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Melanie Klein

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A U L A 1 – I N S T I N T O S . A MBI E N T E . C O N S T I T U C I O N A L . 
A U L A 2 – E G O A R C A I C O . F A N T A S I A . I N T R O J E Ç Ã O . 
P R O J E Ç Ã O . A N O Ç Ã O DE O BJ E T O . I DE N T I F I C A Ç Ã O 
P R O J E T I V A .
A U L A 3 –A N O Ç Ã O DE P O S I Ç Ã O . P O S I Ç Ã O 
E S Q U I ZO P A R A N O I D E . A N S I E DA D E P E R S E C U T Ó R I A . 
DE F E S A S E S Q U I ZO I DE S .
A U L A 4 – P O S I Ç Ã O DE P R E S S I V A . A N S I E DA D E DE P R E S S I V A . 
DE F E S A S MA N Í A C A S . I N I BI Ç Ã O . R E P A R A Ç Ã O .
A U L A 5 – I N V E J A . G R A T I DÃ O . DE F E S A S C O N T R A I N V E J A .
A U L A 6 – S U P E R E G O A R C A I C O . É DI P O A R C A I C O . 
Teorias da personalidade II
Melanie Klein (1882-1960)
Cite fatores internos e externos indicados no trecho.
Que eventos possibilitam mudança de fatores internos?
Embora a importância das circunstâncias externas seja agora cada vez
mais reconhecida, a importância dos fatores internos ainda tem sido
subestimada. Os impulsos destrutivos, variáveis de indivíduo para
indivíduo, são parte integrante da vida mental mesmo em
circunstâncias favoráveis. Temos, portanto, que considerar o
desenvolvimento da criança e as atitudes dos adultos como resultantes
da interação entre influências internas e externas. A luta entre amor e
ódio – agora que nossa capacidade de compreender os bebês aumentou
– pode ser em alguma medida reconhecida através da observação
cuidadosa. Alguns bebês vivenciam um intenso ressentimento frente a
qualquer frustração e o demonstram sendo incapazes de aceitar
gratificação quando esta se segue à privação. Eu sugeriria que tais
crianças têm uma agressividade inata e uma voracidade mais fortes do
que aqueles bebês cujas explosões ocasionais de raiva logo cessam. Se
um bebê mostra que é capaz de aceitar alimento e amor, isto significa
que ele pode, relativamente rápido, superar o ressentimento em relação
à frustração e, quando a gratificação é novamente proporcionada,
recuperar seus sentimentos de amor. (KLEIN, 1991, p. 283).
Aula 1
Instintos
Ambiente
Constitucional
Expressão dos instintos (fatores internos)
- sentimentos de amor: instinto de vida
- agressividade, ressentimento, incapacidade de
reconciliação, raiva, voracidade: instinto de morte
Provisões ambientais (fatores externos)
- frustração e privação
- gratificação
Interação de fatores internos e externos
- incremento de sentimentos amorosos por
circunstâncias favoráveis: círculo benévolo
- incremento de impulsos destrutivos por
circunstâncias desfavoráveis: círculo vicioso
- A agressividade inata está destinada a ser
incrementada por circunstâncias externas
desfavoráveis e, de modo inverso, é mitigada pelo
amor e pela compreensão que a criança pequena
recebe. (KLEIN, 1991, p. 283).
- limitação: força de fatores constitucionais internos
eventualmente diminui abertura à influências
externas
Cite funções do ego indicadas no trecho.
Em que a visão kleiniana de ego difere da de Freud?
Antes de continuar minha descrição do desenvolvimento da criança,
sinto que deveria definir sucintamente os termos self e ego a partir do
ponto de vista psicanalítico. O ego, de acordo com Freud, é a parte
organizada do self, constantemente influenciada por impulsos
instintivos, porém mantendo-os sob controle da repressão. Além disso,
o ego dirige todas as atividades e estabelece e mantém a relação com o
mundo externo. O termo self é utilizado para abranger toda a
personalidade, o que inclui não apenas o ego mas também a vida
pulsional, que Freud nomeou id.
Meu trabalho levou-me a supor que o ego existe e opera desde o
nascimento e que, além das funções mencionadas acima, tem a
importante tarefa de defender-se contra a ansiedade suscitada pela luta
interna e por influências internas [sic]. Mais ainda, ele inicia uma série
de processos dos quais selecionarei primeiramente a introjeção e a
projeção. Voltarei mais tarde ao não menos importante processo de
cisão, isto é, a divisão de impulsos e objetos. (KLEIN, 1991, p. 283-284).
Aula 2
Ego arcaico
Fantasia
Introjeção
Projeção
Noção de objeto
Identificação 
projetiva
Ego arcaico
- organização egoica desde o nascimento
- diferente de Freud, que entende o ego como
uma derivação posterior de partes do id
- recebe as pressões de impulsos instintuais
- relação com o mundo externo
- defesa contra ansiedades
- introjeção, projeção e cisão
- repressão (posteriormente)
O que você entende por “representante psíquico da pulsão”?
Qual a diferença entre devaneio e fantasia em Klein?
“Fantasia é (em primeira instância) o corolário mental, o representante
psíquico da pulsão. Não há impulso, necessidade ou resposta pulsionais
que não sejam vivenciados como fantasia inconsciente... Uma fantasia
representa o conteúdo particular das necessidades ou sentimentos (por
exemplo, desejos, medos, ansiedades, triunfos, amor ou tristeza) que
dominam a mente no momento”.
Fantasias inconscientes não são o mesmo que devaneios (embora estejam
ligadas a eles), mas sim uma atividade da mente que ocorre em níveis
inconscientes profundos e que acompanha todo impulso vivenciado pelo
bebê. Assim, por exemplo, um bebê faminto pode lidar temporariamente
com sua fome alucinando a satisfação de lhe ser dado o seio, com todos os
prazeres que normalmente obtém dele, tais como o gosto do leite, o calor
do seio e ser segurado e amado pela mãe. Mas a fantasia inconsciente
também toma a forma oposta de sentir-se privado e perseguido pelo seio
que se recusa a dar essa satisfação. As fantasias – ao se tornarem mais
elaboradas e referirem-se a uma variedade mais ampla de objetos e
situações – continuam através de todo o desenvolvimento e acompanham
todas as atividades. Elas nunca deixam de desempenhar um papel
importante na vida mental. (KLEIN, 1991, p. 284-285).
