento. OBS: As projeções cervicais de esmalte podem atrapalhar o tratamento das lesões de furca devem ser removidas. OBS 2: A combinação entre envolvimento de furca + proximidade radicular com um dente adjacente representa o mesmo problema existente em furcas com separação radicular inadequada risco de remoção do dente mais severamente afetado ou da remoção de uma ou mais raízes. FURCA EM PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR: - Existe a presença de furca em 40% dos casos. Furca de 8mm na junção cemento-esmalte, normalmente nesses casos devido à grande extensão da doença, o tratamento indicado é a extração. O pré-molar tem anatomias variadas, e com isso dificulta o tratamento das lesões de furca. Podem existir raízes divergentes, fusionadas, aberta somente no ápice, e etc. Possui grande concavidade (formato de 8), chamada de área de pré-furca essa área é de difícil acesso para o paciente higienizar. Os pré-molares superiores, é um dente complexo de tratamento, pois existe uma destruição grande nessas unidades, é uma unidade que não realiza-se exame de furca, pelo menos não comumente. O procedimento respectivo nesses elementos raramente é possível devido a anatomia do complexo radicular. Nem sempre vai ser necessário extrair, porém possui um prognóstico pior (PMS). PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR: Não existe furca na área palatina do molar superior. São 3 furcas : V, M e D; O primeiro molar superior, dos molares é o mais robusto, apresenta 3 cones radiculares, sendo 2 vestibulares e 1 na palatina. Na vestibular a entrada da furca está em uma distânci a de 3,5mm, então necessita ter doença até essa área para que se tenha uma lesão de furca. o FURCA MESIAL: Distância média da JEC à entrada da furca – 3mm; a entrada da furca está mais próxima da face proximal. Essa entrada se encontra mais para palatino do que para vestibular, então na hora da sondagem, sonda por palatino. Porque a raiz mesiovestibular é mais achatada e longa, já a raiz palatina é menor e arredondada. o FURCA DISTAL: Distância média da JEC à entrada da furca – 5mm; está num ponto equidistante das faces vestibulares e palatinas, abaixo do ponto de contato. Por isso, seu acesso é mais difícil, caso haja a presença do dente adjacente. Um fator que complica são pacientes que possuem raízes muito próximas de dentes vizinhos. 3 JENNIFER DELGADO FONTES MOLARES INFERIORES: Normalmente são dois cones. A entrada da furca é mais ou menos ao meio, tanto em vestibular como em lingual. o FURCA VESTIBULAR: > 3mm o FURCA LINGUAL: > 4mm A diferença entre uma e outra, é que a entrada da furca lingual é mais longa, e a vestibular mais estreita. A presença de furca grau II e III, é sinal de que o paciente é periodontite severa. Pois entra como fator agravante. Devido à complexidade do tratamento. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é predominantemente clínico, a radiografia não é o exame de eleição, pois a perda óssea é sempre maior que o demonstrado pela radiografia. O diagnóstico é muito importante em lesões de furca, principalmente o diagnóstico precoce. O mesmo é realizado com a sonda de Nabers. Algumas regiões podem ser realizadas com a sonda periodontal, mas a clássica sonda utilizada é a de nabers. CLASSIFICAÇÃO: CLASSE I: 1/3 de perda óssea. Consiste em um estágio inicial ou incipiente da lesão. A bolsa é supraóssea e afeta primariamente os tecidos moles. Uma perda óssea inicial pode ter ocorrido com um aumento na profundidade de sondagem, porém alterações radiográficas não são normalmente encontradas. Clinicamente consegue tratar facilmente. CLASSE II: Mais de 1/3 de perda óssea dentro da furca. A lesão de furca grau II pode afetar uma ou mais furcas do mesmo dente. É chamada de “rua sem saída”. A extensão de penetração