Buscar

LIVRO- Economia Introdutória princípios de Economia e de análise de conjuntura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ECONOMIA INTRODUTÓRIA: PRINCÍPIOS DE ECONOMIA E DE ANÁLISE
DE CONJUNTURA
ANDRÉ FILIPE ZAGO DE AZEVEDO
ANGÉLICA MASSUQUETTI
GISELE SPRICIGO (org.)
MÁRCIO ELOIR SCHWEIG
RAQUEL NEGRISOLI FERNANDEZ CABRAL (org.)
SÉRGIO LEUSIN JÚNIOR
TIAGO WICKSTROM ALVES
2ª edição
Editora Unisinos, 2016
SUMÁRIO
Apresentação
Capítulo 1 – Princípios básicos de economia
Capítulo 2 – Conceitos fundamentais de microeconomia
Capítulo 3 – Noções de macroeconomia e teorias do comércio internacional
Capítulo 4 – Aplicação dos conteúdos estudados – Uma breve análise da atual
conjuntura econômica
Sobre os autores
Informações técnicas
APRESENTAÇÃO
O presente livro é uma obra de introdução às Ciências Econômicas.
Adicionalmente, o texto trabalhará com a aplicação da economia, com exemplos da
economia brasileira e internacional. O livro aplica-se às atividades acadêmicas da área
temática da Economia, em diversos cursos de graduação do ensino superior. Assim
sendo, o l ivro primeiramente trabalhará com conceitos básicos de economia. Logo
após, conceitos fundamentais de microeconomia e de macroeconomia. Ao final,
buscar-se-á a aplicação dos conteúdos estudados, através de uma breve análise da
atual conjuntura econômica. Seguindo essa ordem, o l ivro tem como objetivo discutir
os pontos a seguir l istados, de acordo com os capítulos que se seguem:
Temática a ser desenv olv ida no
Capítulo:
Princípios básicos de economia 1
Noções de microeconomia 2
Noções de macroeconomia e teorias do comércio internacional 3
Aplicação dos conteúdos estudados – uma breve análise da atual
conjuntura econômica
4
É importante destacar o objetivo do presente texto. Como trata-se de um livro de
introdução às Ciências Econômicas, o mesmo trabalhará com muito conceitos, tais
como demanda, oferta e equilíbrio de mercado. O importante é entender esses
conceitos e não apenas decorá-los. Isso porque as Ciências Econômicas acabam
fazendo parte da vida de todas as pessoas, tantos as pessoas físicas (indivíduos) como
as pessoas jurídicas (organizações, empresas, instituições etc.). O princípio disso, pode-
se dizer, está no fato de os indivíduos terem necessidades. Em outras palavras, todas as
pessoas precisam se alimentar e precisam de bens e serviços (dos mais variados) para
suprir as suas necessidades. Esses bens e esses serviços são, na maioria dos casos,
ofertados (oferecidos) pelas pessoas jurídicas. Com essa breve explicação, pode-se
perceber que as pessoas físicas têm demandas e as pessoas jurídicas ofertam bens e
serviços. Essa troca, na economia de mercado da qual fazemos parte, ocorre através da
compra e da venda de bens e serviços. Isso ocorre a todo o momento, em todos os
lugares do mundo e com todas as pessoas. Dessa forma, o presente texto irá trazer os
conceitos econômicos que deverão ser uma base calcificada de conhecimento para
atividades futuras, tendo as Ciências Econômicas como instrumento estratégico. Após
essa breve introdução, vale destacar algumas considerações sobre o por quê de se
estudar economia:
entender como funcionam os fluxos de recursos entre pessoas físicas e jurídicas,
dentro do sistema capitalista de mercado;
compreender sobre como as pessoas físicas fazem escolhas e os motivos que
levam a termos diferentes tipos de consumidores, com diferentes
comportamentos, na sociedade;
identificar e analisar uma série de indicadores e informações que sirvam de
base para a tomada de decisão, tanto nos investimentos pessoais como nas
organizações, e, ainda, entender o processo de alocação de recursos nas
organizações;
ler e fazer uso das informações sobre economia que aparecem nos meios de
comunicação todos os dias. Na maior parte dos dias da semana, a manchete
dos jornais versa sobre economia;
compreender e disseminar do papel do Estado enquanto regulador e
organizador das atividades econômicas;
entender e visualizar as perspectivas econômicas no Brasil e
internacionalmente, compreendendo as relações econômico-financeiras entre
os países;
compreender o papel da economia na sociedade, apresentando os seus
conceitos básicos e medidas de variáveis econômicas;
compreender as diferentes estruturas de mercado e a sua influência no âmbito
das organizações.
Dessa forma, essas são algumas razões práticas para demonstrar a importância do
estudo da economia, nas mais diversas áreas. A seguir, uma breve apresentação de
cada capítulo.
O primeiro capítulo busca apresentar os principais conceitos de economia,
começando, principalmente, pelo entendimento do que significam as Ciências
Econômicas. Também são apresentados os conceitos de tipos de bens, de macro e de
microeconomia e, por fim, alguns princípios básicos para se estudar economia e para se
entender como as pessoas tomam as decisões: Princípio 01: pessoas enfrentam
tradeoffs. Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la.
Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem. Princípio 04: pessoas respondem a
incentivos.
O segundo capítulo versa sobre noções de microeconomia. A microeconomia
ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias,
consumidores e empresas. Considera-se assim, essas unidades econômicas como se
fossem unidades individuais. Dessa forma, trabalhar-se-á com conceitos fundamentais
de microeconomia; equilíbrio; as tarefas do sistema econômico; fluxos econômicos; os
mercados de (a) fatores e de bens e serviços, (b) fatores de produção, (c) bens e serviços
de consumo; (d) mercado financeiro; curvas de possibil idade de produção; rendimentos
decrescentes e os custos sociais crescentes; fundamentos de oferta e demanda e, ainda,
elasticidade. Também serão trabalhadas: a Teoria da Produção, incluindo custos de
produção, e as estruturas de mercado.
A microeconomia e a macroeconomia compõem as duas grandes áreas do
estudo da Economia. A macroeconomia, que será abordada no terceiro capítulo, se
difere da microeconomia principalmente pelo uso da soma das variáveis econômicas
individuais para obter dados agregados da economia. Assim, o uso do agregado e o
foco nas variáveis agregadas como consumo agregado, investimento agregado e
produto agregado são determinantes no estudo da macroeconomia. Desta forma, as
análises macroeconômicas util izam instrumentos teóricos e empíricos para monitorar a
economia, realizar previsões econômicas, auxil iar na elaboração de políticas públicas,
além de buscar entender a estrutura da economia em geral.
Por fim, o quarto e último capítulo tem o objetivo de definir, qualificar e
quantificar os principais indicadores econômicos do país. Reconhecidamente, tais
indicadores são fundamentais tanto para propiciar uma melhor compreensão da
situação presente e o delineamento das tendências de curto prazo da economia quanto
para subsidiar o processo decisório. O capítulo trabalhou com os agrupamentos mais
convencionais dos diferentes indicadores e sempre que possível, especificou, para cada
um deles, aspectos como conceito, finalidade, metodologia de determinação e
instituição produtora.
Vale destacar que ao final de cada capítulo tem-se alguns itens adicionais, tais
como: indicação de sites, sugestões de leitura complementar, as referências uti l izadas
ao longo do texto, bem como o(s) autor(es) de cada capítulo. A seguir, será apresentado
o minicurrículo dos autores, e logo após será dada sequência aos capítulos.
Boa leitura!
Gisele Spricigo
CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECONOMIA
Gisele Spricigo
Raquel Negrisoli Fernandez Cabral
Sérgio Leusin Júnior
O capítulo apresenta os principais conceitos de economia, começando, principalmente, pelo entendimento do que
significam as Ciências Econômicas. Também são apresentados os conceitos de tipos de bens, de macro e de
microeconomia e, por fim, alguns princípios básicos para se estudar economia e para se entender como as pessoas tomam
as decisões: Princípio 01: pessoas enfrentam tradeoffs. Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para
obtê-la. Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem. Princípio 04: pessoas respondema incentivos.
1.1 Introdução
Para a compreensão dos fatos econômicos, é necessário ter o conhecimento dos
fundamentos básicos que regem a ciência econômica. Por mais que o estudo da
economia seja multifacetado, existe uma série de ideias centrais que abrangem todo o
escopo desta ciência. Estas ideias aparecerão de forma recorrente ao se analisar os
problemas econômicos e devem ser internalizadas pelo estudante de economia.
Porém, antes de iniciarmos nos conceitos propriamente, cabe reconhecer: o que
é economia? Abaixo, tem-se um conceito bastante completo:
A economia é uma ciência social que estuda como os indivíduos e a sociedade
decidem (ou escolhem) empregar os recursos produtivos escassos na produção de bens
e serviços, de modo a distribuí-los entre várias pessoas e grupos de sociedades, a fim de
satisfazer as necessidades humanas (VASCONCELLOS; GARCIA, 1998).
Esse conceito pode ser explicado parte a parte, como será feito a seguir:
a economia é uma ciência social. Dentro das grandes áreas do conhecimento,
as Ciências Econômicas fazem parte das Ciências Sociais Aplicadas;
os indivíduos e a sociedade, a todo momento, em todos os lugares, está
fazendo escolhas sobre o que comprar, onde investir etc.;
essas escolhas estão pautadas pelas necessidades humanas;
os recursos são escassos, e não abundantes, como será visto a seguir, na Lei da
Escassez.
A economia pode ser entendida em duas grandes áreas. A microeconomia ocupa-
se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias,
consumidores e empresas. Considera-se, assim, essas unidades econômicas como se
fossem unidades individuais. Já a macroeconomia estuda o funcionamento da
economia como um todo, ou seja, ocupa-se do comportamento global do sistema
econômico.
A partir dessa breve introdução, destacam-se os elementos que são objetos de
estudo das Ciências Econômicas. Esses elementos serão abordados, analisados e
muitas vezes citados ao longo de todo o livro. São eles:
escolha;
escassez;
necessidades;
recursos;
produção;
distribuição.
