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CONTESTAÇAO - DESFAVOR DE CONSUMIDOR COM PEDIDO CONTRAPOSTO

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Prévia do material em texto

José Bento - Advogado
 OAB/MT 99.999
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CUIABÁ– MT
Processo n.º 999999569-09.2020.8.11.0001
			SENHORITA MODA DOIDA EIRELI ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ nº 16.464.934/0001-14, situada em Cuiabá/MT, na Rua Joaquim Murtinho, Nº 334, 1º Piso, Cep 78005-290, devidamente representada pelo SRº PEDRO DAS COUVES DO NASCIMENTO, brasileiro, empresário, portador do RG nº 88880985134 SSP/MT, inscrito no CPF sob nº 999.884.999-99, residente e domiciliado na rua Estocolmo, nº 99900, casa 99998, residencial Alphaville, bairro Rodoviária Parque, Cep 78048-095, cidade de Cuiabá, Estado de Mato grosso, por seu procurador (procuração anexo) assinado in fine, com endereço profissional destacado no rodapé, local que indica para as intimações de estilo, vem à presença de Vossa Excelência, apresentar tempestivamente
CONTESTAÇÃO
aos termos da Reclamação Cível, proposta por MARIA RECLAMONA DE TUDO SILVA, tendo em vista as razões fáticas e jurídicas que passa a expor:
1. – SÍNTESE DA INICIAL
No dia 09/01/2020, a Requerente propôs ação em face da Requerida alegando que seu nome fora indevidamente protestado junto ao cartório 4º Ofício Notarial. Relatou que ao tentar fazer compras a prazo em uma loja, se surpreendeu ao saber que seu nome estava protestado. Disse que foi orientada a procurar o cartório para saber a origem da dívida. 
Assim, ao procurar o cartório e solicitar uma certidão, verificou que seu nome estava protestado pela Requerida, por inadimplência de uma dívida no valor de R$ 100,00 (cem reais), com vencimento para 23/10/2018.
Alega ainda, que havia pago a dívida em 05/11/2018, e apesar de pagar a dívida com alguns dias de atraso, mesmo assim seu nome foi protestado.	
Alega também que a Requerida protestou sem comunicação prévia o nome da Requerente no cartório.
A Requerente afirma ainda, que entrou em contato com a Requerida para solucionar o problema do protesto, mas alega que ATÉ A PRESENTE DATA (09/01/2020 - data da distribuição da ação), seu nome ainda continuava protestado.
De consequência, pleiteia, em sede LIMINAR, a exclusão do protesto, pleiteia ainda a declaração de inexistência de débito	 e indenização por dano moral no valor de R$ 39.920,00 (trinta e nove mil novecentos e vinte reais), equivalente a 40 (quarenta) vezes o valor do salário mínimo.
Eis a síntese.
2. – DO MÉRITO
				
				Dê inicio, vale ressaltar que a Requerida manifestamente age de má-fé e falta com a lealdade processual ao fazer alegações infundadas e narração confusa na peça inicial. A verdade dos fatos será demonstrada no decorrer desta peça defensiva.
				A própria Requerente afirma ser cliente da Requerida há muito anos. Precisamente, desde FEV/2015 as partes mantêm relações comerciais.
				No dia 23/06/2018, a Requerente compareceu a loja da Requerida, onde efetuou a compra de algumas peças em ouro no valor total de R$ 500,00 (quinhentos reais), parcelado em 5 (cinco) vezes iguais, no valor de R$ 100,00 (cem reais) cada parcela, para serem pagos por meio de boleto bancário, conforme comprova a inclusa nota fiscal (Doc: 05.NF-COMPRA.PDF).
				Como se verifica na nota fiscal emitida, os vencimentos das parcelas eram para todo o dia 23 de cada mês, sendo que a primeira parcela venceria em 23/07/2018 e a última em 23/11/2018.
				Nota-se que em cada boleto bancário, já sai o aviso impresso que APÓS 10 DIAS DO VENCIMENTO O TÍTULO SERÁ PROTESTADO, ou seja, a Requerente saiu da loja ciente que teria uma carência de até 10 dias para pagar o boleto bancário, caso o pagamento fosse efetuado com mais de 10 dias de atraso, o boleto bancário seria enviado para protesto automaticamente pelo banco.