horizontal da sonda determina se o defeito é inicial ou avançado. Perda óssea vertical pode estar presente complicação terapêutica. Radiografias podem ou não evidenciar o envolvimentode furca, já que nos molares superiores, particularmente, observa-se a superposição de suas raízes. CLASSE III: Perda de osso total no sentido horizontal no interior da furca. Nas lesões de furca grau III, o osso não se encontra inserido na região do teto da furca. Em lesões de grau III iniciais, a abertura da furca pode estar preenchida por tecido mole e não se apresentar visível. Radiografias tiradas com adequada exposição e angulação de uma lesão de furca Classe III inicial mostram o defeito como uma área radiolúcida no dente. Existe ainda outra forma de classificação: As subclasses sendo propostas são: A, B, e C. “A” indica uma profundidade vertical provável de 1 a 3 mm, “B” indica 4 a 6 mm, e “C” indica 7 ou mais mm de profundidade provável do teto da furca apicalmente. As furcas seriam, portanto, classificadas como IA, IB, e IC; IIA, IIB, e IIC; e IIIA, IIIB, e IIIC. TRATAMENTO DAS LESÕES DE FURCA: FURCAS CLASSE I: RAR - Raspagem e alisamento radicular; 4 JENNIFER DELGADO FONTES Caso seja necessário, plastia na área de furca – tornar área de furca fácil para higiene, ampliando a abertura de furca, para conseguir uma melhor higienização. Uma vez que a bolsa é supraóssea e não houve penetração no interior da furca, orientação e higiene bucal, raspagem e alisamento radicular mostram-se efetivos. FURCAS CLASSE II: RAR – Raspagem e alisamento radicular. Somente, ou mais: o Plastia na área de furca o Tunelização – Criação de túnel na área de furca para facilitar a higienização pelo paciente com escova interdental; o Hemissecção radicular o Ressecção radicular o RTG – Regeneração tecidual guiada o Exodontia FURCAS CLASSE III: Tunelização; Hemissecção radicular – quando separa as raízes; Ressecção radicular – quando separa as raízes e retira uma delas, ou até duas (MS); Extração dentária; O tratamento não cirúrgico normalmente não é efetivo, uma vez que a adequada instrumentação das superfícies radiculares torna-se comprometida. Cirurgia periodontal, terapia endodôntica e restauração do dente podem ser necessárias para a manutenção do elemento dentário. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Nem toda lesão de furca é originada por biofilme diagnóstico diferencial. O diagnóstico diferencial é entre a periodontia e a endodontia, e para isso, será realizado o teste de sensibilidade para que essa dúvida seja tirada, caso o teste dê negativo, a origem é através da patologia pulpar. a) Lesão endodôntica b) Lesão periodontal c) Trauma oclusal – quando há uma imagem semelhante com lesão de furca, mas quando a sonda é inserida, não entra. (Habito parafuncional, bruxismo) realização de desgaste oclusal e na próxima semana, observa-se o início da reversão do caso. Quando houver lesões periodontais associadas a problemas endodônticos primeiro realiza o tratamento endodôntico, depois, caso necessário, realiza-se a terapia periodontal. OBS: Quando não existe perda óssea nas interproximais, certamente não é devido à doença periodontal. Uma perda entre as raízes pode estar associada a lesão endodôntica ou trauma de oclusão. TRATAMENTO – OBJETIVOS: Eliminar os depósitos duros e moles (biofilme) das superfícies do complexo radicular, por isso, sempre faz raspagem e o alisamento radicular, independente do tratamento escolhido; Estabelecer uma anatomia das superfícies afetadas que facilite o controle do biofilme pelo paciente. TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO DAS LESÕES: Existe essa possibilidade, através de instrumentos ultrassônicos, utilizando de pontas finas, e instrumentos especiais. Pois, as curetas de gracey possui uma espessuras