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Direito Penal II

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Indaial – 2019
Direito Penal ii
Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
SI586d
 Silva, Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker
 Direito penal II. / Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker 
Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 180 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0387-4
1. Direito penal. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 341.5
III
aPresentação
Olá, acadêmico! A teoria da pena do Direito Penal nos apresentará os 
tipos de pena e seus regimes, além de como deve ser realizada o seu cálculo 
de aplicação. Por isso, é indispensável o seu estudo. 
Na Unidade 1, estudaremos a história das penas, quais as penas 
permitidas e quais as penas vedadas no Brasil, além dos princípios e regras 
aplicáveis a elas. 
Daremos continuidade ao nosso estudo com a Unidade 2, na qual 
estudaremos as espécies de penas e seus regimes de cumprimento, além da 
forma de aplicação ao caso concreto. Tudo isso, com base na teoria abordada 
no Código Penal e da lei de execuções penais. 
Na Unidade 3, dedicaremos nosso estudo aos institutos da 
reincidência e do concurso de crimes, suspensão condicional da pena e 
livramento condicional. Para encerrarmos, veremos os efeitos da condenação 
e as formas de extinção de punibilidade. 
Seja bem-vindo ao módulo de Direito Penal, será um prazer 
acompanhar você! 
Prof.ª Cláudia Fernanda Souza de Carvalho Becker Silva
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL ................................................................ 1
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS ............................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRIA DAS PENAS ..................................................................................................................... 3
2.1 HISTÓRIA DAS PENAS NO BRASIL ........................................................................................... 5
3 DAS ESCOLAS PENAIS .................................................................................................................... 7
3.1 DA ESCOLA CLÁSSICA ................................................................................................................ 7
3.2 DA ESCOLA POSITIVA .................................................................................................................. 9
3.3 DA ESCOLA DO CORRECIONALISMO PENAL ..................................................................... 11
3.4 DA ESCOLA DO TECNICISMO JURÍDICO .............................................................................. 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15
TÓPICO 2 – DOS TIPOS DE PENAS .................................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 TIPOS DE PENA .................................................................................................................................. 17
2.1 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ............................................................................................ 18
2.2 PENA RESTRITIVA DE DIREITO ................................................................................................. 19
2.3 PENA DE MULTA ........................................................................................................................... 22
2.4 PENA DE PERDA DE BENS .......................................................................................................... 23
2.5 PENA RESTRITIVA DE LIBERDADE .......................................................................................... 24
2.6 PENA CORPORAL .......................................................................................................................... 24
3 PENAS VEDADAS NO BRASIL ....................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 – VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS 
CONCERNENTES À APLICAÇÃO DA PENA .......................................................... 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REFERENTES À PENA ..................................................... 33
3 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ........................................................................................................ 34
3.1 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ............................................................................................ 36
3.2 PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO ............................................................................................. 36
3.3 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE .................................................................................. 37
3.4 PRINCÍPIO DAADEQUAÇÃO SOCIAL ................................................................................... 38
3.5 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA................................................................... 39
3.6 PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA ............................................. 41
3.7 PRINCÍPIO DA INDERROGABILIDADE ................................................................................... 43
3.8 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA ................................................................................ 44
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 46
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 51
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 53
sumário
VIII
UNIDADE 2 – ESPÉCIEIS DE PENA E DOSIMETRIA ................................................................... 55
TÓPICO 1 – ESPÉCIES DE PENA ........................................................................................................ 57
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57
2 ESPÉCIES DE PENA ............................................................................................................................ 57
2.1 PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ........................................................................................ 57
2.1.1 Pena de reclusão ..................................................................................................................... 59
2.1.2 Pena de detenção ................................................................................................................... 61
2.1.3 Pena de prisão simples ........................................................................................................... 62
2.2 PENAS RESTRITIVA DE DIREITOS ........................................................................................... 64
2.3 PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA ......................................................................................................... 69
2.4 PERDA DE BENS E VALORES ..................................................................................................... 70
2.5 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ...................................................................... 70
2.6 INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS ............................................................................ 72
2.7 LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA ............................................................................................ 73
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 74
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77
TÓPICO 2 – ESPÉCIES DE PENAS E REGIMES DE CUMPRIMENTO ...................................... 79
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79
2 PENA DE MULTA ................................................................................................................................. 79
2.1 PAGAMENTO DA MULTA ........................................................................................................... 81
3 MEDIDAS DE SEGURANÇA ............................................................................................................ 84
3.1 CONVERSÃO DE PENA EM MEDIDAS DE SEGURANÇA ................................................... 88
4 SISTEMAS PENITENCIÁRIOS......................................................................................................... 89
5 REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ............................. 89
5.1 REGIME FECHADO........................................................................................................................ 90
5.2 REGIME SEMIABERTO .................................................................................................................. 91
5.3 REGIME ABERTO ........................................................................................................................... 92
6 PROGRESSÃO E REGRESSÃO ....................................................................................................... 94
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 98
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 100
TÓPICO 3 – COMINAÇÃO E APLICAÇÃO DA PENA .................................................................. 101
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 101
2 DA APLICAÇÃO DA PENA ............................................................................................................... 101
3 DA DOSIMETRIA DA PENA ............................................................................................................ 102
3.1 PRIMEIRA FASE DA FIXAÇÃO DA PENA ................................................................................ 103
3.2 SEGUNDA FASE DA FIXAÇÃO DA PENA ............................................................................... 104
3.2.1 Agravantes genéricas ............................................................................................................ 105
3.2.2 Agravantes específicas no caso de concurso de agentes .................................................. 107
3.2.3 Atenuantes genéricas .............................................................................................................. 107
3.2.4 Concurso entre as agravantes e atenuantes genéricas ....................................................... 109
3.3 TERCEIRA FASE DA FIXAÇÃO DA PENA ................................................................................ 110
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 112
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 117
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 118
UNIDADE 3 – TEORIA GERAL DA PENAL – PARTE FINAL ...................................................... 119
TÓPICO 1 – REINCIDÊNCIA E CONCURSO DE CRIMES ........................................................... 121
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 121
IX
2 REINCIDÊNCIA ................................................................................................................................... 121
3 CONCURSO DE CRIMES .................................................................................................................. 124
3.1 CONCURSO MATERIAL ............................................................................................................... 124
3.2 CONCURSO FORMAL OU IDEAL .............................................................................................. 125
3.3 CRIME CONTINUADO ................................................................................................................. 126
3.3.1 Crime continuado na aplicação da pena .............................................................................128
3.4 CONCURSO DE CRIMES CONDENADOS À PENA DE MULTA ........................................ 128
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 130
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 132
TÓPICO 2 – SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA E LIVRAMENTO CONDICIONAL ..... 133
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 133
2 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA ...................................................................................... 133
3 LIVRAMENTO CONDICIONAL ..................................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 147
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 149
TÓPICO 3 – EFEITOS DA CONDENAÇÃO E EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE ..................... 151
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151
2 EFEITOS DA CONDENAÇÃO .......................................................................................................... 151
3 REABILITAÇÃO .................................................................................................................................. 154
4 EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE ...................................................................................................... 158
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 168
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 173
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 175
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 177
X
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO 
BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• introduzir ao aluno às noções sobre as penas no Brasil, com enfoque prin-
cipal na história das penas;
• inserir o estudante no mundo das escolas penais;
• identificar as diferenciações entre os diversos tipos de penas existentes e 
diferenciar quais são permitidas e quais são proibidas no Brasil;
• constatar os principais regramentos constitucionais relativos à aplicação 
da pena.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
TÓPICO 2 – TIPOS DE PENAS
TÓPICO 3 – VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E 
GARANTIAS INDIVIDUAIS CONCERNENTES À 
APLICAÇÃO DA PENA
Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em 
frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iniciaremos o estudo das penas no Brasil, começando pela 
sua historicidade, caminhando pelas escolas penais e finalizando com os tipos de 
pena. Assim, torna-se imprescindível conceituar o que é pena: 
a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito 
penal e consiste na privação ou restrição de bens jurídicos determinada 
pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio 
social e a prevenção em relação à prática de novas infrações penais 
(ESTEFAM; GONÇALVES, 2017, p. 483).
Contudo, nem sempre foi este o conceito de pena, uma vez que a história 
do Direito Penal e da pena evoluíram com o passar do tempo, sendo até mesmo 
criado escolas para tentar moldar os objetivos do Direito Penal e suas funções. 
