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1 MP 6 LEIS PENAIS ESPECIAIS Sumário 1. Lei dos Crimes Hediondos e Equiparados (Lei 8.072/90) ......................................................2 2. Lei de Drogas (Lei 11.343/06) .............................................................................................13 3. Lei de Terrorismo (Lei 13.260/16) ......................................................................................41 4. Lei de Tortura (Lei 9.455/97) ..............................................................................................48 5. Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) ......................................................................55 6. Lei de Contravenções penais (Decreto-Lei 3.688/41) .........................................................74 7. Crimes de Trânsito (Lei 9.503/97) ......................................................................................95 8. Crimes contra o Consumidor (Lei 8.078/90) .....................................................................112 9. Crimes contra as Relações de Consumo (Lei 8.137/90) ....................................................122 10. Lei de Genocídio (Lei 2.889/56) ......................................................................................126 11. Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) ....................................................................130 12. Crimes de Preconceito ou Discriminação (Lei 7.716/89) ................................................146 13. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86) .........................................155 14. Crimes de Licitações (Lei 8.666/93) ................................................................................175 15. Crimes contra a Ordem Tributária (Lei 8.137/90) ...........................................................183 16. Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) ........................................................................193 17. Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98) ....................................................................219 18. Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13) ...............................................................233 2 LEIS PENAIS ESPECIAIS Crimes hediondos e equiparados. Lei 11.343/06. 1. Lei dos Crimes Hediondos e Equiparados (Lei 8.072/90) I. Introdução Art. 5º, XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. • Trata-se de um mandado de criminalização e mandado de recrudescimento do tratamento destes crimes pela legislação infraconstitucional, já que a lei considerará inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. • O dispositivo alcança os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos (3 Ts). II. Rol dos crimes hediondos Lei 8.072/90. O caráter hediondo de um crime depende da previsão legal. A natureza hedionda do crime independe de o crime estar consumado ou ser tentado (art. 1º). Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal, consumados ou tentados: • Homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado; 3 Doutrina ➔ Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio: basta que seja caracterizado por uma impessoalidade na escolha da vítima. Ex.: matar alguém que pertença determinada classe social, que seja homossexual, policial etc. Basta que o crime de homicídio tenha sido exercido em atividade típica de grupo de extermínio. Não é necessário que o agente faça parte de algum grupo de extermínio. Se houver efetivamente um grupo de extermínio, aplica-se a causa de aumento de 1/3 ao crime de homicídio (121, §6º, CP). Homicídio qualificado-privilegiado Doutrina diverge sobre a possibilidade ou não de o homicídio qualificado-privilegiado ter caráter hediondo: 1ªC: Damásio. O crime de homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo. Fundamento: o CP diz que devem preponderar circunstâncias de caráter subjetivo. O privilégio é subjetivo. Entendimento majoritário e adotado pelo STJ. 2ªC: o homicídio qualificado-privilegiado deve ser considerado hediondo, pois não se deve equiparar a qualificadora com o privilégio. Fundamento: a qualificadora implica nova tipificação (novo intervalo da pena). O privilégio é simples causa de diminuição da pena. Logo, deve preponderar a qualificadora. Entendimento minoritário. • Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte, quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição; Lesão corpora gravíssima funcional e homicídio preterdoloso funcional. Perceba: a expressão parentesco consanguíneo foi utilizada para excluir o parentesco por afinidade. 4 Doutrina: caso o agente de segurança pública tenha um filho adotivo, haverá incidência do dispositivo para incluir o crime como hediondo. Não haveria analogia in malam partem, pois a CF proíbe qualquer distinção entre filhos. Trata-se de interpretação extensiva. • Latrocínio Roubo seguido de morte, culposa ou dolosa, decorrente de violência. • Extorsão qualificada pela morte extorsão qualificada pela morte decorrente de violência. Lembre-se: o sequestro relâmpago pode caracterizar o crime de extorsão: 158, § 3º. Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Este sequestro relâmpago pode ser qualificado pelo resultado morte. Doutrina: o crime de sequestro-relâmpago qualificado pela morte é ou não é crime hediondo, visto que não há expressamente na Lei 8.072/90 a previsão do art. 158, §3º? 1ªC: não é hediondo. Fundamento: não cabe analogia in malam partem. Precedentes dos Tribunais Superiores. 2ªC: é hediondo. A lei manda aplicar as mesmas penas do crime de extorsão mediante sequestro qualificado, e este é sempre crime hediondo (art. 1º, V, da Lei 8.072/90). Se é para aplicar as mesmas penas, quer dizer que é crime hediondo. 3ªC: O sequestro relâmpago é uma modalidade do crime de extorsão. A extorsão, quando é qualificada pela lesão corporal grave, não é hedionda. Então o sequestro-relâmpago qualificado pela lesão grave também não poderá ser hediondo. 5 A extorsão, quando qualificada pelo resultado morte, será considerado crime hediondo. Então, o sequestro-relâmpago, quando qualificado pelo resultado morte, também deve ser considerado crime hediondo. Victor Rios Gonçalves. • Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada Veja: a extorsão mediante sequestro simples é crime hediondo. • Estupro • Estupro de vulnerável • Epidemia com resultado morte (267, §1º, CP) Epidemia: surto de uma doença que atingirá número indeterminado de pessoas de uma determinada região ou local. Isto se dá através de propagação de germes patogênicos. Provocar a epidemia, por si só, não é crime hediondo. Para ser hediondo, é precisoque essa epidemia tenha resultado em morte. A epidemia deve ser de forma dolosa. Não é hedionda a epidemia culposa com resultado morte (267, §2º, CP). • Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Para que incida a natureza hedionda do delito, esta falsificação deve ter se dado dolosamente. Caso tenha se dado culposamente, não haverá crime hediondo. • Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável • Genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou consumado Art. 1º. Constitui crime de genocídio quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso: • Mata membros do grupo: será aplicada a pena do homicídio qualificado (12 a 30 anos). • Causa lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo: será aplicada a pena da lesão corporal gravíssima (2 a 8 anos). 