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LIBRAS-BÁSICO-E-AVANÇADO-APOSTILA

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Complementação Pedagógica 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
 
LIBRAS BÁSICO E AVANÇADO 
 
 
as 
 
 02 
 
 
 
1. Língua e Linguagem 5 
Distinção entre Língua e Linguagem 5 
Língua de Sinais Brasileira considerada como Língua 7 
Língua 10 
O que é um Mito? 12 
Surdos e ouvintes 14 
 
2. Língua de Sinais Brasileira – Libras 19 
Conceitos fundamentais 19 
Como a Libras chegou ao Brasil 20 
Principais Características da Libras 22 
Alfabeto Manual da Língua de Sinais Brasileira 25 
Datitologia 25 
Sistema de Transcrição para Libras 27 
Empréstimos Linguísticos 27 
Parâmetros da Língua de Sinais Brasileira - Libras 28 
Direção dos Movimentos 30 
Tipos de Movimentos 31 
Locação (L) 33 
Orientação (Or) 35 
Expressões não-manuais (ENM) 36 
Exemplos de Parâmetros na Libras 38 
 
3. Fundamentos Históricos da Educação dos Surdos 41 
Histórico da Educação dos Surdos 41 
Fundação da Primeira Escola Pública para 
Surdos na França 44 
A Educação dos Surdos nos Estados Unidos 
(Século XVIII) 46 
O Congresso de Milão 47 
Comunicação Total 48 
Bilinguismo 49 
Quadro Resumo das Principais Abordagens 
na Educação dos Surdos 50 
 
 
 3 
 
 
 
Histórico no Brasil 50 
 
4. Legislação Específica 52 
Legislação na Antiguidade 52 
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Constituição 
Brasileira 52 
Lei de Oficialização da Libras nº 10.436 53 
Decretos e Leis que Antecederam a Oficialização 
da Lei de Libras 54 
Decreto 5.626 de 22 de Dezembro de 2005 55 
Capítulo III 56 
Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas 
Surdas ou com Deficiência Auditiva 57 
Os Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais 58 
Exame Prolibras 63 
Projeto de Lei que Reconhece a Profissão de 
Intérprete 64 
Acessibilidade 66 
Símbolo Internacional de Surdez 66 
 
5. Referências Bibliográficas 69 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
APOSTILA DE LIBRAS 
1. Língua e Linguagem 
 
 
 
Distinção entre Língua e 
Linguagem 
 
inguagem é comumente 
utilizada para designar toda e 
qualquer forma de comunicação, 
possuindo um sentido mais amplo, 
quer sejam sistemas naturais ou 
artificiais. 
Assim temos: 
 a linguagem dos animais, 
como por exemplo: os 
macacos quando estão à 
procura de alimento ou de 
acasalamento, emitem sons 
que caracterizam a sua 
solicitação específica, sendo 
assim considerada como uma 
linguagem natural. 
 a linguagem das máquinas e 
dos computadores, que 
emitem sinais sonoros ou 
visuais para transmitirem 
alguma informação, estes, são 
chamados de sistemas 
artificiais. 
 
Pesquisas desenvolvidas sobre 
o comportamento das abelhas por 
Karl Von Frisch, foram analisados 
por Benveniste para explicar o 
funcionamento da comunicação 
animal. Para Benveniste apud 
Temóteo (2008), a comunicação das 
abelhas “não é linguagem, é um 
código de sinais”, porque esta é 
L 
 
 
6 
APOSTILA DE LIBRAS 
limitada, não permitindo criar ou 
decodificar realidades diferentes do 
seu habitat natural, resumindo a sua 
comunicação ao grupo no qual está 
inserida por não haver a 
reciprocidade necessária para a 
linguagem. Ele refuta a 
interpretação linguística behavioris-
ta, demonstrando que a linguagem 
humana, diferentemente das 
linguagens das abelhas e outros 
animais, não pode ser simplesmente 
reduzida a um sistema de estímulo-
resposta. De acordo com LOPES 
(2000, p.37-38), “a linguagem dos 
animais não é um produto cultural, 
(...) é invariável; (...) composta de 
índices (isto é de um dado físico 
ligado a outro dado físico por uma 
causalidade natural); (...) e não é 
articulada”. Por outro lado, a 
linguagem humana é natural, não é 
herdada como a linguagem das 
abelhas, mas o homem aprende a 
sua Língua e é dotado de cultura e da 
capacidade de expressar sentidos 
diferentes de acordo com as 
diferentes situações, ela se compõe 
de signos que nascem das 
convenções feitas pelos homens e, 
finalmente, a linguagem humana é 
articulada, ou seja, se deixa 
decompor em elementos menores 
que sejam discriminadores de 
significado. De acordo com Kojima 
& Segala (2008, p.4), as Línguas são 
consideradas naturais quando: 
São próprias das comunidades 
inseridas, que as tem como 
meio espontâneo de 
comunicação. Podendo ser 
adquiridas, através do convívio 
social, como primeira Língua 
(ou Língua Materna), por 
qualquer um de seus membros 
desde a mais tenra idade. 
 
Acompanhando o pensamento 
de Benveniste apud Temóteo 
(2008), no que diz respeito à 
caracterização da linguagem, ele 
afirma que esta “se reduz a 
elementos que se deixam combinar 
livremente seguindo regras 
definidas (...) – de onde nasce à 
variedade da linguagem humana, 
que é capacidade de dizer tudo” e 
caracteriza-se pela sua dupla 
articulação, ou seja, as diferentes 
formas pelas que Língua pode 
combinar os seus elementos 
formando novas palavras e 
significados. Para as Língua Orais é 
a “organização da língua em duas 
camadas – a camada dos sons que se 
combinam em uma segunda camada 
de unidades maiores – é conhecida 
como dualidade ou dupla 
articulação”. QUADROS & 
KARNOPP (2004, p.27). 
A linguagem humana faz parte 
da natureza do homem e é através 
dela que o ser humano exprime seus 
pensamentos assim como o animal 
expressa os impulsos. Para HALL, 
apud LYONS (1987, p.28), a 
 
 
7 
APOSTILA DE LIBRAS 
linguagem é a maneira pela qual há 
uma interação através de canais 
orais – auditivos. Desta maneira, os 
grupos sociais que são formados, 
redefinem a linguagem através do 
uso de símbolos que decodificam a 
sua realidade e expressão à vontade 
do ser social. Ele afirma que “(...) a 
língua que é usada por determinada 
sociedade é parte da cultura daquela 
sociedade”. 
A opinião de HALL apesar de 
ser muito relevante, se limita às 
línguas orais, pois, para ele, a 
lingua(gem) só cabe aos humanos 
dotados de audição e oralidade, 
requisito inacessível às pessoas 
Surdas que não são capazes de ouvir 
e, consequentemente, não podem 
falar para se comunicar. 
Segundo Temóteo (2008), ao 
contrário do que muitas pessoas 
pensam os surdos não possuem má 
formação no aparelho fonador, o 
fato de não poderem ouvir não os 
torna aptos para reproduzir os sons 
da fala. O surdo pode falar, mas isso 
depende de quanto ele percebe 
auditivamente a fala e do quanto ele 
fala sobre a Língua Portuguesa. 
Diferentemente das pessoas 
“ouvintes” os surdos possuem outro 
canal comunicativo para a 
transmissão e recepção da 
mensagem. “Língua de sinais e 
língua oral apresentam semelhanças 
e diferenças do ponto de vista 
operacional, mas a comunicação em 
língua de sinais é tão eficaz quanto 
na língua oral.” ALMEIDA (2000, 
p.02). 
Apesar de surdos e ouvintes 
terem línguas diferentes é possível 
que vivam em comunidade sem 
tantos atritos na comunicação, 
desde que haja um esforço mútuo de 
aproximação pelo conhecimento das 
duas línguas, tanto por parte dos 
ouvintes como dos Surdos. 
 
Língua de Sinais Brasileira 
considerada como Língua 
 
 
 
Foi inicialmente através dos 
trabalhos do americano William 
Stokoe (1960), que as línguas de 
sinais começaram a ser analisadas e 
estudadas, recebendo o status de 
língua. Comparando a Língua de 
Sinais Americana (ASL) com a 
língua inglesa, ele começou a 
observar que a ASL apresentava 
todos os requisitos e critérios 
exigidos para ser considerada como 
língua. 
 
 
8 
APOSTILA DE LIBRAS 
Stokoe observou que os sinais 
não eram imagens, mas símbolos 
complexos, com uma complexa 
estrutura interior. Ele foi o primeiro, 
portanto, a procurar uma estrutura, 
a analisar os sinais, dissecá-los e a 
pesquisar suas partes constituintes. 
(QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 
30). 
Em sua obra Sign Language 
Structure e Dictionary of ASL, 
William Stokoe, marca a história 
como uma fase de transição no que 
diz respeitoà compreensão do que 
seria língua e linguagem. 
(QUADROS & KARNOPP, 2004). 
Da mesma forma, por volta de 
1970-1980, a pesquisadora Lucinda 
Ferreira Brito e outros 
pesquisadores, começaram a 
estudar a língua de sinais brasileira 
e observaram que esta também 
possui os mesmos critérios que a 
classificam como língua, ou seja, 
aspectos fonológicos, morfológicos, 
sintaxe, semântica e pragmática. 
É importante lembrar, que 
este grupo de pesquisadores 
fundamentou seus estudos nas 
obras inicialmente produzidas por 
William Stokoe. Assim, aqui no 
Brasil, estes pesquisadores 
começaram a produzir material e 
pesquisas atestando a autenticidade 
da Libras como língua. 
De acordo com BRITO (1998, 
p.19), as Línguas de Sinais são 
complexas por que “permitem a 
expressão de qualquer significado 
decorrente da necessidade 
comunicativa e expressiva do ser 
humano”. Por meio dela, os seus 
usuários podem discutir e estudar 
sobre os mais diversos assuntos, 
desde um simples bate-papo a 
questões mais complexas, como o 
estudo de disciplinas escolares, 
política, religião, esportes, filosofia, 
trabalho, dentre outros. Pela 
ausência da voz (fala), forma 
normalmente utilizada entre os 
indivíduos ouvintes na 
comunicação, surge à necessidade 
de uma Língua que não utilize o 
canal oral-auditivo, mas sim, um 
canal espaço-visual, em que a visão, 
as mãos e o corpo em si, sirvam de 
mecanismos para atingir a 
transmissão da mensagem entre os 
Surdos. 
LYONS (1987, p. 18; 28), 
diferentemente de HALL, teve a 
preocupação de examinar a Língua 
de modo a englobar não apenas os 
“ouvintes”, mas também os Surdos, 
ele assegura que: 
 
Não se pode falar sem usar a 
língua (isto é, sem falar uma 
determinada língua), mas é 
possível usar a língua sem falar 
(p.18). (...) é perfeitamente 
possível, embora raro, que se 
aprenda uma língua escrita sem 
haver o comando prévio da 
língua falada correspondente 
(...) tais como os sistemas 
 
 
9 
APOSTILA DE LIBRAS 
utilizados pelos surdos-mudos 
(...) não se deve colocar ênfase 
excessiva na prioridade 
biológica da fala. 
 
