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ECONOMIA INTRODUTÓRIA: PRINCÍPIOS DE ECONOMIA E DE ANÁLISE DE CONJUNTURA ANDRÉ FILIPE ZAGO DE AZEVEDO ANGÉLICA MASSUQUETTI GISELE SPRICIGO (org.) MÁRCIO ELOIR SCHWEIG RAQUEL NEGRISOLI FERNANDEZ CABRAL (org.) SÉRGIO LEUSIN JÚNIOR TIAGO WICKSTROM ALVES 2ª edição Editora Unisinos, 2016 SUMÁRIO Apresentação Capítulo 1 – Princípios básicos de economia Capítulo 2 – Conceitos fundamentais de microeconomia Capítulo 3 – Noções de macroeconomia e teorias do comércio internacional Capítulo 4 – Aplicação dos conteúdos estudados – Uma breve análise da atual conjuntura econômica Sobre os autores Informações técnicas APRESENTAÇÃO O presente livro é uma obra de introdução às Ciências Econômicas. Adicionalmente, o texto trabalhará com a aplicação da economia, com exemplos da economia brasileira e internacional. O livro aplica-se às atividades acadêmicas da área temática da Economia, em diversos cursos de graduação do ensino superior. Assim sendo, o l ivro primeiramente trabalhará com conceitos básicos de economia. Logo após, conceitos fundamentais de microeconomia e de macroeconomia. Ao final, buscar-se-á a aplicação dos conteúdos estudados, através de uma breve análise da atual conjuntura econômica. Seguindo essa ordem, o l ivro tem como objetivo discutir os pontos a seguir l istados, de acordo com os capítulos que se seguem: Temática a ser desenv olv ida no Capítulo: Princípios básicos de economia 1 Noções de microeconomia 2 Noções de macroeconomia e teorias do comércio internacional 3 Aplicação dos conteúdos estudados – uma breve análise da atual conjuntura econômica 4 É importante destacar o objetivo do presente texto. Como trata-se de um livro de introdução às Ciências Econômicas, o mesmo trabalhará com muito conceitos, tais como demanda, oferta e equilíbrio de mercado. O importante é entender esses conceitos e não apenas decorá-los. Isso porque as Ciências Econômicas acabam fazendo parte da vida de todas as pessoas, tantos as pessoas físicas (indivíduos) como as pessoas jurídicas (organizações, empresas, instituições etc.). O princípio disso, pode- se dizer, está no fato de os indivíduos terem necessidades. Em outras palavras, todas as pessoas precisam se alimentar e precisam de bens e serviços (dos mais variados) para suprir as suas necessidades. Esses bens e esses serviços são, na maioria dos casos, ofertados (oferecidos) pelas pessoas jurídicas. Com essa breve explicação, pode-se perceber que as pessoas físicas têm demandas e as pessoas jurídicas ofertam bens e serviços. Essa troca, na economia de mercado da qual fazemos parte, ocorre através da compra e da venda de bens e serviços. Isso ocorre a todo o momento, em todos os lugares do mundo e com todas as pessoas. Dessa forma, o presente texto irá trazer os conceitos econômicos que deverão ser uma base calcificada de conhecimento para atividades futuras, tendo as Ciências Econômicas como instrumento estratégico. Após essa breve introdução, vale destacar algumas considerações sobre o por quê de se estudar economia: entender como funcionam os fluxos de recursos entre pessoas físicas e jurídicas, dentro do sistema capitalista de mercado; compreender sobre como as pessoas físicas fazem escolhas e os motivos que levam a termos diferentes tipos de consumidores, com diferentes comportamentos, na sociedade; identificar e analisar uma série de indicadores e informações que sirvam de base para a tomada de decisão, tanto nos investimentos pessoais como nas organizações, e, ainda, entender o processo de alocação de recursos nas organizações; ler e fazer uso das informações sobre economia que aparecem nos meios de comunicação todos os dias. Na maior parte dos dias da semana, a manchete dos jornais versa sobre economia; compreender e disseminar do papel do Estado enquanto regulador e organizador das atividades econômicas; entender e visualizar as perspectivas econômicas no Brasil e internacionalmente, compreendendo as relações econômico-financeiras entre os países; compreender o papel da economia na sociedade, apresentando os seus conceitos básicos e medidas de variáveis econômicas; compreender as diferentes estruturas de mercado e a sua influência no âmbito das organizações. Dessa forma, essas são algumas razões práticas para demonstrar a importância do estudo da economia, nas mais diversas áreas. A seguir, uma breve apresentação de cada capítulo. O primeiro capítulo busca apresentar os principais conceitos de economia, começando, principalmente, pelo entendimento do que significam as Ciências Econômicas. Também são apresentados os conceitos de tipos de bens, de macro e de microeconomia e, por fim, alguns princípios básicos para se estudar economia e para se entender como as pessoas tomam as decisões: Princípio 01: pessoas enfrentam tradeoffs. Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la. Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem. Princípio 04: pessoas respondem a incentivos. O segundo capítulo versa sobre noções de microeconomia. A microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias, consumidores e empresas. Considera-se assim, essas unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Dessa forma, trabalhar-se-á com conceitos fundamentais de microeconomia; equilíbrio; as tarefas do sistema econômico; fluxos econômicos; os mercados de (a) fatores e de bens e serviços, (b) fatores de produção, (c) bens e serviços de consumo; (d) mercado financeiro; curvas de possibil idade de produção; rendimentos decrescentes e os custos sociais crescentes; fundamentos de oferta e demanda e, ainda, elasticidade. Também serão trabalhadas: a Teoria da Produção, incluindo custos de produção, e as estruturas de mercado. A microeconomia e a macroeconomia compõem as duas grandes áreas do estudo da Economia. A macroeconomia, que será abordada no terceiro capítulo, se difere da microeconomia principalmente pelo uso da soma das variáveis econômicas individuais para obter dados agregados da economia. Assim, o uso do agregado e o foco nas variáveis agregadas como consumo agregado, investimento agregado e produto agregado são determinantes no estudo da macroeconomia. Desta forma, as análises macroeconômicas util izam instrumentos teóricos e empíricos para monitorar a economia, realizar previsões econômicas, auxil iar na elaboração de políticas públicas, além de buscar entender a estrutura da economia em geral. Por fim, o quarto e último capítulo tem o objetivo de definir, qualificar e quantificar os principais indicadores econômicos do país. Reconhecidamente, tais indicadores são fundamentais tanto para propiciar uma melhor compreensão da situação presente e o delineamento das tendências de curto prazo da economia quanto para subsidiar o processo decisório. O capítulo trabalhou com os agrupamentos mais convencionais dos diferentes indicadores e sempre que possível, especificou, para cada um deles, aspectos como conceito, finalidade, metodologia de determinação e instituição produtora. Vale destacar que ao final de cada capítulo tem-se alguns itens adicionais, tais como: indicação de sites, sugestões de leitura complementar, as referências uti l izadas ao longo do texto, bem como o(s) autor(es) de cada capítulo. A seguir, será apresentado o minicurrículo dos autores, e logo após será dada sequência aos capítulos. Boa leitura! Gisele Spricigo CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECONOMIA Gisele Spricigo Raquel Negrisoli Fernandez Cabral Sérgio Leusin Júnior O capítulo apresenta os principais conceitos de economia, começando, principalmente, pelo entendimento do que significam as Ciências Econômicas. Também são apresentados os conceitos de tipos de bens, de macro e de microeconomia e, por fim, alguns princípios básicos para se estudar economia e para se entender como as pessoas tomam as decisões: Princípio 01: pessoas enfrentam tradeoffs. Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la. Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem. Princípio 04: pessoas respondema incentivos. 1.1 Introdução Para a compreensão dos fatos econômicos, é necessário ter o conhecimento dos fundamentos básicos que regem a ciência econômica. Por mais que o estudo da economia seja multifacetado, existe uma série de ideias centrais que abrangem todo o escopo desta ciência. Estas ideias aparecerão de forma recorrente ao se analisar os problemas econômicos e devem ser internalizadas pelo estudante de economia. Porém, antes de iniciarmos nos conceitos propriamente, cabe reconhecer: o que é economia? Abaixo, tem-se um conceito bastante completo: A economia é uma ciência social que estuda como os indivíduos e a sociedade decidem (ou escolhem) empregar os recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre várias pessoas e grupos de sociedades, a fim de satisfazer as necessidades humanas (VASCONCELLOS; GARCIA, 1998). Esse conceito pode ser explicado parte a parte, como será feito a seguir: a economia é uma ciência social. Dentro das grandes áreas do conhecimento, as Ciências Econômicas fazem parte das Ciências Sociais Aplicadas; os indivíduos e a sociedade, a todo momento, em todos os lugares, está fazendo escolhas sobre o que comprar, onde investir etc.; essas escolhas estão pautadas pelas necessidades humanas; os recursos são escassos, e não abundantes, como será visto a seguir, na Lei da Escassez. A economia pode ser entendida em duas grandes áreas. A microeconomia ocupa- se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias, consumidores e empresas. Considera-se, assim, essas unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Já a macroeconomia estuda o funcionamento da economia como um todo, ou seja, ocupa-se do comportamento global do sistema econômico. A partir dessa breve introdução, destacam-se os elementos que são objetos de estudo das Ciências Econômicas. Esses elementos serão abordados, analisados e muitas vezes citados ao longo de todo o livro. São eles: escolha; escassez; necessidades; recursos; produção; distribuição. Ao longo do texto, também serão mencionados, diversas vezes, bens e serviços. É importante entender a que bens e serviços são todos aqueles criados para satisfazer as necessidades. Os bens podem ser tocados, analisados, esquematizados e contados. Os serviços não podem ser tocados nem estocados pois são intangíveis, ou seja, eles existem quando são produzidos. Tem-se os seguintes tipos de bens: Segundo seu caráter: Bens livres: são il imitados em quantidade ou muito abundantes. Não se pode apropriá-los, como o ar, o calor, o sol, a chuva etc. Bens econômicos: são bens escassos em quantidade, dada sua procura, e apropriáveis. Os bens econômicos têm valor monetário. Quase todos os bens são bens econômicos. Segundo sua natureza: Bens de capital São aqueles uti l izados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam quando util izados (com exceção da depreciação), como, por exemplo, uma máquina ou uma impressora. Bem de consumo Atende às necessidades humanas. São classificados em bens duráveis (móveis, por exemplo) e não-duráveis (alimentos, por exemplo). Segundo sua função: Bem intermediário São aqueles agregados ou transformados na produção de outros bens e que são consumidos totalmente durante o processo produtivo. Por exemplo: cola no calçado. Bem final São aqueles vendidos para consumo e/ou para uti l ização final. Exemplo: calçado. E ainda: bens privados, que são produzidos e possuídos privadamente. Bens públicos são aqueles cujo consumo é feito por vários indivíduos ao mesmo tempo (por exemplo, um parque). 1.2 A lei da escassez A palavra economia deriva do termo grego oikos que significa lar, podendo ser interpretado como o estudo do lar, ou ainda, o estudo do ambiente, que inclui todos os fatores que afetam a vida dos organismos que de alguma forma interagem nesse ambiente. Deve-se ter em mente a diferença entre o termo casa, que diz respeito à parte física da moradia, e o termo lar, que é mais amplo e trata de questões relacionadas à qualidade do convívio e sobrevivência das pessoas ou organismos que compõem este lar. Desta forma, pode-se definir a ciência econômica como a ciência que busca compreender e encontrar soluções para problemas originados da interação entre estes organismos que constituem o ambiente ou lar. Este ambiente, de maneira ampla, pode ser compreendido como um composto social formado por famílias, empresas e governo. É importante lembrar que os problemas deste composto social são problemas originados por pessoas e que irão afetar exclusivamente a vida de pessoas. Assim, ao resolver um problema econômico, se está resolvendo um problema na vida das pessoas. Os problemas originados da interação entre estes agentes são em função de um princípio humano fundamental: os indivíduos têm desejos e necessidades il imitadas1 (prazer, felicidade, amor, saúde etc.) e a natureza tem recursos disponíveis para suprir estas necessidades de maneira l imitada (água, matérias-primas etc.). Neste ponto entra em cena talvez o principal problema econômico: a escassez. Assim, pode-se dizer que economia é o estudo da forma como as sociedades util izam seus recursos escassos para produzir bens e de como serão distribuídos estes bens entre os vários indivíduos. A interação entre as duas forças que geram os problemas econômicos (desejos il imitados versus recursos limitados) é regida por um ser humano muitas vezes definido por economistas da Escola Clássica de Economia como o Homo Economicos ou Homem Econômico. Esta categoria de indivíduo é definida como um homem perfeitamente racional e capaz de fundamentar suas decisões exclusivamente por razões econômicas, preocupando-se em obter o máximo de benefício com o mínimo de sacrifício de modo imediato. Ele agiria racionalmente no sentido de maximizar sua riqueza e assim introduzir novos métodos produtivos para enfrentar a concorrência no mercado (SANDRONI, 1999). Na figura 1 é mostrado de forma sintetizada o objeto de estudo da Economia. Figura 1 – A origem dos problemas. Fonte: SANDRONI, 1999. Elaboração própria dos autores. Em síntese, o estudo da economia diz respeito à maneira como grupos de pessoas interagem entre si enquanto realizam suas atividades cotidianas. Desta forma, o comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que a compõem, e este fato torna de fundamental importância conhecer os princípios que definem as tomadas de decisão individuais. Estas decisões precisam ser feitas tendo em vista que os recursos são escassos, o que torna impossível atender a todas as necessidades humanas. Portanto, a sociedade precisa fazer suas escolhas, assim como os indivíduos no seu dia-a-dia. 1.3 Princípios da Tomada de Decisão Indiv idual Uma importante contribuição para a compreensão dos princípios fundamentais de economia foi realizada por Mankiw (2001) ao sistematizar a maneira como são solucionados os problemas originados em função da escassez dos recursos. Como as pessoas tomam decisões: Princípio 01: pessoas enfrentam tradeoffs; Princípio 02: o custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la; Princípio 03: pessoas racionais pensam na margem; Princípio 04: pessoas respondem a incentivos. Princípio n° 1: pessoas enfrentam tradeoffs Em Economia, tradeoff significa uma situação de escolha conflitante que é ocasionada em função da escassez de recursos. Um exemplo de recurso escasso é o tempo. O estudante desta disciplina, por exemplo, tem tempo limitado para a realização de todas as tarefas que gostaria de fazer. Provavelmente seja mais agradável passar os dias na beira de um rio pescando do que estudando em seu quarto, contudo a vida exige mais do que isso e algumas horas de estudo serão necessárias para o seu crescimento profissional. Portanto, para um aluno tirar boas notas, ele terá de abdicar algumas horas de suas atividades de recreação para dedicar-se aos estudos. Assim, um estudante, ao decidir entre estudos ou lazer, está enfrentando um tradeoff, pois não pode realizar asduas tarefas ao mesmo tempo. Desta forma, mais horas de lazer consequentemente implicam em menos horas de estudo. Princípio n° 02: O custo de alguma coisa é o que v ocê desiste para obtê-la O princípio n° 1 gera um desdobramento, pois existirá um custo caso o aluno decida passar todas as horas disponíveis do seu dia pescando à beira de um rio ao invés de estudar para as provas, e este custo provavelmente será uma nota baixa na avaliação. Ou seja, o custo de alguma coisa, ou o custo de uma decisão, é o custo do que se abre mão para poder obtê-la. Esta frase pode ser reescrita da seguinte maneira: para quase todas as decisões tomadas existe um bônus, mas também um ônus. Ou ainda: independentemente da opção escolhida, existirá um custo e um benefício em função desta decisão. Em Economia, este princípio é muito uti l izado e talvez seja um dos mais importantes. Ele é chamado de custo de oportunidade. Um exemplo clássico de custo de oportunidade, que é seguidamente util izado em planos de negócios, é a ponderação da realização ou não de um investimento empresarial. O empresário pode perguntar-se qual será a renda que ele irá acrescentar ao seu faturamento ao realizar um investimento de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) na sua empresa, por exemplo. Ele terá no mínimo duas opções para avaliar: uma opção seria depositar este valor em uma conta poupança, por exemplo, na qual ele terá um determinado rendimento; a outra opção seria ele investir na empresa comprando ou renovando as máquinas para a produção de mercadorias. Caso o rendimento gerado pelo investimento na empresa for menor que o rendimento da poupança, é provável que ele escolha depositar este valor na poupança e, desta forma, não realizar o investimento na empresa. Assim, o rendimento da poupança é o custo de oportunidade de investir este valor na empresa. Princípio n° 03: Pessoas racionais pensam na margem Provavelmente o aluno pescador, citado nos princípios anteriores, não irá nem decidir passar todas as horas do seu dia pescando, nem ocupar todo o seu dia estudando. Com certeza ele irá ponderar o benefício de mais uma hora de estudo ou mais uma hora de pescaria. Ele não será radical ao ponto de escolher ficar o resto de sua vida só pescando ou só estudando. É provável que este aluno busque avaliar qual o benefício de algumas horas adicionais de estudo para sua vida acadêmica, assim como avaliar qual o ganho de algumas horas adicionais de pescaria na sua qualidade de vida. Desta forma, pode-se afirmar que em muitos casos as pessoas tomam as melhores decisões quando pensam na margem, determinando o quanto a mais de esforço é preciso despender para se obter maiores benefícios. Princípio n° 04: pessoas respondem a incentiv os Imagine que o preço da carne tenha disparado nos supermercados e que o aluno do exemplo seja um bom pescador. Mesmo considerando sua pescaria como uma atividade recreativa, de certa forma este aluno está colaborando com sua família ao levar peixes para serem consumidos no almoço. Assim, a elevação do preço da carne acaba por incentivar para que o mesmo continue pescando, ou até mesmo aumente o número de horas que se dedica a esta atividade e consequentemente reduza suas horas de estudo. A principal l ição que deve ser internalizada deste princípio é que novos acontecimentos podem fazer com que as pessoas reavaliem suas escolhas, começando pelo princípio 1 (pessoas enfrentam tradeoffs), passando para uma reavaliação do custo de oportunidade (princípio 2 - quanto será perdido ao optar entre duas alternativas conflitantes) e, finalmente, verificando quanto a mais se obterá da alternativa a ao abrir mão de certa quantia da opção b (princípio 3 – pessoas racionais pensam na margem) É facilmente percebido nas sociedades o equivocado conceito de que é possível viver sem a ajuda de outros ou sem a interação entre as pessoas. Todas as pessoas (países) do mundo precisam da ajuda de outras pessoas (países) para sobreviver, por mais rica que seja esta pessoa ou país. Quando você acorda pela manhã, provavelmente um celular com tecnologia importada do Oriente te desperta. Ao sentar- se à mesa do café, irá consumir frutas que foram colhidas por pessoas; e ao se deslocar para o seu trabalho ou escola, alguém tornou possível o seu transporte, seja o governo municipal que lhe forneceu as vias públicas municipais, seja o frentista que abasteceu seu carro ou o motorista do seu ônibus. Assim, acreditar na ideia de vida isolada ou independente dos outros é i lusão. A primeira l ição que um indivíduo precisa internalizar para compreender os fatos econômicos é acreditar que não é possível o convívio isoladamente. Seja uma pessoa, cidade ou país, todos necessitam da ajuda de outros. Com a ajuda destes conceitos básicos, será possível compreender a maneira particular como os problemas econômicos são tratados e como se deve pensar para resolvê-los. O economista sempre deve analisar as alternativas disponíveis, verificar o(s) custo(s) (e não só os benefícios) originado(s) das decisões tomadas, assim como buscar entender como os eventos estão relacionados. A Economia é uma ciência como todas as outras, contudo possui elementos das ciências exatas e humanas, e o seu laboratório é a vida real. Desta forma, o economista nunca deve descuidar do seu objeto principal, que é a busca pelo bem-estar das sociedades. 