Ao longo do texto, também serão mencionados, diversas vezes, bens e serviços.
É importante entender a que bens e serviços são todos aqueles criados para satisfazer
as necessidades. Os bens podem ser tocados, analisados, esquematizados e contados.
Os serviços não podem ser tocados nem estocados pois são intangíveis, ou seja, eles
existem quando são produzidos. Tem-se os seguintes tipos de bens:
Segundo seu caráter:
Bens livres: são il imitados em quantidade ou muito abundantes. Não se pode
apropriá-los, como o ar, o calor, o sol, a chuva etc.
Bens econômicos: são bens escassos em quantidade, dada sua procura, e
apropriáveis. Os bens econômicos têm valor monetário. Quase todos os bens são bens
econômicos.
Segundo sua natureza:
Bens de capital
São aqueles uti l izados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam
quando util izados (com exceção da depreciação), como, por exemplo, uma máquina
ou uma impressora.
Bem de consumo
Atende às necessidades humanas. São classificados em bens duráveis (móveis,
por exemplo) e não-duráveis (alimentos, por exemplo).
Segundo sua função:
Bem intermediário
São aqueles agregados ou transformados na produção de outros bens e que são
consumidos totalmente durante o processo produtivo. Por exemplo: cola no calçado.
Bem final
São aqueles vendidos para consumo e/ou para uti l ização final. Exemplo:
calçado.
E ainda: bens privados, que são produzidos e possuídos privadamente. Bens
públicos são aqueles cujo consumo é feito por vários indivíduos ao mesmo tempo (por
exemplo, um parque).
1.2 A lei da escassez
A palavra economia deriva do termo grego oikos que significa lar, podendo ser
interpretado como o estudo do lar, ou ainda, o estudo do ambiente, que inclui todos os
fatores que afetam a vida dos organismos que de alguma forma interagem nesse
ambiente. Deve-se ter em mente a diferença entre o termo casa, que diz respeito à
parte física da moradia, e o termo lar, que é mais amplo e trata de questões
relacionadas à qualidade do convívio e sobrevivência das pessoas ou organismos que
compõem este lar. Desta forma, pode-se definir a ciência econômica como a ciência
que busca compreender e encontrar soluções para problemas originados da interação
entre estes organismos que constituem o ambiente ou lar.
Este ambiente, de maneira ampla, pode ser compreendido como um composto
social formado por famílias, empresas e governo. É importante lembrar que os
problemas deste composto social são problemas originados por pessoas e que irão
afetar exclusivamente a vida de pessoas. Assim, ao resolver um problema econômico,
se está resolvendo um problema na vida das pessoas.
Os problemas originados da interação entre estes agentes são em função de um
princípio humano fundamental: os indivíduos têm desejos e necessidades il imitadas1
(prazer, felicidade, amor, saúde etc.) e a natureza tem recursos disponíveis para suprir
estas necessidades de maneira l imitada (água, matérias-primas etc.). Neste ponto entra
em cena talvez o principal problema econômico: a escassez. Assim, pode-se dizer que
economia é o estudo da forma como as sociedades util izam seus recursos escassos para
produzir bens e de como serão distribuídos estes bens entre os vários indivíduos.
A interação entre as duas forças que geram os problemas econômicos (desejos
il imitados versus recursos limitados) é regida por um ser humano muitas vezes definido
por economistas da Escola Clássica de Economia como o Homo Economicos ou Homem
Econômico. Esta categoria de indivíduo é definida como um homem perfeitamente
racional e capaz de fundamentar suas decisões exclusivamente por razões econômicas,
preocupando-se em obter o máximo de benefício com o mínimo de sacrifício de modo
imediato. Ele agiria racionalmente no sentido de maximizar sua riqueza e assim
introduzir novos métodos produtivos para enfrentar a concorrência no mercado
(SANDRONI, 1999). Na figura 1 é mostrado de forma sintetizada o objeto de estudo da
Economia.
Figura 1 – A origem dos problemas.
Fonte: SANDRONI, 1999. Elaboração própria dos autores.
Em síntese, o estudo da economia diz respeito à maneira como grupos de
pessoas interagem entre si enquanto realizam suas atividades cotidianas. Desta forma,
o comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que a compõem,
e este fato torna de fundamental importância conhecer os princípios que definem as
tomadas de decisão individuais. Estas decisões precisam ser feitas tendo em vista que
os recursos são escassos, o que torna impossível atender a todas as necessidades
humanas. Portanto, a sociedade precisa fazer suas escolhas, assim como os indivíduos
no seu dia-a-dia.
1.3 Princípios da Tomada de Decisão Indiv idual
Uma importante contribuição para a compreensão dos princípios fundamentais
de economia foi realizada por Mankiw (2001) ao sistematizar a maneira como são
solucionados os problemas originados em função da escassez dos recursos. 
Como as pessoas tomam decisões:
Princípio 01: pessoas enfrentam tradeoffs;
Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la;
Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem;
Princípio 04: pessoas respondem a incentivos.
Princípio n° 1: pessoas enfrentam tradeoffs
Em Economia, tradeoff significa uma situação de escolha conflitante que é
ocasionada em função da escassez de recursos. Um exemplo de recurso escasso é
o tempo. O estudante desta disciplina, por exemplo, tem tempo limitado para a
realização de todas as tarefas que gostaria de fazer. Provavelmente seja mais
agradável passar os dias na beira de um rio pescando do que estudando em seu
quarto, contudo a vida exige mais do que isso e algumas horas de estudo serão
necessárias para o seu crescimento profissional. Portanto, para um aluno tirar boas
notas, ele terá de abdicar algumas horas de suas atividades de recreação para
dedicar-se aos estudos. Assim, um estudante, ao decidir entre estudos ou lazer, está
enfrentando um tradeoff, pois não pode realizar asduas tarefas ao mesmo tempo.
Desta forma, mais horas de lazer consequentemente implicam em menos horas de
estudo. 
Princípio n° 02: O custo de alguma coisa é o que v ocê desiste para obtê-la
O princípio n° 1 gera um desdobramento, pois existirá um custo caso o aluno
decida passar todas as horas disponíveis do seu dia pescando à beira de um rio ao
invés de estudar para as provas, e este custo provavelmente será uma nota baixa
na avaliação. Ou seja, o custo de alguma coisa, ou o custo de uma decisão, é o
custo do que se abre mão para poder obtê-la. Esta frase pode ser reescrita da
seguinte maneira: para quase todas as decisões tomadas existe um bônus, mas
também um ônus. Ou ainda: independentemente da opção escolhida, existirá um
custo e um benefício em função desta decisão. Em Economia, este princípio é
muito uti l izado e talvez seja um dos mais importantes. Ele é chamado de custo de
oportunidade.
Um exemplo clássico de custo de oportunidade, que é seguidamente
util izado em planos de negócios, é a ponderação da realização ou não de um
investimento empresarial. O empresário pode perguntar-se qual será a renda que
ele irá acrescentar ao seu faturamento ao realizar um investimento de R$
15.000,00 (quinze mil reais) na sua empresa, por exemplo. Ele terá no mínimo
duas opções para avaliar: uma opção seria depositar este valor em uma conta
poupança, por exemplo, na qual ele terá um determinado rendimento; a outra
opção seria ele investir na empresa comprando ou renovando as máquinas para a
produção de mercadorias. Caso o rendimento gerado pelo investimento na
empresa for menor que o rendimento da poupança, é provável que ele escolha
depositar este valor na poupança e, desta forma, não realizar o investimento na
empresa. Assim, o rendimento da poupança é o custo de oportunidade de investir
este valor na empresa.
Princípio n° 03: Pessoas racionais pensam na margem
Provavelmente o aluno pescador, citado nos princípios anteriores, não irá
nem decidir passar todas as horas do seu dia pescando, nem ocupar todo o seu dia
estudando. Com certeza ele irá ponderar o benefício de mais uma hora de estudo
ou mais uma hora de pescaria. Ele não será radical ao ponto de escolher ficar o
resto de sua vida só pescando ou só estudando. É provável que este aluno busque
avaliar qual o benefício de algumas horas adicionais de estudo para sua vida
acadêmica, assim como avaliar qual o ganho de algumas horas adicionais de
pescaria na sua qualidade de vida. Desta forma, pode-se afirmar que em muitos
casos as pessoas tomam as melhores decisões quando pensam na margem,
determinando o quanto a mais de esforço é preciso despender para se obter
maiores benefícios.
Princípio n° 04: pessoas respondem a incentiv os
Imagine que o preço da carne tenha disparado nos supermercados e que o
aluno do exemplo seja um bom pescador. Mesmo considerando sua pescaria como
uma atividade recreativa, de certa forma este aluno está colaborando com sua
família ao levar peixes para serem consumidos no almoço. Assim, a elevação do
preço da carne acaba por incentivar para que o mesmo continue pescando, ou até
mesmo aumente o número de horas que se dedica a esta atividade e
consequentemente reduza suas horas de estudo. A principal l ição que deve ser
internalizada deste princípio é que novos acontecimentos podem fazer com que as
pessoas reavaliem suas escolhas, começando pelo princípio 1 (pessoas enfrentam
tradeoffs), passando para uma reavaliação do custo de oportunidade (princípio 2 -
quanto será perdido ao optar entre duas alternativas conflitantes) e, finalmente,
verificando quanto a mais se obterá da alternativa a ao abrir mão de certa quantia
da opção b (princípio 3 – pessoas racionais pensam na margem)
É facilmente percebido nas sociedades o equivocado conceito de que é possível
viver sem a ajuda de outros ou sem a interação entre as pessoas. Todas as pessoas
(países) do mundo precisam da ajuda de outras pessoas (países) para sobreviver, por
mais rica que seja esta pessoa ou país. Quando você acorda pela manhã,
provavelmente um celular com tecnologia importada do Oriente te desperta. Ao sentar-
se à mesa do café, irá consumir frutas que foram colhidas por pessoas; e ao se deslocar
para o seu trabalho ou escola, alguém tornou possível o seu transporte, seja o governo
municipal que lhe forneceu as vias públicas municipais, seja o frentista que abasteceu
seu carro ou o motorista do seu ônibus. Assim, acreditar na ideia de vida isolada ou
independente dos outros é i lusão. A primeira l ição que um indivíduo precisa
internalizar para compreender os fatos econômicos é acreditar que não é possível o
convívio isoladamente. Seja uma pessoa, cidade ou país, todos necessitam da ajuda
de outros.
