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i 9 Fernanda Diniz e Kedma Damasceno Da Vanguarda à Ditadura Literatura em Encruzilhadasl i t e r a t u r a CURSO c e a r e n s e Realização 1. A PALO SECO omo você já deve ter percebi- do, nossos módulos têm atra- vessado variados períodos da história. Em cada um deles, a literatura e as artes em geral se manifestam de forma distinta, a partir de influências e de novas contribuições. Neste módulo, também situado em um deter- minado recorte de tempo, trazemos a você um estudo que impulsiona a reflexão acerca dos conceitos de vanguarda e de geração, tanto no âmbito nacional, quanto no local. Assim, você poderá acompanhar conosco como se deu a “encruzilhada” entre a literatu- ra vanguardista e alguns dos principais fatos históricos e literários desse período, perpas- sando a ditadura civil-militar brasileira e se es- tendendo até a década seguinte, ou seja, es- tamos entre as décadas de 1950, 1960 a 1970. Para você, que admira e busca cada vez mais aprofundar seus conhecimentos so- bre a Literatura Cearense, é importante saber que durante esse período nossos es- critores, a exemplo de seus antecessores, também se mantinham antenados com o que acontecia no país e procuravam acom- panhar, renovando ou não, os demais mo- vimentos e produções artístico-culturais. E, motivados pelo que o professor e escritor Batista de Lima denomina de “literatu- ra de mutirão”, criariam por aqui, mesmo quando meteoricamente, novos grupos li- terários. Seguindo a rota destes escritores que buscavam romper padrões estéticos e/ou político-sociais, esperamos contri- buir para ampliar o debate sobre os estudos em Literatura Cearense. Sinta-se convidado para entoar conosco este canto de ruptura. Está curioso(a)? Pois tomemos as ruas! 2. VANGUARDA? No sétimo módulo de nosso curso, soubemos um pouco sobre as vanguardas euro- peias e as suas influências no surgimento do Modernismo brasileiro. A palavra vanguar- da, partindo do pressuposto francês avant-garde – pois tem origem latina e alemã, ainda no século XII –, significa, literalmente, a “guarda avançada ou parte frontal de um exército”. Sabendo disso, você consegue associar o termo ao surgimento dos diver- sos movimentos de ruptura artística do início do século XX, que tinham por obje- tivo “tomar a dianteira” da esfera artística, rompendo esteticamente com tudo aquilo que para eles representava uma arte ultra- passada e que privilegiava e atendia princi- palmente aos interesses da classe burguesa. Para compreender melhor o contexto van- guardista da literatura no Brasil e no Ceará, é preciso uma revisão no mínimo básica das principais vanguardas históricas da Europa, cientes que somos de suas significativas in- fluências. Mas, claro, devido ao curto espaço de que dispomos, não poderemos fazê-la aqui mais profundamente, contudo é vasta a bibliografia que você poderá inclusive encon- trar na internet sobre tais estéticas. Pesquise! 130 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Futurismo, como o pró- prio nome diz, caracteri- zou-se como um movimen- to de ruptura estética que enfatizava o “moderno” em busca do futuro, exaltando a velocidade dos automó- veis, os avanços industriais, a eletricidade, o desenvol- vimento das metrópoles, das engrenagens dos maquinários. Almejava deixar para trás o passado e lançava o olhar sobre um novo mundo colocado sob o signo da técnica, das multidões urbanas, da energia trepi- dante das metrópoles modernas. O movimento foi liderado por F. T. Ma- rinetti (1876-1944), que lançou em 1909 o famoso Manifesto Futurista, publicado no jornal Le Figaro. Embora inovador, esse “manifesto de violência agitada e incendi- ária”, fascinado pela guerra e com discurso de excessivo patriotismo, como se apresen- tava o autor, em seu parágrafo 9, dizia: “Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo –, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas ideias que matam e o menosprezo à mu- lher.” (TELES, 2009, p.115). Assim, as suas ideias acabaram por deitar um tapete para o regime fascista de Mussolini em 1919. 3. FUTURISMO, CUBISMO E DADAÍSMO CURSO literatura cearense 131 MALACA CHETAS BOLACHINHAS BOLACHINHAS Apollinaire seria também o criador da palavra “Surrealismo” e a sua obra Calligrammes (1918) é considerada uma das precursoras da nossa poesia concreta. A palavra francesa dadá significa: cavalinho de madeira. Entretanto, para o poeta Tristan Tzara, “dadá” significava absolutamente nada! Tzara afirmava que encontrou essa palavra por acaso ao abrir o dicionário. Segundo Gilberto Mendonça Teles, “No Brasil, é a partir de 1920 que as ideias futu- ristas atingem, primeiro, os intelectuais de São Paulo, alastrando-se depois de 1925 por todo o território brasileiro, numa trans- formação em processo.” (2009, p.14) Como vimos no módulo 7, Edigar de Alencar conta que o Modernismo não seria bem recebido pelos nossos autores adep- tos de escolas literárias anteriores. Rodrigo Marques também nos diz que Antônio Sales “havia introduzido a oposição ao Movimen- to antes mesmo que o Movimento Moder- nista chegasse ao Ceará”. (MARQUES, 2018, p.158) Um exemplo disso é que, sob pseu- dônimo, em 1923, Sales criou dezoito “Es- tâncias Futuristas”, que seriam “poemas de humor que desferiam golpes contra os ‘her- deiros de Marinetti’ e que findaram por criar uma pequena polêmica na imprensa local sobre as tentativas de renovação esté- tica”. (MARQUES, 2018, p.158). O Cubismo é considerado um dos movimentos mais influentes do período vanguardista. O seu marco se deu em Paris (1907), com a exposição da tela “As senho- ritas d’Avignon”, do pintor espanhol Pablo Picasso. O movimento passou a represen- tar o Modernismo ou a avant-garde france- sa, tendo a pintura como seu maior veículo. O cubismo literário só surgiria anos depois, em 1913, com o manifesto literário cubis- ta do polêmico poeta italiano Guillaume Apollinaire (1880-1918) que, ao lado de ou- tros poetas, como Max Jacob, Reverdy, Cen- drars – este esteve no Brasil, às voltas com os “semanistas” – e outros, “desenvolveu um sistema poético de subjetivação e de- sintegração da realidade, criando por volta de 1917, paralelamente ao dadaísmo, uma poesia cujas características são o ilogismo, o humor, o anti-intelectualíssimo, o instanta- neísmo, a simultaneidade e uma linguagem predominantemente nominal e mais ou me- nos caótica” (TELES, 