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Novos caminhos para profissionais da educação
R
odrigo V
inícius Sartori
Código Logístico
57140
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6351-2
9 788538 763512
Novos caminhos 
para profissionais da 
educação
IESDE BRASIL S/A
2018
Rodrigo Vinícius Sartori
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S26n Sartori, Rodrigo Vinícius
Novos caminhos para profissionais da educação / Rodrigo 
Vinícius Sartori. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2018. 
156 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6351-2
1. Professores - Formação. 2. Prática do ensino. I. Título.
18-49863
CDD: 370.71
CDU: 37.02
© 2018 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos 
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Minerva Studio/ Adam Radosavljevic Shutterstock
 Wavebreakmedia/djiledesign/monkeybusinessimages/iStockphoto
Rodrigo Vinícius Sartori
Doutorando em Administração na Universidade Positivo (UP). Mestre em Engenharia da 
Produção, especialista em Gestão do Conhecimento nas Organizações e engenheiro industrial elé-
trico pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professor, pesquisador e con-
sultor sênior de gestão nas áreas de Qualidade e Inovação, com vivência internacional (EUA e 
Espanha). Desenvolve trabalhos acadêmicos e empresariais em todo o Brasil.
Sumário
Apresentação 7
1 Ser professor no século XXI 9
1.1 Os desafios do mundo contemporâneo 9
1.2 Ser professor na atualidade 12
1.3 Múltiplas competências para o novo educador 15
2 Repensando a formação docente 21
2.1 A formação continuada 21
2.2 O pesquisador autodidata 25
2.3 O professor aluno 29
3 Novas possibilidades de atuação docente 35
3.1 Planejando a carreira 35
3.2 O professor empreendedor 39
3.3 Marketing pessoal e network 45
4 Novas possibilidades de atuação docente 51
4.1 A nova comunicação professor-aluno 51
4.2 A internet na sala de aula 55
4.3 Tecnologia como recurso didático 58
5 Novidades tecnológicas na sala de aula 65
5.1 EaD e Mooc 65
5.2 Realidade virtual 69
5.3 Realidade aumentada 73
6 Inovações na educação 79
6.1 Jogos educacionais 79
6.2 Aula invertida e ensino híbrido 84
6.3 Convivência com dispositivos móveis 87
7 Novas competências comportamentais 93
7.1 Liderança 93
7.2 Relacionamento interpessoal 97
7.3 Motivação 101
8 Noções de gestão para o professor 107
8.1 Qualidade e produtividade 107
8.2 Gestão de projetos 111
8.3 Gestão de conflitos 114
9 Tópicos especiais para o professor 121
9.1 A carreira internacional do professor 121
9.2 O papel do professor nos ecossistemas de inovação 126
9.3 O professor como agente político 129
10 A excelência docente 135
10.1 Leitura crítica 135
10.2 Maestria na escrita 140
10.3 Domínio da oratória 142
Gabarito 149
7
Apresentação
Há algo em comum entre professores experientes e novatos, concursados com carreira es-
tável em instituições públicas e ocasionais prestadores de serviço em instituições privadas, líderes 
acadêmicos e empreendedores educacionais: neste momento histórico vivenciado, de início do 
século XXI, todos, em absoluto, são demandados a serem menos especialistas e mais generalistas. 
O cenário atual impõe cada vez mais funções agregadas ao papel de professor, que vê sua profissão 
passar por uma rápida e firme transformação.
Diante dessa turbulência no campo profissional, abrem-se, ao mesmo tempo, diversas novas 
possibilidades de atuação do educador na sociedade atual, tema que é exaustivamente debatido 
neste livro. Novos caminhos esses que têm potencial de resultar em grande sucesso profissional, se 
bem aproveitados - o primeiro passo, naturalmente, é compreender o que ocorre com o mundo e 
com o trabalho do professor.
É nesse sentido que o Capítulo 1 introduz essa reflexão sobre o que é ser professor no novo 
milênio: os desafios do mundo contemporâneo, ser professor na atualidade e as múltiplas compe-
tências para o novo educador.
O objetivo do Capítulo 2 é repensar a formação docente. Por isso, uma análise crítica é reali-
zada a respeito da formação continuada, do pesquisador autodidata e do professor-aluno.
Com um teor bastante prático, o Capítulo 3 descreve as novas possibilidades de atuação docen-
te, em termos de planejamento de carreira, de empreendedorismo, de marketing pessoal e networking.
No Capítulo 4, analisando-se a nova comunicação professor-aluno, a internet na sala de aula 
e a tecnologia como recurso didático, realiza-se, enfim, uma avaliação do grau de contribuição das 
tecnologias de informação e comunicação (TIC) para a educação.
As novidades tecnológicas na sala de aula são o foco do Capítulo 5, que apresenta aspectos 
como EaD, Mooc, realidade virtual e realidade aumentada.
O Capítulo 6 se ocupa de algumas inovações específicas no campo da educação, como os 
jogos educacionais, a aula invertida, o ensino híbrido e a convivência com dispositivos móveis.
O propósito do Capítulo 7 é explorar as novas competências comportamentais necessárias 
ao educador da atualidade: liderança, relacionamento interpessoal e motivação.
No Capítulo 8, são apresentadas as noções essenciais de gestão para o professor, com foco nos 
elementos de qualidade, produtividade, gerenciamento de projetos e gerenciamento de conflitos.
Reserva-se, no Capítulo 9, espaço para alguns tópicos especiais, que podem conduzir a car-
reira do professor à elevada distinção: a carreira internacional do professor, o papel do educador 
nos ecossistemas de inovação e a agência política desse profissional.
Por fim, no Capítulo 10, descrevem-se atributos primordiais para o atingimento da excelên-
cia docente - a capacidade avançada na leitura, escrita e oratória.
A expectativa é que essa obra possa contribuir com a formação de professores diferenciados, 
ainda mais competentes e que aproveitem todas as novas oportunidades ao seu alcance.
Bons estudos!
1
Ser professor no século XXI
Por que algumas pessoas se tornam professores? Ou, ainda mais importante, por que 
alguns profissionais resolvem de maneira resoluta continuar sendo professores? Afinal, defi-
nitivamente essa não é uma ocupação para qualquer um, sobretudo no panorama atual (seja 
no Brasil, seja mundo afora). A vocação para a educação é examinada pelas lentes das oportu-
nidades que se apresentam nos dias atuais, carregadas, todavia, de desafios à altura. Uma das 
mais formidáveis carreiras profissionais é, aqui, cuidadosamente analisada, em conjunto com 
as múltiplas competências a ela associadas. Afinal, uma sociedade em acelerado processo de 
transformação, em todas as instâncias, exige mais do que nunca uma geração de educadores 
de classe mundial.
1.1 Os desafios do mundo contemporâneo
De que forma mais desoladora um livro como este poderia iniciar, senão suscitando que 
máquinas inteligentes podem substituir de maneira completa os professores em sala de aula? 
Ao menos esse é o cenário anunciado por Anthony Seldon (SELDON, 2018), um dos dirigentes 
da Universidade de Buckingham, historiador que escreveu biografias de grandes nomes (como 
David Cameron e Tony Blair) e um grande estudioso da educação. Para ele, esse movimento é 
irreversível e se inicia até 2030, como parte de um novo paradigma de modelo educacional “um 
para um” – o máximo grau de personalização ou individualização do processo de aprendiza-
gem, com base no impressionante avanço da tecnologia de inteligência artificial.
Seldon (2018), que se diz “desesperadamente triste por isso”, masreceoso de estar certo, 
acredita que se vive o momento por ele denominado de Quarta Revolução Educacional. 
O pesquisador entende que a primeira grande revolução se caracterizou pela humanidade 
aprendendo os conceitos básicos de sobrevivência, tais como cultivar alimentos, caçar e construir 
abrigos – ou seja, uma proto-educação que garante minimamente estar vivo. O compartilhamento 
organizado do conhecimento, mediante a elaboração dos sistemas de linguagem, constitui a 
segunda revolução desse campo e, finalmente, a terceira revolução é marcada pela célebre invenção 
de Johannes Gutenberg em 1450, a prensa móvel, que proporcionaria a escrita como elemento 
central da cultura humana. A nova era educacional, que apenas se esboça no momento presente, 
é a utilização massiva de máquinas inteligentes em sala de aula – embora a implicação seja tão 
disruptiva que o próprio conceito de “sala de aula” é desconstruído.
Essa é uma visão que muitos podem acusar de pretensamente alarmista, enquanto outros 
podem taxá-la de excessivamente fantasiosa. De todo modo, serve apenas como uma singela 
amostra do que é tratado, afinal, quando se evoca a análise dos desafios do mundo contempo-
râneo – em suma, não são poucos e são altamente perturbadores.
Novos caminhos para os profissionais da educação10
Seldon (2018) pode não estar completamente correto em suas assertivas – e ele mesmo ain-
da procura nutrir alguma fé que tenta tranquilizá-lo nesse sentido. Independentemente disso, o 
cenário proposto é bastante útil para uma análise que conduza a repensar o papel do educador nos 
tempos atuais. Ao menos uma característica é essencialmente verdadeira quanto ao futuro: ele está 
aberto, podendo ser direcionado para onde for, conforme os esforços que se conduzam desde o 
presente. Talvez o ponto de inflexão educacional proposto por Seldon (2018) não ocorra por volta 
de 2030 – é verdade que soaria como um apocalipse tecnológico imaginar que seja muito antes 
disso, mas provavelmente o que pode acontecer é que esse momento se manifeste décadas à frente.
