10 pág.

Pré-visualização | Página 1 de 4
B i a n c a L o u v a i n | 1 SISTEMA ENDOCRINO (hormonios pancreaticos) O pâncreas é um órgão que contém dois tipos de epitélio secretor: endócrino e exócrino. • A secreção endócrina é formada por um grupo de células, as ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon; • A porção exócrina do pâncreas é formada por lóbulos, chamados de ácinos, onde seus ductos se esvaziam no duodeno. As células acinares secretam enzimas digestórias e as células do ducto secretam solução de NaHCO3. O pâncreas endócrino é formado por quatro tipos de células: • As células beta (60%) produzem insulina e um outro peptídeo, chamado de amilina; • As células alfa (25%) produzem e secretam glucagon; • As células delta (10%) secretam somatostatina; • Em número bem menor estão as células PP (ou células F), que produzem o polipeptídeo pancreático. Como toda glândula endócrina, as ilhotas são altamente vascularizadas para que seus hormônios sejam liberados para o seu alvo. Eles estão sob influência do SNA, isso porque os neurônios simpáticos e parassimpáticos terminam nas ilhotas, fornecendo um meio pelo qual o sistema nervoso pode influenciar o metabolismo. Isso explica o porque de um diabético poder ter uma hiperglicemia em uma situação de estresse. • Noradrenérgicos, acetilcolina, peptídeo vasoativo instestinal, galina e GABA. A insulina e o glucagon atuam de forma antagonista para manter a concentração de glicose plasmática dentro de uma faixa aceitável (70 a 110mg/dl). No estado alimentado, quando o corpo está absorvendo os nutrientes, a insulina é o hormônio dominante, e o organismo entra em estado anabólico. A ingestão de glicose é utilizada como fonte de energia e todo e qualquer excesso será estocado como glicogênio e gordura no corpo. B i a n c a L o u v a i n | 2 No estado de jejum, as reações metabólicas previnem a queda da concentração da glicose plasmática (hipoglicemia). Quando o glucagon predomina, o fígado usa glicogênio e intermediários não glicídicos para sintetizar glicose para liberação no sangue. Em uma pessoa com metabolismo considerado normal, a concentração de glicose no jejum é mantida em cerca de 90 mg/dL de sangue, a secreção de insulina é mantida baixa e os níveis de glucagon estão relativamente elevados. Após a absorção dos nutrientes de uma refeição, a glicose plasmática aumenta. Esse aumento na glicose plasmática inibe a secreção de glucagon e estimula a liberação de insulina. A insulina, por sua vez, promove a maior entrada de glicose às células. Como resultado, a concentração de glicose começa a baixar até os níveis normais de jejum. Isso ocorre a cada refeição feita. A secreção de insulina é reduzida junto com a concentração de glicose, e o glucagon lentamente começa a aumentar. A principal função da insulina é diminuir os níveis de glicose no sangue. Os alvos primários da insulina são o fígado, o músculo esquelético e o tecido adiposo que, quando estimulado, facilita a captação de glicose, ácidos graxos, glicerol, corpos cetônicos e aminoácidos do sangue. Ou seja, a insulina “coloca” a glicose para dentro das células. Observação: o encéfalo e o epitélio de transporte do rim, bem como do intestino, são independentes de insulina, ou seja, não necessitam de insulina para a captação e o metabolismo da glicose – para que a glicose entre na célula. PRODUÇÃO DE INSULINA A insulina é um típico hormônio peptídico, ou seja, é sintetizada como um pró-hormônio inativo e ativada antes da secreção. RELEMBRANDO O peptídeo inicial originado de um ribossomo é uma proteína grande e inativa, conhecida como pré-pró-hormônio. Os pré-pró-hormônios contêm uma ou mais cópias de um hormônio peptídico, uma sequência-sinal que direciona a proteína ao lúmen do retículo endoplasmático rugoso e outras sequências de peptídeos que podem ou não possuir atividade biológica. À medida