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MP 6 LEIS PENAIS ESPECIAIS

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1 
 
 
MP 6 
LEIS PENAIS ESPECIAIS 
Sumário 
1. Lei dos Crimes Hediondos e Equiparados (Lei 8.072/90) ......................................................2 
2. Lei de Drogas (Lei 11.343/06) .............................................................................................13 
3. Lei de Terrorismo (Lei 13.260/16) ......................................................................................41 
4. Lei de Tortura (Lei 9.455/97) ..............................................................................................48 
5. Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) ......................................................................55 
6. Lei de Contravenções penais (Decreto-Lei 3.688/41) .........................................................74 
7. Crimes de Trânsito (Lei 9.503/97) ......................................................................................95 
8. Crimes contra o Consumidor (Lei 8.078/90) .....................................................................112 
9. Crimes contra as Relações de Consumo (Lei 8.137/90) ....................................................122 
10. Lei de Genocídio (Lei 2.889/56) ......................................................................................126 
11. Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) ....................................................................130 
12. Crimes de Preconceito ou Discriminação (Lei 7.716/89) ................................................146 
13. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86) .........................................155 
14. Crimes de Licitações (Lei 8.666/93) ................................................................................175 
15. Crimes contra a Ordem Tributária (Lei 8.137/90) ...........................................................183 
16. Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) ........................................................................193 
17. Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei 9.613/98) ....................................................................219 
18. Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13) ...............................................................233 
 
 
 
 
 
2 
 
LEIS PENAIS ESPECIAIS 
Crimes hediondos e equiparados. Lei 11.343/06. 
1. Lei dos Crimes Hediondos e Equiparados (Lei 8.072/90) 
I. Introdução 
Art. 5º, XLIII. 
A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem. 
• Trata-se de um mandado de criminalização e mandado de recrudescimento do 
tratamento destes crimes pela legislação infraconstitucional, já que a lei considerará 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. 
• O dispositivo alcança os crimes hediondos e os crimes equiparados a hediondos 
(3 Ts). 
 
II. Rol dos crimes hediondos 
Lei 8.072/90. 
O caráter hediondo de um crime depende da previsão legal. 
A natureza hedionda do crime independe de o crime estar consumado ou ser tentado 
(art. 1º). 
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código 
Penal, consumados ou tentados: 
• Homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado; 
 
3 
 
Doutrina ➔ Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio: 
basta que seja caracterizado por uma impessoalidade na escolha da vítima. Ex.: matar alguém 
que pertença determinada classe social, que seja homossexual, policial etc. 
Basta que o crime de homicídio tenha sido exercido em atividade típica de grupo de 
extermínio. Não é necessário que o agente faça parte de algum grupo de extermínio. 
Se houver efetivamente um grupo de extermínio, aplica-se a causa de aumento de 1/3 
ao crime de homicídio (121, §6º, CP). 
Homicídio qualificado-privilegiado 
Doutrina diverge sobre a possibilidade ou não de o homicídio qualificado-privilegiado 
ter caráter hediondo: 
1ªC: Damásio. O crime de homicídio qualificado-privilegiado não é hediondo. 
Fundamento: o CP diz que devem preponderar circunstâncias de caráter subjetivo. O 
privilégio é subjetivo. 
Entendimento majoritário e adotado pelo STJ. 
2ªC: o homicídio qualificado-privilegiado deve ser considerado hediondo, pois não se 
deve equiparar a qualificadora com o privilégio. 
Fundamento: a qualificadora implica nova tipificação (novo intervalo da pena). O 
privilégio é simples causa de diminuição da pena. Logo, deve preponderar a qualificadora. 
Entendimento minoritário. 
• Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte, 
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição; 
Lesão corpora gravíssima funcional e homicídio preterdoloso funcional. 
Perceba: a expressão parentesco consanguíneo foi utilizada para excluir o parentesco 
por afinidade. 
 
4 
 
Doutrina: caso o agente de segurança pública tenha um filho adotivo, haverá incidência 
do dispositivo para incluir o crime como hediondo. Não haveria analogia in malam partem, 
pois a CF proíbe qualquer distinção entre filhos. Trata-se de interpretação extensiva. 
• Latrocínio 
Roubo seguido de morte, culposa ou dolosa, decorrente de violência. 
• Extorsão qualificada pela morte 
extorsão qualificada pela morte decorrente de violência. 
 
Lembre-se: o sequestro relâmpago pode 
caracterizar o crime de extorsão: 
158, § 3º. Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 
(seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as 
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
Este sequestro relâmpago pode ser qualificado pelo resultado morte. 
Doutrina: o crime de sequestro-relâmpago qualificado pela morte é ou não é crime 
hediondo, visto que não há expressamente na Lei 8.072/90 a previsão do art. 158, §3º? 
1ªC: não é hediondo. Fundamento: não cabe analogia in malam partem. Precedentes 
dos Tribunais Superiores. 
2ªC: é hediondo. A lei manda aplicar as mesmas penas do crime de extorsão mediante 
sequestro qualificado, e este é sempre crime hediondo (art. 1º, V, da Lei 8.072/90). Se é para 
aplicar as mesmas penas, quer dizer que é crime hediondo. 
3ªC: 
O sequestro relâmpago é uma modalidade do crime de extorsão. A extorsão, quando é 
qualificada pela lesão corporal grave, não é hedionda. Então o sequestro-relâmpago 
qualificado pela lesão grave também não poderá ser hediondo. 
 
5 
 
A extorsão, quando qualificada pelo resultado morte, será considerado crime hediondo. 
Então, o sequestro-relâmpago, quando qualificado pelo resultado morte, também deve ser 
considerado crime hediondo. Victor Rios Gonçalves. 
• Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada 
Veja: a extorsão mediante sequestro simples é crime hediondo. 
• Estupro 
• Estupro de vulnerável 
• Epidemia com resultado morte (267, §1º, CP) 
Epidemia: surto de uma doença que atingirá número indeterminado de pessoas de uma 
determinada região ou local. Isto se dá através de propagação de germes patogênicos. 
Provocar a epidemia, por si só, não é crime hediondo. Para ser hediondo, é precisoque 
essa epidemia tenha resultado em morte. A epidemia deve ser de forma dolosa. Não é 
hedionda a epidemia culposa com resultado morte (267, §2º, CP). 
• Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins 
terapêuticos ou medicinais 
Para que incida a natureza hedionda do delito, esta falsificação deve ter se dado 
dolosamente. Caso tenha se dado culposamente, não haverá crime hediondo. 
• Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável 
• Genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou 
consumado 
Art. 1º. Constitui crime de genocídio quem, com a intenção de destruir, no todo ou em 
parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso: 
• Mata membros do grupo: será aplicada a pena do homicídio qualificado 
(12 a 30 anos). 
• Causa lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo: 
será aplicada a pena da lesão corporal gravíssima (2 a 8 anos). 
 
6 
 
• Submete intencionalmente o grupo a condições de existência capazes 
de ocasionar a eles a destruição física total ou parcial: aplica-se a pena do envenenamento 
de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal (10 a 15 anos). 
• Adota medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo: 
aplica-se a pena do aborto provocado por terceiro (3 a 10 anos). 
• Efetua a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo: 
aplica-se a pena do sequestro (1 a 3 anos). 
 
