Buscar

A Revolução Industrial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Tópicos de História 
Contemporânea
A Revolução Industrial
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Andrea Borelli
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
5
• A Revolução Industrial
• O nascimento do regime fabril
Para realizar seu trabalho com a unidade e desenvolver seu estudo, primeiro leia o Material 
Teorico, com atenção. 
Em seguida, verifique se houve uma suficiente compreensão do conteúdo, respondendo às 
perguntas das Atividades de sistematização, que tratam das questões fundamentais sobre o 
assunto abordado.
Foram disponibilizados, ainda, Materiais Complementares, Apresentação Narrada e 
videoaula, para aprofundar a análise do tema.
Finalmente, realize a Atividade de Aprofundamento da unidade.
Nesta unidade, vamos tratar do tema “A Revolução Industrial”.
As alterações provocadas pelas mudanças no modo de produção, 
ocorridas durante a Revolução Industrial, moldaram as relações 
que se estabeleceram na sociedade a partir desse momento. 
Essas alterações foram fundamentais para a disseminação do 
modo de vida burguês, produzido por esses movimentos.
A Revolução Industrial
6
Unidade: A Revolução Industrial
Contextualização
Vida de operário
Pato Fu
Composição: Excomungados
Fim de expediente cinco e meia
Cartão de ponto, operários
Saem da fábrica cansados da exploração
Oito horas e de pé
E de pé na fila do ônibus lotado
Duas horas em pé ou sentado
Vida de operário
Vida de operário
Vida de operário
Braços na máquina operando a situação
Crescimento da produção
E o lucro é do patrão
Semana é do patrão
Ganância é do patrão
A música do grupo brasileiro Pato Fu descreve o cotidiano do operário.
Depois de refletir sobre a discussão que o estudo desta unidade está proporcionando, procure 
responder:
De onde vieram essas regras?
Como surgiu esse grupo que vive de vender seu trabalho?
Essa condição remete à Revolução Industrial que é objeto desta unidade.
Veja o vídeo da música no link que segue:
http://www.youtube.com/watch?v=OoJzOpkHH30
http://www.youtube.com/watch%3Fv%3DOoJzOpkHH30
7
A Revolução Industrial
Um dos momentos mais marcantes da História Contemporânea, desde o surgimento da 
agricultura, foi a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII na Europa. A Revolução Industrial 
trouxe consequências para quase todos os aspectos da vida humana: alterou as relações de 
trabalho, as relações de consumo, a estrutura familiar, social e política. O resultado de toda essa 
transformação foi a ascensão de um novo grupo político e social: a burguesia. 
Liberalismo e Revolução Industrial
As alterações sociais trazidas pelas revoluções burguesas foram impulsionadas por uma nova forma 
de perceber o mundo, baseada nas idéias de direito à propriedade e à liberdade.
Esse ideário ficou conhecido como liberalismo, doutrina que se tornou a ideologia da sociedade 
capitalista ou burguesa. 
O Liberalismo tem como postulado a noção de que todos os indivíduos são livres e podem usufruir 
de suas propriedades como desejarem. Acontece que, na sociedade capitalista, alguns indivíduos, os 
proletários, somente possuem uma propriedade: sua força de trabalho.
Segundo a ideologia liberal, todos os homens são iguais perante a lei e podem participar da política 
e ser sujeito de direitos, como direito à vida, liberdade de ir e vir, direito de resistir à opressão. 
O trabalho de Adam Smith funda-se na ideia de que a liberdade individual pode se traduzir em 
ações individuais que objetivam garantir o interesse do indivíduo, mas que, inevitavelmente, 
levam ao bem comum. 
Deve-se destacar que foi Adam Smith que postulou, no livro a Riqueza das Nações, que toda a 
prosperidade econômica e acúmulo de riquezas vem do trabalho livre, sem nenhuma intervenção 
reguladora. A intervenção seria desnecessária, segundo Smith, pois o mercado se autodetermina e 
favorece o mais competente. 
Os Liberais defendiam as ideias de livre concorrência, baseada na competência individual e na lei 
da oferta e da procura.
A Revolução Industrial foi marcada pelo desenvolvimento da tecnologia, contudo esse fato 
não é suficiente para explicar a profundidade desse processo. O que realmente impressiona 
nesse movimento é a profundidade das mudanças que atingiram o mundo. A Europa passou 
de uma economia rural para uma baseada na indústria, provocando o desaparecimento da 
economia familiar e levando a mudanças na estruturação da família. 
