TEMA: AFRICANOS NO BRASIL CULTURA AFRICANA CULTURA AFRICANA Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98. Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000. lndaial-SC Fone: (0xx47) 3281-9000/3281-9090 Home-page: www.uniasselvi.com.br Cultura Africana Centro Universitário Leonardo da Vinci Conteudista Tânia Cordova Conteudista Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Ensino Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Eloisa Amanda Rodrigues Revisão: Anuciata Moretto Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 1Africanos no Brasil 1 AFRICANOS NO BRASIL A escravidão negra foi uma das maiores questões presentes na história brasileira. Iniciada paulatinamente em 1532, com a colonização e estendida até 1888, com a assinatura da Lei Áurea, que aboliu e libertou a escravidão no país. Nestes três séculos e meio, o africano trazido como escravo desempenhou, no período colonial e no pós-independência, um importante papel para o desenvolvimento econômico. O tráfi co de africanos intensifi cou-se em toda a América, e especialmente na América Portuguesa, a partir de 1580. Antes desse período, os africanos escravizados eram destinados à Europa, sendo comercializados a partir da costa da África ou destinados às minas de prata na América Espanhola. A partir das difi culdades de se escravizarem índios, e com a ampliação da presença portuguesa na costa africana, aumentou o fl uxo de africanos cativos para o Brasil, fazendo com que se consolidasse o crescimento da produção açucareira nos engenhos do Nordeste e, posteriormente, no Sudeste. De acordo com Souza (2007), o comércio de escravos para o Brasil está organizado em três momentos. O primeiro compreende os anos de 1540 a 1580 e diz respeito aos africanos vindos da Alta Guiné, na região do rio Gâmbia. Estes africanos eram enviados para o trabalho nas plantações de cana e nos engenhos. Entre os anos de 1580 e 1690, os confl itos na região de Angola irão benefi ciar o comércio português, pois as guerras fi zeram muitos prisioneiros que eram negociados como escravos com os portugueses. Neste período, houve um crescimento signifi cativo da produção açucareira no nordeste brasileiro. Os holandeses que ocuparam algumas regiões no Nordeste, entre elas, o Recife. Também negociavam escravos com os chefes africanos. Entre os anos de 1640 a 1647 ocuparam a região de Luanda na África. Entre os anos de 1690 até a instituição formal do fi m do tráfi co atlântico em 1850, os portos em Angola e os portos da Costa da Mina foram os maiores fornecedores de escravos para o Brasil, com uma maior relação entre Salvador e a Costa da Mina, o Rio de Janeiro e Angola. De acordo com Souza (2007), os escravos que chegavam ao Brasil eram embarcados em alguns portos africanos, como: Luanda, Benguela e Cabinda, na costa de Angola, Ajudá e Lagos, na Costa da Mina, e mais tarde, no porto de Moçambique. - de Benguela vinham os ovimbundos; Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 2 Cultura Africana - de Luanda: dembos, ambundos, imbangalas, quiocos, lubas e lunas; - de Cabimda vinham congos e tios. Todos pertencentes ao grupo linguístico banto. Em São Luís do Maranhão e no Pará chegaram escravos vindos da Alta Guiné, principalmente de Bissau e de Cabo Verde. A região africana da Zambézia, também foi fornecedora de cativos para a colônia portuguesa na América. Os escravos vindos do Golfo da Guiné eram denominados de minas. Mais tarde, de acordo com Souza (2007), além das designações mais gerais de negro mina, ou negro da Guiné. Na Bahia, os escravizados vindos de áreas mais a Oeste eram chamados de jêjes e cultuavam os voduns. Prezado(a) estudante, a fi gura a seguir mostra uma negra mina. FIGURA 1 – MULHER MINA FONTE: Disponível em: <http://abentumba.blogspot.com.br/p/os-bantus.html>. Acesso em: 8 jun. 2012. Os iorubás, vindos da região mais a Leste foram denominados de nagôs e cultuavam os orixás, mitologicamente ligados à cidade de Ifé, de onde teriam se originado todos os reinos da região do Golfo da Guiné. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 3Africanos no Brasil No século XIX, chegaram ao Brasil, mais especifi camente à Bahia, grupos africanos denominados de hauçás, aprisionados nas guerras contra os iorubás. Os hauçás eram islamizados e acabaram por manter e difundir práticas islâmicas na sociedade baiana. FIGURA 2 - CRIANÇA DO GRUPO ÉTNICO IORUBA FONTE: Disponível em: <http://www.nairaland.com/647752/modern-traditionalattire- nigeria/2>. Acesso em: 8 jun. 2012. Entre as infl uências culturais africanas, Souza (2007) sinaliza que a infl uência banto é a mais antiga e a mais disseminada por todo o Brasil. As manifestações culturais de infl uência banto são resultado de misturas mais antigas, incorporando elementos das culturas indígena, portuguesa e iorubá. Segundo essa mesma autora, a infl uência iorubá é mais forte na região de Salvador, que manteve fortes laços com a Costa da Mina. Em suma, diversas regiões brasileiras receberam diferentes grupos africanos. Esses grupos foram reagrupados no Brasil, com as denominações de: Angola, Congo, Benguela e Cabinda e identifi cados pelos portos de onde haviam sido embarcados na África. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 4 Cultura Africana FIGURA 3 - NEGROS DE DIFERENTES NAÇÕES DE ETNIA BANTO FONTE: Disponível em: <http://abentumba.blogspot.com.br/p/os-bantus.html>. Acesso em: 8 jun. 2012. Caro(a) estudante, é inegável a presença dos diferentes grupos africanos no Brasil. Estes grupos, mesmo na condição de escravos, refi zeram elementos que faziam parte da cultura africana, inserindo ou justapondo-os aos elementos da cultura brasileira. Estudaremos a irradiação de elementos culturais no Brasil. À medida que o africano era inserido na sociedade brasileira tornouse afro-brasileiro. Usa-se o termo afro-brasileiro para indicar produtos de mestiçagens para os quais as matrizes são africanas. Matrizes estas, presentes na formação do povo e da cultura brasileira. Além dos traços físicos e marcas genéticas nas feições da população, a música e a religiosidade, talvez sejam, as manifestações culturais em que a presença africana esteja mais evidente. Desta forma, vamos nos apropriar das características culturais de matrizes africanas presentes na cultura brasileira. Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2012. Todos os direitos reservados. 5Africanos no Brasil 2 AS MANIFESTAÇÕES DAS RELIGIOSIDADES AFRICANAS Ao longo da história da humanidade, a religiosidade sempre esteve presente. Seja qual for a forma de devoção ou crença, as religiões sempre trouxeram princípios éticos, buscando o sentido da vida e tentando explicar a morte. Na África, a religião tem lugar central na cultura, sendo a esfera de onde vem toda a orientação para a vida, a garantia do bem-estar, da harmonia e da saúde. As práticas mágico-religiosas, por meio das quais os homens entram em contato com entidades sobrenaturais, espíritos, desuses e ancestrais constituíam- se em aspecto central na vida dos africanos. Assim como viria a ser na vida de seus descendentes. No Brasil, as religiões africanas foram transformadas, ritos e crenças de alguns povos se misturaram com os de outros, com os dos portugueses e índios. Nesse processo, muitas características africanas foram mantidas. (SOUZA,