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Brasília-DF. Comportamento Verbal, não Verbal - DesenVolVenDo o brinCar Elaboração Luciana Raposo dos Santos Fernandes Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL ........................................................................................ 13 CAPÍTULO 1 TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS ............................................................................................ 16 UNIDADE II INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES ............................................. 27 CAPÍTULO 1 PRÉ-REQUISITOS PARA O TREINO DE HABILIDADES.................................................................... 28 UNIDADE III O QUE É LINGUAGEM PARA ABA? ........................................................................................................ 63 CAPÍTULO 1 DEMANDA SOCIAL E REPERTÓRIOS BÁSICOS DE COMPORTAMENTO VERBAL ........................... 64 CAPÍTULO 2 OPERANTES VERBAIS E CONTROLE DE ESTÍMULOS ................................................................... 85 UNIDADE IV HABILIDADES SOCIAIS E O DESENVOLVIMENTO DO BRINCAR SOCIAL .................................................... 93 CAPÍTULO 1 A CONTRIBUIÇÃO DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES EM PESSOAS COM AUTISMO .................................................................................................. 94 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 105 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 108 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução De acordo com Birken (1993, 1996), o processo de comunicação se refere a uma troca – um processo de ida e vinda. Que nos permite aproximação, contat o social, exposição de pontos de vista, vontades a... » Quem nos ouve nos acolhe. » Quem nos escuta nos dá atenção. Nossos alunos ao lerem o caderno de estudos e pesquisa, ao consultar um texto complementar, assistir a videoaula – mesmo que pela motivação do currículo a ser seguido – estão nos dando algo. O exercício de dar aula ou explicar algo é um total exercício de ida e vinda. Nunca é o exercício isolado. Comunicar-se com alguém é um exercício que melhora a quem ouve e melhora a quem fala. Saímos dessa experiência fortalecidos. Saímos de uma aula melhor do que entramos, pois, a troca ocorreu e por meio dela as reflexões e a fagulha do conhecimento se intensificam. A comunicação é um fator essencial em nossa vida. Dizemos e escutamos: uma relação de troca constante! Figura 1- Elementos da Comunicação Emissor Receptor Mensagem CANAL Referente Feedback Fonte: Acervo pessoal. Assim, a comunicação vai além de informar alguém a respeito de algo. Então, transmitir a informação não equivale a comunicação? A comunicação prevê, ainda segundo Birken (1996), o retorno a essa mensagem. Ou seja, aquele que ouve (receptor) está pronto também para responder a ela (mensagem). 8 Para falar sobre comunicação é fundamental conhecer os 7 elementos fundamentais relacionados a ela. 1. O emissor – responsável por enviar a mensagem. Aquele que fala, aquele que escreve, aquele que se manifesta de alguma forma. 2. O receptor - recebe e entende a mensagem. Esse é o contato da comunicação. O receptor é o responsável por compreender a estrutura da mensagem que foi enviada. 3. Código – conjunto de códigos e sinais utilizados na comunicação para transmitir a mensagem. Por exemplo, o sinal verde do semáforo é um código. A língua portuguesa é um código. As cores, as placas de trânsito, são códigos previamente definidos. Quando o emissor envia uma mensagem, o receptor deve compreender o código ou não ocorre a comunicação. Obviamente, existem outros tipos de códigos como as línguas naturais – como já citamos, o idioma português. Se falarmos em uma língua que o receptor não conhece, não ocorre a decodificação – que é a interpretação, a maneira de se compreender o conjunto de elementos que foram estabelecidos. 4. Mensagem – o assunto que será abordado no processo de comunicação entre o emissor e o receptor. Assim, o receptor que recebe uma mensagem codificada deverá decodificá-la para compreendê-la. 5. Feedback – o retorno a essa mensagem. Neste momento, o receptor passa a ser o emissor e o emissor passa a ser o receptor dessa mensagem 6. Canal – o meio físico, o caminho, ou seja, por onde essa mensagem vai circular, por onde vai passar até chegar ao receptor. A mensagem pode ser escrita à mão, digitada, ser sinal, gesto, som da voz, enviadapor uma imagem, um vídeo ... 7. Referente – é o contexto da mensagem. Pode ser uma conversa cotidiana, uma aula sobre língua portuguesa ... O referente é o contexto que engloba todos os elementos da comunicação. Essa ordem é apresentada de uma forma didática para que os estudos sejam adequados da melhor forma. Contudo, a comunicação humana é uma sucessão de mal-entendidos. Concordam? 9 Quando falamos algo, o que é dito – nem sempre – é compreendido pelo outro, pois a comunicação passa pela interpretação do indivíduo. Ou seja, o que é entendido não corresponde ao que foi falado. Surge a falha na comunicação ou os chamados ruídos – que surgem para atrapalhar a comunicação. O ruído é qualquer interferência que venha a atrapalhar a comunicação. Exemplificando: Quando estamos no meio de uma conversa no celular e, por um mau funcionamento da rede telefônica, a conversa é interrompida por alguns segundos, imediatamente o receptor pergunta ao emissor: “o que você falou mesmo? Você pode repetir, houve um corte na ligação. Ou seja, mesmo a ausência de som é chamada de ruído, por se tratar de uma interferência na comunicação entre emissor e receptor. Quando falamos sobre a comunicação e o autismo essa situação se agrava, pois, a comunicação é uma das grandes dificuldades apresentadas por pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nos autistas, 80% dos problemas de comportamento estão relacionados à ausência de uma comunicação eficaz (BUSHELL, 1973; BUTTER et al. 2006; CAZTANIA, 2007). Linguagem e comunicação no autismo é um tema extremamente importante, pois a linguagem no autismo é, na maioria das vezes, o aspecto principal para ajudar a pessoa com TEA a ter um desenvolvimento mais pleno, um desenvolvimento cognitivo melhor, um desenvolvimento social mais adequado, e para permitir que esse indivíduo apresente melhores condições de desenvolvimento acadêmico (CHASSON, et al. 2007). A linguagem precocemente melhorada está ligada a uma prática mais eficaz e mais adequada de intervenção precoce. Sabemos que crianças com autismo se adaptam melhor quando têm um desenvolvimento de linguagem mais adequada, mais desenvolta. Ou seja, quanto melhor a linguagem estiver, melhor será a condição dessa criança (CHESS, 1982). Criança com autismo que não fala ou criança com autismo que não tem intenção comunicativa, nem discurso, tem uma maior vulnerabilidade e risco de: » Sofrer bullying » Ser excluída nas relações interpessoais no ambiente escolar » Não conseguir interagir, com o passar do tempo, da melhor forma possível com seus familiares (pais, irmãos, tios, primos, avós) 10 Crianças com autismo que apresentam déficit na linguagem costumam: » Ser mais agressivas » Ter crises de estereotipia com maior frequência » Ser mais irritadas e explosivas no ambiente social Elas não entendem e não sabem se manifestar. A relação entre emissor e receptor apresenta falhas graves. Desse modo, para Bailey e Burch (2005), precisamos trabalhar o comportamento verbal das pessoas com autismo e também o não verbal. A comunicação verbal e a comunicação não verbal para que a pessoa com TEA atinja (dentro de suas limitações, obviamente, mas que lhe seja permitido alcançar) o máximo possível para que consiga se comunicar em um ambiente social. E esse aspecto é muito importante! É fundamental! Muitos pais manifestam que os filhos continuam irritados, e explosivos mesmo com a medicação, apresentando algumas condutas comportamentais adequadas. Conclui-se que: a pessoa com autismo ainda não consegue se comunicar de maneira funcional e isso a leva a ter problemas sérios de interação social. E ela acaba se comunicando ... Falaremos sobre este aspecto em nossa disciplina: o Comportamento Verbal e Não Verbal. E sobre como trabalhar essa questão no contexto da pessoa com Transtorno do Espectro Autista mediante a intervenção ABA (Applied Behavior Analysis, em português, Análise do Comportamento Aplicada). Outro aspecto fundamental que será abordado em nossa disciplina é o brincar. Como brincar com a criança com autismo? E o brincar engloba uma série de outros aspectos a serem melhorados na pessoa com autismo, pois o brincar envolver o tato, o olhar, a fala, a socialização, a criatividade, a capacidade de comunicação social. Como o brincar é trabalhado por meio da Análise do Comportamento? Temos muito pela frente. E nossa jornada começa agora. Bons estudos! 