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MANUTENÇÃO DE RODOVIAS CONCEITOS GERAIS GENERALIDADES Todas as estruturas sofrem um processo gradual de deterioração de seus componentes físicos, resultando em redução de sua serventia (perda de funcionalidade) ao longo do tempo Fonte (1) A deterioração é acionada pela ação repetida de: a. Cargas de serviço b. Intempéries c. Alterações físicas e químicas naturais dos materiais GENERALIDADES O projeto de um pavimento difere em sua concepção do que é usual no projeto de outras estruturas, na medida em que desde a abertura ao tráfego o pavimento é deteriorado de forma contínua pela ação das cargas repetidas do tráfego e pela ação dos agentes climáticos Fonte (1) Um parâmetro central a ser considerado é a condição do pavimento em um dado momento de sua vida de serviço SERVENTIA É o grau com que o pavimento atende aos requisitos de conforto ao rolamento e segurança, nas velocidades operacionais da via e em um determinado momento de sua vida de serviço Fonte (2) e (4) Excelente Bom Regular Ruim Péssimo Ruptura 40% de redução na qualidade 75% da vida 40% de redução na qualidade 12% da vida 1$ Unidade Monetária 4$ Unidades Monetárias TEMPO SERVENTIA O DNIT adotou a escala da AASHTO, que varia de 0 a 5 para quantificar o nível de serventia de um pavimento Fonte (2) e (3) Padrão de Conforto ao Rolamento Avaliação (faixa de notas) Excelente 4 a 5 Bom 3 a 4 Regular 2 a 3 Ruim 1 a 2 Péssimo 0 a 1 Nos Estados Unidos, esta avaliação subjetiva de conforto ao rolamento do pavimento é denominada present serviceability ratio (PRS), correspondendo no Brasil ao valor de serventia atual (VSA) Quando esse valor é calculado por meio de correlações com defeitos de superfície ou com a irregularidade, é denominado Present Serviceability Index (PSI) Desempenho é a variação da serventia ao longo do tempo SERVENTIA Fonte (2) e (3) Avaliação (faixa de notas) Características do Pavimento 4 a 5 Pavimentos Novos 3 a 4 Após ação de tráfego e intempérie 2 a 3 Limite de Aceitabilidade 1 a 2 Limite de Trafegabilidade 0 a 1 Pavimento destruído • Inclui a serventia no cálculo de estruturas do pavimento • 2,5 aceitável em vias de alto volume de tráfego • 2,0 para as demais vias • Neste ponto deve ser realizada uma intervenção de manutenção corretiva SERVENTIA Fonte (2) e (3) Na figura mostra-se que deve-se realizar uma manutenção corretiva antes de atingir o limite de trafegabilidade (VSA=1), situação na qual se torna necessária a reconstrução do pavimento Logo após execução Manutenção Corretiva Período aconselhável para a manutenção corretiva Tráfego ou tempo V al o r d e S e rv e n ti a A tu al SERVENTIA Fonte (2) e (3) Após a manutenção corretiva, o valor de serventia eleva-se novamente podendo atingir valores menores (A), iguais (B) ou maiores (C) à serventia inicial do pavimento Esse novo valor depende: • Do tipo de revestimento asfáltico • Da espessura projetada • Da qualidade executiva Após a restauração do pavimento, a serventia volta a diminuir dependendo: • Da estrutura original • Do grau de deterioração em que se encontrava • Do tipo e espessura da camada de manutenção DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) • A repetição das cargas do tráfego é responsável pela geração e propagação dos defeitos de natureza estrutural, como trincas e afundamentos plásticos • A abrasão da superfície, gerada pela passagem das rodas de todos os veículos que compõem o tráfego • O nível de deterioração está associado ao volume do tráfego, tipo de eixo (simples, tandem duplo e tandem triplo), tipo e pressão de enchimento dos de pneus DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) Variação da carga dinâmica de dois eixos legais trafegando em uma via com elevada irregularidade (5) DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) • A ÁGUA DE CHUVA pode provocar queda de capacidade