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PROCESSOS GRUAPAIS E RELAÇÕES HUAMANAS IV PSICOLOGIA– 2.2019 AULA 01: Introdução às Dinâmicas de Grupo e o Processo Grupal Processos Grupais e Relações H. Psicologia 2019.2 Conhecer os conceitos de instituição, de organização e de grupo; Distinguir os tipos de grupos; Distinguir os fenômenos que ocorrem na dinâmica de um grupo; Conhecer os grupos operativos; Conhecer algumas técnicas de trabalho em grupo para uso em sala de aula; Objetivos Passamos a maior parte das nossas vidas convivendo em grupos; Seja a nossa família, seja o grupo de amigos, seja a turma do trabalho, estamos sempre compartilhando nosso cotidiano com outras pessoas; Já em 1919, um estudioso chamado Trotter (1919-1953) definia o instinto gregário como um dos quatro instintos básicos do homem, sendo os outros: o instinto de autopreservação, o instinto de nutrição e o instinto sexual; O instinto gregário seria aquele que nos faria procurar sempre viver em grupos, como uma forma – conforme explicação darwiniana – de tornarmo-nos mais resistentes à seleção natural; Para a Psicologia, o estudo dos grupos é um dos seus temas fundamentais, ao ponto de existir um ramo chamado Psicologia Social; Os Estudos Iniciais ...UM RAMO CHAMADO PSICOLOGIA SOCIAL... A preocupação da Psicologia com o estudo dos grupos começa com os estudos da chamada Psicologia das Massas, que tentava compreender fenômenos coletivos; Na verdade, o início dessas preocupações ocorreu quando os psicólogos, ao se debruçarem sobre a Revolução Francesa, se perguntavam como era possível uma multidão de pessoas ser levada por um líder a comportamentos que muitas vezes colocavam em risco as suas próprias vidas; E assim buscavam saber que fenômeno era aquele capaz de possibilitar a um enorme grupo agir com tamanha coesão; A referência clássica para essa discussão é o francês Gustave Le Bon (1841-1931), que publicou em 1895 um livro chamado “Psicologia das Massas”, o qual é reeditado até os dias atuais; Para Le Bom, havia uma ruptura profunda entre o fenômeno individual e o fenômeno coletivo, ao ponto de se poder falar de uma “psicologia das multidões” e de uma psicologia do indivíduo. Os Estudos Iniciais A multidão é apresentada como uma espécie de ser unitário provido de características psicológicas próprias, de modo que os indivíduos que a compõem perdem suas características pessoais, sua autonomia, e passam a agir como uma espécie de “psiquismo coletivo”, muitas vezes, com comportamentos que o sujeito, quando fora da multidão, jamais teria; Há, pois, a perda da individualidade e a formação de um novo todo, que não é a soma das partes; Para Le Bom, isso se daria por três fatores: o sentimento de poder, o contágio mental e a sugestibilidade; Freud também preocupou-se em estudar a questão dos grupos a partir das ideias de Le Bom; Em seu livro “A Psicologia das Massas e a análise do Eu” (1973), ele propõe que as massas também não podem ser pensadas como tendo uma forma única; Os Estudos Iniciais Existiriam, então, as multidões efêmeras e as mais duradouras; as homogêneas, formadas por indivíduos semelhantes, e as não homogêneas; as primitivas e aquelas que possuem um alto grau de organização, que ele chama “massas artificiais”; Para Freud, não haveria uma mente grupal ou um “psiquismo coletivo”, como propunha Le Bom; Todos os comportamentos individuais dentro de uma multidão poderiam ser compreendidos a partir do psiquismo dos indivíduos, na medida em que os processos mentais se articulam desde cedo com a dimensão social da existência; As vinculações se dariam em dois eixos: um vertical, no qual os indivíduos se ligariam aos líderes, que encarnariam a figura primordial do chefe da tribo; e um eixo horizontal, no qual haveria uma ligação dos membros uns com os outros, de modo que os indivíduos imersos em uma multidão se sentiriam mais desenvoltos para assumir riscos; Exemplos de atuações de massas podem ser observados historicamente, como o Nazi-fascismo; mas também na vida cotidiana, como as torcidas organizadas em estádios de futebol, ou mesmo protestos radicais, como as manifestações de “quebra-quebra” em