11 Objetivos » Diferenciar os principais operantes verbais. » Alinhar a intervenção ABA como a principal ferramenta utilizada por todas as pessoas que convivem com a pessoa com autismo (familiares, educadores, terapeutas etc.). » Compreender que a comunicação funcional não está vinculada apenas à emissão de som ou fala. » Entender o uso da comunicação alternativa como um dos passos para atingir a comunicação eficaz. » Adquirir formas de manejo em Análise do Comportamento para que o déficit da fala seja trabalhado e o potencial da comunicação se torne funcional – dentro das potencialidades do indivíduo com autismo. » Conhecer um dos principais métodos de comunicação alternativa – PECS (Picture Exchange Communication System). » Identificar a grande variabilidade de problemas de fala em pessoas com autismo para intervir por meio do planejamento individualizado usando a Análise do Comportamento Aplicada(ABA). » Facilitar as descobertas da pessoa autista por meio do brincar. » Criar um planejamento estruturado em ABA que possibilite o levantamento das principais habilidades da pessoa com autismo, guiando a avaliação direta. » Instrumentalizar pais, educadores e terapeutas a estabelecer critérios de comportamentos inadequados e outros problemas relacionados ao brincar. » Adicionar novos estímulos. 12 13 UNIDADE I AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL Nessa Unidade vamos falar sobre habilidades sociais e a importância de um planejamento estruturado para uma intervenção em ABA. Crianças autistas precisando de ajuda, e uma inclusão que não parece funcionar muito bem. Parece uma situação familiar para você? Esta é uma questão frequente para pessoas inseridas no Universo do Autismo – quer seja pai, mãe, mediador, educador, terapeuta ... Essa questão desperta a vontade de pesquisar e estabelecer estratégias para colaborar e obter resultados. Cada pessoa com autismo é única. Cada autista é único. Cada pessoa com TEA – Transtorno do Espectro Autista – é única. Interessante é a multiplicidade de termos utilizados e a forma como estes são encarados. Há uma interpretação de teor negativo ao se referir a uma pessoa como autista. O autismo é uma condição. Chamar alguém que tem autismo de autista não pode ser visto como uma depreciação. Isso é totalmente diferente de atrelar o termo autista a um adjetivo pejorativo. Por exemplo, “você é autista, parece doido, não fala com ninguém! Seu estranho, esquisito!” Essa é uma fala preconceituosa. Dito isto, não há qualquer problema em utilizar os termos supracitados. Somos aquilo que somos e não há motivos para nos envergonhar. O termo autismo, autista ou TEA não define um ser humano, apenas informa uma condição de diversidade neurobiológica. 14 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL Figura 2 - Símbolo do autismo Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Fita_quebra-cabe%C3%A7as>. Acesso: 27/8/2018. O símbolo do autismo, o jogo de quebra cabeça, é muito interessante, pois cada autista é singular. Muitas vezes a literatura nos apresenta aspectos tão específicos e depois na prática, no consultório, sala de aula, no contato com pais de autistas, constatamos que cada um tem uma história vivencial e sua própria necessidade. Para entrarmos no Comportamento Verbal, Não Verbal e o Brincar, se faz necessário abordar temas correlatos para planejar o atendimento baseado nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada – Terapia ABA (Applied Behavior Analysis). Gesell (1977), Chess e Hassibi (1982) demarcamquatro áreas de suma importância quanto ao desenvolvimento: » Desenvolvimento motor. » Desenvolvimento adaptativo. » Desenvolvimento de linguagem. » Desenvolvimento pessoal e social. Na habilidade socioemocional, o que realmente vai contar é o desenvolvimento adaptativo e o desenvolvimento pessoal e social. E o interessante a ser abordado é que no início do desenvolvimento, eles ocorrem todos ao mesmo tempo. Ou seja, enquanto o motor está se desenvolvendo, também está a linguagem, e todos caminham juntos. O desenvolvimento pessoal e social envolve: » Reações individuais da criança diante de outras pessoas e aos estímulos culturais. 15 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I » Adaptação da criança à vida doméstica, aos grupos sociais e às convenções da comunidade à qual pertence. Esse representa, deste modo, o setor mais dependente do temperamento da criança e das condições ambientais. Inicialmente, precisamos saber que habilidades sociais é um termo amplo. Mas, podemos definir como o conjunto de comportamentos apropriados e funcionais para o indivíduo, que variam de acordo com seu contexto e o convívio social. 16 CAPÍTULO 1 Treino de habilidades sociais É essencial saber que o treino dependerá de questões sociais e culturais, tais como: país, cultura, entre outros., no qual esse indivíduo está inserido. No Brasil, por exemplo, quando encontramos um colega ou vamos nos despedir, temos por hábito beijar e abraçar, assim, há mais contato físico. Já nos Estados Unidos, um aperto de mão é suficiente e mais adequado. No Japão a saudação é a inclinação da cabeça – e quanto mais feliz em ver uma pessoa, mais os japoneses repetirão esse ato e abaixarão mais o tronco – não há toque. Ou seja, formas diferentes de cumprimento em culturas diferentes (CELIBERTI et al., 1993; DEL PRETTE, 2009). Os indivíduos com TEA apresentam um grande déficit de habilidades sociais. Por este motivo é difícil para eles perceber no ambiente as nuances sociais e expectativas que não têm regras claras (CHAMBLISS et al., 1996). Exemplificando: O jeito que devemos nos comportar em um jantar com os amigos é diferente da forma como nos comportamos em uma entrevista de emprego. Décadas de pesquisas nessa área têm apresentado a eficácia do uso dos procedimentos que são baseados nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada. Esses procedimentos são capazes de ensinar as habilidades e mudar inúmeros comportamentos, além de produzir mudanças sociais válidas com impacto extremamente significativo na qualidade de vida das pessoas com autismo (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2005). Entretanto, ainda de acordo com Chambliss et al. (1996), para que isso seja possível, devemos avaliar a linha de base de cada indivíduo. Ou seja, precisamos observar as habilidades gerais e de pré-requisito que o indivíduo já possui para que possamos planejar uma intervenção. Para essa finalidade podemos utilizar vários instrumentos, como, por exemplo, o VB-MAPP (Verbal Behavior Milestones Assessment and Placement Program) que vai englobar habilidades de linguagem básica – principalmente de comportamento verbal – entretanto, já inicia o trabalho em habilidades sociais como, por exemplo, atenção compartilhada, brincadeira paralela, para a idade de até 4 anos. Após a idade de 4 anos, para dar continuidade ao treino de habilidades sociais, utilizamos outro manual chamado SOCIALLY SAVVY (assessment and curriculum 17 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I guide for young children) que é mais específico e engloba habilidades para crianças pequenas (DE QUINZIO, 2007). O SOCIALLY SAVVY engloba em torno de 150 habilidades que são divididas em 7 áreas principais. Essas 7 áreas são: 1. Atenção compartilhada. 2. Brincadeira social. 3. Autorregulação. 4. Identificação de emoções e situações sociais. 5. Linguagem social. 6. Comportamento em sala de aula ou grupos. 7. Linguagem social não verbal. Essas áreas podem ser observadas desde seis meses de idade, como, por exemplo, a habilidade de atenção compartilhada, até a vida adulta, com habilidades que são mais complexas (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2010). Uma vez que as habilidades foram medidas é hora de planejar a intervenção e desenvolver os programas específicos. Também precisaremos definir os contextos e cada habilidade que será trabalhada e estruturar as folhas de registro para que essa evolução possa ser medida e acompanhada ao longo do tratamento. Quadro 1- Exemplo de Folha de Registo Data: ___/___/_____ Observado: Observador: Tempo (duração do comportamento) Antecedentes Respostas Consequências Fonte: Acervo pessoal. 18 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL A folha de registro apresentada acima pode ser utilizada para o flap, por exemplo. É importante enfatizar que que os manuais servem apenas como apoio para medir as habilidades e nortear a intervenção. É preciso que o profissional tenha bastante responsabilidade, formação específica e experiência adequadas para desenvolver o trabalho em Análise do Comportamento Aplicada. O Treino de habilidades sociais, focado na intervenção comportamental (ABA) requer o planejamento de intervenções individualizadas, sistemáticas, sempre estruturadas e com escopo conceitual sólido. Obtendo, assim, evidências científicas bem sucedidas. Na visão de Caballo (2003), as habilidades sociais são: [...] conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal. Um contexto que expressa: sentimentos, atitudes, opiniões, ações de modo adequado à situação, respeitando as ações do outro, de modo a solucionar conflitos e minimizar a probabilidade de futuros problemas. Tais habilidades são aprendidas, e como tal, são características do comportamento da pessoa e não da pessoa em si. Ou seja, ser habilidoso socialmente é uma questão de aprendizagem, e como tal, é um padrão modificável. De acordo com Braga-Keynon et al (2005), para alcançar uma intervenção ABA assertiva alguns passos devem ser seguidos, tais como: » A identificação de comportamentos-alvo. » A avaliação com o propósito de estabelece relações funcionais entre o comportamento e o meio. A consideração do contexto e as implicações do comportamento-alvo para a inclusão da pessoa autista no grupo social é feita por meio da tomada de medidas diretas a relações funcionais (citadas acima). A organização/controle dos elementos do meio ambiente ou contextuais favorece fortemente a aprendizagem e o progresso da pessoa com autismo na aquisição do novo repertório comportamental. Essa necessidade de reavaliação visa a comparação para aferir as medidas iniciais e verificar o progresso para que se constate a eficiência. Devemos ter a consciência da importância do diagnóstico precoce para iniciar a intervenção. Dessa forma, alguns pontos devem ser observados em relação ao desenvolvimento pessoal e social até os 2 anos de idade. 