de suporte • O pavimento já trincado na superfície facilita a entrada de água • Como consequência, a estrutura ao ser solicitada pelo tráfego sofre maiores deslocamentos provocando maiores danos estruturais e de superfície • Com a evolução das trincas, o decréscimo do valor de serventia é ainda mais acentuado DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) • A TEMPERATURA também afeta o comportamento dos materiais • O aumento da temperatura reduz a viscosidade dos ligantes asfálticos e a resistência das misturas asfálticas à deformação permanente • O envelhecimento das camadas asfálticas, provocado pela oxidação do ligante betuminoso é agravada pelas condições adversas de temperatura, com seus ciclos naturais DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) • Temperaturas muito baixas podem provocar trincamento no revestimento asfáltico por retração • As temperaturas baixas também levam ao enrijecimento do revestimento asfáltico que, se muito delgado, e construído sobre materiais muito deformáveis, fica mais suscetível ao trincamento por fadiga DESEMPENHO DO PAVIMENTO Fonte (3) e (5) • As propriedades dos materiais utilizados na construção do pavimento e a sua heterogeneidade ao longo da via • As condições de drenagem superficial, sub-superficial e profunda • A frequência e as práticas de manutenção aplicadas ao longo do tempo • A estrutura do pavimento existente MANUTENÇÃO A manutenção de um pavimento em serviço compreende todas as intervenções que afetem, direta ou indiretamente, o nível de serventia atual e/ou desempenho futuro do pavimento Fonte (1) Os objetivos da manutenção podem ser a restituição de características funcionais ou a proteção de componentes em caráter preventivo, visando estender a vida de serviço CONSERVAÇÃO RESTAURAÇÃO MANUTENÇÃO CONSERVAÇÃO A conservação se caracteriza por uma série de intervenções com custos bem inferiores aos da restauração, além de suas intervenções serem mais recorrentes ou frequentes Fonte (1) CONSERVAÇÃO 1. ROTINEIRA 2. LEVE 3. PESADA CONSERVAÇÃO Fonte (1) 1. CONSERVA ROTINEIRA Intervenções não são relacionadas diretamente ao pavimento • Desobstrução dos sistemas de drenagem • Limpeza da pista • Capina • Manutenção dos taludes em cortes e aterros Limpeza da superfície da pista Capina Manutenção da drenagem em taludes e aterros CONSERVAÇÃO Fonte (1) 1. CONSERVA ROTINEIRA LIMPEZA DA PISTA • Visibilidade da sinalização horizontal • Erosão da microtextura superficial • Desgaste dos pneus • Risco de dano aos para-brisas • Obstrução e destruição de juntas de dilatação de pontes CONSERVAÇÃO Fonte (1) 1. CONSERVA ROTINEIRA DRENAGEM • Desobstruir a drenagem superficial, sub- superficial e profunda • Substituir os materiais filtrantes dos drenos CONSERVAÇÃO Fonte (1) 1. CONSERVA ROTINEIRA TALUDES E OUTROS ELEMENTOS • Conservação dos sistemas de escoramento de encostas • Substituição periódica dos dispositivos de sinalização vertical (placas) e de segurança (barreiras flex-beam e New Jersey) para manter suas funcionalidades CONSERVAÇÃO Fonte (1) 2. CONSERVA LEVE Execução de reparos em áreas localizadas danificadas da pista ou dos acostamentos • Remendos superficiais ou profundos • Selagem de juntas e trincas • Correção de exsudação de asfalto ou de escorregamento de massa (restritas a pequenas áreas) Selagem de trincas Remendos Escorregamento CONSERVAÇÃO Fonte (1) 2. CONSERVA LEVE Remendo SUPERFICIAL • Retirada e recomposição de uma ou mais camadas asfálticas que fazem parte de um revestimento que pode ser novo • Pode ser utilizado concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) ou Pré-Misturado a Frio (PMF) • Trincamento prematuro por fadiga (excesso de vazios de ar, segregação da mistura, compactação deficiente) • Instabilidade da mistura asfáltica (excessode asfalto) • Arrancamento localizado de agregados CONSERVAÇÃO Fonte (1) 2. CONSERVA