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11 de novembro de 2019 Prof. Dr. Fabrício Kitazono de Carvalho – fabricio_kc@forp.usp.br ANOMALIAS DENTÁRIAS EM ODONTOPEDIATRIA ANOMALIAS DENTÁRIAS Dados epidemiológicos gerais: permanente (perto de 25%); decídua (menos de 5%) Anomalias dentárias como características sugestivas para diagnóstico de síndromes Anomalias como assunto de questões de concursos públicos O olhar do CD: os problemas associados e métodos de resolução clínica • Classificação clássica (OMS): 1. Número 2. Tamanho 3. Forma 4. Estrutura 5. Cor 6. Erupção CLASSIFICAÇÕES • Quanto à época da falha na odontogênese: 1. Iniciação e proliferação (anomalias de número, odontomas transposições) 2. Histodiferenciação (Odontodisplasia dentinária) 3. Morfodiferenciação (anomalias de forma) 4. Aposição (AI, DI, hipoplasias de esmalte) 5. Mineralização (hipomineralização de esmalte) 6. Erupção CLASSIFICAÇÕES • Quanto à característica: 1. Hipoplasiantes (agenesias, microdontia, AI, DI...) 2. Hiperplasiantes (supranumerários, macrodontia, odontomas...) 3. Heterotópicas (anomalias de erupção, dens in dente, dilacerações...) CLASSIFICAÇÕES • Nova Classificação (Genéticas) 1. Agenesias 2. Dentes supranumerários 3. Morfológicas (inclui tamanho e forma) 4. De Esmalte 5. De Dentina 6. De Erupção 7. De gengiva e periodonto 8. Tumor-like Isolada ou Sindrômica CLASSIFICAÇÕES ANOMALIAS DENTÁRIAS: DICAS CLÍNICAS Diagnóstico precoce: programar condutas de acordo com o desenvolvimento da criança Pensar globalmente sobre as consequências (oclusão, cárie, DP, estética, fonética...) Agir antecipadamente sobre essas possíveis consequências (prevenção) Avaliar todos os dentes, considerar RX Panorâmica em busca de outras anomalias Anomalias múltiplas: considerar diagnóstico de síndromes Tratamento de caráter multidisciplinar ANOMALIAS DE NÚMERO • Agenesias/Hipodontia (até 5 dentes) • Oligodontia (mais de 6) • Anodontia – Displasia ectodérmica, Incontinência pigmentar, Síndromes ligadas ao p63 HIPODONTIAS 3 a 7,5% na dentição permanente (2 PM e IL) 0,1 a 0,7% na dentição decídua (IL e CI) Quando afeta decíduo quase sempre irá afetar sucessor Mais frequente : mandíbula e sexo feminino (1,5:1) Até 25% dos indivíduos (com 3º Molar) • Anomalia de número (OMS) • Hipoplasiante • Fase de iniciação e proliferação DISPLASIAS ECTODÉRMICAS • Mais de 170 tipos, cerca de 30 com caracterização genética • Defeitos nos tecidos ectodérmicos (pele e anexos, glândulas, dentes) • DE Hipohidrótica: ligada ao X (EDA); oligodontia, dentes conoides • Hipótese de Lyon (em homens é mais severo) • Considerar implantes dentais, reabilitação oral, mesmo na infância • Mais comuns: 3ºM, IL, 2ºPM • Mais prevalente em orientais • IL conóide x agenesia de PM (genes) • Simplificação da anatomia dos outros dentes (genes) • Necessária confirmação radiográfica • Abordagem multidisciplinar, avaliação ortodôntica • Agenesias de PM AGENESIAS SÍNDROME DO INCISIVO CENTRAL MEDIANO SOLITÁRIO • Agenesia de um IC? Ou fusão completa dos dois ICs? • IC único, na linha média e simétrico, acompanhado de outros defeitos da linha média • Ausência de filtro nasal, freio labial superior e papila incisiva • Defeitos nasais • Hipotelorismo • DIAGNÓSTICO DE UMA SÍNDROME GENÉTICA HALL, 2006 SÍNDROME DO INCISIVO CENTRAL MEDIANO SOLITÁRIO BAIXA ESTATURA (52%) DEFICIÊNCIA HORMONAL (33%) HIPOTELORISMO = distância inter-pupilar ANOMALIAS NASAIS (atresia coanal, obstruções nasais) RARA (1 : 50.000 nascimentos) HOLOPROSENCEFALIA CICLOPIA (etmóide) HIPOSMIA (dificuldades olfativas) SHH (Sonic Hedgehog Gene) 7q.36.3 SÍNDROME DO INCISIVO CENTRAL MEDIANO SOLITÁRIO SMMCI X AGENESIA DO IC • Freio labial superior • Hipotelorismo • Presença de filtro labial superior • Posição do dente (mediano?) • Faces mesial e distal • Dentições DENTES