2009, p.149). No Brasil, Oswald de Andrade seria um dos poetas que apresentariam influências cubistas. Marinetti comemorou a Primeira Guerra Mundial, dizendo ser ela o mais belo poema futurista. Em 1919, ingressou no Partido Nacional Fascista, e defendia que a ideologia do Partido era como uma extensão do pensamento futurista, chegando a publicar, em 1924, a obra Futurismo e Fascismo. Esteve em Recife, a convite de Joaquim Inojosa. O Dadaísmo ou movimento Dadá teve sua origem em Zurique, na Suíça, onde um grupo de rapazes, refugiados de guerra, costumava se encontrar, em 1916, no Caba- ret Voltaire, pequeno teatro de variedades fundado por Hugo Ball, para ler poemas e discutir sobre as incertezas da guerra e as ideias futuristas de Marinetti, sendo, porém, contrários à guerra, mas revoltados com a sociedade. Fundaram esse movi- mento que se lançava contra todos os va- lores culturais, utilizando-se, para isso, de certa irreverência. Assim, “a obra dadaísta passa a caracterizar-se pela improvisação, pela desordem, pela dúvida, pelo predo- mínio da percepção, pelo agnosticismo e pela oposição a qualquer tipo de equilí- Assista a esses vídeos e entenda um pouco mais sobre: FUTURISMO https://www.youtube.com/ watch?v=B2yySLkCva8& feature=emb_logo CUBISMO https://www.youtube.com/ watch?v=kX5urWpYCwg DADAÍSMO https://www.youtube.com/watch?v= ZiESc3EiHwI&list=RDCMUCsgHWN8lY veMUEWTDheTjZA&start_radio=1&t=0 BOLACHINHAS 132 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DONORDESTE Contudo, faz-se necessário reconhecer que há enormes diferenças: o projeto dos da- daístas tinha um propósito revolucionário de destruição da arte como instituição, en- quanto Trívia, na década de 1990, asseme- lha-se muito mais a uma brincadeira sem a mesma força revolucionária, mas com evi- dente apuro estético que intenta jogar com os padrões de poesia disponíveis. Essas são poucas considerações sobre apenas algumas das vanguardas que des- pertaram o mundo artístico e literário em seu tempo – até os dias de hoje. Mas o que dis- semos aqui é pouco mesmo, acredite. Vale a pena saber mais e refletir sobre essas ideias, está bem? Agora, vamos sair de Montmartre diretamente à praça do Ferreira, onde estuda- remos um dos movimentos mais polêmicos da nossa literatura, visto, por alguns, como um significativo movimento vanguardista 4. O CONCRETISMO ARARAJUBA “É a poesia concreta quem inaugu- ra o segundo ciclo vanguardista no contexto da modernidade lite- rária brasileira. ” A professora de Te- oria Literária Iumna Maria Simon, em seu ensaio “Esteticismo e parti- cipação: as vanguardas poéticas no contexto brasileiro (1954-1969)”, faz essa afirmação para ratificar que, depois do Modernismo de 22, nos anos de 1950, o Concretismo surge no Bra- sil e assume o posto de segundo momento vanguardista de relevância no país. O movimento nacional de Poesia Concreta nasceu nos primeiros anos da década de 1950, pelo trabalho do grupo brasileiro Noigandres, de São Paulo, composto inicialmente por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos. A primeira mostra do movimento aconteceu no Brasil, em 1956, no MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo. A poesia concreta surgia no Brasil com o intuito de combater o retrocesso formal que a chamada “Geração de 45” representava – na visão desses artistas – para a poesia da épo- ca. Os concretistas se inspiraram bastante na poesia “Pau-Brasil” de Oswald de Andrade, com suas reduções linguísticas e técnicas de montagem, assim como no rigor cons- trutivo dos poemas de João Cabral de Melo Neto, para proporem suas inovações poéti- cas. No âmbito internacional, Mallarmé, Ezra Pound, e.e.cummings, Apollinaire e James Joyce foram as principais influências dos poetas concretistas brasileiros. A poesia concreta rompeu com o uso de formas fixas e com a predominância do verso e passou a valorizar a utilização do espaço gráfico- -visual, o caráter sintético da construção e outros artifícios que possibilitassem a criação de uma poesia dotada de objetividade. O contexto social, político e econômi- co da década de 50 no Brasil, o governo JK, a construção de Brasília (1957-1960), entre outros, contribuiu bastante para a inserção e fortalecimento das ideias de ruptura pos- tuladas pelo movimento de poesia concreta no país. Perceba que, no âmbito dos grandes centros São Paulo e Rio de Janeiro, a vanguar- da concretista encontrou o espaço ideal para o lançamento de suas ideias que claramente dialogavam com o anseio pela moderniza- ção tão em voga. A valorização dos meios de comunicação de massa também foi bastante significativa nesse momento, como mencio- na o crítico Antonio Candido em seu ensaio “Literatura e Subdesenvolvimento” (1970). E como aconteceu a chegada do Concre- tismo ao Ceará, sabido que este era um es- tado periférico e ainda predominantemente agrário, ou seja, longe deste afã urbanístico que predominava o eixo sul e sudeste brasi- leiro? É o que veremos a seguir. brio, tanto na forma quanto na homoge- neidade de ideias e sentimentos”. (TELES, 2009, p.171). Daí a afirmação do romeno Tristan Tzara (1896-1963), líder do movi- mento e responsável pelos principais ma- nifestos do dadaísmo: “A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta”. Na Biblioteca Virtual do AVA, uma receita curiosa de Tzara para se escrever um poema dadaísta. Leia e des- cubra-se também um poeta dadaísta! No Ceará, a obra Trívia: 1 livro fora do com/um (1996), do poeta Pedro Henrique Saraiva Leão, em parceria com o produtor e artista gráfico Geraldo Jesuíno, apesar da distância temporal e ideológica, apro- xima-se bastante das experimentações dadaístas, pois são inseridos na obra obje- tos como uma pequena cruz, um alfinete, um grampo, alguns botões, um pente etc. CURSO literatura cearense 133 BOLACHINHAS A revista ad: Arquitetura & Decoração não era um periódico do movimento concreto brasileiro, embora durante 1956 e 1957 ela abrigasse muitos artistas desse movimento, principalmente os poetas de Noigandres e Waldemar Cordeiro. 