6 • Submete intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar a eles a destruição física total ou parcial: aplica-se a pena do envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal (10 a 15 anos). • Adota medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo: aplica-se a pena do aborto provocado por terceiro (3 a 10 anos). • Efetua a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo: aplica-se a pena do sequestro (1 a 3 anos). Art. 2º II) Crime de associação para fins de genocídio: associarem mais de 3 pessoas para prática dos crimes de genocídio. Pena: metade da cominada aos crimes ali previstos. Art. 3º III) Crime de incitação ao genocídio: incitar, direta e publicamente, alguém a cometer qualque r dos crimes de genocídio. Pena: metade da cominada aos crimes ali previstos. §1º do art. 3º: a pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar. §2º do art. 3º: a pena será aumentada de 1/3, quando a incitação for cometida pela imprensa. • Art. 4º: a pena será aumentada de 1/3, no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou funcionário público. • Art. 5º: será punida com 2/3 das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei. • Art. 6º. Os crimes acima previstos não serão considerados crimes políticos para efeitos de extradição. • Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/03) – incluído pela lei 13.497/17. Novatio legis in pejus. 7 Existe discussão sobre a abrangência do tipo penal: se alcança o caput e o parágrafo único do artigo 16 do ED, ou apenas o caput. Apesar de entendimentos em sentido diverso, entendemos que as figuras descritas no parágrafo único são alcançadas pela nova lei e, portanto, são também consideradas crimes hediondos. Fundamentos: A) onde o legislador não diferenciou, não cabe ao intérprete diferenciar. B) o legislador pune as condutas do caput e do parágrafo único com a mesma pena, de maneira que possuem igual reprovabilidade, o que significa que merecem idêntico tratamento. Apesar de entendimentos em sentido diverso, entendemos que as figuras descritas no parágrafo único são alcançadas pela nova lei e, portanto, são também consideradas crimes hediondos. Fundamentos: A) onde o legislador não diferenciou, não cabe ao intérprete diferenciar. B) o legislador pune as condutas do caput e do parágrafo único com a mesma pena, de maneira que possuem igual reprovabilidade, o que significa que merecem idêntico tratamento. Artigo 16 da Lei 10.826/03: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; 8 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. Observações: 1. STF e STJ: o crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 LD) não é considerado crime equiparado a hediondo. Fundamento: a Lei 8.072/90 não faz menção ao crime. 2. A Lei 8.072/90 não faz menção aos crimes militares. Dessa forma, o crime militar, ainda que seja uma das condutas previstas como hediondas, não será considerado hediondo. Fundamento: infrações penais cometidas por militares em serviço são crimes militares. III. Anistia, graça, indulto e fiança Art. 2º. Os crimes hediondos, a tortura, o tráfico ilícito de drogas e o terrorismo são: • Insuscetíveis de anistia, graça e indulto • Insuscetíveis de fiança CF não tinha mencionado o indulto. A Lei dos Crimes Hediondos acrescentou a insuscetibilidade do indulto. STF: não há qualquer inconstitucionalidade, pois graça e indulto ontologicamente não se distinguem. 9 • Graça: perdão de caráter individual • Indulto: perdão em sentido coletivo. Se está vedada a graça, está vedado o indulto. Lei de Torturas (Lei 9.455/97) ➔ veio após a Lei 8.072/90 e não previu a insuscetibilidade de indulto para tortura, apenas abrangendo a anistia e a graça. Existe discussão doutrinária. CESPE (Delta GO/2017) considerou correta a seguinte assertiva: “Embora tortura, tráfico de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos, também são insuscetíveis de fiança, anistia, graça e indulto”. Art. 44 da Lei de Drogas ➔ proíbe expressamente o indulto, graça e anistia aos crimes de tráfico de drogas e equiparados. IV. Regime inicial fechado Art. 2º, §1º. A pena por crime hediondo será cumprida inicialmente em regime fechado. STF: essa redação é inconstitucional. Viola o princípio da individualização da pena. Aplica-se o art. 33, §2º, do CP. V. Regras para progressão de regime Art. 2º, §2º. A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos ou equiparados a hediondos, se dará: Primário: após o cumprimento de 2/5 da pena Reincidente: após o cumprimento de 3/5 da pena. Pela redação originária da Lei 8.072, o sujeito deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. STF reputou inconstitucional. Posteriormente, a Lei 11.464/07 trouxe a nova redação (cumprimento de 2/5 pelo primário e 3/5 pelo reincidente), qualquer que seja a reincidência. STF, SV 26: para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos 10 objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim,de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Conclusão Até 2007, como não havia a regra da Lei 11.464, aplicam-se as regras previstas no Código Penal e da Lei de Execuções Penais: progressão de regime por meio do cumprimento de 1/6 da pena, desde que cumpridos os demais requisitos objetivos e subjetivos. VI. Direito de apelar em liberdade Art. 2º, §3º. Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Em verdade, o direito de apelar independe da liberdade. Mesmo que o indivíduo esteja foragido, poderá o sujeito interpor recurso de apelação. Refere-se à prisão preventiva. VII. Prisão temporária Dá-se no curso do inquérito policial (imprescindível para as investigações policiais ou para esclarecimento da identidade do investigado) Regra: prazo de 5 dias, prorrogável por mais 5 dias. Art. 2º, §4º. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960/89, nos crimes hediondos e equiparados, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. VIII. Estabelecimentos penais Art. 3º. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. IX. Livramento condicional Art. 5º da Lei 8.072/90 inseriu o inciso V ao art. 83 do CP. 11 LC para condenados por crime hediondo, tortura, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e terrorismo (redação Lei 13.344/16). Necessário que o condenado: • Cumpra mais de 2/3 da pena • Não seja reincidente específico em crimes de natureza hedionda ou equiparada a hedionda Lembrando... (artigo 83 do CP): Art. 83 - O juiz poderá conceder LC ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos, desde que: I - cumprida + de 1/3 da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida + da 1/2 se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório + bom desempenho no trabalho + aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo Art. 44, parágrafo único, da Lei de Drogas: Nos crimes dos arts. 33, caput e § 1º, e 34, 35, 36 e 37, caberá o LC após o cumprimento de 2/3 da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. Vale lembrar: o crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da LD) não é hediondo nem equiparado. Bastará o cumprimento de 1/6 da pena para progressão de regime. Por outro lado, STJ: o prazo para se obter o LC será de 2/3 porque este requisito é exigido pelo parágrafo único do art. 44 da LD (Inf. 568). X. Delação eficaz Art. 7º. Ao art. 159 do CP (extorsão mediante sequestro) fica acrescido o §4º: 12 Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. Causa de diminuição da pena. Requisitos necessários: • Número plural da agentes • Delação feita por um deles • Eficácia da delação para proporcionar a libertação da vítima O quantum da redução variará conforme a maior ou menor contribuição para a libertação da vítima. XI. Associação criminosa qualificada Art. 8º. Será de 3 a 6 anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico de drogas ou terrorismo. Lembrando: há associação criminosa quando 3 ou mais pessoas se reúnem para a prática de crimes. Perceba: a associação criminosa qualificada não é crime hediondo. Não constitui crime hediondo a conduta de associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes hediondos. XII. Traição benéfica Art. 8º, § único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Lei 11.343/06, art. 35. Associação para o tráfico. Delito específico. • Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Apesar de a redação do artigo dizer “reiteradamente ou não”, a jurisprudência entende que, para a configuração da associação para o tráfico, são necessárias a estabilidade e permanência. 13 2. Lei de Drogas (Lei 11.343/06) I. Crimes e das penas a) Porte e cultivo para consumo próprio Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: • I - advertência sobre os efeitos das drogas; • II - prestação de serviços à comunidade; • III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. • § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Destrinchando o tipo: • “Adquirir”: crime instantâneo. • “Guardar”, “ter em depósito”, “transportar” ou “trouxer consigo”: crime permanente. • “Para consumo pessoal”: elemento subjetivo do tipo. Especial fim de agir. • “Droga”: Portaria 344 da Anvisa. Norma penal em branco. • “Sem autorização ou em desacordo com determinação legal”: elemento normativo do tipo. • Penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. Não há pena privativa de liberdade. 14 • Lei de Introdução ao CP ➔ para ser crime, é necessário haver pena de reclusão ou de detenção no preceito secundário. • Lei específica pode prever crime sem pena privativa de liberdade. STF: houve apenas a despenalização, mas não a descriminalização do delito de porte ou cultivo para consumo próprio da droga. Outros: houve apenas a descarcerização. • Crime de ação múltipla: tipo misto alternativo. • Observe: o tipo penal não pune o uso pretérito da droga. Sujeito que faz o teste antidoping em que fica constatado que, há menos de 60 dias, fumou maconha ➔ não responderá pelo crime. A lei pune quem coloca em risco à sociedade, ou seja, o perigo social. Esse perigo é representado pela detenção atual da droga. → Elemento subjetivo do tipo Ter a droga para uso exclusivamente seu, consumo próprio. Norma interpretativa: art. 28, §2º. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá: • À natureza e à quantidade da substância apreendida • Ao local e às condições em que se desenvolveu a ação • Às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente → Natureza do crime Crime de perigo abstrato. Jurisprudência: não se aplica o princípio da insignificância para este crime. → Sujeitos do crime O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é a coletividade, ou seja, a saúde pública. → Consumação 15 Quando o agente adquire (momento em que fecha o negócio, bastando o acordo). STJ: para configurar a conduta de "adquirir", não é necessária a tradição do entorpecente e o pagamento do preço, bastando que tenha havido o ajuste. Não é indispensável que a droga tenha sido entregue ao comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando que tenha havido a combinação da venda (Inf. 569). Estejulgado serviu para o tráfico de drogas, mas seus fundamentos são válidos. • Com relação às condutas “guardar”, “ter em depósito”, “transportar” ou “trouxer consigo”: crime é permanente. A consumação se protrai no tempo. A captura do agente em flagrante é admitida enquanto não cessar a permanência. Captura, porque não se admite a prisão em flagrante para o crime de porte de drogas para uso próprio. → Pena Pena para o crime de porte de drogas para uso próprio será de: • Advertência sobre os efeitos das drogas; • Prestação de serviços à comunidade; • Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. • Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. §3º do art. 28. As penas de prestação de serviços à comunidade e de medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo serão aplicadas pelo: • Prazo máximo de 5 meses • Prazo máximo de 10 meses, em caso de reincidência. §5º. A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou 16 privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. §6º. Para garantia do cumprimento das medidas educativas, caso o agente, injustificadamente, se recuse a cumpri-las, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: • Admoestação verbal • Multa • Dias-multa: mínimo de 40 e máximo de 100, devendo o juiz atender à reprovabilidade da conduta do agente. • Valor do dia-multa: de 1/30 avos até 3 vezes o valor do maior salário mínimo, obedecida à capacidade econômica do agente. • Os valores serão creditados ao Fundo Nacional de Antidrogas. §7º. O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. Lembrando: caso o agente seja menor de 21 anos na data do fato, a prescrição deverá ser reduzida da metade - art. 115 CP. STF: não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do adolescente caso tenha praticado ato infracional análogo ao delito do art. 28 da LD, tendo em vista que o tipo penal não prevê penas privativas de liberdade caso um adulto cometa esse crime (Inf. 772). → Ação penal e procedimento Pública incondicionada. Procedimento: Lei 9.099/95. Trata-se de IMPO. 17 b) Tráfico ilícito de drogas Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. → Sujeitos do crime Crime comum. A pena será aumentada de 1/6 a 2/3 se o agente pratica o crime: • Prevalecendo-se da função pública • No