SUPRANUMERÁRIOS • 1% em média; • 0,3 a 3,8% na dentição permanente; • Sexo masculino 3x mais afetado que o feminino; • Localização :90 a 98% região anterior (mesiodens); • Mesiodens e relação com genes das fissuras labiopalatais; • Paramolares e outros casos – atavismo? • Considerar indicação e oportunidade cirúrgica (relação com dentes adjacentes em formação); • Síndrome de Gardner (Polipose Adenomatosa Familial), Disostose Cleidocraniana (RUNX-2). • Anomalia de número (OMS) • Hiperplasiante • Fase de iniciação e proliferação DENTES SUPRANUMERÁRIOS • Diagnóstico por oportunidade (abaulamento, atraso na erupção, diastema, achado radiográfico (mais comum) SÍNDROMES X ANOMALIAS DENTAIS 800 entidades patológicas possuem anomalias dentais como características (anomalias de número e forma na maioria) Síndromes x supranumerários Disostose cleidocraniana Síndrome de Gardner ou Polipose Adenomatosa Familial (supranumerários, odontomas, atraso na erupção dental, múltiplos pólipos no TGI, osteomas no crânio (mandíbula), cistos epidermóides, carcinomas...) Síndrome de Nance-Horan Síndromes x agenesias Displasia ectodérmica Incontinência pigmentar Síndrome de Down HPE Síndrome de Kallmann Síndrome lacrimo-dento-auriculo-digital Síndrome de Rieger; Síndrome de Johasson-Blizzard • Macro e microdontia, geminação, fusão, concrescência, taurodontismo, cúspides acessórias (dens evaginatus), dens invaginatus, dentes de Hutchinson, dentes de Turner, dentes conoides, pérolas de esmalte, hipercementose (exceção), raízes supranumerárias, dilacerações coronárias ANOMALIAS DE FORMA E TAMANHO • Generalizada é rara (nanismo hipofisário) • Expressividade diminuída dos genes da hipodontia • Incisivos laterais, 3º molar (maxila) • Sexo feminino • Permanentes (2%); Decíduos (0,5%) • Tratamento estético • Avaliar oclusão MICRODONTIA • Anomalia de tamanho (OMS) • Hipoplasiante • Fase de proliferação • Generalizada é rara (gigantismo hipofisário) • Incisivos centrais inferiores e superiores • Sexo masculino • Permanentes (1,5%), Decíduos (desconhecido) • Diagnóstico diferencial: dentes duplos (geminação) • Tratamento estético, desgaste progressivo • Avaliar oclusão MACRODONTIA • Anomalia de tamanho (OMS) • Hiperplasiante • Fase de proliferação • Mais comuns na dentição decídua (pode ser associados a agenesias nos permanentes – 50%) • Decíduos (2,5%); Permanentes (0,2%) • Exame clínico: avaliar número de dentes (considerar fusão com supranumerário) • Exame radiográfico: avaliar canais radiculares, outras anomalias • Interferências oclusais, problemas estéticos e periodontais, cárie nas fissuras (prevenção e diagnóstico precoce) • Tratamento: prevenção de cárie, restauração estética GEMINAÇÃO X FUSÃO • Hiperplasiantes• Fase de morfodiferenciação • Cúspides acessórias, Tubérculos dentais, Talon cúspide (anteriores) • Dens evaginatus (posteriores, centro do dente) • Mais comum em IL permanentes (Talon Cusp ou Cúspide em Garra) • Geralmente possuem tecido pulpar próprio • Síndromes (Orofacial II, Rubistein-Taybi, Mohe...) • Molares em amora (tríade de Hutchinson – Sífilis Congênita) • Permanentes (4%), Decíduos (desconhecida) • Mais comum em orientais CÚSPIDES ACESSÓRIAS • Tubérculo de Carabelli (palatina de molares superiores) • Tubérculo de Bolk (vestibular de molares inferiores) • Anomalia de forma (OMS) • Hiperplasiante • Fase de morfodiferenciação TALON CUSP • Interferência oclusal • Risco de cárie • Estética • Problemas periodontais • Dentes de Hutchinson, molares em amora, molares de Moon • AIDS é atualmente uma doença crônica – volta das DSTs • Anamnese (história médica mãe e criança) • Encaminhar ao médico (doença de notificação compulsória) SÍFILIS CONGÊNITA McNAMARA et al., 1998; MUPPAPARU & SINGER, 2004 DENS INVAGINATUS • INCISIVO LATERAL SUPERIOR • PREVALÊNCIA: 0,25 a 6,9% • SEXO