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Biologia Módulo 14 – Histologia I Rua Doutor Feliciano Sodré, 78, sala 1416 (21) 97066-1495 (21)4119-3952 1. Introdução Histologia é o segmento da Biologia que estuda os tecidos, reunião de células que têm a mesma origem embrionária e executam funções altamente especializadas. Após a fecundação, o zigoto divide-se em blastômeros que, à medida que se dividem, especializam e originam as células diferentes. Paralelamente, começam a executar funções próprias e se colocam em posições estratégicas no corpo do embrião. À medida que as células se diferenciam e se organizam, formam os tecidos epiteliais, conjuntivos, musculares e tecido nervoso. Todas as células do organismo possuem o mesmo genoma, embora produzam proteínas diferentes (exemplo: célula epitelial produz queratina; célula muscular produz actina e miosina; fibroblasto produz colágeno). 2. Tecido Epitelial A função desse tecido varia deacordo com a sua localização. As funções são: proteção, absorção e secreção e percepções de sensações. Possuem pequena quantidade de matriz extracelular, as células são justapostas, é um tecido avascular. Por se avascular, as células recebem oxigênio e nutrientes e eliminam gás carbônico por meio da difusão, por isso estão associados com tecido conjuntivo. 2.1 – Epitélio de revestimento Os epitélios de revestimento são especializados em revestir externamente o corpo e as cavidades dos órgãos. Formam a pele, as mucosas e os vasos sanguíneos (endotélio). São classificados em função das formas de suas células e do número de camadas celulares. • Classificação quanto às formas celulares: Tipos de Epitélio Forma celular Pavimentoso Achatado Cúbico Cúbico. Prismático Alta e cúbica. Transição Célula que altera a sua forma, variando do esférico ao pavimentoso e vice-versa. • Classificação quanto ao número de camadas de células: Tipos de Epitélio Nº de camadas celulares Simples Uma camada única com núcleos na mesma altura. Estratificado duas ou mais camadas, com núcleos em alturas variadas. Pseudoestratificado uma só camada, mas com núcleos em diferentes alturas, fato que imita o tecido estratificado. Os epitélios simples são encontrados em superfícies absorventes ou secretoras, mas também têm função de proteção contra ações mecânicas. Podem apresentar microvilosidades e cíclios. Os epitélios estratificados, possuem função protetora. O nível de estratificação depende dos tipos de desgastes mecânicos aos quais a superfície se expõe. 2.2 – Epitélio de secreção Os epitélios de secreção forma as glândulas. É derivado do epitélio de revestimento, que penetra no tecido conjuntivo, especializa-se e origina a porção secretora das glândulas exócrinas. Em alguns casos, as glândulas podem perder o canal e originar uma glândula endócrina. As glândulas podem ser de três tipos: endócrinas, exócrinas e mistas. Glândulas Características Exemplos Exócrina possuem canal excretor e lançam secreções em cavidades ou fora do corpo. salivares, sebáceas, sudoríparas, gástrica. Endócrina não possuem canal excretor e lançam secreções no sangue. hipófise, tireoides, suprarrenais. Anfícrina ou mista possui funções exócrina e endócrina. pâncreas, ovário e testículos. As glândulas exócrinas podem ser classificadas como o modo o produto é liberada pela glândula: 3. Pele Humana É considerada o maior órgão do corpo, revestindo-o e mantendo contato direto com o ambiente. Possui funções: - Proteção: barreira protetora contra ação de agentes físicos, químicos e biológicos; atrito e arranhões; possui melanócitos que produzem melanina (proteção contra raios UV); secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas matam diversos Biologia Módulo 14 – Histologia I Rua Doutor Feliciano Sodré, 78, sala 1416 (21) 97066-1495 (21)4119-3952 microrganismos; pH ácido evita a proliferação de microrganismos. - Regulação da temperatura corporal: quando aumenta a temperatura do nosso corpo, impulsos nervosos provocam vasodilatação dérmicos, fazendo com que maior quantidade de sangue passe a circular na pele. Dessa forma aumenta a irradiação de calor para o meio e o corpo esfria. Em dias frios, ocorre vasoconstricção. - Função sensorial: a pele possui terminações nervosas (receptores cutâneos) capazes de capturar estímulos mecânicos, térmicos ou dolorosos. 