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Complementação Pedagógica Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA LINGÍSTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................... ……………....... 03 1 LINGUÍSTICA ......................................................................................……………….... 05 2 FONOLOGIA ..........................................................................……...………….............. 07 3 SINTAXE ............................................................................................…………...….... 13 4 MORFOLOGIA .........................................................................………. …....………….….. 15 5 LEXICOLOGIA .............................................................................................................. 26 6 TERMINOLOGIA .........………………………...................................................................…. 28 7 A ESTILÍSTICA ............................…………………………………………………………......… 34 8 PRAGMÁTICA ......................……………………………………………………………… 35 9 SEMÂNTICA .........................……………………………………………………………… 37 REFERÊNCIAS CONSULTADAS …………….................................................................... 41 3 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação e consequente capacitação daqueles que se candidataram à está Pós-Graduação, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Apesar de o curso possuir objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois somos conscientes que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, você é livre para estudar do melhor modo que possa. Este arranjo preserva a sua individualidade impondo, uma responsabilidade imperativa. Organize-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam, e que a educação é demasiado importante para nossa formação e para o bem-estar dos pacientes. A presente apostila tem como proposito oferecer um conteúdo abrangente de linguística da língua portuguesa investigando seu funcionamento, estudando várias da sua manifestações. Neste intuito apresentamos um compendio de conhecimento necessários à compreensão da língua portuguesa, tais como: fonologia, sintaxe, morfologia, lexicologia, terminologia estilística pragmática e semântica. Oferecemos, ainda, ferramentas para o desenvolvimento de procedimentos que propiciarão o estudo e o ensino da língua portuguesa falada e escrita. 4 A apostila agrupa de maneira ordenada a síntese do pensamento de vários autores cuja obra que entendemos serem as mais importantes para a disciplina. Sendo fruto de exaustiva pesquisa bibliográfica, cujas fontes são colocadas ao fim da apostila possibilitando ao aluno, conforme sua necessidade e disposição, o amplio de seus conhecimentos. 5 1. LINGUÍSTICA A Linguística é uma ciência recente, inaugurou-se no início do século XX. Mas muito antes disso a humanidade já demonstrava grande interesse pelas questões da linguagem e da mente humana. A Linguística como conhecimento sistematizado teve que demonstrar suas metodologias e delimitar precisamente seu objeto de estudo. Pode-se definir a linguística como o estudo científico que visa descrever ou explicar a linguagem verbal humana. Alguns destacados precursores da Linguística situam-se historicamente nos séculos XVII e XIX, sendo o primeiro conhecido como “o século das gramáticas gerais” e o segundo tendo como ponto relevante as “suas gramáticas comparadas”. O estudo da linguagem é distinto do estudo da gramática tradicional normativa. A Linguística não tem como objetivo transcrever normas ou ditar regras de correção para uso da linguagem, mas sim, analisar e estudar o que faz parte da língua em si. Essa ciência se interessa e tem como matéria de reflexão os estudos da linguagem concentrados na parte oral, verbal e também na modalidade escrita. Os sinais que o homem produz quando fala ou escreve são denominados signos. Além de possibilitar uma dimensão simbólica, eles também servem como elemento comunicador e de expressão existencial. Existem outros signos além dos possibilitados pela linguagem verbal, como por exemplo a pintura, a mímica e o sinal de trânsito. Os signos, de modo geral, são objetos de estudo de uma outra ciência, denominada Semiologia. Já os signos da linguagem verbal especificamente são objetos de estudo da Linguística. A Linguística como é conhecida hoje teve início com o Curso de Linguística Geral, do suíço Ferdinand de Saussure, mestre da Universidade de Genebra e pai da Linguística Moderna. Com Saussure a Linguística ganha um objeto específico: a língua conceituada por ele como “um sistema de signos” (um conjunto de unidades que estão organizadas formando um todo). Define-se o signo como a associação entre significante (imagem acústica) e significado (conceito). A imagem acústica não se confunde com o som, pois ela é, como o conceito, psíquica e não física. Na década de 1950, Noam Chomsky oferece outras possibilidades teóricas para a Linguística: a gramática gerativa. Para ele a tarefa do linguista é descrever a competência do falante de produzir e compreender todas as frases de sua língua. Os estudos do norte 6 americano são baseados na sintaxe e trazem contribuições da matemática e da biologia para a área. A Linguística é construída a partir de uma divisão, já que ela é conhecida como ciência da língua (enquanto sistema de signos e conjuntos lógicos) e das línguas (idiomas históricos falados por outros povos). Assim sendo, na história da linguística, nenhuma questão é definitivamente respondida e nem posta de lado. Após ficar certo tempo deslocada, volta à cena. O laço que une o significante ao significado é arbitrário, convencional e imotivado, sendo a língua um sistema formado de unidades abstratas e convencionais. Para Saussure, duas distinções são importantes dentro dos estudos linguísticos: a primeira é entre língua (um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual) e fala (a realização concreta da língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável, assistemática). Também a distinção entre sincronia (o estado atual do sistema da língua) e diacronia (sucessão, no tempo, de diferentes estados da língua em evolução) merece destaque na Linguística, que teve nos conceitos de língua, valor e sincronia a sua base institucional como ciência. Existem inúmeras tendências e abordagens no campo da Linguística atualmente. Abordagens como a Linguística Cognitiva e a Sociolinguística oferecem uma gama diversificada de estudos e possibilidades de se pensar a língua. 7 2. FONOLOGIA A Fonologia (proveniente do grego phonos = voz/som; logos = palavra/estudo) é o ramo da Linguística que estuda o sistema sonoro de um idioma. É a área de estudo que se preocupa com a maneira pela qual os sons da fala (os fones) se organizam dentro de uma língua, classificando-os em unidades capazes de distinguir significados: os denominados fonemas. A Fonologia também estuda outros assuntos, como a estrutura silábica, o acento e a entonação. A fonologia é o estudo dos sons das palavras,um estudo voltado para a pronúncia e gramática de um idioma específico. Todo idioma tem a sua fonologia própria e diferente das demais. A fonologia tem como foco de estudo a forma como os sons de uma palavra se organizam para produzir significados diferentes. Na fonologia, essa unidade de som mínima é chamada de fonema, e é a partir dela que todo o estudo é desenvolvido, desde as sílabas à acentuação das palavras. Sem a fonologia haveriam muito mais palavras com mais de um significado, pois não seria possível diferenciá-las pela sua sonoridade. Fonética e Fonologia A fonética também estuda os sons, porém em uma linha diferente da fonologia. Enquanto a fonologia é mais voltada para os sons das palavras e em como a diferenciação desses sons interfere nos significados, a fonética concentra-se nos aspectos físicos dos sons da fala humana: a pronúncia, como ele é escutado ou como é falado, quais os órgãos envolvidos e quais suas funções na produção do som. Podemos dizer que, a grosso modo, o fonética volta-se para o que é falado e escutado, enquanto a fonologia concentra-se no estudo do que será escrito, na representação gráfica dos sons. Elementos da Fonologia O estudo dos sons das palavras engloba alguns aspectos importantes para a compreensão da fonologia. São eles: Fonemas – Unidades mínimas de som usadas na Fonologia. Sílabas – Conjunto de um ou mais fonemas que produz um som completo. Encontros Vocálicos – Agrupamento de duas ou três vogais e/ou semivogais. 