Art. 2º 
II) Crime de associação para fins de genocídio: associarem mais de 3 pessoas para 
prática dos crimes de genocídio. Pena: metade da cominada aos crimes ali previstos. 
 
Art. 3º 
III) Crime de incitação ao genocídio: incitar, direta e publicamente, alguém a cometer 
qualque 
r dos crimes de genocídio. Pena: metade da cominada aos crimes ali previstos. 
§1º do art. 3º: a pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este 
se consumar. 
§2º do art. 3º: a pena será aumentada de 1/3, quando a incitação for cometida pela 
imprensa. 
 
• Art. 4º: a pena será aumentada de 1/3, no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, 
quando cometido o crime por governante ou funcionário público. 
• Art. 5º: será punida com 2/3 das respectivas penas a tentativa dos crimes 
definidos nesta lei. 
• Art. 6º. Os crimes acima previstos não serão considerados crimes 
políticos para efeitos de extradição. 
 
• Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei 
10.826/03) – incluído pela lei 13.497/17. 
Novatio legis in pejus. 
 
7 
 
Existe discussão sobre a abrangência do tipo penal: se alcança o caput e o parágrafo 
único do artigo 16 do ED, ou apenas o caput. 
Apesar de entendimentos em sentido diverso, entendemos que as figuras descritas no 
parágrafo único são alcançadas pela nova lei e, portanto, são também consideradas crimes 
hediondos. 
Fundamentos: 
A) onde o legislador não diferenciou, não cabe ao intérprete diferenciar. 
B) o legislador pune as condutas do caput e do parágrafo único com a mesma pena, de 
maneira que possuem igual reprovabilidade, o que significa que merecem idêntico 
tratamento. 
Apesar de entendimentos em sentido diverso, entendemos que as figuras descritas no 
parágrafo único são alcançadas pela nova lei e, portanto, são também consideradas crimes 
hediondos. 
Fundamentos: 
A) onde o legislador não diferenciou, não cabe ao intérprete diferenciar. 
B) o legislador pune as condutas do caput e do parágrafo único com a mesma pena, de 
maneira que possuem igual reprovabilidade, o que significa que merecem idêntico 
tratamento. 
Artigo 16 da Lei 10.826/03: 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, 
ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de 
fogo ou artefato; 
 
8 
 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma 
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a 
erro autoridade policial, perito ou juiz; 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, 
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, 
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer 
forma, munição ou explosivo. 
Observações: 
1. STF e STJ: o crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 LD) não é 
considerado crime equiparado a hediondo. 
Fundamento: a Lei 8.072/90 não faz menção ao crime. 
2. A Lei 8.072/90 não faz menção aos crimes militares. Dessa forma, o crime militar, 
ainda que seja uma das condutas previstas como hediondas, não será considerado hediondo. 
Fundamento: infrações penais cometidas por militares em serviço são crimes militares. 
III. Anistia, graça, indulto e fiança 
Art. 2º. Os crimes hediondos, a tortura, o tráfico ilícito de drogas e o terrorismo são: 
• Insuscetíveis de anistia, graça e indulto 
• Insuscetíveis de fiança 
CF não tinha mencionado o indulto. A Lei dos Crimes Hediondos acrescentou a 
insuscetibilidade do indulto. 
STF: não há qualquer inconstitucionalidade, pois graça e indulto ontologicamente não 
se distinguem. 
 
9 
 
• Graça: perdão de caráter individual 
• Indulto: perdão em sentido coletivo. 
Se está vedada a graça, está vedado o indulto. 
Lei de Torturas (Lei 9.455/97) ➔ veio após a Lei 8.072/90 e não previu a 
insuscetibilidade de indulto para tortura, apenas abrangendo a anistia e a graça. Existe 
discussão doutrinária. 
CESPE (Delta GO/2017) considerou correta a seguinte assertiva: “Embora tortura, tráfico 
de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos, também são insuscetíveis de fiança, 
anistia, graça e indulto”. 
Art. 44 da Lei de Drogas ➔ proíbe expressamente o indulto, graça e anistia aos crimes 
de tráfico de drogas e equiparados. 
IV. Regime inicial fechado 
Art. 2º, §1º. A pena por crime hediondo será cumprida inicialmente em regime fechado. 
STF: essa redação é inconstitucional. Viola o princípio da individualização da pena. 
Aplica-se o art. 33, §2º, do CP. 
V. Regras para progressão de regime 
Art. 2º, §2º. A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes hediondos ou 
equiparados a hediondos, se dará: 
Primário: após o cumprimento de 2/5 da pena 
Reincidente: após o cumprimento de 3/5 da pena. 
Pela redação originária da Lei 8.072, o sujeito deveria cumprir a pena em regime 
integralmente fechado. STF reputou inconstitucional. 
Posteriormente, a Lei 11.464/07 trouxe a nova redação (cumprimento de 2/5 pelo 
primário e 3/5 pelo reincidente), qualquer que seja a reincidência. 
STF, SV 26: para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime 
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º 
da Lei 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos 
 
10 
 
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim,de modo fundamentado, 
a realização de exame criminológico. 
Conclusão 
Até 2007, como não havia a regra da Lei 11.464, aplicam-se as regras previstas no Código 
Penal e da Lei de Execuções Penais: progressão de regime por meio do cumprimento de 1/6 
da pena, desde que cumpridos os demais requisitos objetivos e subjetivos. 
VI. Direito de apelar em liberdade 
Art. 2º, §3º. Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se 
o réu poderá apelar em liberdade. 
Em verdade, o direito de apelar independe da liberdade. Mesmo que o indivíduo esteja 
foragido, poderá o sujeito interpor recurso de apelação. 
Refere-se à prisão preventiva. 
VII. Prisão temporária 
Dá-se no curso do inquérito policial (imprescindível para as investigações policiais ou 
para esclarecimento da identidade do investigado) 
 
Regra: prazo de 5 dias, prorrogável por mais 5 dias. 
Art. 2º, §4º. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960/89, nos crimes 
hediondos e equiparados, terá o prazo de 30 dias, prorrogável por igual período em caso de 
extrema e comprovada necessidade. 
VIII. Estabelecimentos penais 
Art. 3º. A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados 
ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência 
em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. 
IX. Livramento condicional 
Art. 5º da Lei 8.072/90 inseriu o inciso V ao art. 83 do CP. 
 