MASCULINO 3 : 1 • RARO EM DENTES INFERIORES E DECÍDUOS • Anomalia de forma (OMS) • Heterotópica • Fase de morfodiferenciação Dens in dente GONÇALVES et al.,2002; TSURUMACHI, 2004; MUPPAPARU & SINGER, 2004 DENS INVAGINATUS • Maior susceptibilidade à cárie e infecção pulpar • Estética • Problemas periodontais • Trauma oclusal • Dificuldades no tratamento endodôntico DENS IN DENTE E CÚSPIDE ACESSÓRIA EM INCISIVO LATERAL SUPERIOR PERMANENTE APÓS 1O ANOS PROSERVAÇÃO RIZOGÊNESE • Amelogênese ectópica • Mais comum em molares permanentes (superiores principalmente) • Podem mimetizar doença periodontal, envolvimento de furca PÉROLAS DE ESMALTE PROJEÇÃO CERVICAL • Anomalia de forma (OMS) • Heterotópica • Fase de rizogênese • Incisivo lateral superior (palatina, muitas vezes até o ápice) • Incisivo central (vestibular) • Tratamento – periodontal (plastia do sulco – saucerização) SULCO PALATOGENGIVAL Pinheiro e Consolaro, 2006 • Anomalia de forma (OMS) • Heterotópica • Fase de rizogênese • Homem de Neanderthal • Várias síndromes • Considerar anomalias múltiplas TAURODONTISMO • Anomalia de forma (OMS) • Hiperplasiante • Fase de morfodiferenciação (Rizogênese) • 2º Molar permanente mais afetado • Exodontia e endodontia - cuidados TAURODONTISMO TAURODONTISMO DEFEITOS DE ESMALTE 1. Deposição da Matriz (Proteínas não mineralizadas Amelogenina, Ameloblastina, Enamelina...): HIPOPLASIA 2. Mineralização da Matriz: HIPOMINERALIZAÇÃO 3. Maturação do Esmalte: OPACIDADES 3 defeitos, 3 etiologias... HIPOPLASIA DE ESMALTE Falha na deposição da matriz Falta estrutura Esmalte com fossetas, ranhuras, fendas... Tratamento restaurador HIPOPLASIAS DE ESMALTE HIPOMINERALIZAÇÃO DE ESMALTE Falha na mineralização da matriz Manchas brancas, amareladas ou marrom superficiais Não há defeito estrutural, mas há perda significativa da dureza Aumento do conteúdo orgânico (mais de 20%) e porosidade (risco de cárie) Pode haver fratura pós-eruptiva de esmalte (principalmente na MIH) Diagnóstico diferencial com hipoplasia Tratamentos diversos (estética, prevenção de cárie, dessensibilização) OPACIDADES OU HIPOMATURAÇÃO DE ESMALTE Falha na fase final de mineralização Manchas brancas superficiais Não há defeito estrutural Pouca alteração da dureza Pouca alteração do conteúdo mineral Tratamentos diversos (estética) Fluorose leve DDE: ETIOLOGIA Fatores genéticos/hereditários Fatores Sistêmicos Fatores Locais 3 defeitos, 3 etiologias... FATORES LOCAIS Mais comum: traumatismo na dentição decídua; Infecção pulpar/periapical no antecessor; Traumatismo em parto/manobras cirúrgicas Radioterapia em cabeça/pescoço Outras (infecções locais...) Um ou poucos dentes próximos Geralmente terço médio e incisal ou oclusal Tipo do defeito depende da fase da amelogênese DECORRENTES DE TRAUMATISMOS NA DENTIÇÃO DECÍDUA DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DO ESMALTE: FATORES LOCAIS DECORRENTES DE INFECÇÕES PULPARES NA DENTIÇÃO DECÍDUA Dentes de Turner DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DO ESMALTE: FATORES LOCAIS FATORES GENÉTICOS / HEREDITÁRIOS Amelogênese Imperfeita (afeta genes das proteínas da matriz ou envolvidas na amelogênese) Amelogênese Imperfeita: todos os dentes afetados FATORES SISTÊMICOS Pré, trans ou pós-natais Geralmente afeta grupos de dentes (pode ser assimétrico) Tipo do defeito depende da fase de amelogênese MIH é um grande exemplo, assim como a Fluorose Dental Pré-natais: tabagismo/etilismo, outras complicações Perinatais: Pré-termo/baixo peso; hiperbilirrubinemia, etc. Pós-natais: várias doenças e condições (até os 4 anos de idade); Fluorose dental FLUOROSE DENTAL LEVE Rashid et al., 2011 Opacidades Difusas (em toda a coroa), em forma de estrias ou “flocos de neve” em grupos de dentes (depende da época de exposição ao excesso de