3.1 – Estrutura da pele Estruturalmente, a pele é dividida em duas camadas, a epiderme e a derme, que são separadas pela lâmina basal, uma camada acelular. Abaixo da pele existe a hipoderme (atualmente chamada de tela subcutânea) formada por tecido conjuntivo adiposo. A epiderme é mais externa e é composta por camadas: germinativa, espinhosa, granulosa e córnea. Na camada germinativa (mais interna), as células se dividem por mitoses e renovam continuamente a pele. Nesta camada existem melanócitos, células que determinam a cor da pele. À medida que as células epiteliais amadurecem, atingem as camadas superiores, acumulam queratina, morrem e formam a camada córnea (mais externa), cuja função é impermeabilizar a pele e impedir a penetração de microrganismos, funcionando também como barreira contra a perda de água. A derme é a camada mais interna da pele constituída de tecido conjuntivo, onde existem terminações nervosas, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, glândulas sudoríparas e sebáceas, além das raízes dos pelos. 4. Tecido Conjuntivo Possuem células com grande quantidade de matriz extracelular entre elas. A matriz extracelular é uma rede de proteínas mergulhada na substância fundamental amorfa (composta por glicosaminoglicanos – permite a solvatação –, proteoglicanos e glicoproteínas adesivas que participam na adesão da matriz extracelular com as células). Os tecidos conjuntivos são dividos em: No tecido conjuntivo existem três tipos de fibras: As fibras colágenas são constituídas pela proteína colágeno. Essas fibras são muito resistentes à tração, distendendo-se pouco quando tensionadas. Carência de Vitamina e os tecidos Obs.: O escorbuto é provocada pela dificiência de vitamina C, que faz diminuir a produção de colágeno, acarretando a perda de fibras nos tecidos conjuntivos que se tornam enfraquecidos. Isso explica os sintomas do escorbuto: sangramento de mucosas, devido à degeneração dos tecidos conjuntivos que sustentam os vasos sanguíneos, e descolamento dos dentes (causado pela degeneração das fibras colágenas que os ancoram os dentes). As fibras elásticas são formadas pela proteína elastina. A presença de elastina permite às fibras elásticas retornarem à posição original após serem tracionadas, o que não acontece com as colágenas que tem baixo grau de distenção. São encontradas na derme (pele). As fibras reticulares são fibras ramificada e disposta em rede e são constituídas por colágeno III. São encontradas na conexão dos conjuntivos e são abundantes em órgãos que têm relação com o sangue (medula óssea vermelha, baço e linfonodos). 4.1 – Tecido Conjuntivo Propriamente Dito É responsável pelo preenchimento dos espaços entre os órgãos, sustentação das partes moles do corpo, nutrição dos epitélios e revestimento dos vasos sanguíneos e linfáticos. Ao microscópio, o tecido conjuntivo mostra-se formado por grande quantidade de fibras e células dispersas numa substância gelatinosa constituída por água, proteínas (colágeno, elastina e reticulina) e polissacarídio (ácido hialurônico). As células conjuntivas são: • fibroblasto: sintetiza proteínas que formam as fibras colágenas e elásticas. Também sintetiza substância fundamental amorfa, que compõe a matriz extracelular. • macrófago: célula fagocitária que atuana defesa imunológica do corpo. • plasmócito: célula que produz imunoglobulinas que atuam na defesa do corpo. • mastócito: participa da resposta alérgica pela histamina e controla a coagulação do sangue pela heparina. • mesenquimatosa (CTA): origina qualquer células do tecido conjuntivo. Biologia Módulo 14 – Histologia I Rua Doutor Feliciano Sodré, 78, sala 1416 (21) 97066-1495 (21)4119-3952 O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser frouxo ou denso. O tecido conjuntivo dito frouxo é uma rede frouxa de fibras elásticas e colágenas dispostas em todas as direções; os grandes espaços entre as fibras são ocupados por uma matriz extracelular e por células conjuntivas. A principal função é unir estruturas corporais, permitindo uma considerável liberdade de movimento entre elas. O tecido conjuntivo dito denso está presente na pele e nos tendões, sendo rico em fibras colágenas, por isso, tem elevado poder de resistência. Aparece na derme e nos tendões. • não modelado: possui fibras desorganizadas. Encontrado na derme. • modelado: possui fibras dispostas de modo bastante organizado. Encontrado nos tendões (músculo-osso) e ligamentos (osso-osso). 