				O alegado pode ser comprovado pela cópia do boleto bancário anexado pela própria Requerente, ou pela cópia inclusa pela Requerida (Doc: 08.BOLETO_CLIENTE.PDF).
Pois bem. Como a Requerente não honrou com o pagamento do boleto até a data limite de carência (10 dias), o sistema bancário não identificando o pagamento do título até o dia 03/11/2018, automaticamente, enviou seu nome para protesto, conforme aviso impresso no boleto de cobrança.
Imperioso ressaltar que a própria Requerente confessa na peça exordial que não honrou o compromisso em dias. Vejamos trecho da peça inicial:
		
 Assim, no dia 05/11/2018 (13 dias após o vencimento do boleto), a Requerente foi até a loja da Requerida e efetuou o pagamento do boleto em atraso diretamente ao caixa da loja, conforme cópia do recibo de pagamento em anexo (Doc: 09.RECIBO_PAGAMENTO.PDF).
Como o nome da Requerente já se encontrava protestado, o sistema financeiro da Requerida emitiu junto com o recibo de pagamento um documento chamado CARTA DE ANUÊNCIA, o qual foi entregue em mãos á Requerente, para que apresentasse esta carta junto ao cartório para retirada do seu nome do protesto, conforme documento em anexo (Doc: 10.CARTA_ANUENCIA.PDF).
Alguns dias depois a Requerente retornou a loja argumentando que foi ao cartório para retirada de seu nome, mas, porém o cartório estava lhe cobrando as custas cartorárias, e ela não concordava em pagar estas custas. Assim, foi explicado á Requerente que este procedimento é normal, ou seja, as custas de cartório são suportados pelo devedor e não pela Requerida, como em qualquer relação comercial na forma da lei.
Neste sentido, nossa jurisprudência pátria é pacífica sobre o assunto:
INDENIZATÓRIA. PROTESTO DE TÍTULO. QUITAÇÃO IMPONTUAL DO DÉBITO. ÔNUS DO DEVEDOR DE DILIGENCIAR NA BAIXA. DESPESAS CARTORÁRIAS A CARGO DA PARTE QUE NÃO ADIMPLIU A OBRIGAÇÃO NO PRAZO ESTABELECIDO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. A parte autora provou ter efetuado o pagamento integral do título, diante da juntada do boleto com a quitação no verso (fl. 10), confortando a versão da inicial. Porém, o protesto do título constitui medida necessária à cobrança da dívida nele representada, de sorte que exercitado regularmente tal direito pelo credor, cabe ao devedor, e não àquele, após o pagamento, providenciar na baixa respectiva. Precedentes jurisprudenciais. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71004204723, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fernanda Carravetta Vilande, Julgado em 30/01/2013).(TJ-RS - Recurso Cível: 71004204723 RS, Relator: Fernanda Carravetta Vilande, Data de Julgamento: 30/01/2013, Segunda Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/02/2013)
		
			Após este fato, a Requerente voltou a loja outras vezes com o mesmo argumento, de que não concordada em pagar as custas cartorárias, pois não tinha condições financeiras de arcar com o valor cobrado pelo cartório.
			Em meados de Setembro/2019, a Requerente retornou a loja novamente e conversou com a operadora de caixa, a Srª Daiane Barros Miranda. Na ocasião a Requerente explicou à operadora que não estava conseguindo comprar a prazo em outros estabelecimentos por conta do protesto, e como argumento, disse que era cliente da loja desde 2015, e durante todo esse tempo apenas esta vez seu nome foi protestado, e pediu para a operadora verificar junto ao proprietário ou gerente se não havia alguma solução para tirar seu nome do protesto.
			Desta forma, após tomar conhecimento do fato, o proprietário da loja, levando em conta o tempo de relação comercial entre a Requerente e a Requerida, e verificando que as custas cartorárias não eram de valor exorbitante, autorizou que o setor financeiro da loja efetuasse o pagamento das custas cartorárias para a liberação do nome da Requerente, e ainda mais, para que permanecesse a relação comercial entre ambos.