Até as últimas décadas do séc XVIII, a Europa era basicamente dominada pela economia 
agrícola. Os aristocratas, proprietários da terra, cediam-na aos camponeses para que a cultivassem 
em troca do pagamento de impostos em espécie. O restante dos produtos era produzido por 
artesãos especializados, que trabalhavam em manufaturas. As atividades capitalistas eram 
dominadas pelo mercantilismo, embora as indústrias já existissem.
8
Unidade: A Revolução Industrial
Desde o processo da expansão marítima, iniciada com a expansão portuguesa, a economia 
europeia tornou-se globalizada; os produtos que chegavam aos portos europeus procediam de 
todos os lugares e esse fator foi decisivo para garantir mercado para os produtos manufaturados 
e, depois, para os produzidos pelas nascentes indústrias. Importante observar que o objetivo 
desse comércio era tornar os europeus ricos, sem acrescentar riqueza aos países que faziam 
parte dessa relação.
Outro elemento importante, nesse contexto, foi o crescimento populacional da Europa. Mesmo 
sendo esse um elemento difícil de analisar, é claro que ele é um fator positivo na transição para 
a economia industrial, pois esta exigia, cada vez mais, um número maior de braços. A lógica 
da sociedade industrial é o lucro, que só pode ser atingido com a constante exploração do 
trabalhador, o qual precisa produzir sempre muito mais. Essa sobrecarga de trabalho é chamada 
de mais valia e é o que garante o lucro do empregador.
É difícil atribuir uma data de início para o movimento, mas os historiadores concordam 
que ele teve início na Inglaterra, onde as condições essenciais para o seu desenvolvimento se 
reuniram. Além do aumento populacional, houve também a ampliação da produção de comida, 
o que permitiu algumas alterações no campo, provocadas pela crescente criação de ovelhas.
O lucro trazido pelo comércio da lã para as indústrias nascentes do país levou os produtores 
a tentarem ampliar as áreas de criação. O Parlamento, controlado basicamente pela camada de 
capitalistas, aprovou a Lei dos Cercamentos. 
Na Inglaterra, a servidão deixou de existir no final do século XVII, contudo a tradição impedia 
que o proprietário de terra expulsasse os camponeses de sua terra sem motivo justo. Além disso, 
os lotes eram transmitidos hereditariamente. Depois da aprovação dessa lei, o proprietário 
pôde retirar os camponeses da terra e formar lotes maiores para cultivo ou criação de ovelhas, 
lançando esses camponeses na miséria. 
Qual foi a opção dessas pessoas? A fuga para as cidades, onde podiam encontrar oportunidades 
de emprego.
Por outro lado, os burgueses ampliaram sua riqueza e influência política. Eles acreditavam 
reunir todas as virtudes da sociedade, ao contrário da aristocracia da Europa Continental, que 
era tida como frívola e tola. A forma de considerar o mundo, emanada desse grupo, espalhou-se 
pela sociedade e, entre elas, a mais importante era a busca pelo lucro. Essa noção dominou a 
política inglesa do século XVIII e as diversas guerras travadas pelo país, nesse período, tiveram 
o objetivo de ampliar os mercados consumidores.
A tecnologia, que foi um dos principais marcos da revolução, atingiu a produção de 
forma irreversível, trazendo imensas alterações em um prazo de aproximadamente cento e 
cinquenta anos. 
Já no século XVII, a questão da tecnologia estava presente no pensamento produzido na 
Inglaterra. Francis Bacon, o pai da ciência moderna, acreditava que o conhecimento poderia 
ser utilizado para resolver problemas práticos, como garantir a ampliação da produção. Ainda 
segundoBacon, “conhecimento é poder” e, para ele, a ciência era o poder sobre a natureza.
9
 Invenções fundamentais para a mecanização da produção: 
* a máquina, de Hargreaves (1767), capaz de fiar, sob os cuidados de um só operário, 80 kg de fios 
de algodão de uma só vez; 
* o tear hidráulico, de Richard Arkwright (1768); 
* a máquina Crompton, aprimorando o tear hidráulico (1779); 
* o tear mecânico, de Edmund Cartwright (1785); 
* a máquina a vapor, de Thomas Newcomen, aperfeiçoada depois por James Watt (1769); 
* o barco a vapor, de Robert Fulton (1805 - Estados Unidos); 
* a locomotiva a vapor, de George Stephenson (1814).
