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Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período RESINAS COMPOSTAS/COMPÓSITOS ODONTOLÓGICOS As resinas compostas são uma das opções de materiais utilizados nas restaurações diretas. Mais especificamente, é utilizada em casos onde a área de restauração não é tão grande, que não recebe muita função mastigatória e exposição excessiva à abrasivos, além de erosão pelas substâncias químicas da dieta. Pela análise da região que precisa repor, define-se se realmente trata-se de uma região que pode ser trabalhada com um material restaurador direto. No caso de um dente posterior numa cavidade classe I ou classe II e na palatina dos anteriores, ainda poderia ser escolhido o amálgama como material restaurador direto. Uma raiz exposta bastante desgastada, seja por esforço mecânico, abrasão ou erosão sendo um desgaste amplo, a resina é, sem dúvidas, a melhor opção, visto que o amálgama não é adesivo. 1 VANTAGENS A principal vantagem das resinas compostas é oferecer estética ao elemento dentário. Além disso, quando se escolhe um material restaurador direto, espera-se que este tenha propriedades f ísicas semelhantes ao da estrutura do dente e as resinas oferecem isso, pois apresentam baixa condutividade térmica e baixo coeficiente de expansão linear. Esse material, quando empregado junto ao sistema adesivo, oferece adesão ao dente (o que amplia as possibilidades de restaurações sem a necessidade de ter uma cavidade, podendo restaurar raízes etc) e, muito importante, permite uma conservação da estrutura dentária (por ser colada). 2 INDICAÇÕES As resinas compostas podem ser utilizadas para restaurações anteriores e posteriores, reparo de restaurações (ou seja, consegue colocar resina nova em cima de resina velha nos casos estéticos, de coloração etc), colagem de brackets ortodônticos, colagem de fragmentos dentais e cimentação de peças protéticas (aumenta a resistência de restaurações cerâmicas quando coladas com cimento resinoso). 3 CONCEITO DE COMPÓSITO O compósito é um material composto por duas ou mais substâncias de classes distintas (polímero, metal ou cerâmica) com propriedades diferentes daquelas dos materiais que a formaram. Nesse caso, nas resinas compostas, tem-se uma matriz orgânica polimérica com um preenchimento de partículas de carga cerâmica. Nos compósitos, obrigatoriamente, as substâncias de classes distintas devem estar unidas entre si por uma interface de união, formando uma adesão efetiva. Nas resinas, quem faz essa adesão entre a matriz orgânica polimérica e as partículas de carga cerâmica é o agente de união silano. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período 4 MATRIZ ORGÂNICA POLIMÉRICA A matriz orgânica polimérica é composta de monômeros resinosos, um sistema iniciador/ativador, modificadores de cor e inibidores (para evitar a polimerização espontânea). 4.1 MONÔMEROS RESINOSOS (molécula polimerizável) Os monômeros resinosos são pequenas moléculas capazes de se unirem a outras formando grandes moléculas, denominadas polímeros. A medida que esses polímeros têm suas unidades monoméricas aumentadas de tamanho, vão perdendo a capacidade de movimento. Alguns dos monômeros mais empregados nas resinas compostas odontológicas, são: Bis-GMA (principal e o pioneiro), TEGDMA e UDMA. Os monômeros variam em função do peso molecular e quantidade de átomos presentes na molécula, fazendo com que estes tenham viscosidades diferentes, influenciando na fluidez e viscosidade das resinas. Apesar dessas diferenças, todos eles são monômeros derivados do metil-metacrilato e, por isso, apresentam extremidades com características químicas semelhantes, o que os tornam moléculas polimerizáveis, capazes de se unirem pelas extremidades. Os monômeros, por fim, são responsáveis pela maleabilidade das resinas compostas enquanto são moléculas pequenas, ou seja, antes da polimerização. A partir do momento que ocorre a polimerização, são responsáveis pela rigidez da massa, tornando-a resistente à mastigação. → PROCESSO DE POLIMERIZAÇÃO A princípio, aplica-se uma energia (térmica, luminosa etc) capaz de aumentar a energia cinética dos átomos presentes nas extremidades, aumentando a movimentação desses