8 Encontro Consonantais – Agrupamento de duas ou mais consoantes. Dígrafos – Agrupamento de duas letras que formam o mesmo fonema. Tonicidade e prosódia – Estudo dos tons mais intensos presentes nas sílabas fortes. Fonema Fonema é o menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma diferença de significado entre as palavras. Cada segmento sonoro se refere a imagem acústica que nós, falantes de português, guardamos de cada um deles. O fonema é constituído por essa imagem acústica. Os fonemas compõem os significantes dos signos linguísticos (que são formados pelo significado e o significante) e aparecem, geralmente, representados entre barras. Sílaba Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas que são pronunciados por uma única emissão de voz. A base das sílabas na Língua Portuguesa são as vogais (a - e - i - o - u). Sem vogais, não há sílaba. Leia a palavra PIPOCA. Como podemos observar, para pronunciarmos essa palavra, emitimos três consecutivos grupos de fonemas, os quais estão sempre ligados às vogais: PI - PO - CA. Nem sempre as sílabas que constituem as palavras da Língua Portuguesa são pronunciadas com a mesma entonação vocálica. Por isso, de acordo com a maior ou menor intensidade na pronúncia, classificamos as sílabas em átonas ou tônicas. → Sílabas átonas (SA) As sílabas átonas são aquelas cuja pronúncia é realizada com baixa intensidade. → Sílabas tônicas (ST) As sílabas tônicas são aquelas cuja pronúncia é realizada com maior intensidade. Vejamos os exemplos das palavras: Borboleta: bor – bo – le – ta (SA) (SA) (ST) (SA) 9 Compostura: com – pos – tu – ra (SA) (SA) (ST) (SA) Primavera: pri – ma – ve – ra (SA) (SA) (ST) (SA) Fogueira: fo – guei – ra (SA) (ST) (SA) Sabonete: sa – bo – ne – te (SA) (SA) (ST) (SA) Como você pôde observar, o núcleo das sílabas é sempre uma das cinco vogais. Não existe sílaba sem vogal e não há mais do que uma vogal em cada sílaba. É possível haver uma vogal e uma semivogal ou duas semivogais juntas, mas não duas vogais. Assim, é fácil sabermos o número de sílabas de cada palavra: basta contarmos quantas vogais há nessa palavra. Encontros Vocálicos Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato. Ditongo É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser: a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. Por exemplo: sé-rie (i = semivogal, e = vogal) b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal. Por exemplo: pai (a = vogal, i = semivogal) c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca. Exemplos: pai, série d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais. Por exemplo: 10 mãe Tritongo É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal. Exemplos: Paraguai - Tritongo oral quão - Tritongo nasal Hiato É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba. Por exemplo: Saída (sa-í-da) Poesia (po-e-si-a) Na terminação “em” em palavras como ninguém, também, porém e na terminação “am” em palavras como amaram, falaram ocorrem ditongos nasais decrescentes. É tradicional considerar hiato o encontro entre uma semivogal e uma vogal ou entre uma vogal e uma semivogal que pertencem a sílabas diferentes, como em ge-lei-a, io-iô. Dígrafo Dígrafo é o encontro de duas letras que representam um único fonema. Também chamado de digrama, há dois tipos de dígrafos: dígrafo consonantal e dígrafo vocálico. Dígrafo vem de “di”, que é o mesmo que dois e grafo, que é o mesmo que escrever. Assim, escreve-se duas letras, mas o som é apenas de uma. Dígrafo Consonantal Encontro de duas letras que representam um fonema consonantal. Os principais são: ch, lh, nh, rr, ss, sc, sç, xc, gu e qu. Exemplos: Chave, chefe, olho, ilha, unha, dinheiro, arranhar, arrumação, ossos, assadeira, descer, crescer, desço, cresça, exceder, excelência, gueixa, guirlanda queijo, quilômetro 11 É importante frisar que gu e qu são dígrafos se seguidos de e ou i. Se todavia, o u for pronunciado deixa de ser dígrafo. Em aguentar e linguiça, por exemplo, tal como em guaraná, o u é pronunciado. Dígrafos e Encontros Consonantais Dígrafo e Encontro Consonantal são encontros de letras, mas como vimos, no dígrafo essas letras são pronunciadas uma única vez, ao contrário do encontro consonantal. Essa é a diferença. Exemplos de Encontros Consonantais: Brinde, claridade, flor, sopro, refrão. Saiba mais em Encontros Consonantais. Dígrafo Vocálico Encontro de uma vogal seguida das letras m ou n, que resulta num fonema vocálico. Eles são: am, an; em, en; im, in; om, on e um, un. Classificação das palavras segundo a posição da sílaba tônica: Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última sílaba da palavra. Exemplos: chapéu, maracujá, Corumbá. Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra. Exemplos: secretária, biquíni, táxi. Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra. Exemplos: exército, míope, plástico. * Definição da grafia e acentuação das palavras: Ortografia / Emprego de X e Ch; Emprego das letras G e J; Emprego das letras S e Z; Emprego do Z; Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs; 12 Emprego das letras O e U/ Emprego da letra H; Acento prosódico: aparece em todas as palavras que possuem duas ou mais sílabas; Acento gráfico: marca a sílaba tônica de algumas palavras. * Definição das regras de divisão silábica: A divisão silábica deve ser feita a partir da soletração, apresentando o som total das letras que compõem uma sílaba. O hífen é utilizado para fazer a separação. Abaixo, algumas regras empregadas na divisão silábica: Nunca se separam os ditongos, tritongos, dígrafos (lh, nh, ch, qu, gu), os encontros consonantais constituídos de consoante + r e consoante + l (claridade, cofre) e as consoantes não seguidas de vogal (ca-rac-te-rís-ti-ca); Separam-se os hiatos, os dígrafos (rr, ss, sc, sç, xc), encontros consonantais(cc, cç) e os prefixos bis, dis, cis, trans e ex quando seguidos de vogal. Se seguidos de consoante, não formarão uma nova sílaba. * Classificação dos encontros fonéticos: Encontros vocálicos: ditongo, hiato e tritongo. Encontros consonantais (podem ocorrer na mesma sílaba ou em sílabas diferentes). 