Os avanços na tecnologia de energia constituíram-se numa das maiores conquistas desse 
momento. Os motores a vapor tiveram grande importância, contudo não substituíram as outras 
tecnologias de energia, como o uso de moinhos de água, animais e força humana. Os grandes 
motores a vapor tornaram-se mais eficientes com as alterações implementadas por James 
Watt, por volta de 1780. Os desenvolvimentos subsequentes permitiram o surgimento das 
locomotivas, que se tornaram um dos maiores símbolos da tecnologia da Revolução Industrial. 
Esse desenvolvimento foi possível na Inglaterra, pela presença de grandes reservas de carvão, 
fundamental para o funcionamento desses motores. A exploração dessas minas de carvão, 
abundantes na Inglaterra, criou um campo de trabalho para a população, que se arriscava em 
minas cada vez mais profundas e perigosas.
A existência de grandes reservas de ferro, nos domínios ingleses, garantiu matéria prima para 
a construção das máquinas de fiar e tecer, que revolucionaram a forma de produzir. 
Entre 1809 e 1830, a exportação inglesa cresceu de forma exponencial e os maiores mercados 
consumidores estavam na Europa, Índia e Ásia, sem contar o comércio com a América. No início 
do período Vitoriano, a Inglaterra possuía o maior poder industrial e comercial do mundo. O 
complexo sistema do comércio internacional era garantido por uma eficiente rede de comunicação 
e transporte. Nesse contexto destacavam-se o navio a vapor, a ferrovia e o telégrafo. 
Em 1833, a travessia do Atlântico foi reduzida para 22 dias e os navios a vapor levavam 
as mercadorias produzidas pela Inglaterra para todas as partes do globo. Em conjunto com os 
navios a vapor, desenvolveu-se a febre das ferrovias, que ligavam as áreas de produção aos 
portos. Além dessa função, a regularização dos serviços ferroviários permitiu o surgimento de 
uma nova forma de lazer para as camadas dominantes: as viagens e passeios de curta duração. 
Em 1851, seis milhões de visitantes chegaram a Londres para a Grande Exibição Mundial e a 
maioria chegou por trem.
 
 Explore
E os operários? Para saber mais: COGGIOLA, Oswaldo. O inicio da organização dos 
trabalhadores. Revista Aurora. Marília. Ano IV, n. 6 agosto de 2010. Disponível em: 
http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Aurora/2%20COGGIOLA.pdf
http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Aurora/2%2520COGGIOLA.pdf
10
Unidade: A Revolução Industrial
A Revolução Industrial alterou profundamente a vida do trabalhador braçal, provocando, a 
princípio, o deslocamento para as cidades e, assim, levando-as a um crescimento desordenado 
e sem planejamento. A cidade de Londres chegou a ter aproximadamente 5 milhões de 
habitantes1, cuja condição de vida era terrível: longas jornadas de trabalho, habitações sem 
condições sanitárias mínimas. Um panfleto anônimo de 1871 descreve esse contexto:
“Isso faz a vida em Londres peculiar. Nós vivemos e nos movemos em 
multidões, não existe local para descansar, toda a vida é publica. As ruas 
são frias no inverno e quentes no verão e sempre barulhentas, cheias e 
muito sujas.2” 
2Os baixos salários obrigavam toda a família operária a trabalhar para sobreviver, e as jornadas 
de trabalho chegavam a 12 horas diárias, em locais abafados e insalubres. Essas condições 
favoreceram a organização dos trabalhadores em movimentos que demandavam mudanças 
nessa situação. 
Uma das organizações mais conhecidas desse período foi o Ludismo. Os movimentos 
que se opunham à mecanização eram recorrentes, mas, em 1811, esse movimento atingiu 
dimensões não vistas até então. Os Ludistas invadiram fábricas e destruíram as máquinas, que 
consideravam como responsáveis pela condição em que viviam. Muitos Ludistas foram presos 
e condenados pela destruição das máquinas e pela invasão das fábricas. O movimento perdeu 
sua força quando outras formas de luta se mostraram mais eficazes, como o movimento Cartista.
 
Ned Ludd 
“Bravos ludistas somos, para a quebra nós vamos!”
“Deus salve o Ned Ludd!”
“Máquinas para o inferno, queremos a nossa dignidade!”
“Quebrar é bom, junte-se a nós e salve a Europa!”
“Quebre! Quebre ou morra trabalhando!”
“Monstros do industrialismo, queremos vocês quebrados!”
