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1 © Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR. www.editorathoth.com.br e-mail: contato@editorathoth.com.br Diagramação e Capa: Editora Thoth e Nabil Slaibi Revisão: o autor Editor Chefe: Bruno Fuga Coordenador de Produção Editorial: Thiago Caversan Antunes Conselho Editorial Prof. Me. Bruno Augusto Sampaio Fuga Prof. Me. Thiago Caversan Antunes Prof. Dr. Clodomiro José Bannwart Junior Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan Prof. Me. Thiago Moreira de Souza Sabião Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves Benfatti Prof. Me. Tiago Brene Oliveira Prof. Dr. Elve Miguel Cenci Prof. Dr. Zulmar Fachin Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia Prof. Me. Anderson de Azevedo Esp. Rafaela Ghacham Desiderato Prof. Me. Ivan Martins Tristão Profª. Dr. Rita de Cássia Resquetti Tarifa Espolador Prof. Dr. Osmar Vieira da Silva Prof. Me. Daniel Colnago Rodrigues Profª. Dr. Deise Marcelino da Silva Prof. Dr. Fábio Ricardo R. Brasilino Prof. Me. Erli Henrique Garcia Me. Aniele Pissinati Prof. Me. Smith Robert Barreni Prof. Dr. Gonçalo De Mello Bandeira (Portugal) Profª. Dra. Marcia Cristina Xavier de Souza Prof. Me. Arhtur Bezerra de Souza Junior Prof. Me. Thiago Ribeiro de Carvalho Prof. Me. Henrico Cesar Tamiozzo Prof. Me. Flávio Crocce Caetano Profª. Dr. Amini Haddad Campos Profª. Me. Marion Bach Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) D598 Direito previdenciário: atualidades e tendências/ organizadores Renata S. Brandão Canella, Sérgio Eduardo Canella. – Londrina, PR: Thoth, 2019. 305 p. Inclui bibliografias. ISBN 978-85-94116-32-1 1. Previdência social – Brasil – Legislação. 2. Previdência social rural. 3. Contribuição previdenciária. I. Canella, Renata S. Brandão. II.Canella, Sérgio Eduardo. CDD 344.8102 Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Rafaela Ghacham Desiderato CRB 14/1437 Índices para catálogo sistemático 1. Previdência social : Legislação : 344.8102 Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Thoth. A Editora Thoth não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra por seu autor. SOBRE OS ORGANIZADORES RENATA BRANDÃO CANELLA Advogada, graduada em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mestre em Processo Civil e Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Especialista em Direito do Trabalho pela AMATRA, docente de Processo Civil e Direito Previdenciário na faculdade UNINORTE nos anos de 2003 a 2007, escritora de artigos especializados, palestrante, sócia e gestora do Escritório Brandão Canella Advogados Associados, membro associado do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), membro da Comissão de Direito Previdenciário da OAB Londrina de 2014 a 2016, presidente da Associação Brasileira dos Advogados Previdenciários (ABAP) SÉRGIO EDUARDO CANELLA Advogado, graduado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mestre em Direito Negocial e Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Especialista em Direito do Trabalho pela AMATRA, docente de Processo Civil e Direito Empresarial na faculdade UNOPAR nos anos de 2004 a 2007, escritor de artigos especializados, sócio e gestor do Escritório Brandão Canella Advogados Associados. SOBRE OS AUTORES RENATA BRANDÃO CANELLA Advogada, graduada em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mestre em Processo Civil e Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Estadual de Londri-na (UEL), Especialista em Direito do Trabalho pela AMATRA, docente de Processo Civil e Direito Previdenciário na faculdade UNINORTE nos anos de 2003 a 2007, escritora de artigos especializados, palestrante, sócia e gestora do Escritório Brandão Canella Advogados Associados, membro associado do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), membro da Comissão de Direito Previdenciário da OAB Londrina de 2014 a 2016, presidente da Associação Brasileira dos Advogados Previdenciários (ABAP) SÉRGIO EDUARDO CANELLA Advogado, graduado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mestre em Direito Negocial e Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Especialista em Direito do Trabalho pela AMATRA, docente de Processo Civil e Direito Empresarial na faculdade UNOPAR nos anos de 2004 a 2007, escritor de artigos especializados, sócio e gestor do Escritório Brandão Canella Advogados Associados. ELISÂNGELA GUIMARÃES DE ANDRADE Graduada em Direito pela Universidade Norte do Paraná. Pós-graduada em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. Secretária da Associação Brasilei-ra dos Advogados Previdenciários. Advogada associada ao escritório Brandão Canella Advogados Associados. EMERSON COSTA LEMES Contador e pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário. Atuou por 20 anos com rotinas trabalhistas e previdenciárias, e desde 2006 ministra cursos, palestras, aulas e treina-mentos nestes dois temas. Há mais de 10 anos atua como perito judicial e extrajudicial nas áreas trabalhista, previdenciária e bancária (CNPC 2344). Associado à APEPAR (Associação de Peritos, Avaliadores, Mediadores, Conciliadores, Árbitros, Intérpretes e Interventores do Paraná), exerce o cargo de 2º tesoureiro; no IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), atua como 1º Tesoureiro. É membro fundador do Observatório de Gestão Pública de Londrina. Participou da criação do movimento Pela Verdade na Previdência, e continua participando ativamente da discussão sobre a reforma da previdência social brasileira. É professor convidado em programas de pós-graduação de várias instituições: Atame (DF e GO), Damásio (SP), FACCAR (PR), FAG (PR), IDCC (PR), IDS (RJ), IMED (RS), LFG (SP), PUCPR (PR), Toledo (SP), Unicuritiba (PR), Unidavi (SC), Unipar (PR), entre outras. Autor de livros, tem artigos publicados em obras coletivas e, desde 2016, é vocalista da banda NB46. ISABELA ROSSITTO JATTI Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós- graduada em Direito Previdenciário pela Universidade Estadual de Londrina. Advogada associada ao escritório Brandão Canella Advogados Associados. IAGO AUGUSTO FERREIRA BERTÃO Advogado. Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina – UEL Advogado associado ao escritório Brandão Canella Advogados Associados. JAMILE SUMAIA SEREA KASSEM Mestranda em Direitos da Personalidade pela Unicesumar. Pós-Graduada em Direito Previdenciário pela Universidade Estadual de Londrina. Pós-Graduada em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná. Possui graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Advogada. JOÃO BADARI Sócio fundador da Aith, Badari e Luchin Advogados. Graduado em Direito pela UNI-FMU. Pós-graduado pela Faculdade Legale e pela Escola Paulista de Direito. Especialista em Direito Público pelo Instituto Damásio de Jesus. Cursando MBA em Direito Previdenciário na Faculdade Legale e MBA em Previdência Social com direito do trabalho pela Instituição A Jurídica. MALCON ROBERT LIMA GOMES Graduado em Direito pela Universidade Estadual do Piauí. Especialistaem Direito Previdenciário. Professor de pós-graduações. Autor. Palestrante. Servidor da Justiça Federal, Seção Judiciária do Piauí. MURILO GURJÃO SILVEIRA AITH Sócio da Aith, Badari e Luchin Sociedade de Advogados. Graduado em Direito pela Fac-uldade Metropolitana Unidas (FMU). Pós-graduado em Direito Previdenciário pela Escola Paulista de Direito Social (EPDS). Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus. Pós-graduado em Direito Tributário pela Unisal/SC. Membro da Comissão de Direito Previdenciário da 38ª Subseção da OAB/Santo André. Membro do Comitê de Seguro e Previdência da Associação Brasileira de Educadores Financeiros – ABEFIN. PEDRO PANNUTI Advogado, Pós-Graduado em Direito Previdenciário e Processual Previdenciário na PUC/PR. Graduado pela UFPR. E-mail: ppannuti@gmail.com. RAFAELA AIEX PARRA Advogada; Mestranda em Direito Negocial pela UEL/PR; Especialista em Direito Aplicado pela EMAP; Pós-Graduanda em Agronegócios pela USP/ESALQ; Aperfeiçoamento no MBA de Gestão Estratégica de Empresas pelo ISAE/FGV; Representante da Sociedade Rural do Paraná nos Comitês de Sustentabilidade e Leis e Regulamentos da Sociedade Rural Brasileira; Vice Coordenadora da Comissão de Direito Agrário e Agronegócio da OAB Londrina; Coordenadora Regional da UBAU – União Brasileira dos Agraristas Universitários, no Estado do Paraná. THIAGO LUCHIN Advogado formado pela FMU/SP em 2008, sócio da Aith, Badari e Luchin Sociedade de Advogados. É especialista em direito previdenciário, foi coautor da obra “Desaposentação – Justiça Social para o Aposentado Brasileiro”. Atualmente é membro da Comissão de Ética e Disciplina e Diretor Executivo da Comissão de Direito Previdenciário da OAB de Santo André. CRISTIANA GABRIELA BRANDÃO Administradora de Empresas pela Universidade Filadélfia de Londrina. Personal & Professional Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Leader as Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Association for Coaching. Já atuou como Gerente de Relacionamentos do Grupo Votorantim, hoje atua com atendimentos de Life e Executive Coaching. Consultora de Empresas e Palestrante. CAROLINE ITO MARIANO DE SOUZA Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL, Pós- Graduanda em Direito Civil e Direito Processual Civil pelo Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL. Aprovada no XXV Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. LARISSA DOMINGUES CORREIA Graduanda do curso de Direito da Universidade do Norte do Paraná. Aprovada no XXVI Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. LUCAS ALBANO Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. Aprovado no XXVI Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. ANA RITA DA SILVA VIEIRA Graduanda do curso de Direito do Centro Universitário Filadélfia UNIFIL. PREFÁCIO Bertrand Russel nos ensinou que “quando um homem primitivo, nas brumas da pré-história, guardou um naco de carne para o dia seguinte depois de saciar a fome, aí estava nascendo a previdência”; pensar no futuro, no amanhã, e principalmente se precaver para a próxima fase da vida é uma necessidade do ser humano. Com o advento da Revolução Industrial, surgem os contornos atuais do chamado Direito do Trabalho, com a aprovação de Leis regulando as relações entre empregadores e empregados, visando, sobretudo, à proteção dos últimos. Porém, quando o cidadão perdia sua condição de trabalho, não havia quem o protegesse; os Estados, então, passam a desenvolver formas de proteção social, inspirando-se, na maioria dos casos, no modelo desenvolvido na Alemanha pelo Chanceler Otto von Bismarck. Tal modelo se fixava em um tripé contributivo, formado pelo governo, empregador e trabalhador; a partir de tais contribuições, o sistema tinha condições de sustentar o cidadão quando este não tivesse mais condições de se sustentar com os proventos obtidos em seu trabalho. O Brasil adotou modelo semelhante a partir de 1923, quando foi publicada a Lei Eloy Chaves, criando, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no país, uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados. O sistema então criado não previa contribuições governamentais – e hoje não é diferente: apenas cidadãos e empresas contribuem para que o sistema se sustente. Como em todas as áreas da existência humana, tal sistema protetivo também evoluiu, acompanhando as mudanças da sociedade brasileira. Em 1988, com o advento da Constituição Cidadã, o país também ganha um Sistema de Seguridade Social, englobando todas as preocupações do Estado Brasileiro nas áreas de previdência social, assistência social e saúde. Este Sistema conta com um orçamento próprio, previsto também no texto constitucional, e que é composto por contribuições feitas pelas empresas sobre folha de salários, faturamento e lucro; contribuições feitas pelos trabalhadores e demais segurados; parcela dos valores arrecadados por concursos de prognósticos; e imposto sobre importações. Temos, portanto, o Estado preocupado com a vida e a sobrevivência do cidadão. Esta preocupação o leva a criar um sistema de proteção social, sustentado em parte pelo próprio contribuinte que poderá se tornar, no segundo momento, usuário desta proteção, seja requerendo um benefício por incapacidade temporária para o trabalho, ou por incapacidade definitiva, ou por idade avançada, ou ainda requerendo o sustento de seus dependentes, uma vez que ele mesmo não tenha mais condições de sustentá-los. Temos, igualmente preocupados, uma gama enorme de profissionais de previdência, como advogados, atuários, contadores, economistas, assistentes sociais, cientistas sociais, administradores, pessoas que estudam previdência social e sua melhor forma de funcionamento e aplicação. Destacam-se entre estes os estudiosos do Direito Previdenciário, ramo do Direito que se preocupa com a aplicação das regras previdenciárias de forma justa. Este livro reúne, capitaneados por minha querida amiga Renata Silva Brandão Canella, uma pequena parte destes profissionais. Pessoas brilhantes, profundas conhecedoras das áreas em que se propuseram a escrever, preparando artigos primorosos e que, com toda certeza, servirão como referência para profissionais previdenciaristas de todo o país. Fiquei extremamente lisonjeado com o convite para prefaciar esta obra e para tratar de um dos seus diversos temas. Espero que você, leitor, fique tão feliz ao ler quanto eu quando fiquei ao ser convidado para estar no meio de pessoas tão especiais, quanto os autores e organizadores desta obra! Emerson Costa Lemes Contador, Especialista em Direito do Trabalho e Direito Previdenciário Sumário SOBRE OS ORGANIZADORES SOBRE OS AUTORES PREFÁCIO CAPÍTULO 1 APOSENTADORIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA Introdução 1 Conceito de pessoa COM deficiência 2 Comprovação da deficiência 3 Benefícios previdenciários previstos na LC Nº 142/2013 3.1 Aposentadoria por idade da pessoa COM deficiência 3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa COM deficiência 4 Graus alternados de deficiência e períodos de atividade sem deficiência: possibilidade de conversão 4.1 Alternância nos graus de deficiência 4.2 Conversão dos períodos com deficiência para a concessão das aposentadorias por idade e por tempo de contribuição comuns Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 2 APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA Introdução 1 Idade híbrida ou mista 1.1 Conceito 2 Do valor do benefício da aposentadoria por idade híbrida e fonte de custeio3 Entendimento do INSS 4 Entendimento doutrinário 5 Entendimento jurisprudencial Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 3 APOSENTADORIA DO PRODUTOR RURAL Introdução 1 Caracterização do produtor rural e a previsão quanto a seus recolhimentos previdenciários 2 Dispensa da carência para o produtor rural, segurado especial, e a orientação jurisprudencial correlata 3 Presença de recolhimentos sobre a comercialização da produção rural: consequências 4 Condição de segurado urbano de membro do núcleo familiar: isso é relevante para a aposentadoria do produtor rural? 4.1 Necessidade de início de prova material para demonstrar a indispensabilidade da produção rural significativa 4.2 E se os rendimentos do consorte que exerça atividade urbana forem de somente um salário mínimo? Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 4 FUNRURAL: OS ASPECTOS PREVIDENCIÁRIOS, TRIBUTÁRIOS E OS TRAÇOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL Introdução 1 O modelo legal de propriedade rural no Brasil: a necessidade de adequação da propriedade ao senso coletivo 2 FUNRURAL: do nascimento da cobrança às discussões atuais Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 5 CONTRIBUINTE INDIVIDUAL: RECONHECIMENTO DE TEMPO E PAGAMENTO DE CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO Introdução 1 Retrospecto histórico do contribuinte individual 2 O produtor rural pessoa física 3 O garimpeiro 4 O ministro de confissão religiosa 5 O brasileiro que trabalha no exterior para organismo oficial internacional 6 O empresário, o titular de empresa individual e o diretor de empresa 7 O autônomo 8 As contribuições do contribuinte individual à seguridade social 9 Os valores das contribuições devidas pelos contribuintes individuais 10 Reconhecimento de tempo de contribuição do contribuinte individual 11 O pagamento de contribuições em atraso Referências bibliográficas CAPÍTULO 6 EFICÁCIA DOS MEIOS DE PROVA NA APOSENTADORIA ESPECIAL Introdução 1 Traços característicos da aposentadoria especial 2 Aposentadoria especial e o direito intertemporal 3 Eficácia da prova 3.1 Enquadramento profissional e presunção da exposição 3.2 Periculosidade e a eficácia plena da prova 3.3 Documentos técnicos para a comprovação da exposição Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 7 ACIDENTE DE TRAJETO: A REFORMA TRABALHISTA E OS IMPACTOS NO DIREITO PREVIDENCIÁRIO Introdução 1 O acidente de trajeto na lei Nº 8.213/91 2 O acidente de trajeto e a responsabilidade do empregador no pacto laboral 3 O acidente de trajeto e os questionamentos da reforma trabalhista Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 8 ADICIONAL DE 25% NA APOSENTADORIA: GARANTIA AOS APOSENTADOS DE TODAS AS MODALIDADES DE APOSENTADORIA QUE COMPROVEM GRANDE INVALIDEZ Introdução 1 Benefícios de previdência