muitos grandes que ultrapassa a área de furca. Curetas de gracey MF Instrumentos ultrassônicos 5 JENNIFER DELGADO FONTES Limas periodontais Controle do biofilme bacteriano OBS: O componente mais crítico da manutenção de um dente multirradicular é sempre a redução bem-sucedida ou eliminação das áreas de retenção de placa da área de furca; a higiene oral meticulosa pelo paciente e uma terapia não cirúrgica efetiva podem exercer um papel principal na obtenção deste objetivo. Ou seja, o prognóstico vai depender do grau de higiene oral do paciente. Lesões de bifurcações poder ser mantidas com terapia periodontal conservadora: instrumentos ultrassônicos e antimicrobianos locais (PVPI- usado em faces livres, já em faces proximais não teve benefício); - As lesões de Classe II livres tem mais sucesso com o tratamento não cirúrgico do que as lesões proximais que o acesso é muito difícil. RASPAGEM COM ACESSO CIRÚRGICO/RETALHO GENGIVAL: Apesar do acesso cirúrgico mais efetiva remoção de cálculo, as avaliações clinicas não indicam diferenças significativas entre a raspagem com ou sem retalho no tratamento de lesões de furca. Essa equivalência pode ser atribuída ao operador, adesão ao tratamento, risco inicial do paciente e combinação de fatores. TÉCNICAS DE TRATAMENTO CIRÚRGICO: ODONTOPLASTICA: Remove o teto da furca com brocas, para facilitar o controle de placa; 01) Retalho para acesso – Incisão intra-sulcular 02) Remoção do tecido de granulação e RAR – utiliza-se as curetas MF e ultrassom 03) Odontoplastia (eliminar arestas) 04) Recontorno da crista óssea 05) Sutura OBS: prescrever Clorexidina no pós-operatório, pois o paciente não poderá escovar a área da cirurgia. Clorexidina em gel 2x ao dia. TUNELIZAÇÃO: Cria-se um túnel aumentando o diâmetro da área de furca, assim, cria-se uma exposição dessa área para que o paciente consiga higienizar; A realização no primeiro molar superior é mais fácil que no 2º molar. Quais são os requisitos necessários para a realização de Tunelização? Divergência radicular maior; Cones longos; Ângulo de separação larga; Tronco radicular curto – é um dos principais achados radiográficos. A furca aparece mais rápida e contem maior inserção no remanescente. (NÃO PODE SER REALIZADO EM TRONCOS LONGOS). 01) Incisão intra-sulcular e retalho periodontal; 02) Remoção do tecido de granulação; 03) RAR; 04) Alargamento da área de furca (Odontoplastia e Osteotomia) – tornar área possível para higienização. 05) Recontorno da crista óssea; 06) A manutenção da superfície radicular exposta deverá ser efetuada com aplicação tópica de clorexidina e flúor; 07) Orientação de escovação – escovação interdental e unitufo; 08)Inclusão no programa de manutenção periódica; OBS: Muitas vezes, pode ser necessário a realização do tratamento endodôntico, devido ao risco de reação pulpar. 6 JENNIFER DELGADO FONTES HEMISSECÇÃO RADICULAR: A hemissecção é a divisão de um dente birradicular em duas porções separadas. Este processo foi chamado bicuspidização ou separação, pois ele altera o molar em duas raízes separadas. A hemissecção é mais provável de ser executada nos molares inferiores com envolvimentos de furca vestibular e lingual Classe II ou III. Não se faz em molares superiores. Ou seja: consiste na separação do complexo radicular e manutenção de todas as raízes. Molares com perda óssea avançada nas zonas interproximal e inter-radicular não são bons candidatos para hemissecção; É necessário ter estabilidade em cada raiz ausência de mobilidade; É obrigatoriamente necessário a realização de um tratamento endodôntico e o uso de uma prótese fica; Transforma o molar em dois pré-molares; A distância inter-radicular entre as duas raízes de um dente a ser hemissecionado também é importante; Zonas inter-radiculares estreitas podem complicar o