19 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I São eles: » 4 semanas - Olha no rosto das pessoas. » 16 semanas - Brinca com as mãos, com a roupa, conhece a mamada. » 28 semanas- Brinca com os pés, brinquedos, expectativa para comer. » 40 semanas - Brincadeiras simples, come bolacha sozinho. » 12 meses - Ajuda a se vestir, come com os dedos, pega brinquedos. » 18 meses - Usa colher, derruba um pouco; início do controle do esfíncter. » 2 anos - Pede para ir ao banheiro, brinca com bonecos. É lógico que cada criança apresentará um desenvolvimento diferenciado. O que estamos apresentando são marcos do desenvolvimento que apresentam uma média comportamental sobre o desenvolvimento infantil. É preciso parâmetros para observar e ter um diagnóstico assertivo. Dessa forma, um desenvolvimento atípico pode ser reconhecido (BAILEY, BURCH, 2005). Observar essas questões é fundamental para o desenvolvimento de habilidades na pessoa com TEA, pois os indivíduos diagnosticados com autismo têm comouma das principais características o atraso geral na comunicação. Consequentemente, apresentam um déficit considerável na área do desenvolvimento social. Exatamente, por essas peculiaridades do TEA, a intervenção em ABA busca desenvolver e manter comportamentos socialmente adequados, tais como: » Atenção compartilhada. » Engajamento em atividades com o outros. » Flexibilidade e resolução de conflitos. » Seguimento de regras. » Contato visual. » Generalização. » Ficar sob controle do outro (mando). Muitas crianças com TEA apresentam, em diferentes graus, dificuldades para interagir socialmente, mais especificamente, de brincar com seus pares (EIKESETH, 2001). 20 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL Uma questão permeia o debate entre as famílias e profissionais: ‘qual a melhor forma de engajar a criança com autismo com o objetivo de estabelecer vínculos de amizade com seus pares?’ De acordo com Smith e Strick (2012), a estratégia é promover a prática intensa e sistematizada das habilidades de brincar e de socializar em um ambiente controlado. Isso cria oportunidades para o estabelecimento de vínculos de amizade, tendo como principal meta tornar os pares mais reforçadores para a criança com autismo. Quando falamos sobre TEA, estamos falando sobre vários déficits e excessos comportamentais que afetam a forma como os indivíduos interagem consigo e com as pessoas ao redor (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2009). Estes déficits e excessos podem ser divididos em três grupos: » Autocuidado. » Autonomia. » Sociais. Por autocuidado (desenvolver o foco em suas necessidades) e autonomia (administrar e governas seus atos) estamos nos referindo aos comportamentos que aumentam o grau de independência e cuidados pessoais, por exemplo: escovar os dentes, escolher e trocar de roupa etc. Obviamente, tanto o autocuidado quanto a autonomia estão relacionados ao nível de TEA (ENGLEMANN, 1982). Já as habilidades sociais são aquelas que permitem a interação adequada com outras pessoas nos mais diversos contextos, por exemplo: permanecer em sala de aula, passear em um shopping, andar de carro com outras pessoas etc. Para exemplificar vamos utilizar o: ‘permanecer em sala de aula’. Vejamos: » É um comportamento complexo. » Que pode ser decomposto em vários comportamentos menores. » Cada pequeno comportamento (ou elemento) pode ser ensinado separadamente para depois ser encadeado em um comportamento complexo. Se pensarmos rapidamente em seus componentes encontraremos: » Identificar a sala de aula e ir até lá. » Seguir as instruções da professora ao longo das atividades. 21 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I » Interagir de forma adequada com os colegas. Como dissemos, cada um desses elementos pode ser ensinado separadamente e com diferentes níveis de ajuda. Se você conhece alguém com autismo, provavelmente, poderá dar outros exemplos de comportamentos sociais que são fundamentais para a interação adequada com outras pessoas. E, certamente, você também consegue identificar habilidades que precisam de ensino mais ou menos intensivo. Correto? Iniciar e manter uma conversa com a pessoa com TEA pode ser uma grande dificuldade. Como ensinar uma criança com autismo a fazer perguntas? Para saber mais sobre treino de habilidades e autismo, leia o texto Aplicações do Treinamento em Habilidades Sociais: Análise da Produção Nacional <http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n2/27480.pdf>. Comunicar, fazer amigos e brincar colaboram para a promoção da saúde mental e qualidade de vida. Mas, para que o indivíduo com autismo comece a estabelecer vínculos com seus pares, é necessário que já tenha adquirido algumas habilidades. Tais como: » Dar função para brinquedos de forma concreta ou também simbólica. » Ter noções de troca de turnos e jogos de regras. Não é necessário que a criança tenha esse repertório totalmente desenvolvido, porém, é de grande ajuda se ela já souber brincar dentro de uma estrutura com regras, mesmo que simples. » Treinar repertório de brincadeira com o adulto. Para a maioria das crianças com autismo, brincar com o adulto funciona como o primeiro passo antes da interação com os pares. Isso acontece pois, os pais, terapeutas, educadores costumam ser mais previsíveis, e podem prover a ajuda necessária quando preciso. As habilidades que serão desenvolvidas: » Repertório de jogos de regras. » Desenvolvimento e treino da linguagem, principalmente voltada para os pares. 22 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL » Interação recíproca » Repertórios, tais como: saber esperar pela vez e aceitar perder, responder a instruções em grupo; responder com aumento do nível de distratores no ambiente Figura 3 - Habilidades Sociais e Emocionais Habilidades sociais e emocionais Autocontrole Autoconsciência e Consciência Social Auto acalmar-se Habilidades de Amizade Empatia Fonte: Acervo pessoal Assim, de acordo com Duarte et al (2018), a Análise do Comportamento Aplicada tem como objetivo: observar, analisar e explicar a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem, sendo uma disciplina com mais de 50 anos de pesquisa científica contínua. O tratamento não se baseia simplesmente em um conjunto de regras e passos a serem seguidos. Pelo contrário, é um tratamento específico que deve ser construído conforme vai transcorrendo. Ele envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias para que a criança possa adquirir independência e uma melhor qualidade de vida. Cada criança é diferente, e os métodos usados pela Análise Comportamental Aplicada nos permitem maximizar o potencial de cada uma, identificando, de maneira eficiente, como ensinar e o que ensinar. Assim, a mudança de qualquer comportamento é sempre feita de maneira planejada e individualizada. E ntre um dos comportamentos que o programa também desenvolve, está o Comportamento Verbal, que se refere ao ensino da linguagem – falada ou não falada – 23 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I seguindo os princípios da Análise do Comportamento Aplicada. O modo como falamos e aquilo que falamos estão relacionados com o contexto em que fomos ensinados e as respostas que foram reforçadas. Diante disso, podemos analisar funcionalmente a linguagem e desenvolver maneiras de mudar esse comportamento, podendo ensinar a qualquer criança formas novas de se comunicar. O uso do Comportamento Verbal (VB, do inglês Verbal Behavior)) se faz importante para crianças com atraso no desenvolvimento da linguagem, seja ela verbal ou não verbal, uma vez que são ensinados sistemas de comunicação alternativa, que são pré-requisitos para o ensino de outras novas habilidades. Os resultados são baseados em evidências empíricas e os dados de pesquisas mostram que a Análise do Comportamento Aplicada, na qual o Comportamento Verbal se inclui, é a forma de terapia mais bem-sucedida para crianças com algum desenvolvimento atípico, principalmente aquelas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista. Crianças que são emocional e socialmente qualificadas são mais bem-sucedidas na escola. Dentre os desafios da infância, apresentam-se: » Tentar e aprender coisas novas. » Manejar sentimentos. » Fazer amigos. » Lidar com o bullying. » Inserir-se em ambiente familiar e escolar. Desde pequenos passos até centenas de investigações produziram o tipo de resultado que aprendemos a antever na ciência. Assim, após de 50 anos de pesquisa/tratamento comportamental baseados