social e benefícios de assistência social 2 Incapacidade e aposentadoria por invalidez 3 Grande invalidez e adicional de 25% na aposentadoria 4 Princípais decisões judiciais sobre o adicional de 25% na aposentadoria Considerações finais Referências CAPÍTULO 9 AÇÃO DE TODO O PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO: BENEFÍCIO DA “VIDA TODA” Introdução 1 Da consideração das contribuições vertidas pelo autor em todo o período contributivo e não apenas após Julho/1994 2 Do direito ao melhor benefício 3 Documentação necessária à apuração da nova renda mensal inicial dos segurados 4 Questões constitucionais Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 10 REAPOSENTAÇÃO: UMA REVISÃO PREVIDENCIÁRIA FADADA AO FRACASSO OU NÃO Introdução 1 O caráter contributivo e o princípio da solidariedade da previdência social 2 A diferença entre desaposentação e reaposentação 3 Teses favoráveis e contrárias à reaposentação 3.1 Princípio da legalidade 3.2 (Im)possibilidade da renúncia à aposentadoria 3.3 Restituição dos valores recebidos a título de aposentadoria 3.4 Princípio da prevalência da situação mais vantajosa ao segurado 4 Manifestações dos Tribunais Superiores quanto à matéria Considerações finais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 11 REVISÃO DOS TETOS E O PRAZO DECADENCIAL 1 Definição 2 Quem tem direito e qual a fundamentação 3 Óbice do prazo decadencial decenal do Art. 103 da Lei Nº 8.213/91 4 Da ação civil pública intentada, processo Nº 04911-28.2011.4.03.6183/SP, e a contagem da prescrição quanto às parcelas vencidas Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 12 TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE EM APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA: REVISÃO DE APOSENTADORIA Introdução 1 Breve histórico 2 Modalidades de aposentadoria por idade 2.1 Aposentadoria por idade urbana 2.2 Aposentadoria por idade rural 2.3 Aposentadoria por idade híbrida ou mista: pressupostos 3 Revisão: transformação da aposentadoria por idade em aposentadoria por idade híbrida 3.1 Da prova da atividade rural Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 13 RETROAÇÃO DA DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO: AÇÃO DO “MELHOR BENEFÍCIO” Introdução 1 Da impossibilidade da aplicação do Art. 103, da Lei Nº 8.213/91, pela não observância do melhor benefício no momento da concessão 2 Do preenchimento de requisitos e direito adquirido ao melhor benefício 3 Da tutela de evidência nos pedidos de retroação da data de início do benefício 4 Questões constitucionais Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 14 REVISÃO DE BENEFÍCIOS COM ATIVIDADES CONCOMITANTES NOS TERMOS DA LEI DE CUSTEIO Introdução 1 A composição do salário de contribuição 2 Atividades concomitantes 3 Forma de cálculo adotada pelo INSS 4 Revisão do cálculo do benefício previdenciário concedido levando em conta a somatória das atividades concomitantes nos termos da lei de custeio Considerações finais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 15 PLANEJAMENTO DE APOSENTADORIA E CONCESSÃO 1 Educação previdenciária 2 Pilares do direito previdenciário 3 Requerimento do benefício 4 Melhor benefício 5 Planejamento de aposentadoria 6 Passo a passo para elaborar um planejamento 7 Entendendo as dores 8 Cálculo da aposentadoria 9 Simulações 10 Investimento X retorno Referências bibliográficas CAPÍTULO 16 MARKETING JURÍDICO E A JORNADA DO CLIENTE: O QUE ESPERAR DE UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA? Introdução 1 A jornada do cliente 2 Conhecendo e entendendo seu cliente 3 Marketing jurídico: o seu produto é invisível 4 O marketing jurídico pessoal 5 Um pouco do modelo Disney de gestão aplicado a escritórios de advocacia Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 17 COACHING JURÍDICO: VERDADE, EMPATIA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE QUALIDADE Introdução 1 O processo 2 Deixando as regras claras 3 Uma única empresa 4 Ética no marketing jurídico 5 Equilibrando competências 6 E depois? Referências bibliográficas CAPÍTULO 18 HONORÁRIOS CONTRATUAIS NO DIREITO PREVIDENCIÁRIO Introdução 1 Das espécies de honorários 1.1 Dos honorários convencionados 2 Da cláusula quota litis 3 Dos honorários contratuais no direito previdenciário Considerações finais Referências bibliográficas CAPÍTULO 19 EMPREENDEDORISMO, MARKETING JURÍDICO, GESTÃO DE ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA E PASSOS PARA UMA ADVOCACIA DE SUCESSO Introdução 1 Especialização na advocacia 2 Networking 3 Profissionalismo 4 Proatividade 5 Time campeão 6 Clientes 7 Mind set de um advogado campeão 8 Marketing jurídico 9 Medir os resultados Referências bibliográficas CAPÍTULO 1 APOSENTADORIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ISABELA ROSSITTO JATTI Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós- graduada em Direito Previdenciário pela Universidade Estadual de Londrina. Advogada associada ao escritório Brandão Canella Advogados Associados. Introdução A Emenda Constitucional(EC) nº 47, de 05/07/2005, ao dar nova redação ao § 1º do art. 201 da Constituição Federal (CF), possibilitou a regulamentação, por lei complementar, de adoção de critérios e requisitos diferenciados para a concessão de aposentadorias aos segurados portadores de deficiência física. Assim, o § 1º do art. 201 da Carta Magna veda: A adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Visando dar cumprimento ao comando constitucional, em 09/05/2013, foi publicada a Lei Complementar (LC) Nº 142 que estabeleceu, no âmbito do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), a possibilidade de concessão da aposentadoria por idade e por tempo de contribuição para as pessoas portadoras de deficiência com requisitos concessórios diferenciados. Posteriormente, em 03/12/2013, foi publicado o Decreto nº 8.145, que incluiu a Subsecção IV-A ao Decreto nº 3.048/1999, detalhando a forma de operacionalização dos aludidos benefícios e estabelecendo outras questões não tratadas na lei complementar. 1 Conceito de pessoa COM deficiência A Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência patrocinada pela Organização das Nações Unidas – ONU, aprovada pelo Brasil por intermédio do Decreto Legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008, nos termos do § 3º do art. 5º da Constituição Federal e, portanto, com equivalência de emenda constitucional, trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro novo conceito de pessoa com deficiência. O art. 1 da referida Convenção define pessoa com deficiência como: Aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Tal conceito foi reproduzido pelo art. 2º da Lei Complementar nº 142/2013 e consta também no § 3º do art. Art. 70-D do Decreto nº 3.048/99, incluído pelo Decreto nº 8.145/2013. Infere-se, assim, que o conceito de pessoa com deficiência para fins de concessão dos benefícios previstos na LC nº 142/2013 não implica, exclusivamente, incapacidade e invalidez. Pelo contrário, a definição de pessoa com deficiência decorre de uma análise multidisciplinar que verifica não apenas as limitações físicas do segurado, mas também sua reação e interação no meio social, bem como a possibilidade de participação plena na sociedade em igualdade com as demais pessoas. Além de não equiparar deficiência com incapacidade, o novo conceito trazido pela Convenção deixou de restringir deficiência ao aspecto médico, incorporando também aspecto social, conforme observa Ricardo Tadeu Marques da Fonseca: (...) o próprio conceito de pessoa com deficiência incorporado pela Convenção, a partir da participação direta de pessoas com deficiência levadas por Organizações Não Governamentais de todo o mundo, carrega forte relevância jurídica porque incorpora na tipificação das deficiências, além dos aspectos físicos, sensoriais, intelectuais e mentais, a conjuntura social e cultural em que o cidadão com deficiência está inserido, vendo nestas o principal fator de cerceamento dos direitos humanos que lhe são inerentes. [1] Desta feita, muitas pessoas são capazes para o trabalho e para a vida independente; porém, o impedimento de longo prazo que apresentam pode obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Toma-se como exemplo o indivíduo com visão monocular. Apesar da cegueira em um dos olhos não gerar invalidez total, tal condição acarreta redução da percepção de profundidade, o que afeta o equilíbrio e diminui o campo de visão periférico, fazendo o que o indivíduo encontre maior dificuldade na realização de atividades cotidianas do que outra pessoa considerada saudável, ensejando o enquadramento como pessoa com deficiência. Sobre o assunto, inclusive, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que “a visão monocular cria barreiras físicas e psicológicas na disputa de oportunidades no mercado de trabalho”[2] o que garante ao portador de visão monocular o direito de concorrer em concurso público às vagas reservadas aos deficientes, entendimento que acarretou na edição da Súmula nº377. 