procedimento cirúrgico. A retenção de ambas as raízes do molar pode complicar a restauração do dente, já que pode ser virtualmente impossível terminar as margens ou fornecer um espaço adequado entre as duas raízes para efetiva higiene oral e manutenção. A separação ortodônticadas raízes é com frequência necessária para permitir a restauração com uma forma interdental adequada. RESSECÇÃO RADICULAR: É a remoção de uma ou mais raízes deixando coroa e raízes remanescentes em função. A ressecção radicular pode ser executada em dentes vitais ou em dentes tratados endodonticamente. É preferível, contudo, que a terapia endodôntica esteja concluída previamente à ressecção radicular. Se isto não for possível, a polpa deve ser removida, a desobstrução dos canais determinada e a câmara pulpar medicada antes da ressecção. De modo geral, os dentes a serem submetidos à ressecção radicular devem ser: 1. Dentes de grande importância para o plano de tratamento global do paciente. São exemplos os dentes que servem como pilares de próteses fixas ou removíveis, os quais, se removidos, resultariam na perda da prótese e em consequente retratamento protético extenso. 2. Dentes que apresentem inserção remanescente suficiente para a função mastigatória. Molares com perda óssea avançada nas áreas interproximais e inter-radicular, a menos que as lesões apresentem três paredes ósseas, não são candidatos à amputação radicular. 3. Dentes para os quais não existam outros métodos ou técnicas mais previsíveis ou de custo razoável. São exemplos os dentes com defeitos de furca que tenham sido tratados endodonticamente com sucesso, porém se apresentam agora, com fratura radicular vertical, perda óssea avançada ou cárie na raiz. 4. Dentes de pacientes com boa higiene oral e baixa atividade de cárie são bons candidatos a esta terapia. Pacientes incapazes de executar uma boa higiene oral e medidas preventivas não são bons candidatos à ressecção radicular ou hemissecção. De preferência, qual raiz extrair? MOLARES SUPERIORES: Com 3 raízes uma ou duas podem permanecer, normalmente a raiz que contenha um maior calibre, esteja em melhor posição no arco, e com maior suporte no remanescente. o A raiz DV é a menor e seu tronco radicular + longo – normalmente é a que será removida. Tem menor quantidade de osso de suporte maior risco de mobilidade; o Raiz MV maior área superficial, posição central no processo alveolar; está alinhada com os pré-molares superiores; boa posição para ser uma unidade isolada. PRÉ-MOLARES SUPERIORES: a ressecção radicular nesses elementos raramente é possibilitada devido a anatomia do complexo radicular. MOLARES INFERIORES: Separação e manutenção das duas raízes (hemissecção) Separação e extração da raiz mesial 7 JENNIFER DELGADO FONTES Separação e extração da raiz distal A raiz mesial do molar inferior apresenta maior área de superfície, porém ela apresenta difícil controle do biofilme, canais estreitos, e canais próximos a superfície externa; Já a raiz distal ela é mais larga e mais resistente a fratura, além disso, pode receber pinos intrarradiculares, a sua reabilitação protética que é a desvantagem. Dicas para escolher qual raiz extrair: 1. Remova a(s) raiz(es) que promova(m) a eliminação da furca, permitindo uma arquitetura de fácil manutenção das raízes remanescentes. 2. Remova a raiz que apresenta maior perda óssea e de inserção. Inserção periodontal suficiente deve permanecer após a cirurgia, capaz de suportar o dente frente às demandas funcionais, tais como um pilar para ponte e em pacientes com bruxismo. Dentes com perda óssea horizontal uniforme e avançada não são candidatos à ressecção radicular. 