O mundo real absorve cada vez mais as plenas possibilidades que outrora só poderiam ser 
especuladas no campo da ficção. Talvez um dia uma “pílula do conhecimento instantâneo”, ou algo 
do gênero, faça com que discutir educação como um processo perca todo o sentido. Quiçá um dia 
professores artificiais façam o trabalho com uma maestria tal que sequer se cogite a possibilidade 
de uma pessoa de carne e osso assumir novamente essa ocupação. Mas nada disso invalida a dis-
cussão acerca de uma melhor preparação dos professores para o futuro mais imediato (um hori-
zonte que cobre, ao menos, os próximos dez anos).
Voltando a frisar, o futuro está aberto, e há muito o que ser percorrido. Comparemos: na 
astronomia, é sabido que o destino de toda estrela é tornar-se uma supernova, algo que inevitavel-
mente ocorrerá com o Sol, crescendo a ponto de engolir a Terra. Todavia, trata-se de um evento 
para daqui a alguns bilhões de anos, prazo mais que suficiente para a humanidade trabalhar, com 
toda folga, para procurar uma acomodação mais adequada Universo afora. Essa analogia propõe 
que o pior dos cenários, o mais cataclísmico deles, é, ainda assim, uma motivação para reinventar-se 
para seguir adiante. Por isso, o campo educacional como um todo não pode se restringir a uma 
expectativa niilista, como alguém que adentra uma aguda crise existencial perguntando a si mesmo 
“para que viver, se afinal a morte é certa” e, assim, desista de manter qualquer propósito.
Desde 2016, quando o Fórum Econômico Mundial trouxe à tona o tema Quarta Revolução 
Industrial (ou Indústria 4.0), muito sem tem discutido sobre a automação, em geral, dos empregos 
em todas as áreas imagináveis. O impacto sobre a educação é frontal – a começar pelo indicativo de 
que a maior parte das crianças de hoje, ao chegar ao mercado de trabalho, irá ocupar empregos que 
simplesmente não existem atualmente. Isso significa que a escola trabalha na atualidade conheci-
mentos que não terão adesão na realidade futura. Como consequência, não haverá outro caminho 
senão a educação em regime permanente.
Alguns poderiam, então, se perguntar, com toda legitimidade: se o professor humano perde-
rá seu emprego para uma máquina, afinal o que é que se ensinará aos estudantes? Não fará sentido 
que a inteligência artificial os prepare para serem médicos, engenheiros, advogados, administrado-
res ou qualquer outro tipo de emprego tradicional, uma vez que essa mesma tecnologia que ameaça 
o protagonismo humano na docência causa semelhante impacto em todas as outras profissões.
Caso previsões como as postuladas por Kurzweil (2005) e Schwab (2017) se materializem 
quanto a um possível futuro em que simplesmente máquinas trabalharão e pessoas não – e não ca-
bendo preocupação com “desemprego” porque as máquinas existirão para servir à humanidade em 
todas as suas necessidades –, a educação certamente caminhará do atual dominante direcionamento 
Ser professor no século XXI 11
tecnológico para uma pauta mais humanística e filosófica, por exemplo, aprimorando a competên-
cia das pessoas para o autoconhecimento, o relacionamento interpessoal, a caridade e a convivên-
cia com a diversidade.
Curiosamente, talvez se alcance o momento em que uma pessoa não ministre mais aulas – 
mas seja, para todos os efeitos, professor. É preciso ter em mente que, na perspectiva da função do 
educador, dar aulas é apenas uma das inúmeras atividades inerentes a essa atividade profissional, 
algo, aliás, que este livro se ocupa de examinar exaustivamente, ao oferecer uma análise pormeno-
rizada da atuação do professor no mundo contemporâneo.
Não se trata, portanto, de discutir uma mera estratégia de máximo aproveitamento humano 
enquanto a automação silenciosamente prepara caminho para um implacável descarte das pessoas. 
No que se refere a novas tecnologias educacionais, os educadores dispõem da oportunidade de 
liderarem a transformação da educação, com discernimento para priorizar o que seja necessário 
e apontar as direções que precisam ser percorridas. A equação que mescla o social, o tecnológico, 
o econômico e o ético é de difícil resolução, demandando o talento humano por excelência – ao 
menos, ainda por um bom tempo, suficiente para que os profissionais da educação se mobilizem 
pela sua própria capacitação e desenvolvimento de alto nível.
Se os desafios da contemporaneidade no que tange à tecnologia são vultuosos, precisamos 
nos lembrar de que a variável tecnológica é apenas uma entre vários outros aspectos: o lado cultural 
também é preocupante.
É fato incontestável que tal formação cultural não está relacionada à condição econômica 
de um indivíduo, como provam as inúmeras “celebridades” expostas quase 24 horas por dia nas 
mídias de comunicação – quanto mais se expõem, mais demonstram publicamente a natureza de 
miséria cultural que detêm. Ter dinheiro para poder mandar um filho estudar no exterior, em uma 
tentativa de redenção familiar, não serve de muita coisa: a carência cultural que envolve a formação 
universitária não é um fenômeno unicamente brasileiro, mas um tanto quanto uniforme no mun-
do atual. É verdade que algumas instituições do mais alto quilate em nível internacional – como 
o célebre Ivy League, grupo constituído por oito das universidades mais prestigiadas dos Estados 
Unidos: Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Princeton, Universidade da Pensilvânia 
e Yale – realizam um trabalho extraordinário, principalmente na formação de empreendedores e 
executivos de alto nível de desempenho. Contudo, preparar alguém para a melhor posição possível 
no mercado de trabalho ainda está a meio caminho de torná-lo um cidadão na plenitude do con-
ceito. Mas, levando em consideração a realidade de formação das universidades e faculdades de 
desempenho mais mediano, da população em geral, com o típicodilema de ou trabalhar ou estu-
dar, e especialmente no Brasil, com as dificuldades inerentes a um país subdesenvolvido, o cenário 
mostra-se desalentador – pobreza cultural extrema torna-se alienação social das mais perigosas. 
De todo modo, a aversão que a população em geral demonstra por alta cultura não é um fenômeno 
isolado neste momento histórico, mas algo que atravessa as gerações.
Não parece haver nessa exclusão injustiça ou perseguição. Um país que almeje alta cultura 
precisa, primeiramente, compreender o que significa tal expressão. Mas, no Brasil, a Constituição 
Federal atualmente vigente (promulgada em 1988) define cultura como aquilo que dá testemunho 
Novos caminhos para os profissionais da educação12
do modo de ser de um povo, o que é, no mínimo, fortemente questionável: afinal, tal modo de ser 
carrega só virtudes? É evidente que não, e os exemplos vexatórios que são admitidos certamente 
dispensam enunciação.
Em suma, ser professor implica conviver, nos dias atuais, com desafios constantes, severos e 
que colocam verdadeiramente à prova a vocação para esse trabalho: há de se concordar com quem 
diga que ser professor é para quem nasceu para isso. O panorama tecnológico e o cultural, juntos, 
embora não representem a totalidade dos aspectos envolvidos, têm hoje um peso tal que acabam 
quase por ofuscar os demais (como valorização da profissão, mercado de trabalho, qualidade de 
vida etc.).
Todas as pessoas já tiveram ao menos um professor que ficou marcado na memória por 
um bom motivo, e a razão disso não é o conteúdo programático oficial que foi repassado em uma 
aula, mas, sim, uma frase colocada de modo oportuno, um posicionamento preciso diante de um 
problema ou um incentivo para que o aluno enfrentasse determinada situação da vida. Quando um 
professor se vê diante de uma turma, nunca sabe quem dali se tornará um empresário de sucesso, 
um governante ou um especialista consagrado em alguma área do conhecimento – ou, não menos 
importante, um cidadão de moral ilibada. Por vezes, o impulso decisivo na realização ou não das 
potencialidades de uma pessoa depende da sorte de contar com o professor certo, na hora certa. 
1.2 Ser professor na atualidade
Se o discurso politicamente correto é o de que “ser professor é a mais nobre das profissões”, 
os momentos de intensa crise de desemprego são úteis para escancarar, na prática, infelizmente, 
o menosprezo pela função docente. Em 2016, um jornal de circulação nacional no Brasil causou 
polêmica com uma reportagem cujo título era “Professores e garçons estão entre os bicos mais bus-
cados”, completado pelo subtítulo: “Chance. Quantidade de trabalhadores informais cresceu de 668 
mil para 746 mil, aponta a Acic. Medida é saída para o desemprego”. Embora o teor da reportagem 
tenha se referido mais precisamente à função de professor particular, a forma como a chamada da 
matéria foi estabelecida foi suficiente para uma reação incendiária à época, principalmente nas 
redes sociais. No ano seguinte, ocorreu nova polêmica, e dessa vez com razões bem mais justas: um 
grande grupo educacional brasileiro, recrutando uma das celebridades televisivas do momento, 
lançou seu curso de formação pedagógica na modalidade EaD (educação a distância) com a cha-
mada: “Segunda graduação: torne-se um professor e aumente sua renda! Não precisa de vestibular”. 
Como se fosse pouco constrangimento, aconteceu ainda de um grupo concorrente plagiar a peça 
publicitária, lançando sua propaganda com exatamente os mesmos termos – trocando apenas a 
celebridade por outra de mesmo apelo popular.
De todo modo, embora o contingente de docentes no Brasil seja formado por todo tipo 
de perfil, desde os que sempre sonharam lecionar até os que adotaram assumidamente a estra-
tégia “se tudo mais der errado, eu me torno professor”, não se pode desprezar os profissionais 
que tenham entrado na função, mesmo pelas razões mais erráticas possíveis, por uma única 
razão: a solução para o problema passa fundamentalmente pelo aperfeiçoamento individual. 
É de um em um que se desperta a consciência de quanto é necessário assumir a responsabilidade 
Ser professor no século XXI 13
pelo próprio aprimoramento como educador, de construir sua própria jornada para a excelên-
cia na nobre ocupação, que acabará por resultar em um quadro social profundamente diferen-
te do vivido atualmente.