“Máquinas para o chão!”
“Bater! Bater! Bang Bang! esses são o som da liberdade!”
“Quebra um, Quebra dois, Quebra três, quebra tudo! Tudo!”
Canção Ludista 
Ned Ludd era um tecelão, que se acredita tenha vivido em Anstley, na Inglaterra. Segundo a tradição, 
ele foi o primeiro operário a destruir uma máquina como forma de protesto. Isso fez dele uma figura 
heroica para os operários, que sempre diziam, quando uma máquina quebrava: ”Foi Ned Ludd”.
1 http://www.londononline.co.uk/factfile/historical/
2 http://www.victorianweb.org/books/mcdonnell/life.html
11
O Cartismo surgiu como uma estratégia de luta pela inclusão política da classe operária e 
teve início com a criação da Associação Geral dos Operários de Londres (London Working 
Men’s Association), liderada por Wiliam Lovett e Feargus O’Connor3. 
Os Cartistas produziram uma petição apresentada ao Parlamento inglês, em 1838, com seis 
exigências principais: 
- Sufrágio universal masculino;
- Voto secreto através da cédula;
- Eleição anual;
- Igualdade entre os direitos eleitorais;
- Participação de representantes da classe operária no parlamento;
- Remuneração para os parlamentares.
A princípio as solicitações dos operários não foram atendidas e isso deu início a movimentos 
de descontentamento, contudo, gradualmente, as demandas cartistas foram incorporadas 
à legislação inglesa e o movimento perdeu força. O movimento, entretanto, teve resultados 
positivos, como:
- a lei de proteção ao trabalho infantil (1833); 
- a lei de imprensa (1836);
- a reforma do Código Penal (1837);
- a regulamentação do trabalho feminino e infantil;
- a supressão da Lei que protegia a produção de cereais, garantindo a entrada de produtos 
mais baratos;
- a lei permitindo as associações políticas;
- a lei da jornada de trabalho de 10 horas.
No final da década de 1860, as demandas cartistas estavam firmemente integradas à 
legislação inglesa. 
Os empregados das fábricas também se organizavam em associações, as chamadas trade 
unions, que, lentamente, passaram a ganhar força e a apresentar exigências aos patrões. 
No final do século XIX, as trade unions evoluíram para sindicatos, um grupo organizado para 
obter participação política e exigir mudanças.
3 http://www.marxists.org/history/england/chartists/index.htm
12
Unidade: A Revolução Industrial
O nascimento do regime fabril
No período da Revolução Industrial observa-se uma mudança social importante: o trabalho, 
que antes era associado ao sofrimento e à dor, passa a ser considerado positivo.
Diversos filósofos prepararam o caminho para essa alteração, entre os quais se destaca John 
Locke, que considerava o trabalho como fonte de todas as propriedades. 
“[...] é a tomada de qualquer parte do que é comum com a remoção para 
fora do estado em que a natureza o deixou que dá início à propriedade 
[...]” 
‘ [...] a extensão de terra que um homem lavra, planta, melhora, cultiva, 
cujos produtos usa, constitui sua propriedade.”
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o Governo Civil, Cap 5)
Adam Smith complementa a colocação de Locke ao argumentar que toda a riqueza vem dotrabalho e é através dele que usufruímos a possibilidade de adquirir bens. 
“Aqueles que mais cedo estão em condição de fruir sua compensação, 
mais cedo terão gosto pelo trabalho.” (SMITH, Adam. Uma Investigação 
Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações.)
Karl Marx, um dos mais importantes analistas da sociedade industrial, considerava o trabalho 
a real expressão de humanidade do homem:
“[...] atuando assim sobre o mundo exterior e modificando-o, ao mesmo 
tempo ele modifica a sua própria natureza. Ele desenvolve seus poderes 
inativos e compele-os a agir em obediência à sua própria autoridade.” 
(MARX, O capital, I)
O trabalho torna-se central na vida humana e a fábrica é o local privilegiado para se observar 
o potencial criador do homem e a dimensão ilimitada da produtividade, intermediada pela 
máquina. A máquina passa a definir a fábrica como espaço de superação das limitações 
humanas, pela intermediação da tecnologia.
Essa valorização do trabalho precisou ser “ensinada” ao trabalhador, que foi constrangido 
à atividade fabril pela falta de outras oportunidades. Nesse local, ele vivenciou a força desse 
novo princípio normativo que impunha o gosto pelo trabalho e exigia obediências aos ritmos e 
à estrutura presentes nesse espaço. 