1.4 Indicação de Sites Site Oficial do Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br Site Oficial do Ministério da Fazenda (Brasil): www.fazenda.gov.br 1.5 Conceitos Importantes Termos Básicos Escassez Homo Econômicos tradeoffs Custo de oportunidade Tipos de bens REFERÊNCIAS SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999. MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. MOCHÓN, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio (org.). Manual de economia: equipe dos professores da USP, 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 1998. MANKIW, N. GREGORY. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. MANKIW N. G. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. 1 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de economia. São Paulo: Pioneira, 1999. VASCONCELOS, M. A. S. Economia micro e macro. São Paulo: Atlas, 2001. VASCONCELLOS, M. A.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: http://www.bcb.gov.br http://www.fazenda.gov.br Saraiva, 1998. VASCONCELLOS, M. A.; TROSTER R. L. Economia básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998. __________ 1 Os desejos humanos ou necessidades humanas, de acordo com a pirâmide de Maslow, começam com as funções biológicas e fisiológicas básicas como alimentação, conforto físico, descanso, lazer, etc., que ao serem supridos fazem originar desejos mais complexos como autonomia, identidade, estabilidade, aceitação entre seus pares entre outros. CAPÍTULO 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE MICROECONOMIA Gisele Spricigo Márcio Eloir Schweig Raquel Negrisoli Fernandez Cabral Tiago Wickstrom Alves A microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como famílias, consumidores e empresas. Considera-se assim essas unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Dessa forma, trabalhar- se-á com conceitos fundamentais de microeconomia; equilíbrio; as tarefas do sistema econômico; fluxos econômicos; os mercados de (a) fatores e de bens e serviços; (b) fatores de produção; (c) bens e serviços de consumo; (d) mercado financeiro; curvas de possibilidade de produção; rendimentos decrescentes e os custos sociais crescentes; fundamentos de oferta e demanda e, ainda, elasticidade. A teoria da produção e custos de produção será abordada, com vistas a ampliar a magnitude de ganhos para as empresas. Também, ao final, definem-se as estruturas de mercado e visualizam-se as barreiras à entrada em novos mercados.2.1 Introdução à Microeconomia A teoria microeconômica estuda o comportamento dos agentes econômicos individuais, isto é, das decisões dos indivíduos como consumidores, como proprietário dos fatores de produção, e das suas decisões como proprietário das firmas. É comum encontrar a expressão comportamento da firma nos livros de economia. Esta é uti l izada para expressar o comportamento dos empresários quando atuam no mercado. Da mesma forma, tem-se a expressão comportamento do consumidor, que abarca um amplo leque temas econômicos relacionados ao comportamento dos agentes enquanto consumidores, por exemplo: racionalidade econômica, teoria dos incentivos, informação, entre outros. Assim, a microeconomia é o ramo das ciências econômicas que busca explicar o comportamento dos consumidores e das firmas no mercado. Desta forma, ela analisa também a estrutura de mercado, como a formação de cartéis, monopólios e o comportamento destes. 2.3 Equilíbrio O conceito de equilíbrio é um dos mais importantes em análise econômica. A expressão equilíbrio significa uma posição onde as forças se anulam e, em caso de qualquer alteração, as forças de mercado restabelecerão o equilíbrio. Na figura 2, tem- se um pêndulo que ajuda a compreender a noção de equilíbrio. Em qualquer posição que soltarmos o pêndulo, como na posição A, por exemplo, ele oscilará e movimentos cada vez menores e acabará na posição de equilíbrio E. Assim é a ideia de equilíbrio muitas vezes discutida em microeconomia: sabe-se posição do mercado, e caso determinada alteração ocorra, pode-se prever o que irá ocorrer, mas o tempo e os movimentos intermediários não são discutidos. Assim como expresso no exemplo do pêndulo, não se explicita quantos movimentos e em que tempo se obterá a posição estática E, mas sabe-se que lá será o equilíbrio. Essa é a definição de equilíbrio estático analisado em economia. Figura 2 – Equilíbrio. Fonte: Elaboração própria dos autores. 2.3 As Tarefas do Sistema Econômico A economia é, em última análise, a ciência da escassez, pois ela tenta suprir necessidades il imitadas dos seres humanos com recursos produtivos limitados. Logo, ela dedica-se a como maximizar a satisfação dos consumidores, dada a limitação de renda, e a maximização do lucro dos produtores, dada a limitação de insumos e preço dos fatores de produção. Como as necessidades humanas têm que ser satisfeitas com uma limitada quantidade de recursos, uma função primordial da economia é estabelecer a melhor combinação dos recursos disponíveis para atender essas necessidades, que são divididas em três categorias: primárias, secundárias e coletivas. a. Necessidades primárias: são aquelas essenciais à sobrevivência humana. Isto é, são necessidades comuns a todas as pessoas, que são alimentação, saúde, habitação e transporte, entre outras. b. Necessidades secundárias: são aquelas que aparecem à medida que ocorre o crescimento econômico. Ao contrário das primárias, não se instalam repentinamente, pois levam algum tempo para se incorporarem aos hábitos. Tais necessidades são também chamadas de supérfluas e tendem a serem consideradas essenciais na medida em que passam a fazer parte da cesta de consumo dos indivíduos como, por exemplo, telefone celular. c. Necessidades coletivas: são aquelas que surgem da necessidade concernente à socialização dos indivíduos, necessitando, assim, de serviços que muitas vezes são coletivos. Exemplo desses são: manutenção da ordem pública, os serviços de água, luz e telefone, a construção e manutenção de estradas etc. PRIMÁRIAS SECUNDÁRIAS COLETIVAS Alimentação Saúde Habitação Transporte Supérfluas Serviços Públicos Dessa forma, o sistema econômico tem como tarefas atender essas necessidades. Logo, o problema econômico pode ser resumido em três questões: o que produzir? quanto produzir? como produzir? Estas questões abrangem praticamente todo o campo de Análise Econômica. Deve-se ressaltar que toda decisão econômica que seja realizada em uma economia com uma certa quantidade de habitantes, um certo grau de tecnologia, determinado número de fábricas e ferramentas e determinada quantidade de terra, potência energética e recursos naturais, ao decidir o que, quanto e como, estará de fato decidindo para quem produzir com os recursos existentes. 2.4 Fluxos Econômicos Um sistema econômico tem seu funcionamento embasado na util ização de seus recursos disponíveis para produção de um conjunto de bens e serviços que serão util izados por outras unidades produtoras ou colocados à disposição dos consumidores finais para satisfação de suas necessidades. A geração dessa produção é realizada basicamente através dos seguintes recursos: terra (recursos naturais); trabalho; capital; tecnologia. Assim, a natureza constitui-se no primeiro fator de produção. São as matérias primas de muitos setores industriais na produção de novos bens, além de recursos energéticos como hidrográficos, petróleo, gás etc. Esses recursos são denominados de Terra ou Recursos Naturais em economia. O trabalho refere-se ao emprego de mão-de-obra util izado na produção de bens e serviços. O capital compreende o conjunto e fábricas, estradas, máquinas, equipamentos e instalações, assim como o conhecimento tecnológico da sociedade. Na atualidade, o fator capital humano passou a ser mais relevante que o capital físico e tem sido objeto de estudo em muitas áreas das ciências sociais. Dado que a produção de bens e serviços é orientada pelas necessidades humanas e exige a uti l ização de fatores de produção, então, pode-se representar o fluxo destes recursos e produtos através do que se denomina de fluxo circular da economia. Esses fluxos econômicos correspondem a um fluxo real (de bens e serviços) e um fluxo monetário, que representa a contrapartida, em valor, dos bens, serviços e fatores uti l izados na economia por um intervalo de tempo. A figura 3 exemplifica esse fluxo. Figura 3 – Fluxo Circular em uma Economia a Dois Setores. Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. Os Mercados de Fatores e de Bens e Serviços Um mercado é o lugar onde compradores e vendedores encontram-se para comprar e vender seus recursos, bens e serviços. De outra forma, o mercado é onde vendedores e compradores, por meio de suas interações reais ou potenciais, definem preços. No passado, o termo referia-se a uma localização geográfica, mas atualmente não há limites para determinados mercados, pois o avanço tecnológico facil itou o contato entre vendedores e compradores sem que eles sequer se vejam. O preço, que é uma medida de escassez, é determinado pela interação entre a oferta e a demanda. Denomina-se de preço de mercado aquele preço que prevalece em um mercado competitivo. Isso não significa que todos os produtos foram ou serão vendidos ao preço estabelecido, mas que os preços de comercialização oscilam em torno dele. O Mercado de Fatores de Produção Neste mercado, as famílias ofertam seus recursos: terra, trabalho e capital. Enquanto isso, as empresas (unidades produtoras) demandam (procuram) tais recursos para alocarem na produção de bens e serviços. O Mercado de Bens e Serv iços de Consumo No mercado de bens e serviços, são ofertados produtos aos consumidores que passaram por um processo de produção ou extração e serviços aos consumidores. Esses produtos e serviços são denominados de produtos e serviços finais. Mercado Financeiro É o conjunto do mercado monetário e de capitais. Esse mercado é responsável pela intermediação entre agentes superavitários (famílias) e deficitários (empresas). A transformação da poupança (que é um vazamento do consumo) em investimento (que é a aquisição de máquinas e equipamentos para a produção) é possível pela existência do mercado financeiro. A alocação dos fatores na determinação dos bens e serviços finais e nos bens de capitais determina as possibil idades de produção de uma economia. Se houver maior alocação dos fatores para a produção de bens finais, reduzindo os investimentos, a economia irá crescer mais lentamentedo que uma outra economia onde a poupança e o investimento fossem proporcionalmente maiores. Essa relação pode ser observada na curva de possibil idade de produção. 2.5 Curv as de Possibilidade de Produção A Curva de Possibil idade de Produção, também chamada de Fronteira de Possibil idade de Produção, pode ser melhor compreendida através de uma representação gráfica, que evidencia o problema de realização da produção, dados os recursos produtivos. Por exemplo, supondo que uma economia possa produzir, com a util ização plena de seus recursos e na máxima eficiência técnica, 50 unidades de bens de capital, ela não teria mais capacidade de produção. Isso significa que não teria disponibil idade de recursos para a produção de bens de consumo. No outro extremo, se produzisse 100 unidades de bens de consumo, então, não teria recursos para a produção de bens de capital. Logo existe uma necessidade de, ao produzir mais de um, reduzir a produção de outro, dados os recursos existentes. Essas possibil idades de produção é que se denomina de Curva de Possibil idade de Produção, que pode ser observada na figura 4. Figura 4 – Curva de Possibilidade de Produção. Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores. Pontos notáv eis das Curv as de Possibilidade de Produção Se uma economia estiver operando no ponto O, ela estará operando em pleno desemprego, embora isso possa ser apenas dito na teoria, inexistindo na prática, porque os recursos nesta situação não seriam util izados para quaisquer fins, de modo que a produção seria reduzida a zero. Se estiver operando nos pontos A, B ou C, significa que a economia esta operando com pleno emprego dos fatores disponíveis. Se estiver operando no ponto D, significa que os recursos não estão plenamente empregados, e estamos com capacidade ociosa. No ponto E, a produção é impossível com os recursos e a tecnologia existentes na economia. Esse ponto só pode ser atingido no longo prazo através da expansão dos recursos e/ou tecnologia. Logo, sempre que houver variação nos fatores de produção, haverá deslocamento da curva de possibil idade de produção. Assim, dada a escolha entre bens finais e de capitais, dada uma curva de possibil idade de produção, se estará determinando: o que e em que quantidades produzir; o processo de maximização da produção dada pelos recursos disponíveis; a taxa de crescimento da economia. Deslocamento das curv as de possibilidade de produção Essas variações ocorrem somente no longo prazo em função de variações tecnológicas, e/ou aumento da força de trabalho e/ou de alterações no capital. Graficamente: Figura 5 – Deslocamento da Curva de Possibilidade de Produção. Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores. Deslocamento Positiv o Ocorre em situações normais de uma economia, os recursos disponíveis com expansão de melhorias. Deslocamento Negativ o Ocorre em situações anormais, a redução ou desqualificação dos recursos disponíveis em uma economia. Qual a causa essencial das diferentes taxas de deslocamento positivo da curva de possibil idade de produção? Depende da parcela de produção que é destinada à acumulação (investimentos). Acumulação → Processo de expansão e melhoria dos recursos de produção já existente (humanos e patrimoniais). 2.6 Rendimentos Decrescentes2 e os Custos Sociais Crescentes Lei dos Rendimentos Decrescente, também chamada de produtividade marginal decrescente, é todo o movimento de intensificação da produção para um determinado ramo, levando à redução da produtividade em função da existência da perda de eficiência dos fatores. Se todos os recursos da produção se expandirem a curva de possibil idade de produção poderia apresentar rendimentos constantes ou crescentes, porém se qualquer um dos fatores permanecer fixo o resultado da expansão será a uma taxa decrescente. Figura 6 – Rendimentos Decrescentes sobre a Curva de Possibilidade de Produção. Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores. Na medida que se amplia a produção de bens de consumo (em proporções constantes), necessita-se reduzir-se cada vez mais a produção de bens de capital. Ou seja, cada unidade adicional de bens de consumo exigirá uma redução cada vez maior na produção de bens de capital, como pode ser visto na passagem do ponto A para o ponto B e de B para C na figura 5. Destaca-se que no exemplo dado na figura 4 não existe variação na disponibil idade dos recursos, mas sim na destinação que é dada a eles. Curv a de Restrição Orçamentária Representa o máximo que o indivíduo pode adquirir de duas mercadorias, dada sua renda monetária e o preço das mercadorias. Conforme o gráfico abaixo, se toda a renda de um indivíduo fosse util izada para a aquisição do produto Y, Y0 seria o máximo que ele poderia adquirir dada sua renda e o preço de Y; já se toda a renda fosse util izada para a aquisição do bem X, X0, representaria o máximo que ele poderia adquirir de X dada a sua renda e o preço da mercadoria X. Assim unindo os pontos Y0 e X0, temos a reta de restrição orçamentária. Figura 7 – Curva de restrição orçamentaria. Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração: Raquel Cabral. A reta de restrição orçamentária é de suma importância na teoria do consumidor, pois é com base nela que se determina a curva de demanda. Isso ocorre por que os indivíduos tentarão maximizar suas util idades (satisfação obtida no consumo dos bens) dadas a renda e os preços dos bens. Assim, sempre que houver alteração no preço dos bens, o consumidor irá deslocar seu consumo em direção ao bem que se tornou mais barato. Além disso, sempre que um ou mais bens apresentarem redução real de preços, o consumidor terá um incremento real de renda, pois ele poderá consumir as mesmas quantidades anteriores e lhe sobra renda. Logo, uma demanda modificada por alteração de preços dos produtos sempre apresentará um efeito de substituição (modificação das quantidades consumidas em busca do bem mais barato) e um efeito de renda. 2.7 Fundamentos de oferta e demanda 2.7.1 Demanda Na teoria da microeconomia, a demanda ou procura é a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores estão dispostos e capazes de adquirir por determinado preço e em determinado momento. Determinantes da Demanda Preço da mercadoria em questão representa um movimento ao longo dacurva de demanda Renda Monetária Deslocamento da curva de demandaGosto ou preferência do consumidor Preço de outras mercadorias Lei da Demanda “A quantidade demandada de uma mercadoria é uma função inversa dos preços desta mercadoria”. Ou seja, à medida que o preço de uma determinada mercadoria se eleva, a quantidade demandada dessa mercadoria diminui. Sendo assim, sua representação gráfica apresentará uma inclinação negativa. Curv a de Demanda Ela é obtida a partir dos níveis de util idade que se obtêm ao consumir determinado bem em diversas quantidades. Como a util idade marginal é decrescente, então quantidades maiores terão níveis de util idades adicionais cada vez menores. Graficamente: Figura 8 – Rendimentos Decrescentes e a Curva de demanda. Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. Observe que quando o consumidor consume a primeira unidade do produto, ele obtém um elevado nível de satisfação (representado pela altura da barra no número 1 de quantidades), e na medida em que ele vai consumindo unidades adicionais, o prazer que ele sente pelo consumo dessa unidade adicional é inferior ao obtido na unidade anterior. Como exemplo, pense em você em um dia de calor. Se você tomar um picolé, terá um nível de satisfação ao consumir o primeiro picolé. Mas ele poderá não ser suficiente para aplacar seu calor e você decide comprar o segundo. O nível de satisfação total que você obterá será maior, mas o prazer que o segundo picolé lhe proporcionará será inferior ao obtido no primeiro. Uma vez que a uti l idade marginal (UMg) é decrescente, então, a curva de demanda é necessariamente decrescente, ou seja, terá uma inclinação negativa e passará pelos limites de satisfação obtida em cada unidade consumida,conforme representado na figura 7 pela l inha que une as barras de util idade para os diferentes níveis de consumo. Isso permite formular a denominada Lei da Demanda, que significa que quantidades maiores só serão consumidas de os preços forem menores. Exceção a Lei de Demanda - Bens de GIFFEN Só houve um exemplo na história, em que ocorreu a existência de um bem de GIFFEN, que foi na Inglaterra - ou mais propriamente na Irlanda - com as batatinhas inglesas. É que a depressão era tão grande que uma parte da população recebia tão pouco que só podia comer batatinha. À medida que o preço dessas diminuíam, diminuía também seu consumo, pois surgia a possibil idade das pessoas adquirirem outros produtos em função da economia com o gasto com batatinha e vice-versa. Demanda agregada A demanda agregada é a soma das demandas individuas por aquela mercadoria ou serviço. Sua soma é obtida a partir de cada preço e somando-se horizontalmente as quantidades demandas àquele preço. Graficamente: Figura 9 – Demanda agregada. Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. Quando qualquer um dos determinantes se altera, que não seja o preço, coeteris paribus, então, a curva de demanda como um todo se modifica, e essa alteração denomina-se de variação da demanda. Quando somente o preço do bem se modifica, haverá alterações nas quantidades demandadas e não na demanda, isso é, ao longo da curva de demanda já estabelecida. Coeteris Paribus Essa expressão, bastante comum em economia, significa que exceto as variações que estão sendo explicitamente mencionadas, todas as demais variáveis permanecem constantes. 2.7.2 Oferta Podemos definir como: as várias quantidades que os produtores estão aptos e dispostos a ofertar no mercado, em função dos vários níveis de preços possíveis, em determinado período de tempo. A oferta representa o comportamento dos produtores. Logo, podemos afirmar que os preços sendo maiores, maior será o desejo dos empresários em oferecer seus produtos e maior será o número de ofertantes no mercado. Os elementos que afetam a oferta são: custo dos insumos: faz com que a oferta tenha alterações nos preços; tecnologia: com melhorias na tecnologia, os custos de produção diminuirão. Isso amplia as condições dos produtores em ofertar mais com o mesmo preço ou a mesmas quantidades a um preço menor; condições climáticas: se tomarmos como exemplo a produção agrícola, é um fator que pode causar redução ou aumento de produção; preço dos bens relacionados: tanto os bens substitutos como complementares; preço do bem em questão: quanto mais alto for o preço, mais incentivos terá a produção. Resumindo, os determinantes da oferta afetam a função de oferta da seguinte forma: Determinantes da Oferta Preço da mercadoria em questão representa um movimento ao longo dacurva de oferta Custos dos insumos Deslocamento da curva de oferta Tecnologia Condições climáticas Preço dos bens relacionados Figura 10 – Curva de Oferta. Fonte: Elaboração própria dos autores. Na oferta, não existe como na demanda a Lei da Demanda. Ela é, em geral, positivamente inclinada, mas poderá apresentar inclinação nula (zero) e até mesmo negativa. Ainda, a curva de oferta representa o limite máximo e mínimo, dependendo do sentido analisado. Máximo: quando uma vez fixados os preços, haverá uma quantidade máxima de produção para aquele nível de preço. Mínimo: quando uma vez fixada a quantidade, o preço refletirá o mínimo que o empresário estará disposto a cobrar por aquela quantidade. 2.7.3 Equilíbrio entre Oferta e Demanda A interação entre ofertantes e compradores, em um determinado mercado e para um determinado produto, em concorrência perfeita (mercados competitivos), leva ao estabelecimento de um preço de mercado. A esse preço, denominamos de preço de equilíbrio. Essa interação também define as quantidades comercializadas e diz que o mercado está em equilíbrio quando as quantidades ofertadas são consumidas, não havendo, portanto, nem excesso de demanda nem tampouco de oferta. Qualquer alteração nos fatores determinantes da oferta ou da demanda levará a alterações no equilíbrio desse mercado. Vejamos graficamente como ocorre o equilíbrio de mercado. Figura 11 – Preços e quantidades de equilíbrio entre demanda e oferta. Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores. Como pode ser observado na figura 10, no equilíbrio tem-se a igualdade entre demanda e oferta; ou seja, tudo o que foi produzido foi consumido. Formalmente: Qd=Qo. Onde: Qd (Quantidade demandada) Qo (Quantidade ofertada) Assim, acima do preço de equilíbrio tem-se excesso de oferta, e abaixo do preço de equilíbrio tem-se excesso de demanda. Exemplo 1. Suponhamos que a curva de demanda seja dada pela expressão Qd=100 - 10P e a de oferta por: QO=20P - 50, onde P é o preço da mercadoria. Com essas informações, qual seria o preço e a quantidade de equilíbrio para esse produto neste mercado? Solução: QD=QO 100 - 10P=20P - 50 100 + 50=20P + 10P → 150=30P 150 / 30=P → P=5,00 QD=100 - 10 . 5 → QD=50 ou QO=20 . 5 - 50 → QO=50 Equilíbrio é de 50 quantidades ao preço de $ 5,00. Deslocamentos da curva de demanda e oferta e o efeito sobre as condições de equilíbrio de mercado Conforme destacado anteriormente, a alteração de um dos determinantes da demanda ou da oferta causará alterações no equilíbrio. Assim, é preciso compreender como os determinantes afetam a demanda e a oferta, e como essas alterações afetam o equilíbrio. Inicialmente destacamos os efeitos sobre as curvas de demanda e de oferta, e depois agregamos isso nas condições de equilíbrio. Deslocamentos da demanda A figura 12 evidencia os deslocamentos da curva de demanda e os condicionantes para tal movimento. Figura 12 – Deslocamentos da curva de demanda. Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores. A figura 13 permite visualizar os deslocamentos da curva de oferta e os fatores determinantes desses deslocamentos. Figura 13 – Deslocamentos da curva de oferta. Fonte: VASCONCELOS, 2001. Elaboração própria dos autores. Deslocamentos da demanda e oferta e o mov imento dos preços Deslocamento Positiv o da Demanda Um deslocamento positivo na demanda, coeteris paribus, levará a um aumento nos preços de equilíbrio e nas quantidades, conforme pode ser observado na figura 14. Figura 14 – Efeitos do aumento da demanda. Fonte: Elaboração própria dos autores. Um deslocamento negativo terá efeito contrário, ou seja, levará a uma queda nos preços e nas quantidades de equilíbrio. É preciso destacar que aumentos de renda não necessariamente aumentam a demanda por um bem. O efeito da renda dependerá se o bem for inferior, normal ou superior. Quando houver um aumento de poder aquisitivo, ou aumento real de renda, as pessoas irão aumentar seu consumo no caso de um bem normal ou superior, e haverá um deslocamento negativo no caso de um bem inferior. É em relação a esse comportamento em relação à renda que os bens são classificados como inferior, normal ou superior. Ressalta-se que um bem não é por si só inferior, superior ou normal, mas depende do nível de renda do indivíduo. Isto é, um bem pode ser inferior para determinado indivíduo, normal para outro e superior para um terceiro. Por exemplo, a carne moída, denominada de segunda. Ela pode ser um bem de luxo para alguém muito pobre, normal para outra classe e inferior para a classe superior de renda. Deslocamento Positiv o da Oferta O aumento da curva de oferta, coeteris paribus, resultará em uma queda nos preços de equilíbrio e um aumento nas quantidades de equilíbrio, como pode ser observado na figura 15. Figura 15 – Efeitos do Aumento da Oferta. Fonte: Elaboração própria dos autores. Deslocamento negativo, ou seja, uma redução da curva de oferta gera um efeito oposto, ou seja, aumenta os preços e reduz as quantidades de equilíbrio. 2.8 Elasticidade É a sensibil idade de variação na quantidade demandada de um produto em relação a uma variável que afeta a demanda por este bem, como preço, renda, preço dos bens substitutose complementares. É uma medida que relaciona variações proporcionais entre variáveis. As alterações resultantes das variáveis envolvidas geram uma elasticidade com denominação específica, que são: o preço do produto - elasticidade-preço; a renda - elasticidade-renda; preço dos outros produtos - elasticidade-cruzada. 2.8.1 Elasticidade - Preço: Preço da Demanda (EP): É a razão entre a variação porcentual da quantidade demandada de um bem, dada uma variação porcentual no preço. Ela pode ser medida em um determinado ponto da curva, como para variações que refl itam um intervalo de preços. Elasticidade no Ponto (Ep) Elasticidade no Intervalo - Util izado ponto médio (EP) Atenção A elasticidade da demanda sempre será negativa, pois existe uma relação inversa entre preço e quantidade. Quanto à elasticidade-preço, pode-se dizer que a demanda é: a. Elástica: quando EP > | 1 |, ou seja, a variação relativa na quantidade é “mais que proporcional” à variação relativa no preço. b. Inelástica: quando EP < | 1 |, ou seja, dada uma variação porcentual no preço, ocorrerá uma variação porcentual menor na quantidade c. Elasticidade Unitária: quando EP=| 1 |, ou seja, a variação relativa na quantidade é proporcional à variação no preço. Além das elasticidades mencionadas, uma curva de demanda poderá ser perfeitamente elástica ou perfeitamente inelástica, conforme pode-se observar nas figuras que seguem. Perfeitamente Elástica: quando E P=- ∞ (infinito) Uma curva de demanda horizontal será extremamente sensível a preços. Ou seja, um pequeno aumento de preços fará com que os consumidores deixem de comprar o bem, e uma pequena redução leva a um elevado aumento das quantidades demandadas. Esse extrema sensibil idade faz com que a elasticidade tenda ao infinito. A figura 16 evidencia uma curva de demanda perfeitamente elástica. Figura 16 – Curva de demanda perfeitamente elástica. Fonte: MANKIW, 2001. Fonte: Elaboração própria dos autores. Já quando o volume de quantidades demandadas não se altera com mudanças de preços, então, tem-se uma curva de demanda perfeitamente inelástica. Um exemplo de bens com demanda muito inelástica é a de sal. A insulina para diabéticos também é perfeitamente inelástica. A figura 17 contém uma curva de demanda perfeitamente inelástica. Figura 17 – Perfeitamente Inelástica: quando EP=0 (zero). Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. A elasticidade da demanda pode ser calculada quando essa for uma reta, da seguinte forma: Figura 18 – Elasticidade calculada. Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. Ep=B/A Essa fórmula de cálculo permite visualizar facilmente que quando: Ep > | 1 |=> Elástica: o segmento A será pequeno e o B grande, logo a elasticidade será elevada. Ep=| 1 |=> Unitária: os segmentos possuem o mesmo tamanho. Ep < | 1 |=> Inelástica: o segmento A será grande e B pequeno, logo haverá pouca sensibil idade a preços nesse segmento. Ep=- ∞ - A será zero e B terá um valor elevado. Assim, qualquer valor dividido por zero tende ao infinito. Ep=0 - A terá um valor elevado e B será zero. Assim, zero dividido por qualquer valor será zero. Logo, como conclusão, pode-se verificar que uma demanda linear terá diferentes elasticidades ao longo da reta. A figura 19 permite observar essas elasticidades. Acrescentou-se nessa figura valores para deixar claro que o ponto intermediário da curva de demanda, que apresenta elasticidade unitária, está sobre o ponto intermediário do eixo das quantidades e também dos preços. Figura 19 – Diferentes elasticidades para diferentes pontos de uma demanda linear. Fonte: MANKIW, 2001. Elaboração própria dos autores. Consequências das variações de preço, conforme a elasticidade da demanda: Região Elástica: pequena variação no preço acarreta uma variação proporcionalmente maior nas quantidades. Como consequências: para o consumidor, aumentos de preços levam à redução dos gastos; para o empresário, aumentos de preços levam a uma diminuição da receita total. Região Inelástica: uma variação no preço acarretaria uma variação proporcionalmente menor na quantidade. Como consequências: Para o consumidor, aumentos de preços levam a aumento dos gastos; para o empresário, aumentos de preços levam a um aumento da receita total. Com essas informações, podemos vincular Receita Total (RT) com elasticidade. Como RT=P*Q, então se os preços aumentarem e a região da demanda for inelástica, a receita total irá aumentar. Na região de elasticidade unitária, a RT será máxima. Se o aumento de preços estiver na região elástica, levará à redução de RT. Veja essa relação na figura 20. Figura 20 – Relação entre elasticidade e Receita Total. Fonte: PASSOS, 2005. Elaboração própria dos autores. 2.8.2 Elasticidade da Oferta Tal como a demanda, a elasticidade da oferta mede a relação entre a variação percentual na quantidade ofertada e a variação percentual no preço. Em termos matemáticos, a fórmula de cálculo é a mesma, porém ao invés de considerar as quantidades demandadas, são consideradas as quantidades ofertadas. A equação a seguir é a mesma apresentada anteriormente, com exceção de que os valores para Q são agora os representados na curva de oferta. Quanto à elasticidade, a oferta pode ser: a. Elasticidade Unitária: quando a variação percentual no preço corresponder uma variação percentual na quantidade na mesma proporção. b. Elástica: quando a variação percentual for maior que a ocorrida no preço. c. Inelástica: quando a variação percentual for menor que a ocorrida no preço. d. Perfeitamente Elástica: a quantidade oferecida varia independentemente do preço. e. Perfeitamente Inelástica: quando a variação no preço não afeta a quantidade oferecida. A curva de oferta, diferentemente da demanda, que possuía diferentes elasticidades ao longo da curva (indo de inelástica para elástica na medida em que os preços iam aumentando), a curva de oferta depende do intercepto. Essa definirá se a curva será elástica, inelástica ou com elasticidade unitária. Assim, pela simples análise da função oferta ou, mais especificamente, pelo intercepto vertical da função oferta ou pelo gráfico pode-se concluir sobre sua elasticidade, como apresentado na figura 21. Figura 21 – Elasticidade para diferentes curvas de oferta. Fonte: Elaboração própria dos autores. 2.8.3 Elasticidade-Renda da Demanda (ER): Mede a sensibil idade de variação na quantidade de um produto em relação à variação na renda do indivíduo ou grupo. Onde, DQ, DR, Q e R indicam variações nas quantidades procuradas, variações na renda, quantidades e renda respectivamente. Como base nos valores da elasticidade-renda da demanda, pode-se classificar os bens em: a. Bens Superiores: quando a elasticidade-renda tiver valor positivo, ER > 1. Significa dizer que, ocorrendo um aumento na renda dos consumidores, estes passarão a gastar mais da sua renda na aquisição deste bem. b. Bens Inferiores: quando a elasticidade-renda tiver valor negativo, ER < 0. Neste caso, ocorrendo um aumento na renda dos consumidores, haverá um decréscimo no consumo do produto. c. Bem Normal: quando a elasticidade-renda for maior que zero e menor ou igual a um. 0 < ER < 1. Quando a ER=1, significa dizer que, ocorrendo um aumento na renda do consumidor, o percentual de renda gasto no bem permanece constante. 2.8.4 Elasticidade-Cruzada da Demanda (EXY) É dada pela variação porcentual na demanda de um bem (Y, digamos) em função da variação percentual do preço de outro bem (X). a. Bens Substitutos: quando a elasticidade-cruzada tem valor positivo, EXY > 0, ou seja, aumentando o preço do bem Y, passa-se a demandar maior quantidade do bem X. b. Bens Complementares: quando a elasticidade-cruzada tem valor negativo, EXY < 0, ou seja, aumentando o preço do bem Y, passa-se a consumir menor quantidade do bem X. c. Bens Independentes: quando a elasticidade-cruzada tem valor nulo, EXY=0, ou seja, aumentando o preço do bem Y, não afeta o consumo do bem X. 2.9 Produção e Custos 2.9.1 IntroduçãoNum modelo simplificado de uma economia, pode-se colocar de um lado os consumidores e de outro as empresas. Esses dois agentes representam o consumo e a produção, respectivamente, e se relacionam no mercado através da demanda e da oferta. Essas questões são estudadas na economia em duas partes. A primeira, chamada de teoria do consumidor, analisa os elementos e variáveis que determinam o comportamento dos consumidores ao buscarem a satisfação de suas necessidades. A segunda parte, chamada de teoria da empresa ou teoria da produção, trata das variáveis que buscam explicar o comportamento da empresa quando da realização da atividade produtiva. O propósito desta seção é apresentar a teoria da empresa, abordando as questões e problemas relacionados à produção, aos custos de produção e aos rendimentos da empresa. 2.9.2 Empresa, produção e lucro Alguns conceitos fundamentais são necessários para que se possa iniciar o estudo da teoria da empresa. O primeiro deles é o conceito de empresa. A empresa é um dos agentes do sistema econômico (os outros são as famílias e o governo) responsável pela produção dos diversos bens e serviços destinados a satisfazer as necessidades humanas. Para que as empresas possam produzir é necessário o emprego dos fatores de produção, ou seja, trabalho, capital e terra ou recursos naturais. Outro conceito importante é o de produção. A produção é o processo no qual a empresa transforma os fatores produtivos em produtos e que se destinam ao mercado consumidor, para satisfazer as necessidades finais dos indivíduos ou, simplesmente, como matéria-prima ou insumo que servirá como fator de produção para uma outra empresa. Cabe destacar que o conceito de produção envolve não somente os bens físicos e materiais, mas também o conjunto de serviços, como comunicações, energia, atividades financeiras, comércio, entre outros. O lucro é a remuneração de um capital investido por uma empresa na produção e é obtido pela diferença entre a receita total e a despesa total da empresa num período determinado. Assim, o lucro é o objetivo básico de qualquer empresa que está produzindo um bem ou serviço no mercado. O lucro bruto é obtido subtraindo da receita total os diversos custos de produção, como os gastos com matéria-prima, os salários, os impostos, entre outros. No cálculo do lucro líquido deve-se descontar do lucro bruto os gastos com depreciações do capital fixo e as despesas financeiras, como juros de empréstimos. 2.9.3 O curto e o longo prazo na ótica da produção No processo de produção, são empregados diversos tipos de fatores. Se se quisesse expandir rapidamente o nível de produção, deveria se aumentar a uti l ização dos fatores de produção. Acontece que apenas alguns desses fatores de produção podem ser incrementados no curto prazo, como por exemplo, o trabalho. Outros fatores, como alguns tipos de máquinas, equipamentos, construções só poderiam ser mudados num período de tempo maior, o longo prazo. Assim o curto prazo representa o período de tempo em que se pode apenas alterar a produção a partir do ajuste dos custos variáveis. Já o longo prazo envolve o período em que se pode alterar não só os custos variáveis, mas também os custos fixos da empresa. Portanto, no longo prazo, todos os custos de produção da empresa passam a ser variáveis, na medida em que ela pode alterar e combinar da melhor forma possível o conjunto dos fatores de produção. 