5. O CONCRETISMO CABEÇA-CHATA aroldo de Campos, em “Contexto de uma van- guarda”, afirmou que For- taleza “foi a primeira ca- pital brasileira, depois dos grandes centros São Paulo e Rio de Janeiro, a contribuir positivamente, com ideias e criações, para o movimento concreto”. (CAMPOS, 1987, p. 155). No Ceará, o poeta e ficcionista José Alcides Pinto (1923-2008) foi, em 1957, o principal responsável pela inserção do movimento no estado. Alcides se corres- pondia frequentemente com os irmãos Ha- roldo e Augusto de Campos. Inúmeras des- sas cartas foram perdidas, mas, das que restaram, é interessante mostrar como os paulistas apoiavam e elogiavam a atuação dos cearenses: A atividade de vocês aí em Fortaleza con- tinua a nos surpreender. Com o material enviado por você e pelo Girão [Antônio Girão Barroso], preparamos uma reporta- gem sobre o front concreto no Ceará, que sairá num dos próximos números da revista ad.[Arquitetura & Decoração] (29.10.1957) Além dos elogios às atividades do gru- po concretista cearense, todas as cartas de Haroldo foram escritas no calor da primeira hora concretista e tratavam de contar detalhes das intermináveis de- savenças dos irmãos Campos com a dissi- dência liderada por Ferreira Gullar – fun- dando o Neoconcretismo. É interessante observar a expressão “o front concreto no Ceará”, que, claramente demonstra que os concretistas paulistas realmente conside- 134 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE BOLACHINHASMALACA CHETAS ravam aquele movimento cearense repre- sentante desta vanguarda. Porém, ao con- trário dos irmãos Campos, Alcides Pinto continuaria suas boas relações com o au- tor do “Poema sujo”, que, quando do fale- cimento do primeiro, lamentaria a “perda pessoal” de um grande amigo: A gente sempre tem a impressão que os nossos amigos nunca vão morrer. A morte do Zé é uma perda para a literatura cea- rense, para a literatura brasileira e, para mim, uma perda pessoal. Ele foi meu com- panheiro de descobertas nos anos 1950. Te- nho ainda hoje um exemplar do Rimbaud autografado por ele. Aprendemos muito juntos. (GULLAR, “Adeus ao Poeta Maldito”, em 3 de junho de 2008) Antônio Girão Barroso, Horácio Dídimo, Eusélio Oliveira, Eudes Oliveira e Pedro Henrique Saraiva Leão foram os poetas que, juntamente com José Alcides Pinto, forma- vam esse grupo de poetas concretos do Ceará. José Alcides Pinto também foi um dos responsáveis pela realização das duas Mostras de Arte Concreta que ocorreram em Fortaleza. A primeira aconteceu, em julho de 1957, no “Clube do Advogado” (praça do Ferreira) e a segunda em feve- reiro de 1959, no Ibeu. É importante res- saltar que a primeira exposição aconteceu menos de um ano depois do lançamen- to oficial do Movimento Concretista Brasileiro em São Paulo, e que as duas mostras contaram com a participação não apenas de poetas, mas também de pintores, desenhistas e artistas plásti- cos que se identificavam com as ideias e com a forma concretista. José Alcides, além de precursor do con- cretismo cearense, transitou por diversos gêneros: foi poeta, ficcionista, teatrólogo, crí- tico literário, ensaísta, contista e memorialis- ta. É conhecido por muitos como o poeta “maldito”, pois cultivava temas relacionados com a morte, o diabo e a miséria humana. Assim o apresenta Dimas Macedo no prefá- cio da obraPoemas Escolhidos (2003): Eusélio Oliveira, em 1957, juntamente com Eudes, o irmão, lançaria o Manifesto Recentista, da vanguarda. Foi, no Gazeta de Notícias, o responsável pelo suplemento literário “Literarte GN”. Segundo, Azevedo, figura em diversas antologias de vanguarda nacionais e internacionais e seria coautor das obras Três dedos de Orfeu (1955) e Poegramas (1958). A primeira exposição contou com trabalhos de Antônio Girão Barroso (o poema “ó duquesa”, dito “quase concreto”), José Alcides Pinto (6 poemas e 2 desenhos), Pedro Henrique Saraiva Leão (2 poemas, sendo um deles “lucialindaluciabela”), Estrigas (Nilo Firmeza: 2 guaches), Goebel Weyne (2 desenhos), J. Figueiredo (6 desenhos), Zenon Barreto (1 desenho) e Liberal de Castro (3 desenhos). Desses, somente o pintor J. Figueiredo não era cearense. Ele nasceu em São Luís do Maranhão e somente, em 1956, transferiu-se para Fortaleza. A segunda mostra reuniria alguns participantes da primeira (Antônio Girão Barroso, José Alcides Pinto, Pedro Henrique Saraiva Leão, J. Figueiredo e Goebel Weyne) e mais, do Ceará, Horácio Dídimo e os irmãos Eusélio e Eudes Oliveira. Como contribuições de fora a essa segunda mostra incluíam- se poemas de Haroldo de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Ronaldo de Azeredo, de São Paulo, Alberto Amêndola Heinzl, de Campinas, José Chagas e Deo Silva, do Maranhão, e Ivo Barroso, do Rio de Janeiro. Vanguardista, insubmisso, desobediente e inovador na criação de processos fic- cionais e na restauração da linguagem poética, José Alcides Pinto é considerado o mentor do Movimento Concretista no Ceará, e o seu representante mais des- tacado, sendo por isto mesmo, luminosa sua trajetória literária. Suas produções percorrem as veredas do satanismo, através do erotismo e da lou- cura. Prefaciando Cantos de Lúcifer (1954), Cassiano Ricardo diz que a obra confirma, a seu ver, “a inquietação do poeta múltiplo e uno que é José Alcides Pinto, nos vários selves que polifacetam a sua personalida- de”. Aparentemente simples, no entanto complexa, a sua vasta obra poética e fic- cional não segue nenhuma linha definida, pelo contrário, o autor mostra-se bastante versátil em suas produções. Cada obra ad- quire seu próprio estilo, organiza seu siste- ma único, demonstrando a preocupação do escritor em renovar-se constantemente e fazer que seu universo seja o mais possível multiforme e atual. Cassiano Ricardo, ainda neste prefácio, cita a seguinte afirmação de Gilberto Amado: “Concretismo, pós-surrea- lismo, qualquer que seja o rótulo, seus poe- mas rápidos, intensos, são poesia ressoan- te, reveladora do seu talento admirável”. CURSO literatura cearense 135 Embora suas composições concretistas não tenham sido muitas, pode-se dizer que foram significativas. Entre suas obras con- cretas estão: As águas novas (1975) e Con- creto: estrutura visual-gráfica (1956), da qual destacamos o poema “máquina”: Pedro Henrique Saraiva Leão era o mais jovem componente do grupo de poetas concretos do Ceará. Sua primeira publicação foi 12 poemas em inglês (1960). Apesar de terem sido suas publicações mais tardias, a sua participação foi importante para o mo- vimento, como afirma José Alcides Pinto no prefácio de Concretemas (1983): O concretismo no Ceará foi por natureza um movimento de equipe, sem chefes nem papismos. Mas teve seu consultor, como acontece em todo grupo literário ou artís- tico. E esse