desempenho da função de educação, função de poder familiar, função de guarda ou função de vigilância. • O sujeito passivo é a coletividade. Crime de ação múltipla. → Elemento subjetivo Crime doloso. Especial fim de agir: intenção de entregar a droga para outra pessoa. → Objeto material É a droga (Portaria 344 da Anvisa - norma penal em branco em sentido estrito). Art. 1º, Parágrafo único, LD. Consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. → Consumação 18 No momento em que o indivíduo pratica o núcleo do tipo. STJ: para que se configure a conduta de "adquirir", prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, não é necessária a tradição do entorpecente e o pagamento do preço, bastando que tenha havido o ajuste. “Dessa forma, a conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de drogas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente antes que o investigado efetivamente o recebesse” (Inf. 569). → Flagrante preparado Policial finge-se de usuário. Crime impossível apenas na modalidade “vender” drogas. Na modalidade “ter em depósito” ou “guardar”, por se tratar de crime permanente, poderá ser realizada a prisão em flagrante. Portanto, o flagrante será considerado válido. → Pena Art. 42 da LD. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, a: • Natureza e a quantidade da substância ou do produto; E • Personalidade e a conduta social do agente. STF: o grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. Preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da dosimetria da pena (Inf. 818). Art. 43. Na fixação da multa, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições 19 econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 vezes o maior salário-mínimo. § único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. STF Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, e se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá fixar o regime aberto e deverá conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso (Inf. 821). → Progressão de regime Para haver a progressão de regime nos crimes da LD, exige-se o cumprimento de: • 2/5 da pena, se for primário • 3/5 da pena, se for reincidente → Livramento condicional (art. 44, §único, CP) LC para condenado a tráfico de drogas: necessário que se obedeça, além dos demais requisitos do CP, o cumprimento de 2/3 da pena, desde que o agente não seja reincidente específico. Reincidente específico: agente que tenha cometido anteriormente outro crime de tráfico de drogas, associação, fabricante, informante... → Ação penal: pública incondicionada. → Tráfico privilegiado 20 Art. 33, §4º. Nos delitos definidos no art. 33, caput, e no art. 33, §1º, as penas poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja: • Primário • Bons antecedentes • Não se dedique às atividades criminosas • Não integre organização criminosa STF considerou inconstitucional a disposição do art. 33, §4º, que dizia ser “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”. Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmoassim, negar o benefício do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com ele foi muito elevada? 1ªC: 1ª Turma do STF ➔ a grande quantidade de droga pode ser utilizada como circunstância para afastar o benefício. “Não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, 18/10/2016. Info 844). 2ªC: A 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no tráfico privilegiado (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016. Info 849). STJ, Súmula 512 (CANCELADA): a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da LD não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. Acompanhando entendimento do STF, a Terceira Seção do STJ estabeleceu que: o tráfico privilegiado de drogas não constitui crime de natureza hedionda (Inf. 595). 21 STF Há evidente constrangimento ilegal ao se enquadrar o tráfico de entorpecentes privilegiado às normas da Lei 8.072/90, especialmente porque os delitos desse tipo apresentam contornos menos gravosos e levam em conta elementos como o envolvimento ocasional e a não reincidência. Critério que o juiz levará em conta para aplicar a causa de redução de pena do tráfico privilegiado. Lei silente. STF: não é possível considerar a quantidade e natureza da droga na primeira fase da dosimetria da pena e usar novamente na terceira fase, a fim de diminuir para menos de 2/3 da pena. Princípio do ne bis in idem. STF não diz qual seria o critério para reduzir de 1/6 a 2/3 para o tráfico privilegiado. Observação: Como o crime de associação para o tráfico de droga exige estabilidade e permanência, o agente não poderá ser beneficiário da causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado. Conclusão: quem está sendo condenado por associação ao tráfico de drogas não poderá, ao mesmo tempo, receber a causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado. STJ O fato de o crime ter sido cometido nas dependências de estabelecimento prisional (inciso III do art. 40) não pode ser utilizado como fator negativo para fundamentar uma pequena redução da pena na aplicação da causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado e, ao mesmo tempo, ser empregado para aumentar a pena. Bis in idem. A circunstância deverá ser utilizada apenas como causa de aumento do art. 40, III (Inf. 586). STJ: ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante, ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). Além disso, o tráfico de drogas praticado por intermédio de adolescente que, em troca da mercancia, recebia comissão, evidencia que o acusado se dedicava a atividades criminosas, 22 circunstância apta a afastar a incidência da causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da LD (Inf. 582, STJ). STJ É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006 (Inf. 596). c) Figuras equiparadas ao tráfico de drogas – Condutas relacionadas a matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas §1º do art. 33. Nas mesmas penas de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500 dias-multa incorre quem: • I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; A matéria-prima, insumo ou produto químico não precisam ser drogas, bastando que sejam idôneos à preparação dos entorpecentes. – Condutas relacionadas a plantas que se constituam em matéria-prima para preparação de drogas • II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas; A simples posse de sementes não se encontra no tipo penal. Se o sujeito é encontrado na posse de semente de planta que é matéria-prima para droga, é necessário fazer um exame químico-toxicológico da semente, a fim de verificar se, na semente, há o princípio ativo da Lei de Drogas. ➔Se tiver o princípio ativo, haverá o crime do art. 33, caput. 