2 Comprovação da deficiência O art. 4º da LC nº 142/2013 expressamente prevê a necessidade de avaliações médica e funcional como requisitos para a concessão dos benefícios previdenciários de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição da pessoa com deficiência. A Portaria Interministerial SDH/MPS/MF/MOG.AGU nº 01, de 27/01/2014 orienta que a avaliação médica e a funcional engloba a perícia médica e o serviço social, objetivando examinar o segurado e fixar a data provável do início da deficiência e o respectivo grau, bem como identificar a ocorrência de variação no grau de deficiência e indicar os respectivos períodos em cada grau. O § 1º do art. 2º do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) estabelece que a avaliação da deficiência será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades, e a restrição de participação Em regra, a perícia biopsicossocial é realizada por dois peritos: o médico e a assistente social, que são encarregados pela avaliação do segurado. A avaliação funcional é realizada com base no conceito de funcionalidade disposto na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF, da Organização Mundial de Saúde, mediante aplicação do Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para Fins de Aposentadoria - IF-BrA. Já a avaliação das barreiras externas será feita por meio de entrevista com o segurado e, se for necessário, com as pessoas que convivem com ele, podendo ser realizadas ainda visitas ao local de trabalho[3]. Na prática, a avaliação funcional, ao utilizar o Índice de Funcionalidade Brasileiro (IF-BrA), avalia 41 atividades realizadas pelo segurado conforme o grau de independência para a realização. Dentre as atividades avaliadas, citam- se: regulação da micção e defecção; relacionamentos íntimos; preparar refeições tipo lanche; cuidar de partes do corpo; deslocar-se dentro de edifícios que não a própria casa, dentre outras. As atividades são pontuadas na escala de 100 a 25, da seguinte forma: • 25 pontos: Não realiza a atividade ou é totalmente dependente; • 50 pontos: Dependência parcial de terceiros - Realiza a atividade com o auxílio de terceiros, participando de alguma etapa da atividade, ou se for supervisionado/incentivado para a realização de determinada tarefa; • 75 pontos: Independência modificada - Realiza a atividade de forma adaptada (necessidade de modificação do ambiente ou na forma de realização), diferente do habitual ou mais lentamente. Havendo adaptações, não necessita do auxílio de terceiros nem para a colocação; • 100 pontos: Independência completa - Realiza a atividade de forma independente, sem adaptação, modificação ou redução de velocidade. Cabe à avaliação médicaaveriguar, além da documentação médica, as barreiras e impedimentos físicos do segurado na realização de determinada tarefa e a interação da pessoa em sociedade a partir de suas limitações. Os impedimentos são determinados pelo perito médico e poderão ser de 05 tipos, a saber: auditivo, intelectual/cognitivo, físico/motor, sensorial/visual e mental. Por fim, após a avaliação médica e funcional, somam-se a pontuações de ambos os peritos e, quanto menor a pontuação, maior o grau de deficiência, conforme tabela: GRAU DE DEFICIÊNCIA PONTUAÇÃO Grave Menor ou igual a 5.739 Moderada Maior ou igual a 5.740 e menor ouigual 6.354 Leve Maior ou igual a 6.355 e menor ouigual 7.584 Não há deficiência Maior ou igual a 7.585 Cumpre ressaltar que, apesar da regulamentação da aposentadoria especial dos segurados portadores de deficiência ter surgido somente com a edição da LC nº 142/2013, a existência de deficiência anterior à sua vigência, em 09/11/2013, pode ser comprovada para concessão dos benefícios previstos na referida norma. Nesse caso, conforme expressamente previsto nos §§ 1º e 2º do art. 6º da LC nº 142/2013, na primeira avaliação, deve-se certificar a existência de deficiência anterior à data da vigência da Lei Complementar, inclusive quanto ao grau e a data provável do início, não se admitindo, para tanto, a prova exclusivamente testemunhal. Assim, conforme exemplifica Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, uma segurada portadora de deficiência moderada que foi contratada em 10/11/2000, com base na cota de deficientes (art. 93 da Lei nº 8.213/99), poderá, em 10/11/2024, se não houve interrupção do vínculo empregatício e/ou do recolhimento das contribuições previdenciárias, requerer a aposentadoria prevista no art. 3º, inciso II, da LC nº 142/2013[4]. Assim, é possivel observar que a realização de perícia é essencial à concessão da aposentadoria especial dos segurados portadores de deficiência, uma vez que é ela que irá determinar o grau de deficiência do segurado. 3 Benefícios previdenciários previstos na LC Nº 142/2013 A LC nº 142/2013 prevê duas espécies de aposentadorias com critérios diferenciados para as pessoas com deficiência no âmbito do Regime Geral da Previdência Social, tais quais: Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Apesar de a lei complementar não ter especificado o período de carência para a concessão dos benefícios, aplica-se a regra geral da Lei nº 8.213/91, que estabelece a exigência mínima de 180 contribuições. No caso, a aplicação subsidiária da Lei de Benefícios do Regime Próprio está prevista no art. 9º, inciso IV, da LC nº 142/2013. Também no que concerne à data de início do benefício, a LC nº 142/2013 não fixou regra específica, adotando-se a regra geral da Lei nº 8.213/91. Assim, ambos os benefícios serão devidos ao empregado, inclusive o doméstico, a partir da data do desligamento do emprego (quando requerido até 90 dias depois deste) ou da data do requerimento (quando não houver desligamento do emprego ou quando requerido após 90 dias) e, para os demais segurados, desde a data do requerimento. Conforme previsto no art. 70-A do Decreto nº 3.048/99, os benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição da pessoa com deficiência somente serão concedidos se o segurado comprovar a condição de deficiente no momento do requerimento administrativo ou quando implementado os requisitos exigidos. Impende frisar que a concessão de ambos benefícios não implica reconhecimento de invalidez e, portanto, o segurado aposentado pode permanecer em atividade. Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari destacam ainda que não se aplica o disposto no art. 57, § 8º, da Lei nº 8.213/91, o qual veda a continuidade de atividade ou operação sujeita a agentes nocivos por parte do segurado que obtém aposentadoria especial, posto que essa regra, além da duvidosa e discutida constitucionalidade, destina-se exclusivamente às aposentadoria especias decorrentes do exercício de atividades com prejuízo à saúde ou à integridade física e, não sendo regra geral, não pode ser adotada para as aposentadorias previstas na LC nº 142/2013[5]. Ainda, é possível ao segurado com deficiência a percepção de qualquer outra espécie de aposentadoria prevista na Lei nº 8.213/91 que lhe seja mais vantajosa do que as opções apresentadas na LC nº 142/2013, desde que cumpridos os requisitos. Por exemplo, caso o segurado fique inválido à obtenção de aposentadoria por invalidez, cujo percentual é de 100% do salário de benefício, poderá será mais vantajosa do que a concessão da aposentadoria por idade do deficiente. 3.1 Aposentadoria por idade da pessoa COM deficiência O inciso IV, do art. 3º da LC nº 142/3013, trata do benefício de aposentadoria por idade urbana, o qual será concedido aos homens aos 60 anos de idade e às mulheres aos 55 anos idade. Há, portanto, redução de cinco anos no quesito etário em comparação à aposentadoria por idade urbana, prevista no art. 48 da Lei nº 8.213/91. Exige-se, contudo, a comprovação de 15 anos trabalhados na condição de pessoa com deficiência, independentemente do grau de deficiência (leve, moderada ou grave). O referido benefício pode ser concedido a todas categorias de segurados. O § 3º do art. 70-F do Decreto nº 3.048/1999 possibilita, para a concessão da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência, a conversão do período de exercício de atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, cumprido na condição de pessoa com deficiência, exclusivamente para efeito de cálculo do valor da renda mensal. O art. 8º, inciso II, da LC nº 142/2013, estabelece que o valor da aposentadoria por idade observará o disposto no art. 29 da Lei nº 8.213/91, com aplicação do percentual de 70% mais 1% do salário de benefício por grupo de 12 contribuições mensais até o máximo de 30%. Desta feita, a apuração do salário de benefício segue a média dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994, com observância do mínimo divisor, para os segurados filiados antes da Lei nº 9.876/99, com a aplicação do respectivo percentual (art. 8º, inciso II, da LC nº 142/2013) e incidência do fator previdenciário se resultar em renda mensal de valor mais elevado (art. 9º, inciso I, da LC nº 143/2013). 