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Lúdico e Musicalização na Educação Infantil
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atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos. TÓPICO 1 – APRENDER BRINCANDO: A HISTÓRIA DO LÚDICO TÓPICO 2 – ATIVIDADES LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÓPICO 3 – O PAPEL DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DA LUDICIDADE TÓPICO 4 – A LUDICIDADE E SUA RELAÇÃO COM A AFETIVIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 APRENDER BRINCANDO: A HISTÓRIA DO LÚDICO 1 INTRODUÇÃO Você sabe o que significa “lúdico”? O lúdico tem sua origem na palavra latina ludus, que quer dizer “jogo”. Caso ficasse restrito ao seu significado puro e simples, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. Mas, de acordo com Almeida (2006), o lúdico passou a ser reconhecido como uma das formas utilizadas para o estudo do comportamento humano. Assim a definição deixou de ser um simples sinônimo de jogo, porque as implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. A ludicidade é assunto que tem conquistado espaço no panorama nacional, principalmente na educação infantil, por ser o brinquedo uma essência da infância e seu uso permitir um trabalho pedagógico que possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento. Independentemente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz de conta se confundem. A partir de agora mergulharemos na história do lúdico e suas implicações para o desenvolvimento infantil. UNIDADE 1 | LÚDICO E EDUCAÇÃO INFANTIL 4 FIGURA 1 – PERALTICE NA GANGORRA – OBRA EM BRONZE DA ARTISTA PLÁSTICA SANDRA GUINLE (2003) FONTE: Disponível em: <http://www.sandraguinle.com.br/brincadeiras. php?sessao=Brincadeiras>. Acesso em: 6 jan. 2011. 2 A HISTÓRIA DO LÚDICO E SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, passando a ser necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente. Podemos afirmar que a ludicidade está presente na vida do ser humano há milhares de anos, basta analisarmos um pouco a história da humanidade. Kishimoto (1993, p. 7) afirma: “Cada tempo histórico possui uma hierarquia de valores que oferece uma organicidade a essa heterogeneidade. São esses valores que orientam a elaboração de um banco de imagens culturais que se refletem nas concepções de criança e seu brincar.” FIGURA 2 – CRIANÇAS E SEUS BRINQUEDOS FONTE: Disponível em: <http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php?journal =revistateias&page=article&op=viewFile&path[]=316&path[]=347>. Acesso em: 6 jan. 2011. TÓPICO 1 | APRENDER BRINCANDO: A HISTÓRIA DO LÚDICO 5 Os homens primitivos, mesmo de maneira rude e peculiar, já demonstravam curiosidade e envolvimento com as atividades lúdicas ao iniciar uma forma de comunicação por desenhos, símbolos e formas representativas. Com certeza, não tinham ideia da influência e da importância dos traços e sinais deixados nas pedras, utilizados como uma forma de expressão lúdica de comunicação. Ao analisarmos essas marcas, percebemos que foi um primeiro passo para o aprimoramento, ordenação e para o início de um processo de significação da atividade escrita, que começou através de brincadeiras e mensagens deixadas em cavernas, tornando-se, posteriormente, uma forma convencional e universal de comunicação, por meio dos signos e símbolos linguísticos. Percebemos então que, dotado de um instinto lúdico natural, o ser humano criou mecanismos de linguagem para comunicar- se. Isso reforça a ideia de que a ludicidade é uma forma simples e natural de expressão pela qual todos os seres humanos, independentemente da época e do local onde vivem, são capazes de estabelecer e criar situações de aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos. Segundo Riedel (apud ALMEIDA, 2000, p. 78): Ao longo da história, o prestígio dos jogos sofreu oscilações. Platão, por exemplo, os colocava em igualdade de importância com a instrução