23 ➔Se a semente em si não contiver o princípio ativo, como o é a semente de maconha: 1ªC: O indivíduo não comete o crime do art. 33, §1º, II, mas cometerá o crime do art. 33, §1º, I, tendo em vista que, apesar de não ser planta, não deixa de ser matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas. 2ªC: Fato atípico. A semente da maconha não contém o tetrahidrocanabinol (THC). A semente é matéria-prima, mas não é utilizada para a preparação da maconha, e sim para a produção da maconha. Como não há vedação à produção da maconha no art. 33, §1º, I, o fato seria atípico. STJ: classifica-se como "droga", para fins da Lei de Drogas, a substância apreendida que possua "canabinoides", ainda que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC) (Inf. 582). Art. 32 da Lei de Drogas. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia por meio de incineração, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. Art. 243 da Constituição Federal. Haverá a expropriação da terra, como medida sancionatória, e sem qualquer direito à indenização, nas propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Essas terras serão destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. Para a desapropriação confiscatória, é necessário processo judicial. Competência: JF. A União proporá "ação expropriatória" contra o proprietário do imóvel. Vale ressaltar: apenas 24 a União é competente para realizar a expropriação de que trata o art. 243 da CF/88, não podendo ser feita pelos outros entes federativos. STF: a expropriação recairá sobre a totalidade do imóvel, ainda que o cultivo ilegal ou a utilização de trabalho escravo tenham ocorrido em apenas parte dele. STF: o proprietário poderá evitar a expropriação se provar que não incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo, pelo fato de estarem cultivando plantas psicotrópicas em seu imóvel (Info 851). – Responsabilidade Subjetiva. Para que a sanção do art. 243, não se exige a participação direta do proprietário no cultivo ilícito, mas como se trata de sanção, exige-se algum grau de culpa. • Culpa in vigilando: é a falta de atenção com a conduta de outra pessoa.Ocorre quando não há uma fiscalização efetiva. • Culpa in eligendo: consiste na má escolha daquele a quem se confia a prática de um ato. Também chamada de “responsabilidade pela má eleição”. Se o imóvel pertencer a dois ou mais proprietários (condomínio), haverá a expropriação mesmo que apenas um deles tenha participação ou culpa. Restará ao inocente apenas o direito buscar reparação daquele que participou ou teve culpa. Importante destacar: cabe ao proprietário, e não à União, o ônus da prova de que não agiu com culpa. – Utilização de local ou bem para o tráfico ou consentimento de uso de local ou bem para que terceiro pratique tráfico Art. 33, §1º, III. Nas mesmas penas incorre quem utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. O crime só se consuma com o efetivo tráfico no local, ainda que por uma única vez. Atenção: não há menção sobre a punição para o indivíduo que cede a utilização do local ou bem para o uso de drogas. 25 Art. 63 da LD. O juiz, ao proferir a sentença de mérito, decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível. Lei 11.343/06 (continuação). d) Induzimento, instigação ou auxílio ao uso de droga § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias- multa. I Médio PO. ADIN 4.274 STF deu interpretação conforme ao art. 33, §2º, a fim de excluir qualquer intepretação que enseje proibição de manifestação ou debate público sobre a descriminalização ou da legalização do uso de drogas, mais especificamente à maconha, denominada “Marcha da Maconha”. Fundamento: liberdade de expressão. Não há instigação ao uso de drogas. Não há direcionamento especial a qualquer pessoa. → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade. → Consumação No momento em que a pessoa instigada, induzida ou auxiliada efetivamente faça uso da droga. → Ação penal Pública Incondicionada. e) Oferta eventual e gratuita para consumo conjunto 26 § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. IMPO O oferecimento da droga deverá ser: • Eventual • Sem objetivo de lucro • A pessoa do relacionamento do ofertante • Com finalidade de juntos consumirem Não pode haver habitualidade nem finalidade lucrativa. → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). → Consumação Doutrina: trata-se de crime formal. Consuma-se no momento em que a droga é oferecida, ainda que não haja o efetivo uso da droga. → Ação penal Pública Incondicionada. f) Maquinismos e objetos destinados ao tráfico de drogas Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 27 Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. Crime de conteúdo misto. Há subsidiariedade entre os crimes do tráfico de drogas e o tráfico de maquinismos e objetos destinados ao tráfico. O art. 33 absorverá o art. 34, quando não houver contextos autônomos. Ex.: sujeito comprou maquinário para produzir aquela droga. Tendo terminado a produção, o instrumento ou maquinário já não mais subsiste. Nesse caso, o crime do art. 33 absorverá o delito do art. 34. → Objeto material do crime É o objeto utilizado na criação da droga. Ex.: não se pode punir quem porta lâmina de barbear para separar cocaína em doses, ou cachimbos para uso da maconha. Ambos não auxiliam no processo criativo da droga. → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). → Ação penal Pública Incondicionada. g) Associação para o tráfico Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. Crime plurissubjetivo. 28 Requisitos: • Envolvimento de ao menos 2 pessoas (crime de concurso necessário) • Prática de tráfico de drogas (art. 33, caput), figuras equiparadas ao tráfico (art. 33, §1º) ou tráfico de maquinário (art. 34). STJ: A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006 (Inf. 576). STJ e doutrina A associação deve ter estabilidade e permanência. → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). → Consumação Crime formal. Consuma-se no momento em que há a união dos envolvidos para a prática do tráfico. Caso efetivamente pratiquem o tráfico, haverá associação em concurso material com tráfico. → Ação penal Pública Incondicionada. h) Financiamento ao tráfico de drogas • Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: • Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. Veja: esta pena é a mais severa da lei. 29 O financiamento atingirá os crimes de tráfico de drogas (art. 33, caput), figuras equiparadas ao tráfico (art. 33, §1º) ou tráfico de maquinário (art. 34). → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). → Consumação No momento em que o agente financia ou custeia de forma habitual o tráfico de drogas (Victor Rios Gonçalves e José Baltazar). Fernando Capez: é desnecessária a habitualidade. Para consumação basta um só financiamento. → Ação penal Pública Incondicionada. → Causa de aumento x crime de financiamento O financiamento também pode ser causa de aumento de pena (art. 40, VII, LD). Se o agente trafica e financia, somente responderá pelo tráfico com a pena majorada. Princípio da especialidade. Se o agente apenas financia, responderá pelo art. 36. i) Informante colaborador Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. O agente não integra efetivamente o grupo, mas colabora por meio do seu papel de informante. Ex.: fogueteiro. 