Neste tópico, iremos nos dedicar a conhecer e estudar a história da pena, 
bem como as escolas penais que contribuíram para o desenvolvimento do Direito 
Penal como ciência. Sejam bem-vindos e aproveitem a viagem no tempo.
2 HISTÓRIA DAS PENAS
As penas aplicadas àqueles que praticassem algum tipo de ilícito, como 
todas as coisas do mundo, foram sendo modificadas e evoluídas com o passar dos 
anos. Essa modificação se dá principalmente para se adequar às necessidades das 
sociedades que também passaram por várias modificações. Contudo, as fases da 
história da pena não ocorreram com datas marcadas, e sim, com uma evolução 
lenta, sendo que uma fase convive com a outra no mesmo período temporal até 
deixar de existir. 
Masson (2017, p. 73) afirma que “as diversas fases da evolução da vingança 
penal deixam evidente que não se trata de uma progressão sistemática, com 
princípios, períodos e épocas capazes de distinguir cada um em seus estágios, 
mas algo que foi se desenvolvendo para atender às necessidades de seu tempo”.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
4
FIGURA 1 – PRAGMATISMO POLÍTICO: HISTÓRIA DA ÚLTIMA PENA DE MORTE REGISTRADA 
NO BRASIL
FONTE: <https://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2016/04/a-historia-da-
ultima-pena-de-morte-registrada-no-brasil.jpg>. Acesso em: 11 jun. 2019.
Podemos dividir a história da pena em três períodos, sendo eles: a 
vingança divina, a vingança privada e a vingança pública. Na época da vingança 
divina, os povos primitivos consideravam que tudo provinha das divindades, e 
que os crimes cometidos eram a profanação das divindades. Por isso, as punições 
consistiam em penas muito severas, para demonstrar aos deuses que o povo não 
pactuava com aquela atitude e que o povo não deveria ser punido pela conduta 
de apenas um homem. 
“Para esses povos a lei tinha origem divina e, como tal, sua violação 
consistia numa ofensa aos deuses, punia-se o infrator para desagravar a divindade, 
bem como para purgar seu grupo das impurezas trazidas pelo crime” (MASSON, 
2017, p. 74).
Assim, as penas eram cruéis e rigorosas, podendo ser pena de morte, de 
desterro, de banimento, ou até mesmo a perda da paz. A perda da paz consistia 
em deixar o condenado a sua própria sorte, ou seja, ele perdia a proteção do 
grupo ao qual pertencia. 
A época da vingança privada surge quando os grupos passam a ser 
maiores, sendo que a complexidade social começa a aparecer. Assim, despontam 
grupos mais fortes, e, com isso, o crime passa a ser considerado uma ofensa ao 
grupo ao qual a vítima pertence e não mais uma ofensa a divindade.
Por ser uma ofensa ao grupo, este poderá exercer sua vingança buscando 
a aplicação da justiça contra o grupo ao qual pertence o criminoso. 
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
5
Imperava a lei do mais forte, a vingança de sangue, em que o próprio 
ofendido, ou outra pessoa do seu grupo exercia o direito de voltar-se 
contra o agressor, fazendo ‘justiça pelas próprias mãos’, cometendo, 
na maioria dos casos, excessos e demasias, o que culminava com 
a disseminação do ódio e consequentes guerras entre os grupos 
(MASSON, 2017, p. 75).
Nesta época, não existia nenhuma proporção entre o delito praticado e a 
pena sofrida, a vingança poderia se dar inclusive em outras pessoas do grupo, 
como crianças, mulheres e idosos. 
É neste período que surge a Lei do Talião, que vai tentar colocar uma 
certa proporcionalidade entre os delitos, determinando o olho por olho, dente 
por dente. 
Contudo, mesmo essa lei que objetivou trazer uma proporcionalidade e 
impedir a disseminação de grupos por outros grupos, mostrou-se muito severa, 
necessitando de modificações. Masson (2017, p. 76)destaca que:
Com o passar do tempo, diante do elevado número de infratores, as 
populações ficavam deformadas, motivo pelo qual se evoluiu para 
o sistema de composição, forma de conciliação entre o ofensor e o 
ofendido ou seus familiares, pela prestação pecuniária como forma de 
reparar o dano (dinheiro da paz). O ofensor comprava sua liberdade, 
evitando o castigo. 
A sociedade continuou a evoluir, necessitando de uma atualização na 
aplicação das penas, uma vez que os Soberanos necessitavam demonstrar que 
eles possuíam todo o poder. Assim, inicia-se a época da vingança pública, em que 
caberá ao Soberano a aplicação das penas, sendo que elas detinham um caráter 
cruel, comumente aplicando-se a pena de morte, o esquartejamento, a fogueira e 
a tortura. 
Dentro desta ideia de vingança pública, na Idade Média, dentro do 
Direito Canônico, surge a ideia da prisão moderna (como é concebida até os dias 
atuais). O termo “penitenciária” vem de penitência, sendo que “o cárcere, como 
instrumento espiritual de castigo, foi desenvolvido pelo Direito Canônico, uma 
vez que, pelo sofrimento e pela solidão, a alma do homem se depura e purga o 
pecado” (MASSON, 2017, p. 80).
2.1 HISTÓRIA DAS PENAS NO BRASIL
Já no Brasil, até o seu descobrimento, as tribos indígenas aplicavam a 
vingança divina para punir os índios de suas tribos e a vingança privada em 
relação às demais tribos existentes. Com a chegada dos Portugueses, adotou-
se como direito as ordenações portuguesas, primeiro as Afonsinas, depois as 
Manuelinas e, por fim, as Filipinas. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
6
Tanto as Ordenações Afonsinas (1446-1514) como as Ordenações 
Manuelinas (1514-1603), no que diz respeito ao Direito Penal, eram cruéis e 
objetivavam apenas a preservação da força do Estado. Os juízes eram livres para 
o julgamento e aplicação da pena que lhes parecesse mais adequada.
As Ordenações Filipinas (1603-1830), última ordenação adotada no Brasil 
antes do Código Criminal do Império entrar em vigor, também previa penas 
cruéis e poucos direitos aos condenados. 
Marcadas pela fase da vingança pública, todas se orientavam no sentido 
de uma ampla e generalizada criminalização, com severas punições, as 
quais objetivavam infundir o temor pela punição. Além do predomínio 
da pena de morte, eram usadas outras sanções bárbaras e infamantes, 
como o açoite, a amputação de membros, o confisco de bens, as galés 
(eram aplicadas como pirataria ou de ofensa física irreparável da qual 
resultasse aleijão ou deformidade). Os punidos pelas galés deviam 
andar com calceta no pé e corrente de ferro, além de serem obrigados 
a trabalhos públicos e ao degredo (consiste na fixação de residência em 
local determinado pela sentença) (MASSON, 2017, p. 86).
Na Constituição de 1824, o Brasil aderiu às ideias liberais, adotando 
direitos e garantias para os cidadãos. Assim, surgiu a necessidade de um novo 
código criminal para o Império, que foi promulgado em 1830.
O Código do Império contemplava penas restritivas da liberdade e 
privativas de direitos que deveriam ser previstas pela lei e proporcionais 
ao delito, demonstrando preocupação com a sua adequação prévia 
comi nação legal. Aplicavam-se as seguintes penas: morte pela forca, 
galés perpétuas, galés temporárias, prisão com trabalho forçado(art. 
44), prisão simples, banimento do país (exílio - art. 50), degredo para 
lugar determinado (art. 51), desterro para fora do lugar do delito ou da 
principal residência do réu e do ofendido (art. 52), perda de emprego, 
suspensão de emprego, multa. As penas de prisão com trabalho 
forçado e prisão simples, segundo Roberto Lyra, eram cominadas a 
pelo menos, dois terços dos crimes. [...] Havia, além dessas penas, o 
açoite que era aplicado tão somente aos escravos quando incorressem 
"pena que não seja a capital ou de galés" (art. 60) (SILVA, 1998, s. p.).
DICAS
Em 1890, com o Decreto n° 774, aboliu-se a pena de morte.
Para complementar seus estudos, assista ao documentário realizado pelo Senado Brasileiro 
sobre Pena de Morte no Império: https://www.youtube.com/watch?v=szh24bKJnVA.
Também, em 1890, foi publicado um novo Código Criminal, que era muito 
deficiente e com muitas falhas apontadas pelos juristas da época. Assim, em 1932, 
foi promulgado a Consolidação das Lei Penais.