Para Temóteo (2008), a 
Língua de Sinais é viva, e assim 
como as Línguas Orais, ela também 
é natural, imbuída de sentidos que 
podem passar despercebidas aos 
olhos dos “ouvintes”. A linguagem 
reflete o cotidiano em que o homem 
vive e para chegar a transmitir 
aquilo que se pensa, o surdo procura 
fazer uma aproximação com o real 
durante a comunicação, projetando 
em sua mente a imagem daquilo que 
se deseja transmitir. Para identificar 
uma pessoa, por exemplo, ele 
procura enxergar um atributo 
marcante, que chame a atenção, 
geralmente de fácil reconhecimento 
para diferenciá-lo dos demais, quer 
seja por suas características físicas: 
cabelo cacheado ou liso, dentuço, 
magrelo, uso de aparelho dentário, 
cicatriz...; por meio da profissão: 
professor, policial, médico, 
dentista...; por uso de algum 
acessório: óculos, chapéu, relógio... 
São infinitas as possibilidades de 
representações e percepções do 
surdo acerca do outro. 
Da mesma maneira que os 
ouvintes conseguem discutir todo e 
qualquer tipo de assunto, os surdos, 
graças a Língua de Sinais, estão em 
patamar igual, somente a partir 
dela, as barreiras de comunicação 
entre surdos e ouvintes podem ser 
minimizadas, assim como a 
diminuição do atraso no 
desenvolvimento cognitivo que o 
surdo carrega pela ausência da 
linguagem em relação ao ouvinte, 
que recebe estímulos auditivos 
constantemente. SACKS (2007, p. 
34; 42), faz um comentário acerca da 
Língua de Sinais e a Língua falada: 
 
Tanto as Línguas de Sinais 
como as Línguas Orais são 
canais distintos de 
comunicação, contudo ambas 
são independentes para a 
transmissão e a recepção da 
habilidade linguística. O uso da 
fala (discurso) está 
intrinsecamente ligado ao 
conhecimento de uma Língua, 
não necessariamente ao ato de 
falar, mas na percepção do 
entendimento das estruturas 
semânticas que compõem a 
comunicação, quer seja nas 
Línguas Orais ou de Sinais. 
 
“As línguas de sinais são, 
portanto, consideradas pela 
linguística como línguas naturais ou 
sistema linguístico legítimo e não 
como um problema do surdo ou uma 
patologia da linguagem”. 
QUADROS & KARNOPP (2004, p. 
30). 
Embora a Linguística tenha 
reconhecido a forma de 
 
 
10 
APOSTILA DE LIBRAS 
comunicação usada pelos Surdos 
como autêntica foram os Psicólogos 
Experimentais, especificamente 
Willian Wundt, quem primeira-
mente reconheceu o status de 
Língua às Línguas de Sinais, 
conforme CAPOVILLA (2001, p. 
1480): 
 
Coube à Psicologia a honra de 
ter precedido a própria 
Linguística no reconhecimento 
do status linguístico da Língua 
de Sinais. Em sua Psicologia 
étnica, o fundador da Psicologia 
Experimental, William Wundt 
(1911), foi o primeiro acadêmico 
a defender a concepção de 
Língua de Sinais como idioma 
autônomo, e do Surdo como 
povo com cultura própria. 
 
Por meio das Línguas de 
Sinais, as pessoas Surdas se 
relacionam no meio social em que 
vivem. No Brasil, a Língua utilizada 
pelos Surdos foi oficialmente 
reconhecida através da lei nº 10.436. 
A comunidade surda brasileira 
comemorou no dia 24 de abril de 
2002 o reconhecimento de sua 
Língua, a Língua de Sinais 
Brasileira, Libras, como meio legal 
de comunicação e expressão; no seu 
artigo primeiro, parágrafo único da 
referida Lei traz a definição: 
 
Entende-se como Língua 
Brasileira de Sinais – Libras a 
forma de comunicação e 
expressão, em que o sistema 
linguístico de natureza visual-
motora, com estrutura 
gramatical própria, constitui 
um sistema linguístico de 
transmissão de ideias e fatos, 
oriundos de comunidades de 
pessoas surdas do Brasil. 
 
A oficialização da lei de Libras, 
como ficou assim conhecida, é 
caracterizada como um marco 
histórico das lutas travadas pela 
comunidade surda brasileira. 
Através desse fato, os surdos têm 
conquistado cada vez mais espaços 
consistentes na sociedade, tanto no 
que diz respeito a espaços 
profissionais como educacionais. A 
lei de Libras proporcionou o resgate 
da cidadania, identidade surda e de 
sua aceitação como língua natural. 
Por isso, é interessante que hajam 
pesquisas sobre a língua de sinais a 
fim de haver uma multiplicação 
desse conhecimento. 
 
Língua 
 
Conforme estudamos, as 
línguas são sistemas complexos, 
capazes de comunicar sentimentos, 
emoções, ideias abstratas ou 
simplesmente conversações 
cotidianas como “Oi!”, “Tudo bem?”. 
É ainda, um sistema padronizado 
pelo qual podemos construir um 
número infinito de sentenças. 
 
 
11 
APOSTILA DE LIBRAS 
Língua não se confunde com 
linguagem: é somente uma 
parte determinada, essencial 
dela, indubitavelmente. É ao 
mesmo tempo produto da 
faculdade da linguagem e um 
conjunto de convenções 
necessárias, adotadas pelo 
corpo social para permitir o 
exercício dessa faculdade nos 
indivíduos. (SAUSURRE apud 
QUADROS, p.24, 2004). 
 
Vejamos agora algumas 
características intrínsecas das 
línguas. 
 
Traços Únicos das Línguas 
 
 
 
Segundo Quadros (2004), as 
línguas apresentam traços únicos 
como: flexibilidade, arbitrariedade, 
descontinuidade, criatividade, dupla 
articulação e um padrão. Veremos a 
seguir uma breve descrição de cada 
um desses traços. 
 Flexibilidade: Segundo 
Lyons apud Quadros (2004, 
p.25), “pode-se usar a língua 
para dar vazão às emoções, 
para ameaçar ou prometer, 
para solicitar a cooperação dos 
companheiros. É possível 
ainda fazer referência ao 
passado, presente e futuro”. 
 Arbitrariedade: A palavra e 
os sinais não apresentam 
semelhanças com o referente. 
Por exemplo, o objeto MESA, é 
designado dessa forma por 
uma convenção, e não por ter 
um significado associado. O 
que implica dizer que a 
arbitrariedade é convencional. 
 Descontinuidade: 
Apresenta uma diferença 
entre forma e significadocom 
relação à morfologia da 
palavra (ou seja, o estudo da 
forma da palavra). Observe o 
exemplo das palavras: maca e 
mala. Ambas diferem um 
pouco tanto na morfologia 
como na língua falada, embora 
apresentem semelhanças 
entre si. 
 Criatividade: É a 
característica que permite a 
construção e a compreensão 
de novas sentenças regidas por 
regras gramaticais. 
(QUADROS, 2004). 
 Dupla articulação: Toda 
língua é formada de fonemas, 
que se articulam uns com os 
outros para formar as 
palavras, possuindo assim um 
significado. 
 Padrão: Os elementos nas 
línguas apresentam um 
padrão de combinação dos 
elementos. Se tomarmos como 
 
 
12 
APOSTILA DE LIBRAS 
exemplo as palavras: rapaz, 
rapidamente, caminhou, o, há 
três combinações possíveis: “O 
rapaz caminhou rapidamente; 
Rapidamente o rapaz 
caminhou, caminhou o rapaz e 
o rapaz rapidamente 
caminhou. As outras 
combinações que forem 
formadas além destas são 
agramaticais e no caso da 
língua portuguesa, ela 
apresenta restrições na 
maneira em que os itens 
ocorrem juntos, ou seja, 
apresentam um padrão”. 
(QUADROS, 2004). 
 Dependência estrutural: 
Segundo Quadros (2004, 
p.28), “Uma língua contém 
estruturas dependentes que 
possibilitam um 
entendimento da estrutura 
interna de uma sentença, 
independe do número de 
elementos linguísticos 
envolvidos”. 
 
Como exemplo, observe o quadro 
abaixo: (Quadros, 2004). 
 
G
ri
to
u
 
A criança 
Ela 
A criança doente e machucada 
 
O que é um Mito? 
 
Os mitos são ideias falsas de 
natureza simbólica sobre alguma 
pessoa, sobre um determinado lugar 
ou assunto. Pode ser caracterizado 
como lenda, folclore ou um conto de 
fadas. 
Existem muitos mitos sobre as 
línguas de sinais os quais nos 
conduzem a concepções errôneas. 
Vejamos alguns mitos descritos por 
Quadros (2004): 
 
Mito 1 
 
A língua de sinais seria uma 
mistura de pantomima e 
gesticulação concreta, incapaz de 
expressar conceitos abstratos 
(QUADROS, 2004, p. 31). 
As línguas de sinais expressam 
conceitos abstratos. Os usuários 
podem discutir sobre todo e 
qualquer assunto como: política, 
filosofia, economia, matemática, 
física e psicologia (QUADROS, 
2004). 
 
Mito 2 
 
Haveria uma única e universal 
língua de sinais usada por todas as 
pessoas surdas (QUADROS, 2004, 
p. 33). A Língua de Sinais Brasileira 
não é universal, cada país possui a 
sua. Dessa forma, temos aqui no 
Brasil (Libras), nos Estados Unidos 
(American Sign Language – ASL) e 
na França (Langue de Signes 
Française - LSF). 
 
 
 
 
13 
APOSTILA DE LIBRAS 
Mito 3 
 
Haveria uma falha na 
organização gramatical da língua de 
sinais, que seria derivada das 
línguas de sinais, sendo um pidgin, 
sem estrutura própria, subordinado 
e inferior às línguas orais 
(QUADROS, 2004, p. 34). 
As línguas de sinais não estão 
subordinadas às línguas orais e nem 
são consideradas inferiores. As 
línguas de sinais são línguas 
naturais, de modalidade diferencia-
da (gestual-visual), possuindo 
estrutura e gramática própria. 
 
Mito 4 
 
A língua de sinais seria uma 
mistura de comunicação superficial, 
com conteúdo restrito, sendo 
estética, expressiva e linguistica-
mente inferior ao sistema de 
comunicação oral. (QUADROS, 
2004, p. 35). 
Segundo “pesquisas realizadas 
por Klima e Bellugi apud Quadros 
(2004, p. 35), mostram que poesias, 
piadas, trocadilhos, jogos originais, 
entre outros são uma parte 
significativa do saber da cultura 
surda”, possuindo assim um 
conteúdo irrestrito. 
 
 
 
Mito 5 
 
As línguas de sinais 
derivariam da comunicação gestual 
espontânea dos ouvintes. 
(QUADROS, 2004, p. 36). 
As línguas de sinais são 
consideradas línguas naturais, 
autônomas e surgem de forma 
espontânea, em face da necessidade 
que o surdo tem em se comunicar 
uns com os outros. 
 
Mito 6 
 
As línguas de sinais, por serem 
organizadas espacialmente, esta-
riam representadas no hemisfério 
direito do cérebro, uma vez que esse 
hemisfério é responsável pelo 
processamento de informação 
espacial, enquanto que o esquerdo 
pela linguagem (QUADROS, 2004, 
p. 36). 
Pesquisas realizadas por 
Bellugi e Klima apud Quadros 
(2004, p. 36), indicaram que as 
línguas de sinais são processadas no 
hemisfério esquerdo, assim como 
quaisquer outras línguas. Esse 
estudo comprova que a linguagem 
humana independe da modalidade 
das línguas. 
 