transportes coletivos. Os Estudos Iniciais Retomemos agora a questão inicial: nossa vida cotidiana é marcada pela vida em grupo; Para que possamos viver em grupo, são necessárias certas regras, combinações e acertos; Tomemos como exemplo a rotina do nosso trabalho; Saímos de casa em uma determinada hora e vamos a um ponto de ônibus; Sabemos que este passará em uma certa hora que nos permitirá estar no trabalho na hora precisa; “Para que isso aconteça, ou seja, para que nós tenhamos a tranquilidade de esperar o ônibus sabendo que ele virá, foram necessários alguns acertos e combinações que, no caso, ocorreram sem que nós precisássemos intervir. Chegando ao trabalho, esperamos encontrar a porta aberta e o espaço organizado para que iniciemos nossas tarefas. Sabemos também que vamos encontrar os nossos colegas. Todos esses eventos acontecem a partir desses acertos implícitos, dessa regularidade, dessas normas, os quais nos permitem conviver em grupo” As Instituições, as Organizações e os Grupos A isso chamamos institucionalização, ou seja, o estabelecimento de regularidades comportamentais que possibilitam o viver coletivo; A institucionalização começa como um processo em que as pessoas vão, aos poucos, descobrindo qual a melhor forma, a mais rápida, a mais econômica, de desempenhar suas tarefas; Quando essa forma se repete muitas vezes, torna-se um hábito; Com o passar do tempo, com a transferência desse hábito para as gerações seguintes, começa a haver uma tradição que não exige mais questionamentos e, então, impõe-se por ser uma herança dos antepassados; Depois de muitas gerações, passamos a não nos dar conta do por que continuamos a fazer daquela forma, perdemos a referência de que a herdamos de nossos antepassados; Nesse momento, dizemos que a regra social foi institucionalizada. As Instituições, as Organizações e os Grupos A instituição é, pois, “um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e padrão ético para as pessoas em geral [...] é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais” (BOCK, 1999, p. 217); Esse conjunto de regras e valores concretiza-se na sociedade em uma instância chamada organização; A organização pode ser complexa, como as empresas, ou mais simples, como um pequeno estabelecimento, uma entidade não governamental; De todas as maneiras, é onde vão se manter e reproduzir as instituições sociais, ou seja, é na organização que vamos dar vida ao conjunto de regras que estabelecemos para a convivência em grupo; Assim, tanto as instituições quanto as organizações somente existem em função de um conjunto de pessoas que reproduzem e, às vezes, reformulam as regras e os valores: o grupo; Os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham normas e objetivos. As Instituições, as Organizações e os Grupos Um grupo é um todo dinâmico; Apesar de ser um conjunto de pessoas, não é simplesmente a soma dos participantes, o que significa que qualquer mudança que ocorra em um dos participantes vai interferir no estado do grupo como um todo; E por estarmos sempre mudando é que o grupo é dinâmico; Quando um grupo se estabelece, uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas individualmente e, consequentemente, sobre o grupo; É o chamado processo grupal; A Dinâmica de Grupo COESÃO Significa o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade aos seus objetivos e a unidade nas suas ações. Todo grupo só consegue sobreviver se mantiver uma atração entre seus membros, assim, faz-se necessário uma certa pressão entre os membros para que nele permaneçam; Um grupo, de acordocom suas características, pode apresentar uma maior ou menor coesão. Uma maior coesão geralmente é obtida quando o grupo observa que as finalidades estão sendo cumpridas e os resultados estão sendo obtidos; Quanto maior a coesão maior a satisfação dos membros e maior a produtividade; Isso pode ser claramente observado em um time de futebol. Quanto mais ele se reveste do sentimento de equipe, melhores são os resultados obtidos. E vice-versa: quanto melhores os resultados, mas aumenta a coesão do time. A Dinâmica de Grupo Padrões Grupais São as expectativas de comportamentos partilhados