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Poesia Folclórica

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LITERATURA 
INFANTOJUVENIL 
Mariana Terra Teixeira
Poesia folclórica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a importância da poesia folclórica no processo de apren-
dizagem da criança.
  Desenvolver atividades relacionadas à poesia folclórica.
  Identificar a importância da relação da criança com a sonoridade e o 
papel da poesia folclórica.
Introdução
No que diz respeito ao ritmo e aos sons, a relação que a criança cria 
com a sonoridade é muito importante para o desenvolvimento de suas 
habilidades de leitura e de interpretação textual. A poesia, em geral, e a 
poesia folclórica, em específico, têm papel fundamental na criação da 
relação criança-sonoridade. Dessa forma, desenvolver atividades peda-
gógicas relacionadas à poesia com as crianças em sala de aula as ajuda 
a desenvolver a consciência de rima, a consciência dos sons das letras, 
dos sons das sílabas. Isso irá auxiliá-las a aprender a ler e a escrever, ou 
desenvolver mais ainda suas habilidades de leitura. Tanto a capacidade 
imagética da poesia quanto o lúdico também contribuem para o processo 
de aprendizagem do mundo. Isso porque, por meio da poesia, a criança 
experiência diferentes mundos possíveis e estimula sua imaginação.
A importância da poesia folclórica no processo 
de aprendizagem da criança
A poesia folclórica é um texto poético com características específi cas.
Ela combina as características formais da poesia com o folclore de um povo. 
Folclore é a cultura de um povo tradicionalmente passada de geração para 
geração oralmente, por meio de contações de histórias, narrativas orais, can-
tigas, versos, lendas, ritos. Portanto, a poesia folclórica tem a forma do gênero 
poético, ou lírico, e o seu conteúdo é o folclore.
Gêneros literários são um conjunto de textos e obras que apresentam ca-
racterísticas similares de forma e conteúdo. Segundo a teoria literária clássica, 
eles são divididos em três grandes grupos: gênero épico e/ou narrativo, gênero 
lírico e gênero dramático. Os gêneros literários se diferenciam pelos seus 
gêneros discursivos/textuais. Eles se servem da realidade para criar mundos 
fictícios, fantásticos, ou para criar uma interpretação ou versão alternativa 
da realidade, utilizando-se da linguagem literária. Assim, a ficcionalidade 
é uma das características principais do texto literário (ainda que nem toda 
literatura seja ficcional). Outra característica é a linguagem literária, aquela 
cuidadosamente selecionada pelo autor, uma linguagem estética ou poética, que 
pode utilizar metáforas, efeitos sonoros e visuais, além de jogos de palavras, 
e tem como objetivo, por exemplo, a fruição do texto pelo leitor ou estimular 
sua reflexão, seu pensamento. Quando são obras de ficção, ou sobre mundos 
fantásticos, as obras literárias ainda assim precisam ter verossimilhança. Não 
necessariamente o que está sendo contado, declamado ou lido precisa existir 
no mundo real, mas a história inventada necessita de verossimilhança, isto 
é, lógica interna (i.e., o que ocorre no interior da história deve fazer sentido 
naquele mundo interno ao texto).
A poesia folclórica pertence ao gênero lírico, como dito anteriormente. Esse 
gênero tem características formais e de conteúdo bem marcantes. Referente 
ao seu conteúdo, seu traço essencial é o lirismo, definido como sentimentos 
exacerbados ou muitas emoções. Ou seja, a temática lírica sempre envolve 
emoção e sentimentos. O eu-lírico fala a partir do seu ponto de vista, tudo 
passa pelos seus pensamentos, por sua perspectiva, por isso esses textos são 
geralmente em primeira pessoa. A subjetividade e as emoções daquele que 
escreve ou fala são evidentes. O principal exemplo do gênero lírico é a poesia. 