11 
 
LC para condenados por crime hediondo, tortura, tráfico de drogas, tráfico de pessoas 
e terrorismo (redação Lei 13.344/16). Necessário que o condenado: 
• Cumpra mais de 2/3 da pena 
• Não seja reincidente específico em crimes de natureza hedionda ou equiparada 
a hedionda 
 
Lembrando... (artigo 83 do CP): 
Art. 83 - O juiz poderá conceder LC ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou 
superior a 2 anos, desde que: 
I - cumprida + de 1/3 da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e 
tiver bons antecedentes; 
II - cumprida + da 1/2 se o condenado for reincidente em crime doloso; 
III - comprovado comportamento satisfatório + bom desempenho no trabalho + aptidão 
para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo 
Art. 44, parágrafo único, da Lei de Drogas: 
Nos crimes dos arts. 33, caput e § 1º, e 34, 35, 36 e 37, caberá o LC após o cumprimento 
de 2/3 da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. 
Vale lembrar: o crime de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da LD) não é 
hediondo nem equiparado. Bastará o cumprimento de 1/6 da pena para progressão de 
regime. Por outro lado, STJ: o prazo para se obter o LC será de 2/3 porque este requisito é 
exigido pelo parágrafo único do art. 44 da LD (Inf. 568). 
X. Delação eficaz 
Art. 7º. Ao art. 159 do CP (extorsão mediante sequestro) fica acrescido o §4º: 
 
12 
 
Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois 
terços. 
Causa de diminuição da pena. Requisitos necessários: 
• Número plural da agentes 
• Delação feita por um deles 
• Eficácia da delação para proporcionar a libertação da vítima 
O quantum da redução variará conforme a maior ou menor contribuição para a 
libertação da vítima. 
XI. Associação criminosa qualificada 
Art. 8º. Será de 3 a 6 anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, 
quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico de drogas ou terrorismo. 
Lembrando: há associação criminosa quando 3 ou mais pessoas se reúnem para a 
prática de crimes. 
Perceba: a associação criminosa qualificada não é crime hediondo. 
Não constitui crime hediondo a conduta de associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim 
específico de cometer crimes hediondos. 
XII. Traição benéfica 
Art. 8º, § único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou 
quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. 
Lei 11.343/06, art. 35. Associação para o tráfico. Delito específico. 
• Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, 
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta 
Lei: 
Apesar de a redação do artigo dizer “reiteradamente ou não”, a jurisprudência entende 
que, para a configuração da associação para o tráfico, são necessárias a estabilidade e 
permanência. 
 
13 
 
 
2. Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 
I. Crimes e das penas 
a) Porte e cultivo para consumo próprio 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para 
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
• I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
• II - prestação de serviços à comunidade; 
• III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
• § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, 
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou 
produto capaz de causar dependência física ou psíquica. 
Destrinchando o tipo: 
• “Adquirir”: crime instantâneo. 
• “Guardar”, “ter em depósito”, “transportar” ou “trouxer consigo”: crime 
permanente. 
• “Para consumo pessoal”: elemento subjetivo do tipo. Especial fim de agir. 
• “Droga”: Portaria 344 da Anvisa. Norma penal em branco. 
• “Sem autorização ou em desacordo com determinação legal”: elemento 
normativo do tipo. 
• Penas: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à 
comunidade e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. 
Não há pena privativa de liberdade. 
 
14 
 
• Lei de Introdução ao CP ➔ para ser crime, é necessário haver pena de reclusão 
ou de detenção no preceito secundário. 
• Lei específica pode prever crime sem pena privativa de liberdade. 
STF: houve apenas a despenalização, mas não a descriminalização do delito de porte ou 
cultivo para consumo próprio da droga. Outros: houve apenas a descarcerização. 
• Crime de ação múltipla: tipo misto alternativo. 
• Observe: o tipo penal não pune o uso pretérito da droga. 
Sujeito que faz o teste antidoping em que fica constatado que, há menos de 60 dias, 
fumou maconha ➔ não responderá pelo crime. A lei pune quem coloca em risco à sociedade, 
ou seja, o perigo social. Esse perigo é representado pela detenção atual da droga. 
→ Elemento subjetivo do tipo 
Ter a droga para uso exclusivamente seu, consumo próprio. 
Norma interpretativa: art. 28, §2º. 
Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá: 
• À natureza e à quantidade da substância apreendida 
• Ao local e às condições em que se desenvolveu a ação 
• Às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes 
do agente 
→ Natureza do crime 
Crime de perigo abstrato. 
Jurisprudência: não se aplica o princípio da insignificância para este crime. 
→ Sujeitos do crime 
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. 
O sujeito passivo é a coletividade, ou seja, a saúde pública. 
→ Consumação 
 
15 
 
Quando o agente adquire (momento em que fecha o negócio, bastando o acordo). 
STJ: para configurar a conduta de "adquirir", não é necessária a tradição do 
entorpecente e o pagamento do preço, bastando que tenha havido o ajuste. 
Não é indispensável que a droga tenha sido entregue ao comprador e o dinheiro pago 
ao vendedor, bastando que tenha havido a combinação da venda (Inf. 569). Estejulgado serviu 
para o tráfico de drogas, mas seus fundamentos são válidos. 
• Com relação às condutas “guardar”, “ter em depósito”, “transportar” ou 
“trouxer consigo”: crime é permanente. A consumação se protrai no tempo. A captura do 
agente em flagrante é admitida enquanto não cessar a permanência. 
Captura, porque não se admite a prisão em flagrante para o crime de porte de drogas 
para uso próprio. 
→ Pena 
Pena para o crime de porte de drogas para uso próprio será de: 
• Advertência sobre os efeitos das drogas; 
• Prestação de serviços à comunidade; 
• Medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. 
• Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o 
defensor. 
§3º do art. 28. 
As penas de prestação de serviços à comunidade e de medida educativa de 
comparecimento à programa ou curso educativo serão aplicadas pelo: 
• Prazo máximo de 5 meses 
• Prazo máximo de 10 meses, em caso de reincidência. 
§5º. A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, 
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou 
 
16 
 
privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo 
ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§6º. Para garantia do cumprimento das medidas educativas, caso o agente, 
injustificadamente, se recuse a cumpri-las, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: 
• Admoestação verbal 
• Multa 
• Dias-multa: mínimo de 40 e máximo de 100, devendo o juiz atender à 
reprovabilidade da conduta do agente. 
• Valor do dia-multa: de 1/30 avos até 3 vezes o valor do maior salário mínimo, 
obedecida à capacidade econômica do agente. 
• Os valores serão creditados ao Fundo Nacional de Antidrogas. 
 
§7º. O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, 
gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento 
especializado. 
Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no 
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
Lembrando: caso o agente seja menor de 21 anos na data do fato, a prescrição deverá 
ser reduzida da metade - art. 115 CP. 
STF: não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do 
adolescente caso tenha praticado ato infracional análogo ao delito do art. 28 da LD, tendo 
em vista que o tipo penal não prevê penas privativas de liberdade caso um adulto cometa esse 
crime (Inf. 772). 
→ Ação penal e procedimento 
Pública incondicionada. 
Procedimento: Lei 9.099/95. Trata-se de IMPO. 
 
17 
 
b) Tráfico ilícito de drogas 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização 
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa. 
→ Sujeitos do crime 
Crime comum. 
A pena será aumentada de 1/6 a 2/3 se o agente pratica o crime: 
• Prevalecendo-se da função pública 
• No desempenho da função de educação, função de poder familiar, função de 
guarda ou função de vigilância. 
• O sujeito passivo é a coletividade. 
 