 
 
 
 
 
14 
APOSTILA DE LIBRAS 
Surdos e ouvintes 
 
Povo surdo 
 
Os surdos são pessoas que 
compartilham os mesmos valores, 
ideologias, cultura; possuem uma 
identidade e não são caracterizados 
como deficientes e sim como 
diferentes. Eles se organizam sob a 
ótica da não-medicalização da 
surdez, dessa forma, a surdez não é 
considerada como uma patologia 
que necessita de cura e sim como 
algo que os torna diferentes, 
compondo assim a diversidade 
humana. 
 
Povo Surdo: “O conjunto de sujeitos 
surdos que não habitam no mesmo 
local, mas que estão ligados por uma 
origem, tais como a cultura surda, 
costumes e interesses semelhantes, 
histórias e tradições comuns e 
qualquer outro laço”. 
(STROBEL apud PERLIN & STROBEL 
2006, p. 8) 
 
Comunidade surda 
 
Alguns surdos não se 
consideram assim por ouvirem um 
pouco e fazerem uso da leitura 
labial, nesse caso, preferem ser 
chamados de deficientes auditivos, 
outros, na mesma situação, se 
autodenominam surdos. 
No primeiro contato entre 
surdos e ouvintes, quando os surdos 
querem identificar alguém, eles 
costumam sinalizar a expressão: 
Você é ouvinte ou surdo? 
 
Comunidade Surda: (...) não é só de 
surdos, já que tem sujeitos ouvintes 
junto, que são família, intérpretes, 
professores, amigos e outros que 
participam e compartilham os 
mesmos interesses em comuns em 
um determinado localização. (...) 
Geralmente em associação de surdos, 
federações de surdos, igrejas e outros. 
(STROBEL apud PERLIN & SROBEL 
2006, p. 58) 
 
Pré-Conceito e Estigma 
 
O Pré-conceito é um conceito 
prévio a respeito de alguma coisa ou 
de alguém, antes mesmo de 
conhecer verdadeiramente. É 
marcado por estereótipos ou 
rótulos, impossibilitando um 
determinado segmento da sociedade 
de ser incluído e aceito com suas 
especificidades. 
No caso das pessoas com 
necessidades especiais, mais 
restritamente os deficientes 
auditivos e os surdos, objetivo de 
estudo da presente unidade, o 
estereótipo causa a negação da sua 
identidade, os rotula como 
incapazes, deficientes, doentes, 
marginalizados e excluídos em suas 
potencialidades. 
 
As maiorias dos pesquisadores 
discretamente se limitaram nos 
registros nos quais os sujeitos 
surdos eram vistos como seres 
 
 
15 
APOSTILA DE LIBRAS 
‘deficientes’, conforme a 
definição de ‘ouvintismo’, 
assim como pronuncia a 
pesquisadora surda Perlin 
(2004) “As narrativas surdas 
constantes à luz do dia estão 
cheias de exclusão, de opressão, 
de estereótipos”. (p.80) 
(STROBEL, 2006, p.8). 
 
Qualquer pessoa que queira 
conhecer um determinado grupo, 
precisa primeiramente abandonar 
os pré-conceitos, participar e 
aprender a conviver respeitando as 
peculiaridades de cada cultura e de 
cada povo. 
Assim deve acontecer também 
com aqueles que desejam conhecer e 
interagir com a cultura surda, é 
necessário antes de tudo haver uma 
quebra de paradigmas, o 
rompimento de ideias pré-
concebidas, errôneas sobre os 
surdos e a sua língua, objetivando 
assim a aceitação dos surdos na sua 
totalidade, como pessoa, ser 
humano, cidadão e parte integrante 
da sociedade. 
 
Comunicação Surdo e Ouvinte 
 
É importante sabermos que, 
entre os cinco sentidos que 
possuímos: tato, paladar, olfato, 
visão e audição; a visão é o sentido 
mais aguçado nas pessoas surdas. 
Então, parauma comunicação 
eficaz, é imprescindível olharmos 
diretamente para ele, falarmos 
pausadamente e demonstrarmos 
através da expressão facial o que 
queremoscomunicar. 
Por vezes, faz-se necessário 
uso da escrita para comunicar algo, 
lembrando que, nem todos os surdos 
fazem leitura labial ou não sabem se 
comunicar através dos sinais. 
Não podemos esquecer ainda 
que, ao chamá-lo, nunca devemos 
gritar ou chamar a sua atenção 
dando-lhe tapas. 
 
Associações de Surdos no 
Brasil 
 
 
Fonte. www.feneis.com.br. 
 
As associações são espaços 
existentes em todo o Brasil, onde os 
surdos se reúnem para juntos 
lutarem pelos seus direitos. É 
estruturada através de uma diretoria 
composta por surdos, a qual é 
responsável por administrá-la, 
 
 
16 
APOSTILA DE LIBRAS 
sendo que, os ciclos de eleições são 
regidos por estatutos, havendo 
também a participação e 
envolvimento das pessoas ouvintes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Povo Surdo: Você sabia que: 
“Ferdinand Berthier, Surdo, francês, 
intelectual, Foi professor de surdos e o 
seu método de ensino tinha por base 
a identidade surda. Foi fundador da 
primeira Associação de Surdos da 
qual se originaram outras no mundo 
todo”. 
(PERLIN & STROBEL, p.15, 2006.) 
 
Podemos dizer ainda, que as 
associações dos surdos é como se 
fossem a sua própria pátria, pois 
nela, eles se sentem em liberdade 
para expressarem seus pensamentos 
e manifestarem suas ideias. São nas 
associações, que eles organizam 
eventos como campeonatos, cursos, 
palestras, onde muitos aprendem a 
língua de sinais e obtêm 
informações variadas. É ainda o 
lugar onde simplesmente eles se 
encontram para se relacionar e fazer 
amizades. Existem associações de 
surdos espalhadas por todo o Brasil, 
veja o mapa a seguir e para maiores 
informações acesse www.feneis. 
com.br. 
Federação Nacional de 
Educação e Integração do 
Surdo – Feneis 
 
"A federação nacional de 
educação e integração dos surdos 
(FENEIS) é uma entidade não 
governamental, registrada no 
Conselho Nacional de Serviço 
Social-CNAS e não está subordinada 
à CBDS, sendo filiada a World 
Federation of The Deaf" (FELIPE, p. 
63, 2002). A principal função da 
Feneis tem sido ministrar e divulgar 
a Libras através de cursos, oficinas, 
palestras. A Feneis também 
organiza ações políticas e 
manifestações em prol dos direitos 
da comunidade surda brasileira. É 
ainda uma entidade filantrópica 
com objetivos educacionais e 
sociais. 
Segundo Felipe (2002, p. 64), 
“a fundação da Feneis data do ano de 
1987, quando a liderança da 
Federação Nacional de Educação e 
Integração do Deficiente Auditivo 
(FENEIDA) foi assumida pelos 
surdos”. Possui sede no Rio de 
Janeiro, mas já possui regionais 
como, por exemplo, em: Belo 
Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, 
Distrito Federal, Fortaleza, Rio de 
Janeiro, Amazonas, Pernambuco, 
etc. 
 
 
 
 
17 
APOSTILA DE LIBRAS 
Confederação Brasileira de 
Desporto de Surdos – CBDS 
 
A Confederação Brasileira de 
Desporto de Surdos (CBDs) é a 
organização que visa promover a 
integração do surdo por meio do 
esporte. Através dela, os surdos 
participam de campeonatos e 
torneios nas mais diversas 
modalidades em todo o território 
nacional. 
 Há pouco tempo a CBDs se 
associou a confederação 
internacional, dessa forma, os 
surdos também podem participar 
dos jogos esportivos em nível 
internacional. 
“A CBDs, fundada em 1984, 
tem como proposta o 
desenvolvimento esportivo dos 
surdos do Brasil, por isso promove 
campeonatos masculinos e 
femininos em várias modalidades 
em nível nacional” (FELIPE, p.63, 
2006). 
Segundo Felipe (2006, p. 63), 
“é composta de forma hierárquica, 
sendo formada por uma CBDS, seis 
Federações Desportivas e 58 
associações, clubes, sociedades, 
congregações”. 
 
 
 
 
 
 
 
 1
8
 
 
 
 
 19 
APOSTILA DE LIBRAS 
2. Língua de Sinais Brasileira – Libras 
 
 
 
Conceitos fundamentais 
 
Língua de Sinais Brasileira 
(Libras) é a língua materna dos 
surdos brasileiros. É uma língua 
viva, autônoma, capaz de transmitir 
todo e qualquer conceito, dos mais 
complexos até os mais abstratos. Os 
usuários da Libras, podem discutir 
sobre todo e qualquer assunto, 
desde economia, política, física, 
literatura, histórias de humor, etc. 
É considerada como língua 
natural, uma vez que, ela surge de 
forma espontânea no meio da 
comunidade surda, em face da 
necessidade destes, em se 
comunicarem uns com os outros. 
Diferencia-se da linguagem, por 
possuir todos os requisitos que a 
conferem como língua, tais como: 
aspectos fonológicos, morfológicos, 
sintaxe, semântica e pragmática. As 
línguas faladas como o inglês, o 
espanhol e o francês, são 
consideradas línguas orais-
auditivas. As línguas sinalizadas 
como a Libras, são de modalidade 
gestual-visual, também conhecida 
com viso-espacial, onde o canal 
emissor da comunicação são as 
mãos, através dos sinais, e o canal 
A 
 
 20 
APOSTILA DE LIBRAS 
receptor é a visão. 
 
Línguas orais-auditivas: o canal 
emissor da comunicação é a voz, 
através da fala e o canal receptor da 
comunicação são os ouvidos, através 
da audição. 
Línguas gestuais-visuais: o canal 
emissor da comunicação são as mãos, 
através dos sinais e o canal receptor 
da comunicação são os olhos, através 
da visão. 
 
As línguas de sinais aumentam 
seus vocabulários com novos sinais 
criados e introduzidos pelas 
comunidades surdas espalhadas por 
todo o Brasil. 
 
O léxico pode ser definido como o 
conjunto de palavras de uma língua. 
“Ele se relaciona com o processo de 
nomeação e com a cognição da 
realidade. Constitui ainda uma forma 
de registrar o conhecimento do 
universo. Quando o homem nomeia 
os seres e objetos, ele está os 
classificando simultaneamente. O ato 
de nomear gerou o léxico das línguas 
naturais.” 
(BIDERMAN, 2006) 
 
Dessa forma, as línguas de 
sinais, apresentam em seu léxico, 
regionalismos. Os regionalismos, 
também conhecidos como dialetos, 
são expressões características de 
uma determinada localidade. Assim, 
podemos sinalizar a palavra 
CIDADE, em São Paulo de uma 
forma e sinalizar no Ceará de outra 
forma. 
 
Sinal de CIDADE usado pelos 
surdos na cidade de São Paulo 
 
 
Sinal de CIDADE usado pelos 
surdos no estado do Ceará. 
 
