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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – UFSCar DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA – DEQ DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS DA INDÚSTRIA QUÍMICA 1 Bombas e Sistemas de Bombeamento nas Indústrias de Petróleo Docente: Profª. Drª. Vádila Giovana Guerra Aluno: Vítor Dias Sabaraense (RA 278564) São Carlos Junho de 2011. 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 Bombas Centrífugas 3 Bombas para o Escoamento de Fluidos Viscosos 4 USOS DE BOMBAS NAS INDÚSTRIAS PETROLÍFERAS 5 Perfuração de Poços 5 Produção dos Poços 8 Bombas de Haste de Sucção 8 Sistema com Bomba Alternativa Submersa 9 Sistema com Bomba Centrífuga Submersa 10 Bombeamento por Injeção de Água 10 Bombeamento por Injeção de Gás 11 Bombeamento Pneumático (gas lift) 11 Transporte de Petróleo e de Derivados de Petróleo 12 Refinarias 15 Exploração de Petróleo na Camada Pré-Sal 17 Recuperação de Óleo Espalhado no Mar 19 CONCLUSÃO 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21 3 Introdução A indústria petrolífera, em suas várias áreas de processo, utiliza bombas de diversos tipos. Para efeito de seqüenciamento, as fases de processamento de petróleo serão tratadas pela seguinte divisão: Perfuração de poços terrestres e submarinos Produção nos poços Transporte de petróleo e derivados do petróleo Processamento em refinarias (fracionamento e destilação) Recuperação de óleo espalhado no mar. Enorme é a gama de materiais utilizados na construção das bombas da indústria petrolífera: desde o aço carbono, para fluidos inertes, aços resistentes a altas pressões ou corrosão, materiais plásticos, etc. A API, em suas normas técnicas, especifica os materiais construtivos de acordo com o serviço e o material a ser bombeado. Bombas Centrífugas Grande parte das bombas utilizadas na indústria petrolífera é do tipo centrífuga. No entanto, esta afirmação não traduz que as bombas são iguais, variando-se apenas a capacidade de bombeamento. Em verdade, são utilizadas diversas variedades de bombas centrífugas, caracterizadas pela disposição do eixo (vertical ou horizontal), pelo número de estágios (qualificando a quantidade de rotores e volutas em um, dois, três ou mais pares), características construtivas específicas (disposição “back to back”, carcaça bipartida horizontalmente, reservadas em tubos cilíndricos herméticos “can type”), tipo de acionamento (motor elétrico, vapor, turbina a gás, ar comprimido), transmissão e selagem (eixo mecânico com selagem mecânica ou por fluido, e transmissão magnética), entre outras características. 4 Bombas para o Escoamento de Fluidos Viscosos Bombas centrífugas são rotineiramente utilizadas para o bombeamento de fluidos de viscosidade menor que 660 cSt, embora possam ser aplicadas a fluidos de até 3.300 cSt. No entanto, estas bombas são demasiado sensíveis a alterações de viscosidade e exibirão reduções significativas em capacidade e eficiência para fluidos de moderados a altos valores de viscosidade. Uma bomba centrífuga típica, que opera com eficiência de 59% e capacidade de 681 m³/h com um fluido de 440 cSt, pode chegar a operar com eficiência de 23% e capacidade de 477 m³/h se for utilizada com um fluido de 3.300 cSt. Bombas de deslocamento positivo, tanto do tipo rotativo quanto do tipo alternativo, são frequentemente empregadas para o bombeamento de fluidos viscosos, e algumas delas são projetadas para operarem com fluidos além do limite de viscosidade suportado pelas bombas centrífugas. Estas bombas, em grande parte, são desenhadas para transportar apenas fluidos de viscosidades a partir de moderadas, pois elas dependem da viscosidade dos fluidos bombeados para manter a lubrificação e os filmes de selagem em bom funcionamento. Assim como nas bombas centrífugas, o desempenho de bombas de deslocamento positivo pode ser significativamente alterado por diferentes viscosidades, embora não da mesma maneira. A velocidades constantes, alterações na viscosidade geralmente causam pouco ou nenhum efeito na capacidade da bomba. A pressão diferencial ao longo da bomba normalmente sofre aumento proporcional ao aumento da viscosidade do fluido devido à maior resistência ao escoamento. A potência necessária para frenagem da bomba aumentaria, embora a eficiência não sofra de forma brusca como numa bomba centrífuga. 