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cultura_africana_-_etapa_3

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2007).
Nos ritos africanos, o sobrenatural era (é) acionado por especialistas 
que dominavam os conhecimentos necessários, para que as entidades do além 
pudessem ajudar a solucionar, geralmente, questões da vida cotidiana. Com o 
passar do tempo, as práticas mágico-religiosas começaram a difundir-se em outros 
segmentos da sociedade. A recorrência a especialistas em curas e adivinhações 
se tornou uma prática comum entre as pessoas que buscavam novas orientações 
para seus problemas.
Os especialistas se tornaram membros importantes de certas 
comunidades, usando seus serviços e conhecimentos.
Nos grupos de origem banto, os ritos mais comuns estavam ligados: às 
adivinhações, curar doenças, amansar senhores, conquistar o sexo oposto, fechar 
o corpo contra agressões. Praticava-se uma diversidade de ritos que permitiam 
que as forças do além agissem, às vezes, por meio de possessões, com descidas 
dos espíritos invocados sobre o corpo do sacerdote, que tomados por eles 
permitiam que se comunicassem com os interessados, orientando-os na solução 
de problemas. (SOUZA, 2007).
Prezado(a) estudante, os povos africanos misturaram-se aos povos que 
aqui se encontravam, como: índios, portugueses, entre outros e conferiram a 
estes características físicas e genéticas.
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6 Cultura Africana
Outras vezes, o acesso a informações sobrenaturais se dava pela leitura 
dos indícios do além, por meio dos oráculos que se utilizavam de consultas a 
pedras, contas, conchas, cabaças com conteúdos misteriosos, bacias de água, 
entre outros. Conforme o resultado das consultas, medidas deveriam ser 
tomadas para que a normalidade fosse reestabelecida, ou para que o objetivo 
fosse alcançado. Compostos com bebidas variadas e, às vezes, exóticas eram 
preparadas. Desta forma, deveriam ser feitos à base de ingredientes incomuns, 
como: extratos de plantas, penas de animais, secreções do corpo da pessoa 
sobre a qual se queria agir, entre outros.
No Brasil, os ritos desse tipo eram chamados de calunduns, palavra de 
origem banto, que foi associada ao termo kimbundo quilundo, um nome genérico 
para qualquer espírito que possuísse uma pessoa. Na África, o termo quilundo 
era referente a qualquer possessão por espíritos. No Brasil, calundu também 
adquiriu um signifi cado semelhante, além de designar um estado de espírito 
sombrio.
A partir do século XIX, o papel do calunduzeiro foi ocupado pelas mães 
e pais de santo dos candomblés da Bahia, do Rio de Janeiro, do Maranhão, de 
Porto Alegre e outras regiões do país e das umbandas do Rio de Janeiro, de São 
Paulo, de Minas Gerais e de Goiás.
Caro(a) estudante, o termo umbanda é utilizado para designar as religiões 
afro-brasileiras de origem banto, nas quais são cultuados ancestrais e espíritos da 
natureza, com forte presença de elementos das religiões indígenas e também 
infl uência do espiritismo, de origem europeia.
O candomblé é outro conjunto de práticas e crenças mágico-religiosas de 
matrizes africanas que germinou no Brasil. O termo pertence à língua banta. No 
entanto, no Brasil refere-se, também a cultos de origem iorubá e daomeana.
Caro(a) estudante!
- Quando a infl uência é de origem iorubá ou nagôs, as principais entidades são 
os orixás.
- Quando a infl uência é de origem daomeana ou jêjes, as entidades são voduns.
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7Africanos no Brasil
Orixás e voduns são entidades ancestrais e heróis divinizados fundadores 
de linhagens, reinos e cidades-estado, sendo não só a origem da organização 
social e política, como aqueles que orientam toda ação dos homens em sua 
vida terrena. (SOUZA, 2007).
FONTE: Adaptado de: <http://gongofi la.blogspot.com.br/2009/08/religiosidadeafro-
brasileira.html>. Acesso em: 27 jun. 2012.
FIGURA 4 – ORIXÁS DO CANDOMBLÉ
FONTE: Disponível em: <http://espadadeogum.blogspot.com.br/2010/04/comidas-de-
santo.html>. Acesso em: 9 jun. 2012.
