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INJURIA RENAL AGUDA E INSUFICIÊNCIA RENAL CRONICA FISIOPATOLOGIA - Diminuição na taxa de filtração glomerular (TFG), que, normal vai de 90-120, traz consequências ao corpo, que se manifestam por síndrome urêmica. - A síndrome urêmica não é provocada diretamente pela ureia, mas sim pelos demais compostos nitrogenados retidos no organismo pela função renal comprometida. • Filtração comprometida causa retenção de escorias • Desequilíbrio hidroeletrolítico e acido-basico • Disfunção endocrino-metabólica - A disfunção que mais se mostra na insuficiencia renal cronica é a endócrina. Consequências da disfunção renal Retenção de escorias nitrogenadas azotemia Azotemia causa: Pericardite uremica Encefalopatia uremica Gastrite uremica Disfunção plaquetária Desequilíbrio hidroeletrolítico e acido-básico Retenção de eletrólitos e água Redução de cálcio e sódio BACANA - baixa cálcio e sodio Hipervolemia Acidose metabólica (retencao de H) Hipercalemia Hipermagnesemia Hiperfosfatemia Hipocalcemia Hiponatremia Disfunção endocrino-metabólica se mostra mais na insuficiência crônica Diminuição da eritropoetina causa anemia Diminuição do calcitriol causa hiperparatireoidismo secundário Dislipidemia Aterogenese Como avaliar a função renal? - Ureia e creatinina só se alteram quando o comprometimento renal é maior que 50%, ou seja, quando metade da função renal já foi perdida, ou seja, TFG<50%, ou seja, não devem ser utilizadas para a avaliação da função renal isoladamente. Apenas a progressão da creatinina em um tempo curto pode indicar lesão renal aguda. • Ambos, ureia e creatinina, podem se alterar em outras condições: - Ureia pode se elevar mesmo sem insuficiência renal em situações de sepse, uso de corticoides, diureticos, - Creatinina pode se elevar mesmo sem insuficiência renal em situações de elevada musculatura ou rabdomiolise. - Clearance de creatinina é o volume de plasma que se ve livre da massa de uma substancia eliminada a cada minuto através da urina. A creatinina é “clareada" através da filtração glomerular, bem como da secreção tubular. O clearance só se altera quando a função renal está alterada em mais de 30%, ou seja, quando TFG < 70%. • O clearance só pode ser utilizado na insuficiência renal cronica, não pode ser utilizado na injuria renal aguda. - Para avaliar a função renal, portanto, é necessário avaliar o clearance de uma substancia que é clareada exclusivamente através da filtração glomerular. Varias substancias tem essa característica, podendo ser usados: insulina ou iotalamato, que são os mais fidedignos. - Clearance de insulina ou iotalamato. Como saber se existe lesão renal? - O marcador de lesão renal é a albumina. - Albuminuria > 30mg/dia indica lesão renal. Ureia: 20 - 40 mg/dL Creatinina: < 1,5 (homem) < 1,3 (mulher) ClCr: 80 - 150 mL/min ClCr: 0,85 x peso x (140 - idade) (72 x creatinina) ClCr (criança): k x altura(cm) creatinina Injúria renal aguda - IRA - Define-se como sendo o aumento de 0,3 ou 50% na creatinina sérica em 48h ou por um aumento maior ou igual a 1,5 na creatinina serica em 7 dias ou, ainda, redução na diurese para menos de 0,5 mL/kg/h por mais de 6h. - Classifica-se a IRA por meio das metodologias AKIN ou RIFLE. - As etiologia da IRA podem ser divididas em pré renal, pos renal ou, ainda, causas que agridem intrinsecamente o parenquima renal. - O EAS é o exame não invasivo mais importante para investigar a injuria renal aguda. • Presença de eosinofiluria - Nefrite