Aula 2
Ego arcaico
Fantasia
Introjeção
Projeção
Noção de objeto
Identificação 
projetiva
Fantasias
- diferem de devaneios
- devaneio entendido como atividade eminentemente
substitutiva da realidade
- atividade mental inconsciente
- forma arcaica do pensamento
- traduzem mentalmente a vivência corporal que
domina o sujeito no momento:
- “Mesmo em qualidade rudimentar, desde o início
inscrevem-se psiquicamente interpretações subjetivas do
que está sendo sentido em nível orgânico [...]. As fantasias
primevas mais remotas emergem dos impulsos corporais
e se interconectam com as sensações e afetos gerados no
mundo interno, tecendo em trama indivisível a matéria
humana da qual somos constituídos, em processo não só
biológico, mas também mental, desde o início” (CHAVES
& ALMEIDA, 2016, p. 42)
- colorem de modo vívido a percepção do mundo
interno
- colorem, igualmente, percepção do mundo externo
- perduram na vida integrando naturalmente qualquer
atividade mental
Que sinônimos você daria, respectivamente, para os processos 
de introjeção e projeção?
Como vim a reconhecer à luz de meu trabalho psicanalítico com
crianças, a introjeção e a projeção funcionam desde o início da
vida pós-natal como algumas das primeiras atividades do ego, o
qual em minha concepção opera desde o nascimento.
Considerada a partir deste ângulo, a introjeção significa que o
mundo externo, seu impacto, as situações que o bebê atravessa e
os objetos que ele encontra não são vivenciados apenas como
externos, mas são levados para dentro do self, vindo a fazer parte
de sua vida interior. Essa vida interior, mesmo no adulto, não
pode ser avaliada sem esses acréscimos à personalidade
derivados da introjeção contínua. A projeção, que ocorre
simultaneamente, implica que há uma capacidade na criança de
atribuir a outras pessoas a sua volta sentimentos de diversos
tipos, predominantemente o amor e o ódio (KLEIN, 1991, p. 284)
Aula 2
Ego arcaico
Fantasia
Introjeção
Projeção
Noção de objeto
Identificação 
projetiva
Introjeção e projeção
- processos atuantes desde o início da vida
- na introjeção, marca-se o movimentode
trazer para dentro aspectos encontrados no
mundo externo
- na projeção, marca-se o movimento inverso,
de colocar para fora aspectos contidos no
mundo interno
- processos paralelos que marcam tanto a
formação da personalidade como a percepção
da realidade externa.
Embora considerados simultâneos, no trecho parece sugerida uma 
precedência original entre introjeção e projeção. O que viria antes?
Formei a concepção de que o amor e o ódio dirigidos à mãe estão
intimamente ligados à capacidade do bebê muito pequeno de projetar
todas as suas emoções sobre ela, convertendo-a desse modo em um
objeto bom, assim como em um objeto perigoso. No entanto, a
introjeção e a projeção, embora enraizadas na infância, não são apenas
processos infantis. Elas fazem parte das fantasias do bebê, que a meu
ver também operam desde o princípio e ajudam a moldar sua
impressão do ambiente. Através da introjeção, essa imagem
transformada do mundo externo influencia o que ocorre em sua mente.
Assim é construído um mundo interno que é parcialmente um reflexo
do externo. Isto é, o duplo processo de introjeção e projeção contribui
para a interação entre fatores externos e internos. Essa interação
prossegue através de cada estágio da vida. Da mesma forma, a
introjeção e a projeção continuam através da vida e transformam-se no
decorrer da maturação, sem nunca perder sua importância na relação
do indivíduo com o mundo a sua volta. Mesmo no adulto, portanto, o
julgamento da realidade nunca é completamente livre da influência de
seu mundo interno. (KLEIN, 1991, p. 284).
Aula 2
Ego arcaico
Fantasia
Introjeção
Projeção
Noção de objeto
Identificação 
projetiva
Noção de objeto
(In)Distinção entre objetos internos e externos
- a introjeção e a projeção contribuem para a
construção dupla do objeto
- configuração simultânea de objetos internos e
objetos externos, parcialmente refletidos
- correspondência relativa e influência mútua
entre o mundo externo (realidade) e o mundo
interno
Distinção entre objetos parciais e totais
- construção inicial de objetos parciais,
percebidos sem nuances, ou bom ou perigoso.
- construção posterior de um objeto total, que
sintetiza aspectos bons e maus
Como você conseguiria diferenciar projeção de 
identificação projetiva?
Através da projeção de si mesmo ou de parte dos próprios impulsos e
sentimentos para dentro de outra pessoa, ocorre uma identificação com
esta, embora diferente da identificação advinda da introjeção. Pois, se um
objeto é tomado para dentro do self (introjetado), a ênfase recai sobre a
aquisição de algumas das características desse objeto e em ser influenciado
por elas. Por outro lado, quando se coloca parte de si mesmo dentro de
outra pessoa (projetar), a identificação se baseia na atribuição a essa outra
pessoa de algumas das próprias qualidades. A projeção tem muitas
repercussões. Somos inclinados a atribuir a outras pessoas – em certo
sentido colocar dentro delas – algumas de nossas próprias emoções e
pensamentos, e é óbvio que a natureza amistosa ou hostil dessa projeção
dependerá de quão equilibrados ou perseguidos estejamos. Através da
atribuição de parte de nossos sentimentos a outra pessoa, compreendemos
seus sentimentos, suas necessidades e satisfações. Em outras palavras,
estamos nos colocando em sua pele. Há pessoas que vão tão longe nessa
direção que se perdem inteiramente nos outros e tornam-se incapazes de
julgamento objetivo. Da mesma forma, a introjeção excessiva ameaça a
força do ego porque este fica completamente dominado pelo objeto
introjetado. (KLEIN, 1991, p. 286-7).
Aula 2
Ego arcaico
Fantasia
Introjeção
Projeção
Noção de objeto
Identificação 
projetiva
Identificação projetiva
- conceito introduzido por Klein para dar conta da
experiência de habitação no corpo de outrem
(“nos colocando em sua pele”)
- inicialmente, identificação projetiva destacada
pela natureza mais hostil, de controle dos
objetos
- posteriormente, reconhecida outra finalidade,
de caráter amistoso, ligada à comunicação com
o objeto.