por parte dos membros do grupo; Esses padrões ou normas de comportamento são estabelecidos com a especificação de atitudes ou comportamentos desejáveis por parte dos membros; A partir disso, estabelece-se uma fiscalização por parte do grupo quanto ao cumprimento dessas normas, aplicando-se sanções aos que não as cumprem; Esses padrões muitas vezes não são explicitados, mas espera-se que o indivíduo ao ingressar no grupo os perceba; Por exemplo, não é necessário ressaltar para um membro de um grupo de jovens católico que ele deve comparecer à missa, pois isso está implícito; A Dinâmica de Grupo Motivações Individuais e Objetivos do Grupo São os elementos que estão relacionados com a escolha que cada indivíduo faz quando decide participar de um grupo e são importantes para garantir a adesão; Uma pessoa geralmente escolhe participar de um grupo a partir de suas motivações pessoais, sejam motivações referentes aos objetivos do grupo, sejam atrações exercidas por membros daquele grupo; É importante observar as respostas que o grupo dá a essas manifestações individuais, as quais até podem ser admitidas, desde que não interfiram nos objetivos centrais do grupo, que sempre prevalecerão; Quanto mais o grupo zela pela sua coesão, menos manifestações individuais serão toleradas. Uma manifestação individual que atente contra os objetivos do grupo serão punidas com a exclusão daquele membro; A Dinâmica de Grupo Liderança A habilidade do líder para motivar e influenciar o grupo produz efeitos na atmosfera deste. O grupo pode desenvolver-se em um clima democrático, autoritário ou relaxado, dependendo da vocação do grupo e de lideranças que viabilizem essa vocação. Assim, por exemplo, um grupo cujos membros acreditam que a melhor forma de organizaras relações é a autoritária, vai necessitar de um líder autoritário, que, por sua vez, reforçará a atmosfera autoritária dentro do grupo. A Dinâmica de Grupo Liderança Um dos grandes estudiosos da questão da liderança foi Kurt Lewin (1890-1974). Para ele, os grupos democráticos tinham mais eficiência a longo prazo, enquanto os autoritários tinham uma eficiência imediata. Como as decisões são centralizadas na figura do líder, os membros somente funcionam a partir de sua demanda e são, geralmente, cumpridores de tarefas; Já os grupos democráticos exigem maior participação de seus membros, que dividem as responsabilidades com a liderança; Isso torna a realização dos objetivos mais demorada, entretanto, mais duradoura. A Dinâmica de Grupo Compreender o funcionamento de um grupo também pode ser importante para a realização de dinâmicas em sala de aula; Certas técnicas, também chamadas de “dinâmicas de grupo”, são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a criatividade na produção do conhecimento; Elas podem gerar um processo de aprendizagem mais coletivo e mais rico; Ao se optar por uma técnica de dinâmica de grupo, deve-se observar alguns elementos, os quais devem ser seguidos; Técnicas de Trabalho em Grupo Objetivos – o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve pensá-la respeitando esses objetivos; Ambiente – o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado de modo a não inibir os participantes. Algumas técnicas podem ser percebidas como constrangedoras, por isso devem ser pensadas para serem executadas em ambientes fechados, por exemplo; Duração – as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início e fim; Número de participantes – estar atento a quantas pessoas participarão é fundamental para pensar a técnica mais adequada e para providenciar os materiais necessários. Materiais – os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os mais variados, desde o papel, lápis, tinta, som, até equipamentos mais complexos, como projetores multimídia, filmadoras, iluminação etc; Perguntas e conclusões – o momento da síntese do que foi produzido permite resgatar a experiência e os sentimentos de cada um, bem como chegar a conclusões sobre o tema discutido. Elementos Constituintes das Dinâmicas e de Grupo Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007. Bibliografia
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