LEVE Remendo PROFUNDO • O problema se encontra em uma camada subjacente ao revestimento (base, sub- base, reforço ou subleito) ou esta camada está sendo afetada por algum problema de drenagem • Todas as camadas devem ser removidas até atingir a camada problemática A nova estrutura utilizada deve ser o mais similar possível à estrutura do pavimento original que circunda a área a ser remendada, a fim de evitar a formação de trincas ao longo do perímetro do remendo CONSERVAÇÃO Fonte (1) 3. CONSERVA PESADA Pode ser aplicada uma fresagem superficial antes da aplicação da nova camada • Melhorar a textura superficial e a resistência à derrapagem em pista molhada • Selar a superfície contra infiltração de água • Solucionar o processo de desagregação da superfície do pavimento existente Tambor para fresar a superfície do pavimento Aparência do pavimento após fresagem CONSERVAÇÃO Fonte (1) 3. CONSERVA PESADA Aplicação contínua de alguma camada de pavimento de pequena espessura nas camadas de rolamento As funções dessa camada incluem: • Selagem de trincas • Rejuvenescimento do revestimento asfáltico • Proteção contra oxidação • Correção da resistência à derrapagem Aplicação de micro- revestimento asfáltico com emulsão asfáltica Emprego de misturas asfálticas com granulometrias de diâmetro máximo nominal RESTAURAÇÃO Fonte (1) A restauração de um pavimento é o processo de se trazer a sua condição funcional a níveis aceitáveis por meio de intervenções que sejam técnica e economicamente adequadas e eficazes A durabilidade da solução aplicada deve atender requisitos mínimos, além de levarem a um retorno máximo dos investimentos realizados, dentro das restrições técnicas e operacionais existentes RESTAURAÇÃO Fonte (1) FUNÇÕES DA RESTAURAÇÃO Trazer a condição funcional (conforto ao rolamento e segurança) a níveis compatíveis com a de um pavimento novo Garantir uma vida de serviço mínima para o pavimento restaurado, de modo que uma nova intervenção desse mesmo porte seja requerida apenas após este período Utilizar técnicas disponíveis e aplicáveis e que atendam a requisitos operacionais e às restrições orçamentárias Controlar os mecanismos pelos quais a deterioração das estruturas do pavimento vem se processando ao longo do tempo; por exemplo: trincamentos por fadiga, afundamentos, drenagem insuficiente, densificação, materiais construtivos deficientes, entre outros) RESTAURAÇÃO Fonte (1) • Custos de conservação elevados • Necessidade muito frequente de intervenções • Irregularidade elevada • Degradação acentuada da superfície de rolamento A decisão de restaurar um pavimento O Departamento de Transportes da Califórnia (CALTRANS) demonstrou com seus estudos durante décadas, que em um PROJETO DE RESTAURAÇÃO que são considerados: • As variações estruturais • A degradação diferenciada dos pavimentos ao longo da rodovia • Adaptações as soluções a cada condição encontrada Leva a economias expressivas, quando se avalia o ciclo de vida do pavimento, em relação a medidas de restauração sem muito critério, guiadas apenas por diagnósticos subjetivos RECONSTRUÇÃO Fonte (1) • A reconstrução de um pavimento consiste da remoção total do pavimento existente seguida de sua reconstrução • É utilizada quando: a. Os custos de uma restauração superam o da reconstrução do pavimento b. Não há confiabilidade suficientemente aceitável para o desempenho do pavimento restaurado c. O pavimento deve ser restaurado e haverá também uma mudança de traçado na rodovia, motivada, por exemplo pela necessidade de uma elevação do padrão operacional MANUTENÇÃO APLICADA ÀS DIVERSAS SERVENTIAS Fonte (1) FASE “I” (4PSI5) Condição excelente do pavimento Conserva Rotineira FASE “II” (3PSI<4) Condição boa do pavimento Conserva Leve: Alocação orçamentária pequena para eventuais reparos localizados (selagem de trincas e remendo) MANUTENÇÃO APLICADA ÀS DIVERSAS SERVENTIAS