- não rigorosamente distinto do conceito de
projeção pela própria autora
- capacidade do receptor para acolher e transformar
conteúdo projetado: elo de ligação (Bion)
- sentimento de unidade entre projetor e receptor
(Ogden)
- o receptor por vezes se identifica com a projeção:
transidentificação projetiva (Grotstein)
Como você diferenciaria as ideias de posição e 
fase (ou estágio)?
Na tentativa de lidar com essa dicotomia de bons e maus sentimentos, os
bebês organizam suas experiências em posições, ou formas de lidar com os
objetos internos e externos. Klein escolheu o termo “posição” em vez de
“estágio do desenvolvimento” para indicar que as posições se alternam para
frente e para trás; elas não são períodos de tempo ou fases do
desenvolvimento pelos quais uma pessoa passa. Apesar de ter usado
rótulos psiquiátricos ou patológicos, Klein tinha em mente que essas
posições representavam o crescimento e o desenvolvimento social normal.
(FEIST, 2015, p. 97).
Embora Melanie Klein esteja sempre pensando em termos de
desenvolvimento emocional e, portanto, a linha cronológica do tempo seja
um de seus referenciais, podemos afirmar que [...] Ela, como vimos, volta a
sua atenção para as posições esquizoparanoide e depressiva, que são
configurações daquilo que está sempre sincronicamente em jogo no
funcionamento psíquico em um dado instante, ainda que a dominância
possa estar em um ou outro dos dois pólos. (CINTRA, & FIGUEIREDO,
2010, p. 147).
Aula 3
A noção de posição
Posição 
esquizoparanoide
Ansiedade 
persecutória
Defesas 
esquizoides
Fases
genital
latência
fálica
anal
oral
Posições
esquizoparanoide
depressiva
pontos de fixação
regressão
(passado regressa)
Aula 3
A noção de posição
Posição 
esquizoparanoide
Ansiedade 
persecutória
Defesas 
esquizoides
Noção de posição
- estruturante logo no início da vida
- cada posição comporta uma combinação
estruturada de afetos (em especial, angústias),
defesas e modos de relação com objetos internos e
externos, implicando uma grande variedade de
elementos corporais e mentais. (CINTRA, &
FIGUEIREDO, 2010, p. 148).
- fenômeno natural e recorrente ao longo da vida
- as ansiedades depressivas e persecutórias nunca
são totalmente superadas. Elas podem reaparecer
temporariamente sob pressão interna ou externa,
embora uma pessoa relativamente normal possa
suportar essa recorrência e recuperar seu
equilíbrio. (KLEIN, 1991, p. 290).
- dois pólos “sincronicamente em jogo”, mas
alternadamente dominantes:
- posições esquizoparanoide e depressiva
simultaneamente operantes, embora com
diferentes pesos de acordo com o estado emocional
O que você entende pelo termo esquizoparanoide?
De acordo com Klein, os bebês desenvolvem a posição
esquizoparanoide durante os primeiros 3 a 4 meses de vida,
durante os quais a percepção que o ego tem do mundo externo é
subjetiva e fantástica, em vez de objetiva e real. Assim, os
sentimentos persecutórios são considerados paranoides; ou seja,
eles não estão fundamentados em algum perigo real ou imediato
do mundo externo. A criança precisa manter o seio bom e o seio
mau separados, porque confundi-los seria arriscar a aniquilação
do seio bom e perdê-lo como porto seguro. No mundo esquizoide
do bebê, a ira e os sentimentos destrutivos são direcionados para
o seio mau, enquanto os sentimentos de amor e conforto estão
associados ao seio bom. (FEIST, 2015, p. 97).
Aula 3
A noção de posição
Posição 
esquizoparanoide
Ansiedade 
persecutória
Defesas 
esquizoides
Posição esquizoparanoide
- intensificada originalmente no 1º trim. de vida
- os impulsos destrutivos onipotentes, a
ansiedade persecutória e a cisão predominam
nos primeiros três ou quatro meses de vida.
Descrevi essa combinação de mecanismos e
ansiedades como sendo a posição
esquizoparanoide, que em casos extremos
torna-se a base da paranoia e da doença
esquizofrênica. (KLEIN, 1991, p. 287).
- relação com objetos parciais, seio bom e seio
mau, particularmente- estados de fragilidade na integração do ego
propiciam a intensificação da ansiedade
persecutória e do uso de defesas esquizoides
- no bebê, tal fragilidade se dá justamente por
faltar inicialmente coesão ao ego arcaico
No trecho, que fantasias descrevem o estado de 
coisas vivido na posição esquizoparanoide?
Apresentei a hipótese que o bebê recém-nascido vivencia,
tanto no processo de nascimento quanto no ajustamento à
situação pós-natal, ansiedade de natureza persecutória.
Isso pode ser explicado pelo fato de que o bebezinho, sem
ser capaz de apreendê-lo intelectualmente, sente
inconscientemente todo desconforto como tendo sido
infligido a ele por forças hostis. Se lhe é oferecido conforto
prontamente – em especial calor, o modo amoroso de
segurá-lo e a gratificação de ser alimentado -, isso dá
origem a emoções mais felizes. Tal conforto é sentido como
vindo de forças boas e, acredito, torna possível a primeira
relação de amor do bebê com uma pessoa ou, como um
psicanalista diria, com um objeto. (KLEIN, 1991, p. 282).
Aula 3
A noção de posição
Posição 
esquizoparanoide
Ansiedade 
persecutória
Defesas 
esquizoides
Ansiedade persecutória
- desconforto, dor, frustação vividos como
perseguição de forças hostis
- reforçada após ataques fantasiados sobre o
objeto: medo de retaliação
- impulsos destrutivos dirigidos a qualquer
pessoa estão sempre fadados a dar origem ao
sentimento de que essa pessoa também se
tornará hostil e retaliadora (KLEIN, 1991, p.
283).
- círculo vicioso:
ansiedade persecutória
desconforto (contra)ataque
medo de retaliação
Contra quais objetos se erguem defesas esquizoides?