4.2 – Tecido Ósseo É o tecido conjuntivo que forma o esqueleto dos vertebrados, com exceção dos peixes cartilaginosos. A rigidez e a resistência óssea resultam do acúmulo de fosfato de cálcio e carbonato de cálcio disperso na matriz extracelular O tecido ósseo possui diversas funções: • sustentação (cria suporte de fixação para os músculos); • movimentação do esqueleto; • proteção dos órgãos (encéfalo, medula espinal, pulmões e coração); • armazenamento (estoca cálcio e fosfato para o organismo); • hematopoiese (produz células sanguíneas). Os ossos possuem função remodeladora. Para executar essa função, os osteoclastos (que provocam osteólise – destroem a matriz óssea e libera sais de cálcio) são ativados pelo paratormônio. Os osteoblastos, por sua vez, constroem a matriz óssea (osteogênese). O osso exibe uma estrutura formada por dois tecidos: esponjoso e compacto (matriz óssea calcificada). Um osso longo é formado por tecido compacto na diáfise e tecido esponjoso nas epífises. Considerando que o osso é um órgão vivo, suas células precisam receber nutrientes e oxigênio dos capilares sanguíneos do periósteo (tecido conjuntivo que reveste o osso). Tanto no interior do canal de Havers (canal central), como no canal de Volkmann (canal perfurante), existem capilares sanguíneos oriundos do periósteo que nutrem os osteócitos. Existem dois processos de formação do osso: ossificação intramembranosa e endocondral. 4.3 – Tecido Cartilaginoso É o tecido que forma as cartilagens, estruturas necessárias à modelagem corporal e à articulação óssea. As cartilagens aparecem também na laringe, na epiglote, na parede da traqueia, na orelha e no nariz. Esse tecido deve sua rigidez e consistência à matriz extracelular, constituída principalmente por colágeno e proteoglicanos (ácido hialurônico e ácido condroitinossulfúrico). Todo esse material extracelular é produzido e secretado pelos condroblastos. Após a formação da cartilagem, a atividade dos condroblastos diminui, amadurecem e se transformam em condrócitos, que se estabelecem em grupos no interior de uma única lacuna. A cartilagem é um tecido avascular, por isso, suas células só conseguem nutrientes e oxigênio por difusão dessas substâncias entre os vasos sanguíneos do tecido conjuntivo (pericôndrio). Como a oxigenação local é deficiente, os condrócitos precisam suprir suas necessidades energéticas pela fermentação lática. Não há nervos nas cartilagens! A cartilagem se caracteriza pela consistência firme e elasticidade determinadas pelas diferenças na abundância e nos tipos de fibras na matriz extracelular. Em função desses fatores, as cartilagens são classificadas em três tipos: hialina, elástica e fibrosa (fibrocartilagem). - Hialina: é a cartilagem mais comum no corpo, apresentando matriz homogênea e poucas fibras colágenas. Pode ser encontrada nas áreas articulares dos ossos longos, nariz, laringe, anéis da traqueia e brônquios. Constitui o esqueleto fetal e tem papel importante no crescimento dos ossos. - Elástica: apresenta fibras colágenas e elástica, que lhe conferem maior grau de elasticidade. Pode ser encontrada na epiglote e no pavilhão auricular (orelha externa) e na tuba auditiva. - Fibrosa (fibrocartilagem): possui grande quantidade de fibras colágenas e é a mais resistente das três. Pode ser encontrada nos ossos púbis da bacia e entre as vértebras (evita o atrito entre elas e amortecendo os choques). Biologia Módulo 14 – Histologia I Rua Doutor Feliciano Sodré, 78, sala 1416 (21) 97066-1495 (21)4119-3952 4.4 – Tecido Adiposo O tecido adiposo é caracterizado por células adiposas, às quais denominamos de adipócitos, que armazenam muita gordura. Estas células possuem um vacúolo central (pode aumentar ou diminuir de acordo com o metabolismo do indivíduo). A quantidade de gordura difere nas partes do corpo. Histologicamente os adipócitos são esféricos quando isolados, mas tem forma poliédrica quando justapostos para formar o tecido adiposo. Nos preparados histológicos de rotina, o lipídio é extraído durante o processo de desidratação com solventes orgânicos, o que dá o aspecto de uma rede delicada de polígonos irregulares. O tecido adiposo apresenta as funções de isolante térmico, de proteção dos órgãos contra choques mecânicos e de reserva energética. A gordura constitui uma forma eficiente de armazenamento de calorias porque apresenta cerca do dobro da densidade calórica dos carboidratos e das proteínas. 