13 3. SINTAXE A Sintaxe é uma das partes da Gramática na qual são estudadas as disposições das palavras nas orações, nos períodos, bem como a relação lógica estabelecida entre elas. Sintaxe (pronúncia no AFI: [sí'tasɨ]) (do grego clássico σύνταξις "estrutura", de σύν, transl. syn, "mais", e τάξις, transl. táxis, "classe") é o estudo das regras que regem a construção de frases nas línguas naturais. Podemos considerar a Gramática como sendo o conjunto das regras que determinam as diferentes possibilidades de associação das palavras de uma língua para a formação de enunciados concretos. A Sintaxe própria de cada língua impede que sejam realizadas combinações aleatórias entre as palavras. Embora sejam bem distintas entre si, todas as línguas, além de possuírem um léxico composto por milhares de palavras, possuem também um conjunto de regras as quais determinam a forma como as palavras podem se relacionar para formar enunciados concretos. A sintaxe é importante pois a unidade falada é a oração, não a palavra ou o som. Em termos práticos, o falante fala e o ouvinte ouve orações. Salvo o caso quando uma única palavra é portadora de sentido completo. A Sintaxe organiza a estrutura das unidades linguísticas, os sintagmas, que se combinam em sentenças. Para que o falante de uma língua possa interagir verbalmente com outros, ele organiza as sentenças linguísticas para que possa transmitir um significado completo e, assim, ser compreendido. Os primeiros passos da tradição europeia no estudo da sintaxe foram dados pelos antigos gregos, começando com Aristóteles, que foi o primeiro a dividir a frase em sujeitos e predicados. Um segundo contributo fundamental deve-se a Frege que critica a análise aristotélica, propondo uma divisão da frase em função e argumento. Deste trabalho fundador, deriva toda a lógica formal contemporânea, bem como a sintaxe formal. No século XIX a filologia dedicou-se sobretudo à investigação nas áreas da fonologia e morfologia, não tendo reconhecido o contributo fundamental de Frege, que só em meados do século XX foi verdadeiramente apreciado. Funções e Relações Sintáticas O enunciado se encaixa em uma organização/estruturação específica prevista na língua. Essa organização é sempre regulada pela Sintaxe, a qual define as sequências 14 possíveis no interior dessas estruturas. Funções sintáticas Consiste na função específica de cada elemento na sentença ao se relacionar com outros elementos que também compõem o enunciado. Por exemplo: João vendeu um baú antigo ano passado. - João: sujeito do verbo 'vender'. - Um: adjunto adnominal. - Um baú antigo: objeto direto de 'vendeu'. Relações sintáticas Consiste nas relações estabelecidas entre as palavras que definem as estruturas possíveis na Sintaxe das línguas. Por exemplo: João vendeu um baú antigo ano passado. - João: agente da ação expressa pelo verbo 'vender'; - Ano passado: quando a ação foi realizada. Para realizar a análise sintática dos enunciados da língua é necessário explicitar as estruturas, as relações e as funções dos elementos que os constituem. 15 4. MORFOLOGIA Morfologia seria, no sentido exato, o estudo da forma. Em português por exemplo, a parte de morfologia estuda a estrutura das palavras. Estuda também as classes gramaticais sem se preocupar com o sentido das palavras quando inseridas no contexto da frase (sintaxe). Sendo o estudo da forma, pode ser realizada em tudo que se refira a esta atividade (não só em português) em todas as áreas do conhecimento, como estudo da forma de minerais, etc… A Morfologia é o estudo da palavra dentro da nossa língua. Numa linguagem bem simples pode-se dizer que a Morfologia tem por objeto ou objetivo de estudo, as palavras dentro da nossa Língua, as quais são agrupadas em classes gramaticais ou classes de palavras. Elas são agrupadas em dez classes, denominadas classe de palavras ou classes gramaticais: Substantivo Artigo Adjetivo Numeral Pronome Verbo Advérbio Preposição Conjunção Interjeição. A palavra morfologia tem origem no termo grego Morphê = figura + logias = estudo, que trata das palavras: a) quanto à sua estrutura e formação; b) Quanto às suas flexões; c) Quanto à sua classificação. Estrutura das Palavras Morfologia significa, com base nos seus elementos de origem, o estudo da forma. O termo forma pode ser tomado, num sentido amplo, como sinônimo de plano da expressão, 16 em oposição a plano do conteúdo. Nesse caso, a forma compreende dois níveis de realização: os sons, destituídos de significado, mas que se combinam e formam unidades com significado; e as palavras, as quais por sua vez, têm regras próprias de combinação para a composição de unidades maiores. Mas a palavra não precisa ser interpretada, necessariamente, como a unidade fundamental para representar a correlação entre o plano da expressão e o do conteúdo. Podemos atribuir esse papel ao morfema. Temos aqui, por conseguinte, duas unidades distintas como possíveis centros de interesse de nossos estudos de morfologia. A diferença no tocante à unidade em que centra o estudo morfológico o morfema ou a palavra redunda de maneiras também diferentes de focalizar a morfologia. Pode-se dizer que a noção de morfema está relacionada com o estudo das técnicas de segmentação de palavras em suas unidades constitutivas mínimas, ao passo que os estudos que privilegiam a noção de palavra preocupam-se com o modo pelo qual estrutura das palavras reflete sua relação com outras palavras em construções maiores, como a sentença, e com o vocabulário total da língua (Anderson, 1992: 7; 1988: 146). Um segundo problema com relação à definição tomada do étimo, e mesmo com relação a definições que possamos extrair de dicionários, é serem elas vagas. Ao definirmos morfologia como o ramo da gramática que estuda a estrutura das palavras, por exemplo, não fazemos referência ao tipo de interesse que temos nos dados, tampouco ao tipo de dados que nos interessam. Morfologia é um termo que não tem a mesma realidade de uma pedra ou de uma árvore: pressupõe determinado modo de se conceber o que sejam linguagem e língua, e somente como parte desse quadro mais amplo isto é, de uma teoria é que podemos compreender que tipo de estudo está sendo levado em conta. Até mesmo se precisamos de ter na gramática algo que chamemos morfologia. Um indivíduo que sabe sua língua é aquele que alcançou o estágio (relativamente) estável da faculdade da linguagem. Esse estágio estável é também chamado conhecimento linguístico. Ao se focalizar uma língua como conhecimento linguístico, passa-se também a concebê-la como um fenômeno individual e não social. A competência gramatical, ou conhecimento da gramática, ou sistema computacional, ou língua-I é exclusivamente humano. É ele que permite ao indivíduo criar e compreender um número infinito de frases de sua língua. Uma parte do conhecimento que temos acerca das palavras de nossa língua está representada sob o rótulo morfologia: é o que pode ser captado como generalizações acerca da estrutura das palavras. O que é 17 imprevisível será tratado sob o rótulo léxico. A Morfologia é o ponto de maior controvérsia no estudo de linguagem natural. Especialistas se debatem tomando posições que vão desde aquelas que consideram a Morfologia como o principal componente do estudo gramatical, até aquelas que desconsideram totalmente o nível morfológico naconstrução de uma teoria da gramática. A Morfologia é frequentemente definida como o componente da Gramática que trata da estrutura interna das palavras, nos conduz à interrogação: o que é uma palavra? A existência de palavras é assumida como uma realidade pela maioria de nós, linguistas ou não. No entanto, não é simples definir o que é uma palavra. Na linguística, como em qualquer ciência, um dos problemas básicos é identificar critérios para definirmos as unidades básicas de estudo. Palavra é a unidade mínima que pode ocorrer livremente. Uma vez assumida essa definição de palavra, podemos distinguir vários elementos que carregam exatamente o mesmo significado, mas que não têm o mesmo status gramatical. Assim, um pronome clítico, como lhe, embora possa carregar o mesmo significado que um pronome, não pode ser caracterizado como uma palavra, uma vez que não atinge os critérios sintáticos anteriormente definidos. Por exemplo, o pronome clítico o terceira pessoa singular masculino (Maria o viu na feira) não pode ocorrer como resposta a uma pergunta e não pode servir como sujeito de uma sentença. Não é, portanto, uma palavra. Mas o pronome ele, embora carregue o mesmo significado, isto é, terceira pessoa singular masculino, qualifica-se como uma palavra, pois pode ocorrer isoladamente e em várias posições