Esse gênero também possui características formais bem evidentes. Os poemas 
são escritos ou declamados em versos, podendo haver métricas bem precisas, 
que dão ritmo e melodia às poesias. Outras características formais do gênero 
lírico são as combinações das palavras, as rimas, as aliterações. Um exemplo 
dessa precisão de características formais são os sonetos, poemas que surgiram 
na Idade Média e ainda existem nos dias de hoje. Os sonetos são poemas com 
quatorze versos, sendo estes divididos em quatro estrofes: dois quartetos e 
dois tercetos. Isto é, a primeira e a segunda estrofes de um soneto possuem 
quatro versos, e as duas últimas, três versos. Nos sonetos, como geralmente 
ocorre na poesia em geral, os versos rimam. Cada verso de um soneto possui 
Poesia folclórica2
dez sílabas, por isso dizemos que os versos são decassílabos, explicando a 
métrica rigorosa característica da linguagem poética mais clássica. Pela qua-
lidade da linguagem da poesia, ela é um gênero interessante para ser usado 
em sala de aula, com as crianças, principalmente em fase de alfabetização, 
como veremos na última seção deste capítulo.
A poesia folclórica é um tipo específico de poesia, pois faz parte da litera-
tura folclórica. Trata-se, então, de uma literatura popular, apesar de nem toda 
literatura popular ser folclórica. Segundo Cascudo (2006), o folclore tem quatro 
elementos essenciais: a antiguidade, a persistência, o anonimato e a oralidade. 
Portanto, para a poesia ser folclórica, ela deverá ter esses quatro elementos. É 
o mesmo caso de um canto, um conto, uma dança, uma lenda, uma anedota, 
um mito, que, para fazerem parte do folclore de uma comunidade, precisam, 
segundo o autor, de indefinição cronológica. Por exemplo, podemos pensar 
cantigas como “Boi da cara preta” e em versos sempre ditos às crianças, 
passados de geração em geração, que não sabemos bem de quando é, pois 
sabemos que são antigos, mas não conseguimos precisar a data. Os versos a 
seguir são um exemplo de poesia folclórica:
Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão.
Menininha quando dorme põe a mão no coração.
Sou pequenininha do tamanho de um botão,
Carrego papai no bolso e mamãe no coração
O bolso furou e o papai caiu no chão.
Mamãe que é mais querida ficou no coração.
Não sabemos de que época são os versos acima, tampouco sabemos quem 
os escreveu. Se tentarmos procurar na internet o autor, não conseguiremos 
achar, pois o autor é anônimo ou desconhecido. Esses versos são passados 
oralmente para as crianças e persistem na tradição do povo brasileiro, agora 
em sua versão escrita também. Dessa forma, a poesia folclórica citada possui 
os quatro elementos que definem folclore, segundo Cascudo (2006): são versos 
antigos, anônimos, persistentes e ditos oralmente para as crianças. O folclore 
vem da memória coletiva e é sempre popular. É também sobrevivência, pois 
é uma tradição que resiste ao esquecimento e é sempre citada, em um ou 
outro momento. Cascudo entende por tradição o ato de entregar, transmitir, 
passar adiante, “[...] um processo divulgativo do conhecimento popular ágrafo” 
(CASCUDO, 2006, p. 27). Dessa forma, a poesia folclórica é uma tradição, são 
versos, rimas, cantigas passadas de geração em geração oralmente, pelo povo.
3Poesia folclórica
Poesia folclórica e aprendizagem
A importância da poesia folclórica na aprendizagem da criança vem das caracte-
rísticas estéticas formais da linguagem desse gênero discursivo e do seu conteúdo 
folclórico. O público-alvo da poesia folclórica infantil são as crianças. No entanto, 
segundo Bordini (1986), autora clássica da literatura infantil, para um texto poético 
infantil ser de qualidade, a sua condição artística e estética devem ser prioridades 
do escritor, antes de a poesia ser relacionada ao leitor infantil, pois, segundo a 
autora, essas duas condições fazem parte da construção da poesia como obra 
de arte. Assim, a linguagem literária e o aspecto artístico do texto poético estão 
presentes tanto na poesia destinada a adultos quanto na poesia infantil.
São três as características da linguagem da poesia que são importantes na 
aprendizagem da língua e do mundo pelas crianças: o ritmo, a imagem e o lúdico. 
O ritmo é constituídopor meio da métrica do poema, das rimas e da melodia. A 
criança aprende e reforça sons da língua através da poesia. Falaremos mais sobre 
a relação da criança com a sonoridade da poesia no último tópico deste capítulo. 