Como é quebrado o ciclo vicioso na posição esquizoparanoide?
Referi-me anteriormente à tendência do ego infantil para cindir impulsos e
objetos. Considero esta como mais uma das atividades primordiais do ego.
Essa tendência para cindir resulta em parte do fato de faltar em grande
medida coesão ao ego arcaico. Mas [...] a ansiedade persecutória reforça a
necessidade de manter o objeto amado separado do objeto perigoso e,
portanto, a necessidade de cindir o amor do ódio. Pois a autopreservação
do bebezinho depende da sua confiança em uma mãe boa. Através da cisão
de dois aspectos e de agarrar-se ao bom, ele preserva sua crença em um
objeto bom e em sua capacidade de amá-lo, sendo esta uma condição
essencial para manter-se vivo. Pois, sem ao menos um tanto desse
sentimento, estaria exposto a um mundo inteiramente hostil que, ele teme,
o destruiria. Esse mundo hostil também seria construído dentro dele.
(KLEIN, 1991, p. 287).
No desenvolvimento normal, com a integração crescente do ego, os processos
de cisão diminuem e a maior capacidade para entender a realidade externa
e para, em alguma medida, conciliar os impulsos contraditórios do bebê
leva também a uma síntese maior dos aspectos bons e maus do objeto. Isso
significa que pessoas podem ser amadas apesar de suas falhas e que o
mundo não é visto apenas em termos de preto e branco. (KLEIN, 1991, p.
289).
Aula 3
A noção de posição
Posição 
esquizoparanoide
Ansiedade 
persecutória
Defesas 
esquizoides
Defesas esquizoides
- sob a pressão de perseguidores não somente
externos como também internos
- ideia de um mundo hostil construído também dentro
do bebê
- cisão amor/ódio origina duas vias defensivas,
não excludentes, que correm paralelamente
- cisão e projeção de conteúdos destrutivos para aliviar
tensão interna
- cisão e introjeção de conteúdos amorosos para
alimentar a crença num seio bom
mau
ódio
amor
bom
- a introjeção reiterada do seio bom possibilita o
fortalecimento do ego arcaico, conduzindo à
elaboração da posição esquizoparanoide
síntese ponto de 
viragem
cisão
O que você entende pelo termo depressivo? 
O que traz peso ao sujeito na ansiedade depressiva?
O superego – a parte do ego que critica e controla os impulsos
perigosos e que Freud primeiro situou aproximadamente no
quinto ano de vida – opera, de acordo com minhas concepções,
muito mais cedo. É minha hipótese que, no quinto ou sexto mês
de vida, o bebê começa a temer pelo estrago que seus impulsos
destrutivos e sua voracidade podem causar, ou podem ter
causado, aos seus objetos amados. Isso porque ele não pode
ainda distinguir entre seus desejos e impulsos e os efeitos reais
deles. Ele vivencia sentimentos de culpa e a necessidade presente
de preservar esses objetos e de repará-los pelo dano feito. A
ansiedade agora vivenciada é de natureza predominantemente
depressiva. Reconheci as emoções que a acompanham, assim
como as defesas desenvolvidas contra elas, como fazendo parte
do desenvolvimento normal, e cunhei o termo “posição
depressiva”. (KLEIN, 1991, p. 289).
Aula 4
Posição depressiva
Ansiedade 
depressiva
Defesas maníacas
Inibição
Reparação
Posição depressiva
- intensificada originalmente no 2º trim. de vida
- relação com objeto total
- alteração dada pela síntese do objeto com a
elaboração da posição esquizoparanoide
- a (re)conquista do estado de fortalecimento do
ego propicia a intensificação da ansiedade
depressiva e do uso de defesas maníacas
- no bebê, soma-se a isso, como agravante, a
incapacidade de distinguir adequadamente entre o
que vive interiormente e o que de fato acontece
exteriormente
Ansiedade depressiva
- temor por causar e, especialmente, por haver
causado dano ao objeto amado
- medo de perder o objeto externo
- sentimento de culpa
- para baixo: pesar, gravidade
O que você entende pelo termo maníaco? O que é 
fundamentalmente negado na defesa maníaca?
As fantasias ou condutas a que se aplica o qualificativo “maníaco”
implicam sempre e essencialmente processos de negação e de
onipotência. Por exemplo, há uma negação onipotente da dependência
dos bons objetos e, ainda, negação dos danos, em fantasia, a eles
causados em função de formas intensamente vorazes e predatórias
(sádicas) de amor; indo além, negação dos danos causados em função
das raivas geradas pelas decepções e frustrações vividas com estes
objetos [...]; negação, portanto, de suas falhas, de suas faltas e de suas
culpas reais ou imaginárias. É importante percebermos que Melanie
Klein admite formas benignas e necessárias de mania ao longo do
desenvolvimento emocional do sujeito [...] Em contrapartida, há
formas malignas e muito nocivas de mania, principalmente quando a
sua intensidade obstrui toda possibilidade de contato com a realidade
e, principalmente, impede a elaboração das experiências emocionais
que daí resultam. Ou seja, não se trata na defesa maníaca de apenas
negar a realidade externa, mas, fundamentalmente, de negar, não fazer
contato, não processar e não elaborar a realidade interna com o que
esta pode comportar de dor e sofrimento, desprazer, decepção, medo e
desamparo. (FIGUEIREDO, 2017, p. 27-28).
Aula 4
Posição depressiva
Ansiedade 
depressiva
Defesas maníacas
Inibição
Reparação
Defesas maníacas
- negar o aspecto mortal, o disruptivo da vida, o que
acaba por limitar o contato tanto com o outro
como consigo mesmo
- o pesar inaugura três vias defensivas, não
excludentes, que correm paralelamente
- colocar-se “para cima” (ascensivo) e fugir “para fora”
(escapismo), negando a “morte dentro” (FIGUEIREDO,
2017, p. 29)
- ensimesmar-se, evitando novos danos ao objeto externo
(ou seja, negando a possibilidade de “morte fora”)
- fazer reviver o objeto externo danificado, negando a
irreversibilidade da morte
ponto de 
viragem
negação
reparação
pesar
apesar 
dos 
pesares
inibição
Associe fantasias envolvidas na inibição e na reparação.
Como se chega numa imagem menos fantasiosa do mundo?