 
Como a Libras chegou ao 
Brasil 
 
 
 
A Língua de Sinais Brasileira 
teve sua origem através do alfabeto 
manual francês. A convite de D. 
Pedro II, um Padre surdo da França, 
chamado Ernest Huet, veio ao Brasil 
por volta de 1857. Na cidade do Rio 
de Janeiro, ele encontrou surdos 
cariocas mendigando e 
 
 21 
APOSTILA DE LIBRAS 
perambulando pelas ruas, sem 
saberem se comunicar. Foi através 
do “método combinado”, utilização 
da língua de sinais como meio para 
o ensino da fala, que Ernest Huet 
começou a trabalhar com os surdos 
do Brasil. 
 
Em 1857, foi fundada a 
primeira escola para surdos no 
Brasil, O Instituto Nacional de 
Surdos-Mudos. Hoje, Instituto 
Nacional de Educação de 
Surdos (INES). Foi a partir 
desse instituto que surgiu, da 
mistura da Língua de Sinais 
Francesa, trazida por Huet, 
com a língua de sinais brasileira 
antiga, já usada pelos surdos 
das várias regiões do Brasil, a 
Língua Brasileira de Sinais. 
(FELIPE, p.121, 2002). 
 
Em contato com D. Pedro II, 
Ernest Huet propõe a criação da 
primeira escola de surdos da época, 
o Instituto Nacional de Educação de 
Surdos (INES), estabelecido na 
cidade do Rio de Janeiro, que 
antigamente funcionava em regime 
de internato, onde apenas os surdos 
masculinos de várias partes do país, 
mudavam para o Rio de Janeiro para 
estudar e nas férias eles voltavam 
para junto de suas famílias. Apenas 
em 1931, é que fora criado um 
externato com oficina de costura e 
bordado para as mulheres surdas. 
Dessa forma, os sinais que os surdos 
aprendiam nos períodos em que 
ficavam no INES, eram facilmente 
difundidos para várias localidades 
do Brasil quando estes voltavam 
para os seus estados. 
 
Prédio onde funciona o INES, 
desde1915 – Rio de Janeiro 
 
 
 
Aos poucos, essa língua foi 
sendo construída com novos sinais 
criados e incorporados ao léxico pela 
comunidade surda brasileira. 
Apesar de ter uma origem francesa, 
a Língua de Sinais Brasileira, já 
possui hoje sua própria estrutura. 
Aqui no Brasil, até pouco 
tempo foi considerada como 
linguagem, mas como vimos na 
unidade 01, graças aos trabalhos de 
linguistas e pesquisadores 
comprovando a autenticidade da 
Libras como língua, ela foi 
reconhecida oficialmente pela lei 
10.436 de 24 de abril de 2002, como 
meio de comunicação legal da 
comunidade surda brasileira. 
A Língua de Sinais Brasileira 
não é universal, cada país possui a 
sua. Assim como em diferentes 
 
 22 
APOSTILA DE LIBRAS 
países os ouvintes falam línguas 
diferentes, também ocorre com as 
línguas de sinais, cada comunidade 
surda espalhada pelos mais variados 
países possuem a sua própria língua 
de sinais. Dessa forma temos aqui 
no Brasil (Libras), nos Estados 
Unidos (American Sign Language – 
ASL) e na França (Langue de Signes 
Française - LSF). 
 
LIBRAS foi a sigla aceita e 
aprovada em 1993 pela 
FENEIS. Brito e Felipe (1989) 
utilizavam a sigla LSCB – 
Língua de Sinais dos Centros 
Urbanos. Há, no entanto, um 
movimento, liderado pelo 
pesquisador surdo Nelson 
Pimenta, que defende o uso da 
sigla LSB – Língua de Sinais 
Brasileira. A linguista R. 
Quadros (2002) também 
utiliza, em seus trabalhos, LSB, 
sigla que segue os padrões 
internacionais de 
denominações das línguas de 
sinais. No entanto, conforme 
declaração da Profª Myrna S. 
Monteiro, da UFRJ, a sigla LSB 
já era usada pela COPADIS – 
Comissão Paulista de Defesa 
dos Direitos dos Surdos, desde 
1996 (LEITE, 2004, p. 9). 
 
A sigla Libras é comumente 
usada aqui no Brasil, contudo, 
outras siglas têm sido usadas como 
LSB (Língua de Sinais Brasileira) 
seguindo o padrão internacional de 
L (Língua) + S (Sinais) + a inicial do 
país. 
 
Principais Características 
da Libras 
 
Segundo TEMÓTEO (2008), 
ao invés de palavra, na Língua 
Portuguesa, tem-se o sinal na 
Libras. A respeito de sinal, diz que é 
um gesto que possui significado. O 
sinal é o fio condutor capaz de 
transmitir, propagar e difundir a 
“palavra” em suas diferentes 
realizações através das mãos, ele 
tem vida própria e, no geral, leva 
consigo uma semelhança que remete 
a forma ou coisa representada, tem a 
propriedade de reproduzir por 
semelhança o mundo real, como 
também, comunicar signos 
abstratos, independentemente de 
seu grau de subjetividade. 
Conforme FELIPE (1998, 
p.83), “O que é denominado de 
palavra ou item lexical, nas línguas 
orais-auditivas, é denominado sinal 
nas línguas de sinais”. Conforme o 
exemplo: 
 
Apito: Palavra ou item lexical 
 
 
O léxico de uma língua são as 
palavras que servem para nomear os 
seres, os objetos e a classificá-los 
simultaneamente. Assim, os sinais 
 
 23 
APOSTILA DE LIBRAS 
nas línguas sinalizadas, represen-
tam o léxico das línguas de sinais, 
uma vez que, representam um 
determinado ser ou objeto. 
Os sinais da Libras são 
classificados em icônicos e 
arbitrários. Os sinais icônicos são 
aqueles que se assemelham ao seu 
referente. Na maioria das vezes esta 
relação de iconicidade é estabelecida 
quando um sinal é criado na 
comunidade Surda, onde se busca 
resgatar uma imagem que torne o 
sinal mais concreto. 
Para BRITO (1998, p. 19,20), 
os sinais icônicos são “formas 
linguísticas que tentam copiar o 
referente real e suas características 
visuais”. São exemplos de sinais 
icônicos: sal, abraço e banana, que 
estabelecem uma relação com a 
forma e/ou o significado: 
 
Sinais Icônicos 
Sal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abraço 
 
 
COUTINHO (2000:19) define 
os sinais icônicos como “aqueles que 
apresentam semelhanças físicas e 
geométricas com os seres 
representados”. Quanto aos sinais 
arbitrários a autora diz que “são 
aqueles não apresentam tais 
semelhanças, que não dependem de 
regras”. 
Os sinais arbitrários, assim 
como as palavras das Línguas em 
geral, não estabelecem qualquer 
ligação com a forma ou significado 
do sinal, eles estão, na maioria dos 
casos, relacionados a conceitos 
abstratos, como é o caso dos sinais 
vontade e saúde, conforme o quadro 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
APOSTILA DE LIBRAS 
Sinais Arbitrários 
 
Vontade 
 
Saúde 
 
 
A área da linguística que 
estuda os constituintes básicos que 
formam os sinais é a fonologia, esta 
área se propõe a analisar como as 
unidades mínimas se combinam e 
quais as variações que podem 
existir. 
Como sabemos as línguas de 
sinais e as línguas faladas, se 
articulam em modalidades 
diferenciadas, a primeira é oral-
auditiva e a segunda gestual-visual. 
Mesmo com estas diferenças, a 
fonologia também tem sido utilizada 
para descrever e estudar os 
elementos básicos que formam os 
sinais, ou seja, os fonemas. 
 
Historicamente, entretanto, 
para marcar a diferença entre 
esses dois sistemas linguísticos, 
Stokoe (1960) propôs o termo 
quirema para denominar as 
unidades formacionais dos 
sinais (Configuração de mão, 
locação e movimento) e, ao 
estudo de suas combinações 
propôs o termo quirologia (do 
grego mão). O dicionário 
Aurélio Buarque de Holanda 
apud Quadros (2004) define 
quirologia como a arte de 
conversar com as mãos por 
meio de sinais feitos com os 
dedos; dactilologia 
(QUADROS, p. 49, 2004). 
 
Posteriormente, um grupo de 
pesquisadores, incluindo Stokoe em 
outras edições (1978), adotou os 
termos fonema e fonologia, tendo 
em vista que estes agregam os 
princípios linguísticos para a 
modalidade gestual-visual. 
Estudando a composição dos 
sinais, Stokoe os dissecou e 
observou que eles eram formados 
por três unidades mínimas a qual ele 
chamou de parâmetros: 
Configuração de Mão (CM), Locação 
(L) e Movimento (M), 
analogamente, estas três unidades 
seriam os fonemas nas línguas de 
sinais que se combinam para forma 
os morfemas. 
 
Análises das unidades 
formacionais dos sinais, posteriores 
à de Stokoe, sugeriram a adição de 
informações referentes à orientação 
da mão (Or) e aos aspectos não-
manuais (NM) – expressões faciais e 
corporais (BATTISON, 1974, 1978 
 
 25 
APOSTILA DE LIBRAS 
apud QUADROS, 2004). 
 Dessa forma, as unidades 
mínimas de formação dos sinais, os 
fonemas ou ainda, parâmetros da 
Língua de Sinais são: Configuração 
de mão (CM), Locação (L), 
Movimento (M), Orientação (Or) e 
Expressões Não-Manuais (NM). 
Estudaremos mais sobre as 
unidades mínimas ou parâmetros 
com mais detalhes na unidade 4. 
Fique atento! 
 
Alfabeto Manual da Língua 
de Sinais Brasileira 
 
O alfabeto manual também é 
um recurso usado quando não 
há um sinal próprio da Língua 
Brasileira de Sinais, ou seja, é 
feita uma soletração do 
português no espaço. Esse 
movimento envolve uma 
sequência de configurações de 
mão que tem correspondência 
com a sequência de letras 
escritas do português. A 
soletração manual é linear, 
sendo utilizada para “escrever 
no ar” palavras emprestadas 
das línguas auditivo-orais. 
(GUARINELLO, p. 52, 2007). 
 
Acompanhe agora através das 
figuras abaixo, o alfabeto manual. 
 
Datitologia 
 
Quando a palavra tem que ser em 
datilologia, então é conveniente 
colocar em letra maiúscula e 
separada por hífens, para as pessoas 
saberem o que está escrito. 
 
A datilologia é usada ainda 
quando uma determinada palavra 
em português não possui um sinal 
próprio, então é necessário fazer 
soletração manual, seguida da 
explicação do conteúdo semântico. 
Outro uso da datilologia é 
quando as pessoas ouvintes que 
ainda não possuem um sinal pessoal 
de identificação se apresentam, elas 
fazem uso da soletração manual 
para dizerem os seus nomes, ou seja, 
o signo que a representa. 
Em seguida, ela pode solicitar 
a um surdo que lhe conceda um 
sinal, processo tambémconhecido 
como “batismo”. Assim, sempre que 
 
 26 
APOSTILA DE LIBRAS 
estiverem conversando, não será 
mais necessário soletrar o nome da 
pessoa com as letras do alfabeto o 
tempo todo, eles farão apenas aquele 
sinal representativo da pessoa. 
Geralmente quando os surdos 
se encontram o primeiro sinal 
utilizado por eles, é o sinal de “OI” 
ou os cumprimentos como “BOM 
DIA”, “BOA TARDE” e “BOA 
NOITE”. Caso eles não conheçam 
ainda a pessoa, em seguida eles 
perguntarão o nome e a “batizarão” 
com um sinal. 
Observe os sinais abaixo de 
apresentação pessoal e de 
cumprimentos. 
Fique atento, esses são os 
sinais essenciais para o primeiro 
contato com as pessoas surdas. 
 