A linguagem da poesia, tanto os seus efeitos sonoros quanto os seus sentidos 
metafóricos, contribui para a criação de imagens na mente do leitor. A imagem 
é fruto da associação de ideias que o leitor faz ao ouvir a poesia folclórica e ligar 
com a sua realidade, com a tradição da sua comunidade. As poesias infantis 
que são transcritas para o papel muitas vezes vêm com imagens, que ajudam o 
pequeno leitor iniciante a compreender os sentidos possíveis do texto poético. 
Na leitura de uma poesia escrita, na cultura ocidental, o olho percorre as letras 
da esquerda para a direita, começando de cima, nos primeiros versos, para 
baixo, até os últimos versos. Em uma imagem, no entanto, o olhar da criança 
percorre a ilustração em diversas direções, orientadas pelas características da 
imagem. Isto é, a criança olha primeiro o que está em primeiro plano na figura, 
depois presta atenção nos personagens, normalmente da esquerda para a direita 
também. Dessa forma, livros de poesias para crianças podem utilizar de vários 
elementos nas imagens para contribuir para o entendimento da criança sobre o 
conteúdo do poema. As ilustrações podem ter elementos descritivos. As imagens 
podem ser complementares às poesias ou repetir elementos abordados no texto 
poético. Por exemplo, a poesia pode enfatizar o som de uma letra, e esta pode ser 
desenhada e contribuir para reforçar o conhecimento sobre ela. Por outro lado, 
a imagem pode ser complementar, sendo uma informação nova ao conteúdo da 
poesia, guiando a imaginação dos leitores infantis.
O elemento imagético do texto poético é, assim, importante na aprendizagem 
da criança. A poesia pode, por si só, por meio da linguagem empregada, construir 
uma imagem na mente do leitor, estimulando a imaginação das crianças. As 
Poesia folclórica4
crianças podem, através dos sons do texto, das brincadeiras com as palavras 
e do conteúdo da poesia, imaginar o mundo retratado naqueles versos. Na in-
fância, o imaginário da criança é um instrumento para ela desbravar o mundo. 
Muitas vezes, ela mistura aquilo que considera real com o que é criado por sua 
imaginação, como os famosos amigos imaginários, por exemplo. Dessa forma, 
o cultivo do imaginário popular, da tradição folclórica, por meio da poesia, é 
uma ferramenta importante para a formação e o desenvolvimento da criança, 
a qual aprende, pela interação com a literatura, a cultura de seu povo e o faz 
através de uma linguagem poética.
O lúdico da poesia e a aprendizagem
A poesia destinada ao público infantil surgiu no início do século XX, com 
Olavo Bilac, com o seu livro Poesias infantis, em 1904. Quase todos os poetas 
modernos brasileiros escreveram também para crianças, como Vinicius de 
Moraes, Cecília Meireles e Mario Quintana. No entanto, eles publicaram um 
ou dois livros destinados a crianças, em contrapartida a autores clássicos da 
literatura infantil que dedicaram a sua obra literária aos pequenos, como Sergio 
Capperelli, Roseana Murray e Elias José.
No início, a poesia infantil tinha objetivos morais e pedagógicos, como a 
literatura infantil no geral. As poesias eram escritas com intuitos didáticos. 
Somente mais tarde, com Poemas para brincar, de José Paulo Paes (1990), e 
outros escritores a partir de então, que se começou a escrever poesia para que 
as crianças gostassem de ler, ou seja, para que apreciassem o texto poético. 
Segundo Zilberman (2005), José Paulo Paes (1990) estabelece uma conexão entre 
brincar e escrever em seus poemas, com comparações no texto que se inserem 
no universo infantil, como brincar com bola, brincar com pião, sugerindo que a 
diversão seja um traço evidente do poema. Assim, por exemplo, o autor dá ênfase 
às consoantes bilabiais p e b, brincando com elas em seu poema e brincando com 
bola e pião. A valorização do lúdico, a partir da associação com a brincadeira, 
expandiu a criação da poesia infantil. O lúdico em forma de diversão e jogo 
passou a ser traço característico desse gênero literário.