Os sentimentos de culpa, que ocasionalmente surgem em todos nós, têm raízes
muito profundas na infância, e a tendência a fazer reparação desempenha um
papel importante em nossas sublimações e relações de objeto. Quando
observamos bebês a partir desse ângulo, podemos ver que às vezes, sem
qualquer causa externa particular, eles parecem deprimidos. Nesse estágio eles
tentam agradar as pessoas ao redor de todasas maneiras que lhe são possíveis
– sorrisos, gestos divertidos e até mesmo tentativas de alimentar a mãe pondo-
lhe uma colher de comida na boca. Ao mesmo tempo, esse também é um
período no qual frequentemente se manifestam inibições em relação à
alimentação e pesadelos, e todos esses sintomas atingem o ápice na época do
desmame. [...] Se os sentimentos de culpa que surgem na criança não são
excessivos, a necessidade de fazer reparação e outros processos que fazem parte
do crescimento trazem alívio. (KLEIN, 1991, p. 289-290).
Um trabalho de elaboração ocorre em alguma medida no desenvolvimento
individual normal. A adaptação da realidade externa aumenta, e com isso o
bebê adquire uma imagem menos fantasiosa do mundo ao seu redor. A
experiência recorrente da mãe indo embora e voltando para ele torna a
ausência dela menos atemorizadora e, portanto, diminui a suspeita do bebê de
que ela o deixe. Dessa forma, ele gradualmente elabora seus medos arcaicos e
chega a uma aceitação de seus impulsos e emoções conflitantes. (KLEIN, 1991,
p. 289-290).
Aula 4
Posição depressiva
Ansiedade 
depressiva
Defesas maníacas
Inibição
Reparação
Inibição
- o retraimento surge como recurso para proteção
do objeto externo
- risco do triunfo da morte dentro: o sujeito se fecha ao
contato com o outro
Reparação
- necessidade de fazer algo para compensar os
ataques reais ou fantasiados sobre o objeto
externo
- duplo risco, no caso da reparação maníaca
- Como observa Hanna Segal, “o objeto externo [ao qual
se devotam as reparações maníacas] está lá para
distrair a atenção da situação interna’ (FIGUEIREDO,
2017, p. 34).
- supor que o objeto externo não possua recursos
próprios para o cuidado de si
- chave para elaboração da posição depressiva:
reparar no duplo sentido, recuperar e notar
- A posição depressiva é resolvida quando as crianças
fantasiam que fizeram a reparação por suas
transgressões anteriores e quando reconhecem que a
mãe não irá embora permanentemente, mas retornará
depois de cada partida (FEIST, 2015, p. 98).
posição 
esquizoparanoide
posição 
depressiva
 abre com o estado de 
fragilidade do ego
 impotência
 relação com objetos parciais
 seio bom e seio mau
 ansiedade persecutória
 medo do mal que o objeto 
externo pode lhe causar 
 medo da retaliação
 defesas esquizoides
 cisão e projeção do perseguidor 
interno
 cisão e introjeção do seio bom 
 fecha com a integração do 
ego e síntese do objeto
 abre com o estado de 
fortalecimento do ego
 onipotência 
 relação com objetos totais
 objeto com toda sua ambivalência
 ansiedade depressiva
 pesar pelo mal causado ao objeto 
externo
 receio de perder o objeto externo
 defesas maníacas
 para cima e para fora
 para dentro
 reparação
 fecha com o redimensionamento 
da onipotência e a consideração 
mais realista do objeto externo
Quadro comparativo entre posições
ego
objeto
ansiedade
defesas
elaboração
Qual a diferença básica entre ciúme e inveja?
O que não pode ser reconhecido na inveja?
Quando pensamos em ciúme, a que nos referimos? Referimo-nos a um
relacionamento que envolve três pessoas; sente-se ciúme porque alguém a
quem se ama, ou a quem se está ligado, demonstra mais interesse ou
afeição por outrem. Mas, de modo geral, isso é considerado normal, penso
que porque o ciúme está baseado no amor ou afeição por um pessoa – de
outro modo não se sentiria ciúme. Assim, há uma razão para o ciúme que o
torna, em certa medida, tolerável e perdoável. [...] Mas com a inveja o
quadro é diferente: ela envolve basicamente duas pessoas, e inveja-se o que
a outra pessoa possui, ou suas capacidades, conquistas, qualidades pessoais
etc. A inveja envolve, em maior ou menor grau, uma qualidade espoliadora,
ou pelo menos hostilidade para com as boas capacidades de outra pessoa,
ainda que isso possa não ser reconhecido. [...] Se se destrói por ciúme, há
alguma razão para tanto. Mas na inveja a espoliação se faz por ódio, e
parece não haver nenhuma circunstância atenuante. [...] A inveja muitas
vezes parece estar ligada à voracidade, e no entanto é diferente dela. A
pessoa que é voraz quer obter algo – desconsiderando o custo para a pessoa
de quem ela quer esse algo – e reconhece que há algo de bom a ser obtido.
Mas a pessoa invejosa não está tão interessada em obter algo para si
própria e usufruir isso – ainda que vorazmente –, mas sim em tirar algo da
outra pessoa, algo de que ela possa então tomar posse, de forma que se
torne parte de si própria. (JOSEPH, 1992, p. 186, itálico nosso).
Aula 5
Inveja
Gratidão
Defesa contra 
inveja
- A inveja é uma relação dual, que mesmo no amor
envolve, de modo subjacente e insidioso, o ódio
- e, caso ela evolua para o ciúme, com a suspeita de que um
rival toma o amor que o sujeito obtinha do objeto,
- desvia o ódio para tal rival e libera o objeto de ser odiado.
amor
ódio (ics)
ódio
amor?
sujeito objeto
rival
Em que elemento da inveja se insere o ciúme? 
Qual é principal característica da inveja?
Em relação à inveja, não é fácil explicar como a mãe que alimenta o
bebê e cuida dele pode ser também objeto de inveja. Mas sempre que a
criança está faminta ou se sente negligenciada, sua frustração leva
à fantasia de que o leite e o amor são deliberadamente recusados a ela
ou retidos pela mãe em benefício da própria mãe. Tais suspeitas
constituem a base da inveja. É inerente ao sentimento de inveja não
apenas o desejo da posse mas também uma forte necessidade de
estragar o prazer que as outras pessoas têm com o objeto cobiçado –
necessidade que tende a estragar o próprio objeto. Se a inveja é muito
intensa, essa característica de estragar resulta em uma relação
perturbada com a mãe assim como, mais tarde, com outras pessoas.