em aproximadamente 90 anos de pesquisa básica em processos de aprendizagem, milhares de estudos científicos foram publicados, formando os componentes básicos do tratamento comportamental. Paralelamente, procedimentos baseados em dados suficientemente abalizados foram desenvolvidos para produzir resultados mais favoráveis, como importantes melhorias no funcionamento intelectual, social, educacional, eemocional de crianças com atrasos no desenvolvimento. Este sucesso inclui ganhos médios de aproximadamente 10 a 20 pontos de QI em testes de inteligência padronizados (ANDERSON et al. 1996; ALLEN; COWAN, 2008; LOVAAS, 1987), ganhos semelhantes em outros testes padronizados 24 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL (ANDERSON et al. 1987; LOVAAS, 1993; HOYSON et al. 1984), e a colocação em salas de aulas menos restritivas que as frequentemente ofertadas para crianças com atrasos de desenvolvimento (LOVAAS, 1987). Segundo Smith (1999), existem inúmeras explicações em potencial sobre o motivo de crianças jovens terem um melhor aproveitamento da intervenção para o treino de habilidades do que as crianças mais velhas. Estudos laboratoriais realizados em infra-humanos apontaram alterações relevantes na estrutura neurológica como uma possível causa da percepção e interação peculiares com o meio ambiente nos primeiros anos de vida. Há um motivo para se acreditar que tais alteração também sejam possíveis em crianças mais jovens. Por exemplo, crianças abaixo de 3 anos de idade produzem neurônios, dendritos, axônios e sinapses. Huttenlocher (2002) desenvolveu a hipótese de que, com estímulo adequado proveniente do ambiente, esta superprodução pode permitir que crianças e pré-escolares compensem déficits neurológicos de forma mais completa que crianças com mais idade. É preciso, entretanto, cuidado na generalização das descobertas de estudos sobre crianças médias para intervenção precoce com crianças com TEA. Especificamente, em função da natureza exata dos déficits (ou falhas) neurológicos em crianças com autismo não possuírem total clareza, ainda hoje (RUTTER; SCHOPLER, 1987). Contudo, as descobertas sugerem que a intervenção precoce intensiva pode ajudar a compensar as falhas neurológicas em crianças com autismo. A descoberta de evidência para este tipo de compensação ajudaria a explicar por que o estudo da UCLA foi eficaz – tema abordado na disciplina Técnicas e Análises do Comportamento. Em sentido mais amplo, isto pode contribuir para um melhor entendimento das relações neurourológicas e comportamentais em crianças jovens. Roteiro para entrevista de Avaliação das Habilidades Sociais de crianças com Autismo (SANTOS-CARVALHO, 2012): Entrevista com a Mãe - Itens da Entrevista de Habilidades Sociais: 1. Utilizar sinais não verbais para se comunicar. 2. Identificar sinais não verbais de outras pessoas. 3. Olhar quando é chamado. 4. Mostrar/apontar objetos. 5. Identificar emoções nas outras pessoas. 6. Sustentar contato visual. 25 AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL │ UNIDADE I 7. Aproximar-se dos outros com função. 8. Fazer e recusar pedidos. 9. Expressar desagrado. 10. Oferecer ajuda. 11. Seguir instrução. 12. Reagir positivamente ao elogio. 13. Compreender e interagir nas brincadeiras. 14. Pedir ajuda. 15. Fazer atividades propostas pelos familiares. 16. Obter atenção. 17. Usar tempo livre de maneira adequada. 18. Iniciar interação com pares. 19. Sorriso social. 20. Interagir quando outro inicia. 21. Brincar com os outros. 22. Aceitar toque, beijo e abraço. 23. Tocar, beijar e abraçar. 24. Permitir que os outros lhe ajudem. 25. Afetivo com os familiares. 26. Aceitar que outras crianças brinquem com ele. 27. Resolver problemas. 28. Oferecer saudações. 29. Oferecer conforto. 30. Controlar emoções em situações de conflito. 31. Fazer e responder perguntas. 32. Atenção compartilhada. 33. Oferecer algo para os outros. 26 UNIDADE I │ AUTISMO E HABILIDADE SOCIOEMOCIONAL 34. Compreender humor. 35. Imitar pessoas. Itens a serem incluídos na entrevista com a Professora ou/e com a Facilitadora/ Mediadora: » Ser tolerante nos momentos de espera. » Compreender intenções dos outros. » Prestar atenção. » Lidar com Frustrações. Assista ao vídeo: Método ABA Autismo – Parte 1 Link: <https://www.youtube.com/watch?v=8WpJw551Cf4>. 27 UNIDADE II INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES O objetivo da Unidade II de nosso caderno de estudos e pesquisa é auxiliar o aluno a identificar os comportamentos envolvidos no que chamamos de habilidades pré-requisitos e examinar os principais procedimentos descritos na literatura e utilizados no desenvolvimento de repertórios no contexto da Análise do Comportamento Aplicada. O eixo de intervenção comportamental pela terapia ABA aumenta as possibilidades, os caminhos e as formas de abordar nosso atendido (paciente/aprendiz) com TEA. Por meio da Análise do Comportamento é possível obter parâmetros que guiem os próximos passos a serem seguidos ou reconduzam a alguma etapa que não obteve a resposta esperada. 28 CAPÍTULO 1 Pré-requisitos para o treino de habilidades A partir do momento em que o diagnóstico de TEA é confirmado, existem cinco eixos de intervenção. Esses eixos são: 1. Eixo de Intervenção Comportamental. 2. Eixo de Intervenção Desenvolvimental. 3. Eixo de Intervenção Individual (específico para intervir em determinados atrasos ou distúrbios maiores de comportamento). 4. Eixo de Intervenção Medicamentoso. 5. Eixo de Intervenção pelo Suporte Escolar. Cada um desses cinco eixos possui tanto a base teórica, ampla base de análise e pesquisa, estudos experimentais (empíricos) que ainda não apresentam comprovação, quanto uma certa consolidação na literatura científica. Vamos focar no eixo de intervenção comportamental, porém isso não exclui a possibilidade de que os demais eixos sejam trabalhados a partir da demanda de vocês – seja por meio de fóruns, debates ou outros. Pessoas com autismo mostram características e traços pautados em alterações e atrasos significativos em diversas áreas do comportamento. O eixo comportamental – como o próprio nome sugere, ajuda a melhorar e ajustar o comportamento da pessoa com autismo para auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades. Pesquisas científicas comprovaram que intervenções comportamentais intensivas são, até o presente momento, a forma estratégica mais eficaz de trabalhar o autismo. Uma das características principais para a realização dessa intervenção requer o ensino sistemático e simultâneo de diferentes habilidades concernentes às inúmeras áreas do desenvolvimento. Ou seja, o que estamos informando é que, em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, o planejamento de treino de habilidades será pautado pelo ensino de diversos comportamentos paralelos ao mesmo tempo. O grande desafio é estabelecer uma boa avaliação, um planejamento terapêutico adequado à necessidade de seu atendido (paciente/cliente) com autismo, o registro e a análise (reavaliação) constante dos resultados de sua intervenção. 29 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Desse modo, quando o objetivo é ensinar várias habilidades ao mesmo tempo, o currículo de ensino de habilidades básicas é uma ferramenta constituída por um agrupamento de conteúdos que são ensinados em um prazo específico, sendo extremamente importante para conduzir, ordenar e controlar o ensino. Somente por meio de um currículo de ensino bem elaborado, o analista do comportamento poderá planejar o que será ensinado e em que prazo (curto, médio ou longo) será ensinado. Quadro 2 -Modelo de Currículo de Habilidades Básicas Aprendiz/Paciente:_______________________ Profissional/AT:________________________ 1 Habilidades de atenção Nível Início Término 1.1 Sentar 1.2 Esperar 1.3 Contato Visual 2 Habilidades de imitação 2.1 Imitar movimentos motores grossos 2.2 Imitar ações com objetos 2.3 Imitar movimentos motores finos 2.4 Imitar movimentos fonoarticulatórios 2.5 Imitar movimentos grossos em pé 2.6 Imitar sequência de movimentos 3 Habilidades de linguagem receptiva 3.1 Seguir instruções de um passo 3.2 Seguir instruções de dois passos 3.3 Identificar as partes do corpo 30 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES 3.4 Identificar pessoasfamiliares 3.5 Identificar objetos 3.6 Identificar figuras 4 Habilidades de linguagem expressiva 4.1 Apontar em direção a itens desejados 4.2 Produzir sons com função comunicativa 4.3 Imitar sons 4.4 Aumentar os pedidos vocais 4.5 Nomear pessoas familiares 4.6 Nomear objetos 4.7 Nomear figuras 5 Habilidades pré-acadêmicas 5.1 Coordenação olho/mão 5.2 Emparelhar objetos 5.3 Emparelhar figuras 5.4 Emparelhar objetos e figuras 5.5 Usar o lápis 5.6 Usar a tesoura Fonte: Gomes; Silveira, 2016, p. 14. O currículo para ensino de habilidades básicas, na visão de Gomes e Silveira (2016), é uma ferramenta essencial, pois auxilia a administração do ensino simultâneo de diversas habilidades. Como podemos observar, o currículo contempla 5 áreas: 31 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II 1. Habilidades de Atenção. 2. Habilidades de Imitação. 3. Habilidades de Linguagem Receptiva. 4. Habilidades de Linguagem Expressiva. 