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
7
Em 1940, foi apresentado novo projeto, agora denominado de Código 
Penal, que entrou em vigor em 1942. Esse Código inova o sistema penal:
Traz o Código o princípio da reserva legal; o sistema do duplo binário; 
a pluralidade das penas privativas da liberdade; a exigência do início 
da execução para a configuração da tentativa. Seu sistema de penas 
e medidas de segurança mostraram-se incompatíveis com a carta 
constitucional de 1946.
O Código de 1940, diferentemente, inspirado no Código italiano, 
classificou-as em principais - ou seja reclusão, detenção e multa e 
acessórias - que acompanham a principal em determinados casos, 
completando-lhes a eficácia - à exemplo do projeto Sá Pereira, em seu 
artigo 49.3 Estabeleceu para as penas de detenção e de reclusão regras 
comuns. Além dessas, a Lei de Contravenção Penal, prevê a prisão 
simples como pena.
A reclusão apresentou-se como pena mais gravosa, sendo aplicada 
às figuras mais condenáveis de fatos puníveis. Com o objetivo de 
promover a recuperação social do condenado adotou, como regime 
penitenciário, um sistema progressivo com quatro fases40, sendo duas 
obrigatórias e duas facultativas (SILVA, 1998, s. p.).
O Código promulgado em 1940 encontra-se em vigor até hoje, contudo, 
ele passou por uma grande reforma legislativa, em 1984, que modificou 
consideravelmente sua parte geral. 
3 DAS ESCOLAS PENAIS 
É dentro deste contexto de vingança pública, em que os soberanos 
aplicavam penas severas e cruéis, que surge a primeira escola do direito penal, 
objetivando colocar limites ao poder punitivo do Estado. Essa escola é denominada 
de escola clássica:
3.1 DA ESCOLA CLÁSSICA
FIGURA 2 – CÉSARE BECCARIA: PRINCIPAL AUTOR DA ESCOLA CLÁSSICA
FONTE: <https://canalcienciascriminais.com.br/wp-content/uploads/2015/09/Cesare_
Beccaria_1.jpg>. Acesso em: 25 jun. 2019.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
8
A escola clássica nasce na Itália, no final do século XVIII, como reação ao 
Absolutismo que dominava a Europa. Nesta época, os Déspotas, reis autoritários, 
dominavam as nações e as penas impostas aos seus súditos eram cruéis.
Os processos penais eram sigilosos, inquisitivos, em que a mesma parte 
acusava e julgava e, muitas vezes, sequer era dado o direito de defesa ao acusado. 
Relativamente ao Processo Penal todas estas características eram mais 
acusadas. De caráter inquisitivo, era rigorosamente secreto ignorando 
as mais elementares garantias dos direitos de defesa. A tirania da 
investigação da verdade a qualquer preço conduzia ao sistema de 
provas legais, à obrigação do acusado de prestar juramento e a 
obtenção por qualquer meio da confissão, considerada a rainha das 
provas (ANDRADE, 1994, s. p.).
E foi neste contexto histórico que Beccaria escreveu Dos Delitos e das Penas, 
livro que até hoje se mostra atual, em que o autor defende os ideais iluministas. 
Pela primeira vez é defendido a ideia da proporcionalidade entre o delito 
cometido e a pena, a legalidade, defendendo que a lei deveria prever os delitos 
anteriormente do cometimento dos mesmos e que essa lei deveria ser clara para 
poder ser compreendida pelo povo, entre outras. 
Os postulados consagrados pelo Iluminismo, que, de certa forma, 
foram sintetizados no célebre opúsculo de Cesare de Beccaria, Dos 
Delitos e das Penas (1764), serviram de fundamento básico para a 
nova doutrina, que representou a humanização das Ciências Penais. A 
crueldade que comandava as sanções criminais em meados do século 
XVIII exigia uma verdadeira revolução no sistema punitivo então 
reinante (BITENCOURT, 2014, p. 98).
Beccaria foi o percursor da escola clássica, consideradoseu autor mais 
importante, porém além dele outros autores também se destacaram na defesa 
de uma aplicação mais justa do Direito Penal, entre eles, Francesco Carrara, 
Carmignani e Rossi.
Para Carrara, o crime era um ente jurídico; o delinquente era movido pelo 
livre-arbítrio e optava por praticar o delito; a pena serve para retornar a ordem para a 
sociedade, e que deve ser utilizada apenas para a tutela do direito; que era necessária 
a lei anterior prescrevendo o crime. Nota-se que os autores da escola clássica:
inspirando-se na filosofia iluminista, considerava-se que os homens 
se reuniram em sociedade de modo a sofrer o mínimo possível e, com 
vistas ao exercício de sua liberdade, abriram mão de uma parcela 
desta por meio do contrato social. A pena criminal, portanto, não 
poderia servir como castigo, mas como mecanismo para inibir delitos. 
A exemplaridade da pena e o temor do castigo, afastariam, portanto, a 
tentação do delito (ESTEFAM; GONÇALVES, 2017, p. 54).
Contudo, esses autores não se reconheciam como uma mesma escola. Essa 
terminologia foi imputada a eles pelos autores da escola positiva como forma de 
ridicularizá-los. 
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
9
IMPORTANT
E
“A nomenclatura Escola “Clássica” foi desenvolvida pejorativamente pelos 
positivistas, em face das divergências de pensamento sobre os conceitos estruturais do 
Direito Penal” (MASSON, 2017, p. 89).
Ao final do período da Escola Clássica, mas ainda concomitante com 
ela, surge, na Itália, outra escola criminológica, agora que se denomina Escola 
Positiva, e que vem contradizer as teorias levantadas pela escola clássica. 
3.2 DA ESCOLA POSITIVA
Com a expansão crescente das cidades, houve também um crescimento 
desorganizado de suas partes, sendo que a parte mais pobre acabou acolhendo os 
migrantes do campo ou de outras localidades em busca de emprego. 
Com isso, também houve um aumento na taxa da criminalidade, fazendo 
com que houvesse uma inversão na preocupação social, modificando-se da 
defesa do cidadão contra o estado, para a defesa da sociedade contra o cidadão, 
retomando-se a ideia de que o poder do Estado deveria ser ilimitado para proteger 
a sociedade. 
Assim, ocorre uma modificação no foco de estudo, deixando de ser o 
crime (como era para a escola clássica) e voltando-se para o delinquente. 
Ademais, mudou-se também o método de estudo, sendo utilizado o 
método empírico com pesquisas de campo para comprovar a fidedignidade dos 
resultados obtidos. Zaffaroni e Pierangeli (2004, p. 281) demonstram o porquê 
desta mudança asseverando que:
Já consolidado o poder hegemônico do capitalismo urbano, é 
suficientemente lógico que o organicismo social se tornasse mais 
radical e, ao mesmo tempo, se escondesse sua natureza eminentemente 
idealista sob o disfarce de um realismo supostamente evidente. Isto é 
alcançado através do positivismo, ou seja, a corrente de pensamento 
que pretende interpretar o mundo unicamente com base na 
experiência. A filosofia se identifica com as ciências, não é mais do que 
a sua síntese. É uma forma de romantismo, porque pretende atingir o 
infinito mediante o saber experimental.
Para os autores da escola positiva “a pena deveria cumprir um papel 
eminentemente preventivo, atuando como instrumento de defesa social. A 
sanção, portanto, não se baliza somente pela gravidade do ilícito, mas sobretudo, 
pela periculosidade do agente” (ESTEFAM; GONÇALVES, 2017, p. 55).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
10
O precursor desta escola é Lombroso, um médico que irá iniciar a fase 
antropológica do direito, em que irá estudar os criminosos para tentar identificar 
as características físicas daqueles que nascem para cometer delitos. 
FIGURA 3 – LOMBROSO: PERCURSOS DA ESCOLA POSITIVA
FONTE: <http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/lombroso.jpg>. Acesso em: 25 jun. 
2019.
Com isso, Lombroso desenvolve uma teoria que afirma que os delinquentes 
não evoluíram com o restante da espécie humana, havendo neles características 
atávicas que eram as responsáveis pelo cometimento do crime. Lombroso 
publicou como marco de seus estudos o livro O Homem Delinquente, em 1876.
Além de Lombroso, mais dois autores se destacaram na escola positiva, 
Ferri e Garofalo. Ferri representa a fase sociológica da escola, defendendo que 
além dos fatores biológicos defendidos por Lombroso, o fator que mais contribui 
para o cometimento de delitos é a desigualdade social, em seu livro Sociologia 
Criminal (1892). 