2.9.4 A lei dos rendimentos marginais Para se produzir, é necessária a aquisição dos fatores de produção. As diversas possibil idades de combinação dos fatores de produção permitem a obtenção de um produto total, que varia conforme forem combinados esses fatores. Inicialmente cabe definir os conceitos de produto total, médio e marginal de cada um dos fatores produtivos. O produto total de um insumo expressa a produção que se pode obter empregando uma determinada quantidade desse insumo e mantendo a quantidade dos demais constantes. O produto médio de um fator é o nível de produto que a empresa obtém por uma unidade do fator de produção empregado. É resultado da divisão do produto total pela quantidade do fator de produção. Já o produto marginal de um insumo é o acréscimo do produto total que se pode obter com o aumento de uma unidade do insumo, mantendo-se constante a uti l ização dos demais fatores. A tabela abaixo exemplifica a questão. Tabela 1 – Produto total, médio e marginal Capital (fator fixo) Trabalho (fator v ariáv el) Produto total do fator v ariáv el Produto médio do fator v ariáv el Produto marginal do fator v ariáv el 100 20 60 3,0 100 30 140 4,7 80 100 40 240 6,0 100 100 50 320 6,4 80 100 60 380 6,3 60 100 70 420 6,0 40 100 80 440 5,5 20 100 90 440 4,9 00 100 100 420 4,2 -20 Fonte: Elaboração própria dos autores. A partir da tabela 1, pode-se compreender o significado da lei dos rendimentos marginais. Essa lei mostra o comportamento da produção total de uma empresa quando se altera a quantidade util izada de um dos fatores de produção, mantendo-se os demais constantes. A tabela mostra que na medida em que a empresa for ampliando a util ização do fator variável, a produção total estará aumentando numa taxa crescente. Na faixa de produção, que vai até a unidade 50 do fator variável, a empresa estará obtendo rendimentos marginais crescentes. A partir desse ponto, a empresa passa a incorrer em rendimentos marginais decrescentes, ou seja, a produção estará crescendo a uma taxa decrescente. Isso significa que, na medida em que a empresa amplia o fator variável, a produção cresce, porém, numa proporção menor do que a do fator produtivo. No ponto onde a empresa util iza 90 unidades do fator variável, a produtividade marginal é nula. A partir daí para cada unidade adicional do fator variável, mantendo constante o fator fixo, a empresa passa a ter rendimento marginal negativo. Pode-se ilustrar essas questões com o seguinte exemplo. Imagine que uma empresa agrícola produtora de feijão uti l iza dois fatores de produção: capital (terra, máquinas) e trabalho. Suponha que o capital seja o fator fixo (área de terra e número de máquinas) e o trabalho o fator variável, de maneira que é possível se produzir com várias combinações diferentes de capital e de trabalho. Sendo assim, para se ampliar a produção deve-se aumentar o número de trabalhadores, de maneira que no início, com o aumento do fator variável, a produção total estará crescendo proporcionalmente mais do que a da quantidade de trabalhadores, garantindo, assim, um aumento da produtividade da empresa. A partir de um certo ponto, com a incorporação de novos trabalhadores, a produtividade para cada unidade do fator variável começa a diminuir, já que a produção total cresce proporcionalmente menos do que a do número de trabalhadores. Como foi visto, no curto prazo as empresas só podem ampliar a produção aumentando a uti l ização dos fatores variáveis. Mas se a expansão do mercado for consistente, então a empresa pode expandir sua produção através da aquisição de mais máquinas, equipamentos, novas construções etc. Ou seja, a empresa estará alterando a sua estrutura produtiva através dos fatores que eram fixos no curto prazo, mas que passam a ser variáveis no longo prazo. Então, a diferença entre curto e longo prazo na produção se dá pela existência ou não de fatores fixos. No longo prazo os rendimentos marginais, ou economias de escala, não se diferenciam do conceito uti l izado para o curto prazo. A diferença é que no curto prazo um fator era fixo e o outro variável. Agora, no longo prazo, todos os fatores passam a ser variáveis. Assim, os rendimentos marginais crescentes ocorrem quando a empresa ampliar a quantidade util izada do conjunto dos fatores de produção em uma dada proporção e a variação do produto total variar numa proporção maior. A tabela 2 mostra que a empresa terá rendimentos marginais crescentes quando ela, ao dobrar a quantidade util izada de capital e de trabalho, consegue mais do que dobrar a produção total. Quando o aumento da produçãototal é menos do que proporcional ao aumento dos fatores, então a empresa terá rendimentos decrescentes de escala. Por fim, quando os fatores variam na mesma proporção então a empresa terá rendimentos constantes de escala, conforme pode ser constatado na tabela 2. Tabela 2 – Rendimentos marginais no longo prazo Fator capital Fator trabalho Produção total Rendimentos 3 6 10 20 1.000 2.000 Constantes 3 6 10 20 1.000 2.200 Crescentes 3 6 10 20 1.000 1.800 Decrescentes Fonte: Elaboração própria dos autores. 2.9.5 Os custos de produção O objetivo básico de uma empresa é conseguir o melhor resultado possível quando ela realiza a sua atividade produtiva. Para que possa realizar a sua atividade, a empresa necessita adquirir os fatores de produção no mercado, pagando por esses fatores. A quantidade adquirida de cada um dos fatores vezes o seu preço constitui o custo total de produção da empresa. Uma empresa estará maximizando o seu resultado quando conseguir atender uma das seguintes situações: a) para um dado custo total vai buscar a máxima produção total ou; b) para um certo nível de produção vai buscar o menor custo total. Em qualquer uma das situações a empresa estará em equilíbrio. Os custos totais de uma empresa são classificados em custos fixos (CF) e custos variáveis (CV). Os custos fixos representam os gastos decorrentes da aquisição dos fatores fixos de produção e não dependem do nível de produção. Já os custos variáveis correspondem aos gastos com a aquisição dos fatores variáveis de produção e variam de acordo com o nível de produção, ou seja, quanto maior a produção, maior será o custo variável e quanto menor a produção, menor o custo variável. 2.9.6 O curto e o longo prazo na ótica dos custos O curto e o longo prazo na ótica dos custos obedecem os mesmos critérios que definem o curto do longo prazo sob a ótica da produção, conforme visto anteriormente. Assim, para a empresa aumentar sua produção, no curto prazo, terá que contratar mais fatores variáveis, já que os fatores fixos não podem ser alterados no curto prazo. Sendo assim, o curto prazo, sob a ótica dos custos, é o período de tempo em que a empresa tem custos fixos e custos variáveis, adquirindo os fatores fixos e variáveis, respectivamente. Na medida em que a empresa consegue alterar a seus fatores fixos de produção e, portanto, seus custos fixos, então, este passa a ser o período de longo prazo da empresa, quando então todos os custos da empresa passam a ser variáveis. 2.9.7 O cálculo dos custos de produção no curto prazo Conforme foi visto acima, no curto prazo a empresa possui custos fixos e custos variáveis. Então o custo total será a soma dos custos fixos e variáveis. Assim: CT=CF + CV Esses custos podem ser visualizados na figura 22, onde se observa que o CF é constante, na medida em que a produção (Q) aumenta, e por isso seu traçado é paralelo ao eixo das quantidades produzidas. Isto implica que a distância entre a curva do CF e o eixo das quantidades será sempre a igual, independente do nível de produção. Já o CV é crescente à medida que a produção aumenta, pois, no curto prazo, a empresa só pode expandir sua produção através dos fatores variáveis. Assim, como mostra a figura 20, a curva do CV apresenta uma trajetória ascendente conforme aumenta a quantidade produzida. A sinuosidade apresentada pela curva do CV se deve ao fato de no início da produção a empresa se encontrar na zona de rendimentos marginais crescentes, ou seja, para expandir sua produção a empresa tem custos (CV) proporcionalmente menores. Depois de um certo ponto, o CV começa a crescer proporcionalmente mais do que a produção, ou seja, a empresa entra na zona de rendimentos marginais decrescentes. A figura ainda mostra a curva do CT, que está acima do CV. Como o CT é a soma do CF e do CV, então, a distância entre o CT e o CV é exatamente igual ao valor do CF. Cabe destacar que essa distância deve ser observada verticalmente, pois é este o eixo que mostra as escalas dos custos. Do CF pode-se obter o custo fixo médio (CFMe), através da divisão do CF pelas quantidades produzidas, então: CFMe=CF / Q O CFMe representa o custo fixo que a empresa tem para produzir cada uma das unidades. Assim, quanto maior o nível de produção, menor o CFMe já que o CF será dividido por uma quantidade produzida maior. Isto pode ser melhor visualizado na figura 20. Já o custo variável médio (CVMe) é obtido pela divisão do CV pelas quantidades produzidas, assim: CVMe=CV / Q O CVMe representa a parte dos custos variáveis que a empresa possui para produzir cada uma das unidades. A figura 20 mostra que inicialmente quando a produção cresce, o CVMe estará decrescendo até atingir um ponto de mínimo, já que nesta fase os custos variáveis crescem proporcionalmente menos do que a produção. Depois de atingir o ponto de mínimo, o CVMe começa a aumentar em função do crescimento mais do que proporcional dos custos variáveis em relação à quantidade produzida. O somatório do CFMe e do CVMe resulta no custo médio (CMe), que também pode ser obtido pela divisão do CT pelas quantidades produzidas, assim: CTMe=CT / Q A trajetória da curva do CMe, como pode ser visto na figura, que inicialmente decresce, atinge um ponto de mínimo, quando, então, passa a crescer, é explicada pelo comportamento das curvas do CFMe e do CVMe, já que deriva desses dois custos. O CMe mostra o custo total que a empresa tem para produzir cada uma das unidades. Assim, o ponto de mínimo do custo médio, ou seja, o menor valor, representa o ponto em que a empresa terá o menor custo para cada uma das unidades que ela estiver produzindo. Existe ainda o custo marginal (CMg), que pode ser definido como o custo que tem a empresa para produzir uma unidade adicional. O CMg é obtido pela divisão da variação do CT pela variação da quantidade produzida. Pode ser expresso da seguinte maneira: CMg=DCT / DQ como o CT=CF + CV, então: CMg=D (CF + CV) / DQ mas como o CF não varia no curto prazo, então: CMg=DCV / DQ Isto significa que o CMg representa