3. Remova a raiz que melhor contribuir para a eliminação de problemas periodontais em dentes adjacentes. Por exemplo, um primeiro molar superior, com uma lesão de furca Classe III indo de vestibular para distal, encontra-se adjacente a um segundo molar superior que apresenta um defeito intraósseo de duas paredes entre os molares e uma lesão de furca Classe II inicial na furca mesial do segundo molar. Pode ou não haver fatores anatômicos locais afetando esses dentes. A remoção da raiz distovestibular do primeiro molar permitirá a eliminação da furca e o tratamento da lesão intraóssea de duas paredes, facilitando, também, o acesso para a instrumentação e a manutenção do segundo molar. 4. Remova a raiz que apresenta o maior número de problemas anatômicos, como curvatura severa, fissuras de desenvolvimento, concavidades radiculares, múltiplos canais radiculares ou canais acessórios. 5. Remova a raiz que menos complicará a manutenção periodontal futura. SEQUÊNCIA DO TRATAMENTO: 1) Tratamento endodôntico o ideal é prévio a cirurgia para o paciente não sentir dor no pós-operatório; 2) Restauração provisória; 3) Hemissecção e ressecção radiculares; 4) Restaurações protética final; A ressecção radicular mais comum envolve a raiz distovestibular do primeiro molar superior. Após anestesia local apropriada, um retalho mucoperiosteal de espessura total é elevado. A ressecção radicular ou hemissecção dos dentes com perda de inserção avançada usualmente requer a abertura de ambos os retalhos vestibular e palatino. Tipicamente, a raiz não pode sofrer ressecção sem elevação de um retalho. O retalho deve fornecer acesso adequado para visualização e instrumentação e mínimo trauma cirúrgico. A remoção de uma raiz altera a distribuição das forças oclusais nas raízes remanescentes. Portanto, é aconselhável avaliar a oclusão dos dentes dos quais as raízes foram ressecadas e, se necessário, ajustar a oclusão. As forças cêntricas devem ser mantidas, mas as excêntricas devem ser eliminadas da área sobre a raiz que foi removida. PROGNÓSTICO: A terapia de ressecção radicular em molares com envolvimento de furca podem ser considerada uma efetiva medida para resolver o problema periodontal dos defeitos de furca e para manutenção de um prognostico favorável a longo prazo o dente tratado. Falhas endodônticas e fraturas radiculares são as principais causas de falhas desses tipos de tratamento em molares. REGENERAÇÃO TECIDUAL GUIADA (RTG): O objetivo é formação de novo tecido, novo ligamento e novo osso. A colocação de uma membrana sobre um defeito periodontal, além de apresentar efeitos relativos à seleção tecidual, tem a função ainda de criar um meio que favoreça a formação e estabilização do coagulo sob a membrana. A formação do epitélio juncional longo impede a formação de ligamento periodontal e osso, pois as células do epitélio juncional se proliferam mais rápido, não dando oportunidade para as outras células se proliferarem. 8 JENNIFER DELGADO FONTES As técnicas regenerativas visam reproduzir ou reconstituir a parte perdida ou injuriada dos tecidos periodontais pela doença periodontal, de tal maneira que a função dessas estruturas seja restabelecida. Dessa forma, a regeneração periodontal tem como meta regenerar os tecidos de suporte do dente, que incluem osso alveolar, cemento e ligamento periodontal. PREVISIBILDADE DO TRATAMENTO DE RTG: MOLARES INFERIORES GRAU II (furca livre): resultados menos favoráveis em furcas grau III em molares superiores e inferiores, e grau II. FATORES QUE LIMITAM A RTG: Contaminação bacteriana Potencial inato de reparo Características locais Procedimento cirúrgico. DERIVADO DA MATRIZ DE ESMALTE 1) Deposição de dentina + secreção de EMP 2) Estimulo para diferenciação do folículo em cementoblastos 3) Formação de cemento esmalte COMPOSIÇÃO: o 90% amelogênina o Veiculo: alginato de propileno glicol o Outros 10%: proteínas não amelogênicas proteínas séricas e salivares