5. Habilidades Pré-Acadêmicas. No quadro acima, a coluna ‘nível’ apresenta estrelas que, de acordo com sua cor, informam o grau de complexidade de ensino: » Estrelas verdes – habilidades fáceis. » Estrelas amarelas – habilidades moderadas. » Estrelas vermelhas – habilidades mais difíceis. O objetivo é iniciar por habilidades mais fáceis e, gradativamente, galgar às de maior complexidade/dificuldade, em paralelo ao ensino simultâneo de habilidades variadas. Então, o fundamental é ter organização e planejamento. O principal é planejar um caminho para que o programa de ensino de habilidades seja assertivo às pessoas com autismo. Em grande parte, esses programas são iniciados com quatro etapas, como poderemos observar no diagrama a seguir (GOMES; SILVEIRA, 2016). Exemplificando: » Primeira etapa: contato visual e sentar » Segunda etapa: imitar ações com objetos, seguir instruções de um passo, produzir sons com função comunicativa e coordenação olho/mão. » Terceira etapa: imitar movimentos motores grossos, imitar movimentos fonoarticulatórios, identificar partes do corpo, apontar na direção de objetos e itens desejados, emparelhar objetos. » Quarta etapa: esperar, imitar movimentos grossos em pé, imitar movimentos motores finos, emparelhar figuras, usar o lápis e usar a tesoura. Determinados programas requerem que o aprendiz já tenha obtido a aprendizagem de outros critérios. Desse modo, existem pré-requisitos que devem ser ensinados apenas quando a pessoa com autismo estiver apta a passar para outra fase do ensino. 32 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Assim, é essencial manter a atenção quanto a: » Seguir instruções de dois passos (no ensino da linguagem receptiva) – a linguagem receptiva abrange habilidades relacionadas à compreensão da fala de outra pessoa (ou pessoas). Para que esse tipo de compreensão aconteça, é necessário relacionar aquilo que é ouvido aos estímulos do ambiente ou a comportamentos (ações). Crianças com autismo podem apresentar dificuldades em fazer esse tipo de relação. Porém, habilidades desse tipo podem ser ensinadas. Assim, a instrução de dois passos consiste em ensinar a criança a atender instruções um pouco mais complexas, por meio de duas ações motoras que devem ser realizadas na sequência, tais como: ‘dê um abraço e um beijo’ ou ‘feche a porta e apague a luz’. » Imitar a sequência de movimentos – apresentada na cor laranja do diagrama de rota de ensino de Gomes e Silveira (2016). » Imitar sons – apresentada na cor vermelha do diagrama de rota de ensino de Gomes e Silveira (2016) – que deve ser precedida por produção de sons com função de comunicar-se. » Aumentar os pedidos vocais. Veja o vídeo e faça suas pontuações para debate posterior. <https://www.youtube.com/watch?v=L3Wt1lQHRSw>. A importância dos protocolos de registro Os Protocolos de Registro são ferramentas que ajudam no planejamento e organização de ensino, bem como na avaliação do que foi aprendido. Os programas de ensino com a descrição de seus objetivos e a metodologia devem ser descritos nos Protocolos de Registro. Sendo assim, é crucial que você os conheça, e aprenda a organizá- los e preenchê-los de maneira adequada. Trabalharemos com quatro protocolos, apresentados a seguir: » Protocolos de Metas e Objetivos – são utilizados quando a habilidade a ser ensinada envolve diversos comportamentos e ensinar todos ao mesmo tempo é praticamente inviável. 33 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Quadro 3 - ‘Protocolos de Objetivos e Metas. Instrução: “faça isso”, “faça assim”, “agora é você” ou “agora é a sua vez” Não ensinado Ensinado Manutenção 1. Colocar um objeto dentro de uma caixa 2. Tocar uma campainha 3. Empurrar o carrinho 4. Empilhar blocos 5. Bater num tambor 6. Colocar um chapéu 7. Rabiscar 8. Limpar a boca com um pano ou guardanapo 9. Martelar (brinquedo de pino) 10. Alimentar uma boneca 11. Balançar um sino 12. Levar um telefone à orelha 13. Beber de um copo 14. Colocar óculos 15. Escovar os cabelos 16. Fazer uma bolinha de massinha (utilizando as duas mãos) 17. Fazer uma minhoca de massinha (na mesa) 18. Manipular fantoches 19. Dar um beijo na boneca 20. Amassar uma folha O que você deve fazer 2.2 Imitar Ações com Título Situação Situação de cada comportamento Comportamento s a serem Cada comportamento Aqui será feita a marcação com ‘X’ Fonte: Gomes e Silveira (2016, p.54). Sobre a marcação em X – nos protocolos de objetivos e metas No quadro acima, onde está escrito: “Aqui você vai marcar com X”, a marcação será feita à lápis na coluna correspondente à situação de cada um dos comportamentos: 1. Não ensinado – comportamentos que ainda não foram trabalhados com o aprendiz. 2. Ensinado – comportamentos que você está ensinando atualmente ao aprendiz. 3. Manutenção – comportamentos que você já ensinou para o aprendiz e que agora irá manter para que não sejam esquecidos. 34 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES » Protocolos ABC – são utilizados em grande parte dos programas de ensino e servem para registrar as tentativas. O termo ‘ABC’ deriva do fato de proporcionarem a marcação do desempenho em três situações: A – o aprendiz faz a atividade sem auxílio. B – realiza com ajuda (ajudas ou dicas físicas ou verbais) do Acompanhante Terapêutico (AT). C – o aprendiz não faz a atividade, mesmo que o AT se esforce em ajudá-lo. Quadro 4 - Protocolos ABC Aprendiz: ___________________ AT: _______________________ Data: __________ Tentativas Mo v. 1 2 3 4 A X X 3 B X C X Tentativas Mo v. 1 2 3 4 A B C Tentativas Mo v. 1 2 3 4 A B C Tentativas Mo v. 1 2 3 4 A B C 2.2 Imitar Ações com Objetos Procedimento: obtenha a atenção do aprendiz, faça o movimento e solicite que o aprendiz repita o movimento. Aprendiz: ___________________ AT: _______________________ Data: __________ Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Número de vezes da atividade Preencher com o número do comportamento ensinado Marcar o desempenho do aprendiz Nomes do aprendiz e do AT e a data de realização da atividade Cada quadro serve para registrar um comportamento Cada retângulo serve para um dia de atividade Título e instruções de ensino Fonte: Adaptação com base em Gomes e Silveira, 2016. 35 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II » Protocolos Certo/Errado – são protocolos mais simples e destinados ao registro as tentativas de ensino. Contudo, ao contrário dos Protocolos ABC, possibilitam marcar apenas se o aprendiz acertou (sem ajuda) ou se ele errou (ou realizou com ajuda). A ajuda é computada como erro. O AT utilizara ‘V’ para os acertos e ‘X’ paraos erros. Marcar sempre a lápis. Quadro 5 - Protocolos Certo/Errado Aprendiz: __________________________ AT: ______________________________ Data: ___________ Tentativas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Acertos Aprendiz: ______________________ AT: _____________________ Data: ___________ Tentativas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Acertos Aprendiz: ______________________ AT: _____________________ Data: ___________ Tentativas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Acertos Título e instruções para ensino 5.2 Emparelhar objetos Procedimento: os podes devem ser colocados sobre a mesa, com um objeto de cada conjunto dentro de cada pote, os demais objetos estarão sobre à mesa misturados e fora dos potes. O AT irá solicitar ao aprendiz que guarde cada objeto que está sobre a mesa dentro do respectivo pote. Fase: 1. Objeto no pote; 2. Dois potes; 3. Três potes; 4. Cores Pote 1: Pote 2: Pote 3: Porcentagem: Pote 1: Pote 2: Pote 3: Porcentagem: Pote 1: Pote 2: Pote 3: Porcentagem: Preencher com o nome do aprendiz e do AT com a data da atividade realizada. Cada retângulo é para um dia de atividade realizada. Marcar como foi o desempenho do aprendiz: V ou X Número de vezes que a atividade será realizada. Fonte: Adaptação com base em Gomes e Silveira, 2016. 36 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES » Protocolos de Ocorrência de Repostas – são simples como os Protocolos Certo/Errado. Nesse caso, o AT faz a marcação com um risco, em quantas vezes o aprendiz emitiu a comportamento observado. Quadro 6 - Protocolos de Ocorrência de Respostas Aprendiz: __________________________ AT: ______________________________ Data: _________ Item Tentativas Quantas vezes o aprendiz levantou Aprendiz: __________________________ AT: ______________________________ Data: _________ Item Tentativas Quantas vezes o aprendiz levantou Aprendiz: __________________________ AT: ______________________________ Data: _________ Item Tentativas Quantas vezes o aprendiz levantou Título e instruções para o ensino 1.2 Esperar: ____________ Procedimento: escolha um item de interesse do aprendiz (alimento, brinquedo, tablete) e deixe com ele por um curto período de tempo, na sequencia pegue o item. Passado o tempo estipulado para realização da atividade você devolve o item para o aprendiz e o elogia por ter esperado. Utilize um cronômetro para marcar o tempo. Marque com um traço toda vez que a aprendiz levantar para pegar o item. Total: ________________________ Total: ________________________ Total: ________________________ Preencher com o nome do aprendiz e do AT, colocando a data da atividade. Os itens utilizados na atividade (comida, brinquedos, tablet...). Marcar quantas vezes realizou a atividade com o aprendiz. Cada retângulo serve para um dia de atividade. Fazer um risco a cada vez que a aprendiz emitir o comportamento Fonte: Adaptação com base em Gomes e Silveira, 2016. 