Sinal de “Tudo bem?” 
 
 
 
Sinais de “Bom dia”, “Boa 
tarde” e “Boa noite” 
 
 
 
Sinal de “OI” 
 
 
Formas de apresentação 
pessoal: “NOME?” 
 
 
Agora que você já conhece 
como as pessoas surdas se 
apresentam e se cumprimentam 
 
 27 
APOSTILA DE LIBRAS 
através da Libras. Vejamos agora 
como acontece o processo de 
transcrição para Libras. 
 
Sistema de Transcrição 
para Libras 
 
A escrita da língua de sinais 
ainda está em processo de pesquisa 
e aceitação. Porém, algumas 
convenções já foram estabelecidas 
para tal. Apresentamos algumas 
dessas convenções citadas por 
Felipe apud Silva et all, p.15, 2007. 
 Os sinais em Libras serão 
representados por uma glosa 
(sistema de anotação) da 
Língua Portuguesa em letras 
maiúsculas. Exemplos: 
TRABALHAR, QUERER, 
NÃO-TER. 
 A datilologia é usada para 
expressar nome de pessoas, de 
localidades e outras palavras 
que não possuem um sinal, 
está representada pela palavra 
separada, letra por letra, por 
hífen. Exemplos: HOTEL I-T-
A-G-U-A-Ç-U. 
 Na Libras não há desinên-
cias para gênero (masculino e 
feminino). O 
sinal,representado por palavra 
da língua portuguesa que 
possui marcas de gênero, está 
terminado com o símbolo @ 
para reforçar a ideia de 
ausência e não haver confusão. 
Exemplos: EL@ (ela, ele), 
AMIG@S (amigos ou amigas). 
Empréstimos Linguísticos 
 
Os empréstimos linguísticos, 
são expressões de outro país que são 
adotadas pelos falantes de 
determinada nacionalidade. Por 
exemplo, em português, fizemos o 
empréstimo linguístico da língua 
inglesa de palavras como: show, 
rock in roll, chock, equalization etc; 
estas palavras passaram a integrar o 
léxico do português. 
No caso da Língua de Sinais, 
segundo Battison apud Quadros 
(2004, p.88), “palavras do 
português podem ser emprestadas à 
língua de sinais brasileira, via 
soletração manual, ou seja, através 
da “representação ortográfica do 
português envolvendo uma 
sequência de configurações de mão 
que tem correspondência com a 
sequência de letras escritas em 
português”. 
Por exemplo, “o sinal de AZL 
ou AL é derivado da soletração 
manual. 
A-Z-U-L, assim o sinal N-U-N 
é derivado da soletração N-U-N-C-
A, conforme ilustram os exemplos 
abaixo”. (QUADROS, p. 89, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
APOSTILA DE LIBRAS 
Azul 
 
 
Nunca 
 
 
Parâmetros da Língua de 
Sinais Brasileira - Libras 
 
Configuração de Mão – CMs 
 
A configuração de mão é o 
formato que a mão assume para a 
realização de um determinado sinal. 
A mão pode estar configurada em 
uma das letras do alfabeto ou pode 
assumir outro formato. 
 
 
 
“Conforme Ferreira-Brito 
apud Quadros (2004, p. 53), a língua 
de sinais brasileira apresenta 46 
CMs, um sistema bastante similar 
àquele da ASL. Para a autora, as 
CMs foram descritas a partir de 
dados coletados nas principais 
capitais brasileiras, sendo 
agrupadas verticalmente segundo a 
semelhança entre elas”. 
As 46 CMs da Libras (Ferreira-
Brito e Langevin, 1995) apud 
Quadros (2004, p.53). 
 
 
 
Alguns sinais podem 
apresentar a mesma configuração de 
mão e significados diferentes. 
Observe os exemplos a seguir: 
 
Sinal de TRABALHAR 
 
Mão configurada em “L” 
 
 29 
APOSTILA DE LIBRAS 
 
 
Sinal de APRENDER 
 
Mão configurada em “S” 
 
 
Sinal de SÁBADO 
 
Mão configurada em “S” 
 
 
Sinal de TELEVISÂO 
 
Mão configurada em “L” 
 
 
Movimento 
 
Alguns sinais apresentam 
movimento, outros não, depende do 
sinal. Por exemplo, o sinal de 
PENSAR, tem movimento, já o sinal 
de AJOELHAR e EM-PÉ, não tem 
movimento. Quanto a disposição 
das mãos na realização dos sinais na 
Libras, pode ser feita com a mão 
dominante ou por ambas as mãos. 
 
Sinal de FAMÍLIA 
 
Tem movimento 
 
 
Sinal de FACULDADE 
 
Tem movimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
APOSTILA DE LIBRAS 
Sinal de DESCULPAR 
 
Não tem movimento 
 
 
Sinal de AJOELHAR 
 
Não tem movimento 
 
 
Algumas variações no 
movimento são bastante 
significativas na Libras e para que 
haja movimento, é preciso haver 
objeto e espaço. “Nas línguas de 
sinais, as mãos do enunciador 
representam o objeto, enquanto 
espaço em que o movimento se 
realiza (o espaço da enunciação) é a 
área em torno do corpo do 
enunciador”. (FERREIRA-BRITO E 
LANGEVIN, 1995 apud QUADROS, 
2004, p.54). 
Observe agora as variações 
significativas do sinal AZUL na ASL. 
Pequenas variações no movimento 
correspondem a outro sinal. 
 
Exemplos de Sinais na ASL 
(Baker e Paden, 1978, p.12) 
apud Quadros (2004, p.54) 
 
 
“Mudanças no movimento 
servem ainda para diferenciar itens 
lexicais, por exemplo, nomes e 
verbos”. (SUPALLA E NEWPORT, 
1978 apud QUADROS, 2004). 
 
Direção dos Movimentos 
 
Os movimentos podem ser 
classificados quanto a sua direção 
em: unidirecionais, bidirecionais ou 
multidirecionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
APOSTILA DE LIBRAS 
Unidirecional 
 
Movimento em uma direção 
no espaço, durante a realização de 
um sinal. 
Exemplo: Máquina de costura 
 
 
Bidirecional 
 
Movimento realizado por uma 
ou ambas as mãos, em duas direções 
diferentes. 
Exemplo: Coração 
 
 
Multidirecional 
 
Movimentos que exploram 
várias direções no espaço, durante a 
realização de um sinal. 
Exemplo: Cérebro 
 
 
Tipos de Movimentos 
 
Pode ser retilíneo, circular, 
semicircular, helicoidal, angular e 
sinuoso: 
 
Retilíneo 
 
Exemplo: Mostrar 
 
 
Helicoidal 
 
Exemplo: Alto 
 
 
 
 
 
 32 
APOSTILA DE LIBRAS 
Circular 
 
Exemplo: Piauí 
 
 
Semicircular 
 
Exemplo: Egoísta 
 
 
Angular 
 
Exemplo: Enganar 
 
 
Sinuoso 
 
Exemplo: Propaganda 
 
Observe ainda as categorias do 
parâmetro movimento na língua de 
sinais brasileira (FERREIRA-
BRITO, 1990 apud QUADROS, 
2004, p.56). 
 
TIPO 
o Contorno ou forma geométrica: 
retilíneo, helicoidal, circular, 
semicircular, sinuoso, angular e 
pontual. 
o Interação: alternado, de 
aproximação, de separação, de 
inserção, cruzado. 
o Contato: de ligação, de agarrar, de 
deslizamento, de toque, de esfregar, 
de riscar, de escovar ou de pincelar. 
o Torcedura do pulso: para cima, 
para baixo. 
o Interno das mãos: abertura, 
fechamento, curvamento e 
dobramento (simultâneo-gradativo). 
 
DIRECIONALIDADE 
Direcional 
o Unidirecional: para cima, para 
baixo, para a direita, para a 
esquerda, para dentro, para fora, 
para o centro, para a lateral inferior 
esquerda, para a lateral inferior 
direita, para a lateral superior 
direita, para a lateral superior 
esquerda, para específico ponto 
referencial. 
o Bidirecional: para cima e para 
baixo, para a esquerda e para a 
direita, para dentro e para fora, para 
laterais opostas – superior direita e 
inferior esquerda. 
o Não-direcional 
 
MANEIRA 
o Qualidade, tensão e 
velocidade: Contínuo | De 
retenção | Refreado 
 
FREQUÊNCIA 
o Repetição: Simples | Repetido 
 
 33 
APOSTILA DE LIBRAS 
Fonte. Ferreira-Brito, 1990 apud 
Quadros & Karnopp, 2004, p.56 
Locação (L) 
 
Conhecido também como 
Ponto de Articulação (PA) ou locus 
de movimento do sinal; a locação é 
onde é feito um determinado sinal. 
Que pode ser na cabeça, no tronco, 
na mão ou ainda no espaçoneutro 
em frente ao corpo. 
Observe o quadro abaixo das 
locações propostas por Friedman 
(1977) e que foram adaptadas por 
FerreiraBrito e Langevin (1995) 
apud Quadros (2004, p. 58). 
 
CABEÇA TRONCO 
o Topo da 
cabeça 
Testa 
o Rosto 
o Parte 
superior do 
rosto 
o Parte 
inferior do 
rosto 
o Orelha 
o Olhos 
o Nariz 
o Boca 
Bochechas 
Queixo 
 
o Pescoço 
Ombro 
o Busto 
Estômago 
o Cintura 
o Braços 
o Braço| 
Antebraço| 
Cotovelo 
o Pulso 
CABEÇA ESPAÇO NEUTRO 
o Topo da 
cabeça 
Testa 
o Rosto 
o Parte 
superior 
o do rosto 
o Parte 
inferior do 
 
rosto 
Orelha 
o Olhos 
o Nariz 
o Boca 
Bochechas 
Queixo 
 
Friedman apud Quadros 
(2004, p.56 e 57), afirma que 
locação “é aquela área do corpo, ou 
no espaço de articulação definido 
pelo corpo, em que ou perto da qual 
o sinal é articulado”. 
 
 
Sinal de AMAZONAS 
 
A locação é na testa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
APOSTILA DE LIBRAS 
Sinal de FRACO 
 
A locação é no queixo 
 
Sinal de BANCO 
 
A locação é no pescoço. 
 
 
Sinal de CUIDADO 
 
A locação é no nariz. 
 