Também significa que nada pode ser plenamente desfrutado, porque a
coisa desejada já foi estragada pela inveja. Além disso, se a inveja é
intensa, aquilo que é bom não pode ser assimilado, não pode se tornar
parte da vida interior e, desse modo, dar origem à gratidão. Em
contraste, a capacidade de desfrutar plenamente o que foi recebido e a
experiência de gratidão em relação à pessoa que dá influenciam
intensamente tanto o caráter quanto as relações com outras pessoas.
(KLEIN, 1991, p. 288).
Aula 5
Inveja
Gratidão
Defesa contra 
inveja
Inveja
- origem em fantasias de que a mãe retém para si
(ou eventualmente para outro: suspeita na base
do ciúme) a gratificação recusada ao bebê
- hipótese de um diferencial de prazer entre a
satisfação obtida na situação pré- e pós-natal
- ativa fantasias de roubo e destruição do corpo
materno
- A inveja é, pois, uma das manifestações dos
impulsos destrutivos, de fato a mais radical de
todas, pois leva a atacar e destruir o objeto bom,
aquele cuja introjeção é a base da saúde psíquica. A
inveja é sempre, e na sua maior profundidade,
inveja das fontes de vida e, em última análise,
inveja da vida. (CINTRA, & FIGUEIREDO, 2010, p.
125).
- efeito de estragar a fruição do seio bom
Gratidão
- capacidade de usar o seio bom
- usufruir o que o ambiente pode oferecer
- apreciar do que há de bom no outro e em si
Como você caracterizaria o mecanismo básico da 
defesa contra a inveja descrito abaixo?
Um modo de evitar a inveja excessiva é idealizar a pessoa que a provoca – idealizar
de tal forma que a outra pessoa é vista como tão linda ou tendo capacidade tão
marcantes, como tendo feito um trabalho tão extraordinário etc. que a distância
entre a outra pessoa e si próprio fica tão grande que aparentemente nenhuma
comparação é possível. [...] Um tipo de cisão diferente, mas provavelmente
relacionado, pode ser observado no tipo de defesa em que o indivíduo tende a
desvalorizar o self, fazendo parecer que não tem nada para dar, que é tão pobre e
limitado, aumentando a distância entre o self e a outra pessoa. (JOSEPH, 1992, p.
190-91). É claro que restringir contatos, evitar áreas de vivência que estimulem
rivalidade e inveja, é outro modo importante de defender-se contra a inveja [...].
Lembro-me bem de um pacientemeu que era bem-sucedido no trabalho, casado,
com filhos. Ele conseguia viver um vida tão restrita que ele e sua mulher nunca
convidavam pessoas à sua casa, a não ser parentes próximos, e isso muito
raramente, e um ou dois pobres-diabos, por assim dizer. Ele olhava para sua mulher
de um jeito um tanto superior e, de forma polida, desdenhava seus colegas.
Procurava evitar todos os eventos sociais, [...] não viajava [...], com essa vida tão
restrita, o que ele conseguia era nunca ser realmente desafiado. Ele conseguia quase
que evitar ser colocado numa posição [...] que pudesse fazê-lo sentir-se inferior ou
invejoso (JOSEPH, 1992, p. 193).
Aula 5
Inveja
Gratidão
Defesa contra 
inveja
Defesa contra inveja
- a cisão pode cumprir função defensiva contra
a inveja
- mediante idealização do outro (o bom exclusivamente
no outro)
- ou depreciação de si mesmo (o mau exclusivamente
em si e o bom no outro)
- ou depreciação do outro (o bom exclusivamente em si
e o mau no outro)
- nos três casos, o objetivo é aumentar as distâncias ,
limitando o desafio e a possibilidade de comparações
- a projeção pode cumprir função defensiva,
quando permite livrar o sujeito de
sentimentos invejosos, atribuindo-os a outras
pessoas.
- o ciúme pode cumprir função defensiva,
quando permite preservar o objeto amado do
ódio, transpondo tal ódio para o outro de
quem se sente ciúme.
O que você entende pelo termo superego arcaico 
pulsional e desmedido?
As Erínias são divindades vingadoras que perseguem Orestes depois que este assassinou a mãe.
Elas produzem um tormento indescritível, e podem ser comparadas a uma culpa corrosiva, que
consome o assassino como se tivesse ele mil insetos devoradores dentro de sua cabeça, sem
trégua e sem descanso. Melanie Klein mostra que a aparição da culpa nos estágios mais
primitivos do desenvolvimento faz com que ela seja infiltrada na violência pulsional, tornando-
se tão intensa que rapidamente se transforma em um movimento de perseguição. A crueldade
do superego precoce deriva dos impulsos sádicos da criança projetados sobre os pais que,
novamente introjetados, tornam-se assim, figuras persecutórias e vingadoras. A lógica kleiniana
mostra que é o próprio sadismo da criança a força responsável pela criação dos aspectos
descontrolados e severos de seu superego primitivo, que funcionam como as Erínias,
obedecendo a lei cega do retorno – o assassinato da mãe retorna sobre Orestes com violência,
ameaçando-o e perseguindo-o. O funcionamento do superego arcaico responde sempre à lei da
vingança (CINTRA, & FIGUEIREDO, 2010, p. 166). Os aspectos mais aterrorizantes da fantasia
devem-se à presença de um superego arcaico, cuja influência difere muito do superego edípico,
organizador e instaurador da lei. Esse superego arcaico pulsional e desmedido produz ordens e
contra-ordens incompatíveis e de uma severidade extrema, [...]. A diminuição do caráter
aterrorizador e da severidade de suas injunções, ordens e contra-ordens é a única maneira de
recuperar a saúde psíquica, embora a sua dissolução e integração ao ego nem sempre sejam
completas, permanecendo alguns resíduos inassimiláveis. [...] Pode-se afirmar que o aspecto
mais nevrálgico da análise kleiniana é a transformação do superego primitivo em sua forma
edípica, capaz de instaurar o pacto social. (CINTRA, & FIGUEIREDO, 2010, p. 165).