5 Usos de Bombas nas Indústrias Petrolíferas Perfuração de Poços As perfurações de poços pioneiros, poços de delimitação ou extensão, e de poços de extração, também chamados de poços de produção ou desempenho, são etapas que sucedem a uma longa, árdua e custosa fase de prospecção que se inicia com estudos de Geologia e Geofísica visando a localizar estruturas geológicas favoráveis à formação e acumulação de petróleo. Recorre-se nessa fase a levantamentos aerofotogramétricos; a pesquisas geológicas; a métodos geofísico-gravimétricos, magnetométricos e sísmicos – com cujos dados se torna possível elaborar um mapeamento de regiões cujas estruturas geológicas oferecem indícios de uma possibilidade maior ou menor da existência de um lençol ou campo petrolífero. Nas áreas cobrindo a formação geológica demarcada estuda-se a localização dos poços. Procede-se então à perfuração. Somente após a perfuração dos mesmos é que se poderá de forma definitiva saber da ocorrência de petróleo numa certa área e concluir sobre as condições econômicas de sua exploração. A perfuração de um poço se realiza utilizando sondas com brocas especiais de diamantes de carboneto de tungstênio, com dentes ou lâminas, acionadas por equipamentos montados em torres por vezes de altura considerável. O processo mais empregado é o rotativo, embora se use também a turboperfuração. O primeiro utiliza uma mesa giratória, haste de sondagem e tubos de perfuração, manobrads pelo equipamento da torre, além de equipamentos auxiliares entre os quais as “bombas de lama”. A haste e o tubo de perfuração, em cuja extremidade fica a broca, são ocos, e por essa passagem central é bombeada a “lama de perfuração”, que é uma dispersão quase coloidal de argila bentonítica. A densidade da lama varia entre 1.000 kg/m³ e 2.000 kg/m³ 6 A lama injetada pela bomba no interior da haste sai pelos orifícios da broca, concorrendo para a desagregação das rochas, além de refrigerar e lubrificar a mesma. A lama bombeada tem ainda outras finalidades: Remove as partículas de rocha desagregadas, conduzindo-as pelo espaço anular entre o poço escavado pela broca e a haste até a superfície, onde é separada da lama por peneiramento e decantação, sendo a lama reaproveitada em sucessivos bombeamentos. Forma um “enchimento” no poço antes de ser feito o revestimento metálico, evitando, com o peso de sua coluna, o colapso e obstrução do poço, que poderia ocorrer devido à elevada pressão a que as camadas rochosas profundas são submetidas. Contém, até certo ponto, o petróleo, impedindo que esguiche, caso haja pressão interna no lençol, isto é, caso o poço se apresente “surgente”. A complexidade da operação pode ser percebida se atentarmos para as grandes profundidades dos poços, atingindo, muitas vezes, a mais de 4.000 metros. Verificada a viabilidade econômica do poço, procede-se ao revestimento do mesmo com tubos de aço que obedecem a especificações do API (American Petroleum Institute). As bombas de lama geralmente são do tipo alternativo duplex ou tríplex, eixo horizontal ou vertical, acionadas por motores diesel através de correias ou diretamente pela haste do êmbolo de uma máquina a vapor. As pressões são da ordem de 3.000 psi, e as descargas chegam a 100 litros por segundo. Usam-se instalações destas bombas em série e em paralelo para abrangerem um amplo campo de utilização, sendo indispensável o emprego de câmaras de ar nas referidasbombas. Estas bombas são geralmente referidas em termos de potência hidráulica ao invés de capacidade. 7 Existem instalações onde são empregadas bombas centrífugas ao invés de bombas alternativas para o bombeamento da lama, o que, todavia, não é o usual. Após a perfuração, o poço é revestido ou “encamisado” com tubos de aço, colocando-se, entre o tubo e as paredes do poço, camada de argamassa de cimento, numa operação denominada cimentação do poço. Para abrir orifícios no tubo de aço que permitam ao petróleo e ao gás fluir para seu interior, emprega-se o chamado “canhão”, com o qual se fazem perfurações que atravessam o tubo e a rocha matriz nos locais onde se detectou, por ocasião da sondagem, o óleo ou o gás. No interior do encamisamento, coloca-se o tubo por onde será bombeado o petróleo e que se denomina “coluna de produção”. A Figura 1 mostra o esquema de circulação da lama de perfuração e a Figura 2 traz uma bomba alternativa típica para o bombeamento de lama. Figura 1 ‐ Circulação da lama na perfuração de petróleo. Figura 2 ‐ Bomba alternativa horizontal. Retirado de FLOWSERVE. HS e YHT vários êmbolos, bombas alternativas horizontais. Disponível em: <http://www.flowserve.com/>. Acesso em: 17 jun. 2011. 