átomos, fazendo com que eles se afastem e, consequentemente, há o rompimento das ligações duplas com formação de radicais livres. Os radicais livres, por sua vez, são moléculas altamente reativas, formada por átomos instáveis que se unem com outras moléculas instáveis. A medida que há essa união, tem-se a formação de cadeias entrelaçadas que, quanto maiores forem, mais rígido e resistente será o polímero. Caso não haja essa união, ao passar a energia os átomos da ligação dupla voltam a se aproximar e a molécula fica como era antes. É importante lembrar que, diferentemente das ligações metálicas que são ligações plásticas, formadas por nuvens de elétrons, as ligações iônicas são rígidas e dependem da proximidade com núcleos atômicos, sendo que, em caso de afastamento, elas se rompem com muita facilidade. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período 4.2 SISTEMA INICIADOR/ATIVADOR Os iniciadores são substâncias que iniciam a polimerização, fornecendo energia para o rompimento da dupla ligação entre carbonos. Os ativadores, por sua vez, são substâncias que ativam os iniciadores e permitem um controle dessa polimerização. Uma das principais classificações das resinas compostas refere-se ao sistema iniciador/ativador. Então, tem-se as resinas ativadas quimicamente e as resinas fotoativadas , além das termoativadas. → RESINAS ATIVADAS QUIMICAMENTE Nesses materiais, sempre haverá duas pastas separadas, pois é da interação química entre as duas que se dará a energia para a quebra da dupla ligação. PASTA BASE (iniciador)+ PASTA CATALISADORA (ativador) peróxido de benzoíla amina terciária A amina terciária entra em contato com o peróxido de benzoíla e do produto dessa reação é liberada uma energia que quebrará a dupla ligação dos monômeros resinosos presentes na resina composta, iniciando o processo de polimerização. → DESVANTAGENS DAS RESINAS ATIVADAS QUIMICAMENTE A proporção entre a quantidade de pasta A e pasta B necessária para iniciar o processo de polimerização é imprecisa. A espatulação, invariavelmente, incorpora alguma quantidade de ar nessa mistura, favorecendo a formação de bolhas nesse material, podendo diminuir a sua resistência, além de propiciar um contato dos monômeros com o oxigênio na superfície interna. O oxigênio, por sua vez, é um inibidor da reação de polimerização. Há diminuição do tempo de trabalho, pois ao misturar as duas pastas, já inicia-se a polimerização. → RESINAS FOTOATIVADAS São resinas ativadas pela luz que podem vir em pastas únicas, excluindo a necessidade de manipulação de dois produtos, sendo possível diminuir as porosidades internas. Além disso, o tempo de trabalho está sob controle de quem a utiliza. Em 1973, as resinas compostas eram ativadas por luz ultravioleta, porém estas apresentavam alguns problemas como: há limitação na sua passagem pelo material, é prejudicial à saúde e só polimerizam materiais que apresentavam capacidade de absorver totalmente essa luz. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período Em 1950, foi descoberta uma molécula chamada canforoquinona que era capaz de absorver energia eletromagnética na faixa de comprimento de onda da luz azul (400 a 500 nm). → APARELHOS EMISSORES DE LUZ São os fotopolimerizadores/fotoativadores. Esses aparelhos fornecem luz a partir de lâmpadas halógenas (que funcionam por aquecimento do filamento de tungstênio) ou por LEDs (contém diodos emissores de luz). Quando a canforoquinona recebe luz com comprimento de onda adequado e intensidade suficiente, obtém energia e começa a vibrar, quebrando-se em dois radicais livres que, por sua vez, se chocam com os monômeros e reagem quebrando a dupla ligação entre carbonos, dando início a polimerização. ATIVADOR → INICIADOR → se transformam em radicais livres → POLIMERIZAÇÃO luz visível canforoquinona, PPD e lucerinTPO → POLIMERIZAÇÃO DA MATRIZ ORGÂNICA A polimerização adequada da matriz orgânica significa, em curto e longo prazo, melhores propriedades mecânicas, melhor biocompatibilidade e estabilidade de cor. Para isso, espera-se polimerizar com uma quantidade adequada de luz que, por sua vez, depende da intensidade do aparelho emissor x tempo de luz acesa, produzindo uma quantidade suficiente de fótons emitidos para ativar todos os iniciadores presentes na massa. Todo fotopolimerizador, sendo decidido pela empresa, tem uma determinada capacidade de emissão de fótons por unidade de área a cada segundo, dá-se portanto, a intensidade de luz (irradiância) em mW/cm². Alguns aparelhos ainda apresentam o tempo de fotoativação que deve ser utilizado baseado na cor, opacidade e irradiância desse fotopolimerizador. 