Aula 6
Superego arcaico
Édipo arcaico
Superego arcaico
- anterior ao Édipo
- diferente da consideração freudiana do
superego como herdeiro do complexo de Édipo
que instaura a lei nas relações sociais
- baseado numa lógica de extrema severidade,
cuja fonte residiria nos impulsos sádicos do
bebê dirigidos ao corpo materno
Por que em psicanálise não se trabalha com a 
ideia de um complexo de Electra?
Por mais que sejam bons os sentimentos da criança em relação a ambos os pais, a
agressividade e o ódio também se mantém em atividade. Uma expressão disso é a
rivalidade com o pai resultante dos desejos do menino dirigidos à mãe e todas as
fantasias ligadas a eles. Tal rivalidade encontra expressão no complexo de Édipo,
que pode ser claramente observado em crianças de três, quatro ou cinco anos de
idade. Esse complexo existe, no entanto, muito mais cedo, e está enraizado nas
primeiras suspeitas que o bebê tem de que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe.
Há grandes diferenças entre o complexo de Édipo da menina e o do menino, que eu
caracterizarei dizendo apenas que enquanto o menino, em seu desenvolvimento
genital, retorna ao seu objeto original, a mãe, e portanto busca objetos femininos,
com consequentes ciúmes em relação ao pai e aos homens em geral, a menina deve,
em alguma medida, afastar-se da mãe e encontrar o objeto de seus desejos no pai e,
mais tarde, em outros homens. Fiz esta exposição, no entanto, em uma forma
demasiado simplificada, porque o menino sente-se também atraído pelo pai e
identifica-se com ele e, portanto, um elemento de homossexualidade faz parte do
desenvolvimento normal. O mesmo se aplica à menina, para quem a relação com a
mãe e com as mulheres em geral nunca perde a importância. O complexo de Édipo,
assim, não é apenas uma questão de sentimentos de ódio e rivalidade dirigidos a um
dos pais e o amor dirigido ao outro: sentimentos de amor e o sentimento de culpa
também entram em conexão com o progenitor rival. Portanto, muitas emoções
conflitantes centram-se no complexo de Édipo. (KLEIN, 1991, p. 286)
Aula 6
Superego arcaico
Édipo arcaico
Édipo arcaico
- refere-se sempre à busca de amor materno
- segue uma temática depressiva dada pela medo de perda
da mãe.
- inicialmente a reflexão kleiniana sobre o
Édipo pressupunha a ideia de um objeto
parcial masculino: o pênis (bom ou mau)
- Klein chegava a formular que em fantasia o bebê
considerava o pênis do pai contido no corpo materno
- com a reflexão sobre inveja fica marcada a
vigência de um ordenador edípico
exclusivamente feminino: o seio.
- compreensão estrutural do Édipo, baseada na
presença/ausência do seio
- o terceiro é introduzido justamente pela percepção da
ausência do seio.
Referências
 CHAVES, L. P ; ALMEIDA, M. M. O corpo kleiniano: 
a morada do ser. Ide (São Paulo) [online]. 2016, 
vol.38, n.61, p. 41-49. ISSN 0101-3106. Disponível 
em: 
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ide/v38n61/v38n61a0
4.pdf.
 CINTRA, E. M. de U., & FIGUEIREDO, L. C. 
Considerações gerais sobre alguns aspectos do 
conjunto do sistema kleiniano. Melanie Klein. Estilo e 
pensamento. São Paulo: Escuta, 2010. p. 147-170. 
 FEIST, J. Klein: Teoria das relações objetais. Teorias 
da personalidade. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. 
(e-book). p. 96-101.
 FIGUEIREDO, L. C. A Psicanálise e o sofrimento 
psíquico na atualidade: uma contribuição a partir de 
Melanie Klein e D. Winnicott. Cadernos de Psicanálise 
- SPCRJ, v. 33, n. 1, p. 25-36, 2017.
 JOSEPH, B. A inveja na vida cotidiana. p. 185-194. In 
FELDMAN, M., & SPILIUS, E. B. Equilíbrio psíquico 
e mudança psíquica. Rio de Janeiro: Imago, 1992, p. 
185-194.
 KLEIN, M. Nosso mundo adulto e suas raízes na 
infância. Inveja e gratidão e outros trabalhos. 2. ed. 
Rio de Janeiro: Imago, 1991. p. 280-297.
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ide/v38n61/v38n61a04.pdf
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Um psicólogo atende um menino que tem dificuldades de
socialização na escola. Em geral brinca sozinho ou então é
zombado, inclusive por colegas menores. Numa sessão, em
que brincavam de batalha naval, o menino pede revanche
depois de perder o jogo, mesmo tendo o psicólogo lhe
facilitado em algumas ocasiões. Enquanto jogam novamente,
o psicólogo pergunta, caso fosse um navio, qual deles o
menino seria. Ele escolhe ser uma fragata, mas dá uma
risadinha. O psicólogo desconfia que o menino pensara em
outro navio e comenta: “Estou achando que bem no fundo
você seria outro navio”. O menino então responde que ele era
um porta-aviõese escapa-lhe um arroto. O psicólogo logo
emenda: “Hum, olha só o porta-aviões abriu as portas para
voarem os aviões”. O menino ri e desta vez ele até ganha, sem
contar com qualquer facilitação do psicólogo.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Uma paciente está em terapia há quase dois anos. Apesar desse
tempo, o psicólogo observa que pouco tem sido produzido. A
paciente traz pouco material. Em geral, mantém-se num
registro descritivo de sua rotina semanal e as intervenções do
psicólogo não surtem efeitos. A sensação de que pouco se
produz é reforçada ainda por um histórico de atrasos
recorrentes. Sempre que a paciente se atrasa, o psicólogo é
tomado por uma impressão: “não estou dando conta, logo ela
vai me escapar”. Numa sessão em que ela novamente se
atrasara, o psicólogo se sentiu confortável para apostar numa
intervenção: expôs à paciente o receio, que o tomava
enquanto a esperava, de que ela estava prestes a largar a
terapia. Nesse momento a paciente recupera uma lembrança
de infância, das vezes em que o pai viajava a trabalho e ela era
pega pelo medo de que ele nunca mais retornaria.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Um paciente se queixa em terapia das constantes brigas que tem
com sua namorada. Estão juntos há algum tempo. Ela lhe cobra
um compromisso maior; ele se defende dizendo que desde o
início deixara clara sua disposição de não querer casar e ter
filhos. Por mais que as brigas persistam, nenhum dos dois opta
pelo fim do relacionamento. Para ele, o seu maior receio com o
término são as coisas negativas a seu respeito que ela poderá
espalhar aos outros. Uma curiosa alteração acontece quando a
namorada é demitida do trabalho. Ele se sente ainda menos
confortável para terminar o relacionamento, justamente agora
nesse período de maior fragilidade dela e, o fato mais curioso,
redobra inclusive sua atenção por ela, cobrindo-a de mimos. Esse
fato acaba por reavivar a paixão entre ambos que, ainda não
decidem se casar, mas resolvem morar juntos.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Numa sessão, um menino se descontenta com uma interpretação
do psicólogo e avança sobre ele com uma tesoura de papel. O
movimento é logo contido pelo psicólogo, sem causar qualquer
dano. O psicólogo diz para o menino que sabia que ele estava
muito bravo, mas que, apesar de toda aquela braveza, ele não
queria machucá-lo e que bom que não machucou, senão teria
sido ainda mais difícil de viver a raiva. O menino corre, esconde-
se embaixo da mesa e fica quieto. Após uma pausa, o psicólogo se
aproxima, sem falar nada. O menino então se aproxima e pede
emprestado o cadarço de tênis do psicólogo. Eles tiram juntos os
dois cadarços e o menino pergunta se poderia levá-los para casa.