fluoretos) DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DO ESMALTE: FATORES SISTÊMICOS MIH: HIPOMINERALIZAÇÃO MOLAR-INCISIVO MIH ou HMI? 1os Molares Permanentes (+ Incisivos, as vezes 2os Molares Decíduos) Defeito de esmalte de origem sistêmica Redução de mais de 20% do conteúdo mineral (porosidades...) Desafio clínico (hipersensibilidade, analgesia, adesão, estética, risco de cárie...) MIH: CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO Pelo menos um primeiro molar permanente envolvido Geralmente defeitos não-simétricos Opacidades bem demarcadas (branco, amareladas ou acastanhadas) Fratura Pós-Eruptiva ou restaurações atípicas Presença de DEDs em 2os molares decíduos é um fator preditivo Fratura Pós-Eruptiva Amareladas ou acastanhadas = maior conteúdo proteico até 50% Hipomineralização de esmalte com Fratura Pós-Eruptiva Bordas irregulares Margens hipomineralizadas (com manchas) Hipoplasia de esmalte Bordas mais regulares Esmalte sadio nas margens DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Fluorose Dental Leve Opacidades Difusas Grupos de dentes heterogêneos Geralmente simétricos MIH Opacidades demarcadas 1os Molares e Incisivos (2os MDs) Não-simétricos DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL MIH ASSOCIADA A FLUOROSE LEVE Opacidades difusas em vários grupos de dentes Opacidades demarcadas ou fraturas pós-eruptivas em 1os molares permanentes MIH ASSOCIADA A FLUOROSE LEVE ODONTOGÊNESE: MINERALIZAÇÃO MIH: PREVALÊNCIA 4 a 25% no mundo (chega a 40% em algumas populações) Maior em certos grupos de risco (asmáticos, pré-termo com baixo peso...) Brasil: próximo a 20% Mais comum em molares inferiores e com opacidades amareladas Falta de padronização dos critérios de diagnóstico MIH: PROBLEMAS CLÍNICOS ASSOCIADOS Hipersensibilidade Tecido pulpar em constante estado de inflamação (mediadores) Dificuldade de analgesia e anestesia local Aumento do risco à cárie (principalmente em opacidades não-brancas e com FPE) Dificuldades na adesão Necessidade de grandes reconstruções Estética MIH: PROTOCOLO DE CONDUTA (William et al., 2006) 1. Identificação do risco (anamnese em crianças 6 anos) 2. Diagnóstico precoce (2MD e em erupção) 3. Remineralização e Dessensibilização (CIV/Fluoretos...), mudanças anestesia, laser, analgesia... 4. Prevenção de cárie dental e FPE 5. Restaurações 6. Proservação mais frequente MIH: IDENTIFICAÇÃO DE RISCO/DIAGNÓSTICO PRECOCE Busca ativa pelos fatores etiológicos (doenças e condições associadas até os 2-4 anos de idade) Diagnóstico precoce Avaliar sempre os segundos molares decíduos Programar um acompanhamento da erupção dental MIH: REMINERALIZAÇÃO, DESSENSIBILIZAÇÃO E PREVENÇÃO DE FPE Modificações dietéticas e de higiene bucal Adequação do meio bucal 4 semanas de MI paste ou dentifrícios com + fluoretos 4 semanas de fluorterapia tópica Em pacientes com hipersensibilidade: dentifrícios dessensibilizantes ou laserterapia ou outros tratamentos Selamento com CIVs fortificados (por pelo menos 30 dias) MIH: RESTAURAÇÕES Modificações na analgesia e anestesia Cuidados na remoção do esmalte afetado (também da dentina cariada) CIV, CIV modificado em uma fase preparatória (30 dias) Dificuldades adesivas (pacientes com MIH tem 10x mais restaurações trocadas) Amálgama tem contraindicações importantes (risco de FPE) Resinas compostas pós Remineralização MIH: PLANEJAMENTO DE PROSERVAÇÃO Incluir no plano de tratamento a proservação Monitorar margens das restaurações Monitorar higiene/dieta Fotografar os casos, para melhor comparação clínica Considerar coroas totais, lentes de contato, próteses.....multidisciplinaridade!!! Planejar antecipadamente exodontias e tratamento ortodôntico PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOPEDIATRIA Disciplina: Clínica do Esmalte Dental 2018
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