Versos que relacionam ler com brincar aproximam a poesia do jovem leitor, 
pois sintetizam o mundo interior da criança. Os personagens dos poemas são 
também crianças, ou animais que falam, fadas e, às vezes, alguns adultos, como 
avós. Isso aproxima o leitor, pois revela o mundo conhecido por ele. Por meio 
do lúdico, as crianças brincam e aprendem sobre o mundo real. O imaginário, 
como vimos, é parte constitutiva do aprendizado sobre o mundo real. O lúdico 
da poesia faz com que as crianças queiram e gostem de ler. Com o texto poético, 
5Poesia folclórica
elas descobrem os sons que os animais fazem, entre outras coisas, e entram em 
mundos em que animais podem falar e sabem, por exemplo, os sons das letras 
do alfabeto. A mistura de fatos do cotidiano com a personificação de animais, 
segundo Zilberman (2005), desenvolve o imaginário. Os versos a seguir, de Mario 
Quintana, por exemplo, usam o recurso da sonoridade, que ajuda a memorizar o 
texto, e são parte da poesia folclórica brasileira, pois são passados de geração para 
geração, sem necessariamente sempre sabermos que os versos são do escritor:
O pato ganhou sapato
Foi logo tirar retrato.
O macaco retratista
Era mesmo um grande artista.
Esses versos, do livro Pé de pilão, de Mario Quintana (1980), evidenciam 
a mistura de fatos do cotidiano com a personificação de animais, estimulando 
a imaginação das crianças. A rima e o ritmo também são características desse 
poema, com estrofes de dois versos em redondilha maior, isto é, versos com 
sete sílabas, rimados entre si. Nesse poema, as palavras que rimam são paro-
xítonas — sapato, retrato, retratista, artista —, a sílaba tônica é a penúltima. É 
interessante observarmos como o lúdico é exposto por meio de uma linguagem 
poética extremamente qualificada; é essa linguagem que ajuda a criança no seu 
processo de aprendizagem da língua.
A poesia folclórica infantil faz parte do gênero lírico, da cultura popular, e tem como 
conteúdo principal o trabalho poético a partir de elementos da tradição de um país, 
sendo voltada ao público jovem. Para se aprofundar nesses tópicos, confira os livros 
a seguir.
  Para saber mais sobre a literatura oral brasileira, que constitui grande parte do folclore 
brasileiro, leia o livro Literatura Oral no Brasil, de Luís da Câmara Cascudo (2006).
  Saiba mais especificamente sobre a literatura infantil brasileira, não somente sobre 
poesia, mas também narrativas e romances infantis, com o livro Como e por que ler 
a literatura infantil brasileira, de Regina Zilberman (2005).
  Saiba mais sobre a poesia moderna desenvolvida no Brasil, com o livro A poesia 
brasileira do século XX, de Ítalo Moriconi. 
Poesia folclórica6
Atividades pedagógicas relacionadas
à poesia folclórica
Vimos que a poesia folclórica tem características formais e de conteúdo 
bem marcantes. Essas características podem ser exploradas em diferentes 
momentos na realização de tarefas em sala de aula. A poesia folclórica in-
fantil possui elementos que auxiliam na aprendizagem da linguagem pelas 
crianças. O elemento lúdico, a exploração da imagem e a sonoridade (ritmo, 
rima, melodia) das poesias infantis podem ser utilizados pelo professor em 
sala de aula para estimular esse processo de aprendizagem. Vejamos como 
cada um desses elementos pode contribuir para isso.
Tanto o lúdico quanto a exploração da capacidade imagética da poesia, 
como vimos, estimulam a imaginação das crianças e as aproxima do gênero 
poético. Dessa forma, é interessante ter atividades na sala de aula que não 
utilizem a poesia como pretexto, mas sim como texto cujo valor não se 
esgota apenas no estudo da gramática. Ler uma poesia ou um conto em sala 
de aula e pedir que os alunos circulem as palavras paroxítonas, oxítonas e 
proparoxítonas é um exemplode atividade que utiliza o texto como pretexto. 