Mundo afora, conforme explicam Bacila (2016) e Ball (2017), o exercício da atividade profis-
sional na educação se distingue em muitos aspectos. Em Portugal, por exemplo, existe um estatuto 
docente, desenvolvido pelo Ministério da Educação, que conduz as políticas referentes ao sistema 
educacional. Além disso, a categoria é calçada por uma estrutura sindical forte, que contribui para 
que profissionais contem com a progressão de carreira. Estados Unidos e Inglaterra são alguns dos 
países em que o título profissional de professor só é alcançado após o doutoramento do educador.
Para Evans (2016), a atualidade impõe seus desafios à atividade docente, cabendo refletir 
sobre os caminhos a seguir no que diz respeito ao propósito dos professores no século XXI. É de se 
admitir que, hoje, a evolução das carreiras e dos papéis acadêmicos tenha atingido um ponto crítico. 
A esse ponto, estaria o título de professor ameaçado de extinção? Há quem critique esse título 
como estritamente anacrônico, argumentando que não se cumpre mais seu propósito tradicional. 
Afinal, com a proliferação que se vê do professorado no mercado de trabalho, é difícil argumentar 
que o rótulo “professor” continua a sustentar a distinção que ele já fez por merecer um dia.
De acordo com o mesmo autor, as instituições de ensino têm sido fundamentais no que se 
refere a ampliar os parâmetros do que a profissão de professor implica, em termos de propósito 
docente. Visando melhor aproveitar as habilidades e talentos de seus acadêmicos mais antigos – e 
talvez até mesmo justificando salários e status desses educadores experientes – os espaços univer-
sitários parecem ter reinventado o conceito de docência, em um movimento voltado a apoiar o 
cumprimento dos seus objetivos institucionais e a promulgação de suas estratégias organizacionais. 
Nesses termos, papéis que vem sendo agregados à atividade docente incluem zelar pela melho-
ria do status institucional, a função de embaixador da instituição junto à comunidade externa, 
o de informante público, o de repositório de conhecimento especializado, de mentoria, de geração de 
receita (ativo econômico), gestão e, não obstante, o termo “coringa” (muitas vezes, genérico e abstra-
to) no qual todas essas e possíveis outras funções podem ser agregadas: a liderança acadêmica.
Para justificar a reinvenção do papel docente, as altas lideranças e gerências das instituições 
de ensino usualmente se valem do argumento de que os dias do acadêmico “monofoco” desapa-
receram: assim, todos os professores devem agora se esforçar para responder ao desafio de uma 
adaptação ao ambiente dinâmico e modificado que é a academia do século XXI. Fazê-lo envolve 
expandir o repertório de habilidades e ampliar os parâmetros de seus domínios de conhecimento, 
aumentando, assim, o leque do que pode e deve ser coberto. Desse cenário, emerge que a pressão é 
um componente típico, por assim dizer, parte integrante de um ambiente de trabalho tão dinâmico. 
Na prática, isso pode denotar um fato inequívoco: nos dias atuais, se um professor não se sentir, 
de forma geral, estressado com seus afazeres no dia a dia, isso poderia ser interpretado como um 
alarme no que diz respeito à continuidade no emprego ou progressão de sua carreira profissional 
(EVANS, 2016).
Segundo Evans (2016), essa tão bem quista adaptabilidade para os dias atuais é, por certo, 
um valor de difícil contestação. A dificuldade também se impõe sobre a tentativa de se observar 
Novos caminhos para os profissionais daeducação14
e concluir com segurança acerca da direção ante a qual os ventos da mudança estão soprando e 
seguindo seu curso. Os professores mais antigos, atuantes, por exemplo, na época das décadas de 
1970 e 1980, podem testemunhar sobre a grande importância dos resultados de pesquisa científica 
como parâmetro para evolução na carreira – notadamente, a quantidade de artigos publicados 
em periódicos científicos renomados. Contudo, nos dias atuais, já se torna necessário incluir uma 
lista consideravelmente mais longa de indicadores de desempenho docente – mesmo no tocante à 
pesquisa, outros fatores se tornam mais significativos, como, por exemplo, liderança de grupos de 
pesquisa e orientação de outros pesquisadores (como mestrandos e doutorandos). Dessa forma, re-
presentando uma adaptabilidade consumada ao ambiente atual, as promoções e acesso às melhores 
oportunidades na carreira docente vão exigindo foco, interesses e expertise mais amplos.
A evidente vastidão e difusão do que seus titulares parecem aceitar como realidade do papel 
docente na academia do século XXI é uma questão que as instituições de ensino precisam levar a 
sério. Afinal, existe o risco de diluir o entendimento daquilo que é consensualmente reconhecido 
como objetivo principal dos professores: o comprometimento prioritário com pesquisas e estudos 
do mais alto nível, visando produzir e disseminar o estado da arte do conhecimento. Cumpre ob-
servar que, etimologicamente, “professor” é quem professa algo, e esse algo é, em última análise, a 
integridade do conhecimento.
Ainda para Evans (2016), o impacto dessa diluição das atribuições já parece ser evidente: 
por sinal, estudantes que demonstram habilidades alternativas ou compensatórias ante aquilo que 
as instituições de ensino nos dias atuais valorizam bastante – como capacidade de garantir finan-
ciamento para pesquisas, pensar estrategicamente, realizar apresentações públicas convincentes 
e bem articuladas, ou mesmo inspirar e motivar os outros –são facilmente encaminhados à do-
cência. Vive-se, nos dias atuais, uma democratização do professorado – contudo, há que se levar 
em consideração que tal movimento é alinhado às necessidades atuais das instituições de ensino, 
tratando-se, pois, de uma democratização muito mais baseada em habilidades do que em termos 
de base social.
Não obstante, a democratização abre portas até então fechadas, ampliando o acesso à pro-
fissão. Evidentemente, quanto mais acesso, maior é o número de participantes; e quanto maior o 
número de participantes, melhor diversidade é conseguida, implicando, inevitavelmente, em uma 
amplitude muito maior de competências docentes das mais diversas naturezas. Assim, percebendo 
uma necessidade ou aplicação para um conjunto de habilidades mais amplo entre os professores do 
que era historicamente prevalente, as instituições de ensino parecem ter estendido gradualmente 
os parâmetros dos papéis do professor, refazendo os propósitos desse profissional de acordo com 
as agendas institucionais pautadas na produtividade.
Para Evans (2016), não resta dúvida que extrair o melhor proveito do professorado passa 
por reavaliar o propósito e o papel desse profissional. Ao menos duas perspectivas apresentam 
algumas maneiras possíveis de abordar essa questão fundamental. A primeira reconhece o pro-
pósito dos professores de envolver-se exclusivamente em atividades acadêmicas intelectualmente 
notáveis, gerando conhecimento inovador para o benefício intrínseco da disciplina e, por exten-
são, para o benefício extrínseco da própria instituição de ensino. Esse propósito envolveria, pois, 
Ser professor no século XXI 15
um papel único, não ambíguo e sem complicações – o de ilustre pesquisador (um cientista, para 
todos os efeitos) – e impediria a incorporação de quaisquer responsabilidades adicionais ou su-
plementares que o desviassem, tornando os professores essencialmente profissionais especialistas. 
Isso, claro, transparece um retrocesso no redesenho da profissão imposto pelo mundo contempo-
râneo. Por sua vez, a outra perspectiva reconhece que, diante da crescente pressão para expandir 
suas próprias competências e seus propósitos, as instituições de ensino devem ampliar o foco e 
repertório de atividades de seus professores.
Em suma, ponderando vantagens e desvantagens, a carreira docente se mostra um funil: 
muitos a experimentam pelos mais variados motivos, mas poucos se consolidam. Não há outro 
caminho para evoluir como professor senão desenvolver continuamente a competência para o 
exercício profissional – aliás, tantas são as atividades da profissão e tão diversos são os desafios 
associados que a prática acaba por exigir múltiplas competências simultâneas.
1.3 Múltiplas competências para o novo educador
Trabalhar como professor não se resume simplesmente a “dar aulas”. Para Wilkerson 
(1999) e Arends (2014), o educador atua em quatro frentes de trabalho, quase sempre simul-
tâneas: ensino, pesquisa, gestão e extensão. Portanto, o conjunto das inúmeras competências 
as quais o profissional precisa desenvolver está distribuído entre essas quatro dimensões, pois 
cada uma possui peculiaridades.
A começar pelo mais óbvio, o ensino corresponde ao ato de lecionar, ou seja, a tudo o que 
envolve o trabalho em sala de aula, ao relacionamento direto entre professor e aluno. Aqui, cabem 
a abordagem tradicional, do encontro em sala de aula, e também as novas modalidades virtuais que 
a tecnologia passou a possibilitar – tanto aquelas em que professor e aluno mantêm um relaciona-
mento tão estreito semelhante ao regime presencial, apesar da distância geográfica, quanto aquelas 
em que o professor não conhece as características individuais de seu aluno (apenas um perfil geral 
a respeito da turma) – mas, mesmo sendo abordagens diferentes, o professor deve sempre aprimo-
rar sua prática para garantir o conhecimento programado para determinado curso.
A pesquisa é o campo de produção científica do professor. Mediante a restrita aplicação 
de métodos qualitativos e quantitativos homologados pela comunidade científica, problemas de 
pesquisa são estudados e equacionados, e soluções são propostas, tudo de forma documentada em 
artigos científicos, publicados em veículos especializados conhecidos como periódicos científicos 
(ou journals). A rigor, conhecimento é produzido pela pesquisa científica. Naturalmente, como 
uma das possibilidades cobertas metodologicamente, aquilo que é discutido e trabalhado em sala 
de aula (no ensino) pode, muitas vezes, ser útil para a produção de conhecimento – mas todo esse 
trabalho precisa ser aplicado com o rigor metodológico necessário. Por esse motivo, a ideia de que 
conhecimento também é gerado na interação entre professor e aluno tem a justa ressalva anotada.