No candomblé, os principais orixás são:
● Oxalá: divindade da criação dos seres humanos; soberano que tudo 
comanda.
● Xangô: divindade dos raios, relâmpagos e trovões.
● Ogum: divindade do ferro e dos ferreiros, deus das guerras.
● Oxossi: divindade das fl orestas e da caça.
● Omolu/Obaluayê: divindades da varíola e das doenças contagiosas.
● Oxumarê: divindade das chuvas e do arco-íris.
● Exu: mensageiro, guardião dos templos, das casas e das pessoas.
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8 Cultura Africana
● Iemanjá: divindade das águas salgadas.
● Oxum: divindade das águas doces.
● Iansã: divindade das tempestades, dos ventos e dos relâmpagos.
● Ibejis: divindades das brincadeiras, da infância e da fecundidade.
Os terreiros que abrigam candomblés e umbandas são espaços que 
reforçam as características da cultura africana, como: a arquitetura, as formas 
de festejar, os ritos e as danças. É no ritmo dos tambores, cujo som é um dos 
elementos que permitem que os espíritos desçam sobre médiuns, por meio 
dos quais eles se comunicam com os vivos. A música africana tem a sua maior 
expressão na cultura. (SOUZA, 2007).
Nos terreiros, os diferentes ritmos africanos permitem a 
incorporação de uma entidade sobrenatural, que tem toque, 
cores, adereços, roupas, comidas e gestos próprios. Cada 
terreiro tem seus orixás e espíritos. Cada médium recebe 
determinadas entidades, em numero limitado. (SOUZA, 2008, 
p. 113).
Entre os negros, não foram somente as religiões de origem africanas 
que estiveram presentes. O catolicismo e o islamismo também foram 
crenças difundidas entre os grupos africanos. No Brasil, os africanos cristãos 
se organizavam em irmandades que eram aceitas e estimuladas pela Igreja 
Católica e pela administração colonial. Os principais santos de devoção 
das irmandades de “homens prestos” eram Nossa Senhora do Rosário, Santa 
Efi gênia e São Benedito.
As crenças religiosas africanas misturaram-se com o catolicismo, 
formando o que se chama de sincretismo religioso. Algumas divindades negras 
(orixás) foram identifi cadas como santos católicos: Oxalá, pais dos orixás, foi 
identifi cado com Nosso Senhor do Bonfi m; Xangô identifi cado como Santo 
Antônio e Ogum como São Jorge.
FONTE: Adaptado de: <http://eduep.uepb.edu.br/biofar/n2v1/PLANTAS_MEDICINAIS.
htm>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Caro(a) estudante, como já sinalizado, a religiosidade faz parte da vida 
dos seres humanos e através dela são expressados os mais variados sentimentos. 
Proibidas no passado, depois toleradas, as religiões afro-brasileiras são cada 
vez mais consideradas religiões válidas.
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9Africanos no Brasil
No entanto, o preconceito a estas manifestações religiosas ainda estão 
enraizadas na sociedade contemporânea. Presente nos terreiros de candomblé 
e umbanda. A música é um importante elemento cultural africano, difundido 
nas Américas.
No próximo item, discutiremos sobre a música e outras expressões da 
cultura africana.
IMPORTANTE:
A palavra preconceito diz respeito à ideia, opinião 
ou sentimento em relação a algo já preconcebido 
como desfavorável ou negativo.
3 A IRRADIAÇÃO DE ELEMENTOS CULTURAIS AFRICANOS 
NA CULTURA BRASILEIRA
Além de ser central nos cultos religiosos, a música de infl uência africana, 
na qual o tambor é o instrumento mais importante, também é fundamental 
em muitas outras ocasiões como festas e danças. A música africana infl uenciou 
fortemente a música contemporânea, tanto a popular quanto a erudita. Os 
ritmos populares como o samba, a rumba, a salsa, o jazz e o calipso, difundidos 
do continente americano para o resto do mundo, tem raízes africanas.
A música africana se assenta na percussão. Na variedade de instrumentos, 
sobretudo,
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