37 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II » Protocolos de Manutenção – têm como função ajudar na manutenção do ensino. No decorrer do programa de treino de habilidades pela intervenção em ABA, esses protocolos realizam a manutenção das habilidades aprendidas, para que não sejam esquecidas pelo aprendiz ao longo da aquisição de outras. Quadro 7 - Protocolos de Manutenção 1.Colocar um objeto dentro de uma caixa 5/9 2.Tocar uma campainha V 3.Empurrar um carrinho V 4.Empilhar blocos X 5.Bater num tambor V 6.Colocar um chapéu V 7.Rabiscar V 8.Limpar a boca com um ano ou guardanapo V 9.Martelar (brinquedo de pino) V 10.Alimentar uma boneca V 11.Balançar um sino V 12.Levar um telefone à orelha V 13.Beber de um copo V 14.Colocar óculos V 15. Escovar os cabelos V 16.Fazer uma bolinha de massinha (duas mãos) V 17.Fazer uma minhoca de massinha (mesa) V 18.Manipular um fantoche X 19.Dar um beijo na boneca V 20.Amassar uma folha V Total de Acertos 18 O que você deve fazer Título Manutenção: Imitar ações com Objetos Aprendiz: ___________________________ AT: __________________________ Instrução ‘faça isso’, ‘faça assim’, ‘agora é você’ ou ‘agora é sua vez’ DATAS Lista de comportamentos Nome do aprendiz, nome do AT e data Anotar o número de acertos Data de realização Marcar o desempenho do aprendiz Cada coluna é para um dia de atividade Fonte: Adaptação com base em Gomes e Silveira, 2016. 38 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Instruções de um passo A área de linguagem receptiva abrange habilidades relacionadas à compreensão da fala de outras pessoas. Crianças com autismo podem apresentar dificuldades em fazer esse tipo de relação. Entretanto, essas habilidades podem ser ensinadas, seguindo instruções de um passo. Seguir Instruções de um Passo consiste em levar a criança a atender instruções simples, por meio de ações motoras que também são simples, tais como ‘levante’ ou ‘dê um abraço’. Vamos ao procedimento? O AT faz a instrução e aguarda o aprendiz fazer o movimento. Exemplificando: AT: ‘Miguel dá tchau’ Miguel faz o que foi solicitado. Quando a aprendiz faz o movimento o AT elogia e registra no protocolo. Procedimento de ajuda Pode acontecer uma situação na qual o AT fale a instrução e o aprendiz não execute a ação. Exemplificando: AT: ‘Miguel dá tchau!’ Miguel não realiza a ação AT: ‘Miguel dá tchau!’ Miguel permanece sem realizar a ação. Nesse caso, o AT pode apresentar o modelo a ser seguido por meio de pistas visuais (fazer o movimento para que o aprendiz imite) ou ajudar fisicamente na realização do movimento (mão na mão). 39 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Vamos ao exemplo 1: Eduarda vai aprender a seguir instruções de um passo. AT - fala a instrução: ‘Eduarda, dá tchau” Eduarda realiza a ação. A AT elogia e registra no protocolo. Procedimento de Ajuda: A AT fala a instrução e aguarda: ‘Eduarda, dá tchau’ A AT repete a instrução. Se Eduarda não faz a ação, a AT auxilia fisicamente na execução (ensino mão na mão). Vamos ao exemplo 2: Bater Palmas. AT fala a instrução: ‘Eduarda, bate palma’ Eduarda faz a ação. A AT elogia e registra no protocolo. Procedimento de Ajuda: A AT fala a instrução e aguarda: ‘Eduarda, bate palma’ Se Eduarda não faz a ação a AT auxilia fisicamente na execução (mão na mão). O AT deve diminuir as ajudas gradativamente. Critérios de aprendizagem O programa é composto por muitas instruções. Desse modo, há um critério para cada instrução e para o programa como um todo. Já apresentamos os protocolos a serem seguidos e esses serão abordados também nas Instruções de Dois Passos. 40 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Objetivos de aprendizagem 1. Entender e descrever a Análise do Comportamento Aplicada, Comportamento Verbal e Tentativas Discretas de Ensino, de maneira que uma pessoa leiga entenda. 2. Entender e definir os termos: antecedente, estímulo, SD - estímulo discriminativo: sinaliza a disponibilidade de reforço e estabelece a ocasião para a ocorrência de respostas que produzam reforçadores – comportamento, resposta, consequência, reforço. 3. Observar, analisar e descrever eventos em termos comportamentais. 4. Entender, descrever e identificar funções de um comportamento. 5. Conduzir uma análise funcional de comportamento. 6. Descrever e demonstrar o uso correto de vários reforçadores e esquemas de reforçamento. 7. Entender e explicar Reforçamento Diferencial e suas aplicações. 8. Entender e demonstrar estratégias para lidar com comportamentos difíceis. 9. Entender eexplicar Comportamento Verbal e operantes verbais, incluindo Tatos, Mandos, Ecóicos, Linguagem Receptiva, FF - Fixação Funcional tentativa repetida de solucionar um problema da mesma maneira - , Intraverbais, Imitação, Textual e Transcritivo. 10. Entender, saber descrever e demonstrar uma série de dicas. 11. Entender e demonstrar técnicas de aprendizagem sem erro em uma situação de ensino. 12. Entender e usar técnicas de instrução, tais como misturar e variar instruções, usar um esquema variável de reforçamento, técnicas de pareamento, instrução rápida, modelagem, momentum comportamental, encadeamento, compressão, esvanecimento, extinção, bloqueio, redirecionar, generalizar e apresentar aprendizagem incidental. 13. Entender, definir e usar notação comportamental, como SD, SR+, R, +, -, NR e A. 14. Coletar e registrar dados, demonstrar o preenchimento correto das folhas de registro. 41 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II 15. Entender e descrever domínio e fluência. 16. Ser capaz de analisar dados e identificar tendências ou problemas e fazer recomendações de programas. 17. Demonstrar capacidade de preparar e montar adequadamente uma sessão. 18. Ser capaz de montar e manejar uma Pasta Curricular. Currículo O currículo usado será dividido em uma série de categorias, ou “programas”, tais como habilidades de cuidados pessoais, habilidades sociais, habilidades de linguagem, habilidades acadêmicas etc., organizadas em níveis de dificuldade, de maneira que você comece com habilidades básicas, muito simples, e depois as use para desenvolver as mais complexas (ESTEVES et al., 2014; FENSKE et al., 1985) . Os programas que você seleciona para trabalhar formam seu currículo: Figura 4 - O Currículo Currículo = Programas Programa de Linguagem Receptiva • Apontar para objetos quando solicitado • Seguir instruções de um passo • Apontar para partes do corpo Programa Habilidades de Imitação • Imitar ações motoras amplas • Imitar ações motoras finas • Imitar ações com objetos Programa Habilidades de Cuidados Pessoais • Tirar as roupas • Usar colher e garfo • Usar o banheiro Fonte: <https://pt.made-in-china.com/co_jh-aluminum/image_ACP-Sheet-Design-Wallpaper-Painting-PE-PVDF-Aluminium-for-Wall- Decoration_esuihinny_ZKzEsjuaaGrb.html>. Acesso: 1/9/2018. 42 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Vamos ao procedimento? Instruções de dois passos Dessa forma, por meio da Análise do Comportamento Aplicada é possível ensinar a criança a seguir instruções de dois passos de forma assertiva e funcional. Exemplo 1: Dar tchau e mandar um beijo. Passos: 1. O AT (acompanhante terapêutico) dá a instrução completa: “Eduarda dá tchau e manda um beijo’. 2. Eduarda segue as instruções de dois passos. 3. O AT elogia Eduarda colocando a mão em seu ombro e fazendo um elogio verbal: ‘Isso, Eduarda, muito bem!’. E registra no protocolo. As instruções de dois passos só serão iniciadas após o domínio do programa de instruções de um passo. Por isso reforçamos que determinados programas dependem da aprendizagem de critérios anteriores. Vamos a outros exemplos de instruções de dois passos? Exemplo 2: Levantar os braços e bater palmas. Passos: 1. O AT fala a instrução completa: ‘Eduarda, levante os braços e bata palmas’ 2. Eduarda segue as instruções de dois passos. 3. O AT elogia (reforço positivo) Eduarda (comportamento) e registra no protocolo. O ensino desse tipo de habilidade é predominantemente verbal. Isso significa que o AT deve falar a instrução e evitar fazer gestos que possam oferecer dicas (pistas) visuais à criança. Procedimento de Ajuda 1 AT: ‘Eduarda, dá tchau e manda um beijo’ Eduarda ‘dá tchau’, mas não manda um beijo 43 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Se Eduarda não faz as duas ações o AT auxilia na execução. AT: ‘Eduarda, dá tchau’ (faz o gesto de dar tchau) ‘e manda um beijo’ (faz o gesto de mandar um beijo). O Comportamento Verbal só ocorre quando há um falante e um ouvinte. É premissa de comportamento verbal a interação social entre ambos, ainda que em alguns casos uma mesma pessoa seja falante e ouvinte ao mesmo tempo. Segundo Skinner (1957): O auditório (ouvinte) será então um estímulo discriminativo na presença do qual o comportamento verbal é caracteristicamente reforçado e em cuja a presença ele é caracteristicamente forte. A função de ouvinte (ou habilidade de ser governado por um falante) é a chave para o desenvolvimento de outras funções verbais. Uma criança que é ouvinte é totalmente dependente de cuidadores. Os primeiros estágios do pensamento são totalmente dependentes do comportamento de ouvinte. As funções do comportamento verbal (que serão descritas a seguir) são dependentes deste comportamento (de ouvinte). O comportamento de Ouvinte é um pré-requisito para as seguintes instâncias do comportamento de ouvinte: 1. Episódios de conversação entre indivíduos (Unidades de conversação). 