formal na transmissão de valores educativos e morais. Entre os gregos, os romanos e os maias, os jogos eram utilizados pelos mais velhos para transmitir às novas gerações: valores, conhecimentos e normas sociais. Com a ascensão do Cristianismo, as atividades lúdicas, como os jogos, caíram em descrédito e passaram a ser vistas como profanas, imorais e destituídas de qualquer significado. Perceba que a palavra “jogo” foi utilizada aqui para caracterizar o significado histórico e social do lúdico, podemos perceber, portanto, a ligação estreita entre ambas. No mundo todo, durante a Idade Média, o sentimento de infância não existia. As crianças, que sobreviviam ao alto índice de mortalidade infantil, à falta de recursos financeiros e aos problemas decorrentes da escassez de saneamento, passavam a fazer parte do cotidiano dos mais velhos e eram tratadas como “adultos em miniatura”, participando da vida coletiva, dos jogos e do trabalho, sem nenhum tipo de expressão social. Apesar de discriminadas e consideradas inadequadas, ou ainda sem importância, as atividades lúdicas infantis não deixaram de existir neste período. É bom salientar que antigamente a ludicidade não era inexistente, o que ocorria era uma desvalorização da ação lúdica infantil. Os adultos não conseguiam perceber e conceber que a criança aprendia e se desenvolvia cognitivamente e fisicamente com suas brincadeiras. O que ocorreu foi uma camuflagem, ou seja, como elas eram vistas pelos adultos: uma forma de desobediência e de travessuras infantis. Geralmente elas aconteciam longe do olhar dos adultos e na maioria dos casos eles nem ficavam sabendo, pois, se soubessem, as crianças eram castigadas. UNIDADE 1 | LÚDICO E EDUCAÇÃO INFANTIL 6 FIGURA 3 – CRIANÇAS E SEUS BRINQUEDOS FONTE: Disponível em: <http://www.periodicos.proped.pro.br/index. php?journal=revistateias&page=article&op=view>. Acesso em: 6 jan. 2011. Você consegue imaginar como as crianças que viveram sua infância no período medieval, ou em outro período da evolução histórica, desenvolviam ati- vidades lúdicas? Elas tinham espaço físico, social e emocional para desenvolver estas atividades? Que tipo de orientação as crianças recebiam? Se partirmos do princípio que toda criança cria e vive momentos lúdi- cos, independentemente do local onde esteja e das condições físicas e econômicas de que disponha, podemos, sim, ter certeza de que no período medieval ou em qualquer outro período da sociedade humana a ludicidade sempre fez parte do desenvolvimento infantil. Ao contrário do que pensam muitas pessoas, o lúdico não é um tema desconhecido, muito menos novo. Atualmente percebe-se uma evidência maior sobre o assunto, devido a novas pesquisas e à busca de padrões educacionais mais condizentes com a realidade infantil. Os primeiros sinais de valorização da atividade lúdica tiveram início no século XVI, sendo resgatados pelos humanistas, que perceberam o valor educati- vo das atividades lúdicas, mas ainda referenciados como uma forma de “bajula- ção” ou “paparicação”, isto é, uma maneira de agradar ou recompensar por boas atitudes e interesse pelos estudos. TÓPICO 1 | APRENDER BRINCANDO: A HISTÓRIA DO LÚDICO 7 FIGURA 4 – CIRANDA MÁGICA – OBRA EM BRONZE DA ARTISTA PLÁSTICA SANDRA GUINLE (2003) FONTE: Disponível em: <http://www.sandraguinle.com.br/brincadeiras. php?sessao=Brincadeiras>. Acesso em: 6 jan. 2011. A história da infância e seus reflexos na socialização e na aprendizagem das crianças revelam que sempre existiram jogos, brinquedos e brincadeiras como, por exemplo: bolas de gude, pernas de pau, subir em árvores, brincadeiras de pega-pega, empinar pipas, empilhar objetos, jogar pedrinhas e gravetos na maior distância, pular corda, pular tábua, brincar de esconde-esconde, entre outras. Muitas dessas brincadeiras, brinquedos e jogos já foram utilizadas por nossos antepassados, que, por viverem num período onde os brinquedos eram caros, escassos e com poucos recursos