Por atividades de gestão, entendem-se todas as atribuições de liderança executiva no meio 
acadêmico. Exemplos são a coordenação de um curso, de um grupo de pesquisas, de um programa 
de graduação ou pós-graduação, a chefia de um departamento acadêmico ou até mesmo a direção 
de uma instituição de ensino.
Novos caminhos para os profissionais da educação16
Por fim, as atividades de extensão são aquelas que não se caracterizam essencialmente como 
ensino, pesquisa ou gestão. Trabalhar em uma revista científica, no papel de revisor ou editor, por 
exemplo, é uma possibilidade. Outras alternativas podem ser divulgação científica na internet, ser 
um consultor educacional, entre tantas outras inúmeras possibilidades.
Sem dúvida, algo marcante na profissão de educador é a crescente complexidade das respon-
sabilidades que se vão acumulando. Portanto, o primeiro exercício proposto a um professor que 
está se questionando o quanto sua carreira parece “parada”, ou “andando de lado”, é diagnosticar 
como está a distribuição de trabalho nas dimensões ensino, pesquisa, gestão e extensão. É claro 
que ninguémconsegue balancear com perfeição essas quatro frentes estratégicas – as demandas 
vão surgindo conforme ditadas pelo mercado de atuação. Contudo, é imprescindível ficar alerta ao 
fato de que a nulidade de atividades em qualquer um dos quatro campos faz com que o professor 
seja menos valorizado. Esse monitoramento da própria carreira, em busca de autodiagnostico, é, 
obviamente, uma necessidade para a vida toda – assim como dirigir um carro nunca dispensará 
acompanhar o velocímetro ou o indicador de combustível.
Quanto ao conjunto de competências necessárias para êxito profissional na atividade 
docente no século XXI, a atual dinâmica social talvez possa levar alguém a arriscar um diagnóstico: 
o professor tem de se atualizar, pois ninguém aguenta mais aula tradicional. Os alunos mudaram, 
eles estão conectados com a informação e não querem mais receber conteúdo pronto. Então, o 
professor tem mais é que se reinventar, ser criativo, propor desafios, aliar-se à tecnologia, saber 
trabalhar com projetos e tornar-se, efetivamente, um mediador, e não um fornecedor de conteúdo 
– afinal, não é para isso que existe a internet?
Sim, em partes. O professor deve ser hábil para dosar inteligentemente o apelo à novidade 
(que não pode ser meramente uma “mudança pela mudança”) e o procedimento didático-pedagógico 
clássico que educou em alto nível e por várias gerações pessoas realmente bem-sucedidas na vida 
(economicamente e/ou moralmente). Então, a despeito de todas as novas necessidades que surgem 
com a evolução da sociedade, não é verdade que ninguém mais aguenta aula tradicional: o que nin-
guém nunca suportou é aula ruim. Mais uma vez, recorrendo à memória individual, todos podem se 
lembrar ao menos de um professor em sua vida que tornou cada encontro com a turma um momento 
inesquecível, por mais tradicional que fosse seu sistema de ensino. Por outro lado, a explosão dos 
cursos on-line e os mais variados recursos eletrônicos presentes hoje em dia confirmam a velha má-
xima de que quantidade não é qualidade, pois não é difícil encontrar aulas oferecidas com tecnologia 
de ponta e conteúdo paupérrimo.
Uma aula clássica ou tradicional e uma aula arcaica não são a mesma coisa. A última signifi-
ca um total descompasso, uma inadequação insustentável entre o que e como se propõe a ensinar, 
de um lado, e aquilo que é necessário aprender, de outro. O que as novas tecnologias no campo da 
educação estão trazendo não é uma denúncia ou condenação do modelo clássico, mas, sim, maior 
produtividade por meio da potencialização de elementos que justamente residem no clássico: a 
figura do professor, a figura do aluno, o conteúdo sistematizado de conhecimento, as fontes extras 
de leitura, as formas de avaliação, os mecanismos de feedback etc.
Ser professor no século XXI 17
Que os alunos mudaram é verdade. Há muito se discute, ou se procura entender, o im-
pacto do “choque de gerações” na educação, mais especificamente na relação professor e alu-
no. O professor, via de regra, sempre será mais velho ao menos uma geração que os estudantes 
sob sua tutela e poderia, assim, estar em desvantagem em relação às pretensas novas aptidões 
e características dos alunos. Interessados nesse tema, Buckingham e Willett (2013) conduzi-
ram um estudo que procurou entender a fundo o fenômeno da “geração digital” representada 
pelos novos alunos que adentram as instituições de ensino. Entre suas conclusões, está a óbvia 
constatação de que, realmente, os jovens possuem uma invejável desenvoltura natural com 
as novidades tecnológicas – afinal, são nativos digitais, e não imigrantes digitais como quase 
todos os seus professores. Por outro lado, um dos grandes achados do estudo foi revelar que, a 
despeito de tanta novidade high-tech que os rodeia, os estudantes possuem características em 
comum com seus colegas de gerações passadas: o anseio e a necessidade pelo conhecimento e 
a expectativa de serem atendidos por um educador que lhes mostre que é possível contornar 
os obstáculos e desafios de sua jornada em busca desse conhecimento.
Uma vez que existe a internet, professor precisa prover conteúdo? Sem dúvida alguma, 
encontrar qualquer tipo de informação na grande rede, de forma absolutamente instantânea, é 
muito fácil. Avaliar a qualidade e a credibilidade da fonte acessada e do material disponibilizado, 
por outro lado, é bem mais difícil. Principalmente em uma época que recebe o constrangedor 
rótulo de “Era da Pós-Verdade”, imersa em fake news e “viralização” dos boatos (hoax) mais 
infundados, portanto, existe uma necessidade imperativa de o professor intervir no processo de 
livre acesso à informação que qualquer aluno do Ensino Fundamental com seu celular em mãos 
acredita ter. Não se trata, claro, de restringir o trabalho de pesquisa simplesmente fornecendo 
os endereços previamente homologados como websites críveis: é preciso deixar o aluno, em um 
primeiro momento, trazer o resultado de suas buscas espontâneas, mas logo em seguida mostrar a 
ele como qualificar a informação acessada, saber julgar as fontes, identificar discursos ideológicos 
eventualmente incorporados, entre outros critérios. Um aluno precisa de suporte direto do 
professor para, por exemplo, saber que uma informação presente em livro tende a ser muito menos 
atualizada e mais opinativa do que em um artigo científico publicado ou que, se contradições são 
encontradas entre conteúdos de dois artigos científicos, um publicado em periódico de classificação 
Qualis A1 e outro em Qualis B5, ao primeiro é que se deve dar mais crédito. Além disso, ainda mais 
importante, o aluno precisa do professor para compreender o porquê disso tudo.
Está fora de discussão que o professor deve, sim, usar as tecnologias disponíveis como alia-
das no processo de ensino e aprendizagem. As possibilidades de enriquecimento da experiência 
de aula com o uso de aparatos tecnológicos são vastíssimas – desde que devidamente orientadas. 
Assim como é sem sentido deixar um livro em mãos de uma criança iletrada esperando que isso 
a torne alfabetizada, como em um passe de mágica. Logo, de nada adianta abarrotar a sala de aula 
com todo tipo de geringonça eletrônica se o professor não orquestrar a atividade que seus alunos 
precisam desempenhar, estabelecendo um propósito e as “regras do jogo” propriamente ditas, sem 
os quais a aula tende a desvirtuar para uma reles experimentação de curiosidades tecnológicas.
Novos caminhos para os profissionais da educação18
Como demonstrado por Mishra e Koehler (2006), o professor de alto desempenho é aque-
le que consegue integrar três conjuntos de saberes: o do conteúdo propriamente dito (sua área 
de expertise), o pedagógico e o tecnológico. E, principalmente no caso do domínio tecnológico, 
um período de desatenção, no sentido de deixar de acompanhar as novidades da indústria, pode 
ser suficiente para o educador ficar em perigosa desvantagem no seu mercado de trabalho, visto 
que a evolução tecnológica se caracteriza por ser implacavelmente acelerada. E isso independe do 
quão tecnológica é a área de conteúdo especializado do docente seja ele professor de Letras, de 
Tecnologia da Informação, de Gastronomia, de Engenharia ou de qualquer ramo do conhecimento 
– sem estar versado nas tecnologias educacionais (as quais, conforme será demonstrado ao longo 
deste livro, não são apenas as digitais), sua empregabilidade é cada vez mais ameaçada.
Considerações finais
Um dos motivos que levam os professores a desenvolver e acumular competências de forma 
vitalícia é a evolução da sociedade: um conjunto específico de saberes pode até ter sido responsável 
pelo sucesso que um professor teve no passado, mas ao mesmo tempo pode não significar nada 
para seu futuro.
Diante da missão – desafio maior, aliás – de tentar harmonizar o progresso tecnológico com 
a recuperação da alta cultura, o professor precisa ser primeiramente sensibilizadoquanto à ne-
cessidade de investir em sua própria formação, para só então começar a desenhar a estratégia que 
possibilita alcançar o alto desempenho na função docente, o que é possível por meio de inúmeras e 
diversificadas competências, integrando o conhecimento especializado, o pedagógico e o tecnoló-
gico nas quatro frentes de atuação de seu ofício, que são o ensino, a pesquisa, a gestão e a extensão.
Atividades
1. Quais são alguns dos maiores desafios do mundo contemporâneo no que se refere à atividade 
de professor?