30 ➔ Se o agente integrar efetivamente o grupo, não responderá por este crime, e sim pela associaçãopara o tráfico (art. 35). ➔ Policial que informa aos traficantes sobre a data da operação de combate ao tráfico que ocorrerá no morro: crime de colaboração ao tráfico de drogas (informante colaborador). Se receber dinheiro para isso, concurso material com corrupção passiva. ➔ Em geral, o informante recebe dinheiro para colaborar, mas não há exigência legal nesse sentido. Funcionário público que se aproveita de suas funções para informar traficantes sobre eventual diligência e recebe dinheiro por isso: corrupção passiva + 37 da LD, na forma do art. 69 CP. → Sujeitos do crime Sujeito ativo: qualquer pessoa. Passivo: coletividade. → Ação penal Pública Incondicionada. j) Prescrição culposa Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. IMPO Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. Prescrever: receitar. Ministrar: introduzir a substância. → Sujeitos do crime (crime próprio) Sujeito ativo: médico ou o dentista, no caso de prescrever. 31 Sujeito ativo: médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem, no caso de ministrar. Sujeitos passivos: a coletividade e a pessoa a quem a droga foi ministrada. → Ação penal Pública Incondicionada. k) Condução de embarcação ou aeronave após o consumo de droga Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias- multa. I Médio PO Crime qualificado: Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. É necessário que, em razão do consumo da droga, o agente conduza a embarcação ou aeronave de forma anormal. Não é necessário que uma pessoa específica tenha ficado em situação de risco. Basta demonstrar que o agente conduziu de forma anormal. Crime de perigo concreto. Se for veículo automotor, art. 306 do CTB. → Sujeitos do crime Sujeito ativo é qualquer pessoa Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). → Ação penal Incondicionada. II. Causas de aumento de pena 32 Art. 40. as penas previstas nos arts. 33, 34, 35, 36 e 37 desta Lei são aumentadas de 1/6 a 2/3, se: • A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; ➔Competência: Justiça Federal. ➔ Não é necessário que o agente consiga sair do país ou ingressar no país com a droga. Basta que fique demonstrado que esta era a sua finalidade. • O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; A infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; O espírito que orienta a norma é a maior reprovabilidade do comportamento e a maior capacidade de difundir o uso. STJ: para incidência dessa causa de aumento de pena pelo tráfico de drogas em transporte público, exige-se a comercialização efetiva da droga no transporte público. STF: se o agente vende a droga nas imediações de um presídio, mas o comprador não era um dos detentos nem qualquer pessoa que estava frequentando o presídio, ainda assim deverá incidir a causa de aumento. É irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local (Inf. 858). • O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; Autoriza interpretação teleológica. No caso de o indivíduo utilizar de arma de fogo para traficar, o sujeito não responderá pelo crime de tráfico de drogas e pelo crime de porte ilegal de arma de fogo, mas apenas pelo 33 tráfico majorado pelo emprego de arma de fogo, salvo se ficar constatado que o sujeito utiliza a arma em outros momentos diversos das atividades de tráfico de drogas. • Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre Estados e o Distrito Federal; Competência: Justiça Estadual. Para a incidência, basta que fique demonstrada a finalidade de transporte para outro Estado da federação, não sendo necessária a efetiva transposição de um Estado para outro. Observação Agente que importa droga com objetivo de vendê-la apenas em seu Estado da Federação. Ainda que para chegar ao seu destino tenha a droga que passar por outros Estados, incidirá apenas a causa de aumento da transnacionalidade (art. 40, I). O fato de o agente, por motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais de um Estado para chegar ao seu destino final não é suficiente para caracterizar a interestadualidade. (Inf. 586, STJ). • Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; Vulnerável como vítima ou coautor. Quem pratica tráfico na companhia de um menor não responde por corrupção de menores, mas pelo tráfico majorado pelo envolvimento do menor. Princípio da especialidade. STJ Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores. Por outro lado, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei de Drogas (Inf. 595). 34 STJ Participação do menor pode ser considerada para configurar associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, majorar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da LD (Inf. 576). Causa de aumento do art. 40, VI, LD pode ser aplicada tanto para majorar o tráfico de drogas (33) quanto para majorar a associação para o tráfico (35) praticados no mesmo contexto. Fundamento: não há bis in idem. São delitos diversos, totalmente autônomos, com motivação e finalidades distintas. STJ O fato de o agente ter envolvido um menor na prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído com drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e dependência, justifica a aplicação, em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006, ainda que haja fixação de pena-base no mínimo legal. Gravidade concreta do delito. (Inf. 576, STJ). • O agente financiar ou custear a prática do crime. Agente que, além de traficar, financia o tráfico. III. Causa de diminuição de pena (colaboração premiada) Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demaiscoautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. Quanto maior a colaboração, maior a redução de pena devida. IV. Procedimento penal a) Fase policial 35 Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. ➔ Após a prisão, para lavratura do APF e estabelecimento da materialidade, é necessário laudo de constatação provisória sobre a natureza e a quantidade da droga. O laudo provisório é firmado por um perito ou, na falta do perito, por uma pessoa idônea. Normalmente, será o escrivão, agente da polícia, policial militar, etc. Para lavratura do APF é suficiente o laudo de constatação. Após a prisão, prazo para conclusão do IP: 30 dias. Caso o indivíduo esteja solto, prazo de 90 dias. Os prazos poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, desde que haja pedido justificado do delegado de polícia. Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o MP, os seguintes procedimentos investigatórios: I. Infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes; II. Não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. STJ A investigação policial que tem como única finalidade obter informações mais concretas acerca de conduta e de paradeiro de determinado traficante, sem pretensão de identificar 36 outros suspeitos, não configura a ação controlada do art. 53, II, da LD, sendo dispensável a autorização judicial para a sua realização (Inf. 570, STJ). b) Instrução criminal Terminado o IP, os autos serão remetidos ao juízo, o qual remeterá os autos ao MP, a fim de que, no prazo de 10 dias: a) requeira o arquivamento, b) requeira novas diligências ou, c) entendendo suficiente, ofereça denúncia. ➔ Denúncia: MP arrola testemunhas (número máximo 5). ➔ Após, o juiz determina a notificação do acusado para apresentação de defesa prévia no prazo de 10 dias. ➔ Após, volta ao juiz, que irá, no prazo de 5 dias, receber a denúncia, rejeitá-la ou determinar diligências que repute imprescindíveis. ➔ Se determinar diligências imprescindíveis, o juiz fixará um prazo máximo de 10 dias, a fim de que sejam realizados estes exames ou perícias. Depois, o juiz terá mais 5 dias para receber ou rejeitar a denúncia. ➔ Recebida a denúncia, o juiz determinará a citação do acusado e intimação do MP para o dia e hora da audiência de instrução, e requisitará laudos periciais faltantes. Obs.: se estivermos diante do art. 33, caput, §1º, ou do art. 34 a 37, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. Especialmente se o sujeito se valeu da função de funcionário público para a atividade. O sujeito continuará recebendo remuneração. ➔ Se o sujeito não for encontrado para citação pessoal, será então citado por edital. Caso o sujeito não compareça à audiência nem nomeie defensor, o juiz suspenderá o processo e o prazo prescricional, nos moldes do art. 366 do CPP. 37 ➔ O acusado será citado para audiência de instrução e julgamento, a qual deve acontecer no prazo de 30 dias, a contar do momento em que foi recebida a denúncia. Observe: isso irá acontecer, caso não tenha sido determinada a realização de perícia para verificar se o acusado é dependente de drogas. Neste caso, o prazo para a AIJ será de 90 dias (art. 56, §2º). Começada a audiência, SEGUNDO A LETRA DA LEI (ARTIGO 57) o primeiro ato será o interrogatório do acusado. No CPP, o interrogatório é o último. Hoje prevalece que o interrogatório, mesmo no procedimento da Lei de Drogas, será o último ato do processo. ATENÇÃO: INFORMATIVO 609 DO STJ O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada: • nos processos penais militares; • nos processos penais eleitorais e • em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas). A tese do interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos penais só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF (11/03/2016). Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 397382-SC (Info 609). Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do 38 Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. Obs.: se o réu declara-se dependente e o juiz percebe que há indícios nesse sentido, deve determinar a realização do exame para verificar essa dependência do acusado. Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. Na sentença, o juiz deverá decretar também a perda de veículos, embarcações, aeronaves, bem como de maquinários, utensílios e objetos utilizados para a prática do crime. c) Destruição da droga § 3o Recebida cópia do APF, o juiz, no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação do delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Público, determinará a destruição das amostras guardadas para contraprova, certificando isso nos autos. d) Competência Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva. STJ, Súmula 528: compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. e) Laudo de constatação e laudo toxicológico Apreendida a droga, dois exames serão necessários: • Laudo de constatação: laudo provisório, sem caráter científico, que é feito por um perito oficial ou pessoa idônea, caso não haja perito oficial. 39 O laudo de constatação afere a natureza e a quantidade da droga. Com ele, permitem- se a lavratura do APF, o oferecimento da denúnciae o recebimento da denúncia. • Laudo definitivo: laudo que resulta de exame químico-toxicológico, comprovando a materialidade do delito. Art. 50, §2º. O perito que subscrever o laudo de constatação não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. Atenção: O laudo definitivo deverá ser juntado antes da realização da AIJ. É comum que não seja juntado a tempo, sendo realizada a AIJ com a oitiva das testemunhas e interrogatório e, após, aguarda-se a chegada do laudo definitivo para que as partes se manifestem acerca dele nas alegações finais, apesar da ausência de previsão legal. Após, o juiz prolata a sentença, já que não há qualquer prejuízo ao réu. f) Inimputabilidade na Lei de Drogas Art. 45 da LD. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Há 3 espécies de inimputabilidade na Lei de Drogas: • Dependência da droga: réu que, em razão da dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. ➔Enseja absolvição imprópria • Caso fortuito: réu que, por estar sob o efeito de droga, proveniente de caso fortuito, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 40 • Força maior: réu que, por estar sob o efeito de droga, proveniente de força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Hipóteses de caso fortuito ou força maior: absolvição própria. Os semi-imputáveis serão condenados, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3, e, eventualmente, substituída por medida de segurança. Art. 26. A pessoa condenada pela prática de qualquer infração penal, que seja dependente de droga, e que esteja cumprindo pena privativa de liberdade ou medida de segurança, deverá ter assegurado o tratamento dentro do sistema penitenciário ou dentro do hospital de custódia. O condenado dependente que esteja cumprindo pena fora do sistema prisional deverá ser submetido a tratamento por um profissional de saúde. g) Exame de dependência A realização do exame de dependência toxicológica deverá ser determinada pelo juiz, caso o acusado declare ser dependente ou se houver indícios nesse sentido. Não suspenderá o trâmite da ação penal. h) Apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado → Bens ou valores obtidos com o tráfico Sendo um bem móvel, imóvel ou valores consistentes em produtos ou proveitos dos crimes, o juiz poderá determinar a apreensão desses bens móveis, imóveis ou valores. Art. 61. O juiz poderá autorizar que o bem apreendido seja utilizado por órgãos ou pelas entidades que atuam na prevenção do uso indevido de drogas, na atenção e reinserção social de usuários de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. Ao proferir a sentença, o juiz vai decretar a perda desses bens e valores que sejam decorrentes do tráfico de drogas. 41 h) Bens utilizados para o tráfico Ex.: carro utilizado para o tráfico (o agente comercializa drogas dentro do carro por ser mais discreto). Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes definidos nesta Lei, serão apreendidos e ficarão sob custódia da autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma de legislação específica. A perda desses bens e valores apreendidos será decretada na sentença pelo juiz, caso em que serão perdidos em favor da União, devendo ser revertidos ao Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD). 3. Lei de Terrorismo (Lei 13.260/16) Art. 1º. Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal e: • Disciplina o terrorismo • Trata de disposições investigatórias e processuais • Reformula o conceito de organização terrorista • Art. 5º, XLIII, da CF (mandado de criminalização): • A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. • A Lei 13.260/16 concretiza esse dispositivo constitucional. I. Conceito de terrorismo 42 Art. 2º. O terrorismo consiste na prática dos atos definidos no §1º do art. 2º, quando praticados por um ou mais indivíduos: • Por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião • Cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado • Expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. Perceba: Ato descrito no §1º + Motivação (ex.: xenofobia) + especial fim de agir (ex.: provocar terror social) + Exposição a perigo (crime de perigo concreto). Crime formal: o sujeito não precisa provocar efetivamente o terror social ou generalizado. Basta tal finalidade. II. Atos de terrorismo Art. 2º, § 1º. São atos de terrorismo: • Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa; Autoriza interpretação analógica. ➔Tipo penal misto alternativo. 43 ➔ A lei pune atos preparatórios (ameaça usar, portar, guardar e transportar o explosivo ➔ Direito Penal de 3º Velocidade). • Sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento. ➔ Entidades com enorme relevância social. Ex.: o indivíduo apodera-se do sistema aeroportuário para derrubar aviões e causar terror social, tendo em vista entender que os cidadãos brasileiros são inescrupulosos. • Atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa Basta uma única pessoa. Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência. Sistema de cúmulo material. § 2o O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei Art. 3o Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista: Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa. 44 A lei punea associação para o terrorismo. O autor poderá ser: • Líder da organização: “promover”; • Fundador da organização: “constituir”; • Integrar posteriormente à criação: “integrar”; • Auxiliar de qualquer forma: “prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa”. Art. 5º. Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito. Pena: a correspondente ao delito consumado, diminuída de 1/4 até 1/2. ➔ O artigo 5º diz que o ato preparatório “do ato preparatório” é crime. Princípio da ofensividade absolutamente ignorado. ➔ O tipo penal não diz quais atos são considerados preparatórios de terrorismo. Violação ao princípio da legalidade estrita. § 1º. Incorre nas mesmas penas, o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo: • Recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou • Fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade. ➔Terrorismo com caráter transnacional. ➔Tipo misto alternativo. Treinamento ou recrutamento privilegiado. §2º. Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de 1/2 a 2/3. 45 Financiamento do terrorismo Art. 6º. Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes de terrorismo. Pena: reclusão de 15 a 30 anos. É pena mais grave do que a de terrorismo. Parágrafo único. Incorre na mesma pena de reclusão de 15 a 30 anos quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes de terrorismo. ➔Pune o lobista, ou seja, aquele que arrumou o financiador. Art. 7º. Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime de terrorismo, se de algum deles resultar: • Lesão corporal grave: aumenta-se a pena de 1/3 • Morte: aumenta-se a pena da 1/2 (metade) Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do art. 5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 do CP (arrependimento eficaz e desistência voluntária). Ex.: sujeito alugou local para guardar os explosivos para atentado terrorista, mas desiste de o fazer. O sujeito somente responde pelos atos até então praticados. III. Competência Art. 11. 46 Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei 13.260/16 são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal. IV. Medidas assecuratórias Art. 12. O juiz, DE OFÍCIO, a requerimento do MP ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o MP em 24 horas, havendo indícios suficientes de crime de terrorismo, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes de terrorismo. §1º. Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. §2º. O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. §3º. Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no §1º. §4º. Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal ANTECEDENTE ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. Art. 13. 47 Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o MP, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de compromisso. Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens: ➔ Fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração; ➔ Prestará contas, por determinação judicial, além de dar informações periódicas da situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados. Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao conhecimento do MP, que requererá o que entender cabível. Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes de terrorismo praticados no estrangeiro. §1º. Será aplicada essa disposição, independentemente de tratado ou convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da autoridade solicitante. § 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. Art. 16. será aplicado ao crime de terrorismo as disposições da Lei nº 12.850/13 para a investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei. Art. 17. Aplicam-se aos crimes de terrorismo as disposições da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90). Art. 18. No caso de crimes de terrorismo, caberá também prisão temporária, inserindo a alínea “p” ao rol dos crimes que a autorizam. 48 Tortura. Estatuto do desarmamento. 4. Lei de Tortura (Lei 9.455/97) A Declaração Universal dos Direitos do Homem, que é de 1948, vai dizer no seu art. 5º que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. A CF também diz o mesmo no art. 5º, III, da CF. A CF ainda diz, no art. 5, XLIII, que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Perceba que o dispositivo traz o chamado mandado de criminalização. I. Crimes em espécie a) Tortura-prova, tortura-crime e tortura discriminatória Segundo o art. 1º, inciso I, constitui crime de tortura a conduta de constranger alguém com emprego de
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