O psicólogo consente, desde que depois ele o devolvesse, o que de
fato ocorre na sessão seguinte.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Uma psicóloga recebe o encaminhamento de uma jovem cuja queixa diz
respeito ao fato de não conseguir se concentrar nos estudos para o
vestibular. Essa queixa, porém, logo se desenvolve para o tema da escolha
profissional. A paciente não consegue se decidir pela Medicina, a carreira
que seu pai sonhava para ela, ou pelo Jornalismo, a carreira que sua mãe
sonhava para ela. Posteriormente, a paciente chega até mesmo a considerar
fazer Psicologia, pois sentia que o trabalho da psicóloga lhe ajudava muito e
sempre ficava com suas palavras na cabeça. A psicóloga então intervém,
apontando o quanto nessas três escolhas havia o risco de ela assumir
sonhos não sonhados por ela. A paciente acaba se decidindo por Direito,
por entender que agradaria a todos, já que oferecia uma conciliação entre a
Medicina e o Jornalismo, já que o advogado, assim como o médico, é
popularmente intitulado de doutor e, assim como o jornalista, é afeito às
artes da palavra. Passado o dilema da escolha profissional, a paciente passa
a trazer em sessão mais relatos sobre sua vida afetiva e finalmente abre o
fato de seu crescente interesse homossexual por uma colega de cursinho,
que até seria correspondido, mas não podia se consumar, sobretudo, pelo
receio de os pais vierem a saber disso e temer o modo com que reagiriam
por não ser uma garota “direita”.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Uma paciente procura terapia em função de problemas que vive na criação do filho.
Além de não sentir o filho parecido com ela, percebe-o bem mais apegado ao pai,
que parece entendê-lo melhor. Em função disso, às vezes se comporta de modo
menos caloroso, o que a preocupa por temer “traumatizar” o filho com sua “frieza”.
Para que isso não se concretize, procura justamente a terapia para trabalhar a
possibilidade de se conectar melhor com o filho. Embora muito se tenha produzido
em dois meses de terapia, em termos de recuperação do histórico familiar ou
mesmo de cenas significativas de sua relação com o filho, nas quais é possível
observar que nem sempre se mostra distante dele, a psicóloga sente que a queixa
ainda não foi exatamente desdobrada, até que numa sessão a psicóloga faz um
comentário pertinente sobre uma eventual rivalidade entre ela e o marido. A
paciente não localiza exatamente tal rivalidade, mas comenta sobre o quanto lhe
incomoda comparar-se com as outras mães, especialmente, as da escola. Como não
tem os mesmos cuidados que elas, nem as mesmas preocupações, sente-se
invalidada enquanto mãe. Na sessão seguinte, a paciente inicia com uma confissão
aparentemente embaraçosa. Comenta que nesses dois meses se analisava também
com outra psicóloga, mas que finalmente optara permanecer apenas com ela. Após a
confissão, passa a tratar do assunto de seu relacionamento com o marido.
Avalie o caso e construa uma análise baseada em Klein. Na resposta é 
preciso apresentar trechos que suscitaram tal construção e fazer a 
articulação entre os trechos selecionados e a teoria kleiniana.
Um paciente teve o filho, que mantivera reféns num ônibus, morto por ação policial.
Como o caso fora noticiado largamente, o psicólogo pôde saber dele antes de
qualquer comunicação de seu paciente. Imaginava que ele faltaria e pediria
reposição da sessão na próxima semana, para cumprir um mínimo luto, mas o
paciente não tardou em retomar as sessões. De fato, veio no mesmo dia do velório.
Tentava mostrar-se relativamente bem e tratou de lamentar o ocorrido, mas o fez de
um jeito tão curiosamente invertido que momentaneamente confundiu o psicólogo:
parecia até que a perda era dele e não do paciente. Depois, finalmente chorou e
perguntava-se se poderia ter ajudado o filho, mas logo emendou que fez questão de
cumprimentar todos os reféns e pediu-lhes desculpas pela ação do filho. No fundo,
sentia-se “aliviado” por ser o filho uma vítima, quando o número total podia ser
bem maior. “Ele desencadeou essa forma dele, essa conduta dele. E o que houve
hoje foi certo, ele teve que pagar por isso. E graças a Deus que hoje está chorando só
a minha família, mas poderia estar chorando mais 37 famílias de trabalhadores
como eu sou, como a mãe dele é. Só que ele entrou num quadro depressivo, então
foi algo que ele quis. Ele quis pagar com a vida.” (adaptado de uma notícia sobre o
sequestro de ônibus na ponte Rio-Niterói).

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