papel era desempenhado pelo mais jovem do grupo – Pedro Henrique Saraiva Leão. E foi na condição de acadê- mico de medicina e professor de Inglês do Ibeu que cerrou fileiras ao nosso lado. O poema “Fábrica”, a seguir, presente na obra Concretemas, também foi apresentado na Exposição de Arte Concreta em Fortaleza. Neste poema, a forma é predomi- nante, pois o poema, gráfica e semanti- camente, se “autofabrica”. O poeta, como um operário da linguagem, vai construin- do a estética e a semântica do seu poema, de forma que o resultado remeta a um ob- jeto concreto da realidade. No caso deste poema, o autor insere as letras de cima para baixo sempre acrescentando uma le- tra no final do sintagma, passando uma ideia de construção. As duas últimas pa- lavras se diferenciam apenas pelo acento agudo que está na última (“fabrica” – “fá- brica”) e que faz toda a diferença, pois é na última palavra que está o núcleo do poema: o advento da industrialização e o aumento do número de fábricas em diversas partes do país. Outro importante nome para o movi- mento de poesia concreta cearense é o de Horácio Dídimo. A sua obra irá aos poucos desenvolvendo também um viés místico e religioso, aspecto que é tão importante na obra de Alcides Pinto. Dídimo, embora tenha participado so- mente da II Mostra de Arte Concreta, seus poemas são importantes para esse estu- do. Uma ironia: enquanto Horácio, poste- riormente, desenvolveria uma poesia mais voltada para o sagrado, Alcides Pinto privilegiaria a outra face da moeda: o pro- fano. Ressalte-se, entretanto, que as mar- cas da religiosidade nas obras de Horácio Dídimo foram se acentuando com o passar dos anos, uma vez que, nos anos de 1950 e 1960, esse viés religioso ainda não era tão forte em seus poemas. Em 1959, os seus poemas apresentados na II Mostra e, posteriormente publicados no Jornal de Letras do Rio de Janeiro, fo- ram, entre outros: “A fumaça”, “O empare- dado” e “Necessidade”. Esses poemas se- ria publicados anos depois em A palavra e A PALAVRA (2002), mas com um impor- tante diferencial que é o acréscimo das passagens bíblicas, que complementam ou mesmo modificam o sentido dos poe- mas concretos. Além deste livro, completa sua obra concretista A nave de prata: livro de sonetos & Quadro verde: poemas visuais (1991). Leiamos, agora, o seu poema “luz azul” de A palavra e a PALAVRA. EU VIM COMO LUZ AO MUNDO, ASSIM TODO AQUELE QUE CRER EM MIM NÃO FICARÁ NAS TREVAS. (Jó, 12,46) 136 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Utilizando-se apenas de dois vocábulos (“luz” e “azul”), o poeta dispõe as palavras no formato de uma cruz, colocando a letra “a” no centro, de modo que estas palavras formem o sintagma “luz azul” em qualquer sentido que se leia. Este poema é um dos mais famosos do autor e nele percebemos já haver o viés religioso pelo seu formato de cruz, sentido este reforçado, anos mais tarde, com o acréscimo da citação bíblica de Jó. Antônio Girão Barroso foi poeta, con- tista e crítico. Era um dos nomes mais im- portantes do grupo CLÃ, como vimos no módulo anterior. A sua poesia caracteriza-se principalmente pela adesão às ideias mo- dernistas de abandono das formas poéticas tradicionais, empregando livremente versos longos ou curtos, rimas ocasionais, explora- ção de recursos sonoros e, o que lhe é mais interessante e peculiar, faz uso de uma lin- guagem coloquial, privilegiando o português popular, pleno de brasileirismos, de neolo- gismos, expressões populares e emprego irregular dos sinais de pontuação. Em rela- ção à sua vertente concretista, pode-se dizer que o autor aderiu sim ao movimento de poesia concreta, inclusive participando das duas mostras ocorridas no Ceará, mas, principalmente atuando como crítico, pois quanto aos seus poemas, é notório que não seguem à risca as ideias formais de com- posição dos concretistas de São Paulo. O seu poema “ó duquesa”, apresentado na pri- meira exposição de Arte Concreta do Ceará, em 1957, é um ótimo exemplo disso: Ó DUQUESA Ou Poema Quase Concreto mansamente tua mão é uma carícia cara ó duquesa! teu hálito habita meu coração e dizem: engano ah! dá-me ganas de longitudinalmente oh! não fosses tu lipa e rosa enflorada que me gusta – e que me’ima não há dúvida, duquesa rosa ou simplesmente poema eomaples misuoasor p/ i e d o s a m e n t e (BARROSO, 1994, p. 138). Observando-se a estrutura formal do poema, poucos são os traços que o carac- terizariam como um poema concreto. O própriopoeta contesta o seu caráter intei- ramente concreto ao escrever nos primei- ros versos “ou poema quase concreto”. A esse “quase” poderia muito bem ter sido acrescentada a palavra “nada”, que resul- taria em “ou poema quase nada concreto”, ratificando que o poema foge quase que completamente às características formais desse tipo de poesia. Não se encontra nele um apelo visual, há a presença de versos, de rima (na primeira estrofe: mão - coração) e a utilização de uma linguagem culta (dá-me ganas de...), que se afasta propositalmente à tendência coloquial do autor. Somente no último verso é perceptível a experimenta- ção concretista através da separação das letras na palavra “p/ i e d o s a m e n t e”. CURSO literatura cearense 137 Assim como algumas das vanguardas his- tóricas não alcançaram seu objetivo nem o público como desejavam, a poesia concreta brasileira também não conseguiu. Apesar de ter sido veiculada pelos meios de comunica- ção de massa, acabou ficando restrita aos seus próprios teóricos e a alguns intelectuais que conseguiam acompanhar as técnicas da nova poesia. Em linhas gerais, pode-se dizer que o movimento da poesia concre- ta no Ceará encontrou, aqui, solo fértil para seus adeptos e suas atividades e produções. 