			Assim, no dia 17/09/2019, a Requerida, demonstrando interesse em manter a relação comercial com uma cliente antiga, efetuou o pagamento das custas cartorárias no valor de R$ 97,03 (noventa e sete reais e três centavos), conforme comprovante incluso (Doc: 06.PG_CUSTAS_CARTORIO.PDF), e imediatamente solicitou o cancelamento do protesto, e assim, o nome da Requerente foi liberado do cartório,conforme comprova o incluso pagamento das taxas de cartório (Doc: 07.PEDIDO_CANCELAMENTO-LOJA.PDF).
			Excelência, diante da verdade dos fatos até aqui relatados, e da prova documental ora oferecida, note-se que os argumentos da Reclamante encontram-se absolutamente desprovidos de fundamentos, posto que flagrantemente apartados da realidade.
Noutro ponto da inicial a Requerente relata que seu nome foi indevidamente protestado sem a comunicação prévia da Requerida.
Novamente a Requerente mostra argumentos infundados e descabidos, senão vejamos.
Como dito no inicio desta peça defensiva, a Requerente ao receber os boletos bancários em mãos no dia da compra, já estava ciente que caso ficasse inadimplente por mais de 10 dias, seu nome seria enviado automaticamente para protesto, além do mais, conforme jurisprudência pacífica, no caso do protesto em cartório, a Requerida não tem a obrigação de enviar comunicação a Requerente. Vejamos:
Apelação Cível. Direito do Consumidor. Ação Declaratória c/c Indenizatória. Protesto. Alegação de ausência de prévia comunicação do protesto. Sentença que julgou improcedente o pedido autoral. Apelação da autora requerendo a reforma da sentença para a procedência do pedido formulado na exordial. Recurso que não merece prosperar. Não comprovação de ato ilícito cometido pela ré. Dívida que deu origem ao protesto que é incontroversa, impugnando a apelante tão somente a ilegalidade e invalidade do protesto. Empresa ré que não possui qualquer responsabilidade acerca da suposta ausência de notificação prévia, eis que tal medida caberia ao Tabelião de Protesto de Títulos. Inteligência do art. 14 da Lei 9.492/97. Certidão do protesto que indica a autora ter sido intimada por edital, em razão de ter se mudado de endereço. Sentença mantida na íntegra. Majoração dos honorários advocatícios para R$ 1.050,00, com fulcro no art. 85, § 11 do CPC, suspensa a exigibilidade por força do que preceitua o art. 98, § 3º da lei processual civil, ante a gratuidade de justiça deferida à parte. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.
(TJ-RJ - APL: 00006690420178190212 RIO DE JANEIRO OCEANICA REGIONAL NITEROI 2 VARA CIVEL, Relator: JDS MARIA CELESTE PINTO DE CASTRO JATAHY, Data de Julgamento: 04/07/2018, DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 06/07/2018).. (grifo nosso).
			E mais:
APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. TÍTULOS LEVADOS À PROTESTO. ALEGAÇÕES DE AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E DE QUITAÇÃO DA DÍVIDA. TRATANDO-SE DE TÍTULOS PROTESTADOS, CABE AO CARTÓRIO DE PROTESTO DE TÍTULOS FAZER A INTIMAÇÃO DO DEVEDOR AO PAGAMENTO, NA PESSOA DE SEU TABELIÃO, E NÃO AO RÉU, CONSOANTE AS DIRETRIZES DA LEI Nº 9.492/97. DESNECESSIDADE DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA AO DEVEDOR POR PARTE DA EMPRESA RÉ. IGUALMENTE, NO QUE TANGE À ALEGADA QUITAÇÃO DOS VALORES PROTESTADOS, INOBSTANTE O PAGAMENTO NO TOTAL DE R$ 136.240,00, EMPRESA AUTORA FEZ ALEGAÇÃO GENÉRICA DE QUITAÇÃO, NÃO ESPECIFICANDO OU INDICANDO QUAIS TÍTULOS TERIAM SIDO QUITADOS. JÁ A EMPRESA RÉ, POR SEU TURNO, COLACIONOU AOS AUTOS TODA A DOCUMENTAÇÃO RELATIVA AO MONTANTE REMANESCENTE LEVADO À PROTESTO. PARTE AUTORA QUE NÃO LOGROU ÊXITO EM COMPROVAR OS FATOS CONSTITUTIVOS DE SEU DIREITO, ÔNUS QUE LHE INCUMBIA. ARTIGO 373, INCISO I, DO CPC. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. DESPROVIMENTO AO RECURSO. 1. "O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (...)" (Artigo 373, caput e inciso I, do CPC); 2. In casu, empresa autora alega ausência de comunicação prévia da parte ré, acerca da existência da dívida, bem como ter quitado o montante objeto do protesto; 3. Tratando-se de de título protestado, cabe ao Cartório de Protesto de Títulos, e não ao réu, proceder à intimação do devedor, na pessoa de seu Tabelião, consoante as diretrizes da Lei nº 9.492/97, que regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida. Desnecessidade de comunicação prévia ao devedor por parte da empresa ré; 4. Com referência à alegada quitação dos valores protestados, inobstante o pagamento no total de R$ 136.240,00, empresa autora fez alegação genérica de quitação, não especificando ou indicando quais títulos teriam sido quitados. Já a empresa ré, por seu turno, colacionou aos autos toda a documentação relativa ao montante remanescente levado à protesto; 5. Parte autora que não logrou êxito em comprovar os fatos constitutivos de seu direito, ônus que lhe incumbia. artigo 373, I, do CPC; 6. Manutenção da sentença de improcedência; 7. Recurso desprovido, nos termos do voto do Relator.
(TJ-RJ - APL: 00386958420158190004, Relator: Des(a). LUIZ FERNANDO DE ANDRADE PINTO, Data de Julgamento: 13/02/2019, VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL). (Grifo Nosso).
			Com esse quadro, fácil concluir que nenhum ato ilícito foi cometido pela Reclamada, o que afasta por completo indenização por dano moral.
A Requerente na tentativa de confundir o Nobre Julgador, afirma em sua inicial que até o dia 09/01/2020 (data da distribuição desta ação), seu nome encontrava-se protestado. Pois bem. Diante dos documentos comprobatórios anexados pela Requerida, os argumentos da Requerente “caem por terra”, pois, ficou manifestamente comprovado, que desde o dia 17/09/2019 já havia sido cancelado o protesto de seu nome. Com efeito, se o nome da Requerente estava protestado em 09/01/2020, com certeza não era a pedido da Requerida, mas sim de uma outra divida da Requerente com terceiros.
Ademais, a Requerente não colacionou aos autos documentos que comprovasse que seu nome estava protestado até o dia da distribuição da presente ação, qual seja, dia 09/01/2020.
Mais uma vez, fica demonstrada a má-fé da Requerente em tentar alterar as verdades dos fatos.
No caso presente a Requerente NÃO trouxe com a inicial documentos probatórios robustos. Deixou de apresentar qualquer prova de que o protesto de seu nome em cartório teria se dado de forma irregular ou sem motivo, deixando assim de cumprir o que determina o inciso I do Art. 373, do CPC.
A Reclamada, por sua vez, atendeu de pronto o inciso II do referido dispositivo da lei processual, já que, ao exibir no processo a Nota Fiscal de compra, Boletos bancários com aviso de protesto, carta de anuência e o recibo de quitação com pagamento atrasado, desta forma, extingue o direito do Autor.
Diante do exposto, ao contrário do que supõe a Requerente, a Requerida não praticou nenhum ato em desacordo com a lei, tampouco cometeu qualquer ato ilícito em face da Reclamante.
3. – DO DANO MORAL INEXISTENTE
Considerando o que até aqui fora demonstrado, é possível concluir com segurança que nenhum dano moral sofreu a Requerente, restando intactos os artigos 186 e 927 do Código Civil e também o artigo 14 do CDC.
O fato de a Requerida vender uma mercadoria e promover o registro da Requerente devedora em cadastro restritivo por não haver recebido a contrapartida conforme avençado, obviamente não pode implicar ato ilícito.
Conforme já devidamente esclarecido, nada fez a Reclamada para merecer as penalidades previstas naqueles dispositivos da norma abstrata.