Não está errado, mas pesquisas mostram que as crianças e os adolescentes 
se afastam da literatura desse modo, pois, para elas, o texto literário estará 
diretamente ligado a atividades gramaticais difíceis. Assim, sendo o lúdico 
um elemento constituinte da poesia folclórica, atividades pedagógicas inte-
ressantes a serem feitas em sala de aula são justamente usar a poesia como 
obra literária. A estética da poesia é difícil, mas, quando apreciada, provoca 
a fruição do texto pelo leitor. A literatura é fonte de prazer, ler é interpretar 
o texto e poder lê-lo por ler. Poesias folclóricas podem ser trazidas para a 
sala de aula com o motivo de aproximar a criança da literatura, fazer as 
crianças gostarem de ler. As poesias folclóricas, já que advêm da tradição 
oral, são mais curtas e, normalmente, têm uma sonoridade, um ritmo, bem 
marcante, pois são memorizadas. Assim, podem ser a porta de entrada das 
crianças para o mundo da literatura e o contato com poesias mais difíceis 
de serem apreciadas. Se algumas crianças vão gostar do ritmo, outras do 
assunto, outras da tradição popular transmitida pela poesia, outras pela 
imagem que vem ao lado do texto, tanto faz. O importante é que gostem 
de poesia, que queiram ler poesia quando não estejam em sala de aula, que 
leiam por prazer, não por obrigação didática. Este deve ser o primeiro papel 
da poesia folclórica em sala de aula.
7Poesia folclórica
Segundo Maria Helena Martins (1985), em seu livro O que é leitura?, 
aprende-se a ler vivendo, pois é com a experiência de vida que nos tornamos 
leitores. Aprender a ler é dar sentido ao que nos cerca, é conseguir compre-
ender os diferentes gêneros de textos que nos cercam em nosso dia a dia. A 
criança está na fase inicial desse aprendizado. Ela está aprendendo a ler o 
mundo ao mesmo tempo que aprende a ler textos, a ouvir poesia declamada, 
mas também a lê-la escrita no papel. Quanto mais a criança conseguir ler 
o mundo, mais ela conseguirá interpretar os textos. Dessa forma, a poesia 
folclórica tem papel central em apresentar as tradições de um povo para a 
criança por meio da linguagem. Atividades pedagógicas que propiciem a 
leitura das poesias, a declamação da poesia pela professora ou pelos alunos, 
a encenação da poesia, o debate sobre a tradição cultural descrita na poesia 
são exemplos de atividades que dão o foco principal ao texto literário.
A leitura de mundo e a experiência de vida são, aqui, conceitos-chave, 
visto que é por meio delas que lemos e que chegamos não só à interpretação, 
mas à compreensão de textos e do mundo. A literatura infantil tem, então, 
papel fundamental de introduzir as crianças ao mundo literário. Através da 
literatura, elas podem dar sentido a muitos acontecimentos, conceitos e normas 
da vida real. Assim, o professor de literatura é o mediador entre o aluno e as 
obras literárias, e tem, por exercer esse papel, o dever de aproximar ambos, 
ampliando o repertório de contato com diferentes obras pelas crianças. O 
trabalho do professor é mediar a relação do aluno com a poesia, tornando essa 
relação cada vez mais qualificada e embasada, pois o sentimento e a emoção 
podem ser postos em palavras, e a criança aprende isso por meio da poesia.
O prazer estético do aluno ao ler, e somente ler, deve ser valorizado. A 
visão de literatura que subjaz práticas pedagógicas que valorizam a leitura 
das obras literárias é a visão de literatura como um direito humano, de 
literatura como uma necessidade pessoal, necessidade humana para a so-
brevivência do indivíduo. É importante, portanto, que a criança tenha esse 
direito desde cedo. Quanto antes ela for estimulada a ler, mais ela aprenderá 
a ler por prazer e ter isso como parte constituinte de sua rotina. A todos deve 
chegar a literatura. Todos têm esse direito, inclusive as crianças. A visão 
de literatura aqui exposta é a visão de Antônio Cândido. Podemos fechar o 
raciocínio com uma passagem do texto do autor, O direito à literatura: “Por 
quê? Porque pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer 
que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável 
para o próximo” (CÂNDIDO, 1995, p. 174).