2. Qual o risco de permitir que a cultura seja interpretada como “aquilo que dá testemunho do 
modo de ser de um povo”, assim como consta na Constituição brasileira?
3. De acordo com o conteúdo abordado, um profissional que circunstancialmente tenha se 
tornado professor como um “bico” tem futuro nessa carreira? Explique.
4. Qual é a estratégia geral para se tornar um docente de alto desempenho?
Referências
ARENDS, R. Learning to Teach. Columbus: McGraw-Hill Education, 2014.
BACILA, C. Nos bastidores da sala de aula. Curitiba: Intersaberes, 2016.
Ser professor no século XXI 19
BALL, S. The Education Debate. Bristol: Policy Press, 2017.
BUCKINGHAM, D.; WILLETT, R. Digital Generations: children, young people, and the new media. Florence: 
Routledge, 2013.
EVANS, L. The Purpose of Professors: professionalism, pressures and performance. Stimulus paper. 
Leadership Foundation for Higher Education, 2016.
KURZWEIL, R. The Singularity is Near: when humans transcend biology. New York: Viking Press, 2005.
LOUZANO, P. et al. Quem quer ser professor? Atratividade, seleção e formação do docente no Brasil. Estudos 
em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 21, n. 47, p. 543-568, set./dez. 2010. Disponível em: <http://www.fcc.
org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1608/1608.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
MISHRA, P., KOEHLER, M. Technological pedagogical content knowledge: a framework for teacher 
knowledge. Teachers College Record, New York, v. 108, n. 6, p. 1017-1054, 2006. Disponível em: 
<http://one2oneheights.pbworks.com/f/MISHRA_PUNYA.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2018.
SCHWAB, K. The Fourth Industrial Revolution. New York: Crown Business, 2017.
SELDON, A. The Fourth Education Revolution: how artificial intelligence is changing the face of learning. 
Milton Keynes: The University of Buckingham Press, 2018.
WILKERSON, J. On research relevance, professors’ “real world” experience, and management development: 
are we closing the gap? Journal of Management Development, Bingley, 18, n. 7, p. 598-613, 1999.
2
Repensando a formação docente
Uma vez que apresentamos no primeiro capítulo as razões pelas quais o professor precisa 
se aprimorar e investir na sua formação, buscando ampliar seus horizontes como profissional, 
a questão que se reponde neste segundo capítulo é como fazê-lo. Afinal, o professor que estu-
da continuamente é, sobretudo, um exemplo e uma inspiração para seus alunos. Felizmente, 
as novas tecnologias facilitam muito a capacitação exigida, tanto na prática, como um processo 
para a vida toda. Se antigamente uma formação de alto nível era exclusividade para os mais 
abastados, o que se dispõe hoje é de uma gama de opções para todos os perfis socioeconômicos.
2.1 A formação continuada
Para que possa estar permanentemente capacitado, o professor deve considerar duas 
perspectivas de formação continuada, que não se excluem mutuamente: o programa stricto 
sensu e as formações complementares. Essas constituem a espinha dorsal do currículo pessoal 
do docente. O primeiro caso diz respeito ao mestrado e ao doutorado e o segundo, às virtual-
mente infinitas capacitações e certificações agregadas. É possível fazer uma analogia, ainda que 
rasa, com um atleta de alto nível, que precisa mesclar maratonas e olimpíadas (stricto sensu) 
com a frequência assídua e praticamente cotidiana à academia de ginástica para que possa 
manter a forma física (formações complementares).
Analisando a formação stricto sensu e concordando com Louzano et al. (2010), o fato é 
que o professor (principalmente do Ensino Superior) precisa considerar a obrigatoriedade de 
progredir seu nível acadêmico: se ainda não é mestre, precisa pensar em sê-lo. Se ainda não é 
doutor, vale a pena pensar na possibilidade. E mesmo para quem já alcançou o doutorado, o 
pós-doc pode estar no seu radar pessoal.
Nesse aspecto, algumas considerações precisam ser feitas em relação à profissão de pro-
fessor diante de todas as demais. O que ocorre é que qualquer pessoa com curso superior 
pode fazer um mestrado (dois anos de formação) ou mesmo um doutorado (quatro anos de 
formação). Em tese, todas essas pessoas estão legalmente habilitadas a se candidatar, pois pos-
suem o requisito mínimo (a graduação completa). Na prática, principalmente no Brasil, dada 
a alta concorrência por essas posições como mestrando ou doutorando nos programas de pós- 
-graduação de todas as instituições de ensino, públicas ou privadas, o que se vê como regra 
geral é que dificilmente pessoas sem um curso de especialização lato sensu conseguem êxito 
para ingressar no mestrado – da mesma forma, muito raramente se vê um doutorando que 
ainda não seja mestre. Então, se o objetivo é, no médio ou longo prazo, um doutoramento, cer-
tamente são necessárias etapas intermediárias de formação para lograr êxito nessa empreitada.
Para os profissionais em geral, como um fisioterapeuta, um proprietário de um pequeno 
comércio, um artista plástico ou um contador, o mestrado e o doutorado são cenários bastante 
Novos caminhos para os profissionais da educação22
alternativos que eles podem considerar para suas carreiras – quando procuram esse caminho, é 
porque alguma inclinação existe, ainda que latente, para trabalhar no meio acadêmico. O fato 
é que, em última análise, até mesmo o curso de graduação básica, que permite a alguém dizer que 
“tem Ensino Superior” não é, efetivamente, uma necessidade primordial: muitas pessoas, depen-
dendo de sua ocupação, valores pessoais e estilo de vida, podem viver perfeitamente bem, inclusive 
com pleno exercício da cidadania, sem ter um curso universitário. Não há motivo que justifique 
impor educação superior às pessoas, o que se precisa assegurar é o pleno direito de acesso a quem 
se interessar.
Já um cenário completamente diferente se apresenta a quem escolheu ser professor uni-
versitário. Nesse caso, em seu plano de carreira, deve-se ter por objetivo sempre o próximo grau 
acadêmico a ser conquistado. Dependendo das circunstâncias de cada caso, pode ser um plano 
para curto, médio ou longo prazo, mas precisa ser um objetivo priorizado. Somente uma geração 
de intelectuais capacitados será capaz de estabelecer condições estruturantes para mudar o quadro 
cultural no Brasil. Não se pode esperar que da atual mentalidade de políticos, empresários e tecno-
cratas quaisquer emerja a liderança para essa transformação, enquanto professores permanecem 
enclausurados em departamentos acadêmicos. Nesse campo, não há meia solução: estacionar no 
progresso acadêmico, em uma zona de conforto que meramente garanta seu sustento familiar por 
algum tempo, conflita com a função social que o professor assumiu (consciente ou não disso).
A situação ideal pode até não se realizar por um ou outro fator incidental, mas é 
importante que seja perseguida com todo vigor: que todos os professores do Brasil possam se 
tornar doutores! A nação ganha muito com isso. E, então, que eles se vejam sempre envolvidos 
nas atividades de pós-doutoramento. Cumpre esclarecer que, diferente do que o senso comum 
possa imaginar, pós-doc não é um título que se conquiste ou um curso que se realize, como 
são o mestrado e o doutorado. O pós-doutoramento é uma atividade destinada, em geral, 
a recém-doutores (para todos os efeitos, com menos de dez anos desde a defesa da tese). 
Não envolve cursar disciplinase tampouco defender uma tese. O foco, é primordialmente, 
a pesquisa, com vistas à resolução de algum problema complexo, o que implica, na prática, 
produzir publicações científicas mais amadurecidas (criar genuinamente conhecimento) ou 
mesmo o desenvolvimento de tecnologia de ponta. Por isso, nesse regime de intensa pesquisa, 
a dedicação ao ensino, à gestão e à extensão é momentaneamente suprimida.
Então, para começar a percorrer seu caminho stricto sensu, os professores precisam planejar 
seu mestrado e doutorado. Os cursos são oferecidos pelos programas de pós-graduação de 
faculdades, centros universitários e universidades públicos e privados. Não há outra alternativa 
senão pesquisar, em função de sua área de predileção, o professor encontra nos websites das 
respectivas instituições as informações gerais sobre as ofertas de mestrado e doutorado. Ao entrar 
na página de uma instituição de ensino, o que se deve fazer é procurar pela subpágina específica 
dos programas de pós-graduação stricto sensu e lá navegar para obter as informações desejadas. 
Os mecanismos de busca mais populares possuem alta precisão, de tal forma que se pode seguir 
pelo atalho de procurar por palavras-chave como “mestrado pedagogia PUC-MG” ou “mestrado 
Repensando a formação docente 23
biologia USP”, o resultado será o link direto às páginas dos respectivos programas de pós-graduação 
ou mesmo de subpáginas dedicadas àquele mestrado ou doutorado.
Nas instituições privadas, os cursos de mestrado e doutorado costumam ser substancial-
mente caros, considerando o poder aquisitivo médio do brasileiro. Assim, é importante ficar alerta 
a ofertas que costumam surgir de instituições privadas oferecendo cursos gratuitos: muitas vezes, 
fazem isso por alguma política de subsídio ou como uma estratégia para conseguirem uma “massa 
crítica” de alunos formados naquela instituição, o que ajuda no estabelecimento dela como uma 
marca presente no mercado. Há de se considerar, claro, que cursos gratuitos são muito mais con-
corridos que os pagos, como ocorre nas universidades e institutos federais.
