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SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 2 de 63www.grancursosonline.com.br 1. À luz do CPP e da jurisprudência do STJ, julgue o seguinte item, relativo à prisão, aos recursos, aos atos e aos princípios processuais penais. A possibilidade da execução provisória da pena privativa de liberdade é orientação predominante na jurisprudência do STF e do STJ. Nesse cenário jurisprudencial, entende-se que a Constituição brasileira não condiciona a prisão – mas sim a cul- pabilidade – ao trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Com o acór- dão penal condenatório proferido em grau de apelação esgotam-se as instâncias ordinárias e a execução da pena passa a constituir, em regra, exigência de ordem pública, necessária para assegurar a credibilidade do Poder Judiciário. Nessa lógica, é possível a execução provisória não apenas de pena privativa de liberdade, como também a execução provisória em penas restritivas de direito, quando aplicadas em substituição às penas privativas de liberdade. Comentário Errado. Ao final da assertiva, o examinador informa ser possível execução provisória de pena FELIPE LEAL Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2003), mestrado em Direito Ambiental e Políticas Públicas pela Universidade Federal do Amapá (2012) e Doutorando em Ciências Jurídico-Criminais nas Universidades de Porto e de Coimbra, em Portugal (2017-2021). Ingressou na Polícia Federal em 2005, como Papiloscopista Policial Federal, adquirindo experiência na área pericial, e, desde 2006, é Delegado de Polícia Federal, tendo já chefiado Delegacias Especializadas na Repressão ao Tráfico de Drogas/PA (2006-2007), na Repressão aos Crimes Ambientais/AP (2008-2010) e na Repressão a Crimes Financeiros/PB (2011 -2012), bem como atuou como Chefe do Núcleo de Inteligência em Pernambuco (2013-2014). Após, foi designado como membro do Grupo de Inquéritos da Operação Lava Jato junto ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça (2015-2016), sendo convidado a assumir a Divisão de Contrainteligência da Polícia Federal em Brasília (2016-2017). Na docência, é um dos responsáveis pela formação profissional de novos policiais, com a elaboração de Caderno Didático para a Academia Nacional de Polícia (ANP). Já elaborou Manuais de Investigações para autoridades policiais. Tutor da Disciplina Criminologia em Cursos de Aperfeiçoamento Profissional da ANP. Professor em Faculdades de Direito e em curso de pós-graduação da ANP. Coordenador Pedagógico da Escola Nacional de Delegados de Polícia Federal. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 3 de 63www.grancursosonline.com.br restritiva de direito. Impossibilidade firmada pelo STJ, conforme EREsp 1.619.087- SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, por maioria, julgado em 14/6/2017, DJe 24/8/2017 (Informativo 609 STJ) 2. Matheus foi denunciado pela prática dos crimes de tráfico de drogas (Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006) e associação para o tráfico (Art. 35, caput da Lei nº 11.343/2006), em concurso material. Quando da realização da audiência de instrução e julgamento, o advogado de defesa pleiteou que o réu fosse interrogado após a oitiva das testemunhas de acusação e de defesa, como determina o Código de Processo Penal (Art. 400 do CPP, com redação dada pela Lei nº 11.719/2008), o que seria mais benéfico à defesa. O juiz singular indeferiu a inversão do in- terrogatório, sob a alegação de que a norma aplicável à espécie seria a Lei nº 11.343/2006, a qual prevê, em seu Art. 57, que o réu deverá ser ouvido no início da instrução. Nesse caso, o juiz agiu corretamente, eis que o interrogatório, em razão do princípio da especialidade, deve ser o primeiro ato da instrução nas ações penais instauradas para a persecução dos crimes previstos na Lei de Drogas. Fonte: FGV (adaptada). Comentário Errado. O juiz não agiu corretamente, pois o interrogatório do acusado, após a Lei n. 11.719/2008, passou a ser o último ato de instrução, devendo essa alteração pre- valecer sobre as disposições em contrário presentes em leis especiais, conforme novo entendimento do STJ. (Informativo 609 STJ) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 4 de 63www.grancursosonline.com.br 3. Em relação às imunidades parlamentares, a Constituição Federal estabelece que a prerrogativa dos Deputados e Senadores não serem violados civil e penalmente por suas opiniões, palavras e votos, no exercício da função, é denominada imuni- dade material, que pode ser excepcionada quando as manifestações não guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o desempenho das funções do man- dato parlamentar. Fonte: adaptação de questão elaborada pela FCC. Comentário Certo. O entendimento de imunidade material sempre como excludente de tipicidade na conduta de parlamentares possui limites. Não mais encontra respaldo jurispruden- cial a imunidade absoluta. Reza o art. 53 da Constituição Federal: Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Todavia, o Supremo Tribunal Federal já decidiu, inclusive: Que os atos praticados em local distinto escapam à proteção da imunidade, quando as manifestações não guardem pertinência, por um nexo de causalidade, com o desempe- nho das funções do mandato parlamentar;(...) e o fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que concedeu a entrevista é fato meramente acidental, já que não foi ali que se tornaram públicas as ofensas, mas sim através da imprensa e da inter- net; [Inq 3.932 e Pet 5.243, rel. min. Luiz Fux, j. 21-6-2016, 1ª T, DJE de 9-9-2016.] Em caso julgado pelo STF, um parlamentar reclamante noticia que um vídeo seu foi publicado com relevantes edições nas redes sociais por um Deputado Federal, de maneira a ofender sua honra objetiva. Sem ingressar no mérito do caso concreto, certo é que o Supremo Tribunal Federal reforça em seus julgados mais recentes, principalmente a partir do ano de 2016, a SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 5 de 63www.grancursosonline.com.br existência de limites ao manto protetor da imunidade material, não presente quan- do ofensas com animus difamandi ou injuriandi são provenientes de quem não es- teja, na ocasião, “vestido de seu mandato parlamentar”, ausente, pois, a projeção do exercício de suas atividades. Com efeito, o futuro Delta precisa ter atenção às questões de concurso elaboradas sobre o assunto. Quando se tratar de conduta realizada fora do recinto parlamentar e sem nexo com o desempenho das funções do mandato parlamentar, não há que se falar em imunidade material. Atenção também nas divulgações em redes sociais sem o nexo referido, pois acreditamos que isto será abordado nos próximos con- cursos. A depender da narrativa da questão, provavelmente a imunidade absoluta não se sustentará no gabarito. (Informativo 876 STF) 4. Conforme Lei n. 12.850/2013, o acordo de colaboração premiada não pode dei- xar de ser sigiloso antes do recebimento da denúncia. Comentário Errado. Conforme dispõe o art. 7º, §3º, da Lei 12.850/2013, O acordo de colaboração pre- miada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia, observados os direitos do colaborador. Um questionamento naturalmente surgiu com a publicidade de colaborações ainda no curso de investigação criminal: o sigilo do acordo somente pode ser levantado quando do recebimento da denúncia ou é possível que isto ocorra antes? Decidiu o STF que o parágrafo citado não encerra observância absoluta, mas termo final máximo. Deve ser mantido até esse ponto apenas se houver SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 6 de 63www.grancursosonline.com.br necessidade concreta. (Informativo 877 STF) 5. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tem- po de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro,o de prisão administrativa e o de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Esse cômputo é deno- minado pelo Código Penal de detração. Entende-se por considerar a data da prisão preventiva como marco inicial para a obtenção de benefícios em sede de execução penal e não a progressão a data da publicação da sentença condenatória. Fonte: adaptação de questão elaborada pelo IESES (concurso Cartório - TJ/PA- 2016) Comentário Certo. Em caso de prisão processual, anterior pois à sentença condenatória, entendeu o STF considerar a data da prisão preventiva como marco inicial para a obtenção de benefícios em sede de execução penal e não a progressão a data da publicação da sentença condenatória. (Informativo 877 STF) 6. A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou gra- ve ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Comentário Certo. Vide Súmula 588 STJ SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 7 de 63www.grancursosonline.com.br 7. É aplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais pra- ticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Comentário Errado. Vide Súmula 589 STJ. 8. Pedro, objetivando futura candidatura ao mestrado, mediante imposição de seu “login” e senha, de logo registrou atividade acadêmica falsa em seu currículo, na plataforma Lattes. Reunidos elementos de prova em seu desfavor, a autoridade po- licial resolveu pelo indiciamento, ao considerar Pedro incurso no art. 299 do Código Penal. Nessa situação, o indiciamento foi equivocado, pois não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a realidade. Fonte: adaptação de questão elaborada pelo CESPE - concurso técnico judiciário - TJ AC - 2012. Comentário Certo. O crime de falsidade ideológica está previsto no art. 299 do CPB, in verbis: Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclu- são de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 8 de 63www.grancursosonline.com.br Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecen- do-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. É sabido que a falsidade deve ser capaz de enganar e que o objeto material do crime é o documento público ou particular. Sobre o tema, uma importante decisão do STJ nesse informativo afirma que a capacidade de enganar não está presente quando o objeto material for um documento eletrônico sem validade jurídica por não conter assinatura judicial e suas informações devam ser objeto de aferição por quem nelas tem interesse, como é o caso do currículo inserido na plataforma vir- tual Lattes do CNPQ. (Informativo 610 STJ) 9. Em regra, as provas, no processo penal, podem ser produzidas a qualquer tempo, inclusive na fase recursal, desde que observado o contraditório; no procedimento do tribunal do júri, entretanto, exige-se a antecedência mínima de três dias antes da instrução em plenário não apenas para a juntada de documento ou objeto, mas tam- bém para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização no Tribunal do Júri. Comentário Certo. Segundo o art. 479 do CPP, com redação dada pela Lei 11.689/2008, durante o julgamento no Tribunal do Júri, não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Pois bem, restava-se saber se a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis era ape- nas para a juntada aos autos do documento, ou se aplicava o prazo como reserva SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 9 de 63www.grancursosonline.com.br temporal de ciência à outra parte. Ao julgar o REsp 1.637.288-SP, o STJ entendeu que de nada adiantaria a exigência de que o documento seja juntado em tempo razoável se não vier acompanhada da necessidade de que a parte contrária seja cientificada também em tempo razoável da juntada, razão pela qual o prazo de 3 dias úteis a que se refere o art. 479 do Código de Processo Penal deve ser respeitado não apenas para a junta- da de documento ou objeto, mas também para a ciência da parte contrária a respeito de sua utilização no Tribunal do Júri. (Informativo 610 STJ) 10. Acerca do sigilo das operações de instituições financeiras (Lei Complementar nº 105/2001), pode-se afirmar que independe de prévia autorização do Poder Ju- diciário a quebra de sigilo de contas públicas, eis que, por força dos princípios da publicidade e da moralidade (CF, art. 37), não têm elas, em geral, direito à intimi- dade e à privacidade. Fonte: adaptação de questão elaborada pelo IBADE (concur- so Delegado PC AC - 2017) Comentário Certo. O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que as contas públicas, por força dos princípios da publicidade e da moralidade (CF, art. 37), não têm, em geral, direito à intimidade e à privacidade. Por conseguinte, não são abrangidas pelo sigilo bancário. O sigilo de informações necessário à preservação da intimidade é relativizado quan- do há interesse da sociedade em conhecer o destino dos recursos públicos. (Informativo 879 STF) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 10 de 63www.grancursosonline.com.br 11. Octávio, Procurador da República, presente em audiência, de logo teve ciência de ato que pretendia recorrer. Com relação ao prazo recursal, o início do cômputo somente se inicia com a remessa dos autos com vista à instituição, pois o prazo processual, considerado em si mesmo, não tem necessária relação com intimação (comunicação ou ciência de atos daqueles que figuram no processo), mas com o espaço de tempo de que as partes ou terceiros interessados dispõem para a prática válida de atos processuais que darão andamento ao processo. Comentário Certo. O Superior Tribunal de Justiça, na análise do assunto, considerou aspectos práticos e legais. Em uma visão pragmática, a um, reconheceu o grande volume de trabalho de Promotores e Procuradores da República, responsáveis por várias ações penais, ante os princípios da oficialidade e da obrigatoriedade da ação penal. A dois, por considerar o princípio da unidade, entendeu que nem sempre o(a) Promotor(a)/ Procurador(a) da República presente na audiência será o mesmo agente público responsável pela condução e, posteriormente, pela impugnação dos atos praticados durante a audiência. Avançando, citou várias normas legais, decidindo que o início do cômputo do prazo para a prática de novos atos só dispara com a remessa dos autos com vista à instituição. • Lei Orgânica dos Ministérios Públicos Estaduais (art. 41, IV, da Lei n. 8.625/1993); • Lei Complementar n. 75/1993, do Ministério Público da União (art. 18, II, “h); e • Art. 180 do CPC. Nesse mesmo Informativo, sublinhe-se, consta decisão do STJ, reafirmando mes- SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 11 de 63www.grancursosonline.com.br mo tratamento à Defensoria Pública: A data da entrega dos autos na repartição administrativa da Defensoria Pública é o ter- mo inicial da contagem do prazo para impugnação de decisão judicial pela instituição, independentemente de intimação do ato em audiência. HC 296.759-RS, Rel. Min. Ro- gério Schietti Cruz, por maioria, julgado em 23/8/2017, DJe 21/9/2017. (Informativo 611 STJ) 12. Com relação às prerrogativas parlamentares,o ato emanado do Poder Judiciá- rio que houver aplicado medida cautelar que impossibilite direta ou indiretamente o exercício regular do mandato legislativo deve ser submetido ao controle político da Casa Legislativa respectiva, nos termos do art. 53, § 2º, da CF. Fonte: adaptação de questão elaborada pelo CESPE (concurso Juiz - TJCE - 2012) Comentário Certo. Diferentemente do entendimento do ministro Marco Aurélio, entendeu a maioria do Supremo Tribunal Federal que o Poder Judiciário dispõe de competência para de- cretar, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o artigo 319 do Código de Processo Penal em desfavor de parlamentares. Todavia, em respeito à independência harmônica que rege o princípio da separação dos Poderes, e considerando que medidas cautelares diversas da prisão acabam por impossibilitar direta ou indiretamente o exercício regular do mandato legislati- vo, o Supremo Tribunal Federal, interpretação conforme à Constituição, decidiu que tais medidas aplicadas pelo Poder Judiciário, por reserva de Parlamento, devam ser submetidas, ao controle político da Casa Legislativa respectiva, nos termos do art. 53, § 2º, da CF: Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 12 de 63www.grancursosonline.com.br Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Ainda sobre o tema, é importante mencionar que o art. 53, §2º, da CF não pode ser invocado no caso de prisão decorrente de sentença condenatória transitada em julgado. Foi esse o entendimento do STF, conforme se observa no Informativo 712, abaixo transcrito parcialmente, com grifos nossos: Detentor de mandato eletivo e efeitos da condenação - 3 O Min. Teori Zavascki acrescentou que não procederia a alegação de ofensa ao art. 53, § 2º, da CF. Afirmou que o dispositivo preservaria, no que diz respeito às imuni- dades reconhecidas aos parlamentares federais, a regra segundo a qual, no âmbito das prisões cautelares, somente se admitiria a modalidade de prisão em flagrante, decorrente de crime inafiançável. Afirmou que nesse preceito não se compreenderia a prisão resultante de sentença condenatória transitada em julgado. Destacou que a incoercibilidade pessoal dos congressistas configuraria garantia de natureza rela- tiva. Assim, ainda que pendente a deliberação, pela casa legislativa correspondente, sobre a perda de mandato parlamentar do condenado por sentença com trânsito em julgado (CF, art. 55, § 2º), não haveria empecilho a que o Judiciário promovesse a execução da pena privativa de liberdade imposta. No caso, aduziu a impertinência dessa questão — no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber —, pois não se poderia atrelar a suspensão dos direitos políticos com a perda do mandato. Assentou que a manutenção ou não do mandato, nas hipóteses de condenação definitiva, deveria ser resolvida pelo Congresso. Consignou, ainda, que o regime constitucional conferido ao tema quanto ao Presidente da República também não salvaguardaria o embargante, pois mesmo o Chefe do Executivo esta- ria sujeito à prisão decorrente de condenação transitada em julgado. Desse modo, o fato superveniente citado não alteraria a condenação imposta, sequer inibiria a execução penal. Vencido o Min. Marco Aurélio, que reiterava a incompetência do STF SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 13 de 63www.grancursosonline.com.br para julgar o feito, tendo em vista a renúncia do parlamentar ao cargo que ocupava antes da decisão condenatória. AP 396 QO/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 26.6.2013. (AP-396). AP 396 ED-ED/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 26.6.2013. (AP-396) (Informativo 881 STF) 13. Há perda de objeto da ação de usucapião proposta em juízo cível na hipótese em que juízo criminal decreta a perda do imóvel usucapiendo em razão de ter sido adquirido com proventos de crime. Fonte: adaptação de questão elaborada pela FCC - concurso Juiz - TJ AP - 2014 c/c questão elaborada pelo CESPE - concurso Juiz - TRF 2º Região – 2013. Comentário Certo. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, apesar de a independência das instân- cias ser regra, os sistemas processuais civil e penal admitem exceções, em que se adota o sistema da adesão, por meio do qual uma instância simplesmente adere ao julgamento da outra. SISTEMA DE ADESÃO PREVALÊNCIA DO JUÍZO CRIMINAL PREVALÊNCIA DO JUÍZO CÍVEL Art. 935 do CC. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal Art. 92 do CPP. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 14 de 63www.grancursosonline.com.br No caso julgado, o STJ entendeu pela prevalência do juízo criminal. E concluiu que, após decretado o confisco do bem por meio de sentença penal condenató- ria transitada em julgado, nada resta ao juízo cível senão curvar-se ao pro- vimento exarado pelo juízo criminal, cabendo à parte interessada insurgir-se perante aquele juízo, por meio dos referidos embargos Do exposto, há perda de objeto da ação de usucapião proposta em juízo cível na hipótese em que juízo criminal decreta a perda do imóvel usucapiendo em razão de ter sido adquirido com proventos de crime. 14. Em 2014 o STF adotou o entendimento de o desmembramento do processo ser a regra geral quando houver corréus sem prerrogativa de foro no STF. Admite, porém, como exceção julgamento único de ação penal que indicar a união indisso- ciável entre as condutas, e não a mera conexão. Comentário Certo. Aos dias 13 de fevereiro de 2014, após negar provimento a recurso (agravo regi- mental) interposto contra o desmembramento do Inquérito (INQ) 3515, que corre no Supremo Tribunal Federal contra o deputado federal Arthur Lira (PP/AL) pela suposta prática dos crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e corrupção passiva, os ministros concordaram em adotar o entendimento de que o desmem- bramento do processo fosse, doravante, uma regra geral quando houvesse corréus sem prerrogativa de foro no STF1. Anos antes, porém, o STF havia decidido alguns casos pelo não desmembramento, diante da possibilidade de decisões contraditórias em separado. Assim foi, como exemplo, a Ação Penal 470/MG (“Mensalão”). 1 Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=260291 SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 15 de 63www.grancursosonline.com.br Nesse sentido, inclusive, a Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz na- tural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos de- nunciados. Por ser mais recente, a decisão de desmembramento como regra geral fez supor nova postura jurisdicional. Como se esperava, porém, exceções seriam reconheci- das à regra proposta como geral. E nessa esteira, no julgamento do Inq 4506 AgR/DF, no último dia 14 de novem- bro, o STF entendeu pelo não desmembramento indicando hipótese para a exce- ção: a união indissociável entre as condutas, e não a mera conexão. (Informativo 885 STF) 15. Com o advento da lei 11.690/2008, o Código Processo Penal abandonou o sis- tema presidencialista, de modo que a inquirição de testemunhas pelaspartes deve preceder à realizada pelo juízo. Comentário Certo. Antes da Lei n. 11.690/2008, estabelecia o Código de Processo Penal que “as per- guntas das partes seriam requeridas ao juiz, que as formularia à testemunha. O juiz não poderia recusar as perguntas da parte, salvo se não tivessem relação com o processo ou importarem repetição de outra já respondida”. Com o advento da lei acima, o art. 212 do CPP passou ter uma nova redação: “As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitin- do o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pon- SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 16 de 63www.grancursosonline.com.br tos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição”. Abandonou-se, pois, o sistema presidencialista em homenagem ao sistema acusa- tório, em que o juiz participa apenas ao final, de maneira supletiva. Passou-se a vigorar o procedimento inicial de direct-examination pela parte que arrolou, para em seguida se oportunizar à parte contrária as suas perguntas à testemunha (cros- s-examination). A despeito da alteração legal, alguns magistrados ainda iniciam audiência formu- lando suas perguntas. E foi o que ocorreu no processo analisado pelo STF. Impe- trado o HC 111815/SP, o STF reafirmou que a inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo juízo. Com efeito, embora não tenha anulado o processo-crime a partir da audiência de instrução e julgamento, decidiu pela necessidade de nova oitiva, mantidos todos os demais atos processuais. (Informativo 885 STF) 16. O princípio da insignificância é aplicável aos crimes contra a administração pública. Comentário Errado. Vide Súmula 599 STJ. 17. Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), exige-se naturalmente a coabitação entre autor e vítima. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 17 de 63www.grancursosonline.com.br Comentário Errado. Vide Súmula 600 STJ. 18. Sobre o regime jurídico da prisão provisória e das medidas cautelares pessoais no ordenamento jurídico pátrio, segundo orientação doutrinária e jurisprudencial, é correto afirmar que a prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o agente for mulher com filho de até 04 anos de idade. Comentário Errado. Com a Lei n. 12.403/2011, o Código de Processo Penal brasileiro foi alterado, com a previsão de medidas cautelares diversas da prisão, razão pela qual a privação processual de liberdade, já excepcional, tornou-se medida subsidiária. Para a aplicação da prisão preventiva ou de qualquer outra medida cautelar, o le- gislador estabeleceu a necessidade de serem preenchidos os seguintes requisitos: Art. 282 do CPP. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplica- das observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 18 de 63www.grancursosonline.com.br Constata-se que se consagrou o princípio da proporcionalidade (entendido como o binômio necessidade e adequação das medidas a serem aplicadas), previsto im- plicitamente na Constituição Federal e diretamente ligado à garantia dos direitos fundamentais. É por isso que, sempre que possível, a prisão preventiva será substituída por outra medida cautelar menos lesiva ao investigado ou acusado. É o que dispõe o artigo 321 do CPP: Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. I - (revogado) II – (revogado) Diversas são as cautelares diversas da prisão. Destacamos (a) comparecimento periódico em juízo; (b) proibição de acesso ou frequência a determinados lugares; (c) proibição de manter contato com pessoa determinada; (d) proibição de ausen- tar-se da comarca; (e) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga; (f) e suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira. Por não outra razão, em uma representação policial pela prisão preventiva, sugere- -se, como melhor técnica, demonstrar a ineficácia das demais medidas cautelares, não restando outra alternativa senão a prisão preventiva dos suspeitos. Apenas como ultima ratio, a prisão preventiva ressoa como medida cabível. Nesse sentido, o informativo 887 apresenta o julgamento do HC 136408/SP, Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, no qual o Supremo Tribunal Federal invocou a Lei 13.257/2016, que versa sobre SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 19 de 63www.grancursosonline.com.br políticas públicas para a primeira infância, e determinou a substituição da preven- tiva por prisão domiciliar de uma mãe com filho de até 12 anos de idade. (Informativo 887 STF) 19. A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, “caput”, da Constituição Federal, tem por finalidade tutelar o exercício regular dos cargos de Presidente da República e de Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenuncia- dos que não se encontram investidos em tais funções. Comentário Certo. A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, “caput”, da Constituição Federal, tem por finalidade tutelar o exercício regular dos cargos de Presidente da República e de Ministro de Estado, razão pela qual não é extensível a codenuncia- dos que não se encontram investidos em tais funções. Com esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal, nos autos do INQ 4483 e INQ 4327, ao tempo em que reconheceu a imunidade formal do Presidente da República e dos Ministros de Estado, diante da negativa da Câmara dos Deputados, decidiu pelo prosseguimento das ações aos codenunciados, com o desmembramento dos processos de acordo com os critérios de competência. Com relação à imputação do crime de organização criminosa, acrescentou o STF que por se trata de delito autônomo, eventuais delitos cometidos em seu âmbito não ensejam, necessariamente, o reconhecimento da conexão para processo e jul- gamento conjuntos. Entendeu, por fim, o STF que o prosseguimento das ações não e traduz na possibili- dade de responsabilização indireta dos detentores de imunidade formal, amparados SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 20 de 63www.grancursosonline.com.br pela decisão da Câmara dos Deputados, uma vez que, no processo, penal, tem-se o princípio da responsabilidade penal subjetiva, cabendo ao Ministério Público o ônus da prova acerca dos elementos constitutivos do tipo penal incriminador, produzindo os elementos de prova capazes de demonstrar, em relação a cada um dos acusa- dos, a perfeita subsunção das condutas. (Informativo 888 STF) 20. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível extraditar estrangeiro conde- nado por seu país de origem a crimes de sequestro praticados há mais de 20 anos, por ser tal delito permanente, não prescrevendo enquanto não for encontrada a pessoa ou o corpo. Comentário Certo. Interessante decisão do Supremo Tribunal Federal ao julgar a possibilidade de extradi- ção de ex-militar da marinha argentina, acusado de participação em crime de seques- tro, tortura e eliminação de pessoas no período compreendido entre 1976 e 1983. De um lado, ministros sustentaram que, não sendo o Brasil signatário da Conven- ção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado dePessoas, que prevê a im- prescritibilidade dos delitos de lesa-humanidade, a extradição deveria ser negada, sob argumento de falta de dupla punibilidade, considerando a morte presumida da vítima e a prescrição máxima prevista no CPB: 20 anos. Vencidos, porém, foram esses ministros. Por maioria, o STF entendeu que o crime de sequestro, por ser permanente, não prescreve enquanto não for encon- trada a pessoa ou o corpo. (Informativo 888 STF) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 21 de 63www.grancursosonline.com.br 21. O “habeas corpus” não pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão, eis que não presente ameaça ou ofensa, direta ou indireta, à liberdade de ir e vir. Comentário Errado. Ao julgar dois “Habeas Corpus”: 147303/AP e 147426/AP, o Supremo Tribunal Fe- deral entendeu ser possível impetrar em face de medidas diversas da prisão, como o afastamento das funções. Dois argumentos foram decisivos: 1) tais medidas, em- bora diversas da prisão, afetam interesses não patrimoniais importantes da pessoa física; 2) Se descumpridas, podem ser convertidas em prisão processual. (Informativo 888 STF) 22. À luz do posicionamento jurisprudencial, em caso de imputação do mesmo fato delituoso em ações penais diversas, ocorrendo coisa julgada nos juízos diferentes, deve prevalecer a primeira condenação, em respeito ao princípio da Segurança Jurídica. Comentário Errado. Situação um pouco inusitada, porém de fácil resolução. O Superior Tribunal de Jus- tiça entendeu que diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação mais favorável ao réu. Abstraindo-nos do caso em si, apresento um exemplo no qual se mostra possível a ocorrência dessa situação. Admita-se que se investigue uma organização criminosa (ORCRIM) estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 22 de 63www.grancursosonline.com.br objetivo de praticar crimes de contrabando. Em uma cidade “A”, onde os suspeitos residem e possuem comércio, tramita o inquérito policial a investigar a ORCRIM. Al- gumas apreensões são realizadas nas cidades fronteiriças “B” e “C”, materializando a importação de mercadorias proibidas, com a prisão de alguns integrantes da OR- CRIM já investigada na cidade “A”. Em todas as cidades, as investigações avançam, de modo a alcançar todos os integrantes. São eles denunciados nas cidades “A”, “B” e “C”, com imputação dos mesmos fatos delituosos, incursos no art. 2º da Lei 12.850/2013 c/c art. 334-A do CPB, gerando condenações com trânsito em julgado. (Informativo 616 STJ) 23. (2013/CESPE/PG-DF/PROCURADOR) Desde que o STF declarou incidental- mente a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º , da Lei n. 8.072/1990 (“A pena por crime previsto neste artigo [crime hediondo] será cumprida inicialmente em regime fechado”), não é mais obrigatória a fixação do regime inicial fechado para o condenado pelo crime de tráfico de entorpecentes, podendo a pena privativa de liberdade ser substituída por restritivas de direitos quando o réu for primário e sem antecedentes e não ficar provado que ele se dedique ao crime ou esteja envolvido com organização criminosa. Comentário Certo. No julgamento do Recurso Extraordinário 1.052.700, ocorrido em 03/11/2017, em Plenário Virtual, o Supremo Tribunal Federal decidiu por fixar a tese: “É inconstitu- cional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal”. Já haviam julgados nesse sentido: SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 23 de 63www.grancursosonline.com.br AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMINAL. JUL- GAMENTO MONOCRÁTICO PELO RELATOR. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE IMPUG- NAÇÃO AOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. […] 3. É inconstitucional a fixação de regime inicial fechado com base unicamente na hediondez do delito (HC 111.840, Rel. Min. Dias Toffoli, Pleno, DJe 17.12.2013). 4. Agravo regimental a que se nega provimento. Ordem de habeas corpus concedida de ofício apenas para determinar ao Juízo de 1º grau que reexamine, afastada a vedação do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, a possibilidade de fixação de regime inicial de cumprimento de pena menos gravoso, atendo-se ao previsto no art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal. (ARE 935.967 AgR, Rel. Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 15.03.2016, grifei) Ocorre que, nas palavras do Ministro Edson Fachin, fez-se necessária a consolidação da jurisprudência, diante do descumprimento dessa orientação por outras instân- cias, sob o argumento de que a declaração de inconstitucionalidade no julgamento do HC 11.840/ES, por ter se dado de forma incidental, não teria efeito erga omnes2. No Informativo 889 STF, consta que, já em sede de repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal reafirmou a tese acima no Recurso Extraordinário com Agravo 1.052.700 – MG. (Informativo 889 STF) 24. Conforme entendimento jurisprudencial, o art. 53, § 2º, da Constituição Fe- deral, ao dispor acerca de imunidade formal conferida a deputados federais e se- nadores, confere uma prerrogativa constitucional aos parlamentares do Congresso Nacional e, justamente por se tratar de norma de exceção, deve ser interpretada restritivamente. Assim, um Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, pode im- 2 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento. asp?pronunciamento=7206125. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 24 de 63www.grancursosonline.com.br por a parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas fun- ções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação. Comentário Certo. Conforme Informativo 881 STF, no julgamento da ADI n. 5.526/DF, entendeu a maioria do Supremo Tribunal Federal que o Poder Judiciário dispõe de competência para decretar, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o ar- tigo 319 do Código de Processo Penal em desfavor de parlamentares. Todavia, em respeito à independência harmônica que rege o princípio da separação dos Poderes, e considerando que medidas cautelares diversas da prisão acabam por impossibili- tar direta ou indiretamente o exercício regular do mandato legislativo, o Supremo Tribunal Federal, interpretação conforme à Constituição, decidiu que tais medidas aplicadas pelo Poder Judiciário, por reserva de Parlamento, devam ser submetidas, ao controle político da Casa Legislativa respectiva, nos termos do art. 53, § 2º, da CF: Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não po- derão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Ainda sobre o tema, é importante mencionar que o art. 53, §2º, da CF não pode ser invocado no caso de prisão decorrente de sentença condenatória transitada em jul- gado. Foi esse o entendimento do STF, conforme se observa no Informativo 712 STF. No Informativo 617 STJ, o Superior Tribunal de Justiça entendeu ser possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessida- de de remessa à Casa respectiva para deliberação. Com relação ao art. 53, § 2º, SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 25 de 63www.grancursosonline.com.br da Constituição Federal, segundo a decisão judicial, o referido artigo dispõe acerca