6. A GERAÇÃO 60 Geração 60 do Modernis- mo Brasileiro se caracteriza como um movimento que apresenta aspectos artísti- cos e literários provenien- tes de diferentes tempos e espaços. Nelly Novaes Coelho é uma das primeiras estudiosas a abordar, em plano nacional, autores dessa faixa geracio- nal, reunindo-os na Geração 60. Em Carlos Nejar e a “Geração 60”, a autora escreve: Chamamos de ‘Geração de 60’ aos poetas das mais variadas tendências que se reve- laram ou firmaram na década que acaba de findar e que apresentam como denomi- nador comum, a intensa pesquisa no sen- tido do reajustamento da linguagem às solicitações dos novos tempos, e o impulso dinâmico da integração do homem e da poesia no processo histórico em desen- volvimento. (COELHO, 1971, p. 170). Notamos que no discurso de Coelho verifica-se na Geração 60 o surgimento de novas preocupações, tanto no que se refere à construção da linguagem quanto às te- máticas a serem desenvolvidas. Em 1995, o poeta, teórico, ensaísta e crí- tico cearense Pedro Lyra organizou uma antologia intitulada SINCRETISMO: a poesia da Geração 60. Trata-se de uma coletânea de 628 páginas, antecedida por um longo estudo inicial sobre o conceito de “Geração”. Nessa obra, o autor mapeia, classifica e ana- Porém, desde o início, tendeu a um menor compromisso com as formas do movimento, pois enquanto os concretistas de São Paulo dedicavam-se prioritariamente à composi- ção de poemas concretos, os do Ceará não assumiram tal obrigatoriedade e compu- nham seus poemas mais livremente. Con- tudo, apesar de não se dedicarem tanto ao projeto da poesia concreta, percebe-se que a manifestação dessa vanguarda no estado, além de legar aos poetas cearenses técni- cas de composição e experimentação es- tética, causou alguma estranheza no meio ainda fortemente tradicionalista, cumprin- do assim, ao menos em parte, o desígnio de todas as vanguardas. 138 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE MALACA CHETAS SABATINA Para conhecer um pouco mais sobre Pedro Lyra http://blogs.opovo.com.br/ leiturasdabel/2017/11/10/coluna- ao-pe-ouvido-baladas-para-leitores- e-pedro-lyra/ Nelly Novaes Coelho incluía, no que denominou de “rótulo”, Geração de 60, o grupo paulista da Poesia Concreta, o grupo mineiro de Tendência e o movimento Práxis, além de outras vozes significativas que se firmaram independentemente de grupos em todo o país. lisa o perfil geracional de quarenta e cinco escritores: Adélia Prado, Affonso Romano de Sant’Anna, Carlos Lima, Carlos Nejar, Fer- nando Py, Ivan Junqueira, Marcus Accioly, Reynaldo Valinho Alvarez e, entre outros, os cearenses Linhares Filho, Roberto Pontes, Horácio Dídimo, Adriano Espínola e Oswald Barroso (filho de Antônio Girão Barroso). É importante sabermos que em 1979 o poeta e crítico paraibano Sérgio de Castro Pinto, também incluído na antologia de Lyra, organizou a Antologia poética do grupo Sanhauá, focalizando as características lite- rárias do grupo que representa a Geração 60 na Paraíba. O livro reúne trabalhos de Marcos dos Anjos, Marcos Tavares, Marcus Vinícius, Sérgio de Castro, entre outros. De acordo com Pedro Lyra, uma gera- ção tem que superar a anterior. Superar não no sentido de ser melhor, mas de im- pulsionar para o novo. Nessa superação, o escritor conta com a vantagem de acumular a experiência de todas as gerações que o an- tecederam e desembocam na sua. Em SIN- CRETISMO, Lyra explica que a Geração de 60 “é compósita, com vários segmentos e ver- tentes, estilos e tendências fundindo-se num amplo sincretismo”. (LYRA, 1995, p. 159). Para melhor fixar os limites geracionais, com os quais trabalha, Pedro Lyra (1995) apresenta alguns requisitos para a configu- ração literária da Geração 60. Para conhe- cer essas faixas, consulte na sua Bibliote- ca Virtual do AVA. Pedro Lyra destaca também quatro ver- tentes do discurso dos escritores da referi- da Geração que surgiu “com um sonho de mudanças no coração e depois com a corda da ditadura no pescoço” (LYRA, 1995, p. 24). Observe cada uma delas. a. Primeira vertente: é a Herança Lí- rica, que, de modo mais amplo, pode ser considerada um traço marcante da poesia ocidental. Essa vertente se subdivide em algumas diretrizes, tais como: um lirismo ostensivamente erotizado, do qual fazem parte, por exemplo, os poemas que compõem Minha gravata colorida, de Adriano Espínola; um lirismo universalista, de fundo cosmológico/metafísico e um lirismo de fundo místico. Tais aspectos reunidos formam o lirismo crítico de uma geração que se recusa a apresentar um simples desabafo do eu, buscando uma maior liberta- ção e expressão do ser em relação à sociedade como um todo. b. Segunda vertente: denominada Protesto Social, caracterizada por uma poesia de participação, envolvi- da com a realidade social, tendo em vista a situação histórica e política do país e a iminente conquista do poder pela esquerda. Tal vertente também Compósito Que é composto e caracterizado pela heterogeneidade de elementos. apresenta múltiplas diretrizes, como o protesto de procedência regio- nalista, voltado para o abandono do homem do interior. Um exemplo dessa diretriz é o livro Sumos do tem- po, de Linhares Filho. Ressalta ainda três aspectos importantes da segun- da vertente. São eles: (1) o protesto direcionado para o cotidiano, como exemplo, podemos citar Tempo de chuva, de Horácio Dídimo; (2) o protesto de alcance cosmopolita, a exemplo da obra Antiuniverso, de Fernando Py; (3) o protesto de pro- cedência política, que pode ser visto em Poemas do cárcere e da liberdade, de Oswald Barroso. Os poemas do livro Verbo encarnado, de Roberto Pontes, também exemplificam essa vertente de poesia, levando em consi- deração o seu caráter de insubmissão e de resistência à ditadura, bem como a presença da luta a favor da redemo- cratização da sociedade brasileira. CURSO literatura cearense 139 MALACA CHETAS Para conhecer a obra indispensável de Juarez Barroso: Juarez Barroso: obra completa (EDR) Juarez Barroso: o poeta da crônica- canção, de Natercia Rocha (Substânsia, 2018). c. Terceira vertente: a chamada Explo- são épica. É a diretriz mais importan- te, não apenas deste segmento, mas de toda a Geração. Um exemplo des- sa vertente é o livro Sísifo, de Marcus Accioly, no qual apresenta uma reto- mada intertextual de toda a tradição do humanismo ocidental. d. Quarta vertente: é a Convicção Metapoética, que pode ser exem- plificada com O banquete, de Marly de Oliveira. Essa vertente se carac- teriza pela consciência da carpinta- ria poética. Sobre ela, Lyra ressalta relativamente à Geração: 7. O GRUPO SIN s anos 60 no Ceará,cul- turalmente, foram mar- cados por diferentes levantes de resistência artístico-social, no que se refere à literatura, ao teatro e ao cinema. É importante nunca esquecermos que apesar de tratarmos aqui de outros movimentos que surgiriam nos anos 50, 60 e 70, o CLÃ continuaria suas atividades, entretanto, como afirma Sânzio de Azevedo, “perdendo este sentido de movimento revo- lucionário (como aliás seria de se esperar), até transformar-se numa agremiação aber- ta, na qual