 
Durante a realização dos 
sinais, a mão entra em contato com 
o corpo, por meio do toque, duplo 
toque, risco ou deslizamento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOQUE 
 
Exemplo: Bisavô 
 
Duplo TOQUE 
 
Exemplo: Alemanha 
 
 
RISCO 
 
Exemplo: Pessoa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
APOSTILA DE LIBRAS 
DESLIZAMENTO 
 
Exemplo: Educação 
 
 
Orientação (Or) 
 
Segundo Quadros (2004, p. 
59), “orientação é a direção para a 
qual a palma da mão aponta na 
produção do sinal”. 
Ferreira-Brito (1995), na 
língua de sinais brasileira, e 
Marentette (1995), na ASL, apud 
Quadros (2004, p.59), enumeraram 
seis tipos de orientações da palma da 
mão na língua de sinais brasileira: 
para cima, para baixo, para o corpo, 
para a frente, para a direita ou para 
a esquerda. 
Observe os exemplos abaixo: 
 
Or: Palma para cima 
 
 
Or: Palma para baixo 
 
 
 
Or: Palma para dentro 
 
 
Or: Palma para fora 
 
 
Or: Palma para os lados 
(direito ou esquerdo) 
 
Palma para o lado esquerdo 
Fonte. Sinais retirados do Dicionário 
Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da 
Língua de Sinais Brasileira. Capovilla 
e Raphael (2000). Volume I - Sinais de 
A a L e Volume II - Sinais de M a Z. 
(Ilustradora: Silvana Marques) 
 
A orientação apresenta ainda 
uma direção, e a inversão pode 
significar oposição. Possuindo ainda 
um aspecto de direcionalidade. 
Como exemplo, podemos citar os 
sinais de QUERER e QUERER-
NÃO, IR e VIR. 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
APOSTILA DE LIBRAS 
Sinal de QUERER 
 
Palma da mão voltada para cima. 
 
 
Sinal de QUERER-NÃO 
 
Palma da mão voltada para baixo. 
 
Sinal de IR 
 
Apresenta uma oposição. 
 
 
Sinal de VIR 
 
Apresenta uma oposição. 
 
 
 
Expressões não-manuais 
(ENM) 
 
As expressões não-manuais 
são denominadas também de 
expressões faciais e corporais. São 
marcas diferenciadoras que 
acompanham o sinal e que 
expressam pelo canal gestual-visual, 
o que um determinado sinal deseja 
representar. 
Segundo Silva (2007, p. 28) 
“expressões faciais são formas de 
comunicar algo, um sinal pode 
mudar completamente seu 
significado em função da expressão 
facial utilizada”. Elas podem retratar 
uma interrogação, exclamação, 
negação, afirmação ou ordem. 
Quadros e Pimenta (2006) 
apud Silva (2007, p.28), explicam 
que existem dois tipos diferentes de 
expressões faciais: as afetivas e as 
gramaticais (lexicais e sentenciais). 
 As afetivas são as expressões 
ligadas a sentimentos / 
emoções. 
 As expressões faciais 
gramaticais lexicais estão 
ligadas ao grau dos adjetivos. 
 As expressões faciais 
gramaticais sentenciais estão 
ligadas às sentenças. 
 
Entenda melhor através dos 
desenhos a seguir: 
 
 
 
 37 
APOSTILA DE LIBRAS 
Expressões Faciais Afetivas 
 
 
 
Expressões Faciais Gramati-
cais Lexicais 
 
Como exemplos podem citar 
em sistema de transcrição de glosa: 
 BONIT@ (bonito ou bonita) 
 BONITINH@ (bonitinho ou 
bonitinha) 
 BONIT@O - LIND@O 
(bonitão ou bonitona – lindão 
ou lindona) 
 
Expressões Faciais Grama-
ticais Sentenciais 
 
 
 
 
 
 
 
Interrogativas 
 
 
 
Afirmativas / Negativas 
 
 
Exclamativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38 
APOSTILA DE LIBRAS 
Exclamativas 
 
 
Acompanhe agora o quadro 
proposto por FerreiraBrito e 
Langevin, (1995) baseados nos 
trabalhos de Baker (1983), apud 
Quadros (2004, p. 61). 
 
ROSTO 
o Parte superior 
o Sobrancelhas franzidas 
o Olhos arregalados 
o Lance de olhos 
o Sobrancelhas levantadas 
o Parte inferior 
o Bochechas infladas 
o Bochechas contraídas 
o Lábios contraídos e projetados 
e sobrancelhas franzidas 
o Correr da língua contra a parte 
inferior interna da 
o bochecha 
o Apenas bochecha direita 
inflada 
o Contração do lábio superior 
o Franzir do nariz 
 
CABEÇA 
o Balanceamento para frente e 
para trás (sim) 
o Balanceamento para os lados 
(não) 
o Inclinação para frente 
o Inclinação para o lado 
o Inclinação para trás 
 
ROSTO E CABEÇA 
o Cabeça projetada para frente, 
olhos levemente cerrados 
sobrancelhas franzidas 
o Cabeça projetada para trás e 
olhos arregalados 
 
TRONCO 
o Para frente 
o Para trás 
o Balanceamento alternado dos 
ombros 
o Balanceamento simultâneo 
dos ombros 
o Balanceamento de um único 
ombro 
 
Exemplos de Parâmetros 
na Libras 
 
“As palavras da Libras e do 
português se estruturam a partir de 
unidades mínimas sonoras e 
espaciais, respectivamente. Essas 
unidades ou fonemas, são 
distintivas, porque quando 
substituídas uma por outra, geram 
uma nova forma linguística com um 
significado distinto” (Ferreira 
Brito,1995, p16). 
Veja os exemplos de pares 
mínimos em Libras abaixo: 
 
Aprender 
 
 CM: “C” e “A”; 
 PA: testa; 
 Movimento: abrir e fechar. 
 
 39 
APOSTILA DE LIBRAS 
 
 
Sábado 
 
 CM: “C” e “A”; 
 PA: frente à boca; 
 Movimento: abrir e fechar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
APOSTILA DE LIBRAS 
3. Fundamentos Históricos da Educação dos Surdos 
 
 
Histórico da Educação dos 
Surdos 
 
a antiguidade, as pessoas com 
deficiência, eram 
consideradas seres castigados pelos 
deuses. Quando alguém nascia com 
alguma deficiência, a sociedade 
enclausurava e não permitia a 
participação dessas pessoas da vida 
social, pois as deficiências eram 
entendidas como doenças 
contagiosas e que poderiam se 
disseminar e contaminar a muitos. 
Na concepção Aristotélica, no 
caso dos surdos, o ouvido do surdo 
era a parte mais importante, logo, os 
surdos eram também mudos e não 
podiam falar nada. Nessa época e 
durante muito tempo, os surdos não 
tinham direito a voto e nem a 
receber herança. 
Ainda no século XIV, Bartollo 
della Marca d’Ancona, fez a primeira 
alusão a possibilidade de instruir os 
Surdos por meio da língua de sinais 
e da linguagem oral. No século XVI, 
um médico italiano chamado 
Girolano Cardano, desenvolveu 
pesquisas médicas com o intuito de 
N 
 
 42 
APOSTILA DE LIBRAS 
encontrar a cura para a surdez, pois 
além de ser médico, ele tinha um 
filho surdo. Ele começou a estudar o 
nariz, o ouvido e o cérebro. 
Desenvolveu ainda um método de 
ensino para surdos, mas nunca 
colocou em prática. 
Ainda neste século, o monge 
beneditino espanhol 
Pedro Ponce de Léon, foi 
considerado o primeiro professor de 
surdos da história. Ele foi convidado 
pelas famílias dos nobres para 
educar os seus filhos, ele os ensinava 
a ler, escrever, fazer contas e a orar; 
com o objetivo de que eles fossem 
reconhecidos pela sociedade e 
pudessem assinar os testamentos 
para herdar os títulos das famílias. 
 
 
 
Como você deve ter percebido, 
nessa época, o direito a educação 
ficava concentrado apenas nas mãos 
dos nobres, que possuíam capital 
para pagar os monges que 
ensinavamos seus filhos. Logo, os 
surdos de classe sociais mais baixas, 
ficavam a margem, era-lhes negado 
o direito a educação. 
Não se tem muito registro 
sobre o método que Pedro Ponce de 
Léon utilizava para educar os 
surdos. O que se tem registrado, é 
que ele utilizava um método 
primitivo do alfabeto manual (que 
não é o que utilizamos hoje). 
Em 1620, o espanhol Juan 
Pablo Bonet foi considerado um dos 
precursores do oralismo após 
publicar o livro: “Reducción de las 
letras y artes para ensenar a hablar a 
los mudos”. Bonet acreditava que os 
surdos deveriam aprender a leitura e 
a escrita. 
 
Oralismo: abordagem educacio-nal 
que se preocupa com o ensino da fala 
e da escrita através da leitura labial. 
 
Em 1640, John Bulwer, 
Publica o 1º. Livro em inglês sobre a 
Língua de Sinais, chamado 
Chirologia; considerado um avanço 
uma vez que, as línguas de sinais 
estavam em processo de formação. 
Na Inglaterra, em 1650, 
devido o surgimento de teorias 
sobre a aprendizagem da fala e da 
linguagem, William Holder 
desenvolveu pesquisas sobre o 
ensino da fala e o reverendo John 
Wallis foi considerado o pai do 
método escrito da educação dos 
surdos, ele utilizava a palavra como 
meio de ensino e educou dois surdos 
 
 43 
APOSTILA DE LIBRAS 
para que se desenvolvessem 
intelectualmente. 
No século XVII, o escocês 
Dalgarno descreveu um sistema 
primitivo do alfabeto manual. 
“Dalgarno declarou que os surdos 
tinham o mesmo potencial que os 
ouvintes para aprender e poderiam 
alcançar níveis iguais de 
desenvolvimento se recebessem 
educação adequada” (GUARINE-
LLO, 2007, p. 23). 
No século XVIII, o alemão 
Wilhelm Keger, defendeu a 
educação obrigatória para os 
Surdos. Em contrapartida, o 
espanhol Jacob Rodrigues Pereire, 
priorizava a fala e proibia o uso dos 
gestos. Seu objetivo era ensinar os 
surdos a se comunicarem através do 
método oral. 
Na França, em 1750, o abade 
L’Epée foi o primeiro a considerar 
que os Surdos tinham uma língua. 
Ele iniciou seus trabalhos ensinando 
duas irmãs surdas e escrever e a 
falar, mas foi com os surdos que 
perambulavam pelas ruas, 
considerados como vagabundos, 
que L’Epée aprendeu a língua de 
sinais da França e criou o Instituto 
Nacional para Surdos-Mudos de 
Paris. Ele foi o primeiro a defender 
que os surdos tinham uma língua e 
em 1760 ele funda o Instituto 
Nacional de Surdos-Mudos de Paris. 
 
Histórico da Educação dos 
Surdos 
 
Contudo, para que você possa 
entender melhor a importância da 
criação do Instituto Nacional para 
Surdos-Mudos de Paris, é importante 
ressaltar que a sociedade francesa no 
século XVIII estava vivendo 
constantes atritos. Vejamos um 
pouco dessa história. 
 