8 Produção dos Poços Para retirar o óleo dos poços, usam-se os seguintes sistemas: Bombas com haste de sucção (sucker rods) acionadas por um sistema de balancim conhecido como “cavalo-de-pau” Sistema com bomba alternativa submersa Sistema com bomba centrífuga submersa Bombeamento por injeção de água Bombeamento por injeção de gás Bombeamento pneumático (gas lift) Alguns poços possuem pressão interna de gás que dispensa o emprego de equipamentos especiais. São os poços petrolíferos “surgentes” que existem em alguns lugares do mundo. Bombas de Haste de Sucção A classificação do API apresenta oito tipos principais, conforme as características da haste, a espessura do tubo, a ancoragem e o sistema de válvulas. A haste é movimentada pelo equipamento dotado do balancim, acionado geralmente por um motor diesel. A Figura 3 mostra o bombeamento por haste de sucção e o “cavalo-de-pau”, sistema que movimenta a haste. 9 Figura 3 - Sistema de bombeamento por haste de sucção. Retirado de WIKIMEDIA FOUNDATION INC.. Sucker Rod. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Sucker_rod>. Acesso em: 11 jun. 2011. Este sistema de bombeamento, no entanto, deve ser em breve substituído, pois apresenta altos custos de manutenção devido aos atritos sofridos pelas hastes, principalmente em poços tortuosos. Sistema com Bomba Alternativa Submersa Uma bomba alternativa tríplex, colocada na superfície do solo ou em uma plataforma marítima, bombeia óleo através de tubulação especial, de modo a acionar uma outra bomba alternativa localizada no fundo do poço (funcionando como motor hidráulico), a qual retira o petróleo do lençol e o eleva até a superfície. São usadas para poços com até mais de 3.000 metros. A produção diminui com a profundidade do poço. Assim, por exemplo, uma bomba com um poço de 1.000 metros pode bombear 4.500 barris diários e, funcionando com um poço de 5.000 metros, poderá vir a bombear apenas cerca de 100 barris diários. 10 Essas bombas apresentam rendimento melhor que os do sistema de haste de sucção. Usa-se, às vezes, ar comprimido para o acionamento da bomba alternativa submersa. Sistema com Bomba Centrífuga Submersa Usam-se bombas centrífugas de múltiplos estágios com motor blindado, preso na parte inferior das mesmas, para poços não muito profundos, com cerca de 300 a 500 metros. As bombas são de rotores hélico-centrífugos e possuem pás-diretrizes e, de certo modo, são semelhantes às utilizadas para bombear água de poços. Podem ser usados para descargas que vão desde 20 até 15.000 barris pode dia, dependendo a produção da profundidade do poço e da capacidade da bomba. O rendimento é da ordem de 50%. Bombeamento por Injeção de Água Para o bombeamento por injeção de água, furam-se dois tipos de poços: um tipo para injeção de água, mais profundo, e outro para o recolhimento da mistura de água e petróleo, mais raso. A água injetada comprime o óleo do lençol para os poços de produção e a mistura é levada imediatamente a uma instalação de tratamento, onde o óleo é separado da água, seguindo para a estocagem. Dos tanques de estocagem o óleo é bombeado para oleodutos no sentido das refinarias ou dos terminais de embarque. Bombas de injeção de água para poços com produção de mais de 10.000 barris diários são de múltiplos estágios e fabricadas em aços especiais para fornecer pressões superiores a 200 bar. 11 Bombeamento por Injeção de Gás Um sistema de compressores injeta gás no poço de bombeamento, o qual, comprimindo o óleo do lençol produtor, eleva-o pelo poço de produção até uma instalação de separação, onde o gás é separado do petróleo. O petróleo separado é conduzido aos reservatórios de estocagem. O gás natural vai a instalações de gasolina natural, que são unidades especiais onde é retirada certa quantidade de “gasolina natural” – contida