vão ingressando outros nomes de nossa literatura”. (AZEVEDO, 1976, p.500). Em conjunto: o ideal estético expresso nesses metapoemas é o de uma poesia concebida como expressão consciente do eu mediada pela técnica, a partir de uma séria pesquisa de temas e modelos, formas e atitudes, ensaiando uma reflexão sobre a condição do poeta e a natureza da poesia, num modo supremo de autoconhecimento e autorrealização. (LYRA, 1995, p. 111). Como você observou, a Geração 60 representa, portanto, um momento de suma relevância para o contexto literário brasileiro, não só por ter lançado novos nomes da Literatura, mas também por ter impulsionado o processo de reafirma- ção da poesia ocidental. Eram anos complicados, também na música a palavra de ordem era o sincre- tismo, e assim, pop, rock, samba, baião, bossa nova e folclore se amalgamavam em uma “geleia geral”. Eduardo Saboia – da Padaria Espiritual – e esposa de Jáder de Carvalho), José Alcides Pinto (certamente um dos mais ativos no pe- ríodo, sendo reconhecido e premiado nacio- nalmente, publicando poesia, romance, no- vela e contos), Rachel de Queiroz (na década de 60, com exceção de O menino mágico, só publicaria crônicas), Francisco Carvalho (um dos maiores poetas que o Ceará nos trouxe), Carlos d’Alge, Horácio Dídimo (aqui destaca- do no movimento concretista, lançaria seus primeiros livros de poemas), Ciro Colares, Caio Cid (pseudônimo de Carlos Cavalcan- ti), Juarez Barroso (seu único livro publicado em vida ganhou o Prêmio José Lins do Rêgo, em 1968), Sânzio de Azevedo (publicaria seu livro de estreia como poeta, sendo, entretan- to, mais reconhecido futuramente pela ex- tensa bibliografia sobre Literatura Cearense), Caio Porfírio Carneiro, entre outros. É no meio desse contexto que, em 1967, surge o grupo SIN, tendo como principal diretriz o sincretismo literário e artístico. O movimento teve vida curta, porém produtiva. Iniciou-se com a articulação de estudantes, principalmente dos cursos de Direito e de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC), interessados por literatura e outras artes. Observe que o nome do grupo deriva de sincretismo, palavra oriunda do étimo grego (synkretismos), que, conforme o Dicionário online Caldas Aulete é um “sis- tema filosófico que consiste em combinar as opiniões e os princípios de diversas esco- las; mistura de opiniões combinadas para Ou seja, os anos de 1960, seriam de grande produção literária no Ceará, do CLÃ e de in- dependentes, o que é facilmente constatado em uma breve lista de publicações do perío- do que você poderá encontrar na Biblioteca Virtual do AVA. A seguir, alguns de nossos autores que publicaram na década de 1960: Fran Martins, Aluízio Medeiros, Eduar- do Campos (com grande profusão de gêne- ros: contos, romances e dramaturgia), Artur Eduardo Benevides, Otacílio Colares, Morei- ra Campos, Milton Dias, Lúcia Martins (es- treando em livro), Durval Aires (publicando suas “novelas-reportagens”), João Jacques (irmão de Paulo Sarasate e redator-cronista de O POVO, que surgia na cabeça do Cipó de Fogo, em 1931, publicaria crônicas e con- tos), Margarida Saboia de Carvalho (filha de 140 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE BOLACHINHAS Pedro Lyra, em 1968, receberia o Prêmio Esso: Jornal de Letras para Universitários Brasileiros com o ensaio “Quem tem medo de Augusto dos Anjos?”. formar um sistema misto, eclético”. A diver- sidade temática e as diferentes formas de posturas artísticas são, pois, o cerne do SIN, cuja poesia apresenta elementos do sincretismo poético, uma vez que assimila processos, técnicas e modos praticados pe- los poetas brasileiros precedentes. Destaca- mos, contudo, que alguns demonstravam certa reação à poesia do grupo CLÃ, sobre- tudo no tocante aos seguidores do formalis- mo Neoparnasiano da Geração de 45. Constitui-se inicialmente por Horácio Dídi- mo, Linhares Filho, Pedro Lyra, Roberto Pon- tes e Rogério Bessa. Aos fundadores uniram- -se Barros Pinho, Yêda Estergilda, Leão Júnior, Rogério Franklin, Lêda Maria, Marly Vasconce- los e Inês Figueiredo. Os, então, estudantes se reuniam nas residências dos integrantes e na antiga Livraria Universitária, à época, situada à praça do Ferreira. A primeira apresentação pública dos jovens poetas do SIN ocorreu na aula de encerramento do curso de Letras, da UFC, na disciplina de Literatura Brasileira, re- gida pela professora Aglaeda Facó, em 1967. Na ocasião, foram distribuídos e declamados poemas dos participantes que, posteriormen- te, foram reunidos em coletâneas: Minisinan- tologia I e Minisinantologia II. Como as duas primeiras publicações ob- tiveram sucesso, os participantes decidiram imprimir a SINantologia, que foi editada pela Imprensa Universitária da UFC e lan- çada no Museu de Arte da Universidade Fe- deral do Ceará, o Mauc, em 20 de março de 1968, com apresentação de Artur Eduardo Benevides, poeta do CLÃ. O SIN não contemplou apenas a literatu- ra, mas também a outras linguagens, como o teatro, com as peças “Canga e crença, meu Padim”, de José Leão Júnior, dirigida pelo autor, e “A prostituta respeitosa”, de Jean Paul Sartre, dirigida e levada à cena no palco da Faculdade de Direito da UFC por Rogério Franklin de Lima. Na música, o SIN mante- ve contatos com o movimento “Pessoal do Ceará”, que se articulava na Faculdade de Ar- quitetura da UFC, por intermédio de Yêda Es- tergilda e Roberto Pontes. O grupo também criou um selo editorial, a SINedições, que emprestou seu logotipo a seus integrantes. O contexto histórico no qual nasceu o SIN, no entanto, não era propício à articula- ção de movimentos culturais, sociais e mui- to menos políticos. Assim, o grupo nasceu e dissolveu-se no mesmo ano. Naquele momento, o Brasil vivia o regime ditatorial instaurado em 1964 e a censura era rígida. In- telectuais como Alceu Amoroso Lima, Oscar Niemayer, Antonio Candido e Antonio Hou- aiss posicionaram-se no sul do país contra a ditadura, por ocasião do episódio da assina- tura do histórico “Manifesto dos Intelectuais Contra a Censura”. O apoio a esse manifesto, bem como as assinaturas de adesão dos in- tegrantes do SIN foram solicitados por aque- les intelectuais por meio do teatrólogo B. de Paiva, servindo o poeta Roberto Pontes de porta-voz junto ao grupo. Contudo, os es- critores cearenses se mostraram divididos quanto à adesão que deveria ser prestada a esta manifestação. Roberto