Dada a concorrência, um bom projeto de pesquisa é decisivo para ser aprovado como aluno 
de mestrado ou doutorado, de acordo com as linhas de pesquisa da instituição em que se disputa 
uma vaga. Quem fracassa no processo seletivo muitas vezes peca nesse aspecto: não é suficiente 
que o interesse particular de pesquisa do candidato tenha sido impecavelmente documentado em 
uma proposta de projeto – torna-se imprescindível também que tal proposta tenha adesão temática 
ao que é trabalhado naquele programa de pós-graduação. Por isso, o candidato precisa ser estra-
tegista. Uma vez identificado determinado programa de pós-graduação como alvo, é necessário 
conhecer a respeito da linha de pesquisa e dos projetos atualmente em andamento na instituição 
– o que é possível levantar conversando diretamente com os professores do respectivo programa. 
Os docentes dos programas de pós-graduação stricto sensu, em geral, são acessíveis e solícitos a 
pedidos de reunião feitos por candidatos.
Uma vez que tenha sido aprovado como mestrando ou doutorando, uma possibilidade que 
ajuda a arcar com os custos (diretos e indiretos) são as bolsas de estudo. Na maioria dos casos, o 
valor não é alto, mas ajuda sobremaneira o estudante a suportar a fase de sacrifício financeiro ine-
rente a essa etapa da vida – a contrapartida costuma ser a exigência de permanência do estudante 
nas instituições. Ou seja, um mestrando ou doutorando bolsista acaba, na prática, por não se au-
sentar da instituição de ensino, visto que quando não está em curso, está imerso em diversas outras 
atividades demandadas, principalmente as relacionadas aos grupos de pesquisa dos programas de 
pós-graduação. No Brasil, as bolsas de estudo são concedidas pelas agências governamentais Capes 
e CNPq, dependendo do edital, o repasse pode ser direto ao pós-graduando ou ser intermedia-
do pelo próprio programa de pós-graduação da instituição, que recebe a verba governamental e 
seleciona, internamente, seus bolsistas. Assim, monitorar permanentemente editais e chamadas é 
estritamente necessário.
Finalmente, no que se refere à formação stricto sensu, o professor deve considerar ainda as 
possibilidades criadas pelas novas tecnologias: a novidade é que existem mestrados e doutorados 
na modalidade EaD. No Brasil, o Ministério da Educação homologou o Parecer n. 462/20171, do 
Conselho Nacional de Educação, que autoriza esse tipo de oferta.
1 Ver <portal.mec.gov.br/docman/outubro-2017-pdf/73971-pces462-17-pdf/file>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Novos caminhos para os profissionais da educação24
Já as formações complementares, por sua vez, são bem diferentes dos mestrados e doutora-
dos: enquanto estes exigem um longo, intenso e rigoroso período de dedicação (de dois a quatro 
anos, sem contar o eventual tempo de preparo antecipado), aquelas são curtas e, dependendo do 
caso, podem ocorrer em questão de meses, semanas, dias ou mesmo horas. Como há muito mais 
liberdade envolvida, em alguns casos sequer é concedida certificação, mas quem procura cursos de 
formação complementar quase sempre o faz muito mais em função do conhecimento especializado 
que pode ser conquistado do que de títulos a acumular.
Na busca de aprimoramento profissional, é natural que o professor opte por formações 
rápidas, gratuitas ou de baixo custo. Isso passa pelos convencionais minicursos e palestras que os 
professores podem frequentar em regime presencial, na sua própria instituição de trabalho ou pelo 
que o mercado dispõe. Contudo, mais recentemente, as plataformas ao estilo massive open on-line 
courses (Mooc) ou cursos on-line abertos e massivos mostraram-se como inovação de estrondoso 
sucesso para fins de capacitação continuada. Uma dessas plataformas é a brasileira Veduca2, uma 
ótima alternativa para os professores que buscam aprofundar conhecimentos em sua área específica 
de formação e/ou em tecnologia, embora não sejam encontradas ofertas de conteúdo pedagógico, 
como cursos voltados à educação3.
O Coursera4 é uma das principais referências em Mooc de nível internacional. Ele possui um 
respeitável portfólio de cursos livres voltados à capacitação continuada de educadores – incluindo 
conhecimento pedagógico.
Contudo, ao procurar cursos de qualquer natureza (área de especialização, tecnológica ou 
pedagógica) sem ficar restrito unicamente aos oferecidos com opção de legenda em português, o 
portfólio se torna quase que infindável. Isso conduz a um dos mais importantes aspectos estraté-
gicos relacionados à formação continuada dos educadores: é imprescindível saber inglês – algo 
que precisa ser priorizado na vida de um professor universitário, considerando ainda que dominar 
uma língua estrangeira é mais uma daquelas competências cuja aquisição não é instantânea, mas 
trabalhada e aprofundada em regime permanente.
Comprovando a limitação que é ficar restrito ao português, o exercício de procurar no 
Google por “Mooc for educators” ou termos afins resulta em uma listagem interminável de op-
ções para capacitação docente nas mais diversas frentes. Vale muito a pena conhecer, em especial, 
as opções ofertadas por plataformas como Udemy, edX, Udacity, Codeacademy, Khan Academy, 
FutureLearn e Pluralsight, apenas para citar algumas das mais em evidência. Em suma, talvez a 
grande dificuldade da formação continuada nos dias atuais é fazer uma escolha, dada a explosão 
de ofertas absolutamente acessíveis a que se está submetido.
2 Ver <https://veduca.org>. Acesso em: 30 abr. 2018.
3 Ao menos até o catálogo oferecido em fevereiro de 2018.
4 Ver <https://www.coursera.org>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Repensando a formação docente 25
2.2 O pesquisador autodidata
Existe ainda um forte componente de autoformação na função de professor. É o aproveitamento 
da competência de saber aprender,a fim de se adquirir mais competências complementares. Afinal, 
se o aparato tecnológico atual faz com que qualquer criança recém-alfabetizada consiga encontrar 
instantaneamente informações sobre um termo qualquer na internet, os professores minimamente 
capacitados dispõem de aptidões cognitivas que servem de filtro e juízo crítico ao que encontram, 
além de uma estrutura dialética básica que lhes permite transitar pelo conhecimento mediante o 
que Hegel (1998) denomina de tese, antítese e síntese.
Certamente, uma das maiores evidências de quão desastroso é o desalinhamento entre alta 
tecnologia e alta cultura seja o fato de que, hoje, desfruta-se o estado mais avançado que o mundo 
já conheceu em relação às tecnologias em geral ao mesmo tempo que a sociedade é obrigada a 
conviver com terraplanistas. Paradoxalmente, parece que nunca antes na história da humanidade o 
mais profundo conhecimento conviveu com a mais pura ignorância, tal como ocorre na atualidade.
Essa é a importância da pesquisa como competência a ser desenvolvida e permanentemente 
aprimorada. Todo professor precisa pesquisar, ora para produzir o conteúdo para suas aulas, para 
suas atividades de extensão, ora para a produção de seus próprios artigos científicos. Mas não exis-
te a menor possibilidade de uma seriedade moral no desempenho da função de professor se não há 
sequer seriedade no pensamento – a integridade intelectual é a base de toda conduta docente, seja 
em suas práticas em sala de aula, seja nos seus estudos. Wilson Martins (2010), jornalista, historia-
dor e crítico literário, relata que praticamente a totalidade das ocupações intelectuais daqueles que 
precederam a sociedade brasileira, desde a época do descobrimento, consiste de futilidades que 
em nada contribuem para a alta cultura: cinco séculos de produção intelectual no país mostram-se 
simplesmente irrelevantes na produção mundial de conhecimento. Resultado: ao longo das dé-
cadas mais recentes, os artigos científicos publicados por pesquisadores brasileiros aumentaram 
em quantidade e diminuíram em qualidade – atualmente, o país está abaixo da Argentina, Chile e 
Colômbia em rankings internacionais5.
Sendo um fato objetivo, isso fica imune a qualquer discussão de natureza ideológica ou apelo 
nacionalista. Portanto, já citada a obrigatoriedade de dominar o inglês como uma das competências 
centrais do professor da atualidade, outra competência a ela associada se torna evidente: resistir à tenta-
ção de buscar conhecimento relevante (atualizado, de alto nível) nos materiais disponíveis em português 
só porque é “mais fácil”. Quando muito, o que se encontrará são meras traduções (nunca se sabe com 
que qualidade) das fontes originais que deveriam, essas sim, ser buscadas com prioridade.
Quem ainda não domina suficientemente o idioma e precisa dar andamento às suas pes-
quisas enquanto resolve essa questão (afinal, proficiência em novo idioma é trabalho para alguns 
5 Ver: <www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/10/1927163-brasil-aumenta-producao-cientifica-mas-impacto-dos- 
trabalhos-diminui.shtml>. Acesso em: 30 abr. 2018.
terraplanistas: 
indivíduos que acre-
ditam que a Terra 
é plana
Novos caminhos para os profissionais da educação26
anos de dedicação) pode considerar a utilidade dos tradutores on-line, como o Google Tradutor6. 
Obviamente, não é a solução ideal, porque o atual estado da tecnologia ainda não é impecável na 
tradução, mas já fornece uma base para a compreensão. O professor pode copiar e colar um texto 
na janela do Google Tradutor para obter tradução instantânea (mas não perfeita), como também 
usar alguns recursos avançados que podem passar despercebidos para pessoas que não estejam tão 
familiarizadas com a ferramenta: digitar o endereço de um website para que ele seja traduzido por 
completo ou até mesmo fazer o upload de um documento para que o serviço do Google realize a 
tradução na íntegra.
Fontes básicas para o professor fazer suas pesquisas, os artigos científicos publicados em 
periódicos internacionais são mais facilmente identificados e acessados por buscadores especiali-
zados. O Google oferece uma excelente ferramenta para essa finalidade, que é o Google Scholar7. 