4.3 MODIFICADORES DE COR Os modificadores de cor são pigmentos que conferem cor e opacidade às resinas compostas, sendo necessário visto as inúmeras possibilidades de coloração das estruturas dentárias. 4.4 INIBIDORES Os inibidores previnem a polimerização espontânea, permitindo a manipulação desse material no tempo adequado, aumentando sua vida útil e o seu tempo de trabalho. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período 5 AGENTE DE UNIÃO (SILANO) O silano é o agente que faz a união química entre a matriz orgânica e a carga inorgânica cerâmica graças a sua constituição anfótera. Nesse caso, ele apresenta uma extremidade metacrilato e outra silanol, sendo que a primeira se une a matriz e a segunda se une à carga. A indústria pega pó cerâmico e submete ao processo de silanização (envolve as partículas de pó com silano), misturando com a matriz orgânica posteriormente. Então, a resina composta, antes do processo de polimerização, já está com as partículas de carga cerâmicas presas ao silanol e com o metacrilato livre, unindo-se quimicamente à matriz orgânica só após a polimerização. ANTES DA POLIMERIZAÇÃO = COMPOSTO APÓS A POLIMERIZAÇÃO = COMPÓSITO → FUNÇÃO A união química feita pelo silano permite um fortalecimento da matriz orgânica polimérica, a partir da formação de um corpo único, visto que as partículas cerâmicas apresentam uma força maior. Resumindo, o que acontece é que existe uma transmissão homogênea de tensões mastigatórias entre a matriz e a carga. Nesse caso, há melhora no desempenho do compósito e quanto maior a quantidade de partícula cerâmica, maior a força do material. 6 CARGA INORGÂNICA CERÂMICA Há diversos tipos de materiais cerâmicos (como uma cerâmica altamente cristalina, sendo dura e resistente e os materiais vítreos que se quebram com facilidade, por exemplo) nos quais é possível produzir partículas que posteriormente serão utilizadas na fabricação das resinas compostas. PARTÍCULAS DE CARGA QUARTZO CRISTALINO PARTÍCULAS VÍTREAS ÓXIDOS CRISTALINOS A primeira partícula utilizada nas RC (por facilidade de obtenção - natureza - e a independência de utilização de tecnologia). Contudo, por ser uma partícula grande, é de dif ícil polimento e a diminuição (por moagem) dessa partícula seria mais complicada por ser bastante dura. Essas partículas são radiolúcidas. São produzidas pelo homem que consegue misturar diferentes óxidos (e, portanto, diferentes composições) produzindo vidro de bário, de estrôncio, de tetrafluoreto de esterbio (fluorescente) ou de sílica, por exemplo.Essas partículas garantem radiopacidade e estética, além de serem de fácil polimento. São redondos e pequenos produzidos assim por atomização. Por terem esse formato e dimensão, há uma adaptação/preenchimento volumétrico melhor na cavidade, aumentando a resistência e a densidade da restauração. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período 7 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE PARTÍCULAS DE CARGA Macropartículadas Híbridas Micro-híbridas Micropartículadas Nanopartículadas 7.1 MACROPARTÍCULADAS São as resinas compostas que apresentam quartzo cristalino na sua composição. As partículas variam aproximadamente de 8 a 15 um. Há uma dificuldade de polimento fazendo com que a resina seja sempre rugosa e essa rugosidade facilita o acúmulo de placa (que aumenta a pigmentação). Além, as propriedades mecânicas são ruins pelo menor percentual volumétrico de partículas (por serem grandes). Só de uso para dentes posteriores. 7.2 HÍBRIDAS São as resinas compostas que apresentam partículas vítreas na sua composição. As partículas variam aproximadamente de 1 a 5 um. Além disso, apresenta sílica coloidal que é uma partícula muito pequena de 0,04 a 0,4 um. Eram indicadas apenas para áreas não estéticas. 