Fonte (1) FASE “III” (2,5PSI<3) Pavimento regular sem defeitos estruturais Alguns aspectos funcionais podem estar comprometidos, (resistência à derrapagem, desgaste da superfície) Conserva Pesada: a aplicação de camadas delgadas e selantes podem funcionar para proteção do revestimento, estendendo sua vida estrutural MANUTENÇÃO APLICADA ÀS DIVERSAS SERVENTIAS Fonte (1) FASE “IV” (2,0PSI<2,5) Pavimento regular com a presença de defeitos estruturais em extensão e severidade significativa. DETERIORAÇÃO com velocidade elevada RESTAURAÇÃO: deve ser realizada neste momento, para evitar o uso do pavimento por um período curto e pelo desconforto para o usuário MANUTENÇÃO APLICADA ÀS DIVERSAS SERVENTIAS Fonte (1) FASE “V” (1,0PSI<2,0) Nível de deterioração ACENTUADO, comprometimento de camadas subjacentes ao revestimento RESTAURAÇÃO: terá custos próximos à reconstrução parcial devido à necessidade de soluções especiais de alto custo e execução mais complexa das atividades MANUTENÇÃO APLICADA ÀS DIVERSAS SERVENTIAS Fonte (1) FASE “VI” (PSI1,0) Nível de deterioração ACENTUADO Não há viabilidade técnica para a restauração Deve ser aplicada a RECONSTRUÇÃO total ou parcial do pavimento MANUTENÇÃO DE VIAS NÃO PAVIMENTADAS Fonte (1) Vias com calçamento por Pedras CONSERVAÇÃO RESTAURAÇÃO RECONSTRUÇÃO limita-se à retirada e reposição dos blocos ou pedras, após correção da plataforma subjacente implica aplicar uma camada de recapeamento, diretamente sobre o calçamento (solução com resultados diversos) remoção do calçamento e reconformação da plataforma subjacente e a instalação de um novo calçamento com possível aproveitamento dos blocos antigos MANUTENÇÃO DE VIAS NÃO PAVIMENTADAS Fonte (1) Vias com revestimento primário CONSERVAÇÃO RESTAURAÇÃO RECONSTRUÇÃO Patrolamento da superfície para correção de irregularidades e recompor a declividade transversal para facilitar a drenagem Pode incluir a reconformação de valetas laterais Recascalhamento do revestimento granular, com correção geométrica e compactação Pode visar o emprego de finos com espargimento de ligante asfáltico, para obter um tratamento superficial simples (TSS) Recompor a seção completa do pavimento, utilizando por exemplo um tratamento supeficial duplo (TSD) sobre uma base de solo estabilizado granulometricamente in situ MANUTENÇÃO DE VIAS NÃO PAVIMENTADAS Fonte (1) Vias não revestidas CONSERVAÇÃO RESTAURAÇÃO RECONSTRUÇÃO Execução de reparos em áreas localizadas onde houver erosão, abertura de panelas ou formação de pontos fracos devido ao acúmulo de água Pode ser realizada usando material granular Patrolamento da superfície, visando a reconformação da geometria e a limpeza e reconformação das valetas longitudinais para drenagem Pode significar a transformação da via em uma estrada com revestimento primário CONTEXTO ECONÔMICO Fonte (2) A política de manutenção a ser implementada não deve levar em conta apenas as necessidades funcionais e estruturais dos pavimentos, mas deve ser função também das restrições orçamentárias ANÁLISE GLOBAL DA REDE DE PAVIMENTO DA RODOVIA Implementação de um Sistema de Gerenciamento do Pavimento BIBLIOGRAFIA CONSULTADA (1): Livro Mecânica dos Pavimentos. Jacques de Medina e Laura Maria Goretti da Motta. 2ª Edição. 2005. (2): Apostila Engenharia de Pavimentos. Parte I – Projeto de Pavimentos. Prof. Régis Martins Rodriges. 2007. (3): Livro Pavimentação Asfáltica, Formação Básica para Engenheiros. Liedi Bariani Bernucci, Laura Maria Goretti da Motta, Jorge Augusto Pereira Ceratti, Jorge Barbosa Soares. 2008. (4): Apostila de Introduction toTransportation Engineering. Purdue University. (5): Fernandes Jr., J. L.; Barbosa, R.E. Estimativa das cargas dinãmicas dos veículos rodoviários que atuam sobre os pavimentos e pontes. Revista Transportes. V.8, n.2, p. 32-50, 2000. Rio de Janiero.
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