Pontes se propôs a assiná-lo, mas não havendo unanimidade nem consenso, o grupo se desfez em seu iní- cio. Adriano Espínola examina esse contexto na apresentação intitulada “Uma geração entre o SIN e o Não”, escrita para a Revista de Letras, nº 15, comemorativa dos 25 anos de fundação do grupo SIN (1993): É bom que se diga, entretanto, que o SIN logo se dissolveu devido, por um lado, a discordân- cias ideológicas de seus membros e, por outro, à repressão e perseguições que se seguiram após a ditadura militar editar o sinistro AI-5. A partir daí, como se sabe, todo e qual- quer agrupamento político, cultural ou literá- rio tornou-se suspeito em potencial. Perigoso. Alvo dos militares era acabar com a cultura do país, silenciar os incômodos intelectuais, artis- tas e críticos do regime. Amordaçar a palavra, sufocar a criatividade, baixar o cacete na mo- çada mais rebelde e “subversiva”. Com a barra assim pesando, o grupo SIN – como de resto vários outros, se não totalidade das agremia- ções culturais que existiamno Brasil – se desa- gregou. (ESPÍNOLA, 1993, p. 10). A imprensa também registrou a impor- tante presença do SIN no panorama literá- rio cearense. Caio Cid, prestigiado cronista de então, ressaltou a rápida, porém mar- cante atuação do grupo. No artigo escrito no Correio do Ceará, em maio de 1968, sob o título “Recebo um livro esquisito”, a pro- pósito da publicação da primeira coletânea do SIN, disse ele: “Trata-se como se vê, de gente nova e inovadora. Literatura moder- na. Turma de vanguarda, com minúsculas nos nomes e ideias doidas nas cabeças in- cendiadas pelo sentido da poesia revolu- cionária.” (CID, 1968, p. 34). O Gazeta de Notícias, de Fortaleza, publi- cou em 19 de maio de 1968 o documento “Denúncia/Comunicado”, registrando o fim daquele grupo, que, mesmo breve, assim como o Orpheu em Portugal, muito contri- buiu para a afirmação de seus integrantes no cenário da literatura brasileira, conforme ressalta a matéria “SIN, um grupo que a cen- sura dividiu”, publicada no jornal O POVO. É importante acrescentar que os autores do grupo SIN se inserem na chamada Gera- ção 60, tendo em vista a importância que têm no contexto nacional da arte e da cul- tura, conforme demonstrou Pedro Lyra no livro SINCRETISMO: a poesia da Geração 60 (Introdução e Antologia) (1995). CURSO literatura cearense 141 BOLACHINHAS Mário Gomes, biografado por Márcio Catunda em Poeta, santo e bandido, tornou-se uma lenda urbana em Fortaleza, o “poeta da praça do Ferreira”, o andarilho, o louco briguento, mas sempre reconhecido como poeta, mesmo por aqueles que nunca leram um verso sequer seu. 8. O CLUBE DOS POETAS CEARENSES m 12 de abril de 1969, tem início o Clube dos Poetas Cearenses, tendo com fundadores Carneiro Portela, Pádua Lima e João Bosco Dantas. As reuniões aconteciam na Casa de Juvenal Galeno. A maioria de seus participantes eram jovens, que iam e vinham, chegavam e se despediam. Entre alguns de seus participantes: Cândido B. C. Neto, Dimas Macedo, Alex Studart, Edmilson Cami- nha Jr, Juarez Leitão, Mário Nogueira, Vicente Freitas, Márcio Catunda, Guaracy Rodrigues, Stênio Freitas, Costa Senna, Ricardo Guilher- me, Walden Luiz, Aluísio Gurgel do Amaral Jr. e Mário Gomes, entre muitos, muitos outros. Entre as atividades do Clube estava a or- ganização e publicação de antologias – che- gou a publicar quatro, sendo a última com organização de Carneiro Portela, capa de Rosemberg Cariry sobre desenho de Luiz Ca- rimai –, bem como publicações em revistas e jornais, além da realização de eventos como a “Semana de Estudos de Literatura Cearen- se” e o “Festival de Poesias”. 9. LITERATURA N’O SACO Nos dias primaveris, colherei flores / para meu jardim da saudade. Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio. Frei Tito de Alencar (12.10.72) os anos de 1970, o cenário artístico nacional estava cada vez mais fragmentado. Os “anos de chumbo”, espe- cialmente com o advento do cruel e sangrento Ato Institucional nº 5 (AI-5), ainda em 1968, perseguiram e levaram muitos artistas ao exílio e à clandestinidade, ao cárcere (como o poeta Gerardo Mello Mourão – na mesma cela de Zuenir Ventura, Ziraldo e Hélio Pellegrino – e a jornalista Heloneida Studart – quando iniciaria roteiros que seriam futuramente exi- bidos pela Globo) ou à morte (frei Tito). Eram tempos inseguros, de medo e constante insa- tisfação político-social, econômica e artísti- co-cultural. Em 1971, foi criada a Associação Profissional dos Escritores do Ceará por Jáder de Carvalho (seu primeiro presidente), Artur Eduardo Benevides, Carlyle Martins, Ciro Colares, Antônio Girão Barroso, Cândida Galeno, Abdias Lima, entre outros. Nesse contexto conturbado, em 1976, o poeta e livreiro Manoel Coelho Raposo, o poeta e ficcionista Jackson Sampaio, o fic- cionista e ensaísta Nilto Maciel e o romancis- ta e poeta Carlos Emílio Corrêa Lima cria- riam O Saco, “revista mensal de cultura”, um periódico que desde o primeiro número trazia colaborações de escritores de todo o Brasil e até do exterior. Foram apenas sete edições bimestrais, mas a publicação ganhou gran- des proporções no cenário nacional, circu- lando por bancas de revistas em dezessete estados do Brasil e contando com 12 cola- boradores internacionais, de países como Portugal, Espanha, Suécia, Estados Unidos e Suíça. Alguns dos nossos escritores estreariam n’O Saco, como o cronista Airton Monte, por exemplo, que apenas em 1979 lançaria seu pri- meiro livro de contos: O grande pânico. Em 2006, em entrevista para um peri- ódico local, Carlos Emílio argumentou: “algumas pessoas achavam a literatura ‘um saco’, então resolvemos colocá-la dentro de um para divulgá-la”. O objetivo do periódico era propor algo novo para os padrões da época e, para tanto, a publicação se valeu de um projeto experi- mental, considerado até os dias atuais ainda arrojado. A revista não vinha encadernada, colada ou grampeada. Pelo contrário, suas folhas eram arrumadas em quatro encartes: prosa, poesia, artes plásticas e um anexo com entrevistas, críticas literárias, reflexões e ma- térias jornalísticas. Esses encartes viam quase soltos num envelope de papel que era pendu- rado nas bancas de revista. Para Nilto Maciel, O Saco não se confi- gurava como um movimento. Segundo 142 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE SABATINA Tentamos compensar o pouco espaço que tivemos nesse fascículo, inserindo