Garofalo, como era jurista, é considerado o pai da fase jurídica da 
escola positiva. Em seu livro Criminologia (1885) desenvolveu conceitos como 
periculosidade e temibilidade, que deveriam ser levados em conta no momento 
da aplicação da pena. 
TÓPICO 1 | HISTÓRIA DAS PENAS E DAS ESCOLAS PENAIS
11
IMPORTANT
E
Garofalo foi o primeiro a publicar uma obra nominada de Criminologia, porém 
a expressão não foi cunhada por ele. O primeiro a utilizar a expressão criminologia foi Paul 
Topinard.
Hoje, sabemos que as ideias da escola positiva sobre a possibilidade de 
uma teoria de delinquente nato são impossíveis, mas o seu método influenciou 
sobremaneira os penalistas, e até hoje se utilizam algumas das ideias de Garofalo 
na aplicação do direito. 
3.3 DA ESCOLA DO CORRECIONALISMO PENAL 
Esta escola teve seu precursor em Roëder, quando publicou a obra 
Comentatio na poena malum esse debeat, em 1839, na Alemanha. 
Para ele, “a pena tem a finalidade de corrigir a injustiça e perversa a 
vontade do criminoso e, dessa forma, não pode ser fixa e determinada como na 
visão da Escola Clássica. Ao contrário, a sanção penal deve ser indeterminada e 
passível de cessação de sua execução quando se tornar prescindível” (MASSON, 
2017, p. 92).
Para essa escola, a pena tinha a finalidade de curar o criminoso, e por 
isso ela não deveria ser determinada no momento da sentença. Ela não visava 
a punição, o castigo ou mesmo a prevenção do delito; a pena serve para curar o 
criminoso, que como qualquer pessoa doente, tem o direito ao tratamento.
3.4 DA ESCOLA DO TECNICISMO JURÍDICO 
Em 1905, Arturo Rocco profere, na Universidade de Sassari, na Itália, uma 
aula magna em que analisou e criticou o método pelo qual o Direito Penal estava 
sendo aplicado, formando assim a escola tecno-jurídica. 
As falhas vistas e apontadas por Rocco eram decorrentes das escolas que 
lhe antecederam, a clássica e a positivista. Eram os métodos anteriores que eram 
criticados por ele como não sendo o mais apropriado para o estudo do Direito 
Penal. “Rocco insurgia-se também contra o direito natural diante da premissa de 
que o direito positivo era a única fonte do direito penal. Igualmente a antropologia 
era considerada como disciplina de ilícita intrusão” (DOTTI, 2014, p. 159). 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
12
Rocco sustenta que a crise da Ciência Penal pode ser resolvida com 
uma fixação do objeto de cada uma das matérias, porém, sem que elas fiquem 
estanques uma das outras. Contudo, cada uma das matérias da Ciência Penal 
teria um objeto de análise delimitado, podendo influenciar umas nas outras, mas 
sem invadir o campo de estudo propriamente dito. O Direito Penal deveria se 
preocupar com o delito e as penas como fato jurídico. 
13
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A história da pena não é linear com uma fase se sucedendo a outra, e sim, de 
forma evolutiva em que as fases convivem e evoluem com o desenvolvimento 
da sociedade.
• A história da pena pode ser dividida em três fases, sendo de vingança divina, 
vingança privada e vingança pública.
ᵒ Na fase da vingança divina, os povos consideravam que os delitos eram uma 
afronta às Divindades e que a pena servia para demonstrar às Divindades 
que o grupo não concordava com a atitude e que não deveria ser punido. As 
penas eram cruéis para demonstrar às Divindades que o grupo as respeitava 
e temia.
ᵒ Na fase da vingança privada, os povos aplicavam as penas sem 
proporcionalidade, sendo que algumas vezeslevavam atém mesmo a 
extinção do grupo adversário. As penas eram aplicadas a todo o grupo do 
qual o agressor fazia parte, podendo atingir crianças, idosos, enfermos. 
ᵒ Na fase da vingança pública, o poder de aplicar a pena foi transferido ao 
Estado, e quem aplicava a pena era o Soberano como forma de demonstrar 
seu poder aos seus súditos.
• A ideia de pena privativa de liberdade surge na Idade Média com o Direito 
Canônico. 
• O termo penitenciária deriva de penitência. A ideia de que através do sofrimento 
e da solidão o homem alcançará o perdão. 
• O Brasil, após o descobrimento, adotou o direito português uma vez que era 
uma colônia e não possui poder legislador. 
• Regeu o direito brasileiro as ordenações Afonsina, Manuelina e Filipina. 
• Todas as ordenações portuguesas aplicavam penas cruéis, como pena de 
morte, esquartejamento, galés. Em todas elas o juiz possuía discricionariedade 
e o acusado não possuía direitos. 
• A Constituição de 1824 trouxe direitos e garantias aos cidadãos, surgindo a 
necessidade de um novo Código Criminal.
 
• O novo Código Criminal do Império era de 1830, trazia garantias ao acusado, 
porém ainda previa as penas cruéis. 
RESUMO DO TÓPICO 1
14
• Em 1890, entrou em vigor um novo Código Criminal, porém era mal feito e 
precisou de muitos reparos. 
• O Código de 1940 é o Código até hoje em vigor. 
• A escola clássica da criminologia teve como seu percussor o marquês de 
Beccaria, e pregava limites ao poder punitivo estatal contra o cidadão. 
• A escola clássica entendia o crime como um ente jurídico, e que o delinquente 
se baseava no livre arbítrio para escolher praticar o mal. 
• A escola positiva utiliza do método empírico para a pesquisa. 
• A escola positiva defende que o Direito Penal serve para a proteção da 
sociedade, e que a defesa social deve ser considerada em primeiro lugar. 
• O percursor da escola positiva é Lombroso, antropólogo italiano que prega que 
o delinquente é um ser atávico, não desenvolvido. 
• Ferri é autor da escola positiva que defende a sociologia criminal, também 
conhecido como o pai da sociologia criminal. 
• Garofalo publica uma obra chamada criminologia, mas quem cunhou o termo 
foi Paul Topinard. 
• Garofalo desenvolve os conceitos de temibilidade e periculosidade.
• A escola do correcionalismo penal prega, através das ideias de autor Roëder, 
que o Direito Penal deve ser aplicado por sentença com tempo indeterminado 
porque visa curar o autor do delito e não apenas puni-lo pelo fato praticado. 
• Rocco sustenta que o Direito Penal deve ter um conteúdo dogmático e que este 
deve seguir o método técnico-jurídico. 
15
1 A fase da vingança divina é caracterizada:
a) ( ) Pela proporcionalidade da pena e o mal cometido, sendo o período 
definido pelo adagio “olho por olho, dente por dente”.
b) ( ) Pela crueldade das penas, sendo que por causa da vingança entre os 
grupos, era norma o extermínio completo do grupo adversário. 
c) ( ) Pela crueldade das penas para demonstrar para as divindades que o 
grupo não concordava com a ação e que merecia ser perdoado. 
d) ( ) Pela composição civil dos danos, sendo que não se aplicava as penas 
corpóreas.
2 As fases históricas da pena podem ser classificadas como:
a) ( ) Fase da vingança divina, fase da vingança privada, fase da vingança 
pessoal. 
b) ( ) Fase da vingança divina, fase da vingança pública, fase da vingança 
pessoal. 
c) ( ) Fase da vingança divina, fase da vingança patrimonial, fase da vingança 
pessoal. 
d) ( ) Fase da vingança divina, fase da vingança privada, fase da vingança 
pública. 
3 Sobre a forma moderna da pena de privação de liberdade pode-se afirmar 
que:
a) ( ) Foi inspirada no Direito Canônico, em que a solidão e o sofrimento 
levariam até o perdão. 
b) ( ) Surgiu com a vingança divina, em que os padres aplicavam o castigo. 
c) ( ) Surgiu com a ideia de privação de liberdade aplicada pelos padres na 
fase da vingança pessoal. 
d) ( ) Foi inspirada na ideia dos filósofos gregos de meditação e trabalho. 