sintáticas. No português brasileiro vernáculo, ele ocorre em qualquer posição argumental (Ele me viu, Eu vi ele, José deu um livro para ele). Uma vez definido o que é uma palavra, temos definida a unidade máxima da morfologia. O que seria a unidade mínima deste componente da Gramática? As unidades mínimas da Morfologia são os elementos que compõem uma palavra. A Morfologia tem seus próprios elementos mínimos. O conhecimento desses elementos é o que nos permite entender o significado de palavras que nunca ouvimos antes. Ao nos depararmos com uma palavra como nacionalização, mesmo sem nunca termos ouvido esta palavra, podemos descobrir o que ela significa se soubermos o significado de nação, “pátria”, e o significado dos elementos que derivam novas palavras em português: al, “elemento que transforma um substantivo em adjetivo”, izar, “elemento que transforma um adjetivo em verbo” e ção, “elemento que transforma verbo em substantivo”. Assim, ao adicionarmos nação e al, criamos o adjetivo nacional e, ao adicionarmos 18 izar, temos o verbo nacionalizar. Finalmente, ao somarmos ção com nacionalizar, formamos o nome (ou substantivo, segundo a terminologia da gramática tradicional) nacionalização. A palavra nacionalização significa ato de nacionalizar. Seu significado é derivado do significado das partes que compõem esta palavra. Os elementos que carregam significado dentro de uma palavra são rotulados de morfemas e são estes a unidade mínima da morfologia. Apesar de muitas pessoas afirmarem que a palavra é a unidade mínima que carrega significado, o morfema que o é. Para o estruturalismo, uma das preocupações da Linguística é tentar explicar como reconhecemos palavras que nunca ouvimos antes e como podemos criar palavras que nunca foram proferidas antes. A resposta é que nosso conhecimento dos morfemas da língua é o que nos dá esta capacidade. Assim, o problema central da Linguística para o quadro teórico estruturalista é identificar os morfemas que compõem cada língua falada no mundo; a Morfologia, portanto, é de crucial importância para o estruturalismo. A palavra havia sido o fundamento da gramática tradicional. Mas como definir essa unidade? Despojada da representação escrita - vista como “meramente um dispositivo externo” (Bloomfield, 1933:294) que reproduziria imperfeitamente a fala de uma comunidade (id.: 293) -, a delimitação da palavra tornava-se difícil. Não coincidia, na maioria das vezes, com um elemento mínimo de som e significado, e sua característica distintiva passava a ser a possibilidade de ser enunciada em isolado. Nada de muito interessante. Os problemas com a noção de palavra apontada pelos estruturalistas decorriam, em grande parte, de a definirem como uma forma, i.e., como “um traço vocal recorrente que tem significado” (Bloomfield, 1926: 27). Isto implicava haver a necessidade da utilização de critérios fonológicos indissociados de critérios gramaticais para a sua depreensão. Fonologicamente uma sequência como deixei-me, por exemplo, é uma palavra, uma vez que me equivale a uma sílaba átona em relação ao verbo e não pode, sozinho, funcionar como enunciado. Gramaticalmente, porém, deixe-me equivale a duas palavras: me é um pronome em função de objeto e pode ser mudado de posição para antes do verbo, o que não acontece com simples sílabas. Para evitar que enunciados diferentes pudessem ser segmentados de maneiras diversas e que noções oriundas dos estudos tradicionais fossem associadas à análise gramática, a linguística do século XX retirou da noção de palavra, em favor da noção de morfema, a ênfase que tinha nos séculos anteriores. O morfema tornou-se a unidade básica 19 da gramática e, por conseguinte, da morfologia - agora transformada em morfologia baseada em morfemas. Desse modo, a morfologia da maior parte do século XX passou a ser a análise sintagmática dos vocábulos. Tal mudança correspondeu à adoção de um modelo de análise gramatical diferente daquele herdado da tradição greco-latina. O estruturalismo norte-americano estabeleceu um método para identificar que partes específicas do material fonológico de uma forma complexa expressavam as diferentes partes de um significado também complexo. As unidades som e significado, assim depreendidas, eram os elementos mínimos ou itens da análise. Cada morfema é um átomo de som e significado, isto é, um signo mínimo. Segundo tal perspectiva, a morfologia é o estudo desses átomos (a alomorfia) e das combinações em que podem ocorrer (a morfotática) - i.e., a morfologia é o estudo dos morfemas e de seus arranjos. Os elementos da morfologia O radical é a forma mínima que indica o sentido básico de uma palavra. Alguns vocábulos são constituídos apenas por radical (lápis, mar, hoje). Os radicais permitem a formação de famílias de palavras: menin-o, menin-a; menin-ada, menin-inho, menin-ona. A vogal temática é a vogal que, em alguns casos, une-se ao radical, preparando-o para receber as desinências: com-e-r. O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical, pois na língua portuguesa é impossível a ligação do radical com, com a desinência r, por isso é necessário o uso do tema e. As desinências estão apoiadas ao radical para marcar as flexões gramaticais. Podem ser nominais ou verbais: As nominais indicam flexões de gênero e número dos nomes (gat-a e gato-s). Já as verbais indicam tempo e modo (modo-temporais / fal-á-sse-mos) ou pessoa e número (número-pessoais / fal-á-sse-mos) dos verbos. Os afixos são morfemas derivacionais (gramaticais) agregados ao radical para formar palavras novas. Os afixos da língua portuguesa são o prefixo, colocado antes do radical (infeliz) e o sufixo, colocado depois do radical (felizmente). A vogal e consoante de ligação são elementos mórficos insignificativos que surgem para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z- 20 inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via) Já os alomorfes são as variações que os morfemas sofrem (amaria – amaríeis; feliz – felicidade). Morfologia – Gramática Morfologia é a parte da Gramática que estuda a estrutura das palavras, sua formação e classificação. A ESTRUTURA diz respeito aos elementos que constituem a palavra: o radical ou raiz, afixos, desinências… A FORMAÇÃO engloba as “formas” como podemos criar palavras: derivando, prefixando, reduzindo… A CLASSIFICAÇÃO das Palavras é importante para diferenciarmos as diversas possibilidades de descrever nossas as ideias, traduzidas em coisas(Substantivos), características (Adjetivos), ações (Verbo)… A MORFOLOGIA estuda as palavras isoladamente (Análise Primária), e não em sua participação na frase ou período (Análise Referencial), como na Sintaxe. Iniciaremos nosso curso de Morfologia pela “Estrutura da Palavras”, estudando seus elementos essenciais, seus adereços e demais “pedacinhos” que comporão a palavra. A Estrutura das Palavras Imaginemos o seguinte: Uma “casa”. Para “ser” uma casa, deve conter: fundação, paredes, piso, teto. Ou seja: A Estrutura da “casa” são seus elementos essenciais: fundação, paredes etc. Assim também, as PALAVRAS possuem elementos que compõem sua ESTRUTURA. Cada “elementozinho” da palavra é chamado de MORFEMA ou menores unidades formadoras de cada palavra. Observe: GATINHAS Vamos desmembrar a palavra em seus elementos ou Morfemas: “Gat” inh a s Gat – Este Morfema nos indica o “que é” a palavra, ou seja, a palavra nasce deste 21 elemento: falamos de um ser que é da família dos gatos, como: gato, gata, gatão, gatinha, gatinhos… Perceba que esta “parte” da palavra é sua origem, sua estrutura primária, como a “fundação” da casa, que determinará “como” será esta casa, pois em cima da “fundação” ou RAIZ é que será edificada a CASA ou PALAVRA. Chamamos este Morfema, que é essencial a todas as palavras, de