Dessa maneira, ler o mundo, interpretar textos e compreender o funcio-
namento dos diversos gêneros textuais é um direito do aluno, e possibilitar o 
Poesia folclórica8
desenvolvimento de sua competência leitora é um dever nosso, professores. 
Aqui reside a importância de práticas pedagógicas com poesias infantis e 
também com os demais gêneros literários infantis. A introdução da criança 
ao mundo da literatura deve se instituir desde cedo.
Há revistas científicas brasileiras que podem lhe auxiliar na confecção de atividades 
didáticas. Essas revistas, especializadas no ensino de língua e literatura, são on-line, e 
o acesso aos artigos publicados nelas são gratuitos. Você pode, inclusive, baixar os 
artigos em formato PDF e salvar no seu computador ou imprimi-los para ler mais tarde.
Os periódicos científicos publicam artigos de professores universitários e pesquisa-
dores sobre educação, atividades pedagógicas, literatura infantil, entre outros temas 
de outras áreas do conhecimento. A seguir, há uma lista com três periódicos sobre 
literatura infantil que você pode consultar. O funcionamento das revistas científicas é 
interessante, pois elas têm números lançados com temas específicos. Por exemplo, a 
edição volume 37, número 75, de 2019, do primeiro periódico a seguir é sobre leitura 
digital. Dessa forma, se você quer utilizar mais tecnologia na sua aula de literatura, 
por exemplo, você pode consultar os diferentes artigos desse número da revista e ver 
exemplos de atividades pedagógicas que envolvem leitura e tecnologia.
Mais interessante para o nosso capítulo é o volume 4, número 1 do segundo peri-
ódico listado a seguir, pois a edição é sobre poesia infantil. Os artigos abrangem as 
características da poesia infantil vistas por nós neste capítulo: a relação da imagem e do 
texto, a palavra rimada da poesia, o conceito estético da literatura infantil, e ainda citam 
poemas, como o de Mario Quintana, mencionado anteriormente, entre outros temas.
  Leitura: Teoria & Prática — https://qrgo.page.link/tTjzd
  Tigre Albino — https://qrgo.page.link/GXyMS
  Revista Emília — https://qrgo.page.link/eK8NN
A importância da relação da criança com
a sonoridade e o papel da poesia folclórica
A sonoridade da língua deve ser estimulada na criança desde cedo. Ainda 
antes da alfabetização, em casa e na educação infantil, a criança deve ser 
estimulada a brincar com os sons das letras, a fazer rima, a reconhecer os 
diferentes ritmos. Reconhecer a entonação de uma pergunta, a entonação de 
alguém quando está bravo, tudo isso ajuda a criança a entender a prosódia da 
língua que ela está adquirindo. O professor e também os pais podem ensinar 
as características sonoras da sua língua com o auxílio do gênero literário 
9Poesia folclórica
visto neste capítulo: a poesia. Ler, criar e recriar poemas que brinquem com 
as palavras é fundamental para as crianças. A poesia pode enfatizar o som das 
letras e relacioná-los às coisas do mundo. Por exemplo, a aliteração é uma fi gura 
de linguagem na qual se repete sons consonantais. Essa fi gura de linguagem é 
utilizada em poesias. Uma poesia pode simular o barulho do vento com muitas 
palavras que contenham o som da letra [v]. A criança, assim, pode relacionar 
o som da letra com o som do vento, o que pode facilitar a sua memorização, 
bem como pode ser algo legal e atrativo da leitura para ela.
Estudos neurocientíficos comprovam que o estímulo de qualidade dirigido 
à criança na sua fase pré-letramento a ajuda a desenvolver a linguagem oral 
e a aprender a ler com mais sucesso nos anos iniciais da escola (MORAIS, 
2013; DEHAENE, 2012). Portanto, atividades de sala de aula ou em casa que 
estimulem a manipulação dos sons são primordiais para o desenvolvimento 
cognitivo da criança. Antes mesmode a criança aprender a ler, o contato com os 
livros de plástico, que elas possam pegar, já é um incentivo para que a criança 
goste de livros. No entanto, cercar a criança de livros não é suficiente. A fase 
pré-alfabetização é muito importante. Brincadeiras e atividades de sala de 
aula com poesias declamadas, ouvidas, criadas, atividades com ritmo e rima 
devem ser feitas com as crianças. O ensino dos sons das letras e das sílabas 
pelo método fônico, método focado nos fonemas — sons das letras —, deve 
ser instituído na sala de aula desde o primeiro dia do primeiro ano de aula.