Crime de ação múltipla. 
→ Elemento subjetivo 
Crime doloso. 
Especial fim de agir: intenção de entregar a droga para outra pessoa. 
→ Objeto material 
É a droga (Portaria 344 da Anvisa - norma penal em branco em sentido estrito). 
Art. 1º, Parágrafo único, LD. Consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos 
capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas 
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
→ Consumação 
 
18 
 
No momento em que o indivíduo pratica o núcleo do tipo. 
STJ: para que se configure a conduta de "adquirir", prevista no art. 33 da Lei nº 
11.343/2006, não é necessária a tradição do entorpecente e o pagamento do preço, 
bastando que tenha havido o ajuste. 
“Dessa forma, a conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e 
também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente 
configura o crime de tráfico de drogas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que 
a polícia, com base em indícios obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a 
apreensão do material entorpecente antes que o investigado efetivamente o recebesse” (Inf. 
569). 
→ Flagrante preparado 
Policial finge-se de usuário. 
Crime impossível apenas na modalidade “vender” drogas. 
Na modalidade “ter em depósito” ou “guardar”, por se tratar de crime permanente, 
poderá ser realizada a prisão em flagrante. 
Portanto, o flagrante será considerado válido. 
→ Pena 
Art. 42 da LD. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre as 
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, a: 
• Natureza e a quantidade da substância ou do produto; E 
• Personalidade e a conduta social do agente. 
STF: o grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. 
Preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da 
dosimetria da pena (Inf. 818). 
Art. 43. Na fixação da multa, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, 
determinará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições 
 
19 
 
econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5 vezes o maior 
salário-mínimo. 
§ único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão impostas sempre 
cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situação 
econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. 
STF 
Se o réu, não reincidente, for condenado, por tráfico de drogas, a pena de até 4 anos, 
e se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem positivas (favoráveis), o juiz deverá 
fixar o regime aberto e deverá conceder a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos, preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. 
A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para justificar a 
fixação do regime mais gravoso (Inf. 821). 
→ Progressão de regime 
Para haver a progressão de regime nos crimes da LD, exige-se o cumprimento de: 
• 2/5 da pena, se for primário 
• 3/5 da pena, se for reincidente 
 
→ Livramento condicional (art. 44, §único, CP) 
LC para condenado a tráfico de drogas: necessário que se obedeça, além dos demais 
requisitos do CP, o cumprimento de 2/3 da pena, desde que o agente não seja reincidente 
específico. 
Reincidente específico: agente que tenha cometido anteriormente outro crime de 
tráfico de drogas, associação, fabricante, informante... 
→ Ação penal: pública incondicionada. 
→ Tráfico privilegiado 
 
20 
 
Art. 33, §4º. Nos delitos definidos no art. 33, caput, e no art. 33, §1º, as penas poderão 
ser reduzidas de 1/6 a 2/3, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o 
agente seja: 
• Primário 
• Bons antecedentes 
• Não se dedique às atividades criminosas 
• Não integre organização criminosa 
 
STF considerou inconstitucional a disposição do art. 33, §4º, que dizia ser “vedada a 
conversão em penas restritivas de direitos”. 
Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmoassim, negar o 
benefício do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com 
ele foi muito elevada? 
1ªC: 1ª Turma do STF ➔ a grande quantidade de droga pode ser utilizada como 
circunstância para afastar o benefício. 
“Não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja 
integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o 
afastamento da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, 
Rel. Min. Marco Aurélio, 18/10/2016. Info 844). 
2ªC: A 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não constitui, 
isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no 
tráfico privilegiado (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 29/11/2016. 
Info 849). 
STJ, Súmula 512 (CANCELADA): a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no 
art. 33, § 4º, da LD não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. 
Acompanhando entendimento do STF, a Terceira Seção do STJ estabeleceu que: o 
tráfico privilegiado de drogas não constitui crime de natureza hedionda (Inf. 595). 
 
21 
 
STF 
Há evidente constrangimento ilegal ao se enquadrar o tráfico de entorpecentes 
privilegiado às normas da Lei 8.072/90, especialmente porque os delitos desse tipo 
apresentam contornos menos gravosos e levam em conta elementos como o envolvimento 
ocasional e a não reincidência. 
Critério que o juiz levará em conta para aplicar a causa de redução de pena do tráfico 
privilegiado. Lei silente. 
STF: não é possível considerar a quantidade e natureza da droga na primeira fase da 
dosimetria da pena e usar novamente na terceira fase, a fim de diminuir para menos de 2/3 
da pena. Princípio do ne bis in idem. 
STF não diz qual seria o critério para reduzir de 1/6 a 2/3 para o tráfico privilegiado. 
Observação: 
Como o crime de associação para o tráfico de droga exige estabilidade e permanência, 
o agente não poderá ser beneficiário da causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado. 
Conclusão: quem está sendo condenado por associação ao tráfico de drogas não poderá, 
ao mesmo tempo, receber a causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado. 
STJ 
O fato de o crime ter sido cometido nas dependências de estabelecimento prisional 
(inciso III do art. 40) não pode ser utilizado como fator negativo para fundamentar uma 
pequena redução da pena na aplicação da causa de diminuição de pena do tráfico 
privilegiado e, ao mesmo tempo, ser empregado para aumentar a pena. Bis in idem. A 
circunstância deverá ser utilizada apenas como causa de aumento do art. 40, III (Inf. 586). 
STJ: ainda que o réu comprove o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma 
concomitante, ele se dedicava a atividades criminosas, não terá direito à causa especial de 
diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). 
Além disso, o tráfico de drogas praticado por intermédio de adolescente que, em troca 
da mercancia, recebia comissão, evidencia que o acusado se dedicava a atividades criminosas, 
 
22 
 
circunstância apta a afastar a incidência da causa especial de diminuição de pena prevista 
no art. 33, § 4º, da LD (Inf. 582, STJ). 
STJ 
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação 
da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício 
legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006 (Inf. 596). 
c) Figuras equiparadas ao tráfico de drogas 
– Condutas relacionadas a matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à 
preparação de drogas 
§1º do art. 33. Nas mesmas penas de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 
1.500 dias-multa incorre quem: 
• I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, 
oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, 
matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
A matéria-prima, insumo ou produto químico não precisam ser drogas, bastando que 
sejam idôneos à preparação dos entorpecentes. 
– Condutas relacionadas a plantas que se constituam em matéria-prima para 
preparação de drogas 
• II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a 
preparação de drogas; 
 A simples posse de sementes não se encontra no tipo penal. 
Se o sujeito é encontrado na posse de semente de planta que é matéria-prima para 
droga, é necessário fazer um exame químico-toxicológico da semente, a fim de verificar se, na 
semente, há o princípio ativo da Lei de Drogas. 
➔Se tiver o princípio ativo, haverá o crime do art. 33, caput. 
 