4.5 –Tecido hematopoiético O sangue é um tecido circulante produzido na medula óssea vermelha, cujas funções são transporte de gases e nutrientes para os tecidos, transporte de resíduos para os rins, manutenção do equilíbrio térmico do corpo, transporte de hormônios e participação dos mecanismos de defesa do organismo. O sangue é formado por uma parte líquida chamada plasma (solução amarelada e translúcida) e pelos elementos figurados (hemácias, leucócitos e plaquetas). Componentes Percentual Água 90% Proteínas (albumina, imunoglobulinas, protrombina e fibrinogênio) e colesterol sob forma de LDL e HDL. 7% Glicídios (glicose e frutose), vitaminas, enzimas, hormônios, aminoácidos e ureia. 2% Sais minerais: bicarbonato, fosfato, sulfato, cloreto. 1% O plasma é a parte líquida do sangue, de onde pode ser obtido o soro. As proteínas do plasma desempenham diversas funções, denominadas albuminas. A albumina é responsável pela viscoidade do sangue e por seu potencial osmótico. Se a concentração de albuminas no sangue baixar, a pressão osmótica sanguínea diminui e o plasma extravassa em maior quantidade para os espaços entre as células dos tecidos, provocando edemas. Plasma → sangue – elementos figurados Soro → plasma – fibrinogênio As hemácias são células anucleadas, que não se dividem, tendo o citoplasma preenchido por grande quantidade de hemoglobinas para o transporte de O2. As hemácias são produzidas pela medula óssea vermelha e circulam no sangue, em torno, de 90 a 120 dias. Após isso, as hemácias são destruídas pelo baço através do processo de hemocaterese. As plaquetas são fragmentos do citoplasma de célula residente na medula óssea denominada megacariócito. As plaquetas participam da coagulação do sangue. Coagulação sanguínea é um mecanismo fisiológico que promove a parada de uma hemorragia. Muitas substâncias participam da coagulação sanguínea, algumas estimulando, outros inibindo o processo. BiologiaMódulo 14 – Histologia I Rua Doutor Feliciano Sodré, 78, sala 1416 (21) 97066-1495 (21)4119-3952 As lesões dos tecidos rompem os vasos sanguíneas e as células afetadas liberam tromboplastina. A tromboplastina inibe a heparina e com auxílio do cálcio e vitamina K, transforma a protrombina em trombina. A trombina transforma o fibrinogênio em fibrina, que forma o coágulo (aprisionando os elementos figurados do sangue). A vitamina K, cálcio e os fatores de coagulação são importantes na coagulação sanguínea. A heparina possui uma ação anticoagulante. Os leucócitos são células nucleadas e especializadas na defesa do organismo. dividem-se em dois grupos: agranulócitos e granulócitos (ou polimorfonucleados). Os granulócitos possuem grânulos específicos no citoplasma, sendo representados pelos neutrófilos (fagocitam microrganismos e realizam diapedese), eosinófilos (participam da inflamação, atacam alguns tipos de vermes parasitas e liberam substâncias anti-histamínicas capazes de bloquear processos alérgicos) e basófilos (liberam histamina, atuam na inflamação; e heparina, que inibe a coagulação sanguínea). Os agraculócitos são os linfócitos e monócito (são macrófago ao realizar diapedese). Existem três tipos de linfócitos: • linfócito B: são chamados de plasmócitos como maduros. São especializados na produção de anticorpos (imunoglobulinas) que reconhecem e combatem patógenos. • linfócito T auxiliares (CD4): estimulam a proliferação e a maturação de linfócitos B e de linfócitos T citotócitos (CD8). • linfócito T (CD8): atacam e destroem células anormais, liberando perforina (induzem a apoptose). • linfócito T reguladores: têm função moduladora na resposta imunitária, podendo parar a ação dos CD4 e CD8.
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