Com a ajuda destes conceitos básicos, será possível compreender a maneira
particular como os problemas econômicos são tratados e como se deve pensar para
resolvê-los. O economista sempre deve analisar as alternativas disponíveis, verificar o(s)
custo(s) (e não só os benefícios) originado(s) das decisões tomadas, assim como buscar
entender como os eventos estão relacionados. A Economia é uma ciência como todas
as outras, contudo possui elementos das ciências exatas e humanas, e o seu laboratório
é a vida real. Desta forma, o economista nunca deve descuidar do seu objeto principal,
que é a busca pelo bem-estar das sociedades.
1.4 Indicação de Sites
Site Oficial do Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br
Site Oficial do Ministério da Fazenda (Brasil): www.fazenda.gov.br
1.5 Conceitos Importantes
Termos Básicos
Escassez Homo Econômicos
tradeoffs Custo de oportunidade
Tipos de bens
REFERÊNCIAS
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2001.
MOCHÓN, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio (org.). Manual de economia:
equipe dos professores da USP, 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
MANKIW, N. GREGORY. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2005.
MANKIW N. G. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. 1 ed.
Rio de Janeiro: Campus, 1999.
PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. São Paulo:
Pioneira, 1999.
VASCONCELOS, M. A. S. Economia micro e macro. São Paulo: Atlas, 2001.
VASCONCELLOS, M. A.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo:
http://www.bcb.gov.br
http://www.fazenda.gov.br
Saraiva, 1998.
VASCONCELLOS, M. A.; TROSTER R. L. Economia básica. 4. ed. São Paulo: Atlas,
1998.
WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.
__________
1 Os desejos humanos ou necessidades humanas, de acordo com a pirâmide de Maslow, começam com as funções
biológicas e fisiológicas básicas como alimentação, conforto físico, descanso, lazer, etc., que ao serem supridos fazem
originar desejos mais complexos como autonomia, identidade, estabilidade, aceitação entre seus pares entre outros.
CAPÍTULO 2
CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE MICROECONOMIA
Gisele Spricigo
Márcio Eloir Schweig
Raquel Negrisoli Fernandez Cabral
Tiago Wickstrom Alves
A microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias, consumidores e
empresas. Considera-se assim essas unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Dessa forma, trabalhar-
se-á com conceitos fundamentais de microeconomia; equilíbrio; as tarefas do sistema econômico; fluxos econômicos; os
mercados de (a) fatores e de bens e serviços; (b) fatores de produção; (c) bens e serviços de consumo; (d) mercado
financeiro; curvas de possibilidade de produção; rendimentos decrescentes e os custos sociais crescentes; fundamentos de
oferta e demanda e, ainda, elasticidade. A teoria da produção e custos de produção será abordada, com vistas a ampliar a
magnitude de ganhos para as empresas. Também, ao final, definem-se as estruturas de mercado e visualizam-se as
barreiras à entrada em novos mercados.2.1 Introdução à Microeconomia
A teoria microeconômica estuda o comportamento dos agentes econômicos
individuais, isto é, das decisões dos indivíduos como consumidores, como proprietário
dos fatores de produção, e das suas decisões como proprietário das firmas.
É comum encontrar a expressão comportamento da firma nos livros de economia.
Esta é uti l izada para expressar o comportamento dos empresários quando atuam no
mercado. Da mesma forma, tem-se a expressão comportamento do consumidor, que
abarca um amplo leque temas econômicos relacionados ao comportamento dos
agentes enquanto consumidores, por exemplo: racionalidade econômica, teoria dos
incentivos, informação, entre outros.
Assim, a microeconomia é o ramo das ciências econômicas que busca explicar o
comportamento dos consumidores e das firmas no mercado. Desta forma, ela analisa
também a estrutura de mercado, como a formação de cartéis, monopólios e o
comportamento destes.
2.3 Equilíbrio
O conceito de equilíbrio é um dos mais importantes em análise econômica. A
expressão equilíbrio significa uma posição onde as forças se anulam e, em caso de
qualquer alteração, as forças de mercado restabelecerão o equilíbrio. Na figura 2, tem-
se um pêndulo que ajuda a compreender a noção de equilíbrio. Em qualquer posição
que soltarmos o pêndulo, como na posição A, por exemplo, ele oscilará e movimentos
cada vez menores e acabará na posição de equilíbrio E. Assim é a ideia de equilíbrio
muitas vezes discutida em microeconomia: sabe-se posição do mercado, e caso
determinada alteração ocorra, pode-se prever o que irá ocorrer, mas o tempo e os
movimentos intermediários não são discutidos. Assim como expresso no exemplo do
pêndulo, não se explicita quantos movimentos e em que tempo se obterá a posição
estática E, mas sabe-se que lá será o equilíbrio. Essa é a definição de equilíbrio
estático analisado em economia.
Figura 2 – Equilíbrio.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
2.3 As Tarefas do Sistema Econômico
A economia é, em última análise, a ciência da escassez, pois ela tenta suprir
necessidades il imitadas dos seres humanos com recursos produtivos limitados. Logo, ela
dedica-se a como maximizar a satisfação dos consumidores, dada a limitação de renda,
e a maximização do lucro dos produtores, dada a limitação de insumos e preço dos
fatores de produção.
Como as necessidades humanas têm que ser satisfeitas com uma limitada
quantidade de recursos, uma função primordial da economia é estabelecer a melhor
combinação dos recursos disponíveis para atender essas necessidades, que são
divididas em três categorias: primárias, secundárias e coletivas.
a. Necessidades primárias: são aquelas essenciais à sobrevivência humana. Isto
é, são necessidades comuns a todas as pessoas, que são alimentação, saúde,
habitação e transporte, entre outras.
b. Necessidades secundárias: são aquelas que aparecem à medida que ocorre
o crescimento econômico. Ao contrário das primárias, não se instalam
repentinamente, pois levam algum tempo para se incorporarem aos hábitos.
Tais necessidades são também chamadas de supérfluas e tendem a serem
consideradas essenciais na medida em que passam a fazer parte da cesta de
consumo dos indivíduos como, por exemplo, telefone celular.
c. Necessidades coletivas: são aquelas que surgem da necessidade concernente
à socialização dos indivíduos, necessitando, assim, de serviços que muitas
vezes são coletivos. Exemplo desses são: manutenção da ordem pública, os
serviços de água, luz e telefone, a construção e manutenção de estradas etc.
PRIMÁRIAS SECUNDÁRIAS COLETIVAS
Alimentação
Saúde
Habitação
Transporte
Supérfluas Serviços Públicos
Dessa forma, o sistema econômico tem como tarefas atender essas necessidades.
Logo, o problema econômico pode ser resumido em três questões:
o que produzir?
quanto produzir?
como produzir?
Estas questões abrangem praticamente todo o campo de Análise Econômica.
Deve-se ressaltar que toda decisão econômica que seja realizada em uma
economia com uma certa quantidade de habitantes, um certo grau de tecnologia,
determinado número de fábricas e ferramentas e determinada quantidade de terra,
potência energética e recursos naturais, ao decidir o que, quanto e como, estará de fato
decidindo para quem produzir com os recursos existentes.
2.4 Fluxos Econômicos
Um sistema econômico tem seu funcionamento embasado na util ização de seus
recursos disponíveis para produção de um conjunto de bens e serviços que serão
util izados por outras unidades produtoras ou colocados à disposição dos consumidores
finais para satisfação de suas necessidades. A geração dessa produção é realizada
basicamente através dos seguintes recursos:
terra (recursos naturais);
trabalho;
capital;
tecnologia.
Assim, a natureza constitui-se no primeiro fator de produção. São as matérias
primas de muitos setores industriais na produção de novos bens, além de recursos
energéticos como hidrográficos, petróleo, gás etc. Esses recursos são denominados de
Terra ou Recursos Naturais em economia.
O trabalho refere-se ao emprego de mão-de-obra util izado na produção de bens
e serviços.
O capital compreende o conjunto e fábricas, estradas, máquinas, equipamentos
e instalações, assim como o conhecimento tecnológico da sociedade. Na atualidade, o
fator capital humano passou a ser mais relevante que o capital físico e tem sido objeto
de estudo em muitas áreas das ciências sociais.
Dado que a produção de bens e serviços é orientada pelas necessidades
humanas e exige a uti l ização de fatores de produção, então, pode-se representar o
fluxo destes recursos e produtos através do que se denomina de fluxo circular da
economia. Esses fluxos econômicos correspondem a um fluxo real (de bens e serviços) e
um fluxo monetário, que representa a contrapartida, em valor, dos bens, serviços e
fatores uti l izados na economia por um intervalo de tempo. A figura 3 exemplifica esse
fluxo.
Figura 3 – Fluxo Circular em uma Economia a Dois Setores.
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
Os Mercados de Fatores e de Bens e Serviços
Um mercado é o lugar onde compradores e vendedores encontram-se para
comprar e vender seus recursos, bens e serviços. De outra forma, o mercado é onde
vendedores e compradores, por meio de suas interações reais ou potenciais, definem
preços. No passado, o termo referia-se a uma localização geográfica, mas atualmente
não há limites para determinados mercados, pois o avanço tecnológico facil itou o
contato entre vendedores e compradores sem que eles sequer se vejam. O preço, que é
uma medida de escassez, é determinado pela interação entre a oferta e a demanda.