23 
 
➔Se a semente em si não contiver o princípio ativo, como o é a semente de maconha: 
1ªC: O indivíduo não comete o crime do art. 33, §1º, II, mas cometerá o crime do art. 
33, §1º, I, tendo em vista que, apesar de não ser planta, não deixa de ser matéria-prima, 
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas. 
2ªC: Fato atípico. A semente da maconha não contém o tetrahidrocanabinol (THC). A 
semente é matéria-prima, mas não é utilizada para a preparação da maconha, e sim para a 
produção da maconha. Como não há vedação à produção da maconha no art. 33, §1º, I, o fato 
seria atípico. 
STJ: classifica-se como "droga", para fins da Lei de Drogas, a substância apreendida que 
possua "canabinoides", ainda que naquela não haja tetrahidrocanabinol (THC) (Inf. 582). 
Art. 32 da Lei de Drogas. 
As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia por 
meio de incineração, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo 
lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, 
asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. 
Art. 243 da Constituição Federal. 
Haverá a expropriação da terra, como medida sancionatória, e sem qualquer direito à 
indenização, nas propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Essas terras serão destinadas à reforma 
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. 
Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e 
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. 
Para a desapropriação confiscatória, é necessário processo judicial. Competência: JF. A 
União proporá "ação expropriatória" contra o proprietário do imóvel. Vale ressaltar: apenas 
 
24 
 
a União é competente para realizar a expropriação de que trata o art. 243 da CF/88, não 
podendo ser feita pelos outros entes federativos. 
STF: a expropriação recairá sobre a totalidade do imóvel, ainda que o cultivo ilegal ou 
a utilização de trabalho escravo tenham ocorrido em apenas parte dele. 
STF: o proprietário poderá evitar a expropriação se provar que não incorreu em culpa, 
ainda que in vigilando ou in eligendo, pelo fato de estarem cultivando plantas psicotrópicas 
em seu imóvel (Info 851). – Responsabilidade Subjetiva. 
Para que a sanção do art. 243, não se exige a participação direta do proprietário no 
cultivo ilícito, mas como se trata de sanção, exige-se algum grau de culpa. 
• Culpa in vigilando: é a falta de atenção com a conduta de outra pessoa.Ocorre 
quando não há uma fiscalização efetiva. 
• Culpa in eligendo: consiste na má escolha daquele a quem se confia a prática de 
um ato. Também chamada de “responsabilidade pela má eleição”. 
Se o imóvel pertencer a dois ou mais proprietários (condomínio), haverá a 
expropriação mesmo que apenas um deles tenha participação ou culpa. Restará ao inocente 
apenas o direito buscar reparação daquele que participou ou teve culpa. 
Importante destacar: cabe ao proprietário, e não à União, o ônus da prova de que não 
agiu com culpa. 
– Utilização de local ou bem para o tráfico ou consentimento de uso de local ou bem 
para que terceiro pratique tráfico 
Art. 33, §1º, III. Nas mesmas penas incorre quem utiliza local ou bem de qualquer 
natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente 
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
O crime só se consuma com o efetivo tráfico no local, ainda que por uma única vez. 
Atenção: não há menção sobre a punição para o indivíduo que cede a utilização do local 
ou bem para o uso de drogas. 
 
25 
 
Art. 63 da LD. O juiz, ao proferir a sentença de mérito, decidirá sobre o perdimento do 
produto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado indisponível. 
 
Lei 11.343/06 (continuação). 
d) Induzimento, instigação ou auxílio ao uso de droga 
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-
multa. I Médio PO. 
ADIN 4.274 
STF deu interpretação conforme ao art. 33, §2º, a fim de excluir qualquer intepretação 
que enseje proibição de manifestação ou debate público sobre a descriminalização ou da 
legalização do uso de drogas, mais especificamente à maconha, denominada “Marcha da 
Maconha”. 
Fundamento: liberdade de expressão. Não há instigação ao uso de drogas. Não há 
direcionamento especial a qualquer pessoa. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade. 
→ Consumação 
No momento em que a pessoa instigada, induzida ou auxiliada efetivamente faça uso da 
droga. 
→ Ação penal 
Pública Incondicionada. 
e) Oferta eventual e gratuita para consumo conjunto 
 
26 
 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu 
relacionamento, para juntos a consumirem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 
1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. IMPO 
O oferecimento da droga deverá ser: 
• Eventual 
• Sem objetivo de lucro 
• A pessoa do relacionamento do ofertante 
• Com finalidade de juntos consumirem 
Não pode haver habitualidade nem finalidade lucrativa. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). 
→ Consumação 
Doutrina: trata-se de crime formal. 
Consuma-se no momento em que a droga é oferecida, ainda que não haja o efetivo 
uso da droga. 
→ Ação penal 
Pública Incondicionada. 
f) Maquinismos e objetos destinados ao tráfico de drogas 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, 
instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou 
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
 
27 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 
2.000 (dois mil) dias-multa. 
Crime de conteúdo misto. 
Há subsidiariedade entre os crimes do tráfico de drogas e o tráfico de maquinismos e 
objetos destinados ao tráfico. 
O art. 33 absorverá o art. 34, quando não houver contextos autônomos. 
Ex.: sujeito comprou maquinário para produzir aquela droga. Tendo terminado a 
produção, o instrumento ou maquinário já não mais subsiste. Nesse caso, o crime do art. 33 
absorverá o delito do art. 34. 
→ Objeto material do crime 
É o objeto utilizado na criação da droga. 
Ex.: não se pode punir quem porta lâmina de barbear para separar cocaína em doses, 
ou cachimbos para uso da maconha. Ambos não auxiliam no processo criativo da droga. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). 
→ Ação penal Pública Incondicionada. 
g) Associação para o tráfico 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou 
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 
(mil e duzentos) dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para 
a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei. 
Crime plurissubjetivo. 
 
28 
 
Requisitos: 
• Envolvimento de ao menos 2 pessoas (crime de concurso necessário) 
• Prática de tráfico de drogas (art. 33, caput), figuras equiparadas ao tráfico (art. 
33, §1º) ou tráfico de maquinário (art. 34). 
STJ: 
A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação 
para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do 
art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006 (Inf. 576). 
STJ e doutrina 
A associação deve ter estabilidade e permanência. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). 
→ Consumação 
Crime formal. Consuma-se no momento em que há a união dos envolvidos para a 
prática do tráfico. 
Caso efetivamente pratiquem o tráfico, haverá associação em concurso material com 
tráfico. 
→ Ação penal Pública Incondicionada. 
h) Financiamento ao tráfico de drogas 
• Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 
33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
• Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e 
quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. 
Veja: esta pena é a mais severa da lei. 
 
29 
 
O financiamento atingirá os crimes de tráfico de drogas (art. 33, caput), figuras 
equiparadas ao tráfico (art. 33, §1º) ou tráfico de maquinário (art. 34). 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). 
→ Consumação 
No momento em que o agente financia ou custeia de forma habitual o tráfico de drogas 
(Victor Rios Gonçalves e José Baltazar). 
Fernando Capez: é desnecessária a habitualidade. Para consumação basta um só 
financiamento. 
→ Ação penal 
Pública Incondicionada. 
→ Causa de aumento x crime de financiamento 
O financiamento também pode ser causa de aumento de pena (art. 40, VII, LD). 
Se o agente trafica e financia, somente responderá pelo tráfico com a pena majorada. 
Princípio da especialidade. 
Se o agente apenas financia, responderá pelo art. 36. 
i) Informante colaborador 
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados 
à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 
(setecentos) dias-multa. 
O agente não integra efetivamente o grupo, mas colabora por meio do seu papel de 
informante. Ex.: fogueteiro. 
 