que o pré-pró-hormônio inativo se move através do retículo endoplasmático, a sequência-sinal é removida, criando uma molécula menor, ainda inativa, chamada de pró- hormônio. No aparelho de Golgi, o pró-hormônio é empacotado em vesículas secretoras junto com enzimas proteolíticas, que cortam o pró-hormônio, originando hormônios ativos e outros fragmentos. Esse processo é chamado de modificação pós-traducional. As vesículas secretoras contendo os peptídeos são armazenadas no citoplasma da célula endócrina até que a célula receba um sinal que estimule a secreção. Neste momento, as vesículas se movem para a membrana celular e liberam o seu conteúdo por exocitose dependente de cálcio. B i a n c a L o u v a i n | 3 A insulina é sintetizada pelas células β do pâncreas e, para exercer seus efeitos sobre a célula, a insulina se liga e ativa o receptor proteico da membrana: A insulina se liga à subunidade α de seu receptor, o que provoca a autofosforilação do receptor da subunidade β, que por sua vez induz a atividade da tirosina-cinase. A atividade da tirosina-cinase do receptor inicia uma cascata de fosforilação celular que aumenta ou diminui a atividade das enzimas. 1. A insulina se liga aos receptores tirosina-cinase; 2. O receptor fosforila os substratos do receptor de insulina (IRS); 3. As vias de segundo mensageiro vão alterar a síntese proteica e as próprias proteínas já existentes; 4. O transporte de membrana é modificado; 5. O metabolismo celular é alterado. O QUE AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DA INSULINA? • Aumento da concentração de glicose plasmática: O estímulo principal para liberação da insulina é a concentração plasmática de glicose maior do que 100 mg/dL. A glicose absorvida no intestino delgado chega às células β do pâncreas, onde é captada pelo transportador GLUT2. Com mais glicose disponível como substrato, a produção de ATP aumenta, e os canais de K sensíveis ao ATP se fecham. Quando a célula se despolariza, os canais de cálcio dependentes de voltagem se abrem e mais cálcio entra, iniciando a exocitose da insulina. • Aumento da concentração de aminoácidos: O aumento da concentração de aminoácidos no plasma após uma refeição também desencadeia a secreção de insulina. • Efeitos antecipatórios dos hormônios GI: Mais de 50% de toda a secreção de insulina é estimulada por um hormônio chamado de peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1). O GLP-1 e o GIP (peptídeo inibidor gástrico) são hormônios pertencentes à família das incretinas e produzidos pelas células localizadas no intestino (jejuno e íleo) em resposta à ingestão de nutrientes. As incretinas vão pela circulação até as células β-pancreáticas e podem alcançá-las antes mesmo que a primeira glicose seja absorvida. B i a n c a L o u v a i n | 4 A liberação antecipatória da insulina em resposta a esses hormônios evita um aumento súbito na concentração de glicose plasmática quando os alimentos são absorvidos. Outros hormônios GI, como CCK e gastrina, amplificam a secreção de insulina. • Atividade parassimpática: A atividade parassimpática para o trato GI e para o pâncreas aumenta durante e após uma refeição. O estímulo parassimpático para as células beta estimula a secreção de insulina. Ou seja, quando ativo, aumenta os receptores muscarínicos que liberam fosfolipase e formam IP3. Esse vai para o retículo e libera cálcio e potencializa a liberação da insulina – pós brandial. Com isso, a acetilcolina (SNAP) também atua no processo, estimulando a liberação de cálcio no retículo. Logo, a adrenalina (SNAS) tem papel contrário. • Atividade simpática: A secreção de insulina é inibida pelos neurônios simpáticos. Em momentos de estresse, os estímulos simpáticos dão início a uma cascata de regulações no pâncreas endócrino, fato que também é reforçado pela liberação de catecolaminas da medula da glândula suprarrenal.