Uma dica importante é procurar usar sempre a opção de busca avançada, pois ela permite uma 
pesquisa bem mais dirigida, visto que, é possível buscar palavras-chave associadas a um autor 
específico, a um determinado periódico e até mesmo restringir as buscas para um dado interva-
lo de datas (por exemplo, artigos publicados a partir de 2018 ou entre 1990 e 1994). Os resulta-
dos das buscas são apresentados com os links, tanto para o endereço do periódico quanto para, 
se disponível, o arquivo PDF com o artigo em questão. Qualquer pessoa que já tenha experimen-
tado um pouco essa ferramenta percebe que nem todos os links trazem o respectivo arquivo para 
acesso direto. O motivo é que, em função dos modelos de negócio dos periódicos, nem todos ofe-
recem gratuitamente o acesso, aos artigos e, infelizmente, o preço não costuma ser barato.
Outras bases de dados organizados por periódicos científicos que são de uso recorrente 
de pesquisadores acadêmicos são SciELO, PubMed, Medline, Redalyc, Web of Science, Scopus, 
Science Direct, entre inúmeras outras. Na prática, qualquer pesquisador com pretensão de alcan-
çar alguma relevância com seu trabalho precisa investir algum tempo para se familiarizar com as 
bases de dados científicas, entender seu mecanismo de funcionamento e as funções possibilitadas. 
Afinal, uma das competências centrais de um pesquisador sério é a bibliometria, isto é, a capacida-
de de quantificar e qualificar as fontes escritas de informação. Isso envolve identificar tendências e 
crescimento do conhecimento em uma determinada área do conhecimento. Na prática, isso signi-
fica que, quando um pesquisador precisa, por exemplo, encontrar informações sobre o movimento 
sindical no início do século XX, o mecanismo funcional das mitocôndrias ou a dinâmica do mer-
cado de derivativos financeiros, sua primeira aptidão é a de ter um senso de relevância, ou seja, 
conseguir identificar quem são os respectivos autores mais citados nesses temas e quais periódicos 
reproduzem seus artigos. Por isso, um pesquisador acadêmico de alto nível (uma competência que 
se adquire com alguns anos de prática) é aquele que é capaz de estudar a dispersão e as obsolescên-
cias dos campos científicos, medir o impacto das publicações e dos seus serviços de disseminação 
da informação, estimar a cobertura das revistas científicas e identificar os autores e instituições 
mais produtivos, bem como as revistas do núcleo de cada disciplina.
6 Ver: <translate.google.com>. Acesso em: 30 abr. 2018.
7 Ver: <scholar.google.com.br>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Repensando a formação docente 27
Naturalmente, outras fontes de informação podem ser consideradas pelo pesquisador, mas 
em um nível absolutamente secundário de importância e prioridade com relação aos artigos cientí-
ficos: livros, revistas não científicas, jornais e canais de informação em geral disponíveis na internet.
Uma fonte realmente formidável para se buscar conhecimento (das qualidades mais varia-
das possíveis) na atualidade é o YouTube, que funciona como o maior repositório on-line de vídeos 
do mundo. O volume de conteúdo disponível na plataforma é espantosamente gigante, crescendo 
cada vez mais: segundo dados de 20188, mais de 400 horas de vídeo são acrescentadas a cada mi-
nuto no YouTube e a base de usuários é de mais de 1 bilhão, o que resulta em mais de 1 bilhão de 
horas de conteúdo vistas diariamente.
Quando um determinado conteudista posta seus vídeos no YouTube, eles ficam agrupados 
em uma estrutura que é conhecida como canal. Assim, os canais do YouTube são as coleções de 
vídeos dos respectivos geradores de conteúdo e do conteúdo absolutamente universal de temas 
que se encontramna plataforma. Existem muitos canais dedicados à filosofia, educação, ciência, 
tecnologia e inovação.
É importante que os professores tenham o YouTube como um importante aliado para suas 
pesquisas. Para isso, a estratégia é inscrever-se nos canais de interesse. Esse registro faz com que a 
plataforma notifique o usuário cada vez que novos vídeos sejam lançados naqueles canais. “Curtir” 
e compartilhar os vídeos são ações que ajudam bastante tais canais a ganharem relevância na co-
munidade de usuários, fazendo com que eles passem a ser sugeridos para outras pessoas com 
preferências similares às do pesquisador, assim como a plataforma também passe a sugerir, a esse 
pesquisador, vídeos e canais alternativos de temática próxima. Além disso, existe uma política de 
monetização: o YouTube paga aos responsáveis pelos canais de maior audiência uma ajuda de custo 
originada dos anunciantes que fazem publicidade na plataforma. Por isso, atualmente existem os 
chamados youtubers, pessoas que se dedicam profissionalmente (muitos em tempo integral) para 
manter seus canais com uma audiência fiel.
A maioria dos youtubers, evidentemente, por não serem os campeões de audiência, mantém 
outras ocupações profissionais que lhes servem de principal fonte de renda – e é interessante obser-
var a grande quantidade de professores e pesquisadores que atuam, entre tantas outras atividades 
inerentes à profissão, como youtubers. Ao pesquisador autônomo, é altamente recomendável que 
crie seu respectivo canal, principalmente para divulgar os resultados de seus trabalhos – o que é 
gratuito. É um trabalho que potencializa as publicações científicas: enquanto os artigos em perió-
dicos científicos alcançam uma audiência formada pela comunidade acadêmica, o uso do YouTube 
ajuda na divulgação para a sociedade em geral, fazendo com que o fruto daquele trabalho tenha 
maior apelo com o público e relevância social em geral – não se pode ignorar tal estratégia como 
algo que também favorece pleitear financiamento (público ou privado) para futuras pesquisas.
Aliás, a presença de conteúdo educacional no YouTube é tão forte que foi criado, em 2013, 
o YouTube Edu9, fruto de uma parceria do Google (proprietário do YouTube) com o Instituto 
Lemann. Com essa iniciativa, o Brasil tornou-se o segundo país a participar do projeto que mantém 
8 Ver: <www.youtube.com/yt/about/press/>. Acesso em: 30 abr. 2018.
9 Ver: <www.youtube.com/channel/UCs_n045yHUiC-CR2s8AjIwg>. Acesso em: 30 abr. 2018.
monetização: 
transformar algo em 
dinheiro; converter 
lucro.
Novos caminhos para os profissionais da educação28
um canal exclusivo de conteúdo educativo, depois dos EUA. De início, foram selecionados 8 mil 
vídeos de professores brasileiros, já reconhecidos na plataforma e com canal próprio, e assim o 
YouTube Edu foi dividido por áreas, como biologia, matemática, língua portuguesa, física e quími-
ca, com foco principalmente no Ensino Médio. Mas o projeto está permanentemente aberto para 
novos colaboradores: professores que mantêm seus próprios canais são convidados a se inscrever10 
para, após aprovação na curadoria da plataforma, seus conteúdos serem potencializados para um 
público muito maior que seus canais individuais (em fevereiro de 2018, o YouTube Edu contava 
com uma base de mais de 300 mil inscritos).
Dada sua qualidade, alguns conteúdos do YouTube são de conhecimento praticamente 
obrigatório para os professores. No Brasil, é preciso destacar o trabalho relevante mantido pelo 
ScienceVlogs Brasil: de forma pioneira no cenário de divulgação científica no país, alguns dos mais 
influentes canais brasileiros se reuniram a fim de criar um selo de qualidade para reconhecer o tra-
balho de conteudistas que divulgam a ciência com seriedade. Afinal, em um meio onde a propaga-
ção de desinformação e a pseudociência são igualmente difundidas rapidamente, alimentadas por 
desonestidade e ignorância, é importante que haja alguma forma de facilitar o acesso do público a 
fontes críveis de conhecimento.
Uma iniciativa semelhante é o canal BláBláLogia, que reúne conteúdo de vários conteudistas 
de excelente qualidade nas áreas da educação e da ciência – como seus canais individuais não pos-
suem uma audiência tão massiva, sua estratégia é divulgar seus trabalhos também por esse “canal 
em comum”, que proporciona um alcance muito maior, trazendo-lhes mais visibilidade junto ao 
público e, claro, contribuindo para que seus canais individuais ganhem mais visibilidade.
Em nível internacional, a qualidade e a audiência são, evidentemente, de mais alto pata-
mar. É preciso destacar a organização TED11que possui, uma enorme coletânea de vídeos com 
curtas palestras (máximo de 18 minutos) sobre diversos temas (ciências, negócios, problemas 
globais etc.). Esses vídeos estão disponíves no seu canal do YouTube que já conta com mais de 
9 milhões de inscritos. Quanto à eventual barreira que o idioma possa representar para parte 
dos professores, o YouTube conta com um recurso de legendas para todos os seus vídeos: é 
possível acionar a função para, por exemplo, acompanhar um vídeo narrado em inglês com 
legenda em inglês (altamente recomendável) ou mesmo com legenda traduzida automatica-
mente para português (o que, às vezes, perde um pouco de qualidade devido à acuracidade da 
inteligência artificial empregada para essa tradução). Em suma, dado todo o conjunto de seus 
recursos e características, o YouTube é indispensável para o professor do século XXI, tanto 
como consumidor quanto como gerador de conteúdo na plataforma.
Finalmente, fruto da atual tecnologia digital, uma opção de pesquisa que nenhum profes-
sor pode deixar de conhecer e de experimentar são os passeios virtuais nos principais museus 
10 Você poderá ser inscrever neste link: <yt-edu-br.withgoogle.com/joinYouTubeEdu>. Acesso em: 30 abr. 2018.
11 Disponível em: <https://www.ted.com/>. Acesso em: 30 abr. 2018.
Repensando a formação docente 29
do mundo12. Instituições como Louvre, Solomon Guggenheim, British Museum, Smithsonian, 
Vaticano, entre tantas outras mantêm websites com riquíssimo conteúdo, oferecendo uma excur-
são praticamente similar a uma visita presencial e a custo zero – a dica é que vale muito a pena 
proceder a visita digital munido de óculos de realidade virtual, o que potencializa magistralmente 
a experiência. Os museus virtuais são um esplêndido exemplo do que a humanidade pode alcançar 
alinhando alta tecnologia com alta cultura.