3.2 Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa COM deficiência O art. 3º, incisos I, II e III da LC nº 142/2013 prevê a possibilidade de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição ao segurado com deficiência, sendo que o grau da deficiência implicará maior ou menor número de contribuições exigidos. Assim, a aposentadoria por tempo de contribuição será concedida: • Aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave; • Aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada; • Aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve. Dessa maneira, o tempo de contribuição exigido para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente dependerá do grau de deficiência do segurado aferido pela avaliação funcional e médica. Diversamentedo previsto para a concessão da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência, o art. 10 da LC nº 142/2013 e o art. 70-F do Decreto nº 3.048/99 vedam a cumulação da redução do tempo de contribuição para a aposentadoria do deficiente, em relação ao mesmo tempo de contribuição, com a redução prevista para o trabalhador exposto a agentes nocivos. Nesse sentido, se o segurado com deficiência também estava exposto a algum agente nocivo, não pode ter duas reduções no tempo de contribuição, qual seja, por força do agente nocivo e por deficiência. Nesse caso, cabe ao segurado a opção de escolha entre a redução da atividade sob condições especiais ou a redução da atividade como deficiente. Cabe ressaltar, contudo, que essa vedação aplica-se apenas quando se tratar de mesmo período contributivo. Portanto, se os períodos contributivos forem diferentes, não há qualquer proibição em converter um ou mais períodos pela atividade especial e outro pelo exercício laboral como deficiente. Quanto ao valor do benefício, o art. 8º, da LC nº 142/2013 estabelece que o valor da aposentadoria observará o disposto no art. 29 da Lei nº 8.213/91 e, no que concerne à aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente, o inciso I prevê a aplicação do percentual de 100%. Desta feita, a apuração do salário de benefício segue a média dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994, com observância do mínimo divisor, para os segurados filiados antes da Lei nº 9.876/99, com a aplicação do respectivo percentual (art. 8º, inciso I, da LC nº 142/2013). O fator previdenciário, assim como ocorre no caso da aposentadoria por idade do deficiente, não será aplicado, salvo se dele resultar renda mais elevada (art. 9º, inciso I, da LC nº 143/2013). 4 Graus alternados de deficiência e períodos de atividade sem deficiência: possibilidade de conversão É possível e comum que o trabalhador, no curso de sua vida contributiva, torne-se deficiente ou até mesmo tenha alterado o grau de deficiência. Antevendo essa situação, a LC nº 143/2013, em seu art. 7º, possibilitou o ajustamento (ou conversão) do período em que o segurado laborou sem deficiência e dos períodos em que houve alternância nos graus de deficiência. Os índices a serem utilizados para a conversão dos períodos trabalhados com determinado grau de deficiência para outro que, porventura, o segurado se encontre, bem como para período sem deficiência, foram estabelecidos pelo Decreto nº 8.144/2013, que incluiu o art. 70-E ao Decreto nº 3.048/99. O referido decreto trouxe ainda o conceito de grau de deficiência preponderante, explicado pelo parágrafo primeiro do art. 70-E como sendo aquele em que ocorreu de o segurado cumpriu maior tempo de contribuição. Cabe destacar que só haverá conversão dos períodos vertidos ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS), não havendo previsão para conversão dos períodos de contribuição do Regime Próprio (RPPS). 4.1 Alternância nos graus de deficiência Quando o segurado comprovar a deficiência durante todo o tempo de contribuição exigido, porém, apresentar alternância no grau de deficiência, o art. 7º da LC nº 142/2013 possibilita a conversão de tempo qualificado para qualificado, levando-se em conta o grau de deficiência preponderante, que, conforme conceito trazido pelo Decreto nº 8.145/2013, é aquela em que o segurado cumpriu o maior tempo contributivo. A solução adotada pela lei complementar, cujos índices de conversão foram estabelecidos pelo Decreto nº 8.145/2013, que incluiu o art. 70-E ao Decreto nº 3.048/99, é similar à regra prevista no art. 66 do Decreto nº 3.048/99, que estabelece regras de conversão para o segurado que exerceu sucessivamente duas ou mais atividades sujeitas a condições especiais sem complementar em qualquer delas o prazo mínimo exigido[6]. A proporcionalidade e a conversão dos períodos encontram-se previstas art. 70-E do Decreto nº 3.048/99 da seguinte forma: MULHER TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES Para 20 Para 24 Para 28 Para 30 De 20 anos 1,00 1,20 1,40 1,50 De 24 anos 0,83 1,00 1,17 1,25 De 28 anos 0,71 0,86 1,00 1,07 De 30 anos 0,67 0,80 0,93 1,00 HOMEM TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES Para 25 Para 29 Para 33 Para 35 De 25 anos 1,00 1,16 1,32 1,40 De 29 anos 0,86 1,00 1,14 1,21 De 33 anos 0,76 0,88 1,00 1,06 De 35 anos 0,71 0,83 0,94 1,00 Como exemplo, toma-se um segurado, homem, que iniciou a vida contributiva já com deficiência, apresentando deficiência leve no período de 01/01/1982 a 31/12/2004 (22 anos) e deficiência moderada no período de 01/01/2005 a 31/12/2015 (10 anos). O grau preponderante é o leve - período no qual o segurado permaneceu por maior tempo contribuindo - e o período a ser convertido para esse grau é o de deficiência moderada. Conforme tabela acima, a fim de converter o período de deficiência moderada (que exige 29 anos de tempo de contribuição para homem) para leve (que exige 33 anos de tempo de contribuição para homem), aplica-se o índice de 1,14. Assim, multiplicando-se o período de 01/01/2005 a 31/12/2015 (10 anos) por 1,14, atinge-se 11,4 anos, por meio dos quais, somados ao tempo contribuído na condição de pessoa com deficiência leve (22 anos), restam atingidos os 33 anos de contribuição necessários para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição do segurado que apresenta deficiência leve. No referido exemplo, se tratando de segurada mulher, o multiplicador seria de 1,17 (de deficiência moderada para leve). Cumpre observar ainda que é possível, para a concessão dos benefícios previstos na LC nº 143/2013, a conversão do tempo rural, tempo comum e tempo especial. Ainda, os períodos em que o segurado esteve em gozo de benefício por incapacidade, desde que intercalado com períodos contributivos, podem ser convertidos. Em tais casos, os índices previstos no art. 70-E do Decreto nº 3.048/99 atuarão como um redutor do tempo. Por exemplo, uma mulher que trabalhou durante o intervalo de 01/01/1960 a 31/12/1965 (05 anos) na zona rural, na condição de segurada especial e, ao iniciar sua vida contributiva, no ano de 1970, apresentava deficiência grave. Nesse caso, o período laborado no meio rural, tido como comum, isto é, sem deficiência, pode ser convertido para deficiência grave mediante aplicação do fator 0,67, com vista à concessão do beneficio de aposentadoria aos 20 anos de tempo de contribuição (tempo necessário ao deferimento da aposentadoria por tempo de contribuição da segurada mulher com deficiência grave). 