Nesse passo, e diante das circunstâncias que cercam o caso, é inadmissível imputar à Requerida quaisquer dos elementos informadores da necessidade de indenizar, quais sejam a autoria do dano, o nexo de causalidade e a própria existência do dano.
Importante destacar que os tribunais pátrios têm decidido pelo cabimento de dano moral, desde que os prejuízos de ordem moral restem efetivamente comprovados, o que não é o caso da lide presente.
Os	arestos	abaixo 	oferecidos	corroboram	tal entendimento:
CIVIL. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE ILICITUDE. CONDUTA DO AUTOR. INADIMPLÊNCIA. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. A ausência de ilicitude do ato praticado se dá, ante a inadimplência por parte do consumidor. 2. Não existindo conduta ilícita, não há Dano Moral. (TJMT, Recurso Inominado n. 2789/2007, DRA. ANA CRISTINA SILVA MENDES, 3ª TURMA RECURSAL, Data do Julgamento 11/10/2007, Data da publicação noDJE 25/10/2007). RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - EMPRESA DE TELEFONIA - ATO ILÍCITO NÃO COMPROVADO - DANO MORAL NÃO CONFIGURADO - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Apesar de os danos morais prescindirem da prova, em razão do seu caráter in re ipsa, não há como desconsiderar a inexistência de elementos nos autos que demonstrem a ocorrência do dano. No caso, não restou comprovado o ato ilícito praticado pela empresa de telefonia que supostamente ensejou os fatos alegados pelo autor na inicial. (TJMT, Recurso inominado n. 4188/2010, DR. VALMIR ALAÉRCIO DOS SANTOS, 3ª TURMA RECURSAL, Data do Julgamento 30/06/2011, Data da publicação no DJE 05/07/2011). (Grifou-se).
Hodiernamente, as ações indenizatórias por dano moral lamentavelmente transformaram-se naquilo que se passou a chamar de “INDÚSTRIA DO DANO MORAL”, em que o proponente, na maioria das vezes, tomando como escudo o benefício da gratuidade da Justiça, aventura- se na incessante busca pecuniária, já que nenhum prejuízo sofrerá se não extrair sucesso da sua empreitada.
O caso em apreço é um exemplo desta “Indústria do dano moral”. Basta V.Exa. analisar o caso concreto e ver que não houve nenhum abalo moral contra a Requerente, mas mesmo assim esta sugere uma indenização no valor exorbitante de R$ 39.920,00 (trinta e nove mil novecentos e vinte reais), totalmente discrepante em relação ao valor material da divida, que é de apenas R$ 100,00 (cem reais).
O Poder Judiciário tem por função precípua dar a cada pessoa o que lhe pertence por direito, e não agir de forma paternalista, sob o argumento de zelar pelo interesse da parte mais fraca, e assim terminar lesando aquela que considera ser a parte mais forte.
Considerando, portanto, a ausência de prova inequívoca do alegado dano moral, o pedido de reparação desse dano há de ser julgado improcedente in totum. 
É o que se requer.
4. - DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
A conduta da Reclamante aponta de forma notória para a litigância de má-fé, porquanto comprou e deixou de pagar em dia a obrigação que contratou, e, apesar disso, pleiteia auferir vantagem própria alegando lesão de direito, dizendo que “apesar de pagar com alguns dias de atraso, mas pagou!!”.
Nesse contexto, levando-se em conta que a Autora ignorou ao que determina o Código de Processo Civil em seu artigo 14, incisos de I a IV e parágrafo único, REQUER a condenação do Proponente para que pague 20% (vinte por cento) do valor corrigido da causa por litigância de má- fé, servindo tal condenação como inibidor de novas aventuras jurídicas como a que empreendeu a Reclamante ao ajuizar o presente feito.
5. – DO PEDIDO CONTRAPOSTO
	5.1 – DO DANO MATERIAL 
Evidenciada está a lesão de ordem material e moral infligida à Requerida pela Requerente, em sua pretensão deduzida de forma temerária, na contramão da Ordem Jurídica Justa.
Se de um lado os artigos 186 e 927 do Código Civil, bem assim os dispositivos do CDC, restaram intactos diante da conduta ilibada da Requerida, com relação à conduta da Requerente, entretanto, tais dispositivos hão de aparelhar o grave quadro de inadimplência ocasionado pela Autora perante a Requerida.