30 
 
➔ Se o agente integrar efetivamente o grupo, não responderá por este crime, e sim 
pela associaçãopara o tráfico (art. 35). 
➔ Policial que informa aos traficantes sobre a data da operação de combate ao tráfico 
que ocorrerá no morro: crime de colaboração ao tráfico de drogas (informante colaborador). 
Se receber dinheiro para isso, concurso material com corrupção passiva. 
➔ Em geral, o informante recebe dinheiro para colaborar, mas não há exigência legal 
nesse sentido. 
Funcionário público que se aproveita de suas funções para informar traficantes sobre 
eventual diligência e recebe dinheiro por isso: corrupção passiva + 37 da LD, na forma do art. 
69 CP. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Passivo: coletividade. 
→ Ação penal Pública Incondicionada. 
j) Prescrição culposa 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o 
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 
(duzentos) dias-multa. IMPO 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria 
profissional a que pertença o agente. 
Prescrever: receitar. 
Ministrar: introduzir a substância. 
→ Sujeitos do crime (crime próprio) 
Sujeito ativo: médico ou o dentista, no caso de prescrever. 
 
31 
 
Sujeito ativo: médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem, no caso 
de ministrar. 
Sujeitos passivos: a coletividade e a pessoa a quem a droga foi ministrada. 
→ Ação penal Pública Incondicionada. 
k) Condução de embarcação ou aeronave após o consumo de droga 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano 
potencial a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, 
cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena 
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa. I Médio PO 
Crime qualificado: 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as 
demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa, se o veículo referido no caput deste 
artigo for de transporte coletivo de passageiros. 
É necessário que, em razão do consumo da droga, o agente conduza a embarcação ou 
aeronave de forma anormal. Não é necessário que uma pessoa específica tenha ficado em 
situação de risco. Basta demonstrar que o agente conduziu de forma anormal. Crime de perigo 
concreto. Se for veículo automotor, art. 306 do CTB. 
→ Sujeitos do crime 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade (saúde pública). 
→ Ação penal 
Incondicionada. 
II. Causas de aumento de pena 
 
32 
 
Art. 40. as penas previstas nos arts. 33, 34, 35, 36 e 37 desta Lei são aumentadas de 1/6 
a 2/3, se: 
• A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as 
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; 
➔Competência: Justiça Federal. 
➔ Não é necessário que o agente consiga sair do país ou ingressar no país com a droga. 
Basta que fique demonstrado que esta era a sua finalidade. 
• O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; 
A infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos 
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, 
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se 
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de 
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em 
transportes públicos; 
O espírito que orienta a norma é a maior reprovabilidade do comportamento e a maior 
capacidade de difundir o uso. 
STJ: para incidência dessa causa de aumento de pena pelo tráfico de drogas em 
transporte público, exige-se a comercialização efetiva da droga no transporte público. 
STF: se o agente vende a droga nas imediações de um presídio, mas o comprador não 
era um dos detentos nem qualquer pessoa que estava frequentando o presídio, ainda assim 
deverá incidir a causa de aumento. É irrelevante se o agente infrator visa ou não aos 
frequentadores daquele local (Inf. 858). 
• O crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de 
fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; Autoriza interpretação 
teleológica. 
No caso de o indivíduo utilizar de arma de fogo para traficar, o sujeito não responderá 
pelo crime de tráfico de drogas e pelo crime de porte ilegal de arma de fogo, mas apenas pelo 
 
33 
 
tráfico majorado pelo emprego de arma de fogo, salvo se ficar constatado que o sujeito utiliza 
a arma em outros momentos diversos das atividades de tráfico de drogas. 
• Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre Estados e o 
Distrito Federal; 
Competência: Justiça Estadual. 
Para a incidência, basta que fique demonstrada a finalidade de transporte para outro 
Estado da federação, não sendo necessária a efetiva transposição de um Estado para outro. 
Observação 
Agente que importa droga com objetivo de vendê-la apenas em seu Estado da 
Federação. 
Ainda que para chegar ao seu destino tenha a droga que passar por outros Estados, 
incidirá apenas a causa de aumento da transnacionalidade (art. 40, I). O fato de o agente, por 
motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais de um Estado para chegar ao seu 
destino final não é suficiente para caracterizar a interestadualidade. (Inf. 586, STJ). 
• Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, 
por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e 
determinação; 
Vulnerável como vítima ou coautor. 
Quem pratica tráfico na companhia de um menor não responde por corrupção de 
menores, mas pelo tráfico majorado pelo envolvimento do menor. Princípio da especialidade. 
STJ 
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar 
previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de 
corrupção de menores. 
Por outro lado, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será 
possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no 
art. 40, VI, da Lei de Drogas (Inf. 595). 
 
34 
 
STJ 
Participação do menor pode ser considerada para configurar associação para o tráfico 
(art. 35) e, ao mesmo tempo, majorar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da LD 
(Inf. 576). 
Causa de aumento do art. 40, VI, LD pode ser aplicada tanto para majorar o tráfico de 
drogas (33) quanto para majorar a associação para o tráfico (35) praticados no mesmo 
contexto. 
Fundamento: não há bis in idem. São delitos diversos, totalmente autônomos, com 
motivação e finalidades distintas. 
STJ 
O fato de o agente ter envolvido um menor na prática do tráfico e, ainda, tê-lo 
retribuído com drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e dependência, 
justifica a aplicação, em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 
40, VI, da Lei nº 11.343/2006, ainda que haja fixação de pena-base no mínimo legal. Gravidade 
concreta do delito. (Inf. 576, STJ). 
• O agente financiar ou custear a prática do crime. 
Agente que, além de traficar, financia o tráfico. 
III. Causa de diminuição de pena (colaboração premiada) 
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação 
policial e o processo criminal na identificação dos demaiscoautores ou partícipes do crime e 
na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena 
reduzida de um terço a dois terços. 
Quanto maior a colaboração, maior a redução de pena devida. 
IV. Procedimento penal 
a) Fase policial 
 
35 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do 
qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. 
➔ Após a prisão, para lavratura do APF e estabelecimento da materialidade, é 
necessário laudo de constatação provisória sobre a natureza e a quantidade da droga. 
O laudo provisório é firmado por um perito ou, na falta do perito, por uma pessoa 
idônea. Normalmente, será o escrivão, agente da polícia, policial militar, etc. 
Para lavratura do APF é suficiente o laudo de constatação. 
Após a prisão, prazo para conclusão do IP: 30 dias. 
Caso o indivíduo esteja solto, prazo de 90 dias. 
Os prazos poderão ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, desde que haja pedido 
justificado do delegado de polícia. 
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, 
são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o MP, os 
seguintes procedimentos investigatórios: 
I. Infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos 
especializados pertinentes; 
II. Não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou 
outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a 
finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de 
tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, a autorização será concedida desde que sejam 
conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. 
STJ 
A investigação policial que tem como única finalidade obter informações mais concretas 
acerca de conduta e de paradeiro de determinado traficante, sem pretensão de identificar 
 