A introjeção dessa nova moralidade nas camadas trabalhadoras foi a primeira grande vitória 
do capitalismo e pode-se dizer que o homem pobre adentrou esse novo mundo pela fábrica. Foi 
13
nela que ele conheceu os valores atribuídos ao trabalho e as novas concepções de sociedade 
que nasciam a partir daquele momento. 
A noção da positividade do trabalho moldou o mundo burguês!
A coação dos homens pobres ao trabalho realizou-se de muitas formas, uma delas a criação 
das workhouse, que ofereciam alimentação e habitação às pessoas que estivessem dispostas a 
trabalhar. Na Inglaterra, as workhouses foram formadas a partir das Leis dos Pobres, de 1601, e 
tinham por objetivo regular o trabalho dos homens pobres, visto que a questão da pobreza era 
tida como um dado que não podia ser alterado. Em 1806, Patrick Colquhoun, escreveu4: 
“A pobreza é um ingrediente indispensável da sociedade, sem a qual as 
nações e comunidades não poderiam existir neste estado de civilização. São 
esses homens a origem da riqueza e sem a pobreza não existiria trabalho e 
sem trabalho não existe riqueza, nem conforto, nem refinamento.”
Outro viés desse processo foi o controle social trazido pela introjeção de uma nova moral que 
valida o tempo útil e critica a ociosidade.
Esse discurso, que nascia nas camadas burguesas, foi aceito pelos grupos populares como 
universal e natural aos grupos humanos, quando, na verdade, representava a realização dos 
interesses burgueses. 
A fábrica foi fruto do imperativo organizacional capitalista e a tecnologia nascente permitiu 
a concentração dos trabalhadores em um ambiente controlado e auxiliou a disseminação da 
disciplina fabril. Afinal, a máquina garantia a continuidade e a regularidade da produção. 
A máquina mantinha o passo e o trabalhador tinha que se adaptar a essa nova realidade, caso 
contrário existia a possibilidade do desemprego e dos acidentes. Diversos depoimentos de ex-
trabalhadores fabris mostram esse perigo real. John Allett tinha 53 anos quando foi entrevistado 
pelo Comitê sobre o trabalho infantil que foi organizado pela Casa dos Comuns da Inglaterra. 
Allet começou a trabalhar aos 14 anos e descreveu um acidente envolvendo uma criança com 
menos de 10 anos:
“Uma criança está trabalhando a lã, preparando para a máquina. Uma 
alça o pegou e carregou para a máquina e nós encontramos membros em 
um lugar e em outros. Ele foi cortado em pedaços.”
O desemprego trazia a possibilidade da penúria total; esse era outro problema que atingia 
esses trabalhadores. O fantasma do desemprego levava os trabalhadores a aceitarem as regras 
e a hierarquia presentes na fábrica. 
Embora esse processo tenha sido lento e repleto de resistências por parte dos trabalhadores, 
o sistema fabril se estabeleceu.
4 Patrick ColquhounTratado sobre a Indigência .http://books.google.com.br/
14
Unidade: A Revolução Industrial
Material Complementar
Site do Núcleo de Estudos Contemporâneos – mapas, documentos e cronologias
http://www.historia.uff.br/nec/
Site de História da BBC – textos sobre a industrialização
http://www.bbc.co.uk/history/british/victorians/
Jogo on-line sobre a industrialização
http://www.bbc.co.uk/history/british/victorians/launch_gms_cotton_millionaire.shtml
Site: Internet Modern History Sourcebook – lista de links e documentos sobre a revolução 
(ingles)
http://www.fordham.edu/halsall/mod/modsbook14.html#The%20Industrial%20Revolution
http://www.historia.uff.br/nec/
http://www.bbc.co.uk/history/british/victorians/
http://www.bbc.co.uk/history/british/victorians/launch_gms_cotton_millionaire.shtml
http://www.fordham.edu/halsall/mod/modsbook14.html%23The%2520Industrial%2520Revolution
15
Referências
ARIES, P. História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. 7. ed. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1991. 5 vol.
DECCA, E. S. O Nascimento das Fábricas. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. 8 vol.
HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. 17. ed. São Paulo: Paz e 
Terra, 2003.
_____. A Era do Capital: 1848-1875. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
IGLESIAS, F. A Revolução Industrial. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 
16
Unidade: A Revolução Industrial
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br

Outros materiais

Outros materiais