RADICAL ou RAIZ. Vejamos outro elemento: Gat “inh” a s inh – Esta parte da palavra nos indica que se trata de um diminutivo, que temos uma “coisa” em seu estado “menor”, “pequeno”, como em: padr“inh”o, amig “inh”as… Este é um Morfema de diminutivo. Outro Morfema: Gat inh “a” s A – O Morfema “a” determina o gênero da “coisa”, neste caso indica que o GAT é feminino: GAT“A”. Os termos que determinam gênero, número, entre outras características são chamados de DESINÊNCIAS. Temos então: “a” – Desinência de Gênero (feminino). Como a palavra “gatinhas” é um NOME ou SUBSTANTIVO, chamamos a desinência “a” de: Desinência “Nominal” de Gênero. Observe: Gat inh a “s” S – O termo “s” indica que se trata de “mais de uma coisa”, ou seja, descreve o número desta “coisa”, no caso: plural. Temos então: “s” = Desinência Nominal de Número. Melhor explicando: Gat inh a s | | | | RAIZ DIMINUTIVO GÊNERO NÚMERO | | | | A coisa em si Tamanho Feminino Plural | | | | GATO GATINHO GATINHA GATINHAS 22 Perceba que a Formação da palavra obedece uma sequência lógica em que vamos “criando a palavra”, modificando-a, e a transformando naquilo que desejamos expressar. Uma única palavra pode trazer muitas informações como: a coisa em si, seu tamanho, seu gênero, seu número, seu modo, seu tempo… O emprego da “palavra certa” indica o domínio da língua por parte do escritor, cabendo a ele escolher as palavras que comporão seu texto, dando a ele a qualidade, a precisão, ou o estilo que deseje mostrar ao seu leitor. Observe: “O Doutor usou uma aparelinho esquisito, com dois fios que saiam do seu ouvido e se juntavam e viravam um único fio que terminava com uma espécie de disco de metal, que colocou em meu peito para ouvir por dentro de mim.” (Texto excessivamente descritivo, para compensar um vocabulário reduzido.) Ou: “O doutor auscultou meu peito com um estetoscópio.” (Texto sintético, diz tudo em poucas palavras.) Cada um dos textos não é “certo”, nem errado. Cape ao escritor conhecer as possibilidades e aplicá-las em situações específicas. Num grupo de médicos, o Texto 1 seria desapropriado. Estruturas das Palavras: Radical (ou Raiz) É o elemento estrutural “primeiro” de qualquer palavra, seu alicerce. Uma mesma RAIZ ou RADICAL, por ser o “elemento primeiro”, gera várias palavras, criando assim, sua Família de Palavras, todas elas apresentando a mesma origem, a mesma “fundação”, o mesmo RADICAL. Casa – Radical: CAS Família: CASa, CASebres, CASarão, CASinha… Afixos (ou Não-Fixos…) Afixos são elementos secundários que se unem ao radical, acrescentando-lhe uma característica. Um afixo traz uma ideia que se insere ao radical criando uma noção mais ampla. Um “Afixo” que conhecemos bastante, “MENTE”, adere-se a um Radical, dando-lhe uma característica de MODO. Calmo – Calmamente. O Afixo “mente” se uniu ao Radical “calm” transformando-o em um Advérbio de Modo. Quando colocamos um AFIXO antes do radical, chamamos PREFIXO. Quando colocamos um AFIXO depois do radical, chamamos SUFIXO. 23 Brut Em brut ecer Afixo: Prefixo Radical Afixo: Sufixo Desinências Desinências são os “elementos” que indicam, nas estruturas da palavra algumas flexões. Temos dois tipos de desinências: Desinências Nominais: Elementos que constituem os nomes: substantivos, adjetivos, pronomes, numerais… indicando as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural). Exemplos: Gat-o (masculino) gato-s (plural) Gat-a (feminino) gata-s (plural) Somente se pode falar em “desinências nominais” de “gêneros” e de “números” em palavras que permitem as duas flexões, como nos exemplos observados acima. Algumas palavras como caderno, tribo, gado etc, não admitem desinência nominal de gênero. Já em pires, pêsames, ônibus não temos desinência nominal de número pois não admitem as duas flexões: singular e plural. Desinências Verbais: indicam as flexões do verbo: número e pessoa e de modo e tempo. Exemplos: Am-o ama-s ama-mos ama-is ama-m – pessoa e número Ama-va ama-va-s – tempo e modo A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular. “-va”, de “ama-va”, é desinência modo-temporal: indica uma forma verbal do “tempo” pretérito imperfeito do “modo” indicativo, na 1ª conjugação (verbos terminados em “ar”: amar, cantar, nadar… 24 Vogal Temática Vogal Temática é a vogal que se une ao radical, preparando-o para receber as desinências. A vogal temática modula a pronúncia, deixando a palavra facilmente “pronunciável”. Nos verbos, temos três vogais temáticas: Vogal temática “A” Caracteriza os verbos da 1ª conjugação: cantar, nadar, morar… Vogal temática “E” Caracteriza os verbos da 2ª conjugação: morrer, doer, comer… Vogal Temática “I” Caracteriza os verbos da 3ª conjugação: partir, dormir, sumir… Outro “elemento” que encontramos nas palavras são os TEMAS. “Tema” – É a união entre um RADICAL + VOGAL TEMÁTICA. Exemplo: Comprar Compr a R Radical (Vogal Tem.) (“r” dos Infinitivos) Compra (Radical + Vogal Temática = TEMA) Vogais e Consoantes de Ligação Na Língua Portuguesa, podemos precisar de algumas vogais e consoantes que se fazem necessários para pronunciarmos algumas palavras, são elementos de ligação, ou seja: são morfemas que aparecem por motivos “eufônicos” – sonoros, para facilitar a pronúncia de uma determinada palavra. Exemplo: Parisiense (paris= radical, ense= sufixo, vogal de ligação= i) Outros exemplos: 25 Alv-i-negro, tecn-o-crata, pau-l-eira, cafe-t-eira, inset-i-cida etc. Bem, estudamos então os “pedacinhos”, “elementos” ou “morfemas” que compõem a estrutura das palavras. Sabemos, portanto criar palavras novas (neologismo), obedecendo um padrão linguístico. Vamos criar então uma nova palavra da família dos “pregos”, como: prego, pregão, pregado… Radical: preg Vamos inserir um prefixo que indica algo em conjunto – “co” (Como em “co”ligado, “co”-prprietário, etc…) Prefixo: co Temos: copreg Vamos acrescentar uma Vogal Temática e um morfema de infinitivo (“r”) – (já indicando que queremos criar um “VERBO”). Vogal temática: a Morfema de Infinitivo: r Temos: copregar Nós “copregamos” o quadro. Ou seja: Nós pregamos o quadro conjuntamente. Agora podemos já sair criando palavras e enriquecendo ainda mais a nossa Língua. Alguns Neologismos “pegam”, outros não, em grande partepela facilidade, clareza e beleza da pronúncia. 26 5. LEXICOLOGIA Lexicologia pode ser definida como o estudo dos elementos de formação das palavras, ou parte da Gramática que trata do valor etimológico e das diversas acepções das palavras. Quanto ao valor etimológico pode-se afirmar estar este atrelado à origem da palavra. A constituição desse repertório de palavras da Língua Portuguesa teve em sua fase primitiva como características ser pobre e rude e a partir da arte provençal e o início da literatura o vocabulário amplia-se pela incorporação de vocábulos latinos (Império Romano) e do contato internacional com outros idiomas a partir do séc. XVI. De acordo com a Gramática Histórica usa-se o termo Lexiologia e a Linguística adota Lexicologia. As novas palavras podem formar-se por derivação: processo pelo qual uma nova palavra é formada adicionando-se a uma palavra já existente, um sufixo; ou ainda suprimindo-se ou transferindo-se para outra classe de palavras. A derivação pode ser: Derivação Própria Formação de um novo vocábulo com o auxílio de sufixo, que podem ser nominais e verbais; o único sufixo adverbial que há é "-mente." A- Os sufixos nominais podem ser de origem: LATINA: –aço/-aça que pode exprimir ideia de coleção, capacidade, tendência, grandeza ou em sentido pejorativo, pequenez. Serve para formar tanto substantivos quanto adjetivos. Exemplos: barcaça; mulheraça; ricaço, etc. -acho/-echo/-icho/-ocho/-ucho transmitem ideia depreciativa e entram na formação de substantivos e adjetivos. Exemplos: riacho; pouquecho; rabicho; gorducho; depreciativos: populacho. -alha; indica coleção, quantidade podendo ter sentido pejorativo. Exemplos: muralha; batalha; canalha; gentalha; Pode vir combinado com –ão, formando o sufixo –alhão. Exemplo: bobalhão. -ão associado a temas verbais designa agente: brigão, fujão; a temas nominais designa grandeza: salão; casacão, etc. 27 -dade/-dão: forma substantivos. Exemplos: verdade, lealdade, certidão, etc. -ês/-ense: os adjetivos a partir desses sufixos designam origem, naturalidade e qualidade. Exemplos: português, cearense, etc. -inho/-im/-ino: ideia de diminuição, relação, origem. Exemplo: bolinha, folhetim, matutino, etc. -mento/a: forma substantivos e indica ordem, coleção, instrumento. Exemplo: casamento, ferramenta, etc. -oso: forma adjetivos e expressa abundância, quantidade. Exemplo: invejoso, formoso, etc 28 6. TERMINOLOGIA Terminologia, em sentido amplo, refere-se simplesmente ao uso e estudo de termos, ou seja, especificar as palavras simples e compostas que são geralmente usadas em contextos específicos. Sendo em outras palavras, o estudo dos termos técnicos usados por exemplo em ciências especificas ou artes em geral. Por vezes esta ciência é confundida com a Lexicologia; contudo, a Terminologia se apropria tão somente dos termos técnicos, não aceitando dubiedade na semântica. Terminologia também se refere a uma disciplina mais formal que estuda sistematicamente a rotulação e a designação de conceitos particulares a um ou vários assuntos ou campos de atividade humana, por meio de pesquisa e análise dos termos em contexto, com a finalidade de documentar e promover seu uso correto. Este estudo pode ser limitado a uma língua ou pode cobrir mais de uma língua ao mesmo tempo (terminologia multilíngue, bilíngue, trilíngue etc). Na tradução, a gestão da terminologia é um elemento central de uma boa legibilidade e correção técnica de textos traduzidos. Os tradutores profissionais administram a terminologia na forma de glossários bilíngues, usando ferramentas de controle de qualidade que fazem com que o mesmo termo técnico seja traduzido uniformemente em todo o texto A terminologia, não pode ser identificada apenas como nomenclatura técnico- científica, pois integra a descrição também da prática tecnológica, isto é, da ação sobre as coisas. Não se trata, portanto, de um aspecto puramente linguístico C do signo isolado do referente, no aspecto histórico-conceitual, nem do conceito isolado do signo. A significação integra o processo de comunicação e supõe, segundo Schat, três elementos: 1 – Dois interlocutores; 2 – O objeto, nomeado pelo signo; 3 – O signo, transmissor de informações. Por este esquema, aplicado à terminologia, os interlocutores são os especialistas, o objeto faz parte do domínio do conhecimento, e o signo é uma referência direta. O procedimento de predicação transforma-se sempre em um sintagma, onde o determinante especifica o tipo e a qualidade do determinado: trem-bala; navegação-aérea. Na forma de locução, ela é produto de uma relação predicativa, em que o sintagma 29 é fruto de uma forma transformada da sintaxe do discurso: avião-a-jato; ogiva-nuclear. A unidade-terminológica apresenta traços comuns com o vocabulário geral, com a predicação nominal e a verbal. A homonímia ou a polissemia da unidade terminológica é desfeita pela predicação. A fonte (palavra do vocabulário geral), conforme a predicação, pertence a áreas diversas. Por exemplo, fonte em “fonte-energética”. Segundo Guilbert, o termo especializado neológico procede de um discurso que apresenta e descreve o objeto novo. Ex: aparelho de ar condicionado, ilha energética, avião a jato. As normas de uso de descrição asseguram a melhor utilização possível dos termos para evitar qualquer ambiguidade na comunicação. A sinonímia, através de perífrases e de paráfrases, é parte integrante do discurso técnico ou científico que utiliza descrições e aproximações sucessivas, antes de explicar a denominação. Esse procedimento é a prática corrente enciclopédica dos dicionários técnicos. O objeto ou a experiência serve de proposição de base, e a noção é transmitida de descritores, isto é, segmentos linguísticos que a transmitem a nós. Quando o termo técnico a ser nomeado é importado de outra língua e cultura, surgem os problemas de tradução. Se o termo técnico corresponde, de uma maneira unívoca, a um referente conceptual ou real, pode haver dois tipos de solução: O termo da língua-fonte passa a ser indissociavelmente ligado ao objeto, ou seja, é intraduzível: vídeo-tape, hardware, software; A tradução é feita na língua com termos equivalentes em vista do princípio de univocidade. Ex: airplane / aeroplano; sleeper / dormentes; espaçonave / space ship. Nem sempre, contudo, essa tradução resulta ideal e, por isso, não têm êxito no uso, uma vez que cada denominação é estreitamente ligada ao tipo de estrutura sintática da língua. Ex: decibilímetro. Aspectos neológicos Embora se pense que a ciência e a técnica são os domínios da objetividade, isto nem sempre é verdade. Ambas podem ter, em sua raiz, um viés ideológico. Pesquisas são feitas sempre visando ao interesse dos países dominantes e, assim, os campos técnicos 30 desenvolvidos são os que possam favorecer estes interesses. O levantamento das diversas funções da terminologia permitem a sua dimensão social. A terminologia, denominando o objeto, segundo Guilbert desempenha as seguintes funções: Enumerativa – classificação e nomenclatura; Cognitiva – designação e comunicação; Documentária – enquadramento do termo em determinado domínio; Neológica – realização técnica e científica nova; Jurídica – apropriações e contratos; Publicitária – conquista de clientela; Comunitária – expressão coletiva de acordo com o sistema. A terminologia, assim, não pode estar dissociada das forças produtivas associadas e, dessa forma, não é neutra, pois é elaborada por uma parte menor das forças produtivas: a classe social dominante, os tecnocratas. O signo, isto é, o significante e a sua sintaxe, apoia-se em um conhecimento anterior do conteúdo a ser expresso. Os termos são formados pelos teóricos, utilizando raízes gregas e latinas já conhecidase divulgadas no ramo do saber. O linguista, geralmente, apenas analisa e aprova/desaprova a escolha, examinando as suas repercussões no sistema linguístico. Assim a terminologia entra no domínio da política das línguas nacionais, para definir o limite de tolerância do sistema linguístico e cultural, afim de que se adotem medidas regulamentares e que se evitem atitudes descabidas. A terminologia torna-se, assim, o campo da rivalidade e da dominação política e econômica. Os grandes aliados da dominação são os executivos, pois, para eles, facilita bastante a adoção rápida de novos termos-empréstimos. O uso generalizado de raízes greco-latinas corresponde ao desejo da universalidade na terminologia técnico-científica, porém há sempre a necessidade de tradução e de adaptação na língua-alvo, por mínima que seja. Aspectos lexicográficos A análise das unidades terminológicas tem um carácter binário, isto é, ela se efetua 31 do ponto de vista do significante (forma) e do significado (conceito), por isso inclui as relações palavras/frase/enunciado, língua/pensamento, língua/realidade extralinguística. Assim a terminologia está ligada às seguinte ramificações da linguística: Lexicografia e lexicologia; Semântica; Sociolinguística; Linguística aplicada. Como a terminologia é baseada essencialmente no léxico, criando o léxico especializado – a sua base é a lexicografia. O termo técnico mantém uma ligação real e unívoca com o objeto e, por essa razão, não pode ser descrito e estudado da mesma forma que um termo da língua comum. Assim, a terminologia técnica faz parte do domínio da lexicografia, porém