de imunidade formal conferida à deputados federais e senadores, sendo, pois,uma prerrogativa constitucional conferida aos parlamentares do Congresso Nacional e, justamente por se tratar de norma de exceção, deve ser interpretada restritivamente (Informativo 617 STJ) 25. É lícita a obtenção de dados pela polícia das conversas de whatsapp em celular sem prévia autorização judicial, desde que apreendido o aparelho no flagrante. Comentário Errado. O STJ entendeu não haver ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário – a vítima – foi morto, tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. Tal decisão deve ser analisada a partir do contexto em que foi proferida: 1) o celu- lar pertencia à vítima e não ao acusado; 2) a vítima veio a falecer e houve autori- zação da esposa; 3) o celular teria sido um veículo para a prática do crime. Recomenda-se cautela para não alargar esse entendimento, considerando outras decisões de Tribunais Superiores, cada vez mais inclinadas a considerar ilícita a prova quando não há autorização do proprietário/detentor do aparelho celular, nem decisão judicial permissiva. “PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁ- FICO DE DROGAS. NULIDADE DA PROVA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA A PERÍCIA NO CELULAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. Ilí- cita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas dire- SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 26 de 63www.grancursosonline.com.br tamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial. 2. Recurso ordinário em habeas corpus provido, para declarar a nulidade das provas obtidas no celular do paciente sem autorização judicial, cujo produto deve ser desentranhado dos autos”. (STJ. RHC 51.531/RO, 6ª Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/04/2016) (Informativo 617 STJ) 26. Com referência ao crime de dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses previstas em lei (art. 89 da Lei n. 8.666/1993), julgue o item seguinte. A consumação do art. 89 reclama a configuração de dolo de dano ao erário (dolo específico), embora não seja necessária a comprovação do efetivo dano. Comentário Certo. A Primeira Turma do STF não conheceu Recurso Especial interposto por Deputado Federal, condenado como incurso nos crimes previstos nos artigos 89 e 90 da Lei de Licitações, perpetrados quando de sua gestão como prefeito municipal, em ra- zão dos termos do Enunciado 279 do STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Na sequência, a Turma, também por maioria, afastou a prescrição da pretensão punitiva suscitada e determinou a imediata execução da pena, com expedição de mandado de prisão. Ocorre que os argumentos utilizados pela defesa, não refutados pelo Relator, pode- riam ser determinantes caso o Recurso fosse conhecido, reascendendo a importân- cia do estudo dos tipos penais ora referidos. Vamos a eles: Lei 8.666/1993: “Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses pre- SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 27 de 63www.grancursosonline.com.br vistas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ile- gal, para celebrar contrato com o Poder Público”. Lei 8.666/1993: “Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”. Há entendimentos, cada vez mais recorrentes, que a consumação do art. 89 re- clama a configuração de dolo de dano ao erário (dolo específico), embora não seja necessária a comprovação do efetivo dano. O tipo descrito do art. 89 da Lei de Licitação tem por escopo proteger o patrimônio público e preservar o princípio da moralidade, mas só é punível quando produz re- sultado danoso. (Apn 261/PB, Rel. Min. Eliana Calmon, Corte Especial, julgado em 02/03/2005) As ações criminais, que envolvem o cometimento de crimes previstos na Lei de Li- citações, exigem, para a configuração do delito, a evidenciação do dolo específico e do dano ao erário, para que consubstanciem a justa causa para a condenação penal. (APn 330/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Rel. p/ Acórdão Min. Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 03/10/2007) O entendimento dominante no Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que o crime do art. 89 da Lei 8.666, de 1993, somente é punível quando produz resulta- do danoso ao erário. (Apn 214/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 07/05/2008) No Informativo 856 STF (março e 2017), o Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado pela exigência de 03 critérios para a consumação do crime do art. 89 da Lei 8.666/1993: SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 28 de 63www.grancursosonline.com.br O primeiro critério consiste na existência de parecer jurídico lavrado idonea- mente pelo órgão competente. A investigação policial deve então enfrentar as circunstâncias não apenas da elaboração do parecer como também da própria escolha do parecerista, se possuía à época conhecimentos suficientes para tanto, ou se a designação apenas foi para suprir formalidade, entre outras diversas dili- gências possíveis. O segundo critério a ser observado corresponde à indicação da especial finali- dade de lesar o erário ou promover enriquecimento ilícito dos acusados. Por essa razão, a autoridade policial, quando do indiciamento, deve reunir elementos sobre o elemento subjetivo da conduta. O terceiro critério é a comprovação de indícios de concurso de agentes, deman- dando a descrição da existência de vínculo subjetivo entre os participantes para a obtenção do resultado criminoso, não bastando a mera narrativa de ato administra- tivo formal eivado de irregularidade. Ressalvo que o concurso de agentes, embora não presente entre os licitantes, pode ser revelado entre um ou mais licitante e os servidores públicos/agentes políticos. (...) Diante das peculiaridades que envolvem a distinção entre, de um lado, o ilícito cível e administrativo e, de outro lado, com maior desvalor jurídico, o ilícito penal, há a necessidade de sistematizar critérios para análise da ocorrência ou não do tipo versado no art. 89 da Lei 8.666/1993. Busca-se, com isso, reduzir o elevado grau de abstração da conduta prevista no tipo penal e, por consequência, atender aos princípios da “ultima ratio”, da fragmentariedade e da lesividade. Entendeu que podem ser estabelecidos três critérios para a verificação judicial da viabilidade da denúncia que trate da prática do crime disposto no art. 89 da Lei 8.666/1993. Esses critérios permitem que se diferencie, com segurança, a conduta criminosa definida no art. 89 da Lei 8.666/1993 das irregularidades ou ilícitos ad- ministrativos e de improbidade, intencionais ou negligentes. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 29 de 63www.grancursosonline.com.br O primeiro critério consiste na existência de parecer jurídico lavrado idoneamente pelo órgão competente. Nesses termos, o parecer do corpo jurídico, quando lavra- do de maneira idônea, sem indício de que constitua etapa da suposta empreitada criminosa, confere embasamento jurídico ao ato, até mesmo quanto à observância das formalidades do procedimento. O parecer jurídico favorável à inexigibilidade impede a tipificação criminosa da conduta, precisamente por afastar, desde que inexistentes outros indícios em contrário, a clara ciência da ilicitude da inexigibili-dade, e determina o erro do agente quanto ao elemento do tipo, qual seja, a cir- cunstância “fora das hipóteses legais” (CP, art. 20). O segundo critério a ser observado corresponde à indicação, na denúncia, da espe- cial finalidade de lesar o erário ou promover enriquecimento ilícito dos acusados. Para tanto, o crime definido no art. 89 da Lei 8.666/1993, de natureza formal, inde- pende da prova do resultado danoso. Porém, para que a conduta do administrador seja criminosa, é exigível que a denúncia narre a finalidade do agente de lesar o erário, de obter vantagem indevida ou de beneficiar patrimonialmente o particular contratado, ferindo com isso a razão essencial da licitação (a impessoalidade da contratação). Sobre esse critério, asseverou que a denúncia não mencionou a existência de in- dício de que o acusado teria agido com o fim de obter algum proveito ilícito ou de beneficiar a OSCIP contratada, em detrimento do erário. Ponderou, ainda, que o tipo previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993 tem como destinatário o administrador e adjudicatários desonestos, e não os supostamente inábeis. A intenção de ignorar os pressupostos para a contratação direta ou a simulação da presença desses são elementos do tipo, que não se perfaz a título de negligência, imprudência ou impe- rícia — caracterizadores de atuar culposo. Como último critério, destacou a necessária descrição do vínculo subjetivo entre os agentes. Assim, a imputação do crime definido no art. 89 da Lei 8.666/1993 a uma SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 30 de 63www.grancursosonline.com.br pluralidade de agentes demanda a descrição indiciária da existência de vínculo sub- jetivo entre os participantes para a obtenção do resultado criminoso, não bastando a mera narrativa de ato administrativo formal eivado de irregularidade. Em outros termos, deve-se perquirir se a denúncia, ao narrar a prática de crime em concurso de agentes, indica a presença dos elementos configuradores da união de desígnios entre as condutas dos acusados, voltadas à prática criminosa comum. E com relação ao art. 90, temos o inverso: não é preciso comprovar o dolo de dano ao erário (dolo específico), porém é necessário comprovar o efetivo dano ao Erário. (Informativo 890 STF) 27. Conforme entendimento jurisprudencial, a cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha re- nunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta. Comentário Certo. A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Esta- do de origem do réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas man- tenha a competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta. No caso do RHC 87.825-ES, importante destacar que o Estado Estrangeiro renun- ciou apenas à imunidade de jurisdição cognitiva, permanecendo então soberano quanto à jurisdição executiva. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 31 de 63www.grancursosonline.com.br Foi decretada medida cautelar em seu desfavor impedindo sua saída do país sem autorização judicial, com base em dois argumentos: 1) Para assegurar a aplicação da lei penal; e 2) No interesse da proteção à instrução criminal. O primeiro argumento não encontra lastro lógico e jurídico, pois, como dito, a ju- risdição executiva não cabe ao Estado brasileiro. O segundo argumento, por seu turno, não se sustenta por si só, uma vez que eventual intento de não comparecer a atos do processo é reserva de autodefesa ao acusado plenamente possível (nova redação dos artigos 185 e 4743 do CPP): Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, consti- tuído ou nomeado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003). Grifos nossos. Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008). Gri- fos nossos. Na sequência do entendimento supra, o Superior Tribunal de Justiça reconhecer a de- cisão da medida cautelar não apresentou fundamentação suficiente, demonstrando a adequação aos riscos que se pretendia com ela evitar, de modo que é de se reputar indevida a proibição do impetrante ausentar-se do país sem autorização judicial. A respeito do tema, seguem importantes artigos da Convenção de Viena (Decreto n. º 56.435/1965): ARTIGO 29.º A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objec- 3 Equivocadamente, a decisão do STJ cita o art. 475 do CPP. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 32 de 63www.grancursosonline.com.br to de qualquer forma de detenção ou prisão. O Estado acreditador tratá-lo-á com o devido respeito e adoptará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade. ARTIGO 31.º O agente goza de imunidade de jurisdição penal do Estado acredita- dor. Goza também da imunidade da sua jurisdição civil e administrativa, salvo se se trata de: a) Uma ação real sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditador, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acredi- tante para os fins da missão; b) Uma ação sucessória na qual o agente diplomático figura, a título privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário; c) Uma ação referente a qualquer atividade profissional ou comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditador fora das suas funções oficiais. 2. O agente diplomático não é obrigado a prestar de- poimento como testemunha. 3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida de execução, a não ser nos casos previstos nas alíneas a), b) e c) do pará- grafo 1 deste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a invio- labilidade de sua pessoa ou residência. 4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditador não o isenta da jurisdição do Estado acreditante ARTIGO 32.º O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos do artigo 37.º 2. A renúncia será sempre expressa.(...) (Informativo 618 STJ) 28. O Supremo Tribunal Federal, por maioria, concedeu “habeas corpus” coletivo, impetrado em favor de todas as mulheres presas preventivamente que ostentem a condição de gestantes, de puérperas ou de mães de crianças sob sua responsa- bilidade. Considerando a cultura do encarceramento, que se revela pela imposição SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 33 de 63www.grancursosonline.com.br exagerada de prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, e que resulta em situações que ferem a dignidade de gestantes e mães, com prejuízos para as respectivas crianças, cabe ao Judiciário adotar postura ativa ao dar pleno cumpri- mento a esta ordem judicial, sem exceções. Nas hipóteses de descumprimento da presente decisão, a ferramenta a ser utilizada é a reclamação. Comentário Errado. Em decisão inovadora, o Supremo Tribunal Federal concedeu “habeas corpus” co- letivo em favor de todas as mulheres presas preventivamente que ostentem a condição de gestantes, puérperas ou de mães de crianças e de pessoas com defici- ência sob sua responsabilidade, como também em favor das adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas, na mesma condição - e enquanto perdurar tal condição -, excetuados os casos: 1) de crimes praticados por elas mediante violênciaou grave ameaça, contra seus descendentes; 2) de situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamen- tadas pelos juízes que denegarem o benefício. Por essa razão, o habeas corpus” coletivo não afasta jurisdição de primeiro grau, por- quanto os juízes podem considerar uma situação como excepcional, a justificar a não extensão dos efeitos do “habeas corpus” coletivo a casos concretos. Cabe ao magis- trado decidir pela extensão dos efeitos, pela manutenção excepcional da prisão pre- ventiva, ou pela prisão domiciliar, que, se inviável ou inadequada em determinadas situações, poderá ser substituída por medidas alternativas arroladas no 319 do CPP. A autoridade policial, ao representar pela prisão preventiva de mulheres nessa con- dição, deve fundamentar o pedido em uma das hipóteses de exceção acima, bem SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 34 de 63www.grancursosonline.com.br como justificar a impossibilidade de outra medida alternativa. (Informativo 891 STF) 29. O mandado de segurança se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público Comentário Errado. Vide Súmula 604 STJ. 30. Havendo dúvida resultante da omissão cartorária em certificar a data de re- cebimento da sentença conforme o art. 389 do CPP, pode-se presumir a data de publicação com o lançamento de movimentação dos autos na internet, a fim de se verificar a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva. Comentário Errado. Houve, em caso julgado pelo STJ, omissão cartorária na publicação da sentença, reservando-se os servidores ao lançamento do andamento processual “Mandado Expeça-sentença”, registrado junto ao sistema eletrônico de gerenciamento de pro- cessos (eJUD). Considerando as formalidades próprias, na dúvida, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a não publicidade da sentença e, por conseguinte, entendeu pela não interrupção do prazo prescricional. (Informativo 619 STJ) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 35 de 63www.grancursosonline.com.br 31. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não pode ser atribuída à conduta de líder espiritual ainda que responsável por propalar opiniões intolerantes, diante da proteção absoluta, por cláusula constitucional, da liberdade de expressão. Comentário Errado. No julgamento do RHC 146303/RJ, o STF entendeu que a incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. O argumento de liberdade de expressão não pode - nem deve - servir como salvo conduto à ofensa dos demais direitos. Impõe-se respeitar restrições previstas na própria Constituição. Entenda o caso: Os ministros consideraram que as declarações de uma pastor são “islamofóbicas” e incitam o ódio a várias religiões. O pastor publicou na internet textos e vídeos ofen- sivos a seguidores de crenças diversas da sua, como muçulmanos, católicos, judeus, espíritas e umbandistas. Em algumas publicações, o réu pedia pelo fim das outras religiões e doutrinas, além de imputar fatos ofensivos aos devotos e sacerdotes. O crime de discriminação religiosa está previsto na Lei 7.716/1989, a mesma que pune o racismo. Condenado, inicialmente, pela 20ª Vara Criminal da Capital (RJ), a três anos de reclusão, em regime aberto, além do pagamento de 36 dias-multa, o pastor teve a pena privativa de liberdade substituída por restritiva de direito. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) apenas reduziu a quantidade de dias- -multa, mantendo a condenação. Não satisfeita, a defesa do pastor impetrou habe- as corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que rejeitou o pedido. Na decisão, o SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 36 de 63www.grancursosonline.com.br ministro Joel Ilan Paciornik escreveu que “não se trata apenas de defesa da própria religião, culto, crença ou ideologia, mas sim de um ataque ao culto alheio, que põe em risco a liberdade religiosa daqueles que professam fé diferente à do paciente 4. (Informativo 893 STF) 32. Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n. 13.654/2018, que deixou de considerar o emprego de arma branca como causa de aumento de pena, é de rigor a aplicação da novatio legis in mellius. Comentário Certo. A Lei 13.654/2018 revogou a causa de aumento de pena do inciso I, §2, do art. 157, que estabelecia aumento de um terço até a metade se a violência ou ameaça fosse exercida com emprego de arma. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; À época, utilizava-se interpretação extensiva de modo a considerar possível para a exasperação da pena: – AS ARMAS PRÓPRIAS: REVOLVER, PUNHAL ETC. – AS ARMAS IMPRÓPRIA: TACO DE BEISEBOL, FACÃO DE AÇOUGUE, GAR- RAFAS ETC. Desde que efetivamente empregadas, tanto as próprias como as armas impróprias implicavam o aumento de pena. Com o advento da Lei 13.654/2018, ao tempo em que foi revogado o inciso acima 4 Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/justica/considerado-islamofobico-pastor-e-condenado-por- discriminacao-religiosa-ef69l4j8hlzub83qibf4e5wyd. Acesso em 16/01/2018, às 13:01:00. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 37 de 63www.grancursosonline.com.br comentado, foi inserido o §2 -A, inciso I: § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; De um lado, temos um aumento maior de pena (antes 1/3 (um terço) até metade; hoje de 2/3). Todavia, o legislador se utilizou da expressão “arma de fogo”, de modo a afastar a possibilidade de interpretação extensiva, que antes, como visto, contemplava as armas impróprias. (Informativo 626 STJ) 33. O Superior Tribunal de Justiça, efetuando controle de convencionalidade, reco- nheceu a inexistência do crime de desacato em ambiente democrático, em razão de recomendação expedida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Tal entendimento foi endossado pelo Supremo Tribunal Federal, segundo o qual as leis que punem a expressão ofensiva contra funcionários públicos, geral- mente conhecidas como ‘leis de desacato‘, atentam contra a liberdade de expres- são e o direito à informação. Comentário Errado. Em dezembro de 2016, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) des- criminalizou a conduta tipificada como crime de desacato a autoridade, por en- tender que a tipificação é incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). A decisão foi tomada na sessão desta quinta-feira (15)5. 5 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/ Not%C3%ADcias/Quinta-Turma-descriminaliza-desacato-a-autoridade SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 38 de 63www.grancursosonline.com.br Todavia, no mês de maio de 2017, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, que reúne as duas turmas de direito penal do STJ, resolveu pacificar o entendimento sobre o assunto no julgamento de Habeas Corpus e decidiu, por maioria, que não há incompatibilidade do crime de desacato (art. 331 do CP) com as normativas internacio- nais previstas na Convenção Americana de Direitos Humanos (Informativo 607 STJ). Enfrentando essa questão, o Supremo Tribunal Federal na esteira do posiciona- mento final do STJ, entendeu que o desacato constitui importante instrumento de preservação da lisura da função pública e, indiretamente, da dignidade de quem a exerce. Não se pode despojar a pessoa de um dos mais delicados valores cons- titucionais, a dignidade da pessoa humana, em razãodo “status” de funcionário público (civil ou militar). (Informativo 894 STF) 34. A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infra- cional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liber- dade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. Comentário Certo. Vide Súmula 605 STJ. 35. No entendimento do Supremo Tribunal Federal, o delatado não tem legitimi- dade para impugnar um acordo de colaboração premiada, por se tratar de negócio jurídico personalíssimo, salvo se a impugnação versar sobre a competência para homologação, considerando o imperioso respeito às disposições constitucionais quanto à prerrogativa de foro. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 39 de 63www.grancursosonline.com.br Comentário Certo. Na apreciação do HC 151605/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, a 2º turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, concedeu a ordem de “habeas corpus” para deter- minar o trancamento de inquérito instaurado perante o STJ em desfavor de go- vernador, considerando a homologação de colaboração premiada em seu desfavor, proposto pelo Ministério Público Estadual e homologado pelo juiz, em usurpação à competência e jurisdição do Superior Tribunal de Justiça. Dois pontos merecem destaque, diante do entendimento pendular, no caso concre- to, entre as Cortes Superiores. STJ STF O STJ analisou a validade do acordo, em sede de reclamação. Reconheceu a usurpação da própria competência, mas apenas após a homologação do acordo. Conforme a decisão, até os depoimentos do colaborador, não havia elementos contra autoridades com prerrogativa de foro. Como os elementos que atraíram a competência do STJ teriam surgido com o acordo, teria sido correto homologar o acordo e, em seguida, remeter os autos ao STJ Essa interpretação, contudo, está em descompasso com o entendimento do STF, segundo o qual a delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do tribunal competente para a respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público respectivo. Após a instauração do inquérito, a defesa do paciente impugnou a utilização das declarações do colaborador. O STJ decidiu, então, que o paciente não tinha legitimidade para impugnar o acordo. O STF entende que o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo, por se tratar de negócio jurídico personalíssimo. O contraditório em relação aos delatados seria estabelecido nas ações penais instruídas com as provas produzidas pelo colaborador. A impugnação quanto à competência para homologação do acordo, porém, diz respeito às disposições constitucionais quanto à prerrogativa de foro. Assim, ainda que seja negada ao delatado a possibilidade de impugnar o acordo, esse entendimento não se aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. (Informativo 895 STF) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 40 de 63www.grancursosonline.com.br 36. No entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível a realização de “emendatio libelli” em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa desde que não altere o “quantum” de pena aplicado em 1º grau, ausente, pois, “reformatio in pejus”. Comentário Certo. Duas interessantes controvérsias da leitura do HC 134.872/PR: 1) A (im)possibilidade de “emendatio libelli” em grau de recurso. 2) A (in)existência de “reformatio in pejus” em recurso exclusivo da defesa na hi- pótese de “emendatio libelli” quando não alterado o “quantum” de pena aplicado em 1º grau. Pois bem. Entendeu o Supremo Tribunal Federal, no caso julgado, ser possível a realização de “emendatio libelli” em segunda instância mediante recurso exclusivo da defesa desde que não altere o “quantum” de pena aplicado em 1º grau, ausente, pois, “reformatio in pejus”. (Informativo 895 STF) 37. Compete à Justiça Eleitoral processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais. Comentário Certo. Em se tratando de investigação de delitos eleitorais conexos com crimes comuns, o SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 41 de 63www.grancursosonline.com.br Supremo Tribunal Federal, por jurisprudência já firmada nesse sentido, reconheceu a competência da justiça especializada. Sobre o assunto, reza o art. 35, inciso II, do Código Eleitoral: Art. 35. Compete aos juízes: II – processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos tribunais regionais; Ao ensejo, colacionamos dois julgado importantes sobre competência de crimes eleitorais: 1) Competência para o julgamento de vereadores acusados de prática de crimes eleitorais: A despeito da competência do Tribunal de Justiça para o julga- mento de vereador nos crimes comuns e de responsabilidade, tal como previsto na Constituição Estadual do Rio de Janeiro, não há na Constituição Federal previsão de foro privilegiado para vereador. Não há, pois, como aplicar o princípio do paralelis- mo constitucional, como pretende o impetrante, para se concluir pela competência originária do Tribunal Regional Eleitoral para o julgamento de vereador nos crimes eleitorais. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS Nº 316-24.2011.6.00.0000 -CLASSE 16—ANGRA DOS REIS - RIO DE JANEIRO. Relator: Ministro Marcelo Ribeiro. 2) Competência para o julgamento de menores acusados de prática de cri- mes eleitorais: O juízo da vara da infância e da juventude, ou do juiz que exerce tal função na comarca, é competente para processar e julgar ato infracional come- tido por menor inimputável, ainda que a infração seja equiparada a crime eleitoral. Ac.