2. Uma habilidade chamada Nomeação. 3. Conversas consigo mesmo (em que a criança é falante e ouvinte). 4. Dizer sim e não de acordo com suas intenções. 5. Leitura com compreensão. 6. Solução de problemas. 7. Comportamentos de ouvinte em interações sociais. O ensino do comportamento ecoico pode começar com dicas visuais, dicas motoras (apontar para a boca, fazer movimentos exagerados) e consequências específicas, para facilitar a aquisição. 44 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Figura 5 - Dicas Visuais Fonte: <http://noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2016/08/pt-da-tchau-dilma.html> e <http://www.dicasingles.com.br/ como-se-diz-mandar-beijos-em-ingles/>. Acesso: 1/9/2018. Com o objetivo de favorecer uma sequência que facilite o ensino de habilidades para pessoas com autismo, Gomes e Silveira (2016) propõem um diagrama com a rota para introdução de programas de ensino. Figura 6- Rota para Introdução dos Programas de Ensino 1.Colocar um objeto dentro de uma caixa 5/9 2.Tocar uma campainha V 3.Empurrar um carrinho V 4.Empilhar blocos X 5.Bater num tambor V 6.Colocar um chapéu V 7.Rabiscar V 8.Limpar a boca com um ano ou guardanapo V 9.Martelar (brinquedo de pino) V 10.Alimentar uma boneca V 11.Balançar um sino V 12.Levar um telefone à orelha V 13.Beber de um copo V 14.Colocar óculos V 15. Escovar os cabelos V 16.Fazer uma bolinha de massinha (duas mãos) V 17.Fazer uma minhoca de massinha (mesa) V 18.Manipular um fantoche X 19.Dar um beijo na boneca V 20.Amassar uma folha V Total de Acertos 18 O que você deve fazer Título Manutenção: Imitar ações com Objetos Aprendiz: ___________________________ AT: __________________________ Instrução ‘faça isso’, ‘faça assim’, ‘agora é você’ ou ‘agora é sua vez’ DATAS Lista de comportamentos Nome do aprendiz, nome do AT e data Anotar o número de acertos Data de realização Marcar o desempenho do aprendiz Cada coluna é para um dia de atividade Fonte: Gomes; Silveira, 2016, p. 49 45 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Procedimento de Ajuda 2 O AT fala a instrução completa e aguarda. AT: ‘Eduarda, levante os braços e bata palmas’ Eduarda ‘levanta os braços’, mas não bate palmas. Se Eduarda não faz as duas ações o AT auxilia na execução. AT: ‘Eduarda, levante os braços’ (faz o gesto de levantar os braços) ‘e bata palmas’ (faz o gesto de bater palmas) Eduarda faz as duas ações. AT: coloca a mão em seu ombro e faz o elogio, registrando no protocolo. Figura 7 – Levantar e bater palmas Fonte: <https://br.freepik.com/icones-gratis/homem-postura-silhueta-de-pe-com-os-bracos-levantados_717981.htm> e <https:// pixabay.com/pt/aplausos-bater-palmas-m%C3%A3os-black-297115/>.Acesso: 1/9/2018. O AT deve diminuir as ajudas gradativamente. Critério de aprendizagem O programa é composto por muitas instruções: Figura 8 – Dicas de instruções Fonte: <http://recreio.uol.com.br/noticias/curiosidades/como-surgiu-o-habito-de-bater-palmas-aplausos-costume-teatro-grecia-antiga- maos-coceira.phtml#.W4vcNs5Khkg>, <https://pt.pngtree.com/free-png-vectors/acenando> e <https://publicdomainvectors.org/pt/ vetorial-gratis/Crian%C3%A7a-acenando/60984.html>. Acesso: 1/9/2018. 46 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Assim, existe um critério para cada instrução e para o programa como um todo. Para cada instrução, a referência é o protocolo ABC. Quadro 8 - Protocolo ABC do Programa Seguir Instruções de Dois Passos Aprendiz: _____________ AT: ______________ Data: __/__/_____ Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Aprendiz: _____________ Profissional: ______________ Data: __/__/_____ Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Aprendiz: _____________ Profissional: ______________ Data: __/__/_____ Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C A – sem ajuda B – com ajuda C – não fez Fonte: Gomes e Silveira (2016, p.124). Não se esqueçam de realizar o bloco de nove tentativas, duas vezes todos os dias ABA é um programa intensivo e continuado, que deve ser realizado em média por 40 horas semanais. Com todos os procedimentos em protocolos de registro. Sobre o procedimento, alguns pontos de alta relevância, devem ser observados: Obter a atenção do paciente/aprendente. Falar a instrução sem utilizar gestos indicativos. 47 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Caso o paciente/aprendente não realize o movimento, forneça ajudas e elogie (reforço positivo) sempre que ele seguir as instruções (fazendo o que foi solicitado), você também pode oferecer algo que ele goste: alimento (um biscoito, ou bala. Fracione a porção para que ele não fique saciado e perca o interesse nas demais tentativas. Ou seja, dê um quarto do biscoito, da bala de gelatina, do chocolate, sempre observando as restrições alimentares); um brinquedo que atua como reforçador. Conhecer as preferências de seu paciente é fundamental. Você pode oferecer uma bola para ser apertada, um carrinho, um dinossauro, massa de modelar, amoeba, utilizar o plástico bolha, sentar na cadeira giratória e girar. As recompensas são infinitas e dependem sempre das preferências do seu paciente/aprendente. Para o programa, a referência é o protocolo de objetivos e metas. Quadro 9 - Seguir Instruções de Dois Passos Situação Fale a instrução sem usar gestos ou dicas visuais Não ensinado Ensinado Manutenção 1. Feche a porta e apague a luz 2. Dê um abraço e um beijo 3. Bata palmas e dê tchau 4. Levante e pule 5. Pegue o papel e jogue fora 6. Dê tchau e mande um beijo 7. Feche a porta e ligue a TV 8. Pegue todos os papéis e jogue fora 9. Levante e guarde (algo) na prateleira 10. Levante os braços e bata palmas 11. Levante e bata os pés no chão 12. Dê um abraço e dê tchau 13. Levante e sente 14. Levante e bata palmas 15. Sente e bata os pés Fonte: Gomes e Silveira (2016, p. 123). Preenchendo o protoloco O prontuário deve ser montado colocando-se o protocolo de objetivos e metas colado na contracapa. 48 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Figura 9 - Prontuário Fonte: <https://www.ciadepapel.com/copia-papeis-escolares>. Acesso: 1/9/2018. Os Protocolos ABC devem compor o material desse prontuário. Utilizar o modelo apresentado em nosso material didático. Todos os registros devem ser mantidos no protocolo de seu paciente/ aprendente, quer seja no seu setting de terapêutico ou em uma clínica com equipe multidisciplinar (local onde os profissionais de diversas áreas procederam aos seus registros em outros prontuários para observar como o ensino está progredindo ou quais ajustes são necessários). O protocolo tem como função primordial auxiliar na administração do ensino das instruções e na manutenção dos repertórios aprendidos. Quadro 10 - Manutenção de Seguir Instrução de Dois Passos Aprendiz: ______________________ AT:__________________________ Fale a instrução sem usar gestos ou dicas visuais Datas 1.Feche a porta e apague a luz 2.Dê um abraço e um beijo 3.Bata palmas e dê tchau 4.Levante e pule 5.Pegue o papel e jogue fora 6.Dê tchau e mande um beijo 7.Feche a porta e ligue a TV 8.Pegue todos os papéis e jogue fora 9.Levante e guarde (algo) na prateleira 10.Levante os braços e bata palmas 11.Levante e bata os pés no chão 12.Dê um abraço e dê tchau 13.Levante e sente 14.Levante e bata palmas 15.Sente e bata os pés Total de acertos Fonte: Gomes e Silveira (2016, p. 125). 49 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Escolha quatro instruções e marque com um ‘X’ a lápis na coluna ensinado, na altura das instruções escolhidas. Análise do Comportamento Aplicada – ABA (Applied Behavior Analysis) é uma ciência utilizada para: » A compreensão do comportamento. » O uso de métodos analítico-comportamentais. » Obter resultados de pesquisa para modificar comportamentos socialmente relevantes de maneira significativa. O autismo é apenas uma das muitas vertentes em que ABA é utilizada de forma muito bem sucedida. Desde os anos 60, inúmeros estudos e centenas de pesquisas constataram a eficácia dos princípios e métodos da Análise do Comportamento Aplicada na construção de variabilidade na ampliação de habilidades sociais importantes para a qualidade de vida e, paralelamente, para a redução de comportamentos-problema em pessoas com autismo, em diferentes idades. Atualmente, a terapia em ABA direcionada a pessoas com Transtorno do Espectro Autista combina métodos validados por pesquisas em uma intervenção ampla, contudo extremamente individualizada. Para cada aprendiz, há habilidades a serem desenvolvidas e comportamentos-problema a serem minimizados. As habilidades e os comportamentos-problema são definidos em termos observáveis e dimensionados pela observação direta. Inicialmente, uma avaliação é coordenada com o objetivo de definir as habilidades que o indivíduo com autismo possui e as que ele necessita. A seleção de objetivos do tratamento individualizado é norteada pelos dados da avaliação inicial. Assim, é construído um currículo que aponte habilidades sequenciais, em diversas áreas, tais como: » Aprender a aprender. » Comunicação. » Sociabilidade, » Habilidades acadêmicas. » Autocuidado. » Motricidade. » Repertório de brincar. 