4 Acerca da aplicação da pena no Brasil, pode-se afirmar:
a) ( ) Em nenhum momento histórico foi aceito a pena de morte, cruel ou 
degradante. 
b) ( ) Até os dias atuais é aceita a pena de morte, cruel ou degradante. 
c) ( ) As ordenações portuguesas adotadas pelo Brasil colônia garantia ao 
condenado a proporcionalidade entre o delito cometido e a pena aplicada.
d) ( ) No Brasil Colônia era adotado como ordenamento jurídico aplicável às 
ordenações Afonsina, Manuelina e Filipina, que previam a pena de morte.
AUTOATIVIDADE
16
5 O primeiro Código Criminal a prever garantias para o acusado era o de 
Código Criminal do Império de 1830, como decorrência das ideias iluministas 
adotadas pela Constituição de 1824.
a) ( ) Verdadeiro. 
b) ( ) Falso. 
6 A escola que defende que o delinquente é um ser atávico é:
a) ( ) Escola Clássica.
b) ( ) Escola Positiva.
c) ( ) Escola Correcionalista.
d) ( ) Escola Técnica Jurídica – penal. 
7 Beccaria é autor do livro:
a) ( ) “O homem delinquente”.
b) ( ) “Comentatio na poena malum esse debeat”.
c) ( ) “Dos delitos e das penas”.
d) ( ) “Criminologia”.
17
TÓPICO 2
DOS TIPOS DE PENAS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No sistema mundial existem diversos tipos de penas que podem ser 
aplicadas aos condenados em uma sentença penal condenatória. No Brasil, os 
tipos de penas possíveis são previstos na Constituição Federal que nos elenca um 
rol exemplificativo de penas, traçando os moldes do que é admitido a ser adotado 
no sistema penal brasileiro. 
Da mesma forma, no artigo 5º, inciso XLVII, a Constituição Federal elenca 
um outro rol de penas que não são admitidas no Brasil tendo em vista seu caráter 
cruel, desumano ou degradante que trata os condenados. 
Neste tópico, iremos nos dedicar ao estudo dos tipos de penas existentes 
e daquelas que são vedadas no nosso ordenamento jurídico, sendo que as penas 
admitidas em nosso ordenamento serão estudadas mais a fundo na Unidade 2 
deste livro. 
Bons estudos!
2 TIPOS DE PENA 
Segundo Masson (2017, p. 612): “pena é a reação que uma comunidade 
politicamente organizada opõe a um fato que viola uma das normas fundamentais 
da sua estrutura e, assim, é definido como crime”. O autor complementa que “o 
bem jurídico de que o condenado pode ser privado ou sofrer limitação varia: 
liberdade (pena privativa de liberdade), patrimônio (multa, prestação pecuniária 
e perda de bens e valores), vida (pena de morte) [...]”.
Assim, notamos que as penas podem ser divididas levando-se em conta 
o bem jurídico atingido por elas. Desta forma, podemos elencar como tipos 
possíveis de pena:
• Pena privativa de liberdade.
• Pena restritiva de direito.
• Pena de multa.
• Perda de bens.
• Pena restritiva de liberdade.
• Pena corporal.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
18
Embora exista todas essas espécies de pena, nem todas são admitidas 
no Brasil, sendo algumas vedadas expressamente pela Constituição Federal no 
artigo 5º, inciso XLVII. 
IMPORTANT
E
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis (BRASIL, 1988, s. p.).
Estudaremos cada tipo de pena separadamente a seguir. 
2.1 PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
FIGURA 4 – PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
FONTE: <https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/historia-da-pena-de-morte.html>. 
Acesso em: 11 jun. 2019.
https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/historia-da-pena-de-morte.htmlTÓPICO 2 | DOS TIPOS DE PENAS
19
A pena privativa de liberdade é adotada pelo Brasil no artigo 5º, XLVI, 
“a”, da Constituição Federal, e prevista no artigo 32, I, do Código Penal. Ela retira 
a liberdade de locomoção do condenado por tempo determinado. Ela somente 
é aplicada ao condenado após uma decisão condenatória, antes disso a prisão 
efetivada não é considerada pena e sim prisão provisória. 
Esta é a modalidade de pena aplicada a quem comete qualquer crime 
não considerado de menor potencial ofensivo, ou seja, esta pena será aplicada 
para condenados por crimes como homicídio, estelionato, lesão corporal grave, 
corrupção, tráfico de drogas etc.
A pena privativa de liberdade é sempre aplicada por tempo determinado, 
sendo que no Brasil é vedada a prisão perpétua no artigo 5º, XLVII, “b”, da 
Constituição Federal. O artigo 75 do Código Penal determina que o tempo 
máximo de prisão que pode ser cumprido por alguém é de 30 anos para crime, e a 
lei de contravenção penal estabelece o limite de 5 anos para quem for condenado 
por alguma contravenção (art. 10 da lei de contravenção).
IMPORTANT
E
Constituição Federal, artigo 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena 
e adotará, entre outras, as seguintes:
privação ou restrição da liberdade (BRASIL, 1988, s. p.).
Código Penal, artigo 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não 
pode ser superior a 30 anos (BRASIL, 1940, s. p.).
Lei de Contravenção Penal, Lei n° 3688, artigo 10 - A duração da pena de prisão simples não 
pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância de as multas ultrapassar 
cinquenta contos (BRASIL, 1941, s. p.).
As espécies de pena privativas de liberdade são a reclusão, a detenção, 
e a prisão simples, que serão estudadas de maneira aprofundada em momento 
oportuno. 
2.2 PENA RESTRITIVA DE DIREITO
A pena restritiva de direito é adotada pelo Brasil no artigo 5º, XLVI, 
“e” da Constituição Federal, com a terminologia de interdição ou suspensão de 
direitos, e no artigo 32, II, CP. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
20
IMPORTANT
E
Constituição Federal, art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes: 
[...]
suspensão ou interdição de direitos (BRASIL, 1988, s. p.).
Código Penal, artigo 32 - As penas são:
[...] 
II- restritivas de direitos (BRASIL, 1940, s. p.).
Código Penal, artigo 43 - As penas restritivas de direitos são: 
I- prestação pecuniária; 
II- perda de bens e valores; 
III- limitação de fim de semana; 
IV- prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; 
V- interdição temporária de direitos; 
VI- limitação de fim de semana (BRASIL, 1940, s. p.).
Essa espécie de pena limita algum direito do condenado, que não seja a 
liberdade de locomoção do condenado por tempo determinado. A sua aplicação 
é subsidiária, ou seja, ela vem substituir uma possível privação da liberdade de 
locomoção pela restrição de algum outro direito. 
Ela somente é aplicada ao condenado após uma decisão condenatória, 
antes disso a restrição efetivada não é considerada pena e sim uma medida 
protetiva imposta para o acusado para proteger a vítima ou o processo. Para ficar 
bem claro a diferença, vamos observar a figura a seguir:
TÓPICO 2 | DOS TIPOS DE PENAS
21
FIGURA 5 – DIFERENÇA ENTRE CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO E RESTRITIVAS DE 
DIREITOS
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/
edicao-semanal/medida-cautelar-diversa-da-prisao-x-penas-alternativas/@@images/eeb93027-
459c-4632-8011-6d47934bfcca.jpeg>. Acesso em: 2 jul. 2019.
As penas restritivas de direito, segundo o artigo 43, do Código Penal (CP), 
podem ser prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço 
à comunidade, interdição temporária de direitos, limitação de final de semana. 
Cumpre salientar que, além da previsão no Código Penal, existem outras penas 
restritivas de direito elencadas em leis esparsas.
Esta modalidade de pena é aplicada em substituição a uma pena privativa 
de liberdade para os delitos considerados de menor potencial ofensivo, ou seja, 
aqueles que tem pena máxima prevista no tipo penal inferior a dois anos, por 
exemplo, a lesão corporal leve, a calúnia, o crime de dano etc. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
22
2.3 PENA DE MULTA
FIGURA 6 – PENA DE MULTA
FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/artigos/
images/indenizacao-cobranca-indevida1484216036.jpg>. Acesso em: 2 jul. 2019.
A pena de multa é adotada no Brasil por força do artigo 5º, XLVI, “c” da 
Constituição Federal, e sua previsão legal se encontra no artigo 32, III, do Código 
Penal. 
IMPORTANT
E
Constituição Federal, artigo 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena 
e adotará, entre outras, as seguintes:
[...]
c) multa (BRASIL, 1988, s. p.).
Código Penal, artigo 32 - As penas são: 
[...]
III- de multa (BRASIL, 1940, s. p.).
 
Código Penal, artigo 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário 
da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no 
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa (BRASIL, 1940, s. p.).