A pequena burguesia da época 
estava crescendo com o apoio de 
camponeses e artesãos. Esse grupo 
era contra a ascensão dos senhores 
feudais que continuavam no pódio 
da monarquia francesa. Na 
concepção dessa crescente 
burguesia, as leis impostas e 
restrições impostas pelo comércio e 
pela indústria; os benefícios que 
eram concedidos a nobreza e ao 
clero, estavam impedindo o 
desenvolvimento do comércio. A 
alternativa então que lhes restava 
para que conquistassem a ascensão 
social, era apoiar as manifestações 
revolucionárias, ou seja, os levantes; 
contribuindo assim para uma 
mudança política na sociedade. 
Diante dessa situação, os 
camponeses, artesãos e burguesia 
(membros do terceiro estado), unem 
forças em busca de um objetivo em 
comum: acabar com os benefícios do 
clero e da nobreza (primeiro e 
segundo estado). Porém, como a 
burguesia liderava o terceiro estado, 
 
 44 
APOSTILA DE LIBRAS 
após as lutas, apenas ela consolidava 
seus objetivos, ganhando força e 
conquistando espaço. Consequente-
mente, os artesãos e campo neses 
eram usados como força de trabalho 
e continuavam à margem de 
qualquer liderança e ascensão 
social. 
Nessa época, o processo de 
industrialização baseado no modo 
capitalista de produção, estava em 
expansão, diante dessa nova 
realidade, pequenos grupos de 
pessoas e artesãos, deixam as suas 
atividades para fazerem parte de 
uma nova ordem econômica e social 
nas cidades. É diante desse contexto 
que as comunidades surdas 
começaram a surgir. 
Manacorda apud Quadros 
(2006, p.20) relata que, na segunda 
metade do século XVIII, “a nova 
produção de fábrica gera o espaço 
para o surgimento da moderna 
instituição escolar pública. Fábrica e 
escola nascem juntas”. É durante 
essa fase que surge a primeira escola 
pública para surdos de Paris. 
A burguesia passa então, a 
conceber o processo educacional 
através das artes mecânicas como 
um viés para a conquista da 
ascensão social. É nesse sentido, que 
segundo Quadros (2006, p. 21), “os 
surdos que faziam parte do Terceiro 
Estado, mesmo que sujeitos às 
relações sociais vigentes, provavel-
mente como os artesãos e 
camponeses, também queriam “ser 
alguma coisa”, como bem disse o 
abade Sievès”. 
 
Fundação da Primeira 
Escola Pública para Surdos 
na França 
 
 
 
A fundação da primeira escola 
pública para surdos da França, o 
Instituto Nacional de Surdos-Mudos 
de Paris, ocorreu através da 
participação da burguesia, que 
queria as cender socialmente e 
encontraram no surgimento da 
instituição escolar uma oportuni-
dade para tal. Esse grupo se une a 
L’Epée na fundação do Instituto de 
Surdos-Mudos de Paris. 
A educação daquela época, 
tanto para surdos como para 
ouvintes, tinha a principal missão de 
ensinar a leitura e a escrita. Na 
metodologia utilizada por L’Epée, a 
língua utilizada era a língua de 
sinais. Ele fazia demonstrações do 
seu método em praças públicas para 
 
 45 
APOSTILA DE LIBRAS 
comprovar o que os surdos apren-
diam. 
 
“Na Escola Pública para Surdos 
em Paris, após cinco ou seis 
anos de formação, os surdos 
dominavam a língua de sinais 
francesa, o francês escrito, o 
latim e uma outra língua 
estrangeira também de forma 
escrita. Além da leitura e da 
escrita em três línguas 
distintas, os alunos surdos 
tinham acesso aos 
conhecimentos de geografia, 
astronomia, álgebra, etc., bem 
como artes de ofício e 
atividades físicas.” (Quadros, 
2006, p. 22). 
 
Sánchez apud Quadros (2006, 
p.23), destaca que “a divulgação dos 
trabalhos do abade L’Epée e a 
adoção de seu método pedagógico 
em muitas escolas públicas, 
permitiram aos surdos, não só da 
França, mas também em países 
como Rússia, Escandinávia, Itália e 
Estados Unidos, a possibilidade de 
destacarem-se e ocuparem cargos 
importantes na sociedade de seu 
tempo. 
 Enquanto na França, L’Epée 
defendia o uso da língua de sinais na 
educação dos surdos, na Alemanha, 
Samuel Heinicke criou o Método 
Oral e fundou a 1ª. Escola Pública 
Alemã para Surdos baseada nesse 
método. Isso deu origem a uma 
célebre controvérsia entre os dois. 
 
“No fim do século XVIII, surgiu 
uma célebre controvérsia entre 
Heinicke e L’Epée. Uma das 
grandes diferenças entre os 
dois educadores é que L’Epée 
difundiu seu método, 
apresentando-o inclusive em 
praças públicas, pois achava 
que assim a população poderia 
ver seu êxito. Durante essas 
demonstrações, seus alunos 
deveriam responder, em 
francês, em latim e em italiano, 
a duzentas perguntas sobre 
religião e fazer os sinais de 
duzentos verbos. Já Heinicke 
não costumava mostrar seu 
método” (GUARINELLO, 
2007, p. 24). 
 
Heinicke, em uma das cartas 
enviadas a L’Epée, afirmou: 
“nenhum outro método pode ser 
comparado ao que eu inventei e 
prático porque esse se baseia 
totalmente na articulação da 
linguagem oral” (SKLIAR apud 
GUARINELLO, 2007, p. 25). 
Em 1821, o médico francês 
Jean Marc Gaspar Itard, começou a 
praticar vários procedimentos 
médicos com o objetivo de curar a 
surdez, o que ficou conhecida como: 
Medicalização da Surdez. Era 
comum ele aplicar eletricidade no 
ouvido dos alunos surdos do 
Institutode Paris e colocar 
sanguessugas no pescoço dos 
surdos, pois ele acreditava que o 
sangramento pudesse ajudar de 
alguma forma na cura da surdez. 
Segundo Lane apud 
Guarinello (2007, p. 25 e 26), 
 
 46 
APOSTILA DE LIBRAS 
“nenhum dos experimentos de Itard 
teve resultados satisfatórios. Para o 
mesmo autor, após várias tentativas 
frustradas de curar a surdez, Itard 
concluiu que o ouvido dos surdos 
estava morto e que não havia nada 
que a medicina pudesse fazer a 
respeito”. 
 
A Educação dos Surdos nos 
Estados Unidos (Século 
XVIII) 
 
 
 
Já nos Estados Unidos, até o 
Século XVIII, não havia escolas para 
Surdos. As famílias que queriam que 
seus filhos estudassem, 
costumavam mandá-los para a 
Europa. Foi então que Thomas 
Hopkins Gallaudet, o primeiro 
americano a se interessar pela 
educação dos surdos, ouve falar do 
método desenvolvido por L’Epée na 
França para educar os surdos e 
decide viajar para aprender de perto 
sobre o método e conhecer o 
Instituto de Paris, pois o seu objetivo 
era fundar uma escola para surdos 
na América. 
Ao chegar na França, L’Epée 
apresenta Laurent Clerc, instrutor 
surdo, que passa a acompanhar 
Gallaudet ensinando a língua de 
sinais e o instruindo. Contratado por 
Gallaudet, ambos viajam para os 
Estados unidos com o objetivo de 
implantar a primeira escola pública 
para surdos naquele país. Em 1817, 
eles conseguem atingir o objetivo 
proposto fundando o que ficou 
conhecida por Connecticut Asylum 
for the Education and Instruction of 
Deaf and Dumb Persons. 
Para Lane apud Guarinello 
(2007, p.27), “Laurent Clerc é 
considerado a figura mais impor-
tante no desenvolvimento da língua 
de sinais e da comunidade surda nos 
Estados Unidos. Em sua época ele já 
afirmava que os surdos faziam parte 
de uma comunidade linguística 
minoritária e que o bilinguismo 
deveria ser um objetivo para eles”. 
 Como a Connecticut Asylum 
for the Education and Instruction of 
Deaf and Dumb Persons foi fundada 
por um instrutor francês, 
inicialmente os professores 
aprendiam a língua de sinais 
francesa, sendo aos poucos 
substituída pela língua de sinais 
americana, até então em processo de 
formação. 
Em 1821, todas as escolas 
 
 47 
APOSTILA DE LIBRAS 
americanas já utilizavam a 
American Sign Language (ASL – 
Língua de Sinais Americana). “Em 
1824, o National Deaf-Mute College, 
uma escola para surdos localizada 
em Washington, foi transformado 
no Gallaudet College, em 
homenagem a Thomas Gallaudet. 
Atualmente essa escola é a 
Universidade Gallaudet” (GUA-
RINELLO, 2007, p. 27). 
Uma dessas pessoas que ficou 
conhecida como o inimigo mais 
temido dos surdos americanos, foi o 
escocês Alexandre Gran Bell, o 
inventor do telefone. Sua mãe e es-
posa eram surdas e ele era a favor do 
método oral. Objetivava acabar com 
as línguas de sinais, pois acreditava 
que a comunicação através dos 
sinais isolaria os surdos em 
pequenos grupos, fazendo com que 
estes, adquirissem muito poder. 
 
Em 1869, com a morte de Clerc, o 
oralismo começou a ganhar força, 
surgindo pessoas que passaram a 
proclamar que a língua de sinais era 
prejudicial e consequentemente 
defendendo o oralismo. 
 
O Congresso de Milão 
 
Em 1880, em Milão, na Itália, 
aconteceu um congresso decisivo 
sobre qual método deveria ser 
adotado pelas escolas do mundo 
todo na educação dos surdos, e que 
ficou conhecido como Congresso 
Internacional de Milão. Nesse 
congresso, um grupo defendia a 
abordagem oral (uso da fala, escrita 
e da leitura labial na educação) e 
outro grupo acreditava que os 
surdos tinham uma língua e que 
poderiam ser ensinados através 
dela. 
Surdos e ouvintes foram 
convocados a participarem do 
congresso e da votação, porém 
houve um boicote e os professores 
surdos foram excluídos da votação. 
“Bell, aproveitou-se de todo o seu 
prestígio em defesa do oralismo e 
ajudou na votação. O uso do 
Oralismo venceu, sendo o uso da 
língua de sinais oficialmente 
proibido” (GUARINELLO, 2007, p. 
29). 
Skliar apud Quadros (2006, p. 
25) cita o conjunto de resoluções 
votadas no Congresso que 
demonstram a substituição da 
língua de sinais pela língua oral na 
educação de surdos: 
I. Considerando la indudable 
superioridad de la palabra 
sobre los gestos para restituir 
al sordomudo a la lengua, el 
Congresso declara que o 
método oral deve ser preferido 
al de la mímica para la 
educación e instrución de los 
sordo-mudos. 
II. Considerando que el uso 
simultáneo de la palabra y de 
lo gestos mímicos tiene la 
desventaja de dañar la 
 
 48 
APOSTILA DE LIBRAS 
palabra, la lectura sobre los 
lábios y la precisión de las 
ideas, el Congresso declara 
que o método oral debe ser 
preferido [...] 
 
Depois do Congresso de Milão, 
a língua de sinais foi proibida em 
todas as escolas. Era comum a 
prática de amarrarem as mãos das 
crianças para trás a fim de que evitar 
que elas se comunicassem através 
dos sinais. Os surdos perderam o seu 
emprego e houve uma queda na 
qualidade da educação. 
Oralismo então foi adotado 
pelas escolas de toda a Europa até os 
fins de 1970. Porém, a abordagem 
utilizada nesse período 
descaracterizou o surdo, 
subordinando a sua educação à 
oralidade. O que ficou considerado 
como um retrocesso grotesco na 
educação dos surdos do mundo 
todo. 
 