Intersticial Alérgica ou ateroembolismo pós procedimento (cateterismo) • Cilindrúria hialina - no contexto de um paciente com injuria renal aguda sugere IRA pré- renal, pois a hipoperfusao renal faz com que haja menor fluxo tubular e, portanto, maior facilidade na formação dos cilindros. • Cilindrúria granulosa - Quando há necrose tubular aguda, as células tubulares sofrem necrose e aderem às proteínas. • Cilindrúria hemática - hematúria dismorfica é sinal de glomerulonefrite. • Cilindrúria marrom ou pigmentada - rabdomiolise. Causa Tratamento Pré-Renal (60-70%) hipoperfusao renal Sepse / choque Restauração da volemia Intrínseca (25-40%) agressão ao parenquima Glomerulopatias, Nefrite intersticial alérgica Nefrite tubular aguda Abordar a causa específica Pós-Renal (5-10%) obstrução ao fluxo urinario Hiperplasia prostática benigna Nefrolitíase Desobstrução ao fluxo urinário aumento de 0,3 ou 50% na creatinina sérica em 48h aumento maior ou igual a 1,5 na creatinina serica em 7 dias redução na diurese para menos de 0,5 mL/kg/h por mais de 6h Indicações de diálise de urgência em IRA ou IRC agudizada - O cateter é inserido na Jugular direita. • Subclávia e femoral são evitadas. Femoral pelas altas taxas de infeccao. Subclávia, porque, na retirada do cateter, 70% das subclávias sofrem estenose, inviabilizando a utilização do membro de referencia para a fístula aterovenosa em caso de dialise. - A pericardite uremica tem maior tendência hemorrágica, o que cursa com tamponamento e exige intervenção urgente com hemodiálise. - Frente a paciente oligo/anúrico, deve-se buscar obstrução (cateter vesical obstruido, hiperplasia prostática)! Se a oligúria não for por obstrucao, gerará sobrecarga volemica e será indicação de diálise por essa razão. IRA x DRC - Os exames antigos devem ser avaliados, mas, não raro, estão indisponíveis. - Buscam-se os resultados endocrinológicos, pois endocrinopatia fala a favor de cronicidade. *** A doença renal cronica pode cursar com tamanho renal normal, como nas seguintes patologias: - diabetes, hiv, rins policisticos - Amiloidose (vermelho do congo), mieloma - Nefropatia obstrutiva cronica - Anemia falciforme, esclerodermia. INDICAÇÕES DE DIÁLISE NA IRA OU IRC AGUDIZADA Encefalopatia urêmica Pericardite urêmica Hipervolemia refratária Acidose metabólica (pH < 7,1) e / ou hipercalemia (> 6,5) refratárias Disfunção plaquetária com sangramento grave Anemia Diminuição da eritropoetina Avaliar outras condições que podem gerar: trauma Alteração no paratormonio e Rx das mãos Hiperparatireoidismo secundário por redução do calcitriol Paratormonio elevado fala a favor de cronicidade, mas paratormonio normal não descarta. USG renal Redução no tamanho renal (< 8-8,5cm) Redução no tamanho renal esta relacionada a DRC pela fibrose *** ou Perda da diferenciação córtico- medular ou parenquimo-sinusal Doença renal cronica - É definida por uma anormalidade funcional (clearance de creatinina) ou estrutural (albumina) dos rins - No brasil, é causada primeiramente por hipertensão arterial sistêmica, seguido por diabetes. As glomerulopatias são a terceira maior causa. - A classificação da doença renal cronica é feita levando em consideração a TFG. • G1: paciente tem lesão renal cronica (albuminuria > 30 por mais que 6 meses), mas ainda não afetou a filtração glomerular - A DRC tem alguns achados muito importantes: anemia, osteodistrofia renal e doença cardiovascular. - ANEMIA: - O rim, quando sofre hipoxia, sintetiza e envia eritropoetina à medula óssea, o