A pena pecuniária atinge diretamente o patrimônio do condenado, sendo 
que ao condenado será imposta uma sanção de pagar uma determinada multa.
Esta multa pode ser cominada ao condenado de maneira autônoma, ou seja, 
será a única imposição feita a ele na sentença; ou poderá ser cominada de maneira 
conjunta com outra espécie de pena. Esta pena é aplicada cumulativamente em 
TÓPICO 2 | DOS TIPOS DE PENAS
23
crimes como peculato, concussão; e pode ser aplicada isoladamente em crimes 
como emprego irregular de verbas ou rendas públicas, entre outros.
Masson (2017, p. 827) conceitua como sendo “espécie de sanção penal, de 
cunho patrimonial, consistente no pagamento de determinado valor em dinheiro 
em favor do Fundo Penitenciário Nacional”. A forma de aplicação da pena de 
multa será estudada em outro momento. 
2.4 PENA DE PERDA DE BENS
A pena de perda de bens é adotada no Brasil por força do artigo 5º, XLVI 
da Constituição Federal, e está prevista no artigo 45, §3º do CP como uma das 
formas de pena restritiva de direito.
Consiste no perdimento de bens lícitos pertencentes ao condenado em 
favor do Fundo Penitenciário Nacional de bens até o valor do proveito obtido 
com o crime ou do prejuízo causado pelo crime.
IMPORTANT
E
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na 
forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. 
[...]
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação 
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for 
maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, 
em consequência da prática do crime (BRASIL, 1940, s. p.).
Está espécie de pena não se confunde com o confisco previsto no artigo 
91 do CP, que é uma espécie de efeito da condenação a perda dos bens, em favor 
da União, dos bens obtidos como proveito do ilícito, utilizados para a prática do 
ilícito.
A pena de perdimento dos bens é uma pena autônoma que incide sobre 
os bens lícitos do condenado, e não mero efeito da condenação de perdimento de 
bens ilícitos. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
24
2.5 PENA RESTRITIVA DE LIBERDADE
A pena restritiva de liberdade é aquela que restringe a liberdade de 
locomoção do condenado, embora não o prive de sua liberdade, ou seja, ele não 
será encarcerado, porém, estará impedido de se locomover em determinados 
lugares específicos. 
Embora prevista expressamente na Constituição Federal no artigo 5º, 
XLVI, “a”, ela é possível em determinados espécies e proibida em outras pela 
própria Constituição. 
A Constituição Federal, no artigo 5º, XLVII, “d” proíbe expressamente a 
pena de banimento, que seria uma restrição à liberdade do nacional consistente 
em expulsá-lodo território nacional e proibir seu retorno.
Porém, essa medida é admitida na Lei n° 13.445/2017, a lei da migração, 
que em seu artigo 50 e seguintes prevê como sanção administrativa a deportação, 
a expulsão e a extradição do estrangeiro. Veja que a diferença é que neste caso do 
estrangeiro não será uma sanção penal e nem será o banimento de um nacional, 
será apenas a aplicação de uma sanção administrativa visando a proteção do 
território nacional. 
2.6 PENA CORPORAL
FIGURA 7 – APLICAÇÃO DA PENA CORPORAL
FONTE: <https://canalcienciascriminais.com.br/wp-content/uploads/2015/11/torture-121.jpg>. 
Acesso em: 2 jul. 2019.
TÓPICO 2 | DOS TIPOS DE PENAS
25
A pena corporal é aquela que é infligida diretamente no corpo do 
condenado como as penas de açoite, mutilação, marca com ferro quente, tortura. 
Esse tipo de pena é expressamente vedado no Brasil por força do artigo 5º, XLVII, 
“e” da Constituição Federal, que veda qualquer tipo de pena que seja cruel. Como 
forma de fixação do visto até agora, observe a figura a seguir:
FIGURA 8 – ESPÉCIEIS DE PENAS ADMITIDAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/images/
f88834c310d1fb796d4d59770148a09d>. Acesso em: 2 jul. 2019.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
26
3 PENAS VEDADAS NO BRASIL
O artigo 5º, inciso XLVII da Constituição Federal elenca o rol das penas 
que são vedadas no Brasil:
IMPORTANT
E
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
 XLVII - não haverá penas:
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
 b) de caráter perpétuo;
 c) de trabalhos forçados;
 d) de banimento;
 e) cruéis (BRASIL, 1988, s. p.).
A pena de morte é aquela em que o condenado é condenado a morte em 
decorrência do delito praticado. Foi a pena aplicada ao Tiradentes, por exemplo, 
onde ele foi enforcado em praça pública para, além da aplicação da condenação, 
servir de exemplo para os outros cidadãos. 
No Brasil, a pena de morte é expressamente proibida com exceção dos 
casos de guerra declarada, nos termos fixados no Código Penal Militar.
IMPORTANT
E
Para que consigamos ter uma ideia da aplicação da pena de morte no Código 
Penal Militar, devemos ler os artigos colacionados a seguir, todos retirados do CPM. 
 
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a 
declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se 
nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação 
das hostilidades.
Crimes praticados em tempo de guerra
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as 
penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.
TÓPICO 2 | DOS TIPOS DE PENAS
27
Pena de morte
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
Comunicação
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em 
julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias 
após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente 
executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares (BRASIL, 1969, s. p.).
Os crimes que têm a pena de morte como sua pena estão previstos a partir do artigo 355 
do CPM. 
Como já mencionado, quando tratamos da pena privativa de liberdade 
é expressamente proibida no Brasil a aplicação de pena de caráter perpétuo, ou 
seja, aquela pena em que o condenado deverá permanecer encarcerado pelo resto 
de sua vida. Por isso, que o Código Penal determina que o máximo de tempo para 
o cumprimento da pena será de 30 anos.
Contudo, temos que ter em mente que esse prazo máximo será utilizado 
apenas para o real cerceamento de liberdade, não sendo utilizado para a concessão 
de nenhum benefício, como a progressão de regime. Ou seja, para a contagem 
do prazo para a concessão de qualquer benefício será utilizado o tempo real da 
condenação; mas se o condenado ficar encarcerado por 30 anos, ele será colocado 
em liberdade, por força do artigo 75 do CP.
IMPORTANT
E
No Brasil, como dito, não é permitida a pena de caráter perpétuo. Nos Estados 
Unidos existe uma norma que determina que na terceira condenação definitiva o condenado 
reincidente será preso perpetuamente para que não retorne ao convívio da sociedade. Essa 
norma é chamada de three strikes and you’re out, baseado em uma regra do basebol.
As penas de trabalho forçado também são vedadas pela Constituição 
Federal, se trata das penas em que os condenados eram obrigados a trabalhar em 
condições degradantes e cruéis como quebrar pedras. 
Não se confundem com o direito/dever de o condenado trabalhar 
enquanto se encontrar encarcerado, porque o trabalho exercido pelo condenado 
será dentro de sua capacidade física e intelectual, e visará a sua ressocialização e 
não uma forma de tornar mais severa sua sentença. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
28
A pena de banimento, também proibida no Brasil por força de ordem 
constitucional, constituía-se na expulsão do Brasileiro do território nacional, 
proibindo-se seu reingresso. Assim, o condenado era expulso se sua pátria, não 
podendo a ela retornar. Foi aplicada durante a ditatura militar para diversos 
presos políticos. 
Por fim, a Constituição veda a aplicação de penas cruéis a qualquer 
condenado. Essas penas eram as penas corpóreas, que alcançavam o corpo do 
condenado além de sua liberdade de locomoção. 
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Os tipos de penas são pena privativa de liberdade; pena restritiva de direito; 
pena de multa; perda de bens; pena restritiva de liberdade e pena corporal.
ᵒ As penas privativas de liberdade são as que restringem a liberdade de 
locomoção do condenado, levando-o ao encarceramento. O tempo máximo 
da pena privativa de liberdade é de 30 anos, conforme o artigo 75 do Código 
Penal. 
ᵒ As penas restritivas de direito restringem ou limitam um ou mais direito 
do condenado, sem restringir diretamente seu direito de locomoção, não 
levando-o ao encarceramento. As penas restritivas de direito, segundo o 
artigo 43, do CP podem ser prestação pecuniária, perda de bens e valores, 
prestação de serviço à comunidade, interdição temporária de direitos, 
limitação de final de semana.