7.3 MICRO-HÍBRIDAS São as resinas compostas que apresentam partículas vítreas ainda menores do que nas híbridas, medindo menos que 1 um. Também apresenta sílica coloidal (0,04 a 0,4 um). Isso proporcionou uma melhora no polimento da restauração. Apresentam uma ótima estética (por conta do polimento e propriedades mecânicas adequadas) e, por isso, são conhecidas como resinas compostas universais (podem ser utilizadas para tudo e para todos os dentes). 7.4 MICROPARTICULADAS São resinas compostas constituídas apenas de sílica coloidal . Tem a melhor estética e o melhor polimento. Entretanto, tem propriedades mecânicas inferiores e, por conta disso, devem ser empregadas junto às resinas híbridas que conferem resistência às restaurações (última camada - recobrimento estético). 7.5 NANOPARTICULADAS São resinas compostas com propriedades e comportamento muito semelhantes às micro-híbridas. Apresentam partículas de zircônia-sílica, têm bom polimento e as Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período propriedades mecânicas são satisfatórias. Podem ser utilizadas para tudo e todos os dentes, também sendo conhecidas como resinas compostas universais. 8 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À VISCOSIDADE Podem ser classificadas como: condensáveis (alta viscosidade), convencionais e de baixa viscosidade (“flow”). As condensáveis são bem encorpadas, as convencionais parecem com massinha de modelar e as de baixa viscosidade são mais fluidas. O que difere é o conteúdo de carga e constituição monomérica (a maleabilidade é dada pelos monômeros). → CONDENSÁVEIS x FLOW As condensáveis apresentam um conteúdo de carga maior, tornando a massa menos maleável/fluído. Em relação a constituição monomérica, apresenta maior quantidade de Bis-GMA (alto peso molecular - mais viscoso). A flow tem maior conteúdo orgânico e apresenta maior quantidade de TEGMA (baixo peso molecular - mais fluído). CLASSIFICAÇÃO INDICAÇÃO DE USO Convencionais Uso universal Baixa viscosidade Preenchimento do fundo de cavidade e selamento de fossas e fissuras Condensáveis Facilitar a anatomia 9 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À TÉCNICA DE INSERÇÃO NA CAVIDADE Resinas de inserção incremental Resinas de inserção única ou bulk fill 9.1 RESINAS DE INSERÇÃO INCREMENTAL Na inserção incremental, a luz do aparelho consegue fotopolimerizar até 1,5mm de resina opaca e até 2mm da resina translúcida, sendo que, se tiver um incremento de espessura maior não há uma polimerização adequada, pois a luz não consegue atravessar. Considera-se polimerização adequada quando a polimerização da base é de 80% da polimerização da superfície, também levando em conta uma intensidade adequada. 9.2 RESINAS DE INSERÇÃO ÚNICA OU BULK FILL As resinas de inserção única garantem até 4mm para uma polimerização adequada. Manuella Soussa Braga 2018/2 - 4º período 10 CONTRAÇÃO DE POLIMERIZAÇÃO Ao realizar a polimerização, os monômeros da matriz tendem a se unir formando polímeros. Por se tratar de uma cavidade estreita, ao enchê-la de massa em uma incrementação muito espessa, haverá uma maior contração volumétrica que poderá propiciar uma infiltração marginal. A magnitude da contração de polimerização é proporcional ao volume total da massa. 11 FORMAS DE GARANTIR PROFUNDIDADE DE POLIMERIZAÇÃO E DIMINUIÇÃO DAS TENSÕES DE CONTRAÇÃO Fotoativadores mais eficientes. Alteração na quantidade ou na translucidez das partículas de carga. explicação : o vidro tem a capacidade de refletir/mudar a direção da luz, então quanto mais partícula de carga cerâmica eu tenho no material, menos a luz consegue atravessar, pois vai sendo refletida e mudando de direção, chegando em menor quantidade na base. Incorporação de monômeros “aliviadores de tensão”. explicação : são monômeros que polimerizam mais devagar ou monômeros muito grandes, por exemplo. O segundo exemplo propicia menor espaço intermolecular, garantindo menor contração de polimerização. 12 TÉCNICA DE RESTAURAÇÃO DAS RESINAS BULK-FILL → TWO-STEP TECHNIQUE Faz-se uma base reduzindo a profundidade da restauração, colocando qualquer outra resina convencional por cima, dando estética. → ONE-STEP TECHNIQUE Preenchimento da cavidade completa com resina bulk-fill.
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