4.2 Conversão dos períodos com deficiência para a concessão das aposentadorias por idade e por tempo de contribuição comuns É possível ainda a aplicação da LC nº 142/2013 aos segurados - pessoas que iniciaram a vida contributiva sem qualquer deficiência, mas que, por alguma fatalidade, passaram a tê-la. Nessa situação, é pouco provável que o segurado implemente os anos de contribuição exigidos pela lei complementar, sem que antes se atinjam os requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição comum. Assim, caso o segurado não implemente os requisitos para a aposentadoria na condição de deficiente, existe a possibilidade de conversão dos períodos laborados na condição de pessoa com deficiência para a concessão das aposentadorias por idade e por tempo de contribuição comum, previstas na Lei nº 8.213/91. Para tanto, utiliza-se a tabela do art. 70-E do Decreto nº 3.048/99: MULHERTEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES Para 20 Para 24 Para 28 Para 30 De 20 anos 1,00 1,20 1,40 1,50 De 24 anos 0,83 1,00 1,17 1,25 De 28 anos 0,71 0,86 1,00 1,07 De 30 anos 0,67 0,80 0,93 1,00 HOMEM TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES Para 25 Para 29 Para 33 Para 35 De 25 anos 1,00 1,16 1,32 1,40 De 29 anos 0,86 1,00 1,14 1,21 De 33 anos 0,76 0,88 1,00 1,06 De 35 anos 0,71 0,83 0,94 1,00 Infere-se que a tabela prevê a conversão do tempo de contribuição com deficiência para tempo de contribuição sem deficiência, mediante aplicação dos fatores de 1,50 (deficiência grave), 1,25 (deficiência moderada) e 1,07 (deficiência leve) para mulher, e dos fatores de 1,40 (deficiência grave), 1,21 (deficiência moderada) e 1,06 (deficiência leve) para os homens. A título de ilustração, menciona-se um segurado que possui 17 anos de contribuição para o RGPS e, após sofrer acidente de carro, trabalhou por mais 15 anos na acometido de deficiência moderada, implementando, assim, 32 anos de contribuição. Nesse caso, não é possível a aposentação prevista no inciso II, do art. 3º da LC nº 142/2013, posto que se exige do homem 29 anos de tempo de contribuição laborados com deficiência moderada. É possível, contudo, a conversão dos períodos trabalhados de duas formas. A primeira possibilidade é a conversão do período trabalhado como deficiente (15 anos) para tempo comum, mediante a aplicação do fator de 1,21, o que resultará em acréscimo de 03 anos. Assim, o segurado passa a contar com 17 anos de tempo comum e 18 anos como deficiente, atingindo 35 anos de contribuição, tempo suficiente para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição comum. Nessa hipótese, exceto se atingida a pontuação prevista no art. 29-C da Lei nº 8.213/91, há incidência do fator previdenciário. A segunda hipótese é a conversão do tempo exercido sem deficiência, 17 anos (tempo comum), em tempo qualificado, mediante aplicação do fator de 0,83, que reduzirá o tempo em 2,89. O segurado passa a ter 14,11 anos de tempo comum convertido para qualificado (17 anos - 2,89 anos) e 15 anos de tempo laborado com deficiência, totalizando 29,11 anos de tempo qualificado, sendo os 29 anos previstos no inciso II, do art. 3º da LC 142/2013, para a deficiência moderada. Nesse caso, o fator previdenciário será aplicado somente se aumentar o valor do benefício. Com efeito, a conversão do tempo laborado com a deficiência para tempo comum visa facilitar a percepção de benefício previdenciário aos trabalhadores que exerceram atividade laborativa na condição deficiente por certo período; porém, não implementam, de forma isolada, os requisitos necessários à concessão dos benefícios previstos na LC nº 142/2013. Considerações finais A fim de assegurar o tratamento diferenciado assegurado pelo art. 201, § 1º da Constituição Federal, aos portadores de deficiência foi editada a Lei Complementar nº 142/2013, que, juntamente com o Decreto nº 8.145/2013, o qual incluiu a Subsecção IV-A ao Decreto nº 3.048/1999, regula a concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência com critérios diferenciados em relação aos demais segurados da Previdência Social. O conceito de deficiência adotado para a concessão dos benefícios previstos na lei complementar é idêntico ao previsto no art. 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas e, portanto, não implica, exclusivamente, incapacidade e invalidez. A condição de deficiência do segurado é comprovada por avaliação médica e funcional que visa aferir o grau de deficiência, se leve, moderado ou grave, sendo passível de variação, além de fixar a data de início da deficiência. A LC nº 142/2013 assegura a pessoa com deficiência duas espécies de aposentadorias com critérios diferenciados para o RGPS: Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de Contribuição. Apesar de a lei complementar não ter especificado a carência, para ambos os benefícios exige-se a carência mínima de 180 contribuições e data de início observa-se a regra geral prevista na Lei nº 8.213/91. A aposentadoria por idade da pessoa com deficiência é concedida com a redução de cinco anos no quesito etário em comparação à aposentadoria por idade urbana da Lei nº 8.213/1991 e exige-se que o segurado tenha trabalhado por 15 anos na condição de pessoa com deficiência, independentemente do grau. Quanto à aposentadoria por tempo de contribuição, é garantindo ao segurado portador de deficiência uma redução no requisito contributivo a depender do grau de deficiência aferido pela avaliação funcional e médica. Constatada a alternância nos graus de deficiência pela avaliação médica e funcional, os parâmetros para a concessão da aposentadoria serão proporcionalmente ajustados, levando-se em conta a deficiência preponderante. O segurado com deficiência que não implementar os requisitos para as aposentadorias previstas na lei complementar poderá converter os períodos laborados na condição de pessoa com deficiência para a concessão das aposentadorias por idade e por tempo de contribuição comum previstas na Lei nº 8.213/91. Merece atenção os segurados que recebem ou receberam auxílio-acidente (antigo auxílio-suplementar). O benefício é concedido como indenização pela perda parcial e permanente da capacidade laborativa e, portanto, pode ser um indício de deficiência que, se comprovada, pode possibilitar a concessão dos benefícios previstos na lei complementar ou ainda a conversão do período laborado com deficiência para tempo comum para a concessão das aposentadorias com regras gerais. É possível ainda a revisão das aposentadorias concedidas após o advento da lei complementar, caso o segurado seja pessoa com deficiência e não tenha indicado essa condição quando do requerimento do benefício. Referências bibliográficas BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Decreto nº 8.144, de 28 de novembro de 2013. Discrimina ações do Programa Territórios da Cidadania a serem executadas por meio de transferência obrigatória, no exercício de 2013. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2013/Decreto/D8144.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Decreto nº 8.145, de 03 de dezembro de 2013. Altera o Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, para dispor sobre a aposentadoria por tempo de contribuição e por idade da pessoa com deficiência. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d8145.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Lei Complementar nº 142, de 08 de maio de 2013. Regulamentao § 1o do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp142.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Documento eletrônico disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Lei nº 13.146, de 06 de junho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Documento eletrônico disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. BRASIL, Portaria Interministerial SDH/MPS/MF/MOG.AGU nº 01, de 27 de janeiro de 2014. Aprova o instrumento destinado à avaliação do segurado da Previdência Social e à identificação dos graus de deficiência, bem como define impedimento de longo prazo, para os efeitos do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Documento eletrônico disponível em: < http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/65/SDH-MPS-MF-MOG- AGU/2014/1.htm>. Acesso em: 20 de junho de 2018. FONSECA, Ricardo Tadeu Marques da. A ONU e o seu conceito revolucionário de pessoa com deficiência. LTr: Revista Legislação do Trabalho. São Paulo. v. 72. n. 3. p. 263-70. Mar. 2008. LAZZARI, João Batista; CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário. 19. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2016. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Recurso em Mandado de Segurança nº 19.291 – 5ª Turma – Recorrente: DRAILTON DARLAN SILVA GOUVEA – Recorrido: ESTADO DO PARÁ. Documento eletrônico disponível em: <https://ww2.stj.jus.br>. Acesso em: 20 de junho de 2018. CAPÍTULO 2 APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA ELISÂNGELA GUIMARÃES DE ANDRADE Graduada em Direito pela Universidade Norte do Paraná. Pós-graduada em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. Secretária da Associação Brasileira dos Advogados Previdenciários. Advogada associada ao escritório Brandão Canella Advogados Associados. Introdução Com o presente artigo, haverá primeiramente a explanação do motivo e a necessidade pela qual surgiu a aposentadoria por idade híbrida ou mista, o conceito desta, trazido com a inovação da Lei nº 11.718/2008, que alterou o artigo 48, §3º, da Lei nº 8.213/91, o entendimento rígido do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e as recentes decisões dos Tribunais e entendimentos mais facilitadores. Para tanto, é necessária a implementação de alguns requisitos, os quais são discorridos ao longo deste estudo. 