que estimula a produção de hemaceas. Na DRC, a diminuição da eritropoetina faz com que haja diminuição na quantidade de hemaceas. - A anemia da DRC é Normocromica e normocítica, pois a medula óssea é normal. Classificação TFG (mL) G1 > 90 Lesão renal cronica sem insuficiência renal cronica G2 > 60 Doença Renal Cronica Leve G3a > 45 DRC leve a moderada G3b > 30 DRC moderada a grave G4 > 15 DRC grave G5 < 15 DRC em fase terminal Classificação Albuminuria A1 < 30 Normal A2 30 - 300 MicroalbuminuriaAlbuminuria moderada A3 > 300 MacroalbuminuriaAlbuminuria grave TFG < 60 mL Albuminuria > 30 mg/dia Ter alteração em pelo menos um destes por, pelo menos, 3 meses. Transferrina > 20% Ferritina > 100 ng/dL - Para tratar, tem que ser avaliada a quantidade estocada de ferro no corpo. Transferrina tem que estar acima de 20% e ferritina acima de 100 ng/dL.- Se houver necessidade, repor ferro via endovenosa. - Se ferritina e transferrina normais, repor eritropoetina ou darbepoetina até que a hemoglobina esteja em 10-12g/dL. - Não exceder o limite da hemoglobina 12, pois elevação muito grande da hemoglobina aumenta muito a viscosidade do sangue, gerando hipertensão arterial, que é a principal complicação da eritropoetina. - A principal causa de anemia em nefropatas crônicos é a anemia, mas há outras causas possíveis, como: perda cronica de sangue pelo trato gastrointestinal (anemia por carência de ferro), diminuição da meia vida das hemaceas, lesão medular pelos compostos nitrogenados (azotemia), retenção de folato e B12 (retidos na membrana de diálise). - OSTEODISTROFIA RENAL: pode ser por Osteíte fibrosa-cística ou Doença óssea adinâmica. 1. Osteíte fibrosa-cística causada pelo hiperparatireoidismo secundário) - alto turnover ósseo. • HIPOCALCEMIA no DRC: - Diminuição do calcitriol faz com que diminua a absorção de cálcio intestinal. Logo, o paciente nefropata crônico, por não ter calcitriol, tem hipocalcemia. - Pela diminuição da TFG no DRC, o fosfato é acumulado e inibe o calcitriol. Assim, há diminuição ainda maior na atuação do calcitriol na absorção de cálcio - hipocalcemia. - O fosfato tem alta afinidade pelo cálcio, formando fosfato de calcio, indissolúvel e inabsorvivel - hipocalcemia. Redução da eritropoetina responde à eritropoetina Carência de ferro NÃO responde à eritropoetina Diminuição da meia vida da hemácea presença de reticulócitos Lesão medular pela azotemia Leucopenia Carência de folato e B12 por retenção pela membrana de diálise Macrocitose CONCEITOS O calcitriol (vitamina D ativa) tem ação sobre o intestino e a paratireoide. Na ausência de calcitriol, há alta liberação de paratormonio - o calcitriol é o freio da paratireoide. O cálcio, para ser absorvido pelo intestino, precisa de calcitriol - acelerador da absorção de cálcio no intestino. • HIPERPARATIREOIDISMO no DRC: - A paratireoide não é mais inibida pela presença de cálcio ou calcitriol, que estão baixos, e, assim, sem alça de feedback negativo, libera muita quantidade de PTH. - O PTH ativa osteoclastos e osteoblastos, aumenta a remodelação ossea. - Osteoclastos promovem destruicao, osteoblastos tentam reconstruir, mas não tem matéria prima (hipocalcemia) e depositam matriz de colageno em lugar de matriz ossea. 