A aplicação do EMD (emdogain) promove o aumento da proliferação de células do ligamento periodontal, sem induzir células epiteliais, além de causar um aumento da síntese de proteínas pelas células do ligamento e formação de nódulos minerais por essas células. o Diminui IL 1 e bela IL-8 o Aumenta PGE2 e TNF alpha o Aumenta OPG e diminui Rankl o Favorece a ação de macrófagosOBS: Em uma pesquisa, pode-se concluir que, o uso de Emdogain não trouxe benefício na redução da profundidade de sondagem e ganho de inserção, mas apresentou efeito positivo sobre a conversão de furcas II em furcas I. OBS 2: Quando aplicado continua na superfície radicular por 4 semanas, após 2-6 semanas seguinte, téra a presença de tecido periodontal formado; esse tecido induz uma cascata de eventos biológicos que levam à formação de novo tecido periodontal. EXTRAÇÃO DENTÁRIA: A extração de dentes com completo envolvimento de furca e perda de inserção avançada pode ser a terapia mais apropriada para alguns pacientes. Isso é especialmente verdadeiro para indivíduos que não podem ou não irão realizar um adequado controle de placa, têm um alto nível de atividade de cárie, não participarão de um correto programa de manutenção ou que apresentam problemas socioeconômicos que venham a impossibilitar a realização de terapias mais complexas. Estudos demonstraram aceitável a taxa de sobrevivência funcional a longo prazo para molares com lesões de furcas, indicando que a presença ou envolvimento de furca, em si, não é uma razão para prognósticos sombrios desses dentes. 9 JENNIFER DELGADO FONTES PROGNOSTICO PERIODONTAL: 1. Envolvimento periodontal 2. Grau de motivação do paciente 3. Estética 4. Valor estratégico 5. Fraturas verticais 6. Reabilitação protético-restaurador. “O fator mais importante para o prognostico de dente com periodontite é o grau de higiene oral, que os pacientes manterão após a terapia ativa. “ PROGNOSTICO DUVIDOSO: 50% perda ossea P.S de 6 a 8mm Furca classe II com raízes próximas Sulco palato radicular profundo Envolvimento de furca PMS Carie extensa Restauração PROGNOSTICO DESFAVORÁVEL: 75% perda ossea; Osso interproximal c/ perda P.S maior que 8mm Furca classe III Mobilidade grau III Proximidade radicular; Relação coroa-raiz desfavorável Presença de abscesso. USO DE IMPLANTES DENTÁRIOS: O alto nível de previsibilidade da osseointegração pode motivar o profissional e o paciente a considerar a remoção dos dentes com um prognóstico reservado ou pobre e procurar por um plano de tratamento de uma prótese implantossuportada. Portanto, a avaliação cuidadosa do prognóstico periodontal, endodôntico e restaurador em longo prazo deve ser considerada antes de realizar uma terapia cirúrgica invasiva para salvar um dente com uma lesão avançada de furca. Outro fator que devemos nos atentar é ao risco de periimplantite antes de colocar um implante, o paciente deve possuir saúde periodontal. Estudos tem mostrado que a reabsorção óssea ao redor de dentes e de implantes são semelhantes. Ou seja, se o paciente tem sucesso com o tratamento com implantes, também terá sucesso no tratamento com a manutenção do dente. OBS: O sucesso da terapia das lesões de bifurcação depende: diagnóstico precoce, adequado plano de tratamento, bom controle de placa pelo paciente, controle de placa pelo paciente, cuidadosa execução técnica da terapia e inclusão em TPS. REFERÊNCIAS: DELIBERADOR, Tatiana Miranda et al. Regeneração tecidual guiada no tratamento dos defeitos de furca classe II. RSBO Revista Sul-Brasileira de Odontologia, v. 5, n. 3, p. 57-65, 2008. CARRANZA Jr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H. Periodontia clínica , 9 o ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2004. 10 JENNIFER DELGADO FONTES
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