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CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DA AMAZÔNIA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO THIAGO PINHEIRO DE SOUZA CPD 33.055 TURMA 60231 PROVA DE DIREITO CONSTITUCIONAL II – 1 AR 2020.1: Análise de decisão judicial. MANDADO DE SEGURANÇA 33.751 DISTRITO FEDERAL Belém – PA 2020 Análise de decisão judicial do Mandado de Segurança 33.751 Distrito Federal O futebol é uma das grandes paixões do povo brasileiro, e mesmo sendo uma paixão, não está livre de possíveis falcatruas. Por se tratar de um esporte que movimenta valores exorbitantes na casa dos 7 dígitos, alguns tentam se beneficiar praticando ilicitudes à cerca de um esporte tão amado pelo povo. A cada dia surgem denúncias de ilegalidades cometidas por diretores de clubes, jogadores, empresários e técnicos de nosso futebol. A importância do futebol em nosso país impõe-nos a obrigação de cuidar para mantê-lo no elevado patamar que alcançou. Senador Alvaro Dias No ano de 2000, o Senado Federal criou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades no futebol do Brasil. A "CPI do Futebol", como ficou conhecida, foi instaurada com intuito de investigar denúncias de sonegação de contribuições e impostos, de jogadores e clubes, mediante venda de atletas para o estrangeiro, e, supostas ilegalidades em um contrato entre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Nike (Empresa multinacional de artigos esportivos). O requerimento para propor a criação da CPI foi de autoria do Senador Alvaro Dias, que na época era do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB-PR). O Senador teve o apoio de mais de 38 senadores, o mínimo de assinaturas para a criação da comissão seria de 27. Em 2015, Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF, impetrou um mandado de segurança contra o ato da (CPI) do futebol, cujo ato supracitado decretava a quebra de sigilo bancário de Del Nero. No dia quinze de dezembro de 2015, por maioria de votos, a primeira Turma decidiu por denegar a segurança. O Ministro Edson Fachin, relator da CPI do Futebol, rebateu cada argumento imposto pela defesa. A parte do impetrante alegou não haver fundamentação para a quebra do sigilo bancário. "A CPI indicou fundamento mínimo da suposta veiculação do impetrante ao contexto fático e do potencial utilidade da diligência", entendeu. O Min. Fachin também relata que os atos cometidos no âmbito privado não são resistentes à investigação parlamentar, sob condição de que haja a assiduidade do interesse publico in casu, e por se tratar do Futebol, esporte de teor nacional e internacional, fica claro e evidente a relevância pública dos fatos apurados por esta CPI, e, consequentemente, torna apta a investigação deliberada pela comissão, com o pressuposto de que tal investigação trata-se de total interesse público nacional. A defesa também alegava que a CPI foi instaurada como forma de vingança, por haver supostos conflitos pessoais entre Del Nero e o Senador Romário. O Ministro Relator refutou tal tese, destacando que a defesa não teria razão ao relatar este argumento. Digo isso porque a instauração da comissão e o desenvolvimento de suas atividades submete-se ao princípio da colegialidade, de modo que eventual embate pessoal entre o investigado e um membro da comissão não deve contaminar o órgão como um todo. Ministro Edson Fachin O requerimento de instauração da CPI do Futebol foi assinado por 54 dos 81 senadores. O Relator ressalva que o intuito supremo da comissão é investigar os possíveis atos fraudulentos praticados pela CBF, logo, é de comum acordo que essas investigações alcançarão desde a menor até a mais alta patente dos diretores da instituição (CBF). Todavia, Marco Polo Del Nero, que, no entanto, era o presidente da CBF, seria evidentemente alvo das investigações da Comissão. “A condição de alto dirigente da aludida entidade imprime credibilidade a possível vinculação entre o impetrante e as eventuais irregularidades vertidas em contratos de marketing praticados pela CBF”, disse o Ministro Edson Fachin. No Brasil, para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, deve-se seguir a previsão constitucional conforme o Art. 58 § 3º da Carta Magna: Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. As CPIs são de extrema magnitude para assegurar ordem de nossa federação. Em 1999 houve a CPI do Judiciário, que foi instaurada no Senado para apurar denunciais de corrupção nos tribunais de São Paulo, essa comissão levou à condenação do juiz Nicolau dos Santos Neves, ex-presidente do TRT paulista e a cassação do Senador Luiz Estevão (PMDB- DF). Através de uma CPI, ocorreu o pedido de impeachment de Fernando Collor em 1992. Denominada de CPI do PC Farias, a CPI com a maior repercussão após o fim da Ditadura Militar, a comissão apurou esquema de corrupção que envolvia Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à presidência da República. Collor abdicou do cargo antes mesmo de ser condenado. Concluímos que é inquestionável a importância das CPIs para a democracia do nosso país. À luz da constituição, o Ministro Relator fez-se valer todas as garantias previstas na norma positivada, respeitando todos os requisitos jurisdicionais previstos em lei, trazendo a limpidez dos atos das instituições públicas e instituições privadas de interesse público. Todavia, ressalto que minha analise à cerca do julgado seja de observância judicial técnica, com base nas circunstancia previstas nas normas do Art. 58 § 3º da CF, opino que a decisão pela denegação do mandado por parte do colegiado foi de inteira relevância, resguardada pela plenitude da Lei e respeitando todos critérios previstos na legislação, em buscar da Ordem e Progresso carregados pela nossa Bandeira.
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