-STJ, de 11.6.2003, no CC nº 38.430: (Informativo 895 STF) 38. Nos casos de violência contra a mulher praticada no âmbito doméstico e fa- miliar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente de instrução probatória. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 42 de 63www.grancursosonline.com.br Comentário Certo. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça reúne a Quinta e a Sexta Turmas, responsáveis pela matéria penal. Ambas já haviam firmado o entendimento de que a imposição, na sentença condenatória, de indenização, a título de danos morais, para a vítima de violência doméstica, requer a dedução de um pedido específi- co, em respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa. Havia, porém, uma controvérsia, conforme tabela que se segue? QUINTA TURMA SEXTA TURMA É necessária a indicação do valor pretendido para a reparação do dano sofrido NÃO é necessária a indicação do valor pretendido para a reparação do dano sofrido. O juízo deve apenas arbitrar um valor mínimo, mediante a prudente ponderação das circunstâncias do caso concreto. No julgado em comento, a Terceira Seção uniformizou o entendimento, adotando o posicionamento da Sexta Turma. Outra questão analisada foi sobre a necessidade ou não de produção de provas para se arbitrar o valor mínimo de dado moral. Teríamos duas decisões possíveis: DECISÃO 01 DECISÃO 02 É necessário provar não apenas a materialidade/autoria, como também o dano moral sofrido. Não há razoabilidade na exigência de instrução probatória acerca do dano psíquico, do grau de humilhação, da diminuição da autoestima, etc., se a própria conduta criminosa empregada pelo agressor já está imbuída de desonra, descrédito e menosprezo ao valor da mulher como pessoa e à sua própria dignidade. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 43 de 63www.grancursosonline.com.br Ao decidir pela desnecessidade de produção de prova quanto ao dado moral so- frido, o STJ entendeu que, nos casos de violência contra a mulherpratica- dos no âmbito doméstico e familiar, é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e in- dependentemente de instrução probatória. (Informativo 621 STJ) 39. Nos casos de furto praticado em local sujeito à administração militar em detri- mento de patrimônio sob administração militar, quando praticado por civil, é com- petente a Justiça Comum Federal para processar e julgar o feito. Comentário Errado. O STJ reafirmou ser crime militar o furto praticado em local sujeito à administração militar em detrimento de patrimônio sob administração militar, ainda que prati- cado por civil. Observou-se que esse entendimento pode ser revisto quando do julgamento da ADPF n. 289 perante a Suprema Corte, na qual a Procuradoria-Geral da República pretende o reconhecimento da incompetência da Justiça Militar da União para jul- gamento de civis em tempo de paz. Em resumo, temos duas situações: JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA MILITAR Furto praticado em local sujeito à administração militar em detrimento de patrimônio particular, quando praticado por civil. Furto praticado em local sujeito à administração militar em detrimento de patrimônio sob administração militar, quando praticado por civil. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 44 de 63www.grancursosonline.com.br (Informativo 621 STJ) 40. Sobrevindo condenação definitiva ao apenado, por fato anterior ou posterior ao início da execução penal, a contagem do prazo para concessão de futuros benefí- cios seria interrompida, de modo que o novo cálculo, realizado com base no soma- tório das penas, teria como termo a quo a data do trânsito em julgado da última sentença condenatória. Comentário Errado. No entendimento anterior do STJ, na esteira do posicionamento do STF, sobrevindo condenação definitiva ao apenado, por fato anterior ou posterior ao início da execução penal, a contagem do prazo para concessão de futuros benefícios seria interrompida, de modo que o novo cálculo, realizado com base no somatório das penas, teria como termo a quo a data do trânsito em julgado da última sentença condenatória. Em mudança importante de entendimento, ponderou a Terceira Seção que uma nova condenação não possui consequência automática no regimento de cumpri- mento da pena, de modo que a regressão para regime mais gravoso somente ocor- re se assim justificar o somatório das penas. Lei n. 7.210/1984 Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 45 de 63www.grancursosonline.com.br ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regres- siva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). Não só. Reconheceu o STJ que os artigos acima não determinam alteração do ter- mo a quo referente à concessão de novos benefícios. Reconheceu ainda que a condenação por crime anterior à execução penal em curso não desmerece hodiernamente o comportamento do sentenciado e não se presta a macular sua avaliação, visto que é estranho ao processo de resgate da pena. E o crime no curso da execução penal já possui seus efeitos, como infração disciplinar, repercutindo no bojo do cumprimento da pena. Com efeito, embora forçosamente tenhamos somatório das penas para efeito de unificação, por falta de previsão legal, nova condenação não deve alterar da data- -base para concessão de novos benefícios executórios. ENTENDIMENTO ANTERIOR ENTENDIMENTO ATUAL Sobrevindo condenação definitiva ao apenado, por fato anterior ou posterior ao início da execução penal, a contagem do prazo para concessão de futuros benefícios seria interrompida, de modo que o novo cálculo, realizado com base no somatório das penas, teria como termo a quo a data do trânsito em julgado da última sentença condenatória. A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das penas, não encontra respaldo legal. (Informativo 621 STJ) SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 46 de 63www.grancursosonline.com.br 41. No entendimento do Supremo Tribunal Federal, em razão da vedação constitu- cional à prisão perpétua (art. 5º, XLVII, b, da CF), a pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, também é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. Comentário Errado. Em razão da vedação à pena perpétua, prevista no art. 5º, XLVII, b, da Constitui- ção Federal, temos, por imperativo, a necessidade de se proceder à unificação das penas na fase de execução penal, não sendo permitido somatório acima de 30 anos (art. 75 do Código Penal). Todavia, é importante ressalvar que isto não afasta a possibilidade de cumprimento de pena para além de 30 anos. Imaginemos um condenado a 96 anos por diversos homicídios. As penas por cada homicídio serão reunidas, conforme exposto, com o objetivo de não ultrapassar o limite legal. Após 04 anos de pena, restando, pois, 26 a cumprir, temos a superveniência de condenação de 15 anos, desta vez por estupro com resultado morte, reclamando nova soma: (26+15=41). Ainda que se aplique novamente o redutor, teríamos 04 anos já cumpridos com novos 30 anos: (04+30=34). Avançando com a hipótese acima, outro ponto merece atenção. Ainda que não hou- vesse a condenação por estupro, qual seria a razão de se condenar a 96 anos, se temos o limite legal de 30 anos? Explico. Com base na Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefí- cios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. SIMULADO DE INFORMATIVOS – GRAN DELTA Prof. Felipe Leal 47 de 63www.grancursosonline.com.br Neste Informativo, tem-se que o HC 112182/RJ foi impetrado por condenado a pena unificada de 79 anos e 06 meses de reclusão, invocando o princípio da indivi- dualização da pena e a vedação constitucional à aplicação de sanções perpétuas, ao requerer que o limite de 30 (trinta) anos previsto no art. 75 do Código Penal fosse considerado também como referência para o cálculo de benefícios como a progres- são de regime e o livramento condicional. Por maioria, a 1º Turma denegou a ordem, com base na Súmula 715 do STF. Dife- rentemente de certames para a Defensoria Pública, o(a) candidato(a) ao cargo de Delegado(a) deve sustentar o acerto do entendimento atual, com base na Súmula referida. (Informativo 896 STF) 42. No entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível que o relator de um HC determine a remessa de “habeas corpus” ao Plenário, de forma discricionária, com fundamento no art. 21, XI (1), do Regimento Interno (RI/STF). Comentário Certo. Em preliminar, por maioria, o Supremo Tribunal Federal entendeu pela possibilidade de o relator determinar a remessa de “habeas corpus” ao Plenário, de forma dis- cricionária, sem a necessidade de motivar o ato. Na decisão, reconheceu-se que o STF encontra, em sua composição Plenária, a uni- dade sinérgica à qual incumbe, por excelência, a guarda da Constituição e o exer- cício integral de sua competência e que determinadas matérias são naturalmente vocacionadas
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