50 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Essas áreas devem ser analisadas em itens menores e segmentadas de acordo com o desenvolvimento, ou do modo ‘simples para o complexo’. O objetivo geral é ajudar cada indivíduo a desenvolver suas habilidades que, ao longo do curso de suas vidas, permitirão que obtenham comportamentos funcionais e adequados, tornando-os independentes e bem-sucedidos - tanto quanto possível. Uma considerável gama de procedimentos de caráter analítico-comportamental é implementada para o ensino, a manutenção de habilidades, a formação de habilidades que não estão totalmente desenvolvidas ou que não chegaram sequer a ser incluídas no repertório socioemocional da pessoa com autismo. Ou seja, o aprendiz/paciente deve contar com o suporte de múltiplas e contínuas ocasiões e chances para aprender e treinar habilidades durante cada dia, com reforço positivo. Uma das formas de implementar programas de ensino planejados para oportunizar o aprendizado à pessoa com autismo, consiste em uma pessoa com especialização em ABA mostrar/expor uma série de tentativas (trials) para o aprendiz, cada uma consistindo de um sinal ou dica (clue) específicaou instrução por parte do AT (acompanhante terapêutico). A oportunidade do aprendiz seguir as instruções de forma correta gera uma consequência (resposta do AT) que está atrelada ao desempenho no ensino ‘em seguir instruções’ demonstrada pelo aprendiz. Essa organização recebe o nome de Ensino ou Treino por Tentativas Discretas – DTT (Discrete Trials Training), e são essenciais para desenvolver habilidades importantes em pessoas com autismo. O Treino por Tentativas Discretas – DTT também chamado de Ensino ou Instrução por Tentativas Discretas – DTI (Discrete Trials Instruction) é uma técnica usada pela Análise do Comportamento Aplicada (ABA) que foi desenvolvida por Ivar Lovaas na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). O Treino de Tentativas Discretas é um procedimento instrucional estruturado, conduzido por um AT (treinado por um especialista em analise do comportamento), que divide as tarefas em subunidades simples para moldar novas habilidades. Muitas vezes é empregada de 6 a 8 horas por dia, dependendo do grau de autismo. A técnica se baseia no uso de prompts, modelagem e estratégias de reforço positivo para facilitar o aprendizado do indivíduo com autismo. Também é notado por seu uso prévio de aversivas para punir comportamentos indesejáveis. Entretanto, as programações, que consistem em procedimentos de treino de tentativas discretas, não são utilizadas como um manual padronizado. Há um procedimento a ser cumprido, contudo ele continua sendo personalizado, individualizado e busca atender as demandas de determinada pessoa com autismo. 51 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Estudos apontam que o excesso na utilização de DTT tende a produzir habilidades não generalizáveis da situação ensinada para outras situações do dia a dia. Por este motivo, um planejamento ABA eficaz agrega o DTT a uma variedade de outros procedimentos da Análise do Comportamento Aplicada, incluindo: » Sequências de instruções iniciadas pela criança conhecidos como procedimentos de treino incidental (incidental training procedures). » Análises de tarefa (task analyses). » Encadeamento (chaining). » Ensino de habilidades envolvendo sequências de ações ou passos. » Tentativas instrucionais embutidas (embedded) em atividades Para propiciar o ensino, há uma forte ênfase em tornar o aprender lúdico e envolver o aprendiz em interações sociais positivas. No Protocolo de Registro ABC: Marque um ‘X’ na altura da linha ‘A’ se o aprendiz fizer a ação sem o auxílio do acompanhante terapêutico/educador/terapeuta. Marque um ‘X’ na altura da linha ‘B’ se o aprendiz fizer a ação com auxílio. Marque um ‘X’ na altura da linha ‘C’ se o aprendiz não fizer a ação de maneira alguma. Quadro 11. ‘Preenchendo o Protocolo de Registro ABC’. Aprendiz: _____________ AT: ______________ Data: __/__/_____ Tentativas Mov. 1 2 3 A X B X C X Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Tentativas Mov. 1 2 3 A B C Fonte: Gomes e Silveira (2016). Quando o aprendiz obtiver três dias seguidos de marcações em ‘A’, ele aprendeu aquela determinada instrução. 52 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES Observe o exemplo: Quadro 12 - Como proceder com o registro de ensino Situação Fale a instrução sem usar gestos ou dicas visuais Não ensinado Ensinado Manutenção 1. Feche a porta e apague a luz X 2. Dê um abraço e um beijo X 3. Bata palmas e dê tchau X 4. Levante e pule X 5. Pegue o papel e jogue fora X 6. Dê tchau e mande um beijo X 7. Feche a porta e ligue a TV X 8. Pegue todos os papéis e jogue fora X 9. Levante e guarde (algo) na prateleira X 10. Levante os braços e bata palmas X 11. Levante e bata os pés no chão X 12. Dê um abraço e dê tchau X 13. Levante e sente X 14. Levante e bata palmas X 15. Sente e bata os pés X Fonte: Com base em Gomes e Silveira (2016). Nas linhas das outras instruções marque um ‘X’ na coluna ‘Não Ensinado’. Quando seu paciente aprender uma instrução, apague o ‘X’ na coluna ‘Ensinado’ e faça um novo ‘X’ na coluna ‘Manutenção’. Escolha uma nova instrução para o ensino, apagando o ‘X’ de ‘Não ensinado’ e fazendo um ‘X’ em ‘Ensinado’. Para registrar as atividades utilize o protocolo ABC, preenchendo o nome do seu paciente/aprendente, do AT, a data de início e o número de cada instrução escolhida. Dessa forma, quando uma instrução passa para a categoria de manutenção, é necessário continuar treinando essa instrução. Nesse momento, passa-se a utilizar o protocolo de manutenção, com marcações especificas – que são apresentadas mais à frente em nosso caderno de estudos e pesquisa (MAURICE et al., 1996a, 1996b;). Quando todos os ‘X’ estiverem em ‘Manutenção’, isso representa que o aprendiz/ paciente aprendeu o programa. 53 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II Quadro 13 - Seguir Instruções de Dois Passos – Todos os X em ‘Manutenção Situação Fale a instrução sem usar gestos ou dicas visuais Não ensinado Ensinado Manutenção 1. Feche a porta e apague a luz X 2. Dê um abraço e um beijo X 3. Bata palmas e dê tchau X 4. Levante e pule X 5. Pegue o papel e jogue fora X 6. Dê tchau e mande um beijo X 7. Feche a porta e ligue a TV X 8. Pegue todos os papéis e jogue fora X 9. Levante e guarde (algo) na prateleira X 10. Levante os braços e bata palmas X 11. Levante e bata os pés no chão X 12. Dê um abraço e dê tchau X 13. Levante e sente X 14. Levante e bata palmas X 15. Sente e bata os pés X Fonte: Gomes e Silveira (2016, p. 123). Nesse caso, deve-se utilizar o protocolo de manutenção. Coloque a data da realização da atividade e escreva: » V – para os acertos. » X – para os erros ou as ajudas (dicas). Quadro 14 - Preenchimento do Protocolo de Manutenção – o programa já aprendido pelo atendido (aprendiz/ paciente) Aprendiz: Eduarda AT: Rosa Ano: 2017 Fale a instrução sem usar gestos ou dicas visuais Datas 1.Feche a porta e apague a luz 7/7 2.Dê um abraço e um beijo V 3.Bata palmas e dê tchau V 4.Levante e pule V 5.Pegue o papel e jogue fora X 6.Dê tchau e mande um beijo X 7.Feche a porta e ligue a TV V 8.Pegue todos os papéis e jogue fora V 9.Levante e guarde (algo)na prateleira V 10.Levante os braços e bata palmas V 54 UNIDADE II │ INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES 11.Levante e bata os pés no chão X 12.Dê um abraço e dê tchau V 13.Levante e sente V 14.Levante e bata palmas V 15.Sente e bata os pés V Total de acertos 11 Fonte: Gomes e Silveira (2016). Seguir instruções de dois passos é um requisito fundamental para a compreensão da fala de outras pessoas e para a interação social, por isso a manutenção deve ser realizada por 3 a 6 meses. De acordo com a Secretária de Saúde de Nova Iorque (1999b, 1999c), após a aprendizagem preocupe-se em estimular a pessoa com autismo a atender instruções em situações variadas do cotidiano, que sejam diferentes das situações de ensino apresentadas no setting (ambiente) terapêutico. Nosso objetivo neste capítulo foi identificar os comportamentos envolvidos no que chamamos de habilidades pré-requisito e examinar os principais procedimentos descritos na literatura e utilizados no desenvolvimento desses repertórios em contexto de terapia. Habilidades Pré-requisitos Comportamentos que são fundamentais para o desenvolvimento de outros repertórios, mais complexos (LOVAAS, 1981) As Habilidades pré-requisitos são reconhecidas como: 1. Contato visual. 2. Imitações de movimentos de coordenação motora – ampla, fina, oral, com objeto. 3. Identificação de estímulos (repertório auditivo-visual). 4. Seguimento de instruções. 5. Emparelhamentos visual-visual – identidade, arbitrário. 6. Ecoico/Repetição de sons. 7. Brincar. 55 INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL INTENSIVA E ENSINO DE HABILIDADES │ UNIDADE II 8. Habilidades Pré-requisitos para Atividades de Vida Diária Quadro 15 - Contato Visual Antecedentes
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