36 
 
outros suspeitos, não configura a ação controlada do art. 53, II, da LD, sendo dispensável a 
autorização judicial para a sua realização (Inf. 570, STJ). 
b) Instrução criminal 
Terminado o IP, os autos serão remetidos ao juízo, o qual remeterá os autos ao MP, a 
fim de que, no prazo de 10 dias: 
a) requeira o arquivamento, 
b) requeira novas diligências ou, 
c) entendendo suficiente, ofereça denúncia. 
➔ Denúncia: MP arrola testemunhas (número máximo 5). 
➔ Após, o juiz determina a notificação do acusado para apresentação de defesa prévia 
no prazo de 10 dias. 
➔ Após, volta ao juiz, que irá, no prazo de 5 dias, receber a denúncia, rejeitá-la ou 
determinar diligências que repute imprescindíveis. 
➔ Se determinar diligências imprescindíveis, o juiz fixará um prazo máximo de 10 dias, 
a fim de que sejam realizados estes exames ou perícias. Depois, o juiz terá mais 5 dias para 
receber ou rejeitar a denúncia. 
➔ Recebida a denúncia, o juiz determinará a citação do acusado e intimação do MP 
para o dia e hora da audiência de instrução, e requisitará laudos periciais faltantes. 
Obs.: se estivermos diante do art. 33, caput, §1º, ou do art. 34 a 37, o juiz, ao receber a 
denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for 
funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. Especialmente se o sujeito se valeu 
da função de funcionário público para a atividade. O sujeito continuará recebendo 
remuneração. 
➔ Se o sujeito não for encontrado para citação pessoal, será então citado por edital. 
Caso o sujeito não compareça à audiência nem nomeie defensor, o juiz suspenderá o 
processo e o prazo prescricional, nos moldes do art. 366 do CPP. 
 
37 
 
➔ O acusado será citado para audiência de instrução e julgamento, a qual deve 
acontecer no prazo de 30 dias, a contar do momento em que foi recebida a denúncia. 
Observe: isso irá acontecer, caso não tenha sido determinada a realização de perícia 
para verificar se o acusado é dependente de drogas. Neste caso, o prazo para a AIJ será de 90 
dias (art. 56, §2º). 
Começada a audiência, SEGUNDO A LETRA DA LEI (ARTIGO 57) o primeiro ato será o 
interrogatório do acusado. No CPP, o interrogatório é o último. Hoje prevalece que o 
interrogatório, mesmo no procedimento da Lei de Drogas, será o último ato do processo. 
ATENÇÃO: 
INFORMATIVO 609 DO STJ 
O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da 
instrução criminal. 
Essa regra deve ser aplicada: 
• nos processos penais militares; 
• nos processos penais eleitorais e 
• em todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de 
drogas). 
A tese do interrogatório como último ato da instrução em todos os procedimentos 
penais só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 
127900/AM pelo STF (11/03/2016). 
Os interrogatórios realizados nos processos penais militares, eleitorais e da lei de drogas 
até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido efetivados como o primeiro ato da 
instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 
397382-SC (Info 609). 
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a 
inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do 
 
38 
 
Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) 
minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. 
Obs.: se o réu declara-se dependente e o juiz percebe que há indícios nesse sentido, 
deve determinar a realização do exame para verificar essa dependência do acusado. 
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o fará em 10 
(dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
Na sentença, o juiz deverá decretar também a perda de veículos, embarcações, 
aeronaves, bem como de maquinários, utensílios e objetos utilizados para a prática do crime. 
c) Destruição da droga 
§ 3o Recebida cópia do APF, o juiz, no prazo de 10 dias, certificará a regularidade 
formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, 
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. 
Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, 
mediante representação do delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Público, 
determinará a destruição das amostras guardadas para contraprova, certificando isso nos 
autos. 
d) Competência 
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se 
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal. 
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede de vara 
federal serão processados e julgados na vara federal da circunscrição respectiva. 
STJ, Súmula 528: compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do 
exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. 
e) Laudo de constatação e laudo toxicológico 
Apreendida a droga, dois exames serão necessários: 
• Laudo de constatação: laudo provisório, sem caráter científico, que é feito por 
um perito oficial ou pessoa idônea, caso não haja perito oficial. 
 
39 
 
O laudo de constatação afere a natureza e a quantidade da droga. Com ele, permitem-
se a lavratura do APF, o oferecimento da denúnciae o recebimento da denúncia. 
• Laudo definitivo: laudo que resulta de exame químico-toxicológico, 
comprovando a materialidade do delito. 
Art. 50, §2º. O perito que subscrever o laudo de constatação não ficará impedido de 
participar da elaboração do laudo definitivo. 
Atenção: 
O laudo definitivo deverá ser juntado antes da realização da AIJ. 
É comum que não seja juntado a tempo, sendo realizada a AIJ com a oitiva das 
testemunhas e interrogatório e, após, aguarda-se a chegada do laudo definitivo para que as 
partes se manifestem acerca dele nas alegações finais, apesar da ausência de previsão legal. 
Após, o juiz prolata a sentença, já que não há qualquer prejuízo ao réu. 
f) Inimputabilidade na Lei de Drogas 
Art. 45 da LD. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Há 3 espécies de inimputabilidade na Lei de Drogas: 
• Dependência da droga: réu que, em razão da dependência, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
➔Enseja absolvição imprópria 
• Caso fortuito: réu que, por estar sob o efeito de droga, proveniente de caso 
fortuito, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
40 
 
• Força maior: réu que, por estar sob o efeito de droga, proveniente de força 
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Hipóteses de caso fortuito ou força maior: absolvição própria. 
Os semi-imputáveis serão condenados, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3, e, 
eventualmente, substituída por medida de segurança. 
Art. 26. 
A pessoa condenada pela prática de qualquer infração penal, que seja dependente de 
droga, e que esteja cumprindo pena privativa de liberdade ou medida de segurança, deverá 
ter assegurado o tratamento dentro do sistema penitenciário ou dentro do hospital de 
custódia. 
O condenado dependente que esteja cumprindo pena fora do sistema prisional deverá 
ser submetido a tratamento por um profissional de saúde. 
g) Exame de dependência 
A realização do exame de dependência toxicológica deverá ser determinada pelo juiz, 
caso o acusado declare ser dependente ou se houver indícios nesse sentido. 
Não suspenderá o trâmite da ação penal. 
h) Apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado 
→ Bens ou valores obtidos com o tráfico 
Sendo um bem móvel, imóvel ou valores consistentes em produtos ou proveitos dos 
crimes, o juiz poderá determinar a apreensão desses bens móveis, imóveis ou valores. 
Art. 61. O juiz poderá autorizar que o bem apreendido seja utilizado por órgãos ou pelas 
entidades que atuam na prevenção do uso indevido de drogas, na atenção e reinserção social 
de usuários de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades. 
Ao proferir a sentença, o juiz vai decretar a perda desses bens e valores que sejam 
decorrentes do tráfico de drogas. 
 