De acordo com Sanchez, “a 
educação dos surdos, sempre 
nas mãos dos ouvintes, 
manteve quase que 
invariavelmente um sentido de 
reabilitação, de oferecer aos 
educandos a possibilidade de 
superar sua limitação auditiva, 
para agir como ouvintes e com 
ouvintes, e, dessa forma, 
integrar-se como se fossem 
ouvintes na sociedade dos 
ouvintes” (SANCHEZ apud 
GUARINELLO, 2007, p. 29). 
 
 
Comunicação Total 
Em 1970, devido à insatisfação 
com os resultados do Oralismo, 
alguns estudiosos propuseram uma 
abordagem conhecida como 
Comunicação Total. Definido como 
o uso de vários recursos, tais como: 
fala, escrita, gestos, mímica, 
pantomima, sinais e outros para a 
educação dos surdos. Todo recurso 
existente era aceitável para 
comunicar alguma ideia. 
 
 
 
Rapidamente essa abordagem 
foi disseminada, adquirindo um 
reconhecimento maior do que 
outros métodos americanos já 
existentes como: “Rochester (que 
utilizava o alfabeto manual e a fala 
na educação dos surdos) e o Cued 
Speech (que combina o uso da 
audição residual e da leitura 
orofacial a formato de mão, 
correspondentes aos fonemas da 
linguagem oral)” (GUARINELLO, 
2007, p. 31). 
 
 
 
 49 
APOSTILA DE LIBRAS 
“De fato, não se pode negar o 
valor dos métodos da 
Comunicação Total para a 
visualização da língua falada 
em uma série de aplicações da 
língua escrita. No entanto, 
havia outros aspectos críticos 
em que os problemas 
começavam a acumular-se. Tais 
problemas diziam respeito ao 
fato importante de que, 
embora, por princípio, a 
Comunicação Total apoiasse o 
uso simultâneo da língua de 
sinais com sistemas de sinais; 
na prática, tal conciliação 
nunca foi e nem seria 
efetivamente possível, devido à 
natureza extremamente 
distinta da língua de sinais” 
(CAPOVILLA, 2001, p. 1.485). 
 
Bilinguismo 
 
 
 
Porém, no final da década de 
1970, inicia-se um movimento de 
reivindicação pela língua de sinais, 
surgindo então à abordagem 
bilíngue para Surdos. O bilinguismo 
é uma proposta de ensino usada por 
escolas que pretendem tornar 
acessível à criança duas línguas no 
contexto escolar. 
O bilinguismo propõe que os 
surdos devem usar a sua língua 
natural, a libras, que é a sua 
primeira língua (L1) e 
posteriormente devem aprender a 
língua portuguesa, pois para eles é 
segunda língua (L2). Ressaltando 
que, as línguas de sinais são 
autônomas e não estão 
subordinadas as línguas orais. No 
entanto, como os surdos vivem em 
países que oficialmente possui duas 
línguas, é interessante que eles 
aprendamtambém a primeira 
língua do seu país. 
Segundo Skliar apud 
Guarinello (2007, p.32), “a adoção 
do bilinguismo é compatível com a 
concepção socioantropológica de 
sujeito surdo e surdez”. 
Essa concepção compreende 
que os surdos se agrupam em 
comunidades linguísticas 
minoritárias, as comunidades 
surdas; compartilham valores, 
crenças, hábitos, cultura e uma 
língua entre si. Essa concepção 
concebe os surdos como seres 
integrantes da sociedade, como 
cidadãos pró-ativos, com direitos e 
deveres. Os surdos passam assim a 
serem vistos como diferentes e não 
mais como deficientes. 
 
 
 
 
 50 
APOSTILA DE LIBRAS 
Quadro Resumo das 
Principais Abordagens na 
Educação dos Surdos 
 
O
ra
lis
m
o
 ‘O oralismo’ é um dos recursos 
que usa o treinamento de fala, 
leitura labial, e outros. 
Perlin e Strobel (2006, p. 20). 
 
C
o
m
u
n
ic
a
çã
o
 T
o
ta
l A Comunicação Total inclui 
todo o espectro dos modos 
linguísticos: gestos criados 
pelas crianças, língua de sinais, 
fala, leitura oro-facial, alfabeto 
manual, leitura e escrita. 
Denton apud Freeman, Carbin, 
Boese (1999), por Perlin e 
Strobel (2006, p. 23). 
 
B
ili
n
g
u
is
m
o
 
O Bilinguismo tem como 
pressuposto básico que o surdo 
deve ser Bilíngue, ou seja, deve 
adquirir como língua materna a 
língua de sinais, que é 
considerada a língua natural 
dos surdos e, como Segunda 
língua, a língua oficial de seu 
país. Goldfeld apud Perlin e 
Strobel (2006, p. 24). 
 
Histórico no Brasil 
 
Enquanto isso no Brasil, em 
1911, o Brasil, em obediência as 
decisões tomadas no Congresso 
Internacional de Milão, decide 
também proibir o uso da língua de 
sinais em território nacional e 
adotar o método oralista. 
Em 1957, a ex-diretora do 
Instituto Nacional de Educação de 
Surdos, Ana Rimola de Faria Doria, 
proibiu o uso da língua de sinais 
dentro das salas de aula. Porém, se-
gundo Vieira citado por Guarinello 
(2007, p. 34), “apesar de todas as 
proibições, a língua de sinais sempre 
foi utilizada pelos alunos às 
escondidas”. 
Em 1970, assim como 
aconteceu nas escolas de surdos do 
mundo todo, como o oralismo não 
produziu os resultados esperados, a 
comunicação total foi adotada pelas 
escolas. Entre os anos de 1970 e 
1980, iniciam-se os estudos sobre a 
língua de sinais brasileira através 
das pesquisas desenvolvidas pela 
linguista Lucinda Ferreira Brito e 
posteriormente por outros 
pesquisadores. 
Atualmente aqui no Brasil, a 
proposta aceita e que vem sendo 
largamente utilizada pelas escolas, 
associações e institutos, é a 
abordagem bilíngue. As pesquisas 
dos linguistas e pesquisadores 
contribuíram de forma positiva para 
que a língua de sinais fosse 
reconhecida oficialmente como 
meio legal de comunicação e 
expressão através da lei 10.436 de 24 
de abril de 2002, promulgada pelo 
ex-presidente da República 
Fernando Henrique Cardoso. 
 
 
51 
 
 
 
 52 
APOSTILA DE LIBRAS 
4. Legislação Específica 
 
 
 
Legislação na Antiguidade 
 
s surdos na antiguidade, não 
tinham direito a receber 
herança, não tinham direito a 
educação e nem ao voto, logo, eram 
excluídos da sociedade, sendo 
considerados pessoas com doenças 
contagiosas, representando assim, 
uma ameaça a saúde da população. 
 
Rômulo, o fundador de Roma, por 
volta de 753 a.C. decretou que todos 
os surdos recém-nascidos e crianças 
até aos três anos de idade teriam de 
ser inseminadas, porque eram um 
peso e problema para o Estado? 
(RADUTZKY apud STROBEL (2006, p. 
46) 
Apenas após os trabalhos do 
americano William Stokoe em 1960, 
comprovando e conferindo a língua 
de sinais o status de língua, é que 
muitos países passam a se com-
prometer legalmente com a 
educação dos surdos. 
 
Lei de Diretrizes e Bases 
(LDB) e a Constituição 
Brasileira 
 
 
Aqui no Brasil, em 1961, a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB) em seus artigos 88 e 
89, assegura os direitos a educação 
O 
 
 53 
APOSTILA DE LIBRAS 
das pessoas excepcionais. No artigo 
89, declara que o governo se 
compromete em ajudar as 
organizações não governamentais 
(ONGs) a prestarem serviços aos 
deficientes, entre eles os surdos 
(STROBEL, 2006). 
 
Segundo Strobel (2006, p. 47), 
“na Constituição brasileira de 
1967, há também alguns artigos 
assegurando aos surdos o 
direito de receber educação. Do 
mesmo modo, a atual 
Constituição datada de 1988, 
abre espaço a nossos direitos à 
educação diferenciada uma vez 
que assegura o direito à 
diferença cultural”. 
 
Segue o texto da constituição 
atual datada de 1998, onde um de 
seus artigos refere-se sobre a 
cultura. 
 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o 
pleno exercício dos direitos culturais e 
acesso às fontes da cultura nacional, e 
apoiará e incentivará a valorização e a 
difusão das manifestações culturais. 
§ 1º - o Estado protegerá as 
manifestações das culturas 
populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos 
participantes do processo civilizatório 
nacional. 
§ 2º - a lei disporá sobre a fixação de 
datas comemorativas de alta 
significação para os diferentes 
segmentos étnicos nacionais. 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) de 1996, 
no capítulo V, descreve as 
modalidades de educação oferecidas 
aos portadores de necessidades 
educacionais especiais. Defende 
que, de preferência, a educação 
dessas pessoas deve acontecer na 
escola regular. Assegura que é dever 
do estado a oferta de educação 
infantil na faixa etária de 0 a 6 anos 
e confere que devam existir ainda 
métodos, técnicas e profissionais 
adequados com vistas a atender as 
especificidades das pessoas 
especiais. 
 
Lei de Oficialização da 
Libras nº 10.436 
 
A Língua de Sinais Brasileira - 
Libras, a língua materna do surdo 
brasileiro, foi oficializada através da 
lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, 
pelo ex-presidente da república 
Fernando Henrique Cardoso, como 
meio de comunicação legal e como 
segunda língua do Brasil. Esta lei foi 
regulamentada através do decreto 
nº 5.626 de 22 de dezembro de 
2005. 
Convido você a fazer uma 
leitura minuciosa da lei nº 10.436, a 
fim de que você possa compreender 
melhor o assunto que estamos 
estudando. 
Lei nº 10.436 de 24 de 
abril de 2002 
Dispõe sobre a Língua 
Brasileira de Sinais - Libras e dá 
 
 54 
APOSTILA DE LIBRAS 
outras providências. 
 
O Presidente da República 
 
Faço saber que o Congresso 
Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
Art. 1º É reconhecida como 
meio legal de comunicação e 
expressão a Língua Brasileira de 
Sinais - Libras e outros recursos de 
expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como 
Língua Brasileira de Sinais - Libras a 
forma de comunicação e expressão, 
em que o sistema linguístico de 
natureza visual-motora, com 
estrutura gramatical própria, 
constitui um sistema linguístico de 
transmissão de ideias e fatos, 
oriundos de comunidades de 
pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2º. Deve ser garantido, 
por parte do poder público em geral 
e empresas concessionárias de 
serviços públicos, formas 
institucionalizadas de apoiar o uso e 
difusão da Língua Brasileira de 
Sinais - Libras como meio de 
comunicação objetiva e de utilização 
corrente das comunidades surdas do 
Brasil. 
Art. 3º. As instituições 
públicas e empresas concessionárias 
de serviços públicos de assistência à 
saúde devem garantir atendimento e 
tratamento adequado aos 
portadores de deficiência auditiva, 
de acordo com as normas legais em 
vigor. 
Art. 4º. O sistema educacional 
federal e os sistemas educacionais 
estaduais, municipais e do Distrito 
Federal devem garantir a inclusão 
nos cursos de formação de Educação 
Especial, de Fonoaudiologia e de 
Magistério, em seus níveis médio e 
superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais - Libras, como 
parte integrante dos Parâmetros 
Curriculares

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