no gás, sob a forma de pequenas gotículas. O restante do gás, chamado “gás seco”, é usado como combustível industrial, como matéria-prima para a indústria petroquímica e para reinjeção nos reservatórios de produção, conforme este processo de bombeamento ou como o processo de gas lift. Bombeamento Pneumático (gas lift) O gás da própria jazida ou de uma jazida vizinha é injetado por um tubo no poço produzindo uma mistura de óleo e gás. Esta mistura, que contém óleo emulsionado pelo gás e, portanto, de menor peso específico que o óleo, sobe à estação de bombeamento por um tubo concêntrico interno ao tubo de gás ou paralelo a este. A vazão de óleo é ajustada por meio da vazão de gás. A Figura 4 representa um sistema simplificado de bombeamento pneumático. 12 Figura 4 - Sistema Gas-Lift. SCHOTT, Rob. Gas-lift reverses diminishing returns. Disponível em: <http://www.epmag.com/Magazine/2008/11/ite m16952.php>. Acesso em: 11 jun. 2011. Transporte de Petróleo e de Derivados de Petróleo Para o bombeamento de petróleo e derivados petrolíferos a grandes distâncias utilizam-se oleodutos (ou pipelines, em inglês). Além das bombas próximas aos grandes tanques de petróleo e seus derivados, intercalam-se estações intermediárias (estações booster) para o fornecimento da energia necessária à compensação da que foi perdida ao longo das extensas linhas de recalque, mantendo a velocidade de escoamento desejável. Embora existam muitos oleodutos com bombas alternativas, atualmente em oleodutos de certa expressão só se empregam bombas centrífugas. A necessidade de variar a descarga ou de atender à variação na viscosidade, devido a variações da temperatura, requer a possibilidade da associação das bombas em série ou de utilizá-las variando a velocidade. A maior parte das bombas de pipelines é centrífuga com rotor de entrada bilateral e carcaça bipartida horizontalmente, a fim de permitir rápidos reparos e substituições. A Figura 5 ilustra um corte na parte superior da carcaça bipartida de uma bomba fabricada pela Sulzer para uso em oleodutos. 13 Figura 5 - Esquema de bomba ilustrando corte na parte superior da carcaça. Retirado de SULZER PUMPS. HSB Horizontal Axially Split Single Stage Between Bearing Pump. Disponível em: <http://www.sulzerpumps.com/Portaldata/9/Resources/brochures/og/axial/HSB_E00608.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2011. Quando a pressão é elevada, usam-se bombas de mesmo tipo, de múltiplos estágios, com os rotores com entrada bilateral (disposição back to back), que permitem receber o líquido por dois sentidos opostos, paralelamente ao eixo de rotação. Equivale a dois rotores em paralelo que, teoricamente, sãocapazes de elevar uma descarga dupla da que se obteria com o rotor simples. As tubulações de entrada e de saída são solidárias com a parte inferior da carcaça da bomba de modo que, na operação e reparos, não haja necessidade de desaparafusar os flanges. O acionamento pode ser por motores elétricos, turbinas a gás, ou por engrenagens redutoras, como é o caso do oleoduto de Idris a Zueitina, na Líbia, para descarga de 7.600 m³/h e a altura manométrica de 132 metros, com três bombas de 4.330 c.v. em série e rotação específica de 1.500 rpm, sendo o equipamento da fabricante Sulzer. 14 No oleoduto de Serir a Tobruk, na África, a Sulzer forneceu duas bombas de descarga unitária de 3.096 m³/h e altura manométrica de 428 metros. A potência de cada bomba é de 4.450 c.v. e rotação específica de 3.700 rpm. As bombas são de um estágio, aspiração bilateral. Não foram encontradas informações acerca das outras bombas que compõem as demais estações intermediárias deste oleoduto. As bombas de estações intermediárias num oleoduto são geralmente de eixo vertical, um estágio, sucção única. Podem ser utilizadas bombas rotativas para o transporte de óleo em pequenas e médias capacidades. Nos terminais de armazenamento de petróleo e derivados há necessidade de bombas para enchimento de petroleiros ou caminhões-tanque. Aí se utilizam bombas centrífugas quer de eixo horizontal quer vertical. Para manobras de enchimento e esvaziamento dos reservatórios, têm sido usadas bombas de eixo vertical, múltiplos estágios, colocadas num reservatório hermético (can type, ilustrado na Figura 6). Consegue-se com isso atender às características de aspiração extremamente desfavoráveis para líquidos bombeados em temperaturas superiores às correspondentes à pressão de vaporização e às pressões de recalque exigidas. 