Considerando que a Requerida, com o fito de manter a boa relação comercial, pagou pelas custas cartorárias à Requerente, no valor de R$ 97,03 (noventa e sete reais e três centavos), conforme comprovado, e com fulcro no art. 31 da Lei 9.099/95, Requer seja a Autora condenada a devolver à Requerida a quantia de R$ 97,03 (noventa e sete reais e três centavos), corrigidos pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de 1% ao mês, desde o dia do pagamento das custas até a data do efetivo pagamento.
 	5.2 - DO DANO MORAL À PESSOA JURÍDICA
A Súmula 227 do STJ, in verbis:
‘227. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
Aduz a Súmula supra, assim como também o conjunto de precedentes judiciais, que a pessoa jurídica é passível de sofrer dano moral, mormente nas situações em que o dano ultrapasse os limites do dano material, ou seja, quando a pessoa jurídica, de uma forma ou de outra, tem o seu nome abalado perante a comunidade em geral por ato de outrem.
No caso presente, o dano material experimentado pela Requerida é representado pela prestação não honrada pela Requerente, concomitantemente com o fato de a Reclamada ter sido demandada judicialmente.
Em um mercado que exige completa retidão de uma empresa em sua conduta perante a comunidade, tal notícia veio comprometer de forma grave a reputação do nome da empresa Requerida perante a sua clientela.
Isso porque aos olhos da comunidade, tendo como plano de fundo o próprio Código de Defesa do Consumidor, a pessoa jurídica é invariavelmente tomada como vilã em uma relação comercial, e o consumidor é tido sempre como vítima.
Com isso, conclui-se que a propositura da presente ação, considerando os fatos e circunstâncias vistas, resultou em evidenciado dano moral à Requerida, por conta de uma aventura jurídica empreendida pela Requerente, que escuda-se estrategicamente com o benefício da gratuidade das custas e honorários processuais.
Diante de todo o exposto, além da reparação de ordem extrapatrimonial a que faz jus a Requerida, com o propósito de estancar a conduta temerária do Requerente no comércio em geral, requer seja este condenado a pagar à Requerida, a título de dano moral, a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais).
6. - DOS PEDIDOS
Ex positis, e por tudo mais que consta dos autos, a Reclamada requer a Vossa Excelência:
a) O julgamento pela total improcedência de todos os pedidos deduzidos na inicial, pelas razões acima postas;
b) Que julgue totalmente procedente o Pedido Contraposto ora instaurado, para condenar a Requerente devolver o valor das custas cartorárias (pagas pela Requerida), o que perfaz R$ 97,03 (noventa e sete reais e três centavos), devendo tal quantia ser corrigida pelo INPC/IBGE e acrescida de juros de 1% ao mês, desde o dia que efetuou o pagamento das custas cartorárias, até a data do efetivo pagamento pela Requerente, e ainda R$ 3.000,00 (três mil reais), pelo dano moral causado à Requerida, com os acréscimos legais;
c) A condenação da Reclamante por litigância de má-fé, nos moldes requeridos no tópico 4. retro;
d) A intimação da Requerente para que, desde já, comprove de forma efetiva nos autos a alegada incapacidade financeira, de modo a demonstrar de forma inconteste o merecimento do benefício da gratuidade das custas processuais na causa presente;
e) Requer ainda, desde já, a condenação da Reclamante ao pagamento de custas processuais, de honorários advocatícios e demais consectários legais, para a hipótese de a demanda adentrar ao ambiente recursal.
Ad cautelam, protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, assim o depoimento da Autora, de testemunhas que poderão ser oportunamente indicadas, requerendo ainda, caso Vossa Excelência julgue necessário, a designação de audiência de instrução e julgamento, para a completa elucidação da causa.
			Termos em que, pede deferimento.
			Cuiabá-MT, 20 de fevereiro de 2020.
PEDRO DAS COUVES ADVOGADO
 OAB/MT 21.584/O
_________________________________________________________________________
Rua Joaquim Murtinho, Nº 334 – Centro – Cuiabá MT -15-
e-mail: alexandre.gerencial@gmail.com - Fone: (65) 9 9958-5056

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