2. Doença óssea adinâmica (PTH < 150) - baixo turnover ósseo causado por excesso de tratamento. - A conduta é a redução da intensidade do tratamento. - DOENCA CARDIOVASCULAR: é a principal causa de morte nos nefropatas cronicos. - O tratamento da doença renal cronica visa impedir a progressão da lesão renal. Impedir que o paciente chegue à G4. Chegando a G4, Osteíte fibrosa-cística Quadro clinico laboratorial radiologia • Dor lombar • Fraturas patológicas • Fraqueza • Prurido intenso (lesao cutanea) • PTH > 450 pg/mL • P > 6,5 mg/dL • Fosfatase alcalina aumentada • Reabsorção subperiosteal das falanges é patognomonico • Crânio em sal e pimenta • Coluna em camisa listrada (corpo vertebral) - rugger jersey Tratamento Inicial • Restrição de fósforo na dieta • Quelante do fósforo (carbonato de cálcio ou sevelamer) • Calcitriol - se vitamina D baixa e fosfato normal (senao aumenta absorção de cálcio intestinal, vira fosfato de cálcio no sangue e empedra o paciente) • Cinacalcet é um calciomimetico que faz feedback na paratireoide Não havendo resposta clínica • Paratireoidectomia subtotal Hipertensão arterial Restrição de sal • Se albuminuria < 30 mg/dia, alvo é PA < 140x90 - Tratamento individualizado • Se albuminuria > 30 mg/dia, alvo é PA < 130 - usa-se: • IECA ou “sartans" + tiazídico • Furosemida, se TFG < 20-30 Dislipidemia É igual à da síndrome metabólica e o DRC também é intolerante à glicose • Atorvastatina (alvo LDL < 100) Tratamento G1 G2 G3a G3b Evitar progressão da DRC: • Cessar tabagismo • Tratar HAS e DM • Tratar acidose metabólica cronica com bicarbonato de sódio, se HCO3 < 20 mEq/L, pois o bicarbonato de sódio nesse caso evita progressão. • Restrição proteica Tratamento - TRANSPLANTE QUANDO: • Paciente em terapia de substituição renal e/ou TFG < 10 • Se < 18 anos e TFG < 15 • DM e TFG < 15 - Rejeição pós transplante renal: • Imediata: minutos a horas - Rejeição humoral hiperaguda por incompatibilidade ABO/HLA - Trombose, ateroembolismo, NTA isquemica • Precoce: 1 - 12 semanas - Rejeição celular ou rejeição humoral aguda por falha do imunosupressor - Os imunossupressores utilizados no brasil são nefrotoxicos • Tardia: > 3 meses - Falha do imunossupressor - Infecção, Obstrução, Hipertensão arterial Sistemica. - DIÁLISE QUANDO • TFG < 10 • TFG < 15 se DM ou ICC - Hemodiálise: • Continua: indicada quando há instabilidade hemodinâmica. • Intermitente: mais utilizada, pode ser realizada em regime ambulatorial. • Distúrbio hidroeletrolítico mais comum é gerado pelo exagero hemodialítico: hipocalemia. - Dialise peritoneal: G4 Já que provavelmente esse paciente vai evoluir para G5, preparo ele para diálise: • Fistula se creatinina > 4 ou ClearanceCr < 25 G5 Terapia de substituição renal: transplante ou diálise • Transplante é melhor (aumenta sobrevida) e é mais barato que a diálise. É indicado quando o paciente: I. Esteja em TSR e/ou TFG < 10 II. Se < 18 anos e TFG < 15 III. DM e TFG < 15 • Diálise na doença renal crônica é indicada quando: I. TFG < 10 II. TFG < 15 se DM ou ICC TratamentoTratamento • muito útil em pacientes que não tem disponibilidade de tempo para ir ao hospital realizar o procedimento (criancas), pacientes com indisponibilidade de fistula (sem acesso) e em pacientes que não toleram hemodiálise (mesmo a menor retirada de volume gera repercussões hemodinâmicas importantes). Após a diálise Alterações irreversíveis anemia osteodistrofia dislipidemia imunodepressao (alto risco de hepatite B) desnutricao, prurido Alterações reversíveis Indicações de diálise de urgência: • Encefalopatia urêmica • Pericardite urêmica • Hipervolemia refratária • Acidose metabólica (pH < 7,1) e / ou hipercalemia (> 6,5) refratárias • Disfunção plaquetária com sangramento grave
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