Denomina-se de preço de mercado aquele preço que prevalece em um mercado
competitivo. Isso não significa que todos os produtos foram ou serão vendidos ao preço
estabelecido, mas que os preços de comercialização oscilam em torno dele.
O Mercado de Fatores de Produção
Neste mercado, as famílias ofertam seus recursos: terra, trabalho e capital.
Enquanto isso, as empresas (unidades produtoras) demandam (procuram) tais recursos
para alocarem na produção de bens e serviços.
O Mercado de Bens e Serv iços de Consumo
No mercado de bens e serviços, são ofertados produtos aos consumidores que
passaram por um processo de produção ou extração e serviços aos consumidores. Esses
produtos e serviços são denominados de produtos e serviços finais.
Mercado Financeiro
É o conjunto do mercado monetário e de capitais. Esse mercado é responsável
pela intermediação entre agentes superavitários (famílias) e deficitários (empresas). A
transformação da poupança (que é um vazamento do consumo) em investimento (que
é a aquisição de máquinas e equipamentos para a produção) é possível pela existência
do mercado financeiro.
A alocação dos fatores na determinação dos bens e serviços finais e nos bens de
capitais determina as possibil idades de produção de uma economia. Se houver maior
alocação dos fatores para a produção de bens finais, reduzindo os investimentos, a
economia irá crescer mais lentamentedo que uma outra economia onde a poupança e
o investimento fossem proporcionalmente maiores. Essa relação pode ser observada na
curva de possibil idade de produção.
2.5 Curv as de Possibilidade de Produção
A Curva de Possibil idade de Produção, também chamada de Fronteira de
Possibil idade de Produção, pode ser melhor compreendida através de uma
representação gráfica, que evidencia o problema de realização da produção, dados os
recursos produtivos.
Por exemplo, supondo que uma economia possa produzir, com a util ização
plena de seus recursos e na máxima eficiência técnica, 50 unidades de bens de capital,
ela não teria mais capacidade de produção. Isso significa que não teria disponibil idade
de recursos para a produção de bens de consumo. No outro extremo, se produzisse 100
unidades de bens de consumo, então, não teria recursos para a produção de bens de
capital. Logo existe uma necessidade de, ao produzir mais de um, reduzir a produção
de outro, dados os recursos existentes. Essas possibil idades de produção é que se
denomina de Curva de Possibil idade de Produção, que pode ser observada na figura 4.
Figura 4 – Curva de Possibilidade de Produção.
Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores.
Pontos notáv eis das Curv as de Possibilidade de Produção
Se uma economia estiver operando no ponto O, ela estará operando em pleno
desemprego, embora isso possa ser apenas dito na teoria, inexistindo na
prática, porque os recursos nesta situação não seriam util izados para quaisquer
fins, de modo que a produção seria reduzida a zero.
Se estiver operando nos pontos A, B ou C, significa que a economia esta
operando com pleno emprego dos fatores disponíveis.
Se estiver operando no ponto D, significa que os recursos não estão
plenamente empregados, e estamos com capacidade ociosa.
No ponto E, a produção é impossível com os recursos e a tecnologia existentes
na economia. Esse ponto só pode ser atingido no longo prazo através da
expansão dos recursos e/ou tecnologia. Logo, sempre que houver variação nos
fatores de produção, haverá deslocamento da curva de possibil idade de
produção.
Assim, dada a escolha entre bens finais e de capitais, dada uma curva de
possibil idade de produção, se estará determinando:
o que e em que quantidades produzir;
o processo de maximização da produção dada pelos recursos disponíveis;
a taxa de crescimento da economia.
Deslocamento das curv as de possibilidade de produção
Essas variações ocorrem somente no longo prazo em função de variações
tecnológicas, e/ou aumento da força de trabalho e/ou de alterações no capital.
Graficamente:
Figura 5 – Deslocamento da Curva de Possibilidade de Produção.
Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores.
Deslocamento Positiv o
Ocorre em situações normais de uma economia, os recursos disponíveis com
expansão de melhorias.
Deslocamento Negativ o
Ocorre em situações anormais, a redução ou desqualificação dos recursos
disponíveis em uma economia.
Qual a causa essencial das diferentes taxas de deslocamento positivo da curva de
possibil idade de produção?
Depende da parcela de produção que é destinada à acumulação (investimentos).
Acumulação → Processo de expansão e melhoria dos recursos de produção já
existente (humanos e patrimoniais).
2.6 Rendimentos Decrescentes2 e os Custos Sociais Crescentes
Lei dos Rendimentos Decrescente, também chamada de produtividade marginal
decrescente, é todo o movimento de intensificação da produção para um determinado
ramo, levando à redução da produtividade em função da existência da perda de
eficiência dos fatores.
Se todos os recursos da produção se expandirem a curva de possibil idade de
produção poderia apresentar rendimentos constantes ou crescentes, porém se qualquer
um dos fatores permanecer fixo o resultado da expansão será a uma taxa decrescente.
Figura 6 – Rendimentos Decrescentes sobre a Curva de Possibilidade de Produção.
Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores.
Na medida que se amplia a produção de bens de consumo (em proporções
constantes), necessita-se reduzir-se cada vez mais a produção de bens de capital. Ou
seja, cada unidade adicional de bens de consumo exigirá uma redução cada vez maior
na produção de bens de capital, como pode ser visto na passagem do ponto A para o
ponto B e de B para C na figura 5. Destaca-se que no exemplo dado na figura 4 não
existe variação na disponibil idade dos recursos, mas sim na destinação que é dada a
eles.
Curv a de Restrição Orçamentária
Representa o máximo que o indivíduo pode adquirir de duas mercadorias, dada
sua renda monetária e o preço das mercadorias. Conforme o gráfico abaixo, se toda a
renda de um indivíduo fosse util izada para a aquisição do produto Y, Y0 seria o
máximo que ele poderia adquirir dada sua renda e o preço de Y; já se toda a renda
fosse util izada para a aquisição do bem X, X0, representaria o máximo que ele poderia
adquirir de X dada a sua renda e o preço da mercadoria X. Assim unindo os pontos Y0
e X0, temos a reta de restrição orçamentária.
Figura 7 – Curva de restrição orçamentaria.
Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração: Raquel Cabral.
A reta de restrição orçamentária é de suma importância na teoria do consumidor,
pois é com base nela que se determina a curva de demanda. Isso ocorre por que os
indivíduos tentarão maximizar suas util idades (satisfação obtida no consumo dos bens)
dadas a renda e os preços dos bens. Assim, sempre que houver alteração no preço dos
bens, o consumidor irá deslocar seu consumo em direção ao bem que se tornou mais
barato. Além disso, sempre que um ou mais bens apresentarem redução real de preços,
o consumidor terá um incremento real de renda, pois ele poderá consumir as mesmas
quantidades anteriores e lhe sobra renda. Logo, uma demanda modificada por
alteração de preços dos produtos sempre apresentará um efeito de substituição
(modificação das quantidades consumidas em busca do bem mais barato) e um efeito
de renda.
2.7 Fundamentos de oferta e demanda
2.7.1 Demanda
Na teoria da microeconomia, a demanda ou procura é a quantidade de um bem
ou serviço que os consumidores estão dispostos e capazes de adquirir por determinado
preço e em determinado momento.
Determinantes da Demanda
Preço da mercadoria em questão representa um movimento ao longo dacurva de demanda
Renda Monetária
Deslocamento da curva de demandaGosto ou preferência do consumidor
Preço de outras mercadorias
Lei da Demanda
“A quantidade demandada de uma mercadoria é uma função inversa dos preços
desta mercadoria”. Ou seja, à medida que o preço de uma determinada mercadoria se
eleva, a quantidade demandada dessa mercadoria diminui. Sendo assim, sua
representação gráfica apresentará uma inclinação negativa.
Curv a de Demanda
Ela é obtida a partir dos níveis de util idade que se obtêm ao consumir
determinado bem em diversas quantidades. Como a util idade marginal é decrescente,
então quantidades maiores terão níveis de util idades adicionais cada vez menores.
Graficamente:
Figura 8 – Rendimentos Decrescentes e a Curva de demanda.
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
Observe que quando o consumidor consume a primeira unidade do produto, ele
obtém um elevado nível de satisfação (representado pela altura da barra no número 1
de quantidades), e na medida em que ele vai consumindo unidades adicionais, o
prazer que ele sente pelo consumo dessa unidade adicional é inferior ao obtido na
unidade anterior. Como exemplo, pense em você em um dia de calor. Se você tomar
um picolé, terá um nível de satisfação ao consumir o primeiro picolé. Mas ele poderá
não ser suficiente para aplacar seu calor e você decide comprar o segundo. O nível de
satisfação total que você obterá será maior, mas o prazer que o segundo picolé lhe
proporcionará será inferior ao obtido no primeiro.
Uma vez que a uti l idade marginal (UMg) é decrescente, então, a curva de
demanda é necessariamente decrescente, ou seja, terá uma inclinação negativa e
passará pelos limites de satisfação obtida em cada unidade consumida,conforme
representado na figura 7 pela l inha que une as barras de util idade para os diferentes
níveis de consumo. Isso permite formular a denominada Lei da Demanda, que significa
que quantidades maiores só serão consumidas de os preços forem menores.
Exceção a Lei de Demanda - Bens de GIFFEN
Só houve um exemplo na história, em que ocorreu a existência de um bem de
GIFFEN, que foi na Inglaterra - ou mais propriamente na Irlanda - com as batatinhas
inglesas. É que a depressão era tão grande que uma parte da população recebia tão
pouco que só podia comer batatinha. À medida que o preço dessas diminuíam,
diminuía também seu consumo, pois surgia a possibil idade das pessoas adquirirem
outros produtos em função da economia com o gasto com batatinha e vice-versa.
Demanda agregada
A demanda agregada é a soma das demandas individuas por aquela mercadoria
ou serviço. Sua soma é obtida a partir de cada preço e somando-se horizontalmente as
quantidades demandas àquele preço. Graficamente:
Figura 9 – Demanda agregada.