15 Figura 6 - Bomba Centrífuga de Eixo Vertical de Reservatório Hermético (can type). Retirado de SULZER PUMPS. SJD Vertical Multistage Can Pumps ISO 13709 (API 610) for Process Applications. Disponível em: <http://www.sulzerpumps.com/Portaldata/9/Resources/brochures/power/vertical/SJD_API610_E100 03.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2011. Refinarias As bombas para as refinarias (bombas de processo), como, aliás, todas as que se destinam a bombeamento de petróleo e derivados, obedecem a rigorosas exigências do API, dadas as características próprias dos produtos bombeados, que requerem precauções capazes de oferecer a indispensável segurança. 16 A variedade de bombas é muito grande, pois as condições de operação são muito diversificadas. Assim, há produtos de destilação do petróleo com densidade igual a 600 kg/m³ e outros produtos de densidade maior que a da água. A viscosidade varia de valores inferiores aos da água até valores que caracterizam líquidos que não convém ser bombeados com bombas centrífugas, exigindo bombas rotativas. As temperaturas atingem até 450°C e as pressões podem ultrapassar 100 kgf/cm². Os produtos bombeados podem ser inertes como água pura ou extremamente corrosivos, exigindo aços inoxidáveis especiais. Os motores elétricos que acionam as bombas de líquidos inflamáveis devem ser à prova de explosões. O American Petroleum Institute, no seu API Standard 610: Centrifugal Pumps for Petroleum, Petrochemical and Natural Gas Industries, apresenta especificações detalhadas de construção e fabricação abrangendo as bombas centrífugas para as mais variadas utilizações em refinarias, indústrias petroquímicas e de gás natural. Este é apenas um exemplo das normas do API relacionadas a bombas. Podem ser citadas várias outras, como a API Standard 676: Positive Displacement Pumps – Rotary (para bombas rotativas de deslocamento positivo) ou como as normas de numeração API681 (bombas de vácuo e compressores) e API685 (bombas sem selo - magnéticas). Citando exemplo de uma exigência básica aplicável à grande parte das bombas de refinaria e indústria petroquímica, a carcaça de uma bomba deve conter as bocas de aspiração e recalque dispostas segundo o plano axial e fixadas à base para não ser necessária a desmontagem e desconexão das tubulações quando for preciso efetuar reparos na parte interna da bomba, de forma que o conjunto eixo-rotor-mancais-caixa de gaxetas e suporte deve ser desmontado e separado da carcaça fixa e do motor elétrico bastando desconectar a junta ou os flanges de ligação do eixo do motor (sistema back pull-out, exemplificado na Figura 7). 17 Figura 7 - Sistema back pull-out. Retirado de NESBITT, Brian. Handbook of Pumps and Pumping. Oxford: Elsevier Science & Technology Books, 2006. 470 p. Quando no processamento ocorrem exigências de NPSH que obrigam a instalação com bombas afogadas, uma opção consiste no emprego de bomba de eixo vertical, com um ou mais estágios, ficando a bomba no interior de uma caixa metálica cilíndrica de sucção (can type), à qual se acham ligados os encanamentos que aduzem e os que recalcam o líquido. Nas instalações de transferência e carga de líquidos, quando os reservatórios são enterrados, a solução se apresenta muito vantajosa, como foi citado anteriormente. Exploração de Petróleo na Camada Pré-Sal A Petrobrás informa, através de seu sítio próprio na internet, que o bombeamento de petróleo presente na camada pré-sal deverá ser feito com algumas características diferentes da tradicional produção de petróleo. A Figura 8 ilustra qualitativamente a profundidade dos poços a serem explorados na camada pré-sal. 18 Figura 8 - Ilustração qualitativa da profundidade mínima dos poços a serem explorados na camada pré-sal. Retirado de PETROBRAS. Atuação no Pré-Sal. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/petroleo/presal/>. Acesso em: 17 jun. 2011. As particularidades começam já no tipo de tubulação que será utilizada: dadas as altas pressões a serem enfrentadas nas rochas e na camada de sal, de poços localizados sob cerca de 3.000 metros de coluna de água e 4.000 metros de rochas entre as camadas pós-sal, sal e pré-sal, estuda-se o uso de aços e cimento especiais para o revestimento dos poços. O gradiente de temperatura existente entre o interior dos poços e as águas oceânicas poderá causar precipitações no óleo em escoamento. Para tanto, pesquisadores da petrolífera estatal brasileira estudam possíveis compostos a serem injetados em pontos intermediários do escoamento a fim de dissolver ou evitar a ocorrência de precipitações enquanto o óleo é bombeado até as plataformas de exploração. Estuda-se também a possibilidade de manter os tubos termicamente isolados e até mesmo aquecidos para evitar choques térmicos muito bruscos. 19 Recuperação de Óleo Espalhado no Mar O óleo espalhado no mar devido a vazamentos, acidentes em navios- tanque, operações de bombeamento para enchimento ou esvaziamento de navios petroleiros ou ruptura de oleodutos submarinos pode ser recolhido da superfície por meio de embarcações dotadas de dispositivos especiais de captação, separação e armazenagem. As embarcações tradicionais para a recuperação de petróleo no mar normalmente são barcos de dois cascos (tipo catamaran) e contam com uma correia transportadora para recolher o óleo mais viscoso e uma barragem feita de material leve que recupera o óleo emulsionado e menos denso. Uma bomba de engrenagens faz então o transporte da mistura de óleo e água recuperados até um reservatório, de onde o a mistura deverá seguir a uma unidade de separação destes líquidos. Em 2007, um grupo de pesquisadores europeus começou a desenvolver um navio de recuperação de óleo com uma estrutura de três cascos (trimaran) com cerca de 138 metros de comprimento e 38 metros de largura. Os dois cascos laterais tem a função de ajudar a estabilizar o navio em condições climáticas adversas, tornando a embarcação apta a operarquase que imediatamente após o vazamento causado por intempéries climáticas. Este navio deverá ser capaz de armazenar até 6.000 toneladas de petróleo. 20 Conclusão O setor de óleo e gás é também um ótimo exemplo de padronização de procedimentos de aplicações não só de bombas, mas de instalações industriais como um todo. As normas publicadas por órgãos como o API regem os projetos de instalações de petróleo ao redor do globo inteiro. A complexidade da indústria petrolífera em seus vários setores a torna um interessante caso para o estudo especialmente de bombas e escoamentos. Suas mais diversas características de fluidos e escoamentos permitem encontrar aplicação para praticamente todos os tipos de bombas industriais já inventadas e ainda uma enorme gama de variações destas. Embora antiga, a indústria de petróleo se mostra sempre moderna, à medida que as inovações tecnológicas traduzem não só lucro financeiro, como também oportunidades de exploração de poços e jazidas em condições mais diversas, como é o caso brasileiro do petróleo armazenado na camada pré-sal. 21 Referências Bibliográficas HICKS, Tyler G.; EDWARDS, T. W.. Pump Application Engineering. Nova Iorque: Mcgraw-hill, 1971. 435 p. KARASSIK, Igor J. et al. (Ed.). Pump Handbook. 2. ed. Nova Iorque: Mcgraw- hill, 1986. 13 v. MACINTYRE, Archibald Joseph. Bombas e Instalações de Bombeamento. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1980. 667 p. MOREIRA, Rhamany Santana; FERREIRA, Kateryne Hamberger; SOUSA, Daniel Moura (Org.). QG do Petróleo. Disponível em: <http://www.qgdopetroleo.com/>. Acesso em: 13 jun. 2011. NESBITT, Brian. Handbook of Pumps and Pumping. Nova Iorque: Elsevier Science & Technology Books, 2006. 470 p. PETROBRAS. Atuação no Pré-Sal. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de- energia/petroleo/presal/>. Acesso em: 17 jun. 2011. SULZER PUMPS. HSB Horizontal Axially Split Single Stage Between Bearing Pump. Disponível em: <http://www.sulzerpumps.com/Portaldata/9/Resources/brochures/og/axial/HSB_ E00608.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2011. SULZER PUMPS. SJD Vertical Multistage Can Pumps ISO 13709 (API 610) for Process Applications. Disponível em: <http://www.sulzerpumps.com/Portaldata/9/Resources/brochures/power/vertical /SJD_API610_E10003.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2011.
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