41 
 
h) Bens utilizados para o tráfico 
Ex.: carro utilizado para o tráfico (o agente comercializa drogas dentro do carro por ser 
mais discreto). 
Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, 
os maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a 
prática dos crimes definidos nesta Lei, serão apreendidos e ficarão sob custódia da 
autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma de 
legislação específica. 
A perda desses bens e valores apreendidos será decretada na sentença pelo juiz, caso 
em que serão perdidos em favor da União, devendo ser revertidos ao Fundo Nacional 
Antidrogas (FUNAD). 
 
3. Lei de Terrorismo (Lei 13.260/16) 
Art. 1º. Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal 
e: 
• Disciplina o terrorismo 
• Trata de disposições investigatórias e processuais 
• Reformula o conceito de organização terrorista 
• Art. 5º, XLIII, da CF (mandado de criminalização): 
• A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, 
podendo evitá-los, se omitirem. 
• A Lei 13.260/16 concretiza esse dispositivo constitucional. 
I. Conceito de terrorismo 
 
42 
 
Art. 2º. O terrorismo consiste na prática dos atos definidos no §1º do art. 2º, quando 
praticados por um ou mais indivíduos: 
• Por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e 
religião 
• Cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado 
• Expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública. 
 
Perceba: 
Ato descrito no §1º 
+ 
Motivação (ex.: xenofobia) 
+ 
especial fim de agir (ex.: provocar terror social) 
+ 
Exposição a perigo (crime de perigo concreto). 
Crime formal: o sujeito não precisa provocar efetivamente o terror social ou 
generalizado. Basta tal finalidade. 
II. Atos de terrorismo 
Art. 2º, § 1º. São atos de terrorismo: 
• Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo 
explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros 
meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa; 
Autoriza interpretação analógica. 
➔Tipo penal misto alternativo. 
 
43 
 
➔ A lei pune atos preparatórios (ameaça usar, portar, guardar e transportar o explosivo 
➔ Direito Penal de 3º Velocidade). 
• Sabotar o funcionamento ou apoderar-se, 
com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do 
controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de 
transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de 
saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços 
públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, 
instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias 
e sua rede de atendimento. 
➔ Entidades com enorme relevância social. 
Ex.: o indivíduo apodera-se do sistema aeroportuário para derrubar aviões e causar 
terror social, tendo em vista entender que os cidadãos brasileiros são inescrupulosos. 
• Atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa 
Basta uma única pessoa. 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou 
à violência. 
Sistema de cúmulo material. 
§ 2o 
O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em 
manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria 
profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, 
criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades 
constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei 
Art. 3o Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, a organização terrorista: 
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa. 
 
44 
 
A lei punea associação para o terrorismo. O autor poderá ser: 
• Líder da organização: “promover”; 
• Fundador da organização: “constituir”; 
• Integrar posteriormente à criação: “integrar”; 
• Auxiliar de qualquer forma: “prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta 
pessoa”. 
 
Art. 5º. Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de 
consumar tal delito. 
Pena: a correspondente ao delito consumado, diminuída de 1/4 até 1/2. 
➔ O artigo 5º diz que o ato preparatório “do ato preparatório” é crime. Princípio da 
ofensividade absolutamente ignorado. 
➔ O tipo penal não diz quais atos são considerados preparatórios de terrorismo. 
Violação ao princípio da legalidade estrita. 
§ 1º. Incorre nas mesmas penas, o agente que, com o propósito de praticar atos de 
terrorismo: 
• Recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país 
distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou 
• Fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência 
ou nacionalidade. 
➔Terrorismo com caráter transnacional. 
➔Tipo misto alternativo. 
Treinamento ou recrutamento privilegiado. 
§2º. Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem 
para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente 
ao delito consumado, diminuída de 1/2 a 2/3. 
 
45 
 
Financiamento do terrorismo 
Art. 6º. Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, 
investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores 
ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos 
crimes de terrorismo. 
Pena: reclusão de 15 a 30 anos. 
É pena mais grave do que a de terrorismo. 
Parágrafo único. 
Incorre na mesma pena de reclusão de 15 a 30 anos quem oferecer ou receber, obtiver, 
guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a 
obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou 
parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que 
tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos 
crimes de terrorismo. 
➔Pune o lobista, ou seja, aquele que arrumou o financiador. 
Art. 7º. Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime de terrorismo, se de 
algum deles resultar: 
• Lesão corporal grave: aumenta-se a pena de 1/3 
• Morte: aumenta-se a pena da 1/2 (metade) 
Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terrorismo, na hipótese do 
art. 5o desta Lei, aplicam-se as disposições do art. 15 do CP (arrependimento eficaz e 
desistência voluntária). 
Ex.: sujeito alugou local para guardar os explosivos para atentado terrorista, mas desiste 
de o fazer. O sujeito somente responde pelos atos até então praticados. 
III. Competência 
Art. 11. 
 
46 
 
Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei 13.260/16 
são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação 
criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, 
nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal. 
IV. Medidas assecuratórias 
Art. 12. O juiz, DE OFÍCIO, a requerimento do MP ou mediante representação do 
delegado de polícia, ouvido o MP em 24 horas, havendo indícios suficientes de crime de 
terrorismo, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas 
assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em 
nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes de 
terrorismo. 
§1º. Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre 
que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver 
dificuldade para sua manutenção. 
§2º. 
O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores quando 
comprovada a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos bens, 
direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de 
prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. 
§3º. Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do 
acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz 
determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem 
prejuízo do disposto no §1º. 
§4º. Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores 
para reparação do dano decorrente da infração penal ANTECEDENTE ou da prevista nesta 
Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. 
Art. 13. 
 
47 
 
Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o MP, nomeará pessoa física 
ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medidas 
assecuratórias, mediante termo de compromisso. 
Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens: 
➔ Fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita preferencialmente 
com o produto dos bens objeto da administração; 
➔ Prestará contas, por determinação judicial, além de dar informações periódicas da 
situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre 
investimentos e reinvestimentos realizados. 
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao 
conhecimento do MP, que requererá o que entender cabível. 
Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção 
internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas 
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes de terrorismo praticados no 
estrangeiro. 
§1º. Será aplicada essa disposição, independentemente de tratado ou convenção 
internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da autoridade solicitante. 
§ 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a medidas 
assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos 
provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na 
proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. 
Art. 16. será aplicado ao crime de terrorismo as disposições da Lei nº 12.850/13 para a 
investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei. 
Art. 17. Aplicam-se aos crimes de terrorismo as disposições da Lei de Crimes Hediondos 
(Lei 8.072/90). 
Art. 18. No caso de crimes de terrorismo, caberá também prisão temporária, inserindo 
a alínea “p” ao rol dos crimes que a autorizam. 
 
48 
 
 
Tortura. Estatuto do desarmamento. 
4. Lei de Tortura (Lei 9.455/97) 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, que é de 1948, vai dizer no seu art. 5º 
que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. A CF 
também diz o mesmo no art. 5º, III, da CF. 
A CF ainda diz, no art. 5, XLIII, que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis 
de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
Perceba que o dispositivo traz o chamado mandado de criminalização. 
I. Crimes em espécie 
a) Tortura-prova, tortura-crime e tortura discriminatória 
Segundo o art. 1º, inciso I, constitui crime de tortura a conduta de constranger alguém 
com emprego de

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