ᵒ A pena de multa é uma pena pecuniária aplicada isolada ou cumulativamente 
ao outro tipo de pena.
ᵒ A pena de perda dos bens é uma espécie de restritiva de direito que incide 
sobre os bens lícitos do condenado. Os bens só serão perdidos em favor do 
Fundo Penitenciário Nacional, tendo como valor, o prejuízo causado ou o 
proveito obtido pelo condenado com a prática do crime. 
ᵒ A pena restritiva de liberdade não se confunde com pena privativa de 
liberdade, enquanto a pena privativa mantém o condenado encarcerado, na 
restritiva de liberdade ele perde o direito de frequentar alguns lugares, como 
na pena de banimento. 
ᵒ A pena corporal é a que incide diretamente no corpo do condenado, como na 
pena de açoite. 
• As penas proibidas no Brasil são a pena de morte (salvo em caso de guerra 
declarada), pena de caráter perpétuo, pena de trabalho forçado, pena de 
banimento e pena cruel.
ᵒ A pena de morte apenas é aceita em caso de guerra declarada nos termos 
previstos no Código Penal Militar.
ᵒ A pena de caráter perpétuo é a pena que o condenado permanecerá 
encarcerado durante toda vida do condenado. 
ᵒ A pena de trabalho forçado, o condenado será obrigado a trabalhos 
degradantes durante seu encarceramento como forma de tornar sua pena 
mais severa.
ᵒ A pena de banimento é quando o condenado é proibido de permanecer em 
seu país de origem, não podendo a ele regressar.
ᵒ A penacruel é a pena que incide de maneira cruel na pessoa do condenado. 
30
1 São tipos de pena vedadas no Brasil:
a) ( ) Pena de morte. 
b) ( ) Pena de caráter perpétuo.
c) ( ) Pena cruel.
d) ( ) Pena de banimento.
e) ( ) Todas as anteriores. 
2 Sobre as penas privativas de liberdade, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) São permitidas no Brasil, sendo que o Código Penal estabelece o tempo 
máximo para que alguém possa ficar encarcerado em cinco anos. 
b) ( ) São proibidas pela Constituição Federal por causa de seu caráter 
degradante.
c) ( ) Embora sejam permitidas no Brasil, elas ainda não foram 
regulamentadas, e por causa do princípio da legalidade não podem ser 
aplicadas.
d) ( ) São permitidas no Brasil, estando expressamente previstas no artigo 5º 
da Constituição Federal, e regulamentadas pelo Código Penal. 
3 Sobre as penas restritivas de direito, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) O rol do artigo 43 do Código Penal elenca todas as possibilidades de 
penas restritivas de direito, sendo vedado ao juiz determinar qualquer 
outra na sentença.
b) ( ) O rol do artigo 43 do Código Penal elenca de maneira exemplificativa 
as possibilidades de penas restritivas de direito, sendo lícito ao juiz, 
estabelecer qualquer outra que se demonstre necessária e eficaz ao caso 
concreto. 
c) ( ) As penas restritivas de direito não se confundem com as medidas 
cautelares diversas da prisão. 
d) ( ) As penas restritivas de direito são aquelas que limitam um direito do 
condenado, conduto não atinge sua liberdade de locomoção através do 
cárcere. 
4 A pena de multa, também chamada de pena de perda de bens em favor da 
União, é uma pena que atinge diretamente o patrimônio do condenado, 
podendo lhe ser fixado um valor para o pagamento, ou mesmo a perda de 
seus bens. 
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado. 
AUTOATIVIDADE
31
5 A Constituição Federal veda a pena de trabalho forçado, contudo, a Lei 
de Execução Penal prevê como um dever do preso o exercício de trabalho 
enquanto estiver encarcerado. Porém, a forma de trabalho regulamentada 
pela LEP não se encaixa no conceito de trabalho forçado e por isso não é 
vedada pela Constituição. 
a) ( ) Certo.
b) ( ) Errado. 
32
33
TÓPICO 3
VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS 
INDIVIDUAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DA PENA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, estamos estudando sobre as penas. Iniciamos com a 
história das penas e das escolas penais. Passamos para os tipos de penas que 
existem, bem como para as que são vedadas para aplicação no Brasil. 
Desta forma, não podíamos terminar esta unidade sem estudarmos 
os princípios constitucionais que permeiam a aplicação da pena no Brasil. 
Estudaremos os princípios constitucionais e aplicação das penas principais. São 
eles:
• Princípio da legalidade.
• Princípio da anterioridade.
• Princípio da humanização da pena.
• Princípio da pessoalidade.
• Princípio da proporcionalidade.
• Princípio da individualização da pena.
• Princípio da inderrogabilidade.
• Princípio da intervenção mínima. 
Desejo a todos um ótimo estudo!
2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS REFERENTES À PENA
Pena pode ser conceituada, segundo Masson (2017, p. 612) como:
 
espécie de sanção penal consistente na privação ou restrição de 
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em 
decorrência do cometimento de uma infração penal, com as finalidades 
de castigar seu responsável, readaptá-lo ao convívio em comunidade 
e, mediante a intimidação endereçada à sociedade, evitar a prática de 
novos crimes ou contravenções penais.
Contudo, essas sanções penais são previamente limitadas por princípios 
constitucionais que determinam os limites que essas penas podem atingir. 
34
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
Conforme vimos no Tópico 2 desta unidade, existem até mesmo espécies 
de penas que são vedadas pela Constituição. Sendo que as demais espécies de 
pena devem se pautar pelos princípios constitucionais que traçam as balizas que 
devem ser seguidas, primeiramente pelo legislador, e depois pelo magistrado no 
caso concreto. 
Podemos elencar como princípios constitucionais aplicáveis às penas os 
seguintes:
• Princípio da legalidade;
• Princípio da anterioridade;
• Princípio da humanização da pena;
• Princípio da pessoalidade;
• Princípio da proporcionalidade;
• Princípio da individualização da pena;
• Princípio da inderrogabilidade;
• Princípio da intervenção mínima. 
Estudaremos pormenorizadamente cada um deles.
3 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
Também chamado de princípio da reserva legal ou da estrita legalidade, 
tem previsão expressa na Constituição Federal no art. 5º, XXXIX, e no artigo 1º do 
Código Penal.
IMPORTANT
E
Constituição Federal, artigo 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
(BRASIL, 1988, on-line)
Código Penal, artigo 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal.
(BRASIL, 1940, on-line)
Masson (2017, p. 613) afirma que esse princípio deriva do brocado nulla 
poena sine lege, quer dizer que não há pena sem lei. 
Assim, este princípio determina que para que seja considerada uma 
infração, a ação tem que estar tipificada em lei, ou seja, para que alguém possa 
TÓPICO 3 | VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DA PENA
35
ser processado e condenado pela prática de uma infração esta ação ou omissão 
tem que estar previamente tipificada. Estefam e Gonçalves (2017, p. 486) definem 
esse princípio como aquele:
que exige a tipificação das infrações penais em uma lei aprovada pelo 
Congresso Nacional, de acordo com as formalidades constitucionais, 
e sancionada pelo Presidente da república. Um ilícito penal não pode 
ser criado por meio de decreto, resolução, medida provisória etc. 
Os tribunais superiores brasileiros utilizam bastante este princípio em 
seus julgados:
IMPORTANT
E
JUGADO DO STJ
Agravo Regimental No Agravo Em Recurso Especial. Penal. Suposta Afronta À Súmula N.º 7 
Do Superior Tribunal De Justiça. Inexistente. Furto Qualificado. Réu Primário. Res Furtiva De 
Valor Inferior A Um Salário Mínimo. Montante Do Prejuízo Suportado Pela Vítima Em Razão 
Do Rompimento De Obstáculo. Fundamento Não Previsto Na Lei De Regência. Princípios 
Da Legalidade Estrita E Proibição De Analogia Na Lei Penal. Reconhecimento Da Figura 
Privilegiada. Possibilidade. Súmula n.º 511/Stj. Agravo Regimental Desprovido. 
[...] De acordo com o consignado no aresto proferido quando da apreciação dos embargos 
de declaração, embora o prejuízo imposto à vítima – levando-se em conta a quebra do 
vidro do respectivo automóvel – seja, em tese, maior que um salário mínimo, o que deve 
ser considerado para a aplicação da causa especial de diminuição de pena, prevista no art. 
155, § 2.º, do Código Penal, é o valor das res furtiva, que, in casu, foi avaliado em R$ 475,00. 