a variação do CV em relação a variação da quantidade produzida. O comportamento da curva do CMg, como mostra a figura 22, é, inicialmente, decrescente em função da relação entre a variação do CV e da produção ser decrescente. Quando o CMg atinge o ponto de mínimo, essa relação se inverte e passa a ser crescente, fazendo assim com que o CMg passe a crescer também. Como se vê, além das curvas do CMe e do CVMe, também a curva do CMg apresenta um formato de U, estando abaixo da curva do CVMe quando esta estiver decrescendo, e acima, quando a curva estiver crescendo. Dessa maneira, pode-se concluir que a curva do CMg intercepta a curva do CVMe no ponto mínimo desta última. A mesma situação ocorre entre as curvas de CMg e CMe, ou seja, quando esta última curva atinge seu ponto de mínimo, ela é interceptada pela curva do CMg. Dessa maneira, o ponto em que se interceptam as curvas do CMe e do CMg, de modo que os valores desses custos sejam iguais, representa o ponto em que a empresa tem o menor custo de produção por unidade. Assim, enquanto a empresa tiver CMg menor do que o CMe, ela deve aumentar seu nível de produção, já que o custo para produzir uma unidade adicional é menor do que o custo médio de cada uma das unidades que ela está produzindo. Já quando o CMg for maior do que o CMe, então a empresa deve diminuir seu nível de produção, de maneira a buscar a minimização dos seus custos de produção, que se dá, como foi visto, quando os dois custos forem iguais. No exemplo apresentado na tabela 3 pode-se ver mais claramente estas relações, bem como na figura 22. Tabela 3 – Cálculo dos custos Quantidade Custo Fixo Custo Variáv el Custo Total Custo Fixo Médio Custo Variáv el Médio Custo Médio Custo Marginal 1 100,00 10,00 110,00 100,00 10,00 110,00 2 100,00 16,00 116,00 50,00 8,00 58,00 6,00 3 100,00 21,00 121,00 33,33 7,00 40,33 5,00 4 100,00 26,00 126,00 25,00 6,50 31,50 5,00 5 100,00 30,00 130,00 20,00 6,00 26,00 4,00 6 100,00 36,00 136,0016,67 6,00 22,67 6,00 7 100,00 45,50 145,50 14,29 6,50 20,79 9,50 8 100,00 56,00 156,00 12,50 7,00 19,50 10,50 9 100,00 72,00 172,00 11,11 8,00 19,11 16,00 10 100,00 90,00 190,00 10,00 9,00 19,00 18,00 11 100,00 109,00 209,00 9,09 9,91 19,00 19,00 12 100,00 130,40 230,40 8,33 10,87 19,20 21,40 13 100,00 160,00 260,00 7,69 12,31 20,00 29,60 14 100,00 198,20 298,20 7,14 14,16 21,30 38,20 15 100,00 249,50 349,50 6,67 16,63 23,30 51,30 16 100,00 324,00 424,00 6,25 20,25 26,50 74,50 17 100,00 418,50 518,50 5,88 24,62 30,50 94,50 18 100,00 539,00 639,00 5,56 29,94 35,50 120,50 19 100,00 698,00 798,00 5,26 36,74 42,00 159,00 20 100,00 900,00 1.000,00 5,00 45,00 50,00 202,00 Fonte: Elaboração própria dos autores. Figura 22 – Curvas de Custos. Fonte: Elaboração própria dos autores. 2.9.8 Os rendimentos da empresa Quando da realização da produção, a empresa tem um custo, conforme foi visto. Por esse esforço, a empresa espera uma compensação, um rendimento. O ganho que a empresa recebe pelo seu produto no mercado representa a receita total, que é obtida pela multiplicação das quantidades vendidas pelo preço do produto, assim representado: RT=P x Q Além disso, é importante para a análise da empresa outros dois tipos de receita. A primeira é a receita média (RMe) obtida pela divisão da RT pela quantidade. A RMe representa a receita que a empresa obtém para cada uma das unidades que ela produz e vende no mercado. Pode ser expressa da seguinte forma: RMe=RT / Q como RT=P x Q, então: RMe=(P x Q) / Q. Assim: RMe=P A segunda é a receita marginal (RMg), que é resultado da divisão entre as variações da RT e as variações da quantidade vendida do produto no mercado, assim: RMg=DRT / DQ A RMg mostra a receita que a empresa obtém para cada unidade adicional que ela vende no mercado. Conforme mostra a tabela 4, a RT da empresa estará crescendo enquanto o preço aumenta proporcionalmente mais do que a queda da quantidade vendida. Quando essa relação se inverte, a RT começa a diminuir. Ou seja, para se vender unidades adicionais, o preço deve cair proporcionalmente mais do que o que se consegue de aumento nas vendas. Isto é explicado pela elasticidade-preço da demanda, vista anteriormente. Tabela 4 – Cálculo da RT, RMe e RMg Quantidade Preço RT RMe RMg 0 22 0 22 -- 1 20 20 20 20 2 18 36 18 16 3 16 48 16 12 4 14 56 14 8 5 12 60 12 4 6 10 60 10 0 7 8 56 8 -4 8 6 48 6 -8 9 4 36 4 -12 10 2 20 2 -16 11 0 0 0 -20 Fonte: Elaboração própria dos autores. A RMe, como se viu, é igual ao preço e sempre decrescente. Já a RMg será decrescente mas positiva enquanto a RT estiver crescendo, e negativa quando a RT passa a diminuir. Portanto, quando a RMg for igual a zero, a RT será máxima. 2.9.9 O equilíbrio da empresa e a maximização do lucro Como foi visto, no curto prazo a empresa não consegue alterar sua estrutura produtiva. Então, cabe à empresa identificar um nível de produção que permita a ela obter o lucro máximo, dada a estrutura produtiva existente. A tabela 5 mostra um exemplo hipotético que permite visualizar o nível de produção que faz com que a empresa obtenha o lucro máximo possível. Se a empresa, por exemplo, estivesse produzindo uma quantidade de 901 unidades, o lucro total seria de 5.140. Interessa saber se esta é a quantidade que permite à empresa obter o lucro máximo. Como saber? Tabela 5 – A maximização do lucro Quantidade Custo Marginal Receita Marginal Lucro Total 900 120 265 5.000 901 90 230 5.140 902 70 195 5.265 903 60 160 5.365 904 70 125 5.420 905 90 90 5.420 906 120 55 5.355 907 180 20 5.195 908 270 -15 4.910 909 400 -50 4.460 Fonte: Elaboração própria dos autores. Para responder a esta pergunta, deve-se analisar o custo e a receita para produzir uma unidade adicional, ou seja, o CMg e a RMg, respectivamente. Se o custo para produzir uma unidade a mais for menor do que a receita que a empresa obtém, então ela deve produzir, pois conseguirá um lucro com esta unidade. O lucro obtido com a venda desta unidade vai se somar ao lucro que a empresa já tinha garantido antes. Isto fará com que o lucro total da empresa seja maior ao aumentar a produção. Significa dizer então que, enquanto o CMg for menor do que a RMg, a empresa deve aumentar o nível de produção. Se de outro lado o CMg for maior do que a RMg, então a empresa deve reduzir a sua produção até o ponto em que o CMg seja igual à RMg. Esta é a condição que faz com que a empresa obtenha o lucro máximo possível, ou seja, CMg=RMg. No exemplo da tabela 5, o lucro total máximo é de 5.420, alcançado quando CMg=RMg=90, na quantidade de 905 unidades produzidas. Figura 23 – Equilíbrio da firma. Fonte: Elaboração própria dos autores. O equilíbrio da empresa e a maximização do lucro também pode ser visto na figura 23, a partir dos dados util izados no exemplo da tabela 5. Assim, a empresa conseguirá o lucro máximo produzindo a quantidade determinada pela intersecção da curva do CMg com a RMg, ou seja, 905 unidades. 2.10 Estruturas de Mercado O equilíbrio de mercado se dá através da interação entre oferta e demanda de um produto qualquer. No entanto, essa interação entre oferta e demanda provoca resultados diferentes no mercado, já que existem vários tipos de mercados e cada um deles apresenta características próprias. Uma empresa que atua num determinado tipo de mercado poderá ter mais ou menos poder de determinação de preço, por exemplo, do que outra empresa que atua num outro tipo de mercado. Os vários tipos de mercado dependem basicamente de três fatores. O primeiro deles está relacionado ao número de empresas que atuam nesse mercado. O segundo diz respeito ao tipo de produto produzido e vendido no mercado, isto é, a existência de um bem substituto. O último fator está associado à existência ou não de barreiras ao ingresso de novas firmas no mercado. Assim, esse tópico trata das estruturas de mercado mais comumente encontradas. Nessas estruturas, busca-se identificar várias características comuns entre um grupo de empresas que atuam no mercado. Desta maneira, pode-se compreender o funcionamento do mercado de automóveis, o mercado de frutas no Rio Grande do Sul ou o mercado financeiro brasileiro, entre outros. Existem quatro tipos de mercados que mais facilmente pode-se encontrar. Dois deles são casos extremos: a concorrência perfeita e o monopólio. Além destes, existem a concorrência monopolística e o oligopólio. 2.10.1 Concorrência Perfeita A concorrência perfeita é um tipo extremo de mercado porque uma das características desse tipo de mercado é a grande concorrência entre as empresas. Em condições normais, dificilmente ocorre uma intensa competição, já que existe uma série de imperfeições no mercado que podem distorcer ou limitar a l ivre competição entre as empresas. Essa é uma estrutura de difícil aplicação prática, já que poucos setores poderiam ser enquadrados dentro desse mercado, funcionando mais como um modelo ideal de mercado. Apesar disso, o seu estudo é importante, pois dele derivam uma série de implicações, tanto para os consumidores como para as empresas. As hipóteses básicas do modelo de concorrência perfeita são: a. a existência de um grande número de compradores e vendedores; b. as empresas produzem um produto homogêneo, isto é, são substitutos perfeitos entre si; c. existe transparência do mercado, ou seja, todas as informações são conhecidas por todos; d. a entrada e a saída de firmas do mercado é livre. A primeira hipótese diz que é necessário um grande número de empresas no mercado. Isso significa que cada uma destas empresas não tem poder de mercado, ou seja, ela sozinha não consegue influenciar no mercado, como, por exemplo, em relação ao preço do produto oferecido. Isto, associado ao fato das empresas oferecerem um produto que seja substituo perfeito entre si, implica que cada uma das empresas seja tomadora de preço. Nestas condições, o preço do produto é determinado pelo mercado, através da oferta e da demanda, e a empresa aceita esse preço como uma variável
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