o máximo de material complementar sobre os grupos e manifestos em nossa Biblioteca Virtual do AVA, que está fantástico. E por falar em FANTÁSTICO, não perca o módulo 10 de nosso curso. o escritor, “o objetivo era, antes de tudo, editar uma revista sem bairrismo, regio- nalismo, nacionalismo ou qualquer outro ‘ismo’. Queríamos publicar nossas obras e encontrar espaço de destaque em resposta ao ‘Sul-Maravilha’ e aos veículos que só se interessavam pelos medalhões”. Alexandre Barbalho, no livro Cultura e imprensa alternativa, destaca, inclusive, que a revista conseguiu dar visibilidade às diferentes ideias dos escritores da dé- cada de 70, sem a preocupação de defi- nir uma corrente estética a ser seguida. Segundo o autor, eram publicadas tanto poesias de denúncia quanto textos mais experimentais. Dessa forma, caracteriza- va-se como uma revista democrática por reunir escritores de diversos gêneros, além da colaboração de diversos artistas plásticos que a ilustravam. A revista circulou até 1977, mesmo ano de publicação do livro Queda de braço: uma antologia do conto marginal, publicado no Rio de Janeiro. Organizada por Glauco Mattoso e Nilto Maciel, a antologia reunia os escritores d’ O Saco ao lado de outros au- tores marginais do país em um panorama artístico literário de sua época. No mesmo ano, no Ceará, era publicado o romance Parabélum, de Gilmar de Carvalho, obra considerada pouco compreendida quando de seu lançamento, fosse pelo estilo radical, na experimentação da linguagem, ou pelo próprio formato fragmentado do romance. A obra é considerada por críticos e pesqui- sadores relevante para se refletir acerca dos anos 70 no Ceará. O que nos diz o autor: Parecia que estávamos na direção da cons- trução de um país. Vivemos um momento de grande retrocesso. Esta onda moralizan- te existia no tempo da ditadura militar com a TFP e o Comando de Caça aos Comunis- tas. Ainda hoje, na enunciação deste dis- curso retrógrado, temos palavras de ordem contra o comunismo que não existe mais, depois da queda do Muro de Berlim (1989) e muitas falas a favor da intervenção mili- tar. Deus nos acuda! (CARVALHO, Gilmar, em entrevista: 17.11.2017) Gilmar de Carvalho estava na mira da censura do regime que, para desautorizá-lo, o acusaria de escrever “pornografia” no Ga- zeta de Notícias, periódico no qual colabo- rava. O resultado foi a intimação para com- parecer no temido Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Dois anos depois, em 14 de julho de 1979, remanescentesdo Clube dos Poetas Cearenses e d’O SACO, ao lado de outros jo- vens escritores, lançariam o Manifesto Si- riará, posicionando-se “contra a ritualística de um passado literário que formal e con- teudisticamente não mais representa a rea- lidade nordestina do momento. [...] Somen- te dentro dessa roupagem nos permitem lançar nacionalmente nossa ‘mercadoria’”. Assinam o manifesto: Adriano Espínola, An- tônio Rodrigues de Sousa, Batista de Lima, Airton Monte, Carlos Emílio Corrêa Lima, Eu- gênio Leandro, Fernanda Teixeira Gurgel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan, Jackson Sampaio, Joyce Cavalcante, Lydia Teles, Paulo Barbosa, Paulo Veras, Rogacia- no Leite Filho, Rosemberg Cariry, Sílvio Bar- reira, Márcio Catunda, Maryse Sales Silveira, Marly Vasconcelos, Natalício Barroso, Nilto Maciel, Nirton Venâncio e Oswald Barroso. Dimas Macedo, em seu ensaio “Literatura e Escritores Cearenses”, assegura que o grupo Siriará não deixou “uma contribuição signifi- cativa, enquanto movimento de renovação estética e literária. Foi uma atitude muito mais do que um grupo literário com dispo- sição de aglutinar uma proposta concreta de ação ou coisa que o valha” (MACEDO, 2011). REFERÊNCIAS BARBALHO, Alexandre. Cultura e Imprensa alternativa. 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CURSO literatura cearense 143 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Marcos Tardin Gerente Geral Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Viviane Pereira Gerente Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Educacional CURSO LITERATURA CEARENSE Raymundo Netto Coordenador Geral, Editorial e Estabelecimento de Texto Lílian Martins Coordenadora de Conteúdo Emanuela Fernandes Assistente Editorial Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Miqueias Mesquita Diagramador Carlus Campos Ilustrador Luísa Duavy Produtora ISBN: 978-65-86094-22-0 (Coleção) ISBN: 978-65-86094-21-3 (Fascículo 9) Este curso é parte integrante do programa Circuito de Artes e Juventudes 2019, Pronac nº 190198, processo nº 01400.000464/2019-94, em parceria com a Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania. Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br Realização Apoio Patrocínio AUTOR Fernanda Diniz É graduada em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Letras, MBA em Docência e Metodologia do Ensino Superior, especialização em Gestão e Coordenação Escolar, doutorado em Letras e pós- doutorado em Educação, também pela UFC. Professora efetiva da Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Tutora no curso de Letras da UFC Virtual. Coordenadora Pedagógica da Escola de Gestão Pública do Ceará (EGPCE). É membro da Academia Maracanauense de Letras (AML), na cadeira 25, cujo patrono é Pedro Lyra. Integra o Grupo de Pesquisa Estudos de Residualidade Literária e Cultural (UFC) e o Grupo de Pesquisa em História da Educação do Ceará (UFC). É organizadora das publicações do grupo Ceará em Letras e é acadêmica de Psicanálise (IAPB). Kedma Damasceno É graduada em Letras, com mestrado em Literatura Comparada e Graduação em Letras (Português/Literaturas) e é doutoranda em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professora efetiva da Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Integrante do Grupo de Estudos de Literatura, Tradução e suas Teorias (GELTTTE/UFC/CNPQ) e do Grupo Antonio Candido/ História e Literatura, da UFC. ILUSTRADOR Carlus Campos Artista gráfico, pintor e gravador, começou a carreira em 1987 como ilustrador no jornal O POVO. Na construção do seu trabalho, aborda várias técnicas como: xilogravura, pintura, infogravura, aquarelas e desenho. Ilustrou revistas nacionais importantes como a Caros Amigos e a Bravo. Dentro da produção gráfica ganhou prêmios em salões de Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
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