de uma lexicografia diferenciada – “técnica”, por assim dizer. O termo dicionarizado constitui uma unidade léxica extraída do enunciado, podendo ser submetida a uma análise sintática e semântica no discurso onde é usada. Essa análise indica o nível sociolinguístico do eventual emprego. O termo técnico é o suporte da noção que descreve e define na sua totalidade, e tal princípio acarreta consequências, por diferir da descrição do termo comum. A classificação alfabética, usada na lexicografia da língua comum, não pode ser utilizada, pois não tem coerência e não favorece a aproximação de domínios específicos. A entrada não deve se basear no termo, mas no domínio de conhecimento. A descrição do léxico terminológico não visa ao estudo da língua em si, ele é, por definição, especializado num domínio delimitado, cujos termos não podem ser polissêmicos e remeter a vários domínios. A entidade lexical terminológica pode ser constituída por um sintagma mais ou menos desenvolvido e não somente por um termo. O termo técnico-científico – como signo – é acompanhado de uma descrição que tem o duplo aspecto de uma proposição ligada a um termo de compreensão mais ampla e de descrição do objeto com o uso da linguagem comum. Assim, até no tratamento lexicográfico, o termo técnico científico exige uma técnica específica. Aspectos metodológicos 32 Os métodos da terminologia e da lexicografia diferem em alguns pontos, sobretudo no objetivo e na óptica. Enquanto a lexicografia é descritiva, a terminologia é normativa. Na lexicografia terminológica, a tendência é de normatização em todos os aspectos do trabalho, havendo dois tipos de pesquisa: a temática e a pontual. A terminologia pontual tem por fim fornecer respostas de qualidade a questão específicas. A terminologia temática estabelece, de forma exaustiva, o conjunto de termos, noções ou denominações ligadas a um domínio. Na pesquisa terminológica, temos como fases definidas a coleta, o tratamento de dados e a difusão dos termos. Na metodologia da terminologia pontual, cumprem-se as seguintes etapas, fundadas numa terminologia bilíngue. 1 – estabelecimento de um macro contexto; 2 – estabelecimento de um micro contexto; 3 – consulta a um banco de termos; 4 – delimitação mais precisa da noção por meio de análise documentária e consulta especialistas; 5 – estabelecimento de uma equivalência nacional na língua alvo; 6 – estabelecimento de uma equivalência de denominação. Na metodologia da terminologia temática, há dois tipos de ação: A onomasiológica – que cria novas nomenclaturas; A semasiológica – que utiliza métodos lexicográficos e lexicológicos. As etapas do trabalho terminológico temático são as seguintes: Escolha do domínio da língua do trabalho Consulta aos especialistas; Coleta de informação; Expansão da representação do domínio escolhido; 33 Estabelecimento dos limites da pesquisa; Coleta e classificação de termos; Verificação e classificação das duplas – noção/denominação; Trabalhos de apresentação dos dados comprados. A terminologia é uma ciência de bases linguísticas, com características próprias, com finalidades imediatas e práticas. Portanto, constitui um ramo da Linguística que, ligado à política da língua, só pode ser desenvolvida e aplicada com o apoio de organismos públicos que lhe concedem recursos financeiros às pesquisas e trabalhos terminológicos, respaldem e ratifiquem o uso, a implantação e a adoção dos termos levantados. 34 7. ESTILÍSTICA A Estilística se relaciona com a função expressiva, que pretende conferir emoção ao discurso através de recursos como as figuras de linguagem. A Estilística é a parte dos estudos da linguagem que, como o próprio nome denota, preocupa-se com o estilo. Nela, a linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, conferindo à palavra dados emotivos. A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso, no qual podemos observar os processos de manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a mera função de informar. Na Estilística há um interessante contraste entre o emocional e o intelectivo, estabelecendo uma relação de complementaridade entre seu estudo e o estudo da Gramática, que aborda a linguagem de uma maneira mais normativa e sistematizada. Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma linguística, o que não é necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande diferença entre traço estilístico e erro gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma intenção estético-expressiva que justifique o desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma intenção estética, pois configura-se apenas como um desconhecimento das regras. Existem, pois, os seguintes campos da Estilística: Estilística fônica; Estilística morfológica; Estilística sintática; Estilística semântica. Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, a Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando assim a conceptualização e os diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem. A partir da leitura de nossos artigos, você poderá entender quão importante é a Estilística, um recurso amplamente utilizado em diversos gêneros, especialmente na linguagem poética e na linguagem publicitária. 35 8. PRAGMÁTICA Pragmática é parte do ramo da linguística que analisa o uso concreto da linguagem pelos falantes da língua em seus variados contextos. A Pragmática extrapola a significação dada às palavras pela semântica e pela sintaxe, observando o contexto extralinguístico em que estão inscritas; ou seja, ocupa-se da observação dos atos de fala e suas implicações culturais e sociais. Segundo a Pragmática, o sentido de tudo está na utilidade, no efeito prático que os atos de fala podem gerar. Para ela, o que realmente importa é a comunicação e o funcionamento da linguagem entre os usuários, concentrando-se nos processos de inferência pelos quais compreendemos o que está implícito. Observe alguns exemplos: Ex.: 1 Falante 1: - Nossa, as janelas estão todas abertas! Como está frio aqui! Falante 2: - Só um momento,irei fechá-las. Embora o falante 1 não tenha solicitado expressamente que as janelas fossem fechadas, o falante 2 inferiu, através da análise do que foi dito por seu interlocutor, que, para eliminar o frio, deveria fechar as janelas, intenção implícita no discurso do falante 1. Ex.: 2 Falante 1: - O ambiente ficou muito escuro depois que as persianas foram fechadas. Falante 2: - Vou abri-las novamente. Conforme você viu, mesmo que o falante 1 não tenha expressado formalmente que gostaria que as persianas fossem abertas, o falante 2 inferiu, através da análise do contexto comunicacional, que, para eliminar a escuridão do ambiente, as persianas deveriam ser abertas, intenção pretendida implicitamente pelo falante 1. Segundo a Pragmática, o contexto no qual a comunicação está inscrita é essencial para a compreensão do enunciado emitido. Claro que, quanto maior o domínio da linguagem, maior será a capacidade do falante de compreender enunciados implícitos. Nos exemplos utilizados acima, houve pedidos por parte de dois dos falantes, e, como regra constitutiva, 36 os ouvintes disponibilizaram-se a executar aquilo que foi solicitado. A palavra pragmática, linguisticamente diz respeito ao estudo da linguagem do ponto de vista de seus usuários, analisando as escolhas lexicais feitas, as restrições encontradas no uso da linguagem em determinadas interações sociais e, principalmente, os efeitos que o uso da linguagem tem sobre os outros participantes no ato da comunicação. A Pragmática pode, então, ser considerada o ponto de convergência entre o uso linguístico e o uso comunicativo, comprovando a intrínseca relação entre a linguagem e a situação comunicativa em que ela está sendo empregada. 37 9. SEMÂNTICA Semântica (do grego σημαντικός, sēmantiká, plural neutro de sēmantikós, derivado de sema, sinal) é o estudo do significado e da interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico. A semântica é o estudo dos significados, não só da palavra, mas das orações, frases, símbolos e imagens, entre outros significantes. Esse estudo da gramática está muito associado com a sintaxe. A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo é expresso (por exemplo, as relações entre predicados e seus argumentos). Caso seja feita alguma alteração na base sintática, uma alteração de pontuação ou de palavras, o significado de toda a frase muda, mas também pode acontecer de o significado de apenas uma palavra mudar. Dependendo da concepção de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica cognitiva, descrevem o mesmo fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. Pode-se exemplificar isso pelo desenho de uma cadeira. A sintaxe seria o desenho em si, a semântica é o significado que aquele desenho traz: uma cadeira. Se fizermos qualquer alteração no desenho, o significado da cadeira pode mudar. Se apagamos o encosto do desenho da cadeira o significado muda, aquilo não é mais uma cadeira, e sim um banco. O processo de significação é o que possibilita a comunicação. Não adianta apenas ter a forma e a estrutura das palavras e frases, é preciso saber os significados delas para que o receptor da mensagem a compreenda com perfeição. A sintaxe e a semântica são usadas em níveis mais específicos para a criação artística e publicitária. O autor pensa nos significados que quer transmitir, depois busca a melhor maneira e quais ou melhores elementos para fazer com que essa mensagem seja entendida. No estudo da gramática relacionado ao significado das palavras e frases, é preciso levar em consideração três aspectos: sinonímia, antonímia e homonímia. 38 Sinônimos e Antônimos Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em consideração a sinonímia e a antonímia. Sinonímia e a antonímia são aspectos muito importantes na hora de se estudar os significados de uma palavra ou frase. Sinonímia é a relação entre dois ou mais significantes que possuem o mesmo significado, ou seja, sinônimos são palavras diferentes que possuem o mesmo sentido. Antônia é a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os antônimos: Exemplos. Economizar - gastar / Bem - mal / Bom – ruim. Sinônimos são dois significantes que possuem significados opostos. Palavras que se contradizem são antônimas entre si. Exemplos: “Morto” e “falecido” são sinônimos, pois ambos os termos têm o mesmo significado. “Bondoso” e “malvado” são antônimos, pois seus significados se opõem. Homônimos e Polissemia A homonímia é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, ou seja, os homônimos. A homonímia é um aspecto muito importante e variado na gramática portuguesa, pois além de contemplar a escrita, também traz aspectos da sonoridade das palavras. Os homônimos são significantes parecidos que possuem significados diferentes, ou seja, palavras parecidas ou iguais na pronúncia, escrita ou nas duas coisas, mas com significados divergentes. Normalmente os homônimos são generalizados como polissêmicos, mas a polissemia tem leves diferenças dos homônimos. A lista abaixo traz os definições e exemplos de tipos homônimos e de polissemia. Homógrafas: São palavras homônimas que possuem a escrita igual, mas são diferentes na pronúncia. Exemplo: Em “eu almoço tarde” e “o almoço está pronto”, a palavra “almoço” (verbo) e “almoço” (substantivo) tem a mesma grafia, mas não é pronunciada da mesma maneira. Homófonas: São palavras homônimas que possuem a pronúncia igual, mas distinguem-se na grafia. Exemplo: “Cinto” (substantivo) e “sinto” (verbo) possuem a mesma 39 oralidade, mas a escrita é diferente. Perfeitas: São palavras homônimas que tanto são homógrafas quanto homófonas. Exemplo: “cedo” (do verbo ceder) e “cedo” (advérbio de tempo) são escritas e pronunciadas igualmente, mas não têm o mesmo significado. Paronímia: Palavras com grafia diferente, mas pronúncia muito parecida. Exemplo: “descriminar” e “discriminar” têm pronúncias muito próximas, mas a primeira palavra significa “tirar a culpa”, a segunda quer dizer “diferenciar”. Polissemia: Ocorre quando uma mesma palavra tem mais de um significado. Exemplo: A palavra “graça” em “fez uma graça” e em “é de graça” tem significados diferentes em cada uma dessas frases. Na primeira remete a algo engraçado; na segunda, a algo que não tem custo, que é gratuito. Hiperônimo e Hipônimo Os hiperônimos e hipônimos são como um conjunto e seus elementos da matemática. Os hiperônimos são palavras que têm sentindo mais abrangente, como um conjunto que agrupa os seus elementos. Os hipônimos, por outro lado, são como os elementos que estão dentro deste conjunto, são palavras com um significado mais específicos. Ambos são termos da semântica moderna, e são importantes, por exemplo, para que evitemos repetições excessivas num texto ou mesmo na fala. Exemplo: A palavra “automóvel” é o hiperônimo de “carro”, “moto” e “caminhão”. As palavras “barata”, “mosca” e “besouro” são hipônimos de “inseto”. Conotação e Denotação: Conotação: é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado) quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto frásico em que aparece. Quando se refere a sentidos,associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. 40 A conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da mensagem, através da expressividade e afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: Você é o meu sol! Minha vida é um mar de tristezas. Denotação: é o uso da palavra com o seu sentido original. Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal) quando apresenta seu significado original, independentemente do contexto frásico em que aparece. Quando se refere ao seu significado mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra. A denotação tem como finalidade informar o receptor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo assim um caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos científicos, entre outros. Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. A construção de um muro de pedras. 41 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ARAÚJO, Luciana Kuchenbecker. "Sílabas"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/silabas.htm>. Acesso em 15 de junho de 2018. BARROS, L. A. Curso básico de Terminologia. 2002. ISQUIERDO, A.N.; KRIEGER, M. G. (Orgs). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminologia. Campo Grande: Editora UFMS, 2004. KRIEGER, Maria da Graça; FINATTO, Maria José B. Introdução à Terminologia. São Paulo: Contexto, 2004. 223 p Bizzochi, Aldo (Setembro de 2000). «Fantástico Mundo da Linguagem» (PDF). Ciência Hoje. 28 (164): 38-45 Borba, Francisco S. (1975). Introdução aos Estudos Linguísticos. São Paulo: Companhia Editora Nacional. p. 251 CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Estrutura da Língua Portuguesa. – 8. ed., – Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1977 CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. – 1. Ed., 4ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016 Cortez, Yves (2007). Le français ne vient pas du latin. Paris: Editions L'harmattan COUTINHO, I. de L. Pontos de Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1974. Crystal, David (1985). Dicionário de Linguística e Fonética. [S.l.]: Jorge Zahar. ISBN 85- 7110-025-X CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Fauconnier, Gilles; Turner, Mark (2002). 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TERMINOLOGIA 7. ESTILÍSTICA 8. PRAGMÁTICA 9. SEMÂNTICA REFERÊNCIAS CONSULTADAS
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