1 Idade híbrida ou mista A aposentadoria por idade híbrida ou mista surgiu com a necessidade de atender à determinada contingência de segurados, que, por terem exercido por um determinado período o trabalho rural e o trabalho urbano, não implementaram a carência necessária, estabelecida no art.142 da Lei nº 8.213/91, tampouco alcançariam a aposentadoria por idade urbana ou rural, ambas do Art. 48 § 1º e 2º, sucessivamente, ou seja, não preenchem os requisitos para a tão sonhada aposentadoria por idade, sendo necessária a mescla de ambos os períodos para que o segurado faça jus à aposentadoria por idade híbrida ou mista. Contudo, embora seja permitida a mescla de ambos os períodos, rural e urbano, para que se alcance a carência mínima de 180 contribuições mensais e a comprovação de trabalho após a mescla dos períodos rural e urbano, o segurado deverá, se homem, ter no mínimo 65 anos de idade e, se mulher, no mínimo 60 anos de idade. 1.1 Conceito Repete-se que a aposentadoria por idade híbrida ou mista vem para salvaguardar o direito daqueles que primeiramente exerceram atividade rural e migraram para o meio urbano e, ainda que haja discussão acerca do assunto, igualmente daqueles que por algum motivo migraram do âmbito urbano para o rural. O tema é vasto para discussões, como se vê adiante. Até a data de 20/08/2008, os segurados teriam que implementar os requisitos para a aposentadoria por idade em um único período, seja ele urbano ou rural. Veja-se o disposto no art. 48, §§ 1º e 2º, da Lei n 8.213/91, o qual demonstra que somente existiam as aposentadorias por idade exclusivamente rural ou urbana: Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 1º. Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99). § 2º. Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do art. 11 desta Lei. Pois bem, com o êxodo rural, e devido à escassez de trabalho no campo, ou por buscarem melhorias de vida, o Congresso Nacional, na data de 20/08/2008, sentiu a necessidade de amparar esses trabalhadores que migraram do campo para a cidade e que, por este motivo, não conseguiriam implementar a carência necessária em um único período, seja no urbano ou rural. Então, houve a inovação ao art. 48, com a inclusão do § 3º, introduzido pela Lei nº 11.718/2008. Nasce, com isso, a modalidade de aposentadoria híbrida ou mista, in verbis: § 3º. Os trabalhadores rurais de que trata o § 1º deste artigo que não atendam ao disposto no § 2º deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. A lei não faz restrição se o último trabalho foi na zona rural ou no âmbito urbano, pois os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade híbrida ou mista são a idade mínima de 65 anos para homem e 60 anos para mulher, bem como a carência exigida no art. 142 da Lei nº 8.213/91, conforme o ano de implementação das condições e meses de contribuição exigidos. Importante ressaltar que não há que se falar em decréscimo de idade em relação ao trabalhador urbano, pois a totalidade do trabalho não foi exercida no âmbito rural. 2 Do valor do benefício da aposentadoria por idade híbrida e fonte de custeio Nas palavras do nobre Professor Sérgio Martins: O Direito da Seguridade Social é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. [7] Defende o professor Wagner Balera, que “trata-se de verdadeiro sistema que confere cobertura a praticamente todos os riscos sociaismais relevantes: doença, idade avançada, invalidez, morte, reclusão, maternidade, família e desemprego” [8]. Ainda, nas palavras do nobre professor, “trata-se de universalidade da cobertura e do atendimento, verdadeira ideia central, que quer conferir proteção a todos os brasileiros, assim como aos estrangeiros que se integram ao mundo do trabalho nacional” [9]. A garantia desses direitos está resguardada pelos art. 194 e 201, ambos da Constituição Federal (CF), conforme se observa: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (4) Emenda Constitucional n.º 20/98. Com o advento da Lei nº 11.718/2008, que trouxe a inovação do tema aqui discutido, o § 4º do art. 48 dispões que: § 4º. Para efeito do § 3º deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de acordo com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-de-contribuição da Previdência Social. Ou seja, será calculado da mesma forma como se calcula a aposentadoria por invalidez, com base na média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição. Contudo, para os períodos exercidos no âmbito rural, serão considerados como salário de contribuição o valor do salário mínimo nacional e, para os períodos exercidos em outras categorias ou em que há contribuições vertidas, serão computados os respectivos salários de contribuição. 3 Entendimento do INSS O INSS apresenta entendimento de que somente poderá ser utilizado para efeito de carência o trabalho na zona rural posterior à Lei nº 8.213/91, devendo ser este o último trabalho a ser realizado pelo segurado. A Autarquia restringe a lei, indeferindo os requerimentos que divergem do seu entendimento. Entretanto, a percepção do INSS não condiz com a realidade, ferindo diretamente o art. 5º da Constituição Federal quanto ao princípio de isonomia e da dignidade da pessoa humana. Em contrapartida, a doutrina e a jurisprudência defendem a mescla do trabalho urbano e rural, independente de qual foi o último a ser exercido pelo segurado. 4 Entendimento doutrinário A professora Jane Lúcia defende que a aposentadoria por idade híbrida ou mista é “uma nova modalidade de aposentadoria por idade (sui generis, mista ou híbrida)” [10], com a possibilidade de soma dos períodos de labor rural aos períodos de labor urbano para fins de cumprimento da carência necessária para a obtenção do benefício por idade. Para o Juiz Federal e Docente José Antônio Savaris, com o advento da Lei nº 11.718/2008, houve uma aproximação da realidade vivida pelos trabalhadores rurais, que saíram em busca de novas oportunidades. Conforme suas palavras: Em nosso modo de ver, a Lei 11.718/08, prestando-se, ao que se pode perceber, como uma minirreforma aos direitos previdenciários dos trabalhadores rurais, buscou aproximar o sistema normativo da nova realidade campesina. Com tal desiderato e compenetrado na realidade de muitos trabalhadores que, nada obstante tenham dedicado quase toda vida ao labor rural, não logravam “comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido” (Lei 8.213/91, art. 48, § 2º), o legislador previu hipótese de concessão de aposentadoria por idade sui generis, para a qual se admite a soma do tempo de trabalho rural não contributivo com o de trabalho urbano (tempo contributivo). A predominância das correntes migratórias do campo para a cidade constitui realidade fática do nosso país. O denominado êxodo rural é condição histórica e qualidade inerente do ser humano, o qual incessantemente busca o progresso pessoal. Seria insensível o desamparo previdenciário a tais segurados pela simples descontinuidade na labuta rural e mudança de regime. Se assim for entendido, o trabalhador seria prejudicado por passar a contribuir, o que seria um contrassenso e, inclusive, se tornaria prejudicial ao próprio sistema arrecadatório da Previdência Social. Sob qualquer prisma, o período campesino não deve ser desprezado na obtenção da aposentadoria por idade, vez que exercido sob a égide da legislação vigente, da qual não necessitava de qualquer contribuição para fins de carência, devendo-se prevalecer o princípio do Tempus Regit Actum. [11] Em que pese o entendimento rígido do INSS, que admite ser possível, somente a concessão da aposentadoria por idade híbrida ou mista somente quando da utilização do trabalho na zona rural como forma de carência em momento posterior à Lei nº 8.213/91, devendo o labor rurícola necessariamente ser exercido por último. Contudo, o que se vê é que o presente tema é amplo para debates e para aqueles que militam na área previdenciária, estes devem se valer dos entendimentos jurisprudenciais, que têm sido favoráveis em prol dos segurados e de suas particularidades, afastando o engessado entendimento defendido administrativamente, o qual não acoberta grande parte daqueles que necessitam e almejam a aposentadoria por idade. 