Entendimento diverso contrariaria o princípio da estrita legalidade e da proibição de analogia 
na lei penal. 
FONTE: STJ, Sexta Turma, Relatora Ministra Laurita Vaz, AgRg no AREsp 
1478374 / SP, Data do Julgamento: 04/06/2019; Data da Publicação/Fonte: 
DJe 14/06/2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/
documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=96422959&num_
registro=201901011135&data=20190614&tipo=91&formato=PDF. Acesso em: 2 jul. 2019. 
No caso julgado, o Superior Tribunal de Justiça utilizou do princípio da 
legalidade para fundamentar a aplicação de uma causa de aumento de pena, uma 
vez que a somente pode ser utilizado pelo julgador aquilo que está previsto em 
lei. 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=96422959&num_registro=201901011135&data=20190614&tipo=91&formato=PDF
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=96422959&num_registro=201901011135&data=20190614&tipo=91&formato=PDF
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=96422959&num_registro=201901011135&data=20190614&tipo=91&formato=PDF36
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
3.1 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 
Também previsto nos mesmos artigos do princípio anterior, ou seja, na 
Constituição Federal no art. 5º, XXXIX, e no artigo 1º do Código Penal. Contudo, 
pode-se até mesmo se entender que estes princípios são complementares, uma 
vez que, conforme sustenta Masson (2017, p. 613) esse princípio deriva do brocado 
nulla poena sine praevia lege.
Isto é, não basta que exista uma lei prevendo a tipificação daquela ação 
ou omissão como infração penal, mas ainda, que esta lei tem que ser anterior ao 
cometimento do delito. Vejamos um exemplo: se hoje for promulgada e entrar 
em vigor imediatamente, respeitando todo o processo legislativo, uma lei que 
tipifique como crime beber refrigerante com pena de seis meses até cinco anos 
de reclusão. Apenas poderá ser processado penalmente pelo delito de beber 
refrigerante quem o fizer de hoje em diante, mas não poderá sê-lo aquele que 
bebeu refrigerante até então por falta de previsão legal anterior. Com isso em 
mente, fica fácil entender o conceito trazido por Estefam e Gonçalves (2017, p. 
487):
O princípio da anterioridade exige que lei que incrimina certa 
conduta seja anterior ao fato delituoso que se pretende punir. Assim, 
é inaceitável que, após a prática de fato não considerado criminoso, 
aprove-se uma lei para punir o autor daquele fato pretérito. 
Assim, somente alguém pode ser punido se praticar a conduta típica, 
ilícita e culpável após a entrada em vigor da lei que a tipifique. 
3.2 PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO 
Mesmo que a pessoa seja condenada a uma pena através de uma sentença 
penal condenatória, essa pena deverá respeitar a condição de ser humano do 
condenado, não podendo atingir diretamente sua dignidade humana. 
É com base neste princípio que a Constituição, dentro do título de direitos 
e garantias fundamentais, elenca em diversos incisos que o tratamento dispensado 
ao condenado não poderá ultrapassar os direitos fundamentais.
TÓPICO 3 | VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DA PENA
37
IMPORTANT
E
Artigo 5º da Constituição Federal. 
III- ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis (BRASIL, 1988, s. p.).
DICAS
Tem-se claro que na realidade brasileira, com o estado atual de nossos presídios, 
nem sempre este princípio é respeitado. Em razão disso já há diversas ações judiciais 
discutindo este assunto, como por exemplo, a Ação de Arguição de Preceito Fundamental 
n° 347. Para saber mais sobre essa ação, acesse: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=TP&docID=10300665.
3.3 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
O princípio da proporcionalidade vem previsto implicitamente no artigo 
5º, XLVI da Constituição Federal, determinando que deve haver um equilíbrio 
entre a infração penal praticada e a pena a ela cominada. 
Masson (2017, p. 614) conceitua o princípio como uma “resposta penal 
deve ser justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, bem 
como para prevenir novas infrações penais”.
Este equilíbrio, esta proporcionalidade, deve haver em todas as fases 
da pena, iniciando-se a proporcionalidade no processo legislativo, sendo que o 
legislador deverá prever uma pena em abstrato para a infração penal que seja 
adequada à infração penal que está sendo tipificada. Estefam e Gonçalves (2017, 
p. 487) afirmam que:
Deve haver correspondência entre a gravidade do ilícito praticado e a 
sanção a ser aplicada. Este princípio deve também nortear o legislador 
no sentido de não aprovar leis penais extremamente rigorosas, no calor 
de certos episódios noticiados pela imprensa, provocando distorções 
entre a pena prevista em abstrato e a gravidade do delito. 
38
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO ÀS PENAS NO BRASIL
Da mesma forma, o magistrado, no momento de aplicação da lei ao caso 
concreto, deverá buscar a pena em abstrato para aplicá-la de modo proporcional 
ao caso concreto, levando em consideração todas as especificidades do caso. 
Os Tribunais Superiores utilizam muito deste princípio para análise da 
aplicação da lei ao caso concreto, hora reconhecendo sua aplicação e denegando 
o recurso, hora reconhecendo que ele não foi aplicado e reformando a decisão 
originária.
IMPORTANT
E
JUGADO DO STF
Agravo regimental em habeas corpus. 2. Tráfico de drogas (artigo 33, caput, da Lei 11.343/2006). 
Condenação. 3. Aumento da pena-base. Maus antecedentes não caracterizados. Decorridos 
mais de 5 anos desde a extinção da pena da condenação anterior (CP, artigo 64, inciso 
I), não é possível alargar a interpretação de modo a permitir o reconhecimento dos maus 
antecedentes. Aplicação do princípio da razoabilidade, proporcionalidade e dignidade 
da pessoa humana. 4. Ordem concedida. 5. Ausência de argumentos capazes de infirmar a 
decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. 
FONTE: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749609958>. 
Acesso em: 3 jul. 2019.
No caso em análise, tratava-se de tráfico de drogas em que não foi aceita 
aplicação de maus antecedentes para o acusado, uma vez que já fazia mais 
de cinco anos da extinção da pena do delito anterior. Desta forma, o Tribunal 
reconheceu que a aplicação de maus antecedentes, neste caso concreto, iria ferir o 
princípio da proporcionalidade. 
3.4 PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
O princípio da adequação social determina que algo somente poderá ser 
considerado delito, e consequentemente tipificado pelo legislador, se afrontar o 
sentimento de justiça da sociedade civil como um todo. 
Assim, é necessário que a conduta seja reprovada pela maioria da 
população de determinado Estado (país) para que a mesma possa ser considerada 
uma infração penal através do tramite legislativo. 
Um exemplo claro disso, é a lesão corporal realizada em uma luta de boxe, 
que não é considerada um delito, porque está dentro da adequação social, ou 
seja, é aceita pela sociedade, e neste caso, não pode ser imputada uma pena ao 
cidadão, porque sua conduta será considerada atípica. 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749609958
TÓPICO 3 | VISÃO CONSTITUCIONAL DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS CONCERNENTES À APLICAÇÃO DA PENA
39
3.5 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
O princípio da individualização da pena foi adotado no Brasil e está 
expresso na Constituição Federal, em seu artigo 5º, XLVI, CF que estabelece que 
a lei deve regular a forma de individualização da pena. Isso significa que cada 
pessoa deverá ter uma pena fixada para si, considerando a sua individualidade. 
Esse processo de individualização inicia-se no processo legislativo, em 
que o legislador deverá eleger apenas as condutas que não possuam adequação 
social para fazer parte do cabedal de infrações penais. Greco (2012, p. 69) afirma 
que:
O primeiro momento da chamada individualização da pena ocorre 
com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe para fazer parte 
do pequeno âmbito de abrangência do direito Penal aquelas condutas, 
positivas ou negativas, que atacam nossos bens mais importantes. 
Destarte, uma vez feita essa seleção, o legislador valora as condutas, 
cominando-lhes penas que variam de acordo com a importância do 
bem a ser tutelado. 
No momento de aplicação da pena, ocorre a continuação do processo de 
individualização da pena, sendo que o magistrado, concluindo que a conduta 
praticada é classificada como infração penal, deverá fixar qual a pena a ser 
aplicada ao caso concreto dentro dos limites de pena mínima e máxima fixada 
pelo legislador. E o magistrado fará isso utilizando-se dos critérios fixados no 
artigo 59 do Código Penal (que será visto oportunamente).
O magistrado deverá considerar

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