2.3 O professor aluno
Por definição, todo professor também é aluno. Afinal, o conhecimento não é estático e 
todo já pré-determinado, situação que poderia admitir que alguns só o fornecessem e outros só o 
adquirissem. O conhecimento está em eterna expansão, como sugeriu Isaac Newton em sua célebre 
frase: “O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.
A perspectiva aqui analisada não é a da evidente condição formal dos professores como 
estudantes efetivamente matriculados em cursos de mestrado, doutorado ou qualquer curso 
complementar acessório; embora seja pertinente destacar que a experiência de sentar novamente na 
carteira de aluno, em qualquer que seja o curso, faz com que todo professor estudante imediatamente 
reflita sobre o quanto dessa experiência pode ser considerado em suas próprias aulas ministradas. É 
inevitável: quando um aluno é, coincidentemente, também um profissional docente, ele sempre fará 
essa reflexão visando a seu autoaprimoramento.
Por outro lado, cabe uma ponderação sobre a máxima de que “quem ensina aprende 
ao ensinar”, pois, assim como em toda ideia politicamente correta, tal mantra pode beirar à 
falácia se aceito e reproduzido cegamente sem a devida racionalização. Afinal, se durante o 
exercício de seu ofício o professor também aprende, ele aprende exatamente o quê? O próprio 
conteúdo que é ministrado?
Conforme muito bem delineado por Mishra e Koehler (2006),a competência para o ensino 
de alto desempenho reside na qualidade da integração entre três distintos domínios do conheci-
mento: o pedagógico, o tecnológico e o de conteúdo (que é a área de expertise do professor). Assim, 
quando leciona, talvez o que menos o professor aprenda seja aquilo que diz respeito ao conteúdo. 
Isso dependente da natureza do conhecimento em questão, ou seja, da disciplina ministrada: é 
evidente que “aprender lecionando”, no que diz respeito ao conhecimento do “conteúdo”, faz muito 
mais sentido em história da arte ou fenomenologia política do que em alfabetização elementar e 
matemática básica.
Quanto a aprender conteúdo enquanto o ministra, é inegável que os entusiastas de uma 
nova forma de educação há décadas se sustentam na Pirâmide da Aprendizagem (ou Cone da 
Aprendizagem), seja na versão de William Glasser, da National Training Laboratories; na de Edgar 
Dale ou na de qualquer outra das inúmeras que proliferam mundo afora (NUNES; BESSA, 2017). 
A pirâmide de Glasser sustenta a tese de que as pessoas aprendem do seguinte modo:
12 Ver seleção em: <mentalfloss.com/article/75809/12-world-class-museums-you-can-visit-online>. Acesso em: 30 
abr. 2018.
Novos caminhos para os profissionais da educação30
Figura 1 – Pirâmide da Aprendizagem de William Glasser
 80 % - quando fazem ou experimentam 
(filosofia do learning by doing ou 
“aprender fazendo”.
 90 % - quando ensinam.
 10 % - quando leem.
 70 % - quando discutem com os outros.
 50 % - quando veem e ouvem.
 30 % - quando veem.
 20 % - quando ouvem.
Fonte: Adaptado de Glasser, 1986.
Isso, por si só, parece mais do que suficiente para condenar todo o modelo clássico de en-
sino ao devido ostracismo e instaurar a supremacia da revolucionária didática do novo milênio, 
dispensando qualquer necessidade de debater pormenores dessa mudança. É, admitamos, tão 
agradável ficar sabendo de tais índices percentuais de retenção de conhecimento ou aprendizado 
efetivo, é tão politicamente correto bradá-los nos cursos de formação de educadores que um não 
tão mero detalhe passou incólume ao longo das décadas: a pirâmide é falsa. Ao menos, no que diz 
respeito aos valores percentuais expressos, conforme denuncia com todo fundamento analítico 
Letrud (2012). Não há fundamentação empírica nesses números e a própria National Training 
Laboratories, quando inquirida sobre as fontes que originaram a apresentação da pirâmide, con-
fessa não as ter, pois “são muito antigas”.
Convém esclarecer que isso não significa não admitir o valor de ensinar o que se aprende 
como alguma forma válida de aprendizado. É preciso, porém, deixar as coisas no seu devido lugar: 
na falta de um estudo científico sério, sem viés de confirmação, o que se tem, por ora, é a sensação 
empírica de que tal prática do “professor aluno” deva produzir algum efeito benéfico a quem ensi-
na, no tocante ao domínio do conhecimento. Ao mesmo tempo, sabendo que os mágicos números 
da pirâmide são tão reais quanto a mágica per se, o real aprendizado oferecido dessa análise é a pru-
dência: talvez o clássico não seja tão ruim assim, e provavelmente as novas abordagens demandem 
mais aprofundamento científico para serem devidamente incorporadas ao sistema educacional.
Essas são as considerações quanto a aprender enquanto se ensina, no quesito conteúdo. 
Quanto a aprender nos quesitos pedagógico e tecnológico, o cenário é totalmente outro: é evidente 
que isso ocorre continuamente.
No tocante ao aspecto tecnológico, a constatação é bastante objetiva: quase sempre o pro-
fessor é de ao menos uma geração anterior aos alunos da sua turma de trabalho. Buckingham e 
Willett (2013) explicam sobre as diferenças entre os nativos digitais e os imigrantes digitais: quanto 
às novas tecnologias, é óbvio que, quanto mais cedo haja seu manuseio, maior será seu domínio. 
Dessa forma, é bastante natural que, assim que uma novidade tecnológica seja lançada no mercado, 
Repensando a formação docente 31
pode-se esperar que seja o aluno, e não o professor, que adentre o ambiente escolar com aquele 
novo dispositivo e/ou serviço inovador.
Os alunos tendem a ser nativos em novas tecnologias, e os professores, imigrantes, ten-
do de se adaptarem à medida que as novidades em questão se mostrem úteis e relevantes para o 
processo de ensino e aprendizagem. E, pela interação direta que ocorre entre professor e aluno, 
principalmente no regime presencial de ensino, o professor usufrui da conveniente vantagem de 
poder aprender com seus alunos a respeito das características, recursos e funcionalidades do que é 
trazido para sala de aula. Por isso, nos tempos atuais, embora disciplina seja um valor inegociável 
no tocante ao bom comportamento em sala de aula e esteja à cargo do professor manter a turma 
disciplinada, é especialmente conveniente que o docente seja receptivo ao uso de equipamentos 
tecnológicos trazidos por seus alunos para a aula.
Afinal, principalmente nos níveis mais básicos de cursos escolares, como Ensino Médio 
e graduação, quando o estudante traz espontaneamente seu smartphone para a sala de aula, 
por exemplo, provavelmente o faz por motivos não tão didáticos. Mas há opção além da inflexível 
rigidez de proibir (e até de apreender) o aparelho quando percebido em sala de aula: eis ali um 
ponto de acesso à internet, que pode ser usufruído para fins mais nobres. Principalmente quando 
o conteúdo da aula versa sobre informações altamente dinâmicas, como o valor de mercado de 
determinada empresa, nesse caso, por exemplo, a oportunidade de consultar a informação em 
tempo real é bastante interessante. Assim, um professor que esteja expondo, por exemplo, que o 
Facebook é uma empresa que vale “centenas de bilhões de dólares” no mercado, pode aferir esse 
número com a colaboração de seus alunos, pedindo a um deles para checar pelo smartphone o 
valor exato naquela data específica em que se realiza a aula – iniciativa que torna a atividade mais 
envolvente e dinâmica, impactando diretamente na motivação e na atenção da turma.
Ainda explorando um pouco mais esse mesmo exemplo, os alunos podem perguntar 
onde exatamente na internet se busca essa informação sobre valor de mercado de uma 
empresa. Surgirão várias fontes e é uma oportunidade para que o próprio professor aprenda 
(ou, ao menos, atualize-se): se ele incentivar que os alunos busquem diferentes fontes de 
informação e as confrontem – certamente, alguns dos resultados serão fontes que o professor 
até então desconhecia, principalmente quando se trata de temas tão dinâmicos e inovadores 
quanto discutir a “uberização”13 das empresas, o potencial do blockchain na área de serviços de 
saúde ou o people analytics como nova competência de gestores de RH. É importante orientar 
os alunos para sites confiáveis, como de universidades, bibliotecas, sites do Ministério da 
Educação etc. e orientá-los para evitar a Wikipédia e blogues, por exemplo.
Finalmente, quanto a aprender conhecimentos de natureza pedagógica enquanto se dá aula, 
é, certamente, o fato mais óbvio envolvendo a formação docente: nesse quesito, experiência conta 
sobremaneira. Por mais leitura, preparação, cursos e experiências, mesmo que em âmbito inter-
nacional, que um candidato a professor realize, ele não se tornará um docente sênior senão pelo 
tempo de atividade na função, e isso pela mais evidente das razões: quanto mais se dá aula, mais 
13 O termo “uberização”, inspirado no conteito do aplicativo de transporte Uber, refere-se a uma nova forma de negó-
cio, na qual coloca-se o produtor e o consumidor em contato direto, deixando os intermediários em segundo plano.
Novos caminhos para os profissionais da educação32
próximo da excelência se chega na profissão. Isso, claro, vale para qualquer atividade humana: 
ninguém aprende a nadar, por exemplo, apenas lendo manuais e tutoriais a respeito de natação, é 
preciso

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