5 Entendimento jurisprudencial Inicia-se pelo intérprete máximo, o Superior Tribunal de Justiça, o qual tem emanado decisões de que o trabalho pode ser mesclado, com alternância de períodos rurais e urbanos, independente de qual regime foi exercido primeiro ou por último. Para o Ministro Mauro Campbell Marques, da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, a Lei nº 11.718 criou a possibilidade de concessão de aposentadoria por idade aos trabalhadores rurais que se enquadrem nas categorias de segurado empregado, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial, com observância da idade de 65 anos para o homem e 60 anos para a mulher. O Ministro defendeu que “a finalidade foi a de criar mecanismos facilitadores de formalização do contrato de trabalho envolvendo trabalhadores rurais assalariados, compatibilizando a realidade do êxodo rural e seus fatores econômicos, sociais e políticos”. Para ele, a inovação jurídica permite o mínimo existencial àqueles que representam grande parte da população brasileira.[12] Veja-se o entendimento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região sobre o tema: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. HÍBRIDA OU MISTA. TEMPO RURAL E URBANO. ART. 48 § 3º, LEI 8.213/91. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. FUNGIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. A situação posta nos autos se enquadra exatamente na hipótese descrita no § 3º do art. 48, da Lei de Benefícios: a aposentadoria poridade mista ou híbrida, na qual há a contagem híbrida da carência (não contributiva rural e contributiva urbana), exigindo-se o requisito etário sem o redutor dos cinco anos, isto é, 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher. 2. Na hipótese, os documentos encartados aos autos dão conta de que a parte-autora atingiu a idade mínima e cumpriu o período equivalente ao prazo de carência exigido em lei, eis que completou 60 anos em 28/02/2011 e 65 anos em 28/02/2016. A atividade urbana foi comprovada pela CTPS (fls. 18/23) e CNIS (fl. 74), que atestam vínculos trabalhistas urbanos. A atividade rural restou comprovada ante a apresentação de início razoável de prova material, representado pelos documentos catalogados à inaugural, corroborado por prova testemunhal idônea e inequívoca. 3. Em homenagem ao princípio da fungibilidade dos benefícios previdenciários e tendo em conta que o INSS tem o dever de conceder ao beneficiário a melhor opção que lhe cabe, não é defeso ao magistrado conceder, de ofício, em ação previdenciária, a prestação pecuniária que é devida ao jurisdicionado. Precedentes. 4. Preenchidos, portanto, os requisitos do art. 48, §3º, da Lei 8.213/91, deve ser concedido o benefício de aposentadoria rural híbrida ou mista à parte-autora. 5. O termo inicial do benefício será a partir da data em que a parte-autora completou 65 anos (28/02/2016). 6. Os honorários advocatícios devem ser fixados em 10% das prestações vencidas até a prolação da sentença de procedência, ou do acórdão que reforma o comando de improcedência da pretensão vestibular. 7. A correção monetária deve observar o novo regramento estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, no julgamento do RE 870.947/SE, no qual restou fixado o IPCA-E como índice de atualização monetária a ser aplicado a todas as condenações judiciais impostas à Fazenda Pública. Juros de mora nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 8. Apelação do INSS desprovida e remessa oficial, tia por interposta, parcialmente provida. Concessão da aposentadoria híbrida, de ofício, em razão do princípio da fungibilidade dos benefícios.[13] Também há o entendimento da questão em consonância ao emanado pelo Tribunal Regional Federal da 3º região: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA. VIABILIDADE. PREENCHIDOS OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. - Pedido de aposentadoria por idade híbrida. - A questão em debate consiste na possibilidade de somar período de labor rural da autora, sem registro em CTPS, reconhecido na sentença, a períodos de efetiva contribuição, para o fim de propiciar a concessão da aposentadoria por idade, nos termos do artigo 48 §3º e §4º, da Lei 8.213/91. - A Autarquia não se insurgiu contra o período de labor rural reconhecido na sentença (três anos), motivo pelo qual a questão não será apreciada. - Deve-se considerar a viabilidade do cômputo de períodos de trabalho rural e urbano para fins de concessão de aposentadoria nos termos do art. 48, §3º e §4º, da Lei 8213/1991. - No caso da aposentadoria por idade híbrida, não há que se falar em óbice ao cômputo de período de labor rural como carência, sendo irrelevante, ainda, eventual predomínio do labor urbano no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo. - Conjugando-se a data em que foi implementada a idade, o tempo de serviço comprovado nos autos e o art. 142 da Lei nº 8.213/91, verifica-se que foi integralmente cumprida a carência exigida (180 meses). A autora faz jus ao recebimento da aposentadoria pretendida. - Apelo da Autarquia improvido. Jurisprudência/TRF3 - Acórdãos Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao apelo da Autarquia, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.[14] Passa-se agora ao entendimento do Tribunal Regional Federal da 4º Região, conforme segue: PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CONHECIDA. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHO URBANO E TRABALHO RURAL. COMPROVADOS. IDADE MÍNIMA COMPLETADA. 1. Tratando-se de aposentadoria rural por idade, cujo benefício corresponde ao valor de um salário mínimo, e resultando o número de meses entre a data da DER e a data da sentença em condenação manifestamente inferior a mil salários- mínimos, ainda que com a aplicação dos índices de correção monetária e de juros de mora nas condições estabelecidas em precendentes do Supremo Tribunal Federal, não está a sentença sujeita ao reexame obrigatório, nos termos do disposto no art. 475, § 2º, do Código de Processo Civil. Não conhecida a remessa. 2. É devida a aposentadoria por idade mediante conjugação de tempo rural e urbano durante o período aquisitivo do direito, a teor do disposto na Lei n. 11.718/08, que acrescentou § 3.º ao art. 48 da Lei n. 8.213/91, contanto que cumprido o requisito etário de 60 (sessenta) anos para mulher e de 65 (sessenta e cinco) anos para homem e a carência mínima exigida. 3. O direito à aplicação da regra do artigo 48, § 3º, da Lei 8.213/91 abrange todos os trabalhadores que tenham desempenhado de forma intercalada atividades urbanas e rurais. O fato de não estar desempenhando atividade rural por ocasião do requerimento administrativo não pode servir de obstáculo à concessão do benefício. 4. O Supremo Tribunal Federal reconheceu no RE 870947, com repercussão geral, a inconstitucionalidade do uso da TR, determinando a adoção do IPCA-E para o cálculo da correção monetária nas dívidas não-tributárias da Fazenda Pública, 5. Os juros de mora, a contar da citação, devem incidir à taxa de 1% ao mês, até 29-06-2009. A partir de então, incidem uma única vez, até o efetivo pagamento do débito, segundo o índice oficial de remuneração básica aplicado à caderneta de poupança. 6. Vedada a majoração dos honorários advocatícios quando ultrapassem os respectivos limites estabelecidos no art. 85, §§ 2° e 3° do Código de Processo Civil.[15] Ainda, analisa-se o entendimento da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU): PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA OU MISTA. CONTAGEM DE TEMPO RURAL PARA APOSENTADORIA URBANA. ATIVIDADE RURAL OU URBANA ANTES DO REQUISITO ETÁRIO OU REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INDIFERENÇA. IDADE MÍNIMA A SER CONSIDERADA É A MESMA EXIGIDA PARA A APOSENTADORIA POR IDADE DO TRABALHADOR URBANO. EXISTÊNCIA DE REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA DA TNU. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.[16] Entretanto, ainda há tema a ser discutido, merecendo destaque a possibilidade de se utilizar o trabalho exercido na zona rural anterior à vigência da Lei nº 8213/91, ou seja, fora do período de carência. O fato é que há uma discussão em relação ao período trabalhado na zona rural anterior à Lei nº 8.213/91 para aproveitamento na aposentadoria por idade híbrida ou mista. Ocorre que, em algumas instâncias de primeiro grau, os pedidos têm sido julgados improcedentes, sob a alegação de que, o período rural para ser aproveitado, tem que ser dentro do período de carência. Referidas decisões, nesse sentido, deixariam um volumoso número de segurados que migraram para a zona rural desemparados e sem o direito de percepção da aposentadoria por idade. A inovação legislativa aqui discutida não acobertaria esses segurados, em desconformidade com o preceito da norma criada
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