A poesia folclórica pode ser muito útil no desenvolvimento da sonoridade 
e, por isso, auxilia nesse processo de aprendizagem. Isso porque as tradições 
folclóricas podem ser o primeiro contato das crianças com a sonoridade da 
língua em geral. As canções de ninar, por exemplo, são cantadas para as 
crianças ainda bebês. Os versos populares podem e devem ser a porta de 
entrada das crianças, ainda novas, para os sons, o ritmo e as entonações da 
língua. Posteriormente, o contato frequente com a sonoridade da linguagem 
ajudará a criança no desenvolvimento da representação desses sons em letras 
na língua escrita.
A leitura de versos e histórias estimulam não só a imaginação e o lúdico 
da criança, como também a põe em contato com a língua escrita. A língua 
escrita é diferente da língua falada, e a criança precisa aprender as suas regras, 
a começar pelo princípio alfabético (em línguas alfabéticas, como as línguas 
ocidentais). Dessa maneira, as cantigas, as músicas, os contos e a poesia de seu 
folclore não só transmitem à criança as tradições de seu povo, como também 
são importantes para sua familiarização com a linguagem utilizada nesses 
gêneros. Um novo campo de estudo, a neuroeducação, vem tratando bastante 
da importância do estímulo da leitura antes mesmo dos anos iniciais regulares 
Poesia folclórica10
da escola. A seguir, você tem acesso a revistas e matérias especializadas em 
neuroeducação, que mostram a importância do estímulo de qualidade sobre 
a língua e os sons das letras, do alfabeto e das rimas para o desenvolvimento 
cognitivo da criança. A literatura tem um papel fundamental no desenvolvi-
mento cognitivo infantil e na abertura de possibilidades para os jovens.
A Rede Nacional de Ciência Para a Educação é uma iniciativa de professores universi-
tários que se preocupam com a aprendizagem e o ensino nas escolas. Os professores 
dessa rede trabalham nas mais diversas universidades com pesquisas sobre como o 
nosso cérebro aprende. O site é recomendado para professores, e o conteúdo é de 
fácil acesso.
https://qrgo.page.link/71sLx
BORDINI, M. da G. Por uma pedagogia da leitura. Letras de Hoje, v. 21 n. 1, 1986. Dispo-
nível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/17438/. 
Acesso em: 17 jul. 2019.
CÂNDIDO, A. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
CAPARELLI, S. Boi da cara preta. Porto Alegre: L&PM, 1980.
CASCUDO, L. da. Literatura oral no Brasil. 2 ed. São Paulo, Global, 2006.
DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. 
Porto Alegre, Penso. 2012.
MARTINS, M. H. O que é leitura? São Paulo: Brasiliense, 1985.
MORAIS, J. Criar leitores: para professores e educadores. Barueri: Manole, 2013.
PAES, J. P. Poemas para brincar. São Paulo: Ática, 1990.
QUINTANA, M. Pé de pilão. Porto Alegre: L&PM, 1980.
ZILBERMAN, R. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2005.
11Poesia folclórica
Leituras recomendadas
COMO formar novos leitores. Revista Educação, n. 258, 2019. Disponível em: https://
www.revistaeducacao.com.br/como-formar-novos-leitores/?fbclid=IwAR2QRbeJt
aGc4TdbllBzrsBtnqjZwMa2tokmYnkfaogSVOJifgrQ7nA_plY/. Acesso em: 17 jul. 2019.
FRANZIN, A. Estímulo cerebral antes dos três anos é crucial para o desenvolvimento 
da aprendizagem. EBC, fev. 2015. Disponível em: http://www.ebc.com.br/infantil/
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Poesia folclórica12

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