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
Quando qualquer um dos determinantes se altera, que não seja o preço, coeteris
paribus, então, a curva de demanda como um todo se modifica, e essa alteração
denomina-se de variação da demanda. Quando somente o preço do bem se modifica,
haverá alterações nas quantidades demandadas e não na demanda, isso é, ao longo
da curva de demanda já estabelecida.
Coeteris Paribus
Essa expressão, bastante comum em economia, significa que exceto as variações
que estão sendo explicitamente mencionadas, todas as demais variáveis permanecem
constantes.
2.7.2 Oferta
Podemos definir como: as várias quantidades que os produtores estão aptos e
dispostos a ofertar no mercado, em função dos vários níveis de preços possíveis, em
determinado período de tempo.
A oferta representa o comportamento dos produtores. Logo, podemos afirmar que
os preços sendo maiores, maior será o desejo dos empresários em oferecer seus
produtos e maior será o número de ofertantes no mercado.
Os elementos que afetam a oferta são:
custo dos insumos: faz com que a oferta tenha alterações nos preços;
tecnologia: com melhorias na tecnologia, os custos de produção diminuirão.
Isso amplia as condições dos produtores em ofertar mais com o mesmo preço
ou a mesmas quantidades a um preço menor;
condições climáticas: se tomarmos como exemplo a produção agrícola, é um
fator que pode causar redução ou aumento de produção;
preço dos bens relacionados: tanto os bens substitutos como complementares;
preço do bem em questão: quanto mais alto for o preço, mais incentivos terá a
produção.
Resumindo, os determinantes da oferta afetam a função de oferta da seguinte
forma:
Determinantes da Oferta
Preço da mercadoria em questão representa um movimento ao longo dacurva de oferta
Custos dos insumos
Deslocamento da curva de oferta
Tecnologia
Condições climáticas
Preço dos bens relacionados
Figura 10 – Curva de Oferta.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
Na oferta, não existe como na demanda a Lei da Demanda. Ela é, em geral,
positivamente inclinada, mas poderá apresentar inclinação nula (zero) e até mesmo
negativa. Ainda, a curva de oferta representa o limite máximo e mínimo, dependendo
do sentido analisado.
Máximo: quando uma vez fixados os preços, haverá uma quantidade máxima de
produção para aquele nível de preço.
Mínimo: quando uma vez fixada a quantidade, o preço refletirá o mínimo que o
empresário estará disposto a cobrar por aquela quantidade.
2.7.3 Equilíbrio entre Oferta e Demanda
A interação entre ofertantes e compradores, em um determinado mercado e para
um determinado produto, em concorrência perfeita (mercados competitivos), leva ao
estabelecimento de um preço de mercado. A esse preço, denominamos de preço de
equilíbrio. Essa interação também define as quantidades comercializadas e diz que o
mercado está em equilíbrio quando as quantidades ofertadas são consumidas, não
havendo, portanto, nem excesso de demanda nem tampouco de oferta. Qualquer
alteração nos fatores determinantes da oferta ou da demanda levará a alterações no
equilíbrio desse mercado. Vejamos graficamente como ocorre o equilíbrio de mercado.
Figura 11 – Preços e quantidades de equilíbrio entre demanda e oferta.
Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores.
Como pode ser observado na figura 10, no equilíbrio tem-se a igualdade entre
demanda e oferta; ou seja, tudo o que foi produzido foi consumido. Formalmente:
Qd=Qo.
Onde:
Qd (Quantidade demandada)
Qo (Quantidade ofertada)
Assim, acima do preço de equilíbrio tem-se excesso de oferta, e abaixo do preço
de equilíbrio tem-se excesso de demanda.
Exemplo
1. Suponhamos que a curva de demanda seja dada pela expressão Qd=100 -
10P e a de oferta por: QO=20P - 50, onde P é o preço da mercadoria. Com essas
informações, qual seria o preço e a quantidade de equilíbrio para esse produto neste
mercado?
Solução:
QD=QO
100 - 10P=20P - 50
100 + 50=20P + 10P → 150=30P
150 / 30=P → P=5,00
QD=100 - 10 . 5 → QD=50 ou QO=20 . 5 - 50 → QO=50
Equilíbrio é de 50 quantidades ao preço de $ 5,00.
Deslocamentos da curva de demanda e oferta e o efeito sobre as condições de
equilíbrio de mercado
Conforme destacado anteriormente, a alteração de um dos determinantes da
demanda ou da oferta causará alterações no equilíbrio. Assim, é preciso compreender
como os determinantes afetam a demanda e a oferta, e como essas alterações afetam
o equilíbrio. Inicialmente destacamos os efeitos sobre as curvas de demanda e de
oferta, e depois agregamos isso nas condições de equilíbrio.
Deslocamentos da demanda
A figura 12 evidencia os deslocamentos da curva de demanda e os
condicionantes para tal movimento.
Figura 12 – Deslocamentos da curva de demanda.
Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores.
A figura 13 permite visualizar os deslocamentos da curva de oferta e os fatores
determinantes desses deslocamentos.
Figura 13 – Deslocamentos da curva de oferta.
Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores.
Deslocamentos da demanda e oferta e o mov imento dos preços
Deslocamento Positiv o da Demanda
Um deslocamento positivo na demanda, coeteris paribus, levará a um aumento
nos preços de equilíbrio e nas quantidades, conforme pode ser observado na figura 14.
Figura 14 – Efeitos do aumento da demanda.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
Um deslocamento negativo terá efeito contrário, ou seja, levará a uma queda
nos preços e nas quantidades de equilíbrio.
É preciso destacar que aumentos de renda não necessariamente aumentam a
demanda por um bem. O efeito da renda dependerá se o bem for inferior, normal ou
superior.
Quando houver um aumento de poder aquisitivo, ou aumento real de renda, as
pessoas irão aumentar seu consumo no caso de um bem normal ou superior, e haverá
um deslocamento negativo no caso de um bem inferior. É em relação a esse
comportamento em relação à renda que os bens são classificados como inferior, normal
ou superior.
Ressalta-se que um bem não é por si só inferior, superior ou normal, mas
depende do nível de renda do indivíduo. Isto é, um bem pode ser inferior para
determinado indivíduo, normal para outro e superior para um terceiro. Por exemplo, a
carne moída, denominada de segunda. Ela pode ser um bem de luxo para alguém
muito pobre, normal para outra classe e inferior para a classe superior de renda.
Deslocamento Positiv o da Oferta
O aumento da curva de oferta, coeteris paribus, resultará em uma queda nos
preços de equilíbrio e um aumento nas quantidades de equilíbrio, como pode ser
observado na figura 15.
Figura 15 – Efeitos do Aumento da Oferta.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
Deslocamento negativo, ou seja, uma redução da curva de oferta gera um efeito
oposto, ou seja, aumenta os preços e reduz as quantidades de equilíbrio.
2.8 Elasticidade
É a sensibil idade de variação na quantidade demandada de um produto em
relação a uma variável que afeta a demanda por este bem, como preço, renda, preço
dos bens substitutose complementares. É uma medida que relaciona variações
proporcionais entre variáveis.
As alterações resultantes das variáveis envolvidas geram uma elasticidade com
denominação específica, que são:
o preço do produto - elasticidade-preço;
a renda - elasticidade-renda;
preço dos outros produtos - elasticidade-cruzada.
2.8.1 Elasticidade - Preço: Preço da Demanda (EP):
É a razão entre a variação porcentual da quantidade demandada de um bem,
dada uma variação porcentual no preço. Ela pode ser medida em um determinado
ponto da curva, como para variações que refl itam um intervalo de preços.
Elasticidade no Ponto (Ep)
Elasticidade no Intervalo - Util izado ponto médio (EP)
Atenção
A elasticidade da demanda sempre será negativa, pois existe uma
relação inversa entre preço e quantidade.
Quanto à elasticidade-preço, pode-se dizer que a demanda é:
a. Elástica: quando EP > | 1 |, ou seja, a variação relativa na quantidade é
“mais que proporcional” à variação relativa no preço.
b. Inelástica: quando EP < | 1 |, ou seja, dada uma variação porcentual no
preço, ocorrerá uma variação porcentual menor na quantidade
c. Elasticidade Unitária: quando EP=| 1 |, ou seja, a variação relativa na
quantidade é proporcional à variação no preço.
Além das elasticidades mencionadas, uma curva de demanda poderá ser
perfeitamente elástica ou perfeitamente inelástica, conforme pode-se observar nas
figuras que seguem.
Perfeitamente Elástica: quando E P=- ∞ (infinito)
Uma curva de demanda horizontal será extremamente sensível a preços. Ou seja,
um pequeno aumento de preços fará com que os consumidores deixem de comprar o
bem, e uma pequena redução leva a um elevado aumento das quantidades
demandadas. Esse extrema sensibil idade faz com que a elasticidade tenda ao infinito.
A figura 16 evidencia uma curva de demanda perfeitamente elástica.
Figura 16 – Curva de demanda perfeitamente elástica.
Fonte: MANKIW, 2001. Fonte: Elaboração própria dos autores.
Já quando o volume de quantidades demandadas não se altera com mudanças
de preços, então, tem-se uma curva de demanda perfeitamente inelástica. Um exemplo
de bens com demanda muito inelástica é a de sal. A insulina para diabéticos também é
perfeitamente inelástica. A figura 17 contém uma curva de demanda perfeitamente
inelástica.
Figura 17 – Perfeitamente Inelástica: quando EP=0 (zero).
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
A elasticidade da demanda pode ser calculada quando essa for uma reta, da
seguinte forma:
Figura 18 – Elasticidade calculada.
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
Ep=B/A
Essa fórmula de cálculo permite visualizar facilmente que quando:
Ep > | 1 |=> Elástica: o segmento A será pequeno e o B grande, logo a
elasticidade será elevada.
Ep=| 1 |=> Unitária: os segmentos possuem o mesmo tamanho.
Ep < | 1 |=> Inelástica: o segmento A será grande e B pequeno, logo haverá
pouca sensibil idade a preços nesse segmento.
Ep=- ∞ - A será zero e B terá um valor elevado. Assim, qualquer valor dividido
por zero tende ao infinito.
Ep=0 - A terá um valor elevado e B será zero. Assim, zero dividido por qualquer
valor será zero.
Logo, como conclusão, pode-se verificar que uma demanda linear terá diferentes
elasticidades ao longo da reta. A figura 19 permite observar essas elasticidades.
Acrescentou-se nessa figura valores para deixar claro que o ponto intermediário da
curva de demanda, que apresenta elasticidade unitária, está sobre o ponto
intermediário do eixo das quantidades e também dos preços.
Figura 19 – Diferentes elasticidades para diferentes pontos de uma demanda linear.
Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores.
Consequências das variações de preço, conforme a elasticidade da demanda:
Região Elástica: pequena variação no preço acarreta uma variação
proporcionalmente maior nas quantidades. Como consequências:
para o consumidor, aumentos de preços levam à redução dos gastos;
para o empresário, aumentos de preços levam a uma diminuição da receita
total.
Região Inelástica: uma variação no preço acarretaria uma variação
proporcionalmente menor na quantidade. Como consequências:
Para o consumidor, aumentos de preços levam a aumento dos gastos;
para o empresário, aumentos de preços levam a um aumento da receita total.
Com essas informações, podemos vincular Receita Total (RT) com elasticidade.
Como RT=P*Q, então se os preços aumentarem e a região da demanda for inelástica,
a receita total irá aumentar. Na região de elasticidade unitária, a RT será máxima. Se o
aumento de preços estiver na região elástica, levará à redução de RT. Veja essa
relação na figura 20.
Figura 20 – Relação entre elasticidade e Receita Total.
Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores.
2.8.2 Elasticidade da Oferta
Tal como a demanda, a elasticidade da oferta mede a relação entre a variação
percentual na quantidade ofertada e a variação percentual no preço. Em termos
matemáticos, a fórmula de cálculo é a mesma, porém ao invés de considerar as
quantidades demandadas, são consideradas as quantidades ofertadas. A equação a
seguir é a mesma apresentada anteriormente, com exceção de que os valores para Q
são agora os representados na curva de oferta.
Quanto à elasticidade, a oferta pode ser:
a. Elasticidade Unitária: quando a variação percentual no preço corresponder
uma variação percentual na quantidade na mesma proporção.
b. Elástica: quando a variação percentual for maior que a ocorrida no preço.
c. Inelástica: quando a variação percentual for menor que a ocorrida no preço.
d. Perfeitamente Elástica: a quantidade oferecida varia independentemente do
preço.
e. Perfeitamente Inelástica: quando a variação no preço não afeta a quantidade
oferecida.
A curva de oferta, diferentemente da demanda, que possuía diferentes
elasticidades ao longo da curva (indo de inelástica para elástica na medida em que os
preços iam aumentando), a curva de oferta depende do intercepto. Essa definirá se a
curva será elástica, inelástica ou com elasticidade unitária. Assim, pela simples análise
da função oferta ou, mais especificamente, pelo intercepto vertical da função oferta ou
pelo gráfico pode-se concluir sobre sua elasticidade, como apresentado na figura 21.
Figura 21 – Elasticidade para diferentes curvas de oferta.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
2.8.3 Elasticidade-Renda da Demanda (ER):
Mede a sensibil idade de variação na quantidade de um produto em relação à
variação na renda do indivíduo ou grupo.
Onde, DQ, DR, Q e R indicam variações nas quantidades procuradas, variações
na renda, quantidades e renda respectivamente.
Como base nos valores da elasticidade-renda da demanda, pode-se classificar os
bens em:
a. Bens Superiores: quando a elasticidade-renda tiver valor positivo, ER > 1.
Significa dizer que, ocorrendo um aumento na renda dos consumidores, estes
passarão a gastar mais da sua renda na aquisição deste bem.
b. Bens Inferiores: quando a elasticidade-renda tiver valor negativo, ER < 0.
Neste caso, ocorrendo um aumento na renda dos consumidores, haverá um
decréscimo no consumo do produto.
c. Bem Normal: quando a elasticidade-renda for maior que zero e menor ou
igual a um. 0 < ER < 1.
Quando a ER=1, significa dizer que, ocorrendo um aumento na renda do
consumidor, o percentual de renda gasto no bem permanece constante.
2.8.4 Elasticidade-Cruzada da Demanda (EXY)
É dada pela variação porcentual na demanda de um bem (Y, digamos) em
função da variação percentual do preço de outro bem (X).
a. Bens Substitutos: quando a elasticidade-cruzada tem valor positivo, EXY > 0,
ou seja, aumentando o preço do bem Y, passa-se a demandar maior
quantidade do bem X.
b. Bens Complementares: quando a elasticidade-cruzada tem valor negativo,
EXY < 0, ou seja, aumentando o preço do bem Y, passa-se a consumir menor
quantidade do bem X.
c. Bens Independentes: quando a elasticidade-cruzada tem valor nulo, EXY=0,
ou seja, aumentando o preço do bem Y, não afeta o consumo do bem X.
2.9 Produção e Custos
2.9.1 IntroduçãoNum modelo simplificado de uma economia, pode-se colocar de um lado os
consumidores e de outro as empresas. Esses dois agentes representam o consumo e a
produção, respectivamente, e se relacionam no mercado através da demanda e da
oferta.
Essas questões são estudadas na economia em duas partes. A primeira, chamada
de teoria do consumidor, analisa os elementos e variáveis que determinam o
comportamento dos consumidores ao buscarem a satisfação de suas necessidades. A
segunda parte, chamada de teoria da empresa ou teoria da produção, trata das
variáveis que buscam explicar o comportamento da empresa quando da realização da
atividade produtiva.
O propósito desta seção é apresentar a teoria da empresa, abordando as
questões e problemas relacionados à produção, aos custos de produção e aos
rendimentos da empresa.
2.9.2 Empresa, produção e lucro
Alguns conceitos fundamentais são necessários para que se possa iniciar o estudo
da teoria da empresa. O primeiro deles é o conceito de empresa. A empresa é um dos
agentes do sistema econômico (os outros são as famílias e o governo) responsável pela
produção dos diversos bens e serviços destinados a satisfazer as necessidades humanas.
Para que as empresas possam produzir é necessário o emprego dos fatores de
produção, ou seja, trabalho, capital e terra ou recursos naturais.
Outro conceito importante é o de produção. A produção é o processo no qual a
empresa transforma os fatores produtivos em produtos e que se destinam ao mercado
consumidor, para satisfazer as necessidades finais dos indivíduos ou, simplesmente,
como matéria-prima ou insumo que servirá como fator de produção para uma outra
empresa. Cabe destacar que o conceito de produção envolve não somente os bens
físicos e materiais, mas também o conjunto de serviços, como comunicações, energia,
atividades financeiras, comércio, entre outros.
O lucro é a remuneração de um capital investido por uma empresa na produção
e é obtido pela diferença entre a receita total e a despesa total da empresa num
período determinado. Assim, o lucro é o objetivo básico de qualquer empresa que está
produzindo um bem ou serviço no mercado. O lucro bruto é obtido subtraindo da
receita total os diversos custos de produção, como os gastos com matéria-prima, os
salários, os impostos, entre outros. No cálculo do lucro líquido deve-se descontar do
lucro bruto os gastos com depreciações do capital fixo e as despesas financeiras, como
juros de empréstimos.
2.9.3 O curto e o longo prazo na ótica da produção
No processo de produção, são empregados diversos tipos de fatores. Se se
quisesse expandir rapidamente o nível de produção, deveria se aumentar a uti l ização
dos fatores de produção. Acontece que apenas alguns desses fatores de produção
podem ser incrementados no curto prazo, como por exemplo, o trabalho. Outros
fatores, como alguns tipos de máquinas, equipamentos, construções só poderiam ser
mudados num período de tempo maior, o longo prazo.
Assim o curto prazo representa o período de tempo em que se pode apenas
alterar a produção a partir do ajuste dos custos variáveis. Já o longo prazo envolve o
período em que se pode alterar não só os custos variáveis, mas também os custos fixos
da empresa. Portanto, no longo prazo, todos os custos de produção da empresa passam
a ser variáveis, na medida em que ela pode alterar e combinar da melhor forma
possível o conjunto dos fatores de produção.
2.9.4 A lei dos rendimentos marginais
Para se produzir, é necessária a aquisição dos fatores de produção. As diversas
possibil idades de combinação dos fatores de produção permitem a obtenção de um
produto total, que varia conforme forem combinados esses fatores. Inicialmente cabe
definir os conceitos de produto total, médio e marginal de cada um dos fatores
produtivos. O produto total de um insumo expressa a produção que se pode obter
empregando uma determinada quantidade desse insumo e mantendo a quantidade
dos demais constantes.
O produto médio de um fator é o nível de produto que a empresa obtém por uma
unidade do fator de produção empregado. É resultado da divisão do produto total pela
quantidade do fator de produção. Já o produto marginal de um insumo é o acréscimo
do produto total que se pode obter com o aumento de uma unidade do insumo,
mantendo-se constante a uti l ização dos demais fatores. A tabela abaixo exemplifica a
questão.
Tabela 1 – Produto total, médio e marginal
Capital
(fator
fixo)
Trabalho
(fator
v ariáv el)
Produto total do
fator v ariáv el
Produto médio do
fator v ariáv el
Produto marginal do
fator v ariáv el
100 20 60 3,0
100 30 140 4,7 80
100 40 240 6,0 100
100 50 320 6,4 80
100 60 380 6,3 60
100 70 420 6,0 40
100 80 440 5,5 20
100 90 440 4,9 00
100 100 420 4,2 -20
Fonte: Elaboração própria dos autores.
A partir da tabela 1, pode-se compreender o significado da lei dos rendimentos
marginais. Essa lei mostra o comportamento da produção total de uma empresa
quando se altera a quantidade util izada de um dos fatores de produção, mantendo-se
os demais constantes.
A tabela mostra que na medida em que a empresa for ampliando a util ização do
fator variável, a produção total estará aumentando numa taxa crescente. Na faixa de
produção, que vai até a unidade 50 do fator variável, a empresa estará obtendo
rendimentos marginais crescentes. A partir desse ponto, a empresa passa a incorrer em
rendimentos marginais decrescentes, ou seja, a produção estará crescendo a uma taxa
decrescente. Isso significa que, na medida em que a empresa amplia o fator variável, a
produção cresce, porém, numa proporção menor do que a do fator produtivo. No ponto
onde a empresa util iza 90 unidades do fator variável, a produtividade marginal é nula.
A partir daí para cada unidade adicional do fator variável, mantendo constante o fator
fixo, a empresa passa a ter rendimento marginal negativo.
Pode-se ilustrar essas questões com o seguinte exemplo. Imagine que uma
empresa agrícola produtora de feijão uti l iza dois fatores de produção: capital (terra,
máquinas) e trabalho. Suponha que o capital seja o fator fixo (área de terra e número
de máquinas) e o trabalho o fator variável, de maneira que é possível se produzir com
várias combinações diferentes de capital e de trabalho. Sendo assim, para se ampliar a
produção deve-se aumentar o número de trabalhadores, de maneira que no início, com
o aumento do fator variável, a produção total estará crescendo proporcionalmente mais
do que a da quantidade de trabalhadores, garantindo, assim, um aumento da
produtividade da empresa. A partir de um certo ponto, com a incorporação de novos
trabalhadores, a produtividade para cada unidade do fator variável começa a diminuir,
já que a produção total cresce proporcionalmente menos do que a do número de
trabalhadores.
Como foi visto, no curto prazo as empresas só podem ampliar a produção
aumentando a uti l ização dos fatores variáveis. Mas se a expansão do mercado for
consistente, então a empresa pode expandir sua produção através da aquisição de mais
máquinas, equipamentos, novas construções etc. Ou seja, a empresa estará alterando a
sua estrutura produtiva através dos fatores que eram fixos no curto prazo, mas que
passam a ser variáveis no longo prazo. Então, a diferença entre curto e longo prazo na
produção se dá pela existência ou não de fatores fixos.
No longo prazo os rendimentos marginais, ou economias de escala, não se
diferenciam do conceito uti l izado para o curto prazo. A diferença é que no curto prazo
um fator era fixo e o outro variável. Agora, no longo prazo, todos os fatores passam a
ser variáveis. Assim, os rendimentos marginais crescentes ocorrem quando a empresa
ampliar a quantidade util izada do conjunto dos fatores de produção em uma dada
proporção e a variação do produto total variar numa proporção maior. A tabela 2 mostra
que a empresa terá rendimentos marginais crescentes quando ela, ao dobrar a
quantidade util izada de capital e de trabalho, consegue mais do que dobrar a
produção total. Quando o aumento da produçãototal é menos do que proporcional ao
aumento dos fatores, então a empresa terá rendimentos decrescentes de escala. Por
fim, quando os fatores variam na mesma proporção então a empresa terá rendimentos
constantes de escala, conforme pode ser constatado na tabela 2.
Tabela 2 – Rendimentos marginais no longo prazo
Fator capital Fator trabalho Produção total Rendimentos
3
6
10
20
1.000
2.000
Constantes
3
6
10
20
1.000
2.200
Crescentes
3
6
10
20
1.000
1.800
Decrescentes
Fonte: Elaboração própria dos autores.
2.9.5 Os custos de produção
O objetivo básico de uma empresa é conseguir o melhor resultado possível
quando ela realiza a sua atividade produtiva. Para que possa realizar a sua atividade,
a empresa necessita adquirir os fatores de produção no mercado, pagando por esses
fatores. A quantidade adquirida de cada um dos fatores vezes o seu preço constitui o
custo total de produção da empresa.
Uma empresa estará maximizando o seu resultado quando conseguir atender
uma das seguintes situações: a) para um dado custo total vai buscar a máxima
produção total ou; b) para um certo nível de produção vai buscar o menor custo total.
Em qualquer uma das situações a empresa estará em equilíbrio.
Os custos totais de uma empresa são classificados em custos fixos (CF) e custos
variáveis (CV). Os custos fixos representam os gastos decorrentes da aquisição dos
fatores fixos de produção e não dependem do nível de produção. Já os custos variáveis
correspondem aos gastos com a aquisição dos fatores variáveis de produção e variam
de acordo com o nível de produção, ou seja, quanto maior a produção, maior será o
custo variável e quanto menor a produção, menor o custo variável.
2.9.6 O curto e o longo prazo na ótica dos custos
O curto e o longo prazo na ótica dos custos obedecem os mesmos critérios que
definem o curto do longo prazo sob a ótica da produção, conforme visto anteriormente.
Assim, para a empresa aumentar sua produção, no curto prazo, terá que contratar mais
fatores variáveis, já que os fatores fixos não podem ser alterados no curto prazo. Sendo
assim, o curto prazo, sob a ótica dos custos, é o período de tempo em que a empresa
tem custos fixos e custos variáveis, adquirindo os fatores fixos e variáveis,
respectivamente. Na medida em que a empresa consegue alterar a seus fatores fixos de
produção e, portanto, seus custos fixos, então, este passa a ser o período de longo prazo
da empresa, quando então todos os custos da empresa passam a ser variáveis.
2.9.7 O cálculo dos custos de produção no curto prazo
Conforme foi visto acima, no curto prazo a empresa possui custos fixos e custos
variáveis. Então o custo total será a soma dos custos fixos e variáveis. Assim:
CT=CF + CV
Esses custos podem ser visualizados na figura 22, onde se observa que o CF é
constante, na medida em que a produção (Q) aumenta, e por isso seu traçado é
paralelo ao eixo das quantidades produzidas. Isto implica que a distância entre a curva
do CF e o eixo das quantidades será sempre a igual, independente do nível de
produção.
Já o CV é crescente à medida que a produção aumenta, pois, no curto prazo, a
empresa só pode expandir sua produção através dos fatores variáveis. Assim, como
mostra a figura 20, a curva do CV apresenta uma trajetória ascendente conforme
aumenta a quantidade produzida. A sinuosidade apresentada pela curva do CV se deve
ao fato de no início da produção a empresa se encontrar na zona de rendimentos
marginais crescentes, ou seja, para expandir sua produção a empresa tem custos (CV)
proporcionalmente menores. Depois de um certo ponto, o CV começa a crescer
proporcionalmente mais do que a produção, ou seja, a empresa entra na zona de
rendimentos marginais decrescentes.
A figura ainda mostra a curva do CT, que está acima do CV. Como o CT é a soma
do CF e do CV, então, a distância entre o CT e o CV é exatamente igual ao valor do
CF. Cabe destacar que essa distância deve ser observada verticalmente, pois é este o
eixo que mostra as escalas dos custos.
Do CF pode-se obter o custo fixo médio (CFMe), através da divisão do CF pelas
quantidades produzidas, então:
CFMe=CF / Q
O CFMe representa o custo fixo que a empresa tem para produzir cada uma das
unidades. Assim, quanto maior o nível de produção, menor o CFMe já que o CF será
dividido por uma quantidade produzida maior. Isto pode ser melhor visualizado na
figura 20.
Já o custo variável médio (CVMe) é obtido pela divisão do CV pelas quantidades
produzidas, assim:
CVMe=CV / Q
O CVMe representa a parte dos custos variáveis que a empresa possui para
produzir cada uma das unidades. A figura 20 mostra que inicialmente quando a
produção cresce, o CVMe estará decrescendo até atingir um ponto de mínimo, já que
nesta fase os custos variáveis crescem proporcionalmente menos do que a produção.
Depois de atingir o ponto de mínimo, o CVMe começa a aumentar em função do
crescimento mais do que proporcional dos custos variáveis em relação à quantidade
produzida.
O somatório do CFMe e do CVMe resulta no custo médio (CMe), que também
pode ser obtido pela divisão do CT pelas quantidades produzidas, assim:
CTMe=CT / Q
A trajetória da curva do CMe, como pode ser visto na figura, que inicialmente
decresce, atinge um ponto de mínimo, quando, então, passa a crescer, é explicada
pelo comportamento das curvas do CFMe e do CVMe, já que deriva desses dois custos.
O CMe mostra o custo total que a empresa tem para produzir cada uma das
unidades. Assim, o ponto de mínimo do custo médio, ou seja, o menor valor, representa
o ponto em que a empresa terá o menor custo para cada uma das unidades que ela
estiver produzindo.
Existe ainda o custo marginal (CMg), que pode ser definido como o custo que
tem a empresa para produzir uma unidade adicional. O CMg é obtido pela divisão da
variação do CT pela variação da quantidade produzida. Pode ser expresso da seguinte
maneira:
CMg=DCT / DQ
como o CT=CF + CV, então:
CMg=D (CF + CV) / DQ
mas como o CF não varia no curto prazo, então:
CMg=DCV / DQ
Isto significa que o CMg representa a variação do CV em relação a variação da
quantidade produzida.
O comportamento da curva do CMg, como mostra a figura 22, é, inicialmente, 
decrescente em função da relação entre a variação do CV e da produção ser
decrescente. Quando o CMg atinge o ponto de mínimo, essa relação se inverte e passa
a ser crescente, fazendo assim com que o CMg passe a crescer também. Como se vê,
além das curvas do CMe e do CVMe, também a curva do CMg apresenta um formato
de U, estando abaixo da curva do CVMe quando esta estiver decrescendo, e acima,
quando a curva estiver crescendo. Dessa maneira, pode-se concluir que a curva do CMg
intercepta a curva do CVMe no ponto mínimo desta última. A mesma situação ocorre
entre as curvas de CMg e CMe, ou seja, quando esta última curva atinge seu ponto de
mínimo, ela é interceptada pela curva do CMg.
Dessa maneira, o ponto em que se interceptam as curvas do CMe e do CMg, de
modo que os valores desses custos sejam iguais, representa o ponto em que a empresa
tem o menor custo de produção por unidade. Assim, enquanto a empresa tiver CMg
menor do que o CMe, ela deve aumentar seu nível de produção, já que o custo para
produzir uma unidade adicional é menor do que o custo médio de cada uma das
unidades que ela está produzindo. Já quando o CMg for maior do que o CMe, então a
empresa deve diminuir seu nível de produção, de maneira a buscar a minimização dos
seus custos de produção, que se dá, como foi visto, quando os dois custos forem iguais.
No exemplo apresentado na tabela 3 pode-se ver mais claramente estas relações, bem
como na figura 22.
Tabela 3 – Cálculo dos custos
Quantidade Custo
Fixo
Custo
Variáv el
Custo
Total
Custo
Fixo
Médio
Custo
Variáv el
Médio
Custo
Médio
Custo
Marginal
1 100,00 10,00 110,00 100,00 10,00 110,00
2 100,00 16,00 116,00 50,00 8,00 58,00 6,00
3 100,00 21,00 121,00 33,33 7,00 40,33 5,00
4 100,00 26,00 126,00 25,00 6,50 31,50 5,00
5 100,00 30,00 130,00 20,00 6,00 26,00 4,00
6 100,00 36,00 136,0016,67 6,00 22,67 6,00
7 100,00 45,50 145,50 14,29 6,50 20,79 9,50
8 100,00 56,00 156,00 12,50 7,00 19,50 10,50
9 100,00 72,00 172,00 11,11 8,00 19,11 16,00
10 100,00 90,00 190,00 10,00 9,00 19,00 18,00
11 100,00 109,00 209,00 9,09 9,91 19,00 19,00
12 100,00 130,40 230,40 8,33 10,87 19,20 21,40
13 100,00 160,00 260,00 7,69 12,31 20,00 29,60
14 100,00 198,20 298,20 7,14 14,16 21,30 38,20
15 100,00 249,50 349,50 6,67 16,63 23,30 51,30
16 100,00 324,00 424,00 6,25 20,25 26,50 74,50
17 100,00 418,50 518,50 5,88 24,62 30,50 94,50
18 100,00 539,00 639,00 5,56 29,94 35,50 120,50
19 100,00 698,00 798,00 5,26 36,74 42,00 159,00
20 100,00 900,00 1.000,00 5,00 45,00 50,00 202,00
Fonte: Elaboração própria dos autores.
Figura 22 – Curvas de Custos.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
2.9.8 Os rendimentos da empresa
Quando da realização da produção, a empresa tem um custo, conforme foi visto.
Por esse esforço, a empresa espera uma compensação, um rendimento. O ganho que a
empresa recebe pelo seu produto no mercado representa a receita total, que é obtida
pela multiplicação das quantidades vendidas pelo preço do produto, assim
representado:
RT=P x Q
Além disso, é importante para a análise da empresa outros dois tipos de receita.
A primeira é a receita média (RMe) obtida pela divisão da RT pela quantidade. A RMe
representa a receita que a empresa obtém para cada uma das unidades que ela produz
e vende no mercado. Pode ser expressa da seguinte forma:
RMe=RT / Q
como RT=P x Q, então:
RMe=(P x Q) / Q. Assim:
RMe=P
A segunda é a receita marginal (RMg), que é resultado da divisão entre as
variações da RT e as variações da quantidade vendida do produto no mercado, assim:
RMg=DRT / DQ
A RMg mostra a receita que a empresa obtém para cada unidade adicional que
ela vende no mercado.
Conforme mostra a tabela 4, a RT da empresa estará crescendo enquanto o
preço aumenta proporcionalmente mais do que a queda da quantidade vendida.
Quando essa relação se inverte, a RT começa a diminuir. Ou seja, para se vender
unidades adicionais, o preço deve cair proporcionalmente mais do que o que se
consegue de aumento nas vendas. Isto é explicado pela elasticidade-preço da
demanda, vista anteriormente.
Tabela 4 – Cálculo da RT, RMe e RMg
Quantidade Preço RT RMe RMg
0 22 0 22 --
1 20 20 20 20
2 18 36 18 16
3 16 48 16 12
4 14 56 14 8
5 12 60 12 4
6 10 60 10 0
7 8 56 8 -4
8 6 48 6 -8
9 4 36 4 -12
10 2 20 2 -16
11 0 0 0 -20
Fonte: Elaboração própria dos autores.
A RMe, como se viu, é igual ao preço e sempre decrescente. Já a RMg será
decrescente mas positiva enquanto a RT estiver crescendo, e negativa quando a RT
passa a diminuir. Portanto, quando a RMg for igual a zero, a RT será máxima.
2.9.9 O equilíbrio da empresa e a maximização do lucro
Como foi visto, no curto prazo a empresa não consegue alterar sua estrutura
produtiva. Então, cabe à empresa identificar um nível de produção que permita a ela
obter o lucro máximo, dada a estrutura produtiva existente.
A tabela 5 mostra um exemplo hipotético que permite visualizar o nível de
produção que faz com que a empresa obtenha o lucro máximo possível. Se a empresa,
por exemplo, estivesse produzindo uma quantidade de 901 unidades, o lucro total seria
de 5.140. Interessa saber se esta é a quantidade que permite à empresa obter o lucro
máximo. Como saber?
Tabela 5 – A maximização do lucro
Quantidade Custo Marginal Receita Marginal Lucro Total
900 120 265 5.000
901 90 230 5.140
902 70 195 5.265
903 60 160 5.365
904 70 125 5.420
905 90 90 5.420
906 120 55 5.355
907 180 20 5.195
908 270 -15 4.910
909 400 -50 4.460
Fonte: Elaboração própria dos autores.
Para responder a esta pergunta, deve-se analisar o custo e a receita para produzir
uma unidade adicional, ou seja, o CMg e a RMg, respectivamente. Se o custo para
produzir uma unidade a mais for menor do que a receita que a empresa obtém, então
ela deve produzir, pois conseguirá um lucro com esta unidade. O lucro obtido com a
venda desta unidade vai se somar ao lucro que a empresa já tinha garantido antes. Isto
fará com que o lucro total da empresa seja maior ao aumentar a produção. Significa
dizer então que, enquanto o CMg for menor do que a RMg, a empresa deve aumentar
o nível de produção. Se de outro lado o CMg for maior do que a RMg, então a empresa
deve reduzir a sua produção até o ponto em que o CMg seja igual à RMg. Esta é a
condição que faz com que a empresa obtenha o lucro máximo possível, ou seja,
CMg=RMg.
No exemplo da tabela 5, o lucro total máximo é de 5.420, alcançado quando
CMg=RMg=90, na quantidade de 905 unidades produzidas.
Figura 23 – Equilíbrio da firma.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
O equilíbrio da empresa e a maximização do lucro também pode ser visto na
figura 23, a partir dos dados util izados no exemplo da tabela 5. Assim, a empresa
conseguirá o lucro máximo produzindo a quantidade determinada pela intersecção da
curva do CMg com a RMg, ou seja, 905 unidades.
2.10 Estruturas de Mercado
O equilíbrio de mercado se dá através da interação entre oferta e demanda de
um produto qualquer. No entanto, essa interação entre oferta e demanda provoca
resultados diferentes no mercado, já que existem vários tipos de mercados e cada um
deles apresenta características próprias. Uma empresa que atua num determinado tipo
de mercado poderá ter mais ou menos poder de determinação de preço, por exemplo,
do que outra empresa que atua num outro tipo de mercado.
Os vários tipos de mercado dependem basicamente de três fatores. O primeiro
deles está relacionado ao número de empresas que atuam nesse mercado. O segundo
diz respeito ao tipo de produto produzido e vendido no mercado, isto é, a existência de
um bem substituto. O último fator está associado à existência ou não de barreiras ao
ingresso de novas firmas no mercado.
Assim, esse tópico trata das estruturas de mercado mais comumente encontradas.
Nessas estruturas, busca-se identificar várias características comuns entre um grupo de
empresas que atuam no mercado. Desta maneira, pode-se compreender o
funcionamento do mercado de automóveis, o mercado de frutas no Rio Grande do Sul
ou o mercado financeiro brasileiro, entre outros.
Existem quatro tipos de mercados que mais facilmente pode-se encontrar. Dois
deles são casos extremos: a concorrência perfeita e o monopólio. Além destes, existem
a concorrência monopolística e o oligopólio.
2.10.1 Concorrência Perfeita
A concorrência perfeita é um tipo extremo de mercado porque uma das
características desse tipo de mercado é a grande concorrência entre as empresas. Em
condições normais, dificilmente ocorre uma intensa competição, já que existe uma
série de imperfeições no mercado que podem distorcer ou limitar a l ivre competição
entre as empresas.
Essa é uma estrutura de difícil aplicação prática, já que poucos setores poderiam
ser enquadrados dentro desse mercado, funcionando mais como um modelo ideal de
mercado. Apesar disso, o seu estudo é importante, pois dele derivam uma série de
implicações, tanto para os consumidores como para as empresas.
As hipóteses básicas do modelo de concorrência perfeita são:
a. a existência de um grande número de compradores e vendedores;
b. as empresas produzem um produto homogêneo, isto é, são substitutos
perfeitos entre si;
c. existe transparência do mercado, ou seja, todas as informações são
conhecidas por todos;
d. a entrada e a saída de firmas do mercado é livre.
A primeira hipótese diz que é necessário um grande número de empresas no
mercado. Isso significa que cada uma destas empresas não tem poder de mercado, ou
seja, ela sozinha não consegue influenciar no mercado, como, por exemplo, em
relação ao preço do produto oferecido.
Isto, associado ao fato das empresas oferecerem um produto que seja substituo
perfeito entre si, implica que cada uma